Ibovespa se recupera e volta aos 134 mil pontos puxado por Vale; S&P500 e Nasdaq renovam recordes
A bolsa se recuperou parcialmente da queda vista semana passada e voltou ao patamar de 134 mil pontos.
O Ibovespa registrou ganho de 0,59%, aos 134.166,72 pontos, acompanhando o otimismo visto durante boa parte do pregão americano, influenciado pelos balanços locais. O giro ficou em R$ 17,5 bilhões.
Os dados das companhias brasileiras começam a ser divulgados nesta semana e o mercado monitora também os desdobramentos do tarifaço de Trump.
O desempenho nesta segunda-feira foi puxado por Vale (+2,73%; R$ 56,05), seguindo a forte alta do minério. Petrobras ON subiu 0,27% (R$ 33,73) e a PN avançou 0,19% (R$ 31,05).
O dólar à vista passou por correção, acompanhando o recuo da moeda americana no exterior, e fechou em baixa de 0,40%, a R$ 5,5650.
Em NY, as bolsas terminaram a sessão mistas, com destaque para os índices S&P500 e Nasdaq, que renovaram os recordes de fechamento, em dia de agenda esvaziada.
Dow Jones caiu 0,04% (44.323,07). S&P500 ganhou 0,14% (6.405,60). Nasdaq avançou 0,38% (20.974,17). Por sua vez, os retornos dos Treasuries cederam.
Resumo semanal: 14/07 a 18/07
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Na Ásia, o principal destaque foi a economia chinesa, que manteve um ritmo robusto de crescimento no último trimestre. O PIB do país expandiu 5,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado sobretudo pelo dinamismo do setor de serviços, apesar do desempenho mais modesto da indústria. Mesmo com o crescimento próximo à meta governamental, persistem incertezas ligadas ao ambiente externo, principalmente devido às tarifas comerciais dos Estados Unidos. A atividade econômica em junho apresentou resultados mistos: a produção industrial surpreendeu positivamente, crescendo 6,8%, enquanto as vendas no varejo desaceleraram para 4,8%. Além disso, investimentos em imóveis, infraestrutura e manufatura continuaram em queda, com o desemprego urbano se mantendo em 5%.
No setor financeiro, o fluxo de crédito agregado ficou ligeiramente acima das expectativas, chegando a RMB 22,8 trilhões no acumulado do primeiro semestre, impulsionado pela emissão de títulos públicos e aumento nos empréstimos para empresas e famílias. Na frente externa, a balança comercial chinesa registrou um superávit significativo de US$ 114,8 bilhões em junho, sustentado pelo forte crescimento das exportações, especialmente para os EUA, apesar de variações nos envios para Europa e Japão. Por outro lado, as importações seguem desacelerando, refletindo o arrefecimento da demanda interna. Apesar dos números positivos, permanecem as incertezas em relação à manutenção das tarifas comerciais e à evolução do cenário global. Assim, a China segue atenta aos desdobramentos internacionais para sustentar seu crescimento.
Europa
Na Europa, o destaque da semana ficou para o Reino Unido, onde a inflação surpreendeu negativamente ao vir acima do esperado. O índice de preços ao consumidor (CPI) avançou de 3,4% para 3,6% nos doze meses até junho, segundo o ONS, enquanto o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis, subiu para 3,7%, impulsionado, sobretudo, pela maior pressão nos preços de serviços. Esses dados indicam que as pressões inflacionárias persistem na economia britânica e justificam a posição cautelosa da autoridade monetária do país. Além disso, o cenário reforça as incertezas quanto ao ritmo de queda da inflação no curto prazo.
Em meio a esse contexto, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, afirmou recentemente que uma aceleração dos cortes de juros só ocorrerá em caso de deterioração do mercado de trabalho. No entanto, até o momento, as condições do mercado não indicam uma mudança brusca de trajetória. Por isso, o BoE deve manter um ritmo gradual de afrouxamento monetário, ao invés de um ciclo mais agressivo de cortes. A próxima reunião da instituição, marcada para agosto, será fundamental para definir os próximos passos da política de juros. Assim, o cenário europeu segue atento à evolução da inflação e das decisões do Banco da Inglaterra, que podem influenciar os mercados do continente.
Oriente Médio
No Oriente Médio, a tensão geopolítica continua elevada, ainda que o acordo de cessar-fogo entre Israel e Irã permaneça vigente. Em contrapartida, as negociações por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas seguem distantes de uma solução, mantendo o clima de incerteza na região. Esse contexto contribuiu para a estabilidade no mercado de petróleo, onde o preço futuro do Brent se manteve praticamente inalterado entre 10 e 17 de julho, encerrando o período pouco acima de 69 dólares por barril. Dessa forma, a cotação do petróleo segue refletindo a cautela dos investidores diante do cenário internacional.
Além do petróleo, o panorama das commodities agrícolas na região apresentou resultados mistos durante a semana. Enquanto os preços futuros do trigo e do milho registraram quedas de 3% e 1%, respectivamente, o preço da soja teve uma leve alta de 1%. Essa movimentação evidencia o impacto tanto do contexto global quanto das preocupações regionais sobre as cadeias de suprimentos e a formação de preços. Assim, o ambiente econômico do Oriente Médio permanece fortemente influenciado por fatores geopolíticos e pelas oscilações dos mercados internacionais de commodities.
Estados Unidos
Na última semana, os dados de inflação nos Estados Unidos vieram em linha com o esperado: o índice de preços ao consumidor (CPI) registrou alta de 0,3% em junho, com o núcleo acumulando 2,9% em doze meses, permanecendo acima da meta do Fed. Embora itens voláteis, como veículos, tenham apresentado queda, os preços de alimentos e energia seguiram em alta, e os serviços mostraram sinais de desaceleração. Ao mesmo tempo, a inflação ao produtor (PPI) manteve-se estável no mês, com seu núcleo também em trajetória moderada, acumulando alta de 2,6% em doze meses. Diante desse cenário, acredita-se que o Fed manterá os juros elevados por mais tempo, estendendo o atual ciclo até, pelo menos, o final de 2025. Apesar disso, a atividade econômica mostrou desempenho um pouco mais robusto em junho, especialmente na produção industrial.
No entanto, o mercado imobiliário permanece enfraquecido, com recuo de 4,6% nas construções iniciadas e permissões ainda abaixo dos patamares históricos, reflexo dos preços e taxas de hipoteca elevados. Além disso, o índice de confiança das construtoras segue baixo, enquanto as vendas e a construção de imóveis continuam distantes dos níveis pré-pandemia. No mercado de trabalho, os pedidos iniciais de seguro-desemprego atingiram 221 mil na semana encerrada em 12 de julho, sugerindo estabilidade, mas evidenciando um ambiente menos dinâmico. No cenário internacional, o governo americano anunciou novas tarifas comerciais de até 30% contra regiões como União Europeia e México, intensificando as tensões e levando a novas rodadas de negociações. Dessa forma, os Estados Unidos seguem atentos tanto à evolução da economia doméstica quanto aos desdobramentos das relações comerciais globais.
Brasil
No Brasil, o cenário recente indica alívio nos preços no atacado devido à queda dos preços das commodities em reais, refletido na forte desaceleração do IGP-10, que chegou a registrar variação negativa em 2023 antes de se recuperar para 3,4% em 2025. Apesar desse arrefecimento da inflação no atacado, o ambiente doméstico ainda observa alguma pressão inflacionária proveniente do mercado de trabalho aquecido e da dinâmica de crédito, que seguem sustentando o consumo. Além disso, o IPCA mostra estabilidade, enquanto a volatilidade do câmbio segue moderada, sem impactos relevantes sobre a inflação corrente. Esse cenário corrobora a expectativa de manutenção de política monetária mais cautelosa no curto prazo, à medida em que o BC monitora os desdobramentos fiscais e do mercado.
No campo fiscal, destaque para a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que validou parcialmente a elevação das alíquotas do IOF promovida pelo governo federal. A Corte permitiu a manutenção da cobrança em várias modalidades, mas excluiu as operações de risco sacado, promovendo um ajuste pontual na arrecadação esperada. A decisão deve contribuir para uma arrecadação extra relevante entre 2025 e 2026, auxiliando na busca pelo cumprimento das metas fiscais. Com isso, o governo reforça seu compromisso com o equilíbrio fiscal, mesmo diante de um cenário macroeconômico ainda sujeito a desafios globais e domésticos. Assim, a política econômica segue calibrada entre os avanços no controle inflacionário e a necessidade de ajustes fiscais.
Ibovespa acumula perda de 2% na semana com tensão política e tarifas no foco; NY fica sem força após recordes
A bolsa caiu forte nesta sexta-feira, perto das mínimas, reagindo ao aumento das tensões políticas – com possíveis reflexos econômicos.
Os investidores temem que a nova investida de Moraes contra Bolsonaro – que a partir de hoje usa uma tornozeleira eletrônica – provoquem retaliações ainda maiores dos EUA ao Brasil.
O cenário externo também pesou, com Trump pressionando por uma tarifa mínima de 15 a 20% sobre a UE, noticiou o FT.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,61%, aos 133.381,58 pontos, com giro de R$ 26,1 bilhões – em um pregão marcado também por vencimento de opções. Na semana, a bolsa acumula perda de 2%.
Todas as blue chips recuaram hoje, com exceção de Vale (+0,48%; R$ 54,56). Petrobras PN perdeu 1,53% (R$ 30,99) e a ON caiu 1,49% (R$ 33,64), em linha com a baixa do petróleo na semana.
O dólar à vista encerrou o dia com alta expressiva de 0,73%, a R$ 5,5876, na contramão do movimento da moeda americana no exterior, em meio a um clima de maior aversão ao risco no cenário doméstico.
Na semana, o ganho acumulado foi de 0,72%. Em NY, as bolsas não conseguiram manter os ganhos contidos da manhã e viraram no início da tarde, puxadas especialmente por ações do setor de tecnologia.
Ao fim da sessão, os índices ficaram mistos, mas sem força, após os recordes de fechamento de S&P500 e Nasdaq registrados ontem.
Dow Jones caiu 0,32% (44.342,19). S&P500 recuou 0,01% (6.296,79). Já o Nasdaq subiu 0,05% (20.895,66). Na semana, Dow Jones acumulou leve perda de 0,07%, S&P 500 ganhou 0,59% e Nasdaq avançou 1,51%.
Por sua vez, os retornos dos Treasuries cederam.