Ligação entre Trump e Lula é suspense
… A agenda americana da semana tem indicadores de atividade, mas não é das mais fortes, depois de o payroll fraco e o anúncio da saída de Adriana Kugler do Fed (dando espaço para um indicado de Trump) terem disparado a chance de corte de juro em setembro e tornado majoritária a aposta de que a taxa caia três vezes até o ano acabar. Ainda no exterior, o BC inglês decide juro e sai a balança comercial da China (5ªF). Aqui, tem Caged hoje (14h30), na véspera da ata do Copom, que deve reforçar o tom de incerteza e cautela. Semana também de balanços importantes, com Petrobras, Itaú, Embraer e B3. Mais do que tudo, o mercado estará de olho na chance de um telefonema entre Trump e Lula, antes de entrar em vigor na 4ªF o tarifaço de 50% imposto pelo governo americano contra o Brasil.
ME LIGA – No fim da tarde de 6ªF, o investidor exibiu ânimo no after market com o comentário do presidente dos Estados Unidos, em rápida entrevista a repórteres no jardim da Casa Branca, dando margem a uma ligação de Lula.
… “Ele pode me ligar quando quiser”, afirmou, embora, minutos depois, tenha dito que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”, ao ser questionado sobre a razão para a maior tarifa contra os produtos brasileiros.
… Mas mandou um “I love Brazil”, no fato novo à diplomacia brasileira, que agora se movimenta para conferir se os canais de diálogo serão mesmo reabertos ou se tudo não passou de uma declaração informal que não dará em nada.
… Horas depois do aceno, em publicação no X, Lula disse que esteve sempre este aberto a conversar e que no momento trabalha para dar uma resposta às tarifas. Passou ainda recado sobre os ataques à soberania e ao STF.
… “Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e as suas instituições”, escreveu em seu perfil.
… No final de semana, durante o encontro nacional do PT, em Brasília, Lula disse que tem um “limite” na briga sobre o tarifaço com Trump e que “não posso falar tudo o que eu acho que posso, só o que é possível, o que é necessário”.
… O caminho para um potencial telefonema entre os dois presidentes poderá ser aberto pela conversa entre Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, prevista para esta semana, mas ainda sem data marcada.
… O ministro da Fazenda indicou ter a intenção de um encontro presencial com Bessent. Na via de mão dupla, Haddad disse que “a recíproca é verdadeira” e que Lula também estaria disposto a receber telefonema de Trump.
… A esperança de que esta barreira seja vencida move este início de semana, enquanto paralelamente continuam correndo as negociações para tirar novos itens da pauta de exportação brasileira da lista negra de Trump.
… O governo Lula avalia que, além do café, ainda há chance de o cacau e a manga serem excluídos do tarifaço, relatam fontes à Broadcast. Já a carne bovina é mais difícil de escapar, por ser produzida também pelos americanos.
… Apesar da esperança de Trump e Lula se acertarem, o representante comercial americano Jamieson Greer indicou neste domingo, em entrevista à emissora CBS, que as tarifas elevadas sobre o Brasil e o Canadá devem ser mantidas.
DATAFOLHA – Havia expectativa sobre melhora da imagem de Lula na pesquisa com o tarifaço, mas a reprovação se manteve em 40% (avaliação de “ruim/péssimo”), enquanto a aprovação (“ótimo/bom”) oscilou de 28% para 29%.
… Na disputa pela reeleição, Lula exibiu uma discreta recuperação. Ele lidera de forma isolada todos os cenários em que disputa no primeiro turno e, no segundo, conseguiu descolar do empate técnico contra Tarcísio e Bolsonaro.
… Bolsonaro ainda tem seu nome avaliado porque, mesmo inelegível, pode inscrever sua candidatura.
… Na simulação do segundo turno, Lula agora tem ligeira vantagem no limite máximo da margem de erro (2 pontos), com 47% contra 43% de Bolsonaro. Antes, apresentava 44% das intenções de voto contra 45% do adversário.
… Já contra Tarcísio, Lula ampliou a distância em dois pontos porcentuais, passando de 43% para 45%. Na rodada anterior, o presidente vencia o governador paulista por distância menos competitiva (42% x 41%).
… O presidente também mostra vantagem em segundo turno sobre toda a família Bolsonaro: Michelle (48% a 40%), Eduardo (49% a 37%) e Flávio (48% a 37%). O destaque é Ratinho Jr. (40% contra 45% de Lula), próximo de Tarcísio.
… Com Ronaldo Caiado, Lula atinge 47% contra 35%. Com Romeu Zema, alcança 46% contra 36% do mineiro.
… Desde a semana passada, o mercado já exibe maior desconforto com o trade eleitoral de um quarto governo Lula.
… O presidente prepara um novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. A ideia inicial era veicular a mensagem neste domingo, mas o governo avalia transmitir amanhã, na véspera da entrada em vigor do tarifaço.
… Na gravação, o foco principal será o enquadramento Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky. Na Folha, o ministro do STF disse a Lula, em jantar na semana passada, que não quer, por ora, atuação da AGU em sua defesa nos EUA.
… Moraes teria se mostrado tranquilo, afirmando que não pretende manter relações com os Estados Unidos. Minimizou o risco de sofrer sanções em território brasileiro e disse que não deixará de exercer seu trabalho.
BRASIL ACIMA DE TUDO – Na sessão de retorno das atividades do Judiciário, na sexta-feira, os ministros do STF reafirmaram a soberania institucional da Corte e não desperdiçaram a chance de prestar solidariedade a Moraes.
… Em indireta a Trump sobre o julgamento de Bolsonaro, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, disse que “todos os réus serão julgados com base nas provas produzidas, sem qualquer interferência, venha de onde vier”.
… Moraes, por sua vez, chamou de “covarde e traiçoeira” a “organização miliciana” que tem atuado para impor sanções dos Estados Unidos ao País por motivos políticos e falou em “sabor amargo da traição à Pátria brasileira”.
BANANA REPUBLIC – Causou rebuliço entre os investidores no pregão de 6ªF a informação de Bela Megale/O Globo de que os Estados Unidos ameaçam punir os bancos brasileiros por ruídos sobre as sanções impostas a Moraes.
… A reportagem conta que Eduardo Bolsonaro procurou representantes do governo norte-americano para explicar que o entendimento dos bancos por aqui é o de que apenas as operações de Moraes em dólar estariam proibidas.
… Segundo interlocutores do deputado licenciado, os Estados Unidos esclareceram que vale a proibição de operações em qualquer moeda, inclusive em reais, inviabilizando Moraes de movimentar suas contas bancárias.
… O parlamentar relatou a aliados que o governo de Trump analisa a chance de fazer um comunicado aos bancos brasileiros detalhando essas informações ou, até mesmo, aplicar punições diretamente às instituições financeiras.
… Preocupado com a investida, os papéis do Banco do Brasil derreteram quase 7% na bolsa, abalados ainda pela notícia apurada pelo Brazil Journal que a instituição lucrou apenas R$ 500 mi em maio, contra R$ 1,7 bi em abril.
PLANO DE CONTINGÊNCIA – Haddad disse que vai sentar com os sindicatos para discutir a possibilidade de apoio a empresas para pagamento de auxílio equivalente ao salário mínimo aos empregados contra o impacto do tarifaço.
… Neste domingo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), disse em entrevista à Broadcast que o ministério sugeriu ao governo comprar os produtos que deixarão de ser exportados para os Estados Unidos.
FIM DO RECESSO PARLAMENTAR – Brasília retoma as atividades hoje. O ministro Haddad vai ao Congresso na quarta-feira falar sobre a MP alternativa ao IOF. O Senado deve aprovar o projeto já neste princípio de agosto.
… A área ambiental do governo vai propor a Lula hoje uma série de vetos à nova lei do licenciamento ambiental.
… Segundo bastidores apurados pelo Valor, a ideia é que, paralelamente, o governo apresente projetos de lei ou até medida provisória para compensar trechos que deverão ser barrados. Lula tem até sexta-feira para sancionar a lei.
BALANÇOS – Entre os papéis das blue chips, na quinta-feira, Petrobras e B3 soltam seus resultados. Amanhã, saem e Itaú e Embraer (poupada do tarifaço). Mas a semana tem muito mais destaques entre os números trimestrais.
… Hoje, após o fechamento, sai BB Seguridade. Amanhã, GPA, Iguatemi, Klabin, Prio e RD Saúde. Na quarta-feira, Braskem, Brava Energia, C&A, Cogna, Copel, Dexco, Eletrobras, Guararapes, Hypera, Minerva, Suzano e Totvs.
… Na quinta-feira, vêm Alpargatas, Assaí, Auren, Azzas, Caixa Seguridade, Energisa, Engie, Eztec, Fleury, Kepler Weber, Renner, Magalu, Movida, Petroreconcavo, Petz, Rumo, Stone, Tenda e Vivara. Na sexta, M.Dias Branco.
… Em Nova York, Disney e McDonald´s divulgam os seus balanços na quarta-feira.
MAIS AGENDA – Os dados do Caged de junho vêm hoje (14h30), depois de o Copom ter reforçado na semana passada que o dinamismo no mercado de trabalho se mantém, apesar de “certa moderação” no ritmo de atividade.
… A mediana das estimativas do mercado em pesquisa Broadcast indica a criação líquida de 175 mil vagas com carteira assinada, acelerando na comparação com maio, quando houve saldo positivo de 148.992 vagas.
… O intervalo das expectativas para esta leitura varia de 144.000 a 218.284 vagas formais. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, antecipou neste domingo que o resultado do Caged de junho “vai ser bom”.
… Ainda hoje, à primeira hora do dia (5h), o IPC-Fipe de julho deve abandonar a deflação de junho e subir 0,32% em julho, pressionado pelo recuo menos intenso nos alimentos e a bandeira vermelha 1 nas contas de energia.
… Tem também para conferir nesta segunda-feira os dados da Fenabrave, além do boletim Focus (8h25). A balança comercial mensal só será divulgada na quarta. Anfavea e IGP-DI de julho vêm na quinta e IPC-S semanal, na 6ªF.
LÁ FORA – Em meio à perspectiva dovish para o Fed, vale o destaque amanhã nos Estados Unidos para o PMI/S&P Global composto de julho e o PMI do ISM/Chicago. Hoje (11h), saem as encomendas à indústria em junho (11h).
… A balança comercial de junho, na terça-feira, coincide com a disputa em torno das negociações tarifárias.
… Zona do euro, Alemanha, e Reino Unido soltam na 3ªF o PMI composto/julho. BoE e México decidem juro quinta.
CHINA – Hoje à noite (22h45), sai o PMI/S&P Global composto de julho. Na quinta-feira, a balança comercial.
OPEP+ – Em linha com o esperado, a produção de petróleo foi elevada neste domingo em 547 mil barris por dia para setembro, o mais recente de uma série de aumentos acelerados para recuperar participação de mercado.
TEMPESTADE PERFEITA – Não foi uma sexta-feira fácil para os investidores. Primeiro, um payroll muito fraco. Depois, a demissão da responsável pelos números por Trump. Em terceiro, a renúncia de uma diretora do Fed.
… O resultado foi uma onda de fuga do risco que varou os mercados em Nova York, derrubando bolsas, dólar e juros dos Treasuries, um movimento que espalhou por outras geografias, Brasil incluído.
… O índice VIX, chamado “termômetro do medo” de Wall Street, chegou a marcar quase 30% de alta no dia.
… Por aqui, ainda teve pane no Ibovespa, que a B3 só conseguiu resolver já no período da tarde.
… Abaixo do esperado, o payroll mostrou criação de 73 mil empregos nos EUA em julho, de 110 mil esperados. O relatório ainda revisou os números de maio e junho, tirando 258 mil empregos da conta.
… Dois dias antes, após a reunião de política monetária do Fed, Jerome Powell disse que o mercado de trabalho ainda estava sólido, um dos motivos pelos quais o Fomc manteve o juro onde está.
… “Powell gostaria de ter esses números 48 horas atrás”, disse o Jefferies, em nota.
… Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, foi radical. Disse que os dirigentes terão que “repensar tudo” sobre sua estratégia monetária. “Estou aberto a ver mais cortes de juros no ano”, disse.
… A aposta de redução de juros na próxima reunião do Fed, em setembro, saltou de 37,7% para 82,9%. A chance de três cortes de 25 pb pelo Fed até o fim do ano se tornou majoritária (46,8%), contra 7,8% no dia anterior.
… A pressão sobre os ativos dobrou quando Trump demitiu Erika McEntarfer, chefe de Estatística do Depto do Trabalho, acusando a funcionária pública de manipulação de números para fins políticos. Ela foi nomeada por Biden.
… Segundo Trump, o payroll também foi manipulado logo depois de sua eleição, quando os números foram revisados para baixo. “UMA FRAUDE TOTAL”, disse em sua rede, a Truth Social.
… Ele aproveitou para, mais uma vez, criticar e pedir a saída de Powell do cargo.
… O Partido Democrata reagiu: “O que Trump faz em vez de tentar consertar a economia? Ataca o mensageiro”.
… Olhando para o payroll, o economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, disse que embora este não seja o cenário-base da instituição, o risco de recessão na economia norte-americana é elevado.
… Essa percepção atingiu em cheio os Treasuries e o juro da note de 2 anos, mais afetado pela política monetária, derreteu 27,7 pontos-base, saindo de 3,963%, na sessão anterior, para 3,686%.
… O da T-Note de 10 anos recuou a 4,207%, de 4,375%. O do T-Bond de 30 anos caiu a 4,805%, de 4,899%.
SENTIU O BAQUE – Na esteira dos títulos americanos e da queda do dólar e da fraca produção industrial de junho divulgada pelo IBGE (+0,1% contra +0,4% no consenso), os DIs também cederam por aqui.
… O rendimento do DI jan/26 recuou 14,910% (de 14,923% no ajuste anterior); o Jan/27 caiu a 14,210% (14,348%); Jan/29, a 13,460% (13,566%); Jan/31, a 13,690% (13,758%); e Jan/33 cedeu a 13,810% (13,864%).
… Não bastasse o dia ruim, no fim da tarde, outro susto. A diretora do Fed Adriana Kugler renunciou ao cargo para voltar a ser professora da Universidade de Georgetown, movimento que abre espaço para um indicado de Trump.
… Voz bastante ouvida em Wall Street, Mohamed El-Erian, conselheiro econômico chefe da Allianz, disse que, com a saída de Kugler, Trump pode indicar um novo nome ao conselho que seria o presidente “de facto”’ do Fed.
… O sucessor de Kugler poderia ser visto como um “presidente-sombra” do Fed, de acordo com El-Erian.
… Com a economia dos EUA na berlinda e o Fed dovish no foco, o índice dólar (DXY) voltou a se afastar dos 100 pontos, com queda de 0,83%, a 99,141 pontos. Na semana, subiu 1%.
… O euro subiu a US$ 1,1578 e a libra avançou a US$ 1,3271. O dólar caiu a 147,46 ienes.
… Em nota a clientes, a Capital Economics avaliou que “o aumento do risco de recessão nos EUA e a consequente queda nas expectativas para as taxas de juros americanas ameaçam minar as perspectivas para o dólar”.
… Por aqui, o dólar chegou a subir no início do pregão, testando os R$ 5,63, mas, com os acontecimentos do dia, fechou em baixa de 0,99%, a R$ 5,5456.
… Nas bolsas em Wall Street, o setor financeiro foi mal, sob o espectro da eventual recessão. Goldman Sachs (-1,94%), JPMorgan (-2,32%), Citi (-2%), Wells Fargo (-3,53%) e Bank of America (-3,41%) tiveram quedas expressivas.
… Apple caiu 2,5% mesmo após superar as estimativas de receita, preocupada com custos por causa das tarifas.
… Também com resultado acima do esperado, Amazon despencou 8,27%, por causa da projeção de lucro operacional abaixo das estimativas para o 3Tri.
… No fechamento, o Dow Jones caiu 1,23%, aos 43.588,58 pontos. O S&P 500 recuou 1,60% (6.238,01) e o Nasdaq registrou queda de 2,24% (20.650,13 pontos). Na semana, houve baixa de 2,92%, 2,36% e 2,17%, respectivamente.
… O Ibovespa acompanhou NY e, depois dos problemas técnicos durante boa parte do pregão, terminou em baixa de 0,48%, aos 132.437,39 pontos, com giro de R$ 21,5 bilhões. Na semana, caiu 0,81%.
NA MIRA DE EDUARDO – BB foi o destaque do dia no Ibov, com queda de 6,85% (R$ 18,35%). O banco pode ser um dos principais prejudicados pelas novas investidas de Eduardo Bolsonaro nos EUA.
… Não bastasse isso, dados do Cosif (plano contábil das instituições do Sistema Financeiro Nacional) mostraram que o resultado do BB caiu em maio para R$ 500 milhões, de R$ 1,7 bilhão em abril.
… Isso implicaria, segundo o JPMorgan, lucro de R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre, em vez de R$ 4,8 bilhões.
… Já o BTG, antes mesmo dos dados de maio serem conhecidos, reduziu sua projeção de lucro do BB por causa da contínua deterioração dos ativos de crédito do agronegócio.
… Para esse segmento, no qual o BB é líder, o BTG projeta lucro de R$ 5 bilhões no segundo trimestre e de R$ 23,4 bilhões em 2025. Antes, esperava R$ 6,4 bilhões entre abril e junho e R$ 29,4 bilhões no ano.
… O Goldman Sachs calcula que as provisões para devedores duvidosos do BB somem R$ 14 bilhões no segundo trimestre, salto de 79% na comparação anual, impulsionado pela inadimplência maior na carteira de agro.
… Mesmo frente ao primeiro trimestre de 2025, a alta deve ser expressiva, de 37%.
… O Banco do Brasil divulga balanço no dia 14 de agosto.
… Ainda no Ibovespa, Petrobras ON perdeu 1,42% (R$ 35,28) e a PN recuou 1,32% (R$ 32,21), acompanhando a forte queda do Brent/out (-2,83%, a US$ 69,67), antecipando a decisão da Opep+ de aumentar a produção.
… O setor siderúrgico foi mal, com CSN (-5,34%; R$ 7,62), Gerdau PN (-4,69%; R$ 16,05) e Metalúrgica Gerdau (-4,06%; R$ 8,99).
… Do lado positivo, Marcopolo PN liderou com 5,58% (R$ 8,89), seguida de Auren (+4,55%; R$ 9,65) e Assaí (+3,30%; R$ 9,70).
… Vale subiu 0,54% (R$ 53,75), em reação ao balanço, mesmo com a queda de 0,19% do minério na bolsa chinesa de Dalian.
CIAS ABERTAS -O novo presidente do Cade, Gustavo de Lima, determinou a reclassificação da análise da fusão entre a BRF e Marfrig de rito sumário para ordinário…
… Na prática, a operação seria vista como de maior complexidade, que demandará mais tempo para ser avaliada…
… A incorporação da BRF pela Marfrig recebeu a aprovação da maioria dos acionistas que participaram da votação antecipada para a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) marcada para amanhã…
… Segundo o mapa consolidado de votação divulgado pela BRF, 43,79% das ações votantes apoiaram o “Protocolo e Justificação” da incorporação, enquanto 17,43% rejeitaram a proposta.
VALE e Cedro negociam com investidor japonês a compra da Bamin, sediada na Bahia, mas controlada por um grupo do Casaquistão. (Lauro Jardim/Globo)
SIDERÚRGICAS. Parecer da AGU recomendou ao Cade que faça cumprir a decisão que determinou a venda de ações da Usiminas pela CSN. (Capital/O Globo)
CMN adotou, em reunião extraordinária na sexta-feira, regras mais rígidas para o uso do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo o Valor, o endurecimento é uma resposta clara ao caso do Banco Master.
NUBANK. A Moody´s reiterou os ratings ba1 da instituição financeira, em perspectiva estável.
AZUL anunciou acordo que prevê investimento de US$ 650 milhões em futura operação de capitalização.
FLEURY concluiu, por meio da subsidiária Instituto Hermes Pardini, a compra de 100% do Hemolab Laboratório de Patologia Clínica por R$ 39,5 milhões.
HYPERA. Depois de ver frustrada sua tentativa de comprar a Hypera, Carlos Sanchez, dono da EMS, já se desfez de quase toda sua posição na empresa e seu foco agora é a Medley, que foi posta à venda. (Lauro Jardim/O Globo)
MOTIVA anunciou em fato relevante a assinatura do Aditivo de Modernização do Contrato de Concessão entre sua controlada Motiva Pantanal (Concessionária de Rodovias Sul-Matogrossense) e a União, representada pela ANTT.
COSAN. Controlada Moove Lubrificantes retirou oficialmente seu pedido de oferta pública inicial de ações (IPO).
COPEL informou que a CVM a suspensão do prazo de convocação de AGE, marcada para hoje, por até 15 dias.
TOTVS informou que as participações da Massachusetts Financial Services Company alcançaram, de forma agregada, aproximadamente 5,08% do total do capital social da companhia.
WEG investirá cerca de R$ 160 milhões para expandir produção de motores elétricos na sua fábrica de Linhares (ES); aporte também será destinado à verticalização das operações.
COPASA. Governo de Minas autorizou o BNDES a iniciar avaliação da companhia para possível transferência à União.
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Resumo semanal: 28/07 a 01/08
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
No Japão, o Banco Central (BoJ) decidiu manter a taxa de juros em 0,5% ao ano, sinalizando postura cautelosa diante da incerteza global. Embora suas projeções apontem para uma inflação abaixo da meta de 2%, o BoJ elevou suas perspectivas para o núcleo do CPI e para o crescimento econômico, reforçando que pretende observar o comportamento da economia internacional antes de alterar sua política monetária. Essa precaução reflete a busca por estabilidade em meio às pressões externas, especialmente diante do cenário mundial incerto. O banco também destacou a importância de sinais mais claros de recuperação da demanda interna antes de qualquer mudança.
Na China, o governo evitou anunciar estímulos econômicos no curto prazo, apesar das recentes quedas na atividade manufatureira, com o índice PMI composto em julho registrando 51,1 pontos. O setor manufatureiro apresentou desempenho inferior, com 49,3 pontos, enquanto os serviços ficaram exatamente em 50. O lucro industrial acumulado de janeiro a junho diminuiu 1,8%, indicando desafios para a indústria, apesar dos esforços do governo em revitalizar o setor. Ainda, questões externas como a tarifa média de 19,3% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos chineses e a cautela demonstrada na última reunião do Politburo reforçam a postura de prudência econômica nas decisões atuais.
Europa
Na Europa, a inflação finalmente atingiu a meta dos principais bancos centrais, refletindo um cenário econômico de maior estabilidade nos preços. Mesmo com o persistente conflito entre Rússia e Ucrânia, que já se arrasta por quatro anos e sem perspectiva próxima de resolução, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro apresentou crescimento moderado de 0,4% no primeiro trimestre de 2025, superando as expectativas do mercado. Países como Alemanha, França e Espanha obtiveram desempenhos positivos, apesar das altas nos preços de energia limitarem parte da recuperação econômica.
O mercado de trabalho europeu permaneceu aquecido, atingindo uma mínima histórica de desemprego de 6,2%. Por outro lado, o índice de confiança econômica registrou ligeira melhora em julho, ainda que permaneça abaixo dos níveis observados antes da pandemia. Além disso, o índice de preços ao consumidor subiu 2% nos últimos doze meses, indicando controle da inflação. Ainda assim, preocupações geopolíticas continuam influenciando as projeções para a região, especialmente diante da ameaça de novas sanções e da lenta volta da confiança dos agentes econômicos aos patamares anteriores à crise.
Oriente Médio
No Oriente Médio, o mercado internacional de petróleo foi influenciado por uma combinação de fatores políticos e econômicos. Entre 24 e 31 de julho, o preço futuro do petróleo Brent apresentou alta de 5%, encerrando o período cotado a 72,5 dólares por barril. Esse aumento foi impulsionado pela pressão dos Estados Unidos por um acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia até 8 de agosto, além da possível implementação de tarifas para países que adquirirem petróleo russo, o que pode elevar a demanda por petróleo de outras regiões e impulsionar os preços globalmente.
Além disso, as decisões da OPEP+ e de importantes produtores como a Arábia Saudita contribuíram para a volatilidade do mercado. Embora o grupo tenha rejeitado um aumento imediato na produção para conter os preços, a Arábia Saudita confirmou um corte voluntário de 1,22 milhão de barris por dia até o fim de 2024. Enquanto isso, as commodities agrícolas registraram comportamento oposto, com quedas nos preços futuros da soja, trigo e milho de 4%, 3% e 2%, respectivamente, evidenciando movimentos distintos entre os diferentes mercados de commodities da região.
Estados Unidos
Na última semana, o mercado de trabalho dos Estados Unidos apresentou sinais de moderação, com a criação de apenas 73 mil empregos em julho, resultado abaixo das expectativas. O Departamento de Trabalho destacou que houve revisões negativas em meses anteriores, enquanto a taxa de desemprego subiu levemente para 4,2%, ainda considerada baixa em termos históricos. Apesar desse cenário, o salário médio por hora registrou alta de 3,9% no acumulado de 12 meses. Além disso, a taxa de participação da força de trabalho caiu para 62,2% e as vagas de emprego seguiram elevadas, com o índice de pedidos de seguro-desemprego permanecendo em patamar reduzido, indicando certa resiliência do mercado.
No âmbito da política monetária, o Federal Reserve optou por manter as taxas de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano, em decisão marcada por dois votos dissidentes. O comunicado do banco central ressaltou que a atividade econômica mostrou sinais de moderação no primeiro semestre, embora a inflação continue acima da meta e as expectativas sigam pressionadas. Jerome Powell, presidente do Fed, enfatizou a necessidade de manter uma postura cautelosa enquanto a inflação persiste elevada. Diante desse contexto, a previsão é que as taxas de juros permaneçam nos níveis atuais até o final de 2025. O balanço da semana, portanto, aponta para um mercado de trabalho ainda robusto, mas sob atenção devido aos desafios inflacionários.
Brasil
O Banco Central manteve a Selic em 15,00%, indicando que a política monetária seguirá restritiva por um período prolongado, em linha com sinais de arrefecimento da atividade econômica, ainda que o mercado de trabalho permaneça aquecido e a inflação acima da meta. Expectativas apontam para uma melhora gradual da inflação no segundo semestre, com cortes na Selic previstos a partir de janeiro até alcançar 12,50% após cinco reduções de 0,50 ponto percentual. No cenário externo, o governo dos EUA confirmou tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, mas com uma lista de exceções que atinge 45% do total exportado, amenizando os impactos imediatos. A estimativa para este ano é de queda de US$ 4 bilhões nas exportações e impacto pontual na inflação, enquanto negociações futuras entre os países permanecem possíveis. O governo brasileiro já planeja medidas de contingência, priorizando subsídios de crédito ao invés de isenções fiscais.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego caiu para 5,8% no segundo trimestre, com aumento consistente dos salários reais, demonstrando que a economia continua resiliente em setores ligados à renda. Por outro lado, a produção industrial registrou desempenho modesto, crescendo apenas 0,1% em junho, com algumas categorias – como bens de capital e intermediários – mostrando força, mas com queda em bens de consumo. Para 2025, espera-se expansão da produção industrial em 2% e do PIB em 2,5%, com a taxa de desemprego encerrando o ano em torno de 6%. Já nas contas públicas, o déficit primário de junho chegou a R$ 47,1 bilhões, resultado das despesas crescentes, especialmente na previdência. A dívida subiu para 76,6% do PIB, e o governo deverá realizar novos bloqueios de gastos para cumprir o limite orçamentário deste ano.