Lula quer negociar

Bom dia,

◾ A reação moderada do governo à tarifa de 50% de Trump trouxe distensão aos mercados. Lula indicou que não retaliará de imediato, embora tenha dito que pode usar a Lei de Reciprocidade se as negociações fracassarem. Não fará nada até 1º de agosto.

◾ O presidente preferiu um tom diplomático e avisou que buscará apoio de outros países afetados para uma ação conjunta na OMC. Em entrevista ao Jornal Nacional, classificou a atitude de Trump como um “desaforo” e disse que não aceitará ingerência no Brasil.

◾ O agronegócio pediu cautela, temendo prejuízos maiores, enquanto a Fiesp defendeu a soberania brasileira, mas recomendou solução diplomática. Já Haddad acredita que a medida não se sustenta e cogita retaliações não tarifárias, como quebra de patentes.

Câmara e Senado se manifestaram, sugerindo o uso da Lei de Reciprocidade, enquanto apoiadores de Bolsonaro tentam convencer o ex-presidente a interceder junto a Trump. A avaliação é que, se Trump recuar, pode dar crédito a Bolsonaro.

◾ Mais cedo, à TV Record, Lula confirmou que manterá o aumento do IOF, elogiou a ajuda do Congresso e disse que sairá o acordo porque os parlamentares não querem corte nas emendas. Haddad reuniu-se com Moraes antes da audiência de conciliação no STF, dia 15.

◾ Líderes partidários sinalizaram a Motta que aceitam negociar o IOF, desde que a arrecadação fique abaixo de R$ 5 bilhões. O projeto pode ser compensado com corte de benefícios e taxação de bets e aplicações financeiras, como LCIs e LCAs, em troca de… emendas.

◾ Na reforma do Imposto de Renda, Arthur Lira apresentou parecer mantendo a alíquota mínima de 10% para os mais ricos e ampliando a faixa de isenção parcial. Estados e municípios terão compensação da União garantida por meio dos fundos de participação.

◾ Na agenda, o destaque é a Pesquisa Mensal de Serviços (9h), com estimativa de alta de 0,2% em maio, e à meia-noite, a balança comercial da China. Nos EUA, Trump manda hoje a carta da União Europeia, após taxar o Canadá em 35%.

◾ O mercado reagiu com alívio ao sinal de não-retaliação imediata. O dólar fechou em alta de 0,78%, a R$ 5,5452, após ter batido R$ 5,62. O Ibovespa caiu 0,54%, a 136,7 mil pontos, com ajuda da Vale. Em NY, novos recordes para Nasdaq e S&P 500.

◾ No corporativo, a Telefônica celebrou acordo de R$ 850 milhões para vender 50% da FiBrasil. A Fras-le levantou R$ 400 milhões em follow-on e a Direcional bateu recorde de lançamentos no trimestre, com R$ 1,9 bi em VGV.

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Lula pode devolver tarifa se negociação fracassar

… A reação moderada do governo brasileiro à tarifa punitiva de Trump, que não deverá ter uma resposta concreta até 1º de agosto, gerou alívio aos mercados, que se acomodaram durante o pregão, após a abertura mais tensa. Por ora, o fato está sendo apenas explorado politicamente, de parte a parte, como era esperado. Mas não houve precipitação do Planalto para devolver uma tarifa recíproca, que seria o pior dos mundos, embora Lula tenha confirmado em entrevista ao Jornal Nacional que usará a Lei de Reciprocidade se as negociações fracassarem. Mas também cresce a percepção de que Trump poderá recuar, como já fez tantas outras vezes. Então, há um espaço de duas semanas para baixar a poeira. À noite, o Canadá recebeu sua carta com 35% e Trump avisou que hoje será a vez da União Europeia.

… Lula chegou a cogitar a convocação de rede nacional para um pronunciamento, mas escolheu falar à TV Globo. Na entrevista, gravada à tarde no Palácio do Planalto, confirmou que o Brasil quer negociar, “o que não aceitamos é intromissão”…. Disse que o governo brasileiro fará as coisas com “calma”, que não toma decisão “com 39 de febre”, que conversará com outros países atingidos por Trump para uma ação conjunta na OMC, e só agirá se a tarifa de for, de fato, implementada em 1º de agosto.

… Se as negociações se esgotarem, Lula então admitiu que aplicará a mesma alíquota de 50% para os produtos importados dos Estados Unidos. “E se ele [Trump] quiser ficar brincando de taxação [como fez com a China], nós vamos chegar a um milhão”.

… O presidente disse também que reunirá os exportadores atingidos para conversar, mas espera que eles “fiquem do lado do governo” e não pressionem para que o Brasil se submeta a Trump. “O País é soberano e a ingerência dele é inaceitável.”

… Lula achou um “desaforo”, e repetiu isso mais de uma vez, Trump ter colocado “no seu site” a decisão de taxar o Brasil em 50%. “Nem carta ele mandou. E a carta mente, porque o Estados Unidos são superavitários na balança comercial com o Brasil há 15 anos.”

… Destacou ainda a intenção de Trump de intervir na Justiça brasileira e a acusação de “caça às bruxas” contra Bolsonaro, “que tentou um golpe de Estado e tentou me matar, matar meu vice [Geraldo Alckmin] e o ministro do STF (Alexandre de Moraes]”.

… Sobre os Brics ter sido uma motivação de Trump para a tarifa, como dizem apoiados de Bolsonaro, Lula disse que “os Brics não são motivo para Trump ficar nervoso” e voltou a defender uma moeda alternativa ao dólar para as transações comerciais do grupo.

… Antes da entrevista, o JN abriu a edição com a repercussão negativa da mídia internacional sobre o tratamento que Trump deu ao Brasil, uma entrevista com Paul Krugman e o depoimento de representantes de vários setores prejudicados pela tarifa de 50%.

… Mais cedo, Lula tinha falado à TV Record, antecipando que o Itamaraty e o MDIC já estavam em conversações com os Estados Unidos, que buscaria entrar na OMC com outros países taxados por Trump e, se nada desse resultado, devolveria a tarifa de 50%.

… Essa guerra tarifária é tudo o que os empresários não querem.

… Bastidores apurados pelo Estadão revelam que o agronegócio, um dos setores mais afetados pela tarifa de Trump, está pedindo cautela ao governo brasileiro e recomendando atuação diplomática. Entre eles, estão exportadores de café, carnes e suco de laranja.

… A grande preocupação é porque não se está lidando “com alguém tradicional que respeita as instituições”.

… Já a nota da Fiesp divulgada ontem foi mais assertiva, afirmando que, apesar do impacto que a tarifa de 50% terá sobre as exportações brasileiras, a “soberania do Brasil é inegociável”. Defende, no entanto, negociações equilibradas e conduzidas pela diplomacia.

HADDAD – Pela manhã, em entrevista ao Canal do Barão/YouTube, disse não acreditar que a tarifa de 50% se mantenha, por ser decisão “eminentemente política, sem nenhuma racionalidade econômica”.

… Ao contrário do presidente Lula, o ministro defendeu outras medidas não tarifárias no caso de uma eventual retaliação.

… Durante o dia, especulava-se sobre a quebra de patentes para medicamentos e imposto maior para filmes e livros.

NO CONGRESSO – A contaminação político-partidária do tema atrasou uma reação dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, que só ontem à tarde divulgaram uma nota conjunta sugerindo o uso da Lei de Reciprocidade Econômica.

… “A lei aprovada pelo Parlamento dá condições ao nosso País, ao nosso povo, de proteger a nossa soberania. Estamos prontos para agir com equilíbrio e firmeza em defesa da nossa economia, do nosso setor produtivo e da proteção dos empregos dos brasileiros.”

… De seu lado, apoiadores de Bolsonaro, incluindo o governador Tarcísio de Freitas, fecharam o discurso apontando a culpa de Lula para a decisão de Trump contra o Brasil – com alguma dificuldade, porque não é fácil defender uma tarifa de 50%.

… Tanto é que aliados já apelam a Bolsonaro para acionar Trump e pedir a revogação do tarifaço, como informou Bela Megale/Globo.

… Não é o que se espera dele, que nem deve ter todo esse prestígio para fazer Trump mudar de ideia. Mas seria uma boa desculpa para o próprio Trump voltar atrás, atribuindo o milagre a Bolsonaro. Se acontecer, pode virar o jogo, até aqui favorável a Lula.

IOF – Ainda na entrevista à Record, Lula disse que vai manter o aumento do IOF. “O deputado sabe, se eu tiver que cortar R$ 10 bilhões, vou cortar das emendas deles também. Como eles sabem e eu sei, é importante a gente chegar num ponto de acordo.”

… Em tom conciliador, disse que é grato ao Congresso. “Meu partido só elegeu 70 deputados em 513. E só elegeu nove senadores em 81. Isso me indica que eu tenho um caminho a fazer: é negociar. Teve um problema no IOF, vai ser resolvido, você vai ver.”

… A menos de uma semana para a audiência de conciliação no STF, no 15, Haddad reuniu-se ontem com o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação da AGU na Corte para manter o aumento do IOF e anular o PDL que derrubou o decreto do governo.

… No Estadão, líderes partidários indicaram ao presidente da Câmara, Hugo Motta, que aceitam negociar com o governo Lula o aumento do IOF em patamar inferior ao pretendido pelo Ministério da Fazenda, dentro de uma lógica apenas regulatória.

… A saída desenhada é reduzir a arrecadação para menos de R$ 5 bilhões, compondo a necessidade de caixa com o corte dos benefícios tributários em 10%, como prevê projeto de Mauro Benevides, que teve a urgência aprovada na Câmara, nesta semana.

… Os líderes também sinalizaram a Motta que é possível discutir a MP com iniciativas adicionais de arrecadação, como a taxação de bets e de aplicações financeiras como as LCIs e LCAs, em troca da liberação de emendas de comissão, cuja execução não é obrigatória.

IMPOSTO DE RENDA – O relator do projeto de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, Arthur Lira, apresentou seu parecer, mantendo a alíquota de 10% de imposto mínimo para os mais ricos, com renda acima de R$ 600 mil ao ano.

… O texto também aumentou de R$ 7 mil para R$ 7.350 a faixa de isenção parcial.

… Lira incluiu no parecer um artigo prevendo o ressarcimento pela União a Estados e municípios em caso de perda de arrecadação com Imposto de Renda. A compensação será feita via repasses dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).

… Segundo ele, há um superávit de R$ 12,27 bilhões com a reforma do IR, que poderá ser usado para compensar os entes subnacionais.

… A Fazenda era contra a obrigatoriedade de compensação, alegando que os Estados e municípios perderiam receita por um lado, com o aumento da isenção de IRPF, mas ganhariam na repartição do imposto mínimo efetivo sobre as altas rendas.

… Na apresentação do relatório, Lira sugeriu compensar o projeto do IR com a tributação de lucros e dividendos, dizendo que, “mais dia, menos dia, o País vai ter que discutir esse tema, que corrigiria em parte a desigualdade horizontal da tributação”.

… O deputado eliminou os mecanismos de redutor e do crédito do projeto, alegando que a Receita não informou o impacto financeiro do crédito para o residente no exterior e do redutor para o residente no Brasil.

… Como o projeto não tratou da CSLL, não é necessário seguir a regra da noventena, o que aumenta o tempo para a tramitação do texto, que pode ser apreciado até o final do ano. Na próxima terça-feira, deve ser votado na Comissão Especial.

MAIS AGENDA – A pesquisa mensal de Serviços do IBGE (9h) é o único destaque, com a mediana das estimativas do mercado indicando alta de 0,2% em maio (Broadcast), após igual variação em abril. As estimativas variam de recuo de 0,2% a expansão de 0,9%.

… Esta deve ser a quarta alta consecutiva, na margem, na esteira da dinâmica positiva do mercado de trabalho.

… No mesmo horário, serão divulgados os dados regionais da pesquisa industrial de maio.

… Veículos sustentáveis de entrada terão o IPI zerado a partir desta sexta-feira, após o presidente Lula assinar o decreto que estabelece o IPI Verde. Serão beneficiadas: Volks (Polo), GM (Onix), Renault (Kwid), Hyundai (HB20) e Stellantis (Mobi e Argo).

… Além de mais essa isenção, a Câmara aprovou MP que aumenta os salários dos militares em 9%. O texto seguiu para o Senado.

LÁ FORA – Agenda esvaziada prevê produção industrial no Reino Unido e o Relatório Mensal da AIE sobre o petróleo. Nos Estados Unidos, a Baker Hughes informará às 14h os poços e plataformas de petróleo em operação.

… No final da noite (meia-noite), a China divulga os dados de sua balança comercial de junho.

A OUTRA CARTA – Pela segunda vez este ano, Galípolo teve que escrever uma correspondência ao Ministério da Fazenda para explicar os motivos do estouro do teto da meta de inflação de 4,50% no intervalo de 12 meses.

… Essa regra foi definida na mudança para a meta contínua. O IPCA descumpriu em junho, pelo sexto mês seguido, o intervalo superior do target. Na base anual, totalizou 5,35% no mês passado, 0,85pp acima do limite da banda.  

… O indicador oficial de inflação desacelerou de 0,26% em maio para 0,24% em junho. Embora tenha superado o consenso de 0,20%, analistas ouvidos pelo Valor apontam que as aberturas qualitativas continuaram a melhorar.

… Houve redução do índice de difusão (de 60% para 54%) e também uma melhora nos núcleos da inflação.

… Segundo os analistas, junho pode ter marcado o pico da inflação no ano. Mas alertam que, se Trump se mantiver inflexível no tarifaço, pode reverter o impacto baixista que o câmbio vem causando na dinâmica de preços.

… Na carta, o BC espera que o IPCA em 12 meses volte aos limites de tolerância a partir do final do primeiro trimestre do ano que vem, mas não informou quando o indicador deve retornar ao alvo central da meta, de 3%.

… Segundo o BC, a atividade econômica aquecida, expectativas de inflação desancoradas, inércia inflacionária e depreciação cambial foram os principais drivers que levaram o IPCA a estourar o teto nos últimos seis meses.

… A carta reiterou ser preciso esperar pelos efeitos defasados do aperto monetário, a fim de conferir se o ciclo será suficiente para garantir a convergência da inflação no horizonte relevante, que é o quarto trimestre de 2026.

… No documento, o BC reforçou a postura da política monetária em patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado”, indicando Selic a 15% por muito tempo, ainda mais se Trump continuar engrossando.

… Em análise sobre o IPCA de junho, o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, disse que o resultado confirma o momento positivo da inflação no curto prazo, mas advertiu que os desafios de médio prazo persistem.

… “Temos expectativas desancoradas e mercado de trabalho forte, que tendem a manter a inflação de serviços pressionada. Adicionalmente, o cenário externo se mostra mais adverso, com a taxação de 50% sobre o Brasil.”

… Na sua avaliação, um câmbio mais depreciado poderia tornar a desinflação mais lenta que o previsto e impactar a dinâmica de bens comercializáveis, justamente aqueles que vêm apresentando comportamento benigno atualmente.

BAIXOU A FEBRE – Na mudança de patamar com Trump, o dólar, que vinha operando recentemente perto de R$ 5,45, registrou uma rápida disparada na abertura dos negócios para a máxima de R$ 5,6220. Mas depois esfriou.

… Dá tempo de os ativos domésticos esperarem para ver como a crise do tarifaço será conduzida até agosto.

… O alívio de que governo Lula não pretende retaliar imediatamente criou ontem o ambiente para o mercado devolver os excessos. O dólar à vista fechou bem longe do pico intraday, ainda que tenha subido 0,78%, a R$ 5,5452.

… No final da tarde, o contrato futuro da moeda norte-americana para agosto caiu 0,80%, a R$ 5,5665, confirmando a acomodação do nervosismo, ainda que as consequências das ofensivas de Trump sejam sempre imprevisíveis.

… O Bradesco e a XP estimam que a imposição da tarifa de 50% pelos EUA reduziria o PIB do Brasil do ano em 0,3pp.

… Único mercado doméstico que ainda estava aberto na 4ªF no momento em que Trump jogou a bomba tarifária sobre o Brasil, o DI já havia embutido parte da reação, mas estressou mais ontem, antes de baixar a poeira.

… No auge da tensão, a ponta longa, que serve de melhor termômetro sobre a percepção dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil, registrou alta superior a 0,4pp, para depois ir devolvendo parte da pressão.

… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,935% (de 14,918% no ajuste anterior); Jan/27, 14,305% (contra 14,159% na véspera); Jan/29, 13,450% (de 13,301%); Jan/31, 13,610% (de 13,446%); e Jan/33, 13,640% (13,519%).

… Foi por muito pouco que o Ibovespa não furou os 136 mil pontos na mínima, quando bateu 136.014 com o susto da cobrança de Trump. Mas, assim como os demais ativos, a bolsa terminou o dia muito melhor do que começou.

… Desacelerou a queda no fechamento para 0,54%, aos 136.743 pontos, com volume financeiro de R$ 26,2 bilhões.

… Aliada de peso, a força das ações da Vale (ON +2,29%), que operaram alinhadas ao rali de 3,67% do minério de ferro, ajudou a blindar o Ibovespa de um impacto pior da chantagem política de Trump contra o Brasil via tarifas.

… Petrobras ON (+0,17%, a R$ 35,33) e PN (-0,25%, a R$ 32,24) operaram sem fôlego, mas tiveram desempenho bem superior ao petróleo, que parou de subir depois de três altas seguidas e caiu forte (-2,21%), para US$ 68,64 o barril.

… A commodity, finalmente, repercute as preocupações com um novo aumento na produção pela Opep+ e também monitora o avanço da guerra comercial de Trump, que pode desaquecer o consumo global de petróleo.

… Entre os bancos, Itaú PN (-3,08%) liderou as perdas do setor. O papel foi rebaixado para neutro pelo UBS BB, que considera “limitado” o potencial de alta em relação ao preço-alvo de R$ 40. A ação fechou a R$ 35,25.

… Bradesco PN (-1,34%, a R$ 16,14), BB ON (-1,12%, a R$ 21,21) e Santander (-2,24%, a R$ 27,96) também fecharam no vermelho. Considerada uma das empresas mais prejudicadas pelo tarifaço, Embraer caiu 3,70%, a R$ 75,32.

… Na ponta positiva, CSN ON (+5,04%; R$ 8,33) e CSN Mineração ON (+2,99%; R$ 5,16) pegaram carona no minério, apesar de a Justiça ter imposto derrota à siderúrgica, que terá de se desfazer de sua fatia na Usiminas (PNA +1,89%).

A DUPLA DOVISH – No day after da ata do Fed, que revelou a simpatia de dois integrantes do comitê de Powell pelo início do ciclo de flexibilização já este mês, deu para identificar pelo menos um deles pelos comentários públicos.

… Christopher Waller disse que as tarifas devem elevar os preços só de forma pontual e reforçou que sua avaliação sobre um corte de juros em julho não tem viés político, mas reflete uma política monetária ainda bastante restritiva.

… Mary Daly, que também falou ontem, projetou até dois desapertos no ano, mas com o primeiro possivelmente só em setembro, se mantidos os fundamentos econômicos. Também ela não espera inflação persistente das tarifas.

… Já Alberto Musalem acha que é muito cedo para dizer se o impacto do protecionismo será marginal ou duradouro.

… As taxas dos Treasuries reduziram parte do impulso com a defesa de Waller por um corte do juro já, mas ainda fecharam em alta, de olho nos pedidos de auxílio-desemprego, que demonstraram força do mercado de trabalho.

… Menos gente (-5 mil) solicitou o benefício na semana passada e o número total caiu para 227 mil, informou o Departamento do Trabalho, resultado abaixo do previsto por analistas, de 238 mil pedidos de auxílio-desemprego.

… O juro da Note-2 anos subiu a 3,870%, contra 3,856%, e o rendimento de 10 anos avançou a 4,347%, de 4,338%.

… Também o dólar se ajustou em alta com o dado mais forte do mercado de trabalho: DXY (+0,10%), a 97,652 pontos. O euro caiu 0,21%, a US$ 1,1700, a libra ficou estável (-0,07%, a US$ 1,3585) e o iene subiu a 146,18/US$.

… Entre as bolsas em NY, o S&P 500 (+0,27%, aos 6.280,46 pontos) e o Nasdaq (+0,09%, aos 20.630,66 pontos) renovaram marcas inéditas de fechamento, enquanto o índice Dow Jones subiu 0,43%, aos 44.650,64 pontos.

… Um pregão depois de ter tocado nos US$ 4 trilhões em valor de mercado durante o intraday, a fabricante líder de chips de IA Nvidia (+0,75%) conseguiu encerrar o dia nesta marca, negociada na cotação recorde de US$ 164,10.

EM TEMPO… TELEFÔNICA celebrou acordo com o Grupo La Caisse, que regula os termos para a aquisição de participação de 50% do capital social da FiBrasil; transação está avaliada em R$ 850 milhões.

FRAS-LE levantou R$ 400 milhões em follow-on com lote extra e ação precificada a R$ 24. (fontes do Broadcast)

DIRECIONAL anunciou recorde histórico em lançamentos no segundo trimestre: R$ 1,9 bilhão em valor geral de vendas (VGV) entre abril e junho, crescimento de 111,3% contra o primeiro trimestre e de 40% na comparação anual.

ECORODOVIAS. Citi elevou preço-alvo para a ação de R$ 8,60 para R$ 8,80, reiterando recomendação de compra.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

AVISO – Bom Dia Mercado é exclusivo para assinantes e não pode ser redistribuído.


Juros futuros se acomodam após disparada provocada por tarifas de Trump

Os juros futuros acumularam alta em relação aos ajustes de ontem, mas se acomodaram em relação às taxas de fechamento, que já embutiram a reação do mercado ao anúncio do tarifaço de Donald Trump, anunciado pouco antes do fechamento dos negócios ontem.

Na agenda do dia, o IPCA de junho mostrou alta de 0,24%, pouco acima do esperado (+0,20%) e ligeiramente inferior aos 0,26% de maio.

Mas o dado não foi suficiente para alterar as expectativas em relação à Selic, que neste momento está mais sensível ao possível impacto do salto de 50% nas tarifas americanas.

No fechamento, o DI para Janeiro de 2026 marcava 14,935% (de 14,918% no ajuste anterior); Jan/27 a 14,305% (14,159%); Jan/29 a 13,450% (13,301%); Jan/31 a 13,610% (13,446%); e Jan/33 a 13,640% (13,519%).