Lula manda devolver carta de Trump

… A decisão de Trump de taxar a importação de todos os produtos brasileiros em 50% causou grande preocupação nos exportadores e também acirrou a polarização política, com seguidores de Bolsonaro festejando a punição ao governo Lula e ao STF, que, segundo o presidente americano, comete “vergonhosa perseguição contra o grande ex-presidente”. Nos mercados, que já fecharam negativos com a expectativa de uma tarifa para o Brasil, a reação deve se estender na abertura, sobretudo nos setores mais atingidos. O ADR de Embraer chegou a cair quase 8% no after hours de NY. Na agenda, o IPCA de junho tem estimativa de desaceleração, mas perde força para orientar as apostas sobre o futuro dos juros, que escalaram junto com o dólar, em meio ao embate inesperado com os Estados Unidos.

… No final da noite, veio a resposta do governo brasileiro: o Itamaraty chamou o embaixador dos Estados Unidos e “devolveu” a carta de Trump, dizendo que era “ofensiva”, que tem “afirmações inverídicas” e “erros factuais” sobre a relação comercial dos dois países.

… Um pouco mais cedo, o presidente Lula fez uma postagem no X rebatendo a afirmação de que os Estados Unidos eram deficitários na balança comercial com o Brasil. Escreveu, ainda, que o “Brasil é um país soberano e não aceitará ser tutelado por ninguém”.

… A nota de Lula acusa a “ameaça e a ingerência” no processo judicial contra a tentativa de golpe [no qual Bolsonaro é réu no STF] e informa que, “qualquer elevação de tarifas pelos Estados Unidos será respondida pela Lei de Reciprocidade”.

… A reação de Brasília veio na contramão de inúmeros pedidos da indústria para reabrir o diálogo com os Estados Unidos.

… Vários protestos de associações apressaram-se em pedir ao governo para negociar diplomaticamente, em uma tentativa de reverter a tarifa de 50% aos produtos brasileiros imposta pelo presidente Trump para vigorar a partir de 1º de agosto.

… A Frente Parlamentar da Agropecuária defendeu “cautela e diplomacia firme”, avaliando que a nova alíquota produzirá reflexos diretos ao agronegócio, com impactos no câmbio, no custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras.

… CNI expressou “preocupação e surpresa”, afirmando que os impactos das tarifas podem ser graves para a nossa indústria. “Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia.” Defendeu negociações e diálogo para reverter a decisão.

… Para a CNI, as exportações brasileiras aos Estados Unidos têm grande importância para a nossa economia. Em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado para lá foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção.

… A Câmara do Comércio também citou “profunda preocupação”, conclamando à retomada urgente do diálogo, com o alerta de que a medida tem potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas.

… Todas as manifestações contestam afirmação na carta de Trump de que os Estados Unidos são deficitários na balança com o Brasil.

… Há mais de 15 anos, os Estados Unidos mantêm superávit na conta comercial com o Brasil. Só na última década, o saldo positivo para os americanos foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões.

O SEGUNDO PARCEIRO – Estados Unidos são o segundo maior mercado para as exportações do Brasil, com vendas de US$ 40,368 bilhões em 2024, menos que a metade dos US$ 94,372 bilhões em exportações feitas à China, segundo dados do MDIC.

… O principal produto da pauta de exportação brasileira aos Estados Unidos é o petróleo, com vendas de US$ 7,6 bilhões em 2024. Mas o governo já antevê impactos imediatos para exportações de café, carne bovina e suco de laranja, entre os principais itens.

… Economistas avaliam que a alíquota de 50% terá efeitos inflacionários na economia americana, que importa carne para a produção de hambúrgueres e depende do café externo. O confronto eclodiu por razões políticas e de interesses comerciais de Trump.

MOTIVAÇÃO POLÍTICA – A diplomacia brasileira já vinha negociando para que as tarifas ao País continuassem em níveis mais baixos, com alegação de que os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil. Mas, no final das contas, não era essa a questão.

… A carta de Trump é explícita em relacionar a tarifa punitiva ao papel de Alexandre de Moraes no STF contra Bolsonaro e redes sociais, e isso torna mais difícil uma negociação. Ninguém aposta que o ministro Alexandre de Moraes possa ceder às ameaças.

… Integrantes do governo já esperavam uma retaliação, desde que Trump dirigiu ataques aos países do Brics, mas não nessa proporção. Trata-se da mais alta alíquota divulgada a partir de cartas enviadas pelo presidente dos Estados Unidos nesta semana.

… O gesto levou o Nobel de Economia Paul Krugman a comentar que Trump merecia o impeachment pelo que fez ao Brasil.

… Na Cúpula do Brics, no fim de semana, no Rio, Lula defendeu uma moeda alternativa para as operações internacionais com outros países, sem passar pelo dólar, o que deixou Trump furioso: “quem desafiar o dólar, vai pagar o preço”.

… Segundo apurou o Valor, a avaliação do Planalto é que a ofensiva de Trump contra as instituições brasileiras pode ser um “tiro pela culatra”, porque evidencia uma tentativa de intervir na soberania brasileira e desestabilizar os Poderes.

TEM MAIS POR TRÁS – No Estadão, a decisão de Trump de impor uma tarifa de 50% ao Brasil reflete mais uma preocupação comercial do que política, envolvendo uma sequência de embates com o ministro Alexandre de Moraes sobre as plataformas sociais.

… “O que está em jogo aí é muito mais o embate entre o grupo Trump com Moraes por causa de decisões em relação a redes sociais”, na opinião de Rodolfo Teixeira, doutor em sociologia política pela Universidade de Brasília.

… As empresas Trump Media & Technology Group, ligadas ao presidente dos Estados Unidos, processam Moraes na Justiça da Florida por supostamente censurar conteúdos publicados nessas plataformas no Brasil. Na terça-feira, Moraes foi citado novamente no processo.

… Na carta, Trump reclamou de decisões do STF contra empresas norte-americanas de tecnologia.

… “O Supremo Tribunal Federal do Brasil emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos Estados Unidos, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro.”

… Segundo avaliações semelhantes, Bolsonaro só teria entrado como coadjuvante para esfumaçar o verdadeiro motivo. A prova é que o tarifaço impacta setores da direita fortemente ligados ao bolsonarismo, a exemplo do agronegócio.

50% PARA O COBRE – Antes que o dia acabasse, o presidente Trump confirmou a tarifa de 50% sobre o cobre, a partir de 1º de agosto.

… “O cobre é necessário para semicondutores, aeronaves, navios, munição, data centers, baterias de íon-lítio, sistemas de radar, sistemas de defesa antimísseis e até mesmo armas hipersônicas, das quais estamos construindo muitas”, escreveu em sua Truth Social.

… Segundo ele, a nova alíquota tarifária reverterá a “estupidez” do governo Biden e “os Estados Unidos voltarão a construir um setor de cobre DOMINANTE. AFINAL DE CONTAS, ESTA É A NOSSA ERA DE OURO!”.

SEM CONSENSO – No Estadão, Haddad e Gleisi Hoffmann indicaram a Motta e Alcolumbre, na noite de terça-feira, que o governo não abrirá mão do decreto que aumentou as alíquotas do IOF e pretende insistir na legitimidade junto ao STF.

… Fontes do Valor também apuraram que, apesar da reaproximação em jantar, o governo disse que insistirá no decreto do IOF.

… Já Motta baixou o tom, dizendo que a conversa com o governo foi “colaborativa”, afirmando que o Congresso vai buscar uma solução para os recursos do IOF sem aumento de alíquota. “Tenho conversado com os líderes para a solução das contas.”

… O presidente da Câmara disse que não há interesse do Legislativo em usurpar o poder do Executivo, e cobrou propostas alternativas do ministro da Fazenda, informando que “isso deve ser conversado ao longo da semana com a equipe econômica”.

… Na Folha, Haddad pediu para que o Congresso não misture o tema do IOF com as compensações para a isenção do Imposto de Renda.

… A possibilidade foi aventada pelo relator do projeto, deputado Arthur Lira, mas o governo teme que, na prática, esse movimento possa desidratar a medida provisória enviada com alternativas à derrubada do IOF.

IPCA – Às 9h, o IBGE divulga a inflação oficial de junho, que deve desacelerar para 0,20%, de 0,26% em maio (mediana do Broadcast), com a deflação dos preços dos alimentos, mas a mediana para o final de 2025 deve superar o teto da meta de 4,50%.

… Se isso se confirmar, o BC deve publicar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões do descumprimento da meta até 18h de quinta-feira. A meta é de 3% e o intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

… A metodologia da meta contínua, que passou a vigorar neste ano, prevê que a meta será considerada descumprida se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o que está acontecendo desde janeiro.

… Fontes da área econômica, no entanto, transferiram a preocupação para o impacto da tarifa de 50% dos Estados Unidos para produtos do Brasil, afirmando que a medida “joga um balde de água fria” no processo de desinflação, apurou o Broadcast.

HADDAD – Vai conceder entrevista ao Canal do Barão, no YouTube, nesta quinta-feira, entre 10h e 11h, com a participação dos seguintes veículos: Brasil 247, CartaCapital, Diário do Centro do Mundo, Fórum e TVT News.

INSS – Dias Toffoli (STF) confirmou, nesta terça-feira, que os pagamentos para ressarcir aposentados e pensionistas vítimas de descontos indevidos podem ser feitos tanto fora do limite de despesas do arcabouço quanto da meta fiscal.

LÁ FORA – Nos Estados Unidos, auxílio-desemprego (9h30) na semana até 5/7 tem previsão de +238 mil pedidos iniciais.

… Três dirigentes do Fed falam hoje: Alberto Musalem/St. Louis (11h), Christopher Waller (14h15) e Mary Daly/São Francisco (15h30).

… Na Europa, sai a inflação ao consumidor da Alemanha, em junho (na madrugada brasileira).

… No Peru, o Banco Central anuncia decisão de política monetária às 20h.

HOMEM-BOMBA – Prenunciando o ataque dos EUA, os mercados domésticos registraram piora significativa já no meio da tarde de ontem, deterioram ainda mais no pregão estendido e hoje vai ser bem difícil exibir sangue-frio.

… O anúncio da pancada das tarifas de 50% que Trump promete aplicar sobre nós pegou o câmbio e o Ibovespa fechados, mas a reação veio no mercado futuro, enquanto os juros estressaram na reta final dos negócios.

… A promessa da vingança do presidente americano já tinha puxado o dólar à vista no pregão regular de volta à marca de R$ 5,50, em alta firme de 1,04%, a R$ 5,5024, e a pressão foi ampliada com força na sessão estendida.

… O contrato futuro do dólar para agosto saltou 2,30%, a R$ 5,6115, conforme investidores e economistas avaliavam o impacto sobre as exportações brasileiras e potenciais efeitos inflacionários, se a escalada sobre o real persistir.

… A investida de Trump para inflamar os ânimos e a decisão do Itamaraty de peitar a carta representam neste momento um revés para a onda de otimismo que projetava alívio do dólar com o carry trade favorável ao Brasil.

… Segundo o Valor, foi também posto à prova o argumento de que o País era menos exposto ao risco de tarifas americanas, que vinha sendo utilizado para justificar o bom desempenho dos ativos locais no primeiro semestre.

… Por essa, ninguém esperava ou, pelo menos, não se imaginava que Trump fosse incendiar a crise a este ponto (50%), extrapolando a guerra protecionista para o contexto que tem por trás seus interesses particulares.

… No DI, a curva acelerou os prêmios de risco na última hora de operação, especialmente no miolo e na ponta longa, enquanto os contratos curtos continuaram engessados pela perspectiva de Selic a 15% por bastante tempo.

… Mas caso Trump se prove inflexível e a tarifa de 50% vingue, o que não parece razoável, o conservadorismo assumido pelo Copom ainda será pouco para responder às pressões inflacionárias, que fugiriam ao controle.

… O susto estraga a percepção positiva com os ajustes em baixa que o mercado vinha fazendo nas expectativas de inflação e ofusca qualquer reação mais entusiasmada a uma eventual surpresa baixista com o IPCA de junho hoje.  

… No fechamento, o DI para Jan/26 marcou 14,930% (contra 14,923% no pregão anterior); Jan/27 subiu a 14,270% (de 14,175%); Jan/29, a 13,485% (de 13,304%); Jan/31 disparou a 13,640% (13,423%); e Jan/33, 13,710% (13,485%).

TOCANDO O TERROR – Em choque com a fúria de Trump, o Ibovespa futuro afundou 2,44%, aos 137.800 pontos. Em paralelo, os ADRs das empresas domésticas também precificaram a forte tensão no after hours em Nova York.

… O pior tombo foi da Embraer (-5,63%). A exposição da fabricante ao mercado americano preocupa investidores.

… No mais recente formulário 20-F, a companhia mencionou que uma tarifa ampla sobre as importações brasileiras para os EUA provavelmente causaria “disrupções em nossa cadeia de suprimentos e nas operações no País”.

… Pelos cálculos do UBS BB, a taxação teria impacto aproximado de US$ 70 milhões nos custos da fabricante de aeronaves e geraria redução de até 13% no lucro líquido projetado para 2026 a cada 10pp de alta nas tarifas.

… Com o petróleo como principal produto da pauta de exportação brasileira para os EUA, o ADR da Petrobras equivalente à ação ON caiu 1,16%, enquanto o PN perdeu 1,02%. Vale caiu 0,61%; Bradesco, -1,15%; e Itaú, -2,26%.

… Durante o pregão regular, o Ibovespa perdeu os 138 mil pontos, após o aviso em dois de Trump sobre as tarifas.

… O índice à vista da bolsa doméstica fechou em baixa de 1,31%, a 137.480,79 pontos, com bom volume de negócios, de R$ 22,5 bi, o que é mau sinal, indicando que muita gente entrou vendendo, apesar do feriado em SP.

… Dos 84 papéis da carteira teórica do Ibovespa, apenas oito encerraram o dia no campo positivo. Vale ON (-0,99%, a R$ 54,04) e Petrobras ON (-1,45%, a R$ 35,27) e PN (-0,64%, a R$ 32,32) foram atingidas pela fuga do risco.

… O mau humor com o Brasil na mira de Trump também não poupou os papéis dos grandes bancos: Itaú PN (-2,07%, a R$ 36,37); Bradesco PN (-1,15%, a R$ 16,36); BB ON (-2,50%, a R$ 21,45) e Santander Unit (-1,55%, a R$ 28,60).

… Entre os poucos destaques de alta, Braskem PNA disparou 6,02%, com a decisão da Câmara de aprovar a urgência para um projeto de lei que institui, a partir de 2027, o Programa de Incentivos à Indústria Química Brasileira (Presiq).

… Se aprovada, a iniciativa deve acrescentar cerca de US$ 450 milhões por ano ao Ebitda da companhia (Broadcast).

TUDO NUMA NICE – Enquanto isso, em Nova York, as bolsas ignoraram a guerra tarifária e operaram com foco na ata do Fed, que não comprometeu as apostas dos investidores em cortes de juros pelo Fed nos próximos meses.

… O documento revelou que a maioria dos dirigentes do BC americano considera apropriado afrouxar a política monetária neste ano e dois deles, de perfil mais dovish, recomendaram o início do ciclo de flexibilização já este mês.

… Para a maioria dos integrantes do Fed, a pressão ascendente sobre a inflação por meio das tarifas pode ser “temporária ou modesta”, o que aumentou de leve a chance de o juro cair em setembro (68,3%), segundo o CME.

… Foi mantida a aposta principal de uma redução acumulada de 50pb até o fim do ano, apesar da pressão de Trump por mais. No WSJ, Kevin Hassett lidera as chances de sucessão de Jerome Powell no comando do Fed.

… O atual diretor do conselho econômico nacional dos EUA se reuniu com Trump ao menos duas vezes em junho.

… Até o momento, as cartas enviadas nesta semana aumentam a tarifa média efetiva dos EUA para 20%, ainda abaixo da faixa de risco para uma recessão americana, de 25% a 28%, segundo cálculos da Oxford Economics.

… O Dow Jones subiu 0,49%, aos 44.458,30 pontos; o S&P 500 ganhou 0,61%, aos 6.263,27 pontos; e o Nasdaq avançou 0,94%, estabelecendo seu mais novo recorde, aos 20.611,34 pontos, turbinado pela Nvidia (+1,80%).

… A empresa se tornou a primeira na história a superar o valor de mercado de US$ 4 trilhões, diante do boom na demanda pelos chips de inteligência artificial, com a tecnologia se tornando prioridade para as gigantes high techs.

… A perspectiva reforçada pela ata de que um desaperto monetário pelo Fed não vai demorar tanto ajudou a interromper quatro altas seguidas dos juros dos Treasuries, que também reagiram a um fator técnico.

… Foi identificada forte demanda por investidores domésticos no leilão de Notes de 10 anos e a taxa desse título recuou a 4,338%, de 4,411% na véspera. Já o bônus de 2 anos pagou 3,856%, menos que no dia anterior (3,902%).

… Dia morno no câmbio, com estabilidade no índice DXY (-0,04%, a 97,555 pontos), no euro (-0,05%, a US$ 1,1717) e na libra esterlina (+0,04%, a US$ 1,3592), enquanto o iene foi negociado em alta contra o dólar, a 146,30/US$.

… Também o petróleo operou de lado ontem, dividido entre uma alta inesperada dos estoques americanos da commodity na semana passada (7,070 milhões de barris) e o aumento dos ataques a navios no Mar Vermelho.

… O contrato do Brent com vencimento em setembro teve alta marginal de 0,06%, a US$ 70,19 por barril.

EM TEMPO… AZUL decidiu reconsiderar seu plano de devolução de aeronaves anteriormente divulgado à corte de NY, na medida em que avança com negociações junto aos arrendadores (fontes do Valor)…

… Antes, o pedido era para devolver 20 aeronaves, número reduzido para 12; planos foram divulgados ontem, durante a chamada audiência de “Segundo Dia” do Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA) da empresa.

BANCO DO BRASIL. Conselho reelegeu 29 membros da diretoria executiva para o mandato 2025/2027…

… Eduardo Cesar Pasa e Lucinéia Possar não tiveram os seus mandatos renovados, em virtude do limite de reconduções consecutivas…

… Nos seus lugares, foram indicados Alexandre Bocchetti Nunes para o cargo de diretor jurídico e Pedro Henrique Duarte Oliveira para o cargo de diretor de contadoria.

POSITIVO anunciou Raymundo Peixoto para ocupar o cargo de presidente do conselho de administração. Junto dele, Rogério Rizzi chega para assumir a função de coordenador do comitê de estratégia e novos negócios…

… A presidência estava, até então, com Alexandre Dias, que passa a ser conselheiro independente.

KELLOGG. A italiana Ferrero, fabricante do bombom Ferrero Rocher e do creme de avelã Nutella, está perto de um acordo de aproximadamente US$ 3 bilhões para comprar a dona do Sucrilhos, Corn Flakes e Müsli, informa o WSJ.

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Trump promete mais tarifas para hoje

… Mercados em São Paulo funcionam normalmente no feriado municipal de 9 de Julho e fecham na Argentina, Dia da Independência. Nos Estados Unidos, Trump continua apavorando com ameaças de tarifas punitivas a setores estratégicos, como o farmacêutico, que podem chegar a 200%. Para o cobre, fala em 50% e para “certos parceiros”, 70%. O Brics voltou ao alvo: “quem desafiar o dólar pagará o preço”. À noite, em sua rede social, o presidente anunciou que divulgará hoje mais tarifas, “sete pela manhã e mais algumas à tarde”. Na China, foi confirmada nova deflação em junho. Na agenda, destaques para a Ata do Fed, para Galípolo em audiência na Câmara e negociações entre governo e Congresso, na tentativa de um consenso sobre o impasse do IOF antes da conciliação no STF, no dia 15.

… Um primeiro encontro entre o ministro Fernando Haddad, Hugo Motta e David Alcolumbre, mediado pela ministra Gleisi Hoffmann, já aconteceu ontem à noite na residência oficial da presidência da Câmara, com a presença de líderes do governo.

… Saíram sem falar com os jornalistas de plantão na porta. Informações de bastidores devem vazar durante o dia.

… Já pela manhã, em entrevista ao portal Metrópoles, nesta segunda, Haddad sinalizava boa disposição para conversar com Motta. “Não tenho o direito de ter uma relação estremecida com o presidente da Câmara dos Deputados, que é um poder institucional.”

… O ministro garantiu que não haverá briga. “Quando um não quer, dois não brigam, e aqui nenhum dos dois quer.” Haddad disse ainda que ele e Motta têm muitos amigos em comum e, mais, que nunca saiu de uma mesa de negociação: “Só saio com acordo”.

… Haddad afirmou que não está nos planos a revisão da meta fiscal fixada para 2026, de um superávit de 0,25% do PIB – que está sendo colocada em dúvida pela maioria dos economistas do mercado. Mas, segundo ele, o PLOA dependerá do IOF.

… “O que o STF está decidindo é o alcance do decreto legislativo que derrubou o aumento do IOF e a natureza da medida do governo.”

… O ministro defendeu o decreto do governo afirmando que não existe nenhum indício de inconstitucionalidade – “zero”, afirmando que, na decisão do ministro Alexandre de Moraes, está dito que o PDL não pode fazer o que fez. “O Congresso exorbitou a lei.”

… Em audiência na Comissão Mista de Orçamento, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que alternativas ao aumento do IOF precisam ser apresentadas, porque o governo não quer e não vai mudar a meta de 2026. “A segurança jurídica é prioridade.”

… Tebet defendeu a revisão dos gastos tributários para aumentar a arrecadação, dizendo que um corte em torno de 5% poderia resultar em R$ 20 bilhões. Mas admitiu que há muitas dificuldades para aprovar essas medidas, diante dos lobbies dos setores beneficiados.

… A ministra disse que todas as propostas levantadas por diferentes atores são bem-vindas neste momento de debate e sugeriu que questões que foram discutidas e rejeitadas pelo Congresso no passado poderiam ser retomadas agora.

EÓLICAS – No encontro de Haddad com Motta e Alcolumbre, ontem à noite, o governo apresentou também a MP para compensar o impacto dos “jabutis” vetados por Lula na lei das eólicas offshore e derrubados pelo Congresso, apurou o Broadcast Político.

… Os “jabutis”, que incluem desde a contratação de Pequenas Centrais Hidrelétricas à prorrogação de contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica e benefícios a termelétricas, representarão um aumento de 3,5% na conta de luz.

… O governo pretende editar a Medida Provisória ainda nesta semana.

PROJETO DO IR – Relator da matéria, o deputado Arthur Lira estuda a possibilidade de incluir no texto do Imposto de Renda algumas saídas para o IOF. “Vou conversar com Motta e, se tudo for da maneira mais simples, apresento o relatório essa semana.”

… Ele também pensa em tirar do projeto de isenção do IR as medidas referentes à CSLL, que tem prazo mais apertado para ser aprovada, até dia 30 de setembro, por conta do período da noventena, para poder vigorar em 2026.

… Se a CSLL ficar de fora, o projeto do IR ganha um prazo maior, até o fim do ano, para ser aprovado nas duas Casas do Congresso.

… Lira também sinalizou que o relatório pode baixar a alíquota da taxação da alta renda dos 10% propostos pelo governo para 9% ou 8%. Segundo ele, as contas da alíquota mínima de 10% dão uma compensação “muito maior” do que a renúncia prevista no projeto.

… “A renúncia é de R$ 25 milhões, com uma arrecadação de R$ 34 milhões só para 2026. Estamos buscando a neutralidade da isenção a quem ganha até R$ 5 mil para uma compensação a Estados e municípios. Se vai ser possível, ou não, a gente vai ver nas discussões.”

PRECATÓRIOS – Outra ajuda veio do deputado Baleia Rossi (MDB), relator da PEC sobre as dívidas dos municípios, que incluiu em seu parecer um trecho que propõe a divisão dos precatórios entre despesas primárias e despesas financeiras para fins das metas fiscais.

… Essas despesas são obrigações que devem ser previstas e pagas integralmente no Orçamento. O texto do relatório de Baleia estabelece que o valor principal deve ser contabilizado como despesa primária, e juros e correção monetária, como despesa financeira.

… Até aqui, todas as despesas com precatórios são contabilizadas como gasto primário, ou seja, afetam o resultado primário da União.

… Baleia propôs ainda o IPCA, no lugar da Selic, como base para os juros sobre os débitos de contribuições previdenciárias dos municípios.

BENEFÍCIOS FISCAIS – A Câmara aprovou ontem à noite o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei de autoria do deputado Mauro Benevides (PDT) que propõe um corte linear de, no mínimo, 10% em benefícios fiscais no período de 2025 e 2026.

… O projeto prevê redução gradual das isenções, com, no mínimo, 5% neste ano e, no mínimo, 5% em 2026. Os porcentuais poderão ser diferenciados por setor econômico. Além disso, proíbe a concessão de novos benefícios e a prorrogação dos existentes.

… A aprovação ocorre na semana seguinte à votação do regime de urgência para um projeto do senador Esperidião Amin (PP) que prevê regras para isenções fiscais e já foi aprovado no Senado. Benevides conseguiu assinaturas para a urgência.

EM CONTRAPARTIDA – A Câmara acelerou a votação de outra proposta que institui, a partir de janeiro/2027, um programa de incentivos para a indústria química brasileira, com impacto de, no mínimo, R$ 5 bilhões por ano para os cofres públicos.

FORA DA META – O INSS calculou em R$ 3,3 bilhões o dinheiro necessário para ressarcir os aposentados que tiveram valores descontados indevidamente de seus benefícios, conforme apurou o Estadão. O valor ainda terá de ser confirmado pela equipe econômica.

… A ministra Simone Tebet afirmou nesta terça-feira que ainda não há uma decisão do STF se o valor poderá ficar fora da meta fiscal.

MAIS AGENDA – A inflação ao consumidor (CPI) divulgada pela China registrou alta de 0,10% em junho, mas os preços ao produtor (PPI) tiveram queda de 3,6%, em mais um sinal de dificuldades da economia do país.

… Nos Estados Unidos, saem estoques e vendas no atacado em maio (11h), estoques de petróleo do DoE (11h30) e a ata da última reunião do Fomc (15h), que poderá indicar a disposição dos membros mais dovish de iniciarem os cortes de juro mais cedo.

… Ainda na agenda lá fora, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, discursa na Casa do Euro (7h45), na Bélgica, e o vice-presidente, Luis de Guindos, faz discurso de encerramento para curso de economia na Espanha (8h).

… No final da noite (22h), o Banco Central da Coreia do Sul anuncia decisão de política monetária.

… Aqui, a primeira prévia do IGP-M de julho abre o dia (8h), seguida apenas pelos dados semanais do fluxo cambial (14h30).

… A audiência pública do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara começa às 10h.

… Nesta segunda, em palestra durante evento da Frente Parlamentar de Empreendedorismo, Galípolo reiterou o compromisso de fazer a inflação convergir para a meta de 3%, negando a possibilidade de mirar o intervalo superior do alvo, de 4,5%.

… Sobre os juros elevados, disse que tem “plena consciência de que, ao colocar a taxa Selic em 15%, dificilmente eu e meus colegas do Copom vamos ganhar o torneio de Miss Simpatia no ano de 2025. Mas eu durmo muito tranquilo”.

MUITA ESPUMA – Tanto aqui como lá fora, os negócios já operaram sob menor estresse. Apesar de Trump bancar a retórica protecionista agressiva, a incerteza é tanta, que carrega a chance de o latido ser pior que a mordida.

… É verdade que o ensaio de acomodação nos mercados globais continuará sendo colocado à toda prova, mas ontem foi dia de a maior parte dos ativos absorver parte das tensões, enquanto a crise tarifária ainda se endereça.

… O real corrigiu as perdas recentes e o Ibovespa caiu pouco, enquanto as bolsas em Nova York reduziam a cautela.

… No caso do câmbio doméstico, os relatos na imprensa sobre os sinais de reconciliação entre o governo e o Congresso para tentar contornar o ruído do IOF também teriam contribuído para o alívio do dólar nesta terça-feira.

… No mercado à vista, a moeda americana fechou em baixa de 0,58%, a R$ 5,4458, apesar de o DXY ter terminado o dia estável (+0,03%), aos 97,516 pontos. No acumulado do ano, o tarifaço já derrubou o índice em mais de 10%.

… Segundo anotou o Broadcast, foi o pior tombo para um primeiro semestre desde a década de 70 (1973), marcando uma reviravolta no cenário visto no mesmo período de 2024, quando o DXY (+7,06%) teve o maior salto desde 2015.

… Apesar de Trump ter sinalizado que a cartinha com as tarifas para a UE está perto de chegar, o euro subiu 0,16%, a US$ 1,1726. A libra pouco oscilou (-0,09%), para US$ 1,3589, e o iene continuou caindo, negociado a 146,66/US$.

… A moeda japonesa ainda sente as ameaças de Trump de impor tarifas de 25% ao país e dobrar a aposta, se houver retaliação. Ficou, assim, em segundo plano o comentário de viés hawkish feito pelo vice-governador do BoJ.

… Hiroshi Nakaso disse ser preciso estar atento ao risco de inflação e há espaço para elevar ainda mais o juro. Para ele, o forte crescimento salarial, repasse de preços pelas empresas e expectativa de inflação podem surpreender.

… O peso chileno (941,78/US$) foi favorecido ontem pelo rali do cobre com o anúncio de Trump de que vai taxar o metal em 50%. Na Comex, o contrato da commodity disparou 13%. Mas à noite já corrigia o estouro (-3%).

… De olho no impacto sobre a inflação das estratégias de negociação tarifária, os juros dos Treasuries completaram a quarta alta seguida, mas moderaram o impulso à tarde, porque o blefe pode ser parte da tática para os acordos.

… A taxa da Note de 2 anos subiu a 3,902%, contra 3,896% na véspera, e a de 10 anos foi a 4,411%, de 4,386%.

… Trump continua vendendo seu peixe, assegura que as tarifas não têm impacto algum sobre os preços, acusa Powell de “choramingar como bebê” sobre uma inflação “inexistente”, cobra sua renúncia e corte imediato do juro.

NOVELA PROTECIONISTA – À espera dos próximos capítulos, as bolsas em NY testaram uma pausa no nervosismo.

… O Dow Jones ainda fechou em baixa moderada de 0,37%, aos 44.240,76 pontos, enquanto o S&P 500 (-0,07%, aos 6.225,52 pontos) e o Nasdaq (+0,03%, aos 20.418,46 pontos) ficaram no zero a zero, após o risk-off da véspera.

… Também o Ibovespa operou em compasso de espera e terminou a sessão em leve baixa de 0,13%, aos 139.302,85 pontos, com giro de R$ 18,5 bilhões. A força exibida pelas ações da Petrobras ajudou a amortecer as perdas da bolsa.

… O papel ON engatou alta de 2,52%, a R$ 35,79, e o PN subiu 1,43%, a R$ 32,52, enquanto o petróleo continuou ignorando a iniciativa da Opep+ de elevar a produção em agosto. O Brent para setembro subiu 0,82%, a US$ 70,15.

… Vale ganhou 0,35%, a R$ 54,58, em linha com o minério (+0,14%). No Broadcast, bancos e casas de análise elevam as projeções para o metal, antecipando cortes na produção das siderúrgicas chinesas, orientados pelo governo.

… As blue chips financeiras operaram mistas: Itaú PN perdeu 0,24%, a R$ 37,14; Bradesco ON caiu 0,21%, a R$ 14,21; Bradesco PN avançou 0,24%, a R$ 16,55; Santander subiu 0,41%, para R$ 29,05; e BB ON perdeu 0,27%, a R$ 22.

… Uma boa notícia é que o Itaú BBA elevou a projeção para o Ibov no fim do ano de 145 mil pontos para 155 mil. Para o banco, ambiente positivo deve se manter à medida que o mercado começa a precificar ciclo de queda do juro.

… Galípolo repetiu ontem, durante evento de empreendedorismo em Brasília, que há indícios de “entupimento” nos canais de transmissão da Selic para a economia, o que exige juros mais altos do que em países semelhantes.

… Ele destacou que alguns subsídios cruzados parecem ter impacto na transmissão da política monetária.

… Citando como exemplo o uso do crédito rotativo pelas famílias brasileiras, o presidente do BC explicou que, como os juros dessa modalidade superam em muito a Selic, eles são pouco sensíveis à taxa básica.

… Às vésperas do IPCA, a fraqueza das vendas no varejo em maio indicou que a política monetária está refreando a atividade. Só não se sabe se a economia menos aquecida vai sensibilizar o Copom a cortar o juro ainda este ano.

… As vendas do comércio varejista restrito, que não incluem automóveis e materiais de construção, caíram 0,2% em maio ante abril, no piso do esperado. As vendas no varejo ampliado subiram 0,3%, perto da aposta mais baixa (0,2%).

… Sem fôlego, os dados derrubaram a ponta curta do DI. Já o trecho longo subiu junto com a taxa dos Treasuries.

… No fechamento, o contrato para Jan/26 marcava 14,920% (de 14,923% na véspera); e Jan/27 caía a 14,185% (de 14,200%). Já o Jan/29 subia a 13,325% (13,307%); Jan/31, 13,450% (13,394%); e Jan/33, 13,510% (13,453%).

EM TEMPO… VALE anunciou a repactuação dos contratos vigentes com a VLI para o transporte de cargas na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), com valor estimado de R$ 25,3 bilhões…

… Deste volume, R$ 25,2 bilhões correspondem a créditos a favor da Vale e aproximadamente R$ 80 milhões a obrigações da companhia.

PRIO aprovou a distribuição de R$ 808,99 mi em JCP, o equivalente a R$ 0,1275/ação, com pagamento até 31/12.

PETRORECÔNCAVO teve produção média de 26,9 mil boed em junho, queda de 1,8% em relação a maio, segundo dados operacionais.

ELETROBRAS convocou AGE para 8/8 para eleição do membro titular do conselho fiscal indicado e a ser eleito exclusivamente pela União…

… Eleição estava prevista no termo de conciliação, celebrado em 25/3, entre União e Eletrobras e aprovado pelos acionistas na assembleia realizada em 29/4.

CEMIG informou que a BME, operadora do mercado de valores espanhol, aprovou a deslistagem das ações da empresa da bolsa Latibex, em Madri, com efeito a partir de amanhã.

CYRELA. Lançamentos no 2TRI registraram crescimento anual de 176% no valor geral de venda (VGV), somando R$ 2,86 bilhões, segundo prévia operacional; no semestre, lançamentos cresceram 180%, para R$ 6,25 bilhões.

GUARARAPES, dona da marca Riachuelo, informou que a sua acionista controladora, Lisiane Gurgel Rocha, doou 40 milhões de ações ordinárias da companhia para familiares e reduziu a sua participação acionária para 19,88%.

SANTOS BRASIL recebeu da CMA Terminals Atlantic nova versão do laudo de avaliação da empresa, elaborado pela consultoria PwC Strategy& do Brasil, que fixa valor justo das ações em R$ 10,69.

SEQUOIA LOGÍSTICA anunciou a venda da sua participação societária de 51% na GHSX Tecnologia e Intermediação (GHSX ou Drops) à sócia Gigahub Serviços pelo valor simbólico de R$ 1…

… A transação inclui a quitação mútua de direitos e obrigações entre as partes e marca a saída da Sequoia do segmento de pontos físicos para retirada e devolução de produtos (modelo Pick-Up & Drop-Off).

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

AVISO – Bom Dia Mercado é exclusivo para assinantes e não pode ser redistribuído.

Trump volta a escalar tensão comercial

… A aversão ao risco volta a tomar conta dos mercados globais com a nova escalada das tensões comerciais, após Trump impor tarifas aos primeiros países que não negociaram acordos com os Estados Unidos, a começar pelo Japão (25%), avisando que, se houver retaliação, dobrará a aposta. As tarifas vigoram a partir de 1º de agosto, data definida como deadline para os demais parceiros. Nesta segunda-feira, 14 países receberam cartas com “ofertas finais”. Especulações de um acordo próximo com a União Europeia impulsionava o euro na abertura dos negócios. Trump também ameaça com uma taxa adicional de 10% aos governos que apoiarem as políticas “antiamericanas” dos Brics, o que pode atingir o Brasil, e ainda provocou criticando a “perseguição política” a Bolsonaro na sua rede social.

… Lula, que dava entrevista no encerramento da Cúpula do grupo no Rio, não entrou na pilha, dizendo que preferia não comentar o post. Mas não deixou de dizer que “esse País tem lei e que Trump deveria dar palpite na sua vida, e não na nossa”.

… No Globo, a atitude de Trump levou o bolsonarismo a apostar em sanções contra Alexandre Moraes (STF) “ainda nesta semana”. Já na Folha, Eduardo Bolsonaro disse que Trump “não joga palavras ao vento e que os próximos dias podem ter novidade”.

… A tarifa de 25% será aplicada sobre todos os produtos do Japão e da Coreia do Sul. Foram taxados ainda ontem: Laos e Mianmar (40%), Tailândia e Camboja (36%), Sérvia e Bangladesh (35%), Indonésia (32%), Bósnia (30%), Tunísia e Cazaquistão (25%) e Vietnã (20%).

… As tarifas para esses parceiros, especialmente para o Japão, poderão ser ajustadas, para cima ou para baixo, dependendo da abertura que o país der ao mercado americano. Para isso, as negociações deverão ser concluídas até o final do mês.

… Na cartas, o presidente adverte para barreiras tarifárias ou regulatórias que prejudicam os exportadores americanos, além de ameaçar contra retaliações: “se aumentarem as tarifas, o valor que escolherem será somado ao valor que cobramos”.

… O prazo para implementação das tarifas recíprocas foi estendido de 9 de julho para 1º de agosto em ordem executiva de Trump.

… Com relação à China, após o acordo preliminar sobre a questão das terras raras, a suspensão tarifária permanece em vigor até 12/8.

… A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse no briefing da tarde que o telefone de Trump “toca sem parar” com autoridades de diversos países “implorando” por um acordo. Bessent acredita que novos acordos serão anunciados nas próximas 48 horas.

… Especulações de que os Estados Unidos ofereceram um acordo à União Europeia que manteria a tarifa básica de 10% sobre os produtos do bloco, com algumas exceções a setores sensíveis, como aeronaves e bebidas alcoólicas, impulsionam o euro no fim do dia.

… Um acordo nesses termos permitiria às montadoras que produzem carros nos Estados Unidos importar mais carros da União Europeia com tarifas abaixo de 2%, removendo a taxa de 10% em vigor durante a trégua dos 90 dias.

AMEAÇA AOS BRICS – Trump acabou roubando a cena no último dia da Cúpula dos Brics, no Rio, após ameaçar na sua Truth Social com a tarifa adicional de 10% para “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do grupo; não haverá exceções”.

… No encontro, apesar de os países integrantes do bloco sinalizarem sérias preocupações com as medidas protecionistas e unilaterais de comércio, em referência à guerra tarifária dos Estados Unidos, todos tiveram o cuidado de não citar Trump nominalmente.

… Representantes dos governos da China, Rússia e África do Sul responderam à ameaça, mas todos pegaram leve.

… Em nota, os chineses disseram que Pequim “sempre se opôs a guerras tarifárias e comerciais, e ao uso de tarifas como ferramentas de coerção e pressão”, acrescentando que o Brics “não está contra nenhum país”.

… Também o Kremlin afirmou que o Brics apenas atua em torno dos seus próprios interesses, compartilhando uma “visão comum” de cooperação global, mas “não está, e nunca estará, direcionado contra países terceiros”.

… Já a África do Sul disse que o país ainda pretende negociar tarifas com Trump, esclareceu que não possui uma postura antiamericana e que as conversas sobre um acordo comercial com os Estados Unidos seguem “construtivas e frutíferas”.

… O Brasil, anfitrião da Cúpula, parece ter tido a reação mais assertiva, com Lula dizendo que não acha uma “coisa responsável e séria o presidente de um país como os Estados Unidos ficar ameaçando o mundo pela internet”.

… “Não queremos um imperador; países são soberanos. Se ele quer taxar, os países poderão taxar também pela reciprocidade. As pessoas têm que aprender que respeito é bom, que a gente gosta de dar e receber. Precisam entender o respeito da palavra soberania.”

… Também o embaixador Celso Amorim falou um tom acima, dizendo que as tarifas “têm de ser negociadas, não impostas”, obedecendo às regras da OMC. Depois, sugeriu que a ameaça poderia ser bravata: “Muitas advertências feitas por Trump não prosperaram.”

BRASIL NO ALVO – Um tema que deixa Trump furioso, a adoção de uma moeda alternativa em transações internacionais, foi tratado por Lula na Cúpula, quando disse que “o mundo precisa achar um jeito de fazer a relação comercial sem passar pelo dólar”.

… “Quando for com os Estados Unidos, ela passa pelo dólar, mas quando for com a Argentina, não precisa passar, quando for com a China, não precisa passar, quando for com a Índia, não precisa passar. Quando for com a Europa, discute-se em euro.”

… Lula ainda disse que “ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão”. “Em que fórum foi determinado isso?”

… Em entrevista ao Broadcast, o chefe de títulos soberanos da AL da Fitch Ratings, Todd Martinez, disse que o “Brasil é certamente um dos países dos Brics que pode ser atingido pela ameaça de Trump, por estar ideologicamente alinhado com o seu governo”.

NOBEL DA PAZ – Em visita a Washington para tratar de um cessar-fogo com o Hamas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que escreveu ao Comitê Nobel da Paz para indicar Trump ao prêmio por ter acabado com o programa nuclear iraniano.

… Em coletiva antes de um jantar oferecido a Bibi na Casa Branca, Trump afirmou que o Hamas procurou um encontro e um acordo para o cessar-fogo entre Israel e a Faixa de Gaza, dizendo que as negociações “estão tendo um bom progresso”.

… Em relação à guerra na Ucrânia, Trump voltou a dizer que está “infeliz” com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e que os Estados Unidos enviarão mais armas para o governo de Zelensky, pois “eles têm o direito de se defender”.

MAIS AGENDA – O IBGE divulga hoje (9h) as vendas do varejo em maio, com a mediana das estimativas apontando para uma expansão de 0,20% no conceito restrito (pesquisa Broadcast), após ter registrado queda de 0,40% em abril.

… Na comparação com maio de 2024, porém, a mediana indica alta de 2,5%, desacelerando em relação a base anual em abril (4,8%).

… Economistas atribuem a reação na margem à distorção do ajuste sazonal da série, mas também aos dados antecedentes positivos para o mês, em especial, o segmento de produtos farmacêuticos, com um crescimento estimado de quase 3%.

… Já o varejo ampliado deve crescer 1%, após queda de 1,9% em abril, com venda de veículos e materiais de construção puxando a alta.

… Antes (8h), a FGV divulga a primeira quadrissemana de julho do IPC-S.

… Às 12h, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, participa de almoço da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo e do Instituto Unidos Brasil e, às 14h, o ministro Fernando Haddad deve participar de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara.

NOVA EMISSÃO – Na Reuters, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que o Brasil deve voltar ao mercado externo de dívida ainda este ano “depois das emissões bem-sucedidas” no primeiro semestre.

… Segundo Ceron, há possibilidade de emissão dos chamados bônus sustentáveis.

NA POLÍTICA – No Senado, Davi Alcolumbre pautou para hoje projeto para legalização dos cassinos no Brasil.

… Já o presidente da Câmara, Hugo Motta, destravou as emendas de comissão e distribui R$ 11 milhões extras por deputado, segundo a Folha apurou. Cada parlamentar poderá apadrinhar o valor adicional, além dos R$ 37 milhões das emendas individuais.

… Ainda na Folha, Lula decide não sancionar o projeto que aumentou o número de deputados de 513 para 531.

… Segundo a colunista Mônica Bergamo, o presidente ainda estuda se irá vetar ou deixar para promulgação do presidente do Congresso.

EÓLICAS OFFSHORE – Ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse ao Roda Viva, ontem à noite, que o governo deve publicar nesta semana MP que será uma alternativa aos vetos do presidente ao marco legal das eólicas offshore, derrubados pelo Congresso.

… Segundo o ministro, o governo entende que os trechos vetados por Lula buscam impedir que as contas de luz fiquem mais caras, com o objetivo de proteger a classe baixa e a classe média dos impactos do marco legal da proposta.

VAMOS CONVERSAR – Sobre o impasse do IOF, Costa disse que o governo deverá reabrir nos próximos dias o diálogo com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. “Eu acho que é plenamente possível repactuar a relação.”

… A audiência de conciliação entre governo e Congresso foi marcada por Alexandre de Moraes (STF) para o dia 15 de julho.

LÁ FORA – A agenda é mais fraca, com os resultados da balança comercial na Alemanha e França de madrugada e, nos Estados Unidos, expectativas de inflação do consumidor em junho (12h), crédito ao consumidor de maio (16h) e estoques de petróleo da API (17h30).

… No final da noite (22h30), saem os índices de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) de junho na China.

OS CAPRICHOS DE TRUMP – A escalada protecionista de um contra todos e a extensão por três semanas do deadline para os parceiros comerciais negociarem acordos (prolongando a agonia) sacodiram o mundo.

… À medida que o presidente americano postava na rede social as cartas com as tarifas, os mercados pioravam.

… Aqui, o câmbio ampliou a pressão no pregão estendido, com o contrato do dólar futuro para agosto acelerando 1,22%, a R$ 5,5210, depois de já ter subido 0,98% nas negociações à vista, cotado a R$ 5,4778.

… Também as ameaças diretas de Trump aos Brics trouxeram cautela redobrada para o real, que na semana passada havia vivido uma onda importante de apreciação, conquistando espaços que não via há quase um ano.  

… Trump melou ontem a chance de continuidade do alívio do dólar, embora esta guerra tarifária seja tão cheia de reviravoltas, que não é impossível que o investidor absorva a tensão e volte a focar na Selic e no Fed.

… Sem efeito nos negócios ontem, a balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,301 bilhão na primeira semana de julho, com exportações de US$ 5,930 bilhões e importações de US$ 4,629 bilhões.

… No ano, o superávit acumulado é de US$ 31,393 bilhões. Semana passada, o Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio cortou a projeção do saldo comercial de 2025 de US$ 70,2 bilhões para US$ 50,4 bilhões.

… Com o trator de Trump passando por cima do Japão, o iene derreteu a 146,96/US$. Também as moedas europeias se deram mal, enquanto o BCE alertava que as políticas comerciais elevam os riscos à estabilidade financeira.

… O euro caiu 0,51%, a US$ 1,1725, e a libra perdeu 0,27%, a US$ 1,3613, abrindo caminho de alta ao DXY (+0,30%; 97,48 pontos). Mas analistas do BBH dizem que a tendência de baixa do dólar permanece, que a reação foi pontual.

… Se já era improvável a chance de o Fed começar a cortar o juro ainda este mês, agora com o impulso tarifário exibido por Trump nas cartas à lista de países é que esta probabilidade se tornou ainda mais isolada (menos de 5%).

… Na ferramenta do CME, a chance de flexibilização em setembro caiu de leve (de 68,1% para 64,7%), mas ainda é forte. O Goldman Sachs, que só esperava a retomada dos cortes em dezembro, antecipou sua aposta para setembro.

… O banco ficou mais dovish depois que, recentemente, o PCE indicou repasse menor das tarifas sobre os preços.

SEM SAÍDA – A curva do DI não teve ontem para onde correr, com o dólar mais caro e os juros dos Treasuries também pressionados pela ofensiva de Trump, muito disposto a continuar levando a guerra comercial longe demais.

… Sob todo o estresse, a segunda deflação seguida do IGP-DI em junho (-1,80%) não aliviou nem os juros curtos, mas reportagem do Broadcast aponta que o indicador pode ser um bom prognóstico para o IPCA, que sai quinta-feira.

… Segundo a matéria, a pressão de baixa vinda dos IGPs, somada ao movimento de valorização cambial e aos efeitos da Selic a 15% (maior nível desde 2006), deve seguir contribuindo para novas surpresas de inflação mais moderada.

… O BC vai vencendo a batalha das expectativas do mercado: no Focus, a mediana das previsões para o IPCA do ano teve a sexta baixa consecutiva, de 5,20% para 5,18%. Há um mês, o consenso de analistas estava em 5,44%.

… Embora a inflação siga rodando 0,68 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%, é um alívio ver as projeções caindo toda semana. A dúvida é se a convicção do Copom de Selic estável por muito tempo será abalada.

… No fechamento, o DI para Jan/26 subia para 14,925% (contra 14,921% no ajuste anterior); Jan/27 avançava para 14,220% (de 14,174%); Jan/29, a 13,340% (de 13,226%); Jan/31, a 13,430% (13,300%); e Jan/33, 13,480% (13,358%).

… De olho no potencial impacto sobre a inflação da rodada de tarifas de Trump, as taxas dos Treasuries avançaram. O juro da Note-2 anos foi a 3,896%, de 3,883% antes do feriado de 4 de Julho, e o de 10 anos, a 4,386%, de 4,346%.

… Risk-off foi a palavra de ordem ontem nas bolsas globais. O índice Dow Jones fechou em queda de 0,94%, aos 44.406,36 pontos; o S&P 500 perdeu 0,79%, aos 6.229,98 pontos; e o Nasdaq caiu 0,92%, aos 20.412,52 pontos.

… As ações da Tesla derreterem quase 7% com a novidade de Musk, agora com planos de lançar um novo partido político nos EUA, depois da ruptura com Trump por causa da forte oposição ao projeto de lei fiscal (Big Beautiful Bill).

… Investidores torciam para que Musk se mantivesse afastado da política, depois da passagem pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge), e que ele se dedicasse integralmente à montadora de veículos elétricos.

ESTRAGA-PRAZER – Trump acabou ontem com a festa do Ibovespa, que vinha de dois pregões seguidos de recordes, mas caiu 1,26% e perdeu os 140 mil pontos, negociado no fechamento a 139.489,70 pontos, com giro de R$ 17 bi.

… O estrago foi generalizado e apenas 13 ações do índice à vista da bolsa doméstica escaparam de cair. Não foi o caso das blue chips das commodities. Alinhada à queda de 0,68% do minério, Vale ON recuou 1,47%, para R$ 54,39.

… Usiminas PNA (-1,79%), CSN Mineração (-1,72%) e CSN (-1,10%) também sentiram o baque das tarifas.

… Petrobras ON caiu 0,68% (R$ 34,91) e a PN recuou 0,19% (R$ 32,06), descoladas do petróleo, que subiu mesmo com o aumento da produção da Opep acima do esperado e a perspectiva de nova oferta extra para setembro.

… Na próxima reunião do cartel, no dia 3 de agosto, fontes da Reuters antecipam que pode ser aprovada uma elevação adicional de 550 mil barris por dia, contra os 548 mil barris por dia já acertados durante o final de semana.

… O contrato do petróleo Brent para setembro avançou 1,87% ontem, para US$ 69,58 na ICE londrina.

… Entre os bancos, ninguém se salvou ontem no Ibovespa. Itaú perdeu 1,33%, a R$ 37,23; Bradesco PN caiu 0,96%, a R$ 16,51; Bradesco ON recuou 1,17%, a R$ 14,24; Santander unit, -1,33%, a R$ 28,93; e BB ON, -1,65%, a R$ 22,06.

EM TEMPO… CARREFOUR anunciou a troca de comando da operação brasileira, que está em processo de deslistagem da bolsa, apurou o Brazil Journal

… O atual CEO, Stéphane Maquaire, deixará o cargo na semana que vem, e será substituído pelo atual COO, o argentino Pablo Lorenzo, que será também o CEO da América Latina.

OI protocolou uma petição junto à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York para rescindir o reconhecimento da recuperação judicial nos Estados Unidos e extinguir os processos de Chapter 15 em andamento…

… O Chapter 15 trata de casos de empresas internacionais com dificuldades de solvência.

HYPERA comunicou novo acordo de acionistas envolvendo João Alves de Queiroz Filho, fundador da companhia, Alvaro Stainfeld Link, a holding mexicana Maiorem e a Votorantim, que compõe o novo bloco de controle…

… Acordo regula o exercício de direitos políticos e patrimoniais desses acionistas e estabelece que o novo bloco de controle passa a deter 53% do capital social da Hypera.

KLABIN realizou a liquidação antecipada parcial de contrato de empréstimo sindicalizado, no valor de US$ 150 milhões; prazo para a quitação do débito estava previsto para se encerrar em 2028.

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