Resumo semanal: 13/01 a 17/01
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia: Na Ásia, o Banco Central da Coreia do Sul surpreendeu ao manter inalterada a taxa básica de juros em 3% ao ano, contrariando as expectativas dos analistas. O país, altamente dependente do comércio, enfrenta desafios decorrentes do enfraquecimento das exportações e da recuperação lenta da demanda interna. Por outro lado, a economia chinesa apresentou um crescimento acima do esperado, impulsionado por uma política de estímulo tardio e um boom nas exportações. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,4% nos últimos três meses em relação ao mesmo período do ano anterior, marcando o ritmo mais rápido em seis trimestres e elevando o crescimento anual para 5%. A política fiscal será o foco principal da China neste ano, com o governo planejando anunciar em março o déficit orçamentário e os planos de emissão de títulos, destacando a intenção de estimular o crescimento diante de uma possível nova guerra comercial com os EUA. No entanto, os dados otimistas levantaram preocupações sobre uma possível complacência.
Europa: Na Europa, a inflação no Reino Unido e a produção industrial da zona do euro foram os principais destaques. A inflação britânica caiu inesperadamente no último mês, com os núcleos dos índices de preços recuando mais acentuadamente. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas, a taxa anual de inflação caiu para 2,5% em dezembro, ante 2,6% em novembro. Apesar disso, os analistas preveem que a inflação pode atingir 3% no início de 2025. Os investidores aumentaram as apostas em um corte na taxa de juros pelo Banco da Inglaterra, com 82% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião de política monetária em fevereiro. Na zona do euro, a produção industrial subiu 0,2% em novembro em comparação com outubro, em linha com as variações dos analistas.
Oriente Médio: No Oriente Médio, o gabinete de segurança do governo de Israel aprovou um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, posteriormente ratificado pelo conselho de ministros. O acordo prevê uma trégua inicial de seis semanas, com a retirada gradual das forças israelenses de Gaza e a libertação de 33 reféns mantidos pelo Hamas na troca de prisioneiros palestinos em Israel. A última fase do acordo inclui discussões sobre um governo alternativo em Gaza e planos para a permanência da região.
Estados Unidos: Nos Estados Unidos, os mercados foram focados nos dados de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI). O IPC aumentou 0,4% em dezembro, acima das expectativas de 0,3%, refletindo custos mais altos de energia e uma inflação ainda elevada. Ao longo de 2024, a inflação acumulada foi de 2,9%. O PPI subiu 0,2% em dezembro, também abaixo das estimativas, que apontaram para uma alta de 0,4% no mês. Além disso, a divulgação dos balanços dos principais bancos americanos revelou resultados acima das expectativas no quarto trimestre, levando a ganhos expressivos nas ações.
Brasil: No Brasil, o governo revogou uma norma da Receita Federal que aumentou o monitoramento de movimentações financeiras, incluindo o Pix, após intensas críticas. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), criticando a fiscalização, viralizou nas redes sociais, aumentando a pressão sobre o governo. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou uma medida provisória que proíbe a tributação ou sobretaxação de transferências via Pix. O Banco Mundial manteve a previsão de crescimento do PIB do Brasil em 2,2% para 2025, representando uma desaceleração em relação à expansão de 3,2% do ano anterior. Para 2026, a projeção foi revisada para um crescimento de 2,3%.
Resumo semanal: 06/01 a 10/01
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia: Os mercados asiáticos encerraram a semana em queda, refletindo preocupações com uma possível espiral deflacionária. Paralelamente, os prêmios de rendimento em crédito atingiram os níveis mais baixos desde a crise financeira global, desafiando o apetite dos investidores em meio a um aumento expressivo na oferta de dívida nos mercados globais. Na China, o governo tenta conter a depreciação do yuan por meio de estímulos, sem sucesso até o momento. O Banco Popular da China (BPC) decidiu suspender temporariamente a compra de dívida soberana em janeiro, após a oferta de títulos ficar aquém da demanda. O índice de preços ao consumidor subiu 0,1% em relação ao ano anterior, enquanto o índice de preços ao produtor recuou 2,3% na comparação anual, marcando 27 meses consecutivos de queda. Esses dados indicam que os estímulos de Pequim ainda não foram capazes de impulsionar a demanda interna. No Japão, os gastos reais das famílias caíram 0,4% em novembro, uma retração menor do que os 0,6% esperados. A renda real média por família registrou um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior, totalizando 514.409 ienes (US$ 3.252,98).
Europa: Os mercados europeus apresentaram desempenho misto com viés negativo nesta semana, com atenção voltada para o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro. O indicador acelerou para 2,4% em dezembro de 2024, ante 2,2% em novembro, afastando-se ainda mais da meta de inflação de 2% do Banco Central Europeu (BCE) e comprometendo as perspectivas de cortes adicionais nas taxas de juros. Essa dinâmica, somada à turbulência nos mercados de dívida do Reino Unido, fez com que os rendimentos dos títulos do governo britânico atingissem o nível mais alto desde 2008. Os dados de inflação da zona do euro foram os últimos antes da próxima reunião do BCE, marcada para 30 de janeiro, quando a expectativa é de manutenção das taxas nos níveis atuais.
Oriente Médio: O Oriente Médio continua marcado por tensões, com Israel intensificando suas ofensivas na Faixa de Gaza para eliminar possíveis ameaças e pressionar o Hamas pela libertação de reféns. Nesta quarta-feira, Israel apresentou uma nova proposta de troca: um cessar-fogo permanente e a libertação de prisioneiros palestinos em troca de todos os reféns israelenses mantidos em Gaza. No setor de commodities, o petróleo registrou alta após cortes na oferta pela OPEP e pela Rússia. A produção do grupo caiu em dezembro, com a manutenção de campos nos Emirados Árabes Unidos compensando aumentos na Nigéria e em outros países.
Estados Unidos: A semana foi curta para os mercados norte-americanos devido ao feriado de quinta-feira em homenagem ao falecimento do ex-presidente Jimmy Carter. No entanto, o final da semana foi agitado para os investidores, com declarações de membros do Federal Reserve (Fed) indicando que o banco central provavelmente manterá as taxas de juros nos níveis atuais por um período prolongado, reduzindo-as novamente apenas quando a inflação apresentar uma queda significativa. Na sexta-feira, foi divulgado o relatório de empregos (payroll), revelando a criação de 256 mil vagas em dezembro, superando as expectativas e mostrando aceleração em relação a novembro. A taxa de desemprego caiu para 4,1%. Esses dados impulsionaram os rendimentos dos títulos públicos para o maior nível desde novembro de 2023 e fortaleceram o dólar, mas pressionaram as bolsas para baixo. Os investidores agora aguardam a reunião do Fed em 29 de janeiro, com expectativa de pausa no ciclo de cortes de juros. A posse de Donald Trump em 20 de janeiro adiciona incertezas, seja pela possível adoção de tarifas mais severas, seja pela recente inclusão de empresas chinesas na lista negra pelos Estados Unidos. Essa conjuntura política e econômica aumenta a instabilidade global, dificultando previsões e demandando maior cautela dos investidores.
Brasil: A semana no Brasil foi marcada por dados de fluxo de capital estrangeiro. Investidores retiraram R$ 439,008 milhões da B3 na última sessão de 2024, encerrando o ano com um fluxo negativo de R$ 32,108 bilhões. Apesar disso, o mês de dezembro teve entrada líquida de R$ 1,705 bilhão. O Ibovespa fechou estável (+0,01%), aos 120.283,40 pontos, acumulando perdas de 4,28% no mês e 10,36% no ano, com giro financeiro de R$ 17,6 bilhões. A saída de capital reflete questionamentos sobre a responsabilidade fiscal do governo e a sustentabilidade da dívida pública, além de uma forte saída de dólares, que levou o Banco Central a intervir no câmbio. Outro destaque foi a decisão da Meta de encerrar o programa de checagem de fatos no Brasil, substituindo-o por um sistema que depende de correções feitas pelos próprios usuários. A decisão foi criticada pelo presidente Lula, que defendeu que a comunicação digital seja responsabilizada por atos ilícitos, assim como a imprensa tradicional, em nome da soberania nacional.
Resumo semanal: 16/12 a 20/12
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia: A semana foi marcada pela divulgação de dados econômicos mistos. Na China, as vendas no varejo cresceram apenas 3%, abaixo da previsão de 5%, reforçando preocupações com a recuperação econômica. O Japão surpreendeu com as exportações crescendo 3,8%, enquanto essas caíram 3,8%, gerando um déficit comercial acima do esperado. Os investidores também aguardaram decisões do Banco do Japão e do Banco Popular da China sobre políticas monetárias. As bolsas da região oscilaram com cautela antes da decisão de juros dos EUA.
Europa: Os mercados europeus estarão diante das decisões iminentes dos bancos centrais globais. A Moody’s rebaixou o rating da França, enquanto as políticas aumentaram na Alemanha após o colapso da coalizão governamental. A inflação no Reino Unido subiu para 2,6%, reduzindo as esperanças de cortes de juros pelo Banco da Inglaterra. Os investidores monitoram de perto os impactos econômicos dessas mudanças e os dados de confiança europeia.
Oriente Médio: Os preços do petróleo oscilaram ao longo da semana. Inicialmente, recuaram devido a preocupações com a demanda chinesa, mas se recuperaram com expectativas de cortes de juros nos EUA. O minério de ferro na China também é variado, impulsionado por esperanças de estímulos econômicos, mas contido por estoques elevados e manutenção de fornos siderúrgicos. As análises dos EUA ao petróleo russo reforçaram as geopolíticas na região.
Estados Unidos: O foco esteve na reunião do Federal Reserve, que conseguiu a taxa de juros em 25 pontos-base, para 4,25%-4,5%. Apesar das vendas no varejo sólido, a produção industrial decepcionou. Os investidores aguardaram sinais de Jerome Powell sobre futuras políticas monetárias. O mercado imobiliário apresentou desempenho moderado, enquanto as oscilações corporativas de grandes empresas também influenciaram os índices de Wall Street.
Brasil: O Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador nesta semana. O Banco Central anunciou leilões de câmbio de até US$ 7 bilhões para conter a desvalorização do real. A projeção de crescimento foi elevada para 3,5% em 2024, mas a inflação pode aumentar a meta. O custo do seguro contra calote da dívida disparou para 219 pontos-base. No Congresso, foram aprovados R$ 5,7 bilhões em créditos no Orçamento de 2024, incluindo R$ 4 bilhões para aviação. O pacote fiscal avança, com definições de relatores e expectativa de votação da LOA até 20 de dezembro.