Resumo semanal: 17/03 a 21/03
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
As bolsas asiáticas encerraram a semana majoritariamente em queda, refletindo preocupações com o desempenho da economia global e as políticas do governo americano de Donald Trump. O período foi marcado por divulgações de indicadores econômicos e decisões sobre taxas de juros. O Banco do Japão (BoJ) manteve sua taxa básica em 0,50%, em linha com as expectativas do mercado. Em comunicado, a instituição destacou as incertezas que ainda pairam sobre a economia japonesa, incluindo o impacto das políticas comerciais e econômicas de outros países. Apesar dessas incertezas, o banco manteve a avaliação de que a atividade econômica está se recuperando moderadamente, embora com fraqueza em alguns setores. Após a decisão, os mercados japoneses acompanharam os dados da inflação, que atingiu 3,0% em fevereiro. O índice que exclui os custos com combustíveis registrou sua maior alta em quase um ano, reforçando as expectativas de novos aumentos na taxa de juros.
Na China, o Banco Central manteve as taxas referenciais de empréstimos pelo quinto mês consecutivo, em linha com as projeções do mercado. A recuperação econômica do país tem mostrado sinais de melhora, reduzindo a necessidade imediata de novas medidas de estímulo, apesar da política monetária mais flexível adotada neste ano. A taxa primária de empréstimos (LPR) de um ano permaneceu em 3,1%, enquanto a de cinco anos seguiu em 3,6%. Uma pesquisa da Reuters com 33 participantes do mercado mostrou que 88% não esperavam mudanças nessas taxas. Além disso, indicadores recentes, como a produção industrial e as vendas no varejo, sugerem uma recuperação contínua da economia. Diante desse cenário, Pequim adotou novas medidas para estimular o consumo interno, e o Banco do Povo da China reafirmou que reduzirá as taxas de juros e o compulsório no momento adequado, garantindo ampla liquidez no sistema financeiro.
Europa
As bolsas europeias encerraram a semana em queda, pressionadas pelo desempenho negativo do setor aéreo após o fechamento do Aeroporto de Heathrow, em Londres. A interrupção das operações ocorreu devido a um incêndio em uma subestação elétrica, que resultou em uma queda de energia no terminal. Nem mesmo a aprovação preliminar do pacote de expansão fiscal da Alemanha foi suficiente para impulsionar os mercados da região. No cenário macroeconômico, a Câmara Alta do Parlamento alemão aprovou uma reforma que amplia o endividamento público, reforçando a disposição do país em adotar medidas para sustentar sua economia. Além disso, as tensões geopolíticas seguiram no radar dos investidores, com Rússia e Ucrânia trocando acusações sobre um ataque na cidade de Sudzha, no Oblast de Kursk. O índice de confiança do consumidor na zona do euro também recuou, refletindo um ambiente de maior cautela no bloco.
No front geopolítico, a Rússia voltou a atacar a Ucrânia, apesar da promessa anterior de poupar alvos energéticos e de infraestrutura. O presidente Vladimir Putin reafirmou que um amplo cessar-fogo de 30 dias continua fora de cogitação até que suas exigências sejam atendidas, incluindo a manutenção dos territórios conquistados e a retirada de forças militares estrangeiras da região. Paralelamente, a Alemanha concluiu a aprovação de um pacote fiscal histórico, abrindo espaço no orçamento para aumentar os gastos com defesa e infraestrutura. A decisão ocorre em meio a uma crescente preocupação com a segurança europeia, especialmente diante do afastamento dos Estados Unidos do conflito. Como resultado, Berlim e outros países do bloco enfrentam pressão para fortalecer suas capacidades defensivas diante da postura agressiva do governo russo.
Oriente Médio
A semana no Oriente Médio foi marcada por ataques e pelo aumento das tensões geopolíticas. Buscando pressionar o Irã e forçá-lo a negociar sobre seu programa nuclear, os Estados Unidos intensificaram as sanções ao país e conduziram a maior operação militar americana na região desde o início do governo de Donald Trump. Além disso, em resposta às ameaças do movimento Houthi, alinhado ao Irã, contra o transporte marítimo internacional, Washington reforçou sua presença militar. Diante desse cenário de instabilidade, o petróleo registrou forte alta. Outro fator relevante foi a publicação, pela Opep+, de um cronograma para que sete países membros realizem novos cortes na produção, compensando o bombeamento acima dos níveis acordados. Os cortes, que variam entre 189.000 e 435.000 barris por dia, estão programados para durar até junho de 2026.
A Opep+, composta pela Opep, Rússia e outros aliados, já vinha reduzindo a produção em 5,85 milhões de barris diários – cerca de 5,7% da oferta global – como parte de uma série de medidas adotadas desde 2022 para sustentar o mercado. No entanto, o recente excesso de produção do Cazaquistão gerou descontentamento entre os membros do grupo e foi um dos fatores decisivos para a implementação dos cortes adicionais. Segundo o plano revisado, o Iraque assumirá a maior parte da redução, seguido pelo Cazaquistão e pela Rússia. A Arábia Saudita, por sua vez, deverá realizar cortes menores, entre 6.000 e 15.000 barris por dia ao longo de três meses. Enquanto isso, sem grandes novidades no conflito, Israel interceptou mísseis lançados pelos Houthis e realizou novos ataques na Faixa de Gaza.
Estados Unidos
O Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros de referência no intervalo de 4,25% a 4,50%, destacando maior incerteza no cenário econômico. No comunicado pós-reunião, a autoridade monetária indicou a possibilidade de dois cortes de 0,25 ponto percentual até o final do ano. Além disso, revisou suas projeções: a expectativa de crescimento do PIB foi reduzida de 2,1% para 1,7%, enquanto a previsão de inflação subiu de 2,5% para 2,8%. Essas revisões já refletem, em grande parte, os impactos das tarifas comerciais recentemente anunciadas pelo governo.
O mercado acompanhou com atenção a abordagem do Fed diante da possibilidade de uma recessão na maior economia do mundo. O presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que “a incerteza em relação às perspectivas econômicas aumentou”, atribuindo parte dessa incerteza à política comercial adotada pelo governo de Donald Trump. Apesar disso, Powell enfatizou que o Fed deve “esperar por maior clareza” antes de tomar novas decisões e minimizou a probabilidade de uma recessão no curto prazo. Ele também avaliou que a pressão inflacionária causada pelas tarifas tende a ser “transitória”, mas não descartou um risco inflacionário maior no longo prazo. Diante desse cenário, nossa expectativa é de que o Fed mantenha os juros dentro da faixa de 4,25% a 4,50% até o final do ano, uma visão divergente do consenso de mercado.
Brasil
O Banco Central elevou a Selic para 14,25%, conforme esperado, destacando a necessidade de uma política monetária mais restritiva diante da desancoragem das expectativas de inflação e da resiliência econômica. O Copom sinalizou ajustes adicionais, prevendo um aumento menor na próxima reunião. Com isso, a taxa pode ultrapassar a mediana do Boletim Focus (15,00%), reforçando o compromisso com o controle inflacionário. Nossa projeção aponta para uma Selic terminal de 15,50%, com novas altas de 0,75 p.p. em maio e 0,50 p.p. em junho.
O governo enviou ao Congresso um projeto de lei para isentar do IR quem ganha até R$ 5.000, com custo fiscal de R$ 25,8 bilhões em 2026. Para compensar, propôs tributação mínima para quem recebe acima de R$ 50 mil/mês e taxação de dividendos no exterior. Além disso, o Congresso aprovou o Orçamento de 2025, mantendo a meta de déficit zero e projetando superávit de R$ 15 bilhões. O texto prevê aumento de gastos sociais e cortes em programas irregulares, totalizando R$ 40 bilhões em mudanças. O orçamento segue para sanção presidencial.
Resumo semanal: 10/03 a 14/03
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
As bolsas asiáticas encerraram a semana em alta, mesmo com o aumento das tensões comerciais, impulsionadas pela expectativa de novos estímulos econômicos na China e pela aguardada decisão de juros do Banco do Japão (BoJ), prevista para a próxima semana. O índice Nikkei 225 do Japão avançou 0,72%, aos 37.053,10 pontos, enquanto o Kospi, da Coreia do Sul, recuou 0,28%, a 2.566,36 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 2,12%, a 23.959,98 pontos, e na China continental, o Xangai Composto ganhou 1,81%, fechando a 3.419,56 pontos. No acumulado da semana, o Nikkei teve alta de 0,45%, o Kospi de 0,11% e o Xangai Composto de 1,39%, enquanto o Hang Seng caiu 1,12%. Apesar das incertezas, investidores aguardam o anúncio de medidas para estimular o consumo, que devem ser detalhadas pelo Conselho de Estado da China na próxima segunda-feira, o que impulsionou principalmente o setor de consumo na Bolsa de Hong Kong.
Em Tóquio, os papéis de empresas de eletrônicos e máquinas lideraram os ganhos, apoiados também pela notícia de que as companhias japonesas devem conceder o maior aumento salarial em três décadas, segundo a Confederação Sindical Japonesa. Esse cenário fortalece as expectativas de continuidade na elevação dos juros pelo BoJ. Por outro lado, a China segue enfrentando uma tendência deflacionária persistente, com o índice de preços ao consumidor recuando 0,7% em 12 meses, superando as expectativas de queda de 0,4%. Os dados reforçam as preocupações dos analistas com o enfraquecimento da demanda interna, que, apesar de uma produção doméstica sólida, não tem acompanhado o ritmo, agravando os riscos deflacionários. Esse cenário mantém o mercado atento aos próximos passos do governo chinês em relação à política monetária e fiscal.
Europa
As principais bolsas europeias encerraram a sexta-feira (14) em alta, recuperando parte das perdas da véspera, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas sobre bebidas alcoólicas importadas do bloco. Apesar do alívio no pregão, os índices acumulam quedas na semana. O avanço dos mercados foi impulsionado por relatos de que Friedrich Merz, futuro chanceler da Alemanha, teria chegado a um acordo com o Partido Verde sobre um pacote de investimentos em infraestrutura e defesa. No entanto, a perspectiva de aumento de gastos pressionou os títulos públicos da zona do euro, elevando os rendimentos dos bunds alemães em até 10 pontos-base. Ao final do dia, o índice Stoxx 600 subiu 1,11%, o FTSE 100 ganhou 1,05%, o DAX avançou 1,86% e o CAC 40 teve alta de 1,13%, embora na semana acumulassem perdas de 1,32%, 0,54%, 0,09% e 1,13%, respectivamente.
Apesar do acordo, analistas da TS Lombard alertam que o impacto imediato do pacote de infraestrutura alemão pode ser menor do que o esperado, já que ainda há incertezas sobre os detalhes do projeto e a necessidade de aprovação no parlamento, onde Merz e os Verdes precisarão garantir maioria. No cenário geopolítico, a Ucrânia aceitou a proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias no conflito com a Rússia. Contudo, o presidente Vladimir Putin, embora tenha sinalizado apoio à ideia, condicionou a aceitação a garantias adicionais, temendo que a pausa seja usada por Kiev para reorganizar suas tropas. Segundo ele, a proposta é “correta”, mas levanta questões sobre a verificação e o cumprimento do acordo, que ainda precisam ser discutidas com os EUA para garantir que o cessar-fogo contribua para uma paz duradoura.
Oriente Médio
Os contratos futuros de petróleo encerraram a semana em alta superior a 2%, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulgar seu relatório mensal apontando para ajustes na oferta e demanda global da commodity. Além disso, uma queda acentuada e inesperada nos estoques de gasolina dos Estados Unidos contribuiu para o avanço dos preços. Com isso, o petróleo Brent para maio subiu 2,00%, a US$ 70,95 o barril, na ICE, enquanto o WTI para abril avançou 2,16%, a US$ 67,68 o barril, na Nymex. O mercado segue atento ao impacto de tensões geopolíticas e à expectativa de uma maior restrição na oferta. A combinação desses fatores alimenta a perspectiva de preços sustentados no curto prazo, mesmo em meio a um cenário global de demanda incerta.
No campo político, Estados Unidos e Israel mantêm diálogos com Sudão, Somália e Somalilândia sobre um plano para reassentar palestinos deslocados de Gaza, sob proposta do presidente Donald Trump, o que gerou forte oposição internacional. Segundo a Associated Press, a ideia seria transformar Gaza em um projeto imobiliário gerido pelos EUA, enquanto sua população seria relocada. O Sudão rejeitou a proposta publicamente, e Somália e Somalilândia negaram ter sido abordadas. A iniciativa, já classificada de “racista” pelo grupo Hamas — que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista pelos EUA, UE e Israel —, foi criticada por países árabes e grupos de direitos humanos, que alertam para o risco de crimes de guerra. Apesar disso, Washington e Tel Aviv seguem tentando convencer os governos africanos com incentivos diplomáticos, financeiros e militares, seguindo a lógica dos Acordos de Abraão.
Estados Unidos
Nesta semana, entraram em vigor nos Estados Unidos as tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, medida que atinge importantes parceiros comerciais como Canadá, México e Brasil. As tarifas fazem parte das promessas de campanha do presidente Donald Trump, com o objetivo de proteger a indústria americana. Em resposta, a China também implementou tarifas retaliatórias, com impostos entre 10% e 15% sobre produtos agropecuários norte-americanos, como carne bovina e frango. Além disso, Trump anunciou uma tarifa de 200% sobre bebidas alcoólicas europeias, como vinhos e champanhes, em retaliação à decisão da União Europeia de elevar para 50% as tarifas sobre o uísque americano, a partir de 1º de abril. As medidas intensificam o temor de uma guerra comercial e adicionam pressão à inflação global, em um cenário já marcado por incertezas econômicas.
Apesar do cenário desafiador, os dados mais recentes da inflação americana vieram levemente abaixo das expectativas, com alta de 0,2% em fevereiro. Assim, a inflação acumulada em 12 meses desacelerou de 3,0% para 2,8%, enquanto o núcleo da inflação — que exclui itens voláteis — também subiu 0,2%, levando a taxa anual de 3,7% para 3,2%. Já a inflação ao produtor permaneceu estável no mês. No mercado de trabalho, o relatório JOLTS mostrou 7,74 milhões de vagas abertas, superando as expectativas, embora ainda não reflita o impacto de medidas de corte de gastos no governo federal pelo novo Departamento de Eficiência Governamental. Com as tensões comerciais e o impacto das tarifas, o mercado segue incerto quanto ao ritmo de crescimento da economia americana e ao comportamento futuro da inflação.
Brasil
Os dados de atividade econômica de janeiro confirmaram o cenário de desaceleração gradual, após o fraco desempenho no final de 2024. A receita real do setor de serviços caiu 0,2% em relação a dezembro, enquanto as vendas do varejo, especialmente nos segmentos mais sensíveis ao crédito, mostraram leve recuperação, mas com tendência ainda de enfraquecimento. A produção industrial ficou estável, abaixo do esperado, embora com sinais positivos em setores específicos. Projetamos um crescimento do PIB pouco acima de 1% no primeiro trimestre, puxado por resiliência na indústria de transformação e nos serviços. Contudo, o movimento de desaceleração deve ficar mais evidente a partir do segundo trimestre. No campo fiscal, o governo enviou ao Congresso um pedido de mudanças no orçamento, com aumento de gastos sociais e previdenciários, e corte no Bolsa Família, a ser votado na próxima semana.
No lado inflacionário, o IPCA subiu 1,31% em fevereiro, acumulando alta de 5,06% em 12 meses, superando o teto da meta do Banco Central. A alta foi puxada por reajustes em energia elétrica, após o fim de descontos temporários, pela elevação do ICMS sobre combustíveis, e por aumentos em mensalidades escolares. Para conter a alta dos alimentos, o governo aprovou a isenção do imposto de importação para 11 itens essenciais, como carnes, café e óleo, com impacto fiscal estimado em até R$ 650 milhões se durar um ano. Além disso, o governo deve apresentar o projeto de reforma do Imposto de Renda, com proposta de isenção até R$ 5 mil mensais, cuja compensação será buscada por meio de nova tributação sobre rendas mais altas, com custo estimado entre R$ 25 bilhões e R$ 35 bilhões. A expectativa é de continuidade de pressões inflacionárias ao longo de 2025, com IPCA projetado em 6%.
Resumo semanal: 03/03 a 07/03
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Os mercados asiáticos fecharam a semana em queda, refletindo a contínua incerteza sobre a política comercial do governo Trump. O Nikkei 225 e o Topix, no Japão, recuaram 2,2% e 1,6%, respectivamente, impactados pelo avanço das “yields” dos títulos de 30 anos para níveis não vistos desde 2008. Na China, as exportações cresceram apenas 2,3% no acumulado de janeiro e fevereiro, abaixo da projeção de 5%, marcando o ritmo mais fraco desde abril de 2024. Apesar disso, o Hang Seng e o Shanghai Composite recuaram apenas 0,2%, indicando uma leve resistência do mercado. Já o Kospi, da Coreia do Sul, caiu 0,49%, e o S&P/ASX 200 da Austrália afundou 1,81%, atingindo mínimas de seis meses.
A China estabeleceu uma meta de crescimento de 5% para 2025, apostando em um déficit fiscal de 4% do PIB, o maior em três décadas, como forma de estimular a economia. A desaceleração recente pressiona Pequim a adotar medidas mais agressivas para manter o crescimento. Caso alcance seu objetivo, o Brasil pode se beneficiar devido à forte relação comercial entre os dois países, principalmente na exportação de commodities. A decisão chinesa de reforçar investimentos e adotar estímulos pode sustentar a demanda global por matérias-primas, favorecendo emergentes.
Europa
A economia da zona do euro segue próxima da estagnação, com o PIB do quarto trimestre avançando apenas 0,2%, levemente acima das projeções de 0,1%. Diante desse cenário e da queda contínua da inflação, o Banco Central Europeu reduziu os juros em 0,25 p.p., para 2,5%. Apesar disso, os dirigentes da instituição alertaram que os preços dos serviços e os salários continuam elevados, o que pode limitar novos cortes. Além disso, a projeção de inflação para 2025 subiu de 2,1% para 2,3%, ultrapassando a meta de 2%. O mercado espera um novo corte na próxima reunião antes de uma possível pausa na flexibilização monetária.
Na Alemanha, os partidos políticos em negociação para formar o novo governo anunciaram um pacote de investimentos de 500 bilhões de euros, além da reformulação das regras de empréstimos. A medida visa modernizar a infraestrutura e reforçar as forças armadas, além de impulsionar o crescimento da maior economia europeia. A decisão influenciou os mercados de dívida, elevando os juros dos títulos alemães de 10 anos para 2,80%. O euro reagiu positivamente às medidas, apresentando valorização frente ao dólar ao longo da semana.
Oriente Médio
A Opep+ anunciou que aumentará gradualmente a produção de petróleo a partir de abril, alegando fundamentos de mercado saudáveis. O incremento será realizado por países como Arábia Saudita, Rússia, Kuwait e Emirados Árabes, com aumentos de cerca de 0,5% ao mês. A expectativa é que a produção atinja 31,65 milhões de barris por dia até o fim de 2025 e 32,88 milhões até 2026. No entanto, caso a economia global desacelere, os preços do petróleo podem cair, o que pode levar o cartel a reverter ou pausar a ampliação da oferta.
No campo geopolítico, as tensões entre Israel e Hamas persistem, com negociações sendo conduzidas no Egito para estender o cessar-fogo e viabilizar novas trocas de prisioneiros. O Hamas exige a retirada das tropas israelenses de Gaza, o fim do bloqueio e apoio financeiro para a reconstrução da região. Enquanto isso, a crise humanitária se agrava, com escassez de alimentos, remédios e combustíveis após seis dias sem entrada de suprimentos. Paralelamente, o governo Trump congelou milhões de dólares em ajuda a Gaza, dificultando a atuação de organizações humanitárias.
Estados Unidos
O governo dos EUA implementou parte do aumento das tarifas sobre importações, elevando as alíquotas sobre produtos chineses de 10% para 20%, levando Pequim a retaliar com medidas semelhantes. Em relação ao México e ao Canadá, a taxação foi adiada até abril, prolongando a incerteza sobre o futuro das relações comerciais na América do Norte. O ministro das Relações Exteriores da China declarou que o país está pronto para “lutar até o fim” caso os EUA insistam na escalada tarifária, aumentando a preocupação dos investidores.
No cenário econômico, os últimos indicadores dos EUA apontam para uma desaceleração da atividade, reduzindo o risco de novas altas de juros pelo Federal Reserve. As vendas no varejo enfraqueceram na virada do ano e o mercado de trabalho mostrou sinais de arrefecimento, com a criação de apenas 151 mil vagas em fevereiro, abaixo das expectativas. Com isso, os juros dos títulos do Tesouro caíram, favorecendo mercados emergentes, como o Brasil. A taxa de câmbio brasileira se apreciou, com o dólar recuando de R$ 5,92 antes do Carnaval para cerca de R$ 5,75.
Brasil
O PIB brasileiro cresceu 3,4% em 2024, impulsionado pelo desempenho da agropecuária e pelo aumento dos investimentos. No entanto, o quarto trimestre registrou uma expansão abaixo do esperado, com alta de apenas 0,2%, contra projeções de 0,4% do mercado. O consumo das famílias caiu 1% no período, impactando negativamente o desempenho da economia. Por outro lado, os investimentos empresariais cresceram 7,3% no ano, garantindo um ritmo robusto de expansão para ativos fixos. Para 2025, a projeção de crescimento é de 2%, sustentada por uma safra recorde e estímulos governamentais.
O governo brasileiro anunciou um pacote de seis medidas para reduzir o preço dos alimentos, incluindo a isenção de tarifas de importação sobre nove produtos, como carnes e café. Além disso, pretende estimular a produção agrícola e ampliar os estoques da Conab. Outra iniciativa envolve a negociação com governadores para zerar o ICMS sobre itens da cesta básica, o que poderia ter um impacto mais significativo na inflação. Apesar das ações, o mercado vê efeito limitado das tarifas, enquanto a redução do ICMS dependerá da adesão dos estados para surtir impacto no IPCA.