Resumo semanal: 03/02 a 07/02
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Os mercados asiáticos retomaram plenamente suas atividades após o feriado de Ano Novo Lunar. Esta semana, as atenções se voltaram para a intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China. Pequim anunciou tarifas de até 15% sobre importações americanas, em resposta às taxas aplicadas pelos EUA sobre produtos chineses. Simultaneamente, os EUA implementaram uma nova tarifa de 10% sobre bens chineses. Essas primeiras medidas deixam claro que Xi Jinping está adotando uma postura mais cautelosa em relação aos EUA, em contraste com o primeiro mandato de Donald Trump.
Além disso, o Banco Central da Índia reduziu sua taxa básica de juros em 25 pontos-base, para 6,25%, marcando o primeiro corte em quase cinco anos. A decisão reflete a tentativa de estimular uma economia em desaceleração, aproveitando a queda na inflação.
Europa
Na zona do euro, o Banco da Inglaterra reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, levando-a 4,5%, em linha com as expectativas de mercado. A decisão foi acompanhada de revisões nas previsões de inflação, que agora devem atingir 3,7% no terceiro trimestre, acima da estimativa anterior de 2,8%, impulsionadas pelos preços de energia e reajustes em tarifas reguladas. Duas autoridades, Catherine Mann e Swati Dhingra, defenderam um corte maior, para 4,25%, mas foram voto vencido.
Este é apenas o terceiro corte desde que o banco começou a reduzir os juros, que seguem entre os mais altos das economias avançadas. O Banco da Inglaterra também revisou para baixo sua projeção de crescimento para 2025, de 1,5% para 0,75%, refletindo baixa confiança de empresas e consumidores e produtividade estagnada. A inflação, já acima da meta de 2,5%, só deve retornar ao objetivo de 2% no final de 2027, seis meses depois do previsto anteriormente.
Oriente Médio
No Oriente Médio, a tensão com os Estados Unidos aumentou após declarações do presidente norte-americano sobre o Irã e a Faixa de Gaza. Ele afirmou que Teerã estaria próximo de expandir seu poder nuclear e anunciou medidas para levar as exportações de petróleo iraniano a zero.
Em resposta, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, pediu aos países da Opep que resistam coletivamente às sanções americanas. Atualmente, o Irã exporta cerca de 1,5 milhão de barris de petróleo por dia, grande parte para a China. Caso esse volume seja perdido, representaria uma redução de 1,4% no fornecimento global, com impacto significativo nos mercados.
Estados Unidos
Nos EUA, o mercado acompanhou de perto a divulgação do relatório de emprego (payroll). A economia americana gerou 143 mil empregos em janeiro de 2025, bem abaixo das expectativas de 170 mil e dos revisados 307 mil de dezembro. Os principais ganhos de emprego ocorreram nos setores de assistência médica, varejo e assistência social.
Além disso, o número de vagas abertas caiu para 7,6 milhões em dezembro, segundo o relatório JOLTS, enquanto o relatório ADP apontou a criação de 183 mil empregos no setor privado em janeiro, acima das expectativas de 150 mil.
A desaceleração no mercado de trabalho intensificou especulações sobre novos cortes de juros pelo Federal Reserve.Outro destaque da semana foi a suspensão de tarifas comerciais por 30 dias sobre Canadá e México, além de declarações do presidente Donald Trump, que também movimentaram os mercados.
Brasil
No Brasil, a semana foi marcada por indicadores econômicos relevantes. A dívida pública federal encerrou 2024 em R$ 7,316 trilhões, com projeção de alcançar R$ 8,5 trilhões até o final de 2025, um aumento nominal de 16,2%. A gestão da dívida enfrenta desafios, como volatilidade externa e incertezas fiscais internas, tornando o Tesouro cada vez mais dependente de títulos atrelados à Selic, o que embute riscos de curto prazo.
No setor de serviços, o índice PMI caiu para 47,6 em janeiro, indicando contração pela primeira vez desde setembro de 2023, reflexo da queda na demanda e do aumento das pressões inflacionárias. Apesar disso, a produção industrial brasileira registrou uma queda de 0,3% em dezembro, mas encerrou 2024 com alta acumulada de 3,1%, o maior avanço desde 2021 (+3,9%).
Projetamos que o PIB brasileiro cresça 1,6% em 2025 e desacelere para 1,5% em 2026, enquanto a inflação (IPCA) deve alcançar 5,6% em 2025, recuando para 4,0% em 2026, refletindo pressões persistentes na inflação de serviços e impactos de um câmbio mais depreciado. Quanto ao câmbio, estimamos o dólar em R$ 6,00 em 2025 e R$ 5,80 em 2026.
Em relação à política monetária, segundo nossa análise, a Selic deve permanecer elevada ao longo de 2025, encerrando o ano em 15%, antes de recuar para 12,75% em 2026. Este cenário considera a desancoragem das expectativas inflacionárias, a resiliência da inflação de serviços e uma conjuntura econômica que pressiona o câmbio. Para mitigar esses efeitos, projetamos uma redução inicial de 1% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), seguida por um aumento de 0,75% na terceira reunião do ano, consolidando a Selic terminal em 15%.
No âmbito político, os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, avançaram em pautas prioritárias para 2025 da equipe econômica, como a reforma do Imposto de Renda, a limitação de supersalários no serviço público e mudanças na Previdência dos militares.
Resumo semanal: 27/01 a 31/01
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia: Nesta semana, muitos dos principais mercados asiáticos (Taiwan, Coreia do Sul, Hong Kong e China) estiveram fechados devido aos feriados do Ano Novo Lunar. Ainda assim, houve dados econômicos relevantes na região. O índice de preços ao consumidor de Tóquio, excluindo alimentos frescos, subiu 2,5% em janeiro em relação ao ano anterior, ligeiramente acima dos 2,4% registrados no mês anterior e alinhado às estimativas da Reuters. No Japão, a taxa de desemprego caiu para 2,4% em dezembro, abaixo das projeções de 2,5%, e as vendas no varejo subiram 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A produção industrial japonesa também teve um crescimento mensal de 0,3% em dezembro, recuperando-se da queda de 2,2% no mês anterior. Na China, a atividade fabril registrou contração em janeiro, com o índice oficial de gerentes de compras (PMI) marcando 49,1, abaixo da expectativa de 50,1. Em dezembro, os lucros industriais no país aumentaram 11% em relação ao ano anterior, embora tenham mostrado uma queda anual pela terceira vez consecutiva.
Europa: Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) confirmou expectativas ao reduzir a taxa de juros em um quarto de ponto percentual, estabelecendo sua taxa principal em 2,75%. Essa medida continua o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em junho de 2024. Em 2024, o BCE realizou quatro cortes na taxa de juros, buscando estimular uma economia que enfrenta dificuldades de crescimento. Segundo o Eurostat, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro permaneceu estável no último trimestre de 2024, frustrando a projeção de um leve aumento de 0,1% e marcando uma desaceleração em relação ao crescimento de 0,4% no trimestre anterior. Quanto à inflação, a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) da região está em 2,4%, próxima da meta de 2% do BCE. Durante o segundo semestre de 2024, o CPI chegou a ficar abaixo de 2%, alimentando a expectativa de cortes adicionais nos juros.
Oriente Médio: No Oriente Médio, o foco esteve na continuidade do acordo entre Israel e o Hamas. Em uma nova rodada de libertações, o Hamas soltou oito reféns, incluindo três israelenses e cinco tailandeses, enquanto Israel libertou 110 prisioneiros palestinos com algumas horas de atraso. Apesar do acordo, a tensão aumentou após ataques das Forças de Defesa de Israel contra alvos do Hezbollah no Vale do Bekaa e ao longo da fronteira sírio-libanesa. Segundo Israel, os alvos incluíam uma instalação subterrânea para desenvolvimento de armas e um ponto de contrabando de armamentos para o Líbano. O país reafirmou que a trégua segue em vigor. Além disso, os mercados regionais voltaram atenções à próxima reunião da Opep+, marcada para segunda-feira, onde são aguardados novos anúncios relevantes.
Estados Unidos: Nos Estados Unidos, o Federal Reserve decidiu manter a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50%, indicando poucas pistas sobre possíveis cortes futuros, em um cenário onde a inflação segue acima da meta, o crescimento econômico é robusto e o desemprego permanece baixo. A decisão, esperada pelos analistas, marcou a primeira reunião de política monetária de 2025. No final da semana, foi divulgado que o PIB ajustado pela inflação cresceu 2,3% (taxa anualizada) no quarto trimestre de 2024, impulsionado por maiores gastos do governo e dos consumidores. No entanto, houve queda nos investimentos, o que compensou parcialmente o crescimento. A redução nas importações também teve um impacto positivo no cálculo do PIB. O índice de preços para compras domésticas brutas subiu 2,2% no trimestre, acima dos 1,9% do trimestre anterior. Já o índice de preços dos gastos com consumo pessoal (PCE), principal indicador de inflação usado pelo Fed, registrou alta de 2,3%, enquanto o núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, subiu 2,5%, acima dos 2,2% observados no terceiro trimestre.
Brasil: No Brasil, economia e política dominaram o noticiário. No campo econômico, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, atingindo 13,25% ao ano, e indicou a possibilidade de mais um aumento na próxima reunião em março. A projeção de inflação para 2025 foi ajustada para cima, enquanto as estimativas para 2026 foram mantidas. Para 2025, a inflação esperada no índice IPCA subiu de 4,5% para 5,2%. A partir de 1º de fevereiro, os preços da gasolina e do diesel deverão subir em razão da alteração no cálculo do ICMS, com aumento de quase dez centavos por litro de gasolina e seis centavos por litro de diesel. Essa medida, aprovada em 2022, foi inicialmente implementada para conter os preços antes das eleições. Além disso, acontecerá um reajuste no preço do diesel nas refinarias pela Petrobras, devido à defasagem dos preços praticados no Brasil em relação ao mercado internacional. No campo político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha tarifas sobre produtos brasileiros, o Brasil responderá com medidas equivalentes. Apesar disso, o pequeno déficit comercial de US$ 254 milhões com os EUA em 2024 tem mantido o país fora do foco de possíveis sanções tarifárias.
Resumo semanal: 20/01 a 24/01
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia: A semana foi movimentada no continente asiático, com destaque para decisões sobre taxas básicas e incentivos do governo chinês para impulsionar os preços das ações. No Japão, o Banco Central elevou a taxa básica de juros de 0,25% para cerca de 0,5%, destacando que a inflação está se mantendo em níveis considerados desejáveis. O presidente do BoJ ressaltou, no entanto, que ainda existem incertezas, como a inflação externa e as flutuações cambiais, mas reafirmou a necessidade de novos aumentos caso a economia permaneça estável. Na China, o Banco Popular da China (PBOC) manteve a taxa de juros básica de empréstimos de um ano (LPR) em 3,1%, enquanto a taxa de referência para hipotecas de cinco anos continuou em 3,6%. A medida reflete os esforços do país em estabilizar sua moeda diante das expectativas de maior flexibilização monetária para sustentar o crescimento econômico. Além disso, as autoridades chinesas reafirmaram o compromisso do governo em apoiar o mercado e elevar os preços das ações. Pequim planeja direcionar centenas de bilhões de yuans anualmente de fundos de seguradoras estatais para o mercado de ações, com ao menos 100 bilhões de yuans (cerca de US$ 13,75 bilhões) previstos para o primeiro semestre, segundo Wu Qing, chefe da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China.
Europa: Na Europa, os principais eventos giraram em torno do Fórum Econômico Mundial. Entre as declarações de líderes, destacou-se o discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que enfatizou a necessidade de antecipar ações estratégicas frente às iniciativas do governo americano. Lagarde mencionou que a decisão de Trump de não implementar tarifas generalizadas no início de sua presidência foi uma abordagem “muito inteligente” e acredita que suas medidas serão mais seletivas e direcionadas, exigindo uma resposta cuidadosa da Europa. No fim da semana, o índice PMI composto da zona do euro subiu de 49,6 em dezembro para 50,2 em janeiro, alcançando o maior nível em cinco meses e superando as expectativas de analistas consultados pela FactSet, que projetavam uma leve alta para 49,8. No setor industrial, o PMI avançou de 45,1 para 46,1, marcando o maior patamar em oito meses, também acima da previsão de 45,4. Já o PMI do segmento de serviços recuou ligeiramente, de 51,6 para 51,4 no mesmo período.
Oriente Médio: No Oriente Médio, a semana foi marcada pela pressão do presidente dos EUA sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para reduzir os custos do petróleo. Essa declaração influenciou os preços da commodity: o barril de petróleo WTI caiu 1,63%, sendo negociado a US$ 74,19, enquanto o Brent, referência internacional, recuou 1,47%, para US$ 77,84. A desvalorização afetou os papéis da Petrobras, contribuindo para o desempenho negativo do Ibovespa. As ações ordinárias (PETR3) recuaram 0,92%, enquanto as preferenciais (PETR4) tiveram queda de 0,74%.
Além disso, com o cessar-fogo em Gaza, Israel intensificou ações militares na Cisjordânia, alegando combater militantes apoiados pelo Irã, incluindo grupos como Hamas e Jihad Islâmica.
Estados Unidos: Nos Estados Unidos, a semana começou com os mercados fechados devido ao feriado de Martin Luther King Jr. No início da semana, Donald Trump assumiu a presidência como o 47° presidente, atraindo a atenção dos mercados globais para suas primeiras ações. Sem muitos indicadores econômicos previstos, as atenções se voltaram para medidas iniciais de Trump, como o endurecimento da política migratória e o perdão a envolvidos na invasão ao Capitólio. O dólar atingiu o menor valor em mais de um mês, com a mínima diária chegando a R$ 5,91. A desvalorização foi impulsionada pelo chamado “efeito Trump”, em que o presidente defendeu cortes nas taxas de juros americanas e pressionou a OPEP, em especial a Arábia Saudita, a aumentar a produção de petróleo para reduzir os preços da commodity.
Brasil: No Brasil, os destaques da semana foram as discussões sobre inflação e balança comercial. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo está estudando medidas para reduzir os preços dos alimentos. Reuniões entre os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Fazenda discutiram alternativas, mas algumas propostas foram descartadas devido à repercussão negativa. O aumento dos preços preocupa o governo, já que pode impactar a popularidade de Lula. Na balança comercial, o superávit na terceira semana de janeiro foi de US$ 1,356 bilhão, com exportações de US$ 6,446 bilhões e importações de US$ 5,09 bilhões. No acumulado do mês, o saldo positivo é de US$ 2,553 bilhões. As exportações cresceram 7,8% na média diária em comparação a janeiro de 2024, impulsionadas pela Indústria Extrativa e de Transformação. Já as importações tiveram alta de 17,5%, com destaque para os setores agropecuário e industrial.