Fed mantém juros e vê “falta de progresso” da inflação em direção à meta

[01/05/2024] Da Redação do Bom Dia Mercado

O Fed manteve os juros no intervalo de 5,25% a 5,50% na reunião de política monetária de hoje, conforme amplamente esperado pelo mercado. O BC americano destacou que “houve falta de progresso” na redução da inflação em direção à meta de 2%. No cenário econômico, o Fed ainda avalia que a atividade “expande a um ritmo sólido”, os ganhos do emprego seguem “fortes” e a taxa de desemprego permanece “baixa”. Apesar da reaceleração recente, a inflação moderou no último ano, mas permanece elevada, diz o comunicado.

O Fed reiterou seu compromisso com as metas de inflação e pleno emprego e julgou que os riscos para ambos os objetivos estão mais equilibrados. “O cenário econômico é incerto, e o Comitê segue muito atento aos riscos de inflação”.

Além da menção à falta de progresso na inflação em 2024, outra novidade do comunicado foi o anúncio da diminuição do ritmo de redução do balanço de ativos pelo Fed, processo conhecido como aperto quantitativo (“quantitative tightening” ou QT, na sigla em inglês). A partir de junho, o Fed vai reduzir o volume de vencimento de Treasuries em seu balanço de US$ 60 bilhões a US$ 25 bilhões mensais.

Já os vencimentos de títulos de dívida e títulos atrelados a hipotecas seguirão a um ritmo de US$ 35 bilhões mensais. Por fim, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) reafirmou que não espera reduzir os juros antes de ganhar “maior confiança de que a inflação está se movendo a 2% de forma sustentável”. “O Comitê estará preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a realização das metas”, diz o comunicado.

Copom mostra maior cautela, mas deve manter objetivo final para Selic com ritmo mais lento

O economista-chefe do PicPay, Marco Caruso, analisou a decisão do Copom e avalia que o Comitê trouxe poucas mudanças no comunicado, mas relevantes. A principal delas foi a sinalização sobre os próximos passos. O Comitê optou por retirar o plural nas indicações sobre cortes de mesma magnitude. O comunicado destaca que antevê, em se confirmando o cenário esperado, uma redução de meio ponto percentual na próxima reunião, e não mais nas próximas. A mudança se deu em função de três pontos mencionados no comunicado: o aumento da incerteza lá fora, sobre quando a inflação de fato vai ceder de forma consistente; o aumento da incerteza doméstica, que foi incluído na parte de balanços de riscos sem maiores detalhes. “Na ata vamos entender melhor essa incerteza”, afirmou.

O terceiro ponto é que o comunicado também cita que, em função dessa elevação da incerteza, o ideal seria ter uma maior flexibilidade. “É interessante notar que, mesmo em relação a esse guidance, há um elemento mais importante, que dá um sentido mais hawkish: quando o Copom pontua que prevê essa redução de mesma magnitude na próxima reunião, é acrescentado um condicional, com a adição da frase ‘em se confirmando o cenário esperado’. Isso reforça uma cautela”, afirma Caruso. Outro ponto de destaque no comunicado, segundo ele, é o fato de Comitê avaliar que o cenário base não se alterou substancialmente. “A leitura aqui é que o Copom ainda imagina o mesmo ponto final para a Selic. Ainda assim, talvez valha a pena contemplar essa possibilidade de chegar neste ponto final numa velocidade menor, ou seja, com cortes de menor magnitude.”

Lucro da Petrobras cai 42,2% no terceiro trimestre para R$ 26,6 bilhões

A Petrobras (#PETR3, #PETR4) registrou lucro líquido de R$ 26,625 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 42,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o lucro alcançou R$ 46,1 bilhões. A piora no resultado já era esperada por causa da queda da cotação do petróleo no período, de uma média de US$ 100,85 por barril no terceiro trimestre de 2022 para US$ 86,76 no terceiro trimestre deste ano. Segundo a Petrobras, o lucro também foi influenciado pelo câmbio e maiores despesas operacionais, com destaque para maiores custos exploratórios e menor ganho com venda de ativos.

Nos nove primeiros meses do ano, o ganho somou R$ 93,563 bilhões, recuo de 35,5% em relação ao mesmo período de 2022, quando obteve R$ 144,987 bilhões. No terceiro trimestre, a receita de vendas chegou a R$ 124,828 bilhões, queda de 26,6% em relação ao mesmo período de 2022. No acumulado do ano, a redução chegou a 21,7%, para R$ 377,736 bilhões. A Petrobras destacou ainda que o lucro líquido teve um impacto negativo de R$ 600 milhões, influenciado principalmente por contingências judiciais e “impairment” (baixa contábil) de ativos, como a segunda unidade de refino da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.