Resumo semanal: 01/09 a 05/09
Por Matheus Gomes de Souza, CEA Ásia Na China, o índice PMI composto em agosto manteve expansão moderada, subindo para 50,5, ante 50,2 em julho, com serviços em expansão leve e manufatura em retração (49,4). Isso reflete uma recuperação econômica parcial, ainda assim vulnerável ao enfraquecimento do setor industrial. Enquanto isso, na Ásia como um […]

Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Na China, o índice PMI composto em agosto manteve expansão moderada, subindo para 50,5, ante 50,2 em julho, com serviços em expansão leve e manufatura em retração (49,4). Isso reflete uma recuperação econômica parcial, ainda assim vulnerável ao enfraquecimento do setor industrial. Enquanto isso, na Ásia como um todo, a indústria manufatureira segue pressionada pelos novos tributos dos EUA, embora o PMI manufatureiro chinês mostre resiliência com alta para 50,5.
No âmbito geopolítico, o panorama é variado: na China, o líder Xi Jinping apresentou em Tianjin sua visão por uma ordem global multipolar e lançou ambiciosos pacotes de cooperação na SCO, fortalecendo laços com Rússia, Índia e países da Ásia Central. Na Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão anunciaram exercícios militares conjuntos “Freedom Edge” em resposta às ameaças da Coreia do Norte. Na Indonésia, protestos contra privilégios de parlamentares cresceram após a morte de um motorista por veículo da polícia; estudantes e grupos sociais intensificaram os atos, incluindo “piquenique-protesto”, em meio a pedidos de reforma e solidariedade regional. Ainda no Sudeste Asiático, a Tailândia teve reviravolta política: Anutin Charnvirakul foi eleito primeiro-ministro em meio a instabilidade no governo anterior. Além disso, a Índia anunciou um ambicioso plano de defesa de 15 anos com destaque para a construção de um terceiro porta-aviões movido a energia nuclear e aviões navais nacionais.
Europa
A guerra entre Rússia e Ucrânia entrou no quarto ano sem avanços concretos para um cessar-fogo, mesmo após reuniões com o presidente americano. Os ataques seguem de ambos os lados, e uma solução definitiva ainda parece distante. No campo econômico, o volume de vendas no varejo da Zona do Euro recuou 0,5% em julho, após alta de 0,6% em junho, refletindo quedas em Alemanha (-1,5%) e Espanha (-0,4%), com estabilidade na França. O indicador agregado de vendas segue próximo do nível pré-pandemia. Já o mercado de trabalho manteve-se robusto, com taxa de desemprego em 6,2%, mínima histórica, sendo 3,7% na Alemanha e 10,4% na Espanha.
A inflação ao consumidor superou as expectativas, com o índice de preços da Zona do Euro subindo 0,2% em agosto e acumulando alta de 2,1% em doze meses. O núcleo, que exclui energia, alimentos e tabaco, avançou 2,3%, sustentado por serviços, enquanto preços de bens ficaram estáveis. Apesar do euro forte e da desaceleração dos salários, pressões inflacionárias persistem. O BCE decide na próxima semana seus próximos passos de política monetária, com sinalizações de manutenção dos juros no atual patamar. No Reino Unido, o volume de vendas no varejo cresceu acima do esperado em julho, mas o indicador agregado segue fraco frente a outras economias.
Oriente Médio
O conflito em Gaza se intensificou desde o início de setembro. Israel avançou militarmente, controlando cerca de 40% da cidade de Gaza e empurrando tanques e bombardeiros para bairros como Sheikh Radwan e Zeitoun, causando centenas de deslocados e vítimas civis. Hamas divulgou um vídeo com dois reféns israelenses ainda detidos, enquanto edifícios habitados foram destruídos, levantando acusações de guerra psicológica. A situação humanitária segue crítica, com organizações acadêmicas qualificando as ações de Israel como genocídio, o que eleva ainda mais a pressão internacional.
Do ponto de vista diplomático, o Oriente Médio também vive tensões significativas. Milhares compareceram ao funeral de líderes houthis mortos em ataque israelense no Iêmen; o novo líder prometeu retaliação e reforço da segurança interna. Os Emirados Árabes Unidos emitiram uma forte advertência a Israel contra a anexação da Cisjordânia, ameaçando o Acordo de Abraão. Egito elevou o tom, afirmando que não tolerará um deslocamento massivo de palestinos, considerando isso uma ameaça existencial à causa palestina. No Líbano, o gabinete aprovou o plano do exército de desarmar o Hezbollah, embora sem prazo definido e encontrando resistência interna.
Estados Unidos
O Departamento de Trabalho divulgou os dados de agosto, apontando a criação de 22 mil empregos, abaixo das expectativas e do resultado do mês anterior. A pesquisa também revisou para baixo as contratações dos dois meses anteriores. Apesar da queda nas admissões, o ganho médio por hora trabalhada seguiu em alta, acumulando avanço de 3,7% em doze meses até agosto, sustentando pressão sobre os preços. A taxa de desemprego subiu levemente para 4,3%, ainda baixa em termos históricos. No relatório Jolts, o número de vagas abertas caiu em julho, mas a relação entre vagas e desempregados permaneceu próxima de 1.
Em linhas gerais, os dados confirmam uma desaceleração gradual do mercado de trabalho. Pedidos de seguro-desemprego seguiram em níveis baixos, enquanto a inflação acima da meta do Federal Reserve mantém o banco central em postura cautelosa. O mercado precifica como mais provável um corte de juros já na reunião deste mês, após declarações de Jerome Powell enfatizando riscos de enfraquecimento do emprego. No setor de serviços, o PMI do ISM avançou para 52 pontos, retornando à expansão. Já as manufaturas continuaram em contração, mas de forma mais branda, com o indicador subindo para 48,7 pontos.
Brasil
O PIB brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 frente ao primeiro, em linha com as projeções, e 2,2% na comparação anual, segundo o IBGE. O avanço foi puxado pelo setor de serviços, que cresceu 0,6%, enquanto a indústria teve alta de 0,5%, sustentada pela indústria extrativa. A agropecuária, por sua vez, recuou 0,1%, possivelmente por fatores sazonais, mas ainda acumula expansão de 10,1% em relação a 2024. Apesar do impacto dos juros altos, segmentos como consumo das famílias e serviços seguem resilientes. O resultado reforça que a economia brasileira caminha para um crescimento menor do que em 2024.
No setor industrial, os sinais de perda de fôlego ficaram mais claros. A produção recuou 0,2% em julho ante junho, abaixo da expectativa de estabilidade, pressionada pela indústria de transformação (-0,1%). A indústria extrativa, em contrapartida, avançou 0,8%, revertendo parte das quedas anteriores. O desempenho confirma a tendência de enfraquecimento ao longo de 2025, após expansão de 3,1% em 2024. Para o ano, a expectativa é de crescimento em torno de 2%, seguido de apenas 1,5% em 2026. Ainda assim, estímulos do governo, como gastos extras, FGTS e crédito, devem evitar uma desaceleração mais acentuada.