Mercado cumpre tabela em dia fraco
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[03/01/25]
… Só NY tem agenda hoje, com o PMI industrial medido pelo ISM (12h), que tem previsão de 48,4 e, quanto maior vier, mais deve reforçar a percepção de um Fed menos inclinado a cortar os juros este ano. Ainda nos EUA, o Fed boy Tom Barkin discursa em fórum (13h) e saem os dados da Baker Hughes sobre os poços e plataformas em operação (15h), sem potencial de influenciar o petróleo. Aqui, no pregão morto, não há nenhum indicador econômico relevante para ser divulgado. Brasília está no recesso, mas a novela das emendas não sairá tão cedo do radar.
… Na manchete do Estadão, parlamentares veem nos bastidores o governo Lula se ancorando em Dino para cortar emendas sem o aval do Congresso, cumprir o arcabouço e recuperar parte do poder perdido sobre o orçamento.
… O jornal informa que o valor das emendas, calculadas em R$ 50,5 bilhões este ano, pode cair perto de R$ 5 bi.
… Lula vetou na virada do ano um dispositivo da LDO de 2025, que havia sido proposto pelo próprio governo, que livrava as emendas impositivas (obrigatórias) de bloqueios no Orçamento e contrariava decisão do STF.
… Com a permissão de Dino, o Executivo se vê desobrigado a pagar a qualquer custo emendas já aprovadas.
… O jogo é perigoso e o atraso na votação da peça orçamentária de 2025 parece ser só o primeiro sinal de rebelião do Parlamento ao entendimento do governo federal de que pode cortar emendas ou mesmo deixar de pagá-las.
… A sucessão aos comandos da Câmara e Senado acontecerá no mês que vem sob a tensão entre os Três Poderes.
… Pacheco marcou a eleição no Senado para o dia 1º de fevereiro, um sábado. Davi Alcolumbre é o grande favorito. Entre os deputados, a disputa acontecerá no dia 3/2, com Hugo Motta (Republicanos) como único candidato.
… O clima pesado no Congresso, de ameaças à governabilidade, soma-se aos ruídos fiscais e tende a continuar mantendo os mercados domésticos na defensiva nos próximos tempos e exigindo esforços contra a volatilidade.
… Em mudança de estratégia, o Tesouro atendeu ao desejo dos investidores e alterou o cronograma dos leilões de títulos públicos para 2025 para o formato trimestral, em vez da periodicidade anual que prevaleceu em 2024.
… Dada a alta volatilidade do mercado de juros, intervalos mais curtos dão margem de segurança para o Tesouro eventualmente adaptar prazos e frequência se necessário, sem as amarras de um cronograma anual.
… No câmbio, passado o período de remessas de fim de ano ao exterior, a dúvida é se o BC eventualmente identificará disfuncionalidades para responder com novas intervenções à pressão do dólar acima de R$ 6.
GASTOU MUNIÇÃO – Dados do BC divulgados ontem deram a medida do tamanho da queima das reservas internacionais na reta final de 2024, diante do arsenal usado para limitar o impacto da saída em massa de dólares.
… As reservas encolheram 8,46% em dezembro, maior queda mensal da série histórica. Em valores nominais, passaram de US$ 363,003 bilhões para US$ 332,306 bilhões, o menor nível desde fevereiro de 2023.
… Até agora, a maior redução mensal nas reservas, de 5,32%, havia acontecido em março de 2020, no início da pandemia. A queda refletiu a injeção de US$ 21,575 bi do BC no mercado por meio de leilões à vista em dezembro.
… Em outro termômetro da fuga de dólares, números preliminares apontam fluxo cambial negativo em US$ 24,314 bi em dezembro, até o dia 27. No acumulado de 2024, a saída de US$ 15,918 bi é a terceira maior da série histórica.
… Ontem, o dólar chegou momentaneamente a ter um pico de estresse, a R$ 6,2267 na máxima intraday, enquanto acompanhava a escalada externa, diante da percepção de que o Fed será bem menos dovish ao longo deste ano.
… Mas a pressão foi contornada e a moeda americana virou, para fechar em baixa moderada de 0,29%, a R$ 6,1625.
… Sincronizados ao movimento no câmbio, os juros futuros subiram primeiro e aliviaram depois. Sem novidades no noticiário, o movimento foi interpretado pelos operadores como uma correção natural dos lucros recentes.
… Apesar do ajuste em queda dos contratos, o miolo e a ponta longa da curva do DI ainda não devolveram nem metade do que andaram subindo nos quatro pregões anteriores. Prêmios de risco ainda seguem no radar.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 15,145% (de 15,370% no fechamento anterior); Jan/27 caía a 15,610% (de 15,890%); Jan/29, 15,385% (de 15,705%); Jan/31, 15,060% (de 15,420%); e Jan/33, 14,810% (15,140%).
“A BOLSA ESTÁ BARATA, MAS O BRASIL ESTÁ CARO” – A frase ao Broadcast do economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, resume em poucas palavras a razão da atratividade reduzida do investidor pelo Ibov.
… “À medida que aumenta a relação dívida/PIB, a capacidade do BC de controlar a inflação diminui, deixando-o com menor poder de fogo. A tendência é o mercado pedir mais prêmio de risco”, batendo em todos os ativos, explicou.
… A fragilidade fiscal doméstica, as expectativas de inflação desancoradas e o risco de uma pancada da Selic a 15% (ou até mais) compõem o cenário complicado para a economia brasileira disputar o apetite do fluxo estrangeiro.
… “A prancha está quebrada e o Brasil não está surfando a onda global”, ilustra Daniel Celano (da Schroders Brasil).
… No Broadcast, profissionais da Faria Lima projetam mais um ano sem IPOs na B3, na maior seca em mais de 25 anos. “Taxa de juros para cima e IPO são duas coisas que não combinam”, explica Leonardo Cabral (do Santander).
… Segundo apurou a reportagem, com o Brasil fora da rota de interesse, há relatos de sondagens de empresas para tentar estrear no mercado de capitais com ofertas públicas de ações lá fora, possivelmente nas bolsas de NY.
… A medida do desinteresse pelo Brasil também se vê no fluxo negativo na B3. Investidores estrangeiros retiraram R$ 58,842 milhões no último dia 30.
… Embora em dezembro o saldo tenha se mantido positivo (R$ 2,144 bi), no ano, a conta foi negativa: R$ 31,669 bi.
… No primeiro pregão de 2025, o Ibovespa exibiu leve queda de 0,13%, mas ainda segurou os 120 mil pontos (120.125,39). Petrobras seguiu a alta do petróleo e limitou as perdas do índice.
… O papel ON registrou +2,82% (R$ 40,52) e o PN, +1,60% (R$ 36,77). O Brent/mar avançou 1,73%, a US$ 75,93.
… A cotação da commodity reagiu à promessa de novos estímulos econômicos pela China e à informação de que Biden deve proibir permanentemente novos projetos de petróleo e gás offshore em algumas águas costeiras.
… Vale caiu 0,55%, a R$ 54,25, a despeito da alta de 1,56% do minério em Dalian. CSN cedeu 4,97% (R$ 8,42).
… Eneva perdeu 9,31%, a R$ 9,55, após portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) com regras para um leilão de capacidade para térmicas e hidrelétricas indicar que a companhia ficará de fora do certame.
… Entre as altas, os destaques foram CVC (+8,70%; R$ 1,50), IRB (+4,88%; R$ 44,52) e Braskem (+3,37%; R$ 11,97).
… Bancos ficaram mistos. Bradesco ON subiu 0,67% (R$ 10,48) e Bradesco PN ganhou 0,80% (R$ 11,40). Por outro lado, Banco do Brasil caiu 1,03% (R$ 23,92), Itaú cedeu 0,46% (R$ 30,57) e Santander baixou 0,29% (R$ 23,75).
… A B3 divulgou ontem a 3ª e última prévia do Ibovespa, com entrada de Marcopolo e Porto e saída de Eztec e Alpargatas. A carteira teórica será válida para o período entre janeiro e abril deste ano.
PÉ ESQUERDO – As bolsas em NY entraram em 2025 em baixa, com S&P 500 e Nasdaq anotando a quinta sessão de quedas consecutivas, período em que as ações perderam US$ 1 trilhão em capitalização, segundo a Bloomberg.
… Os índices iniciaram o dia em alta, mas dados que mostram uma economia resiliente nos EUA, reduzindo expectativas por cortes de juros pelo Fed, ativaram o sentimento de risco.
… Os pedidos de auxílio-desemprego surpreenderam ao cair 9 mil, para 211 mil, menos que os 225 mil previstos por analistas. O PMI industrial caiu a 49,4 na leitura final da S&P Global, recuo menor que os 48,3 esperados.
… O Dow Jones caiu 0,36%, aos 42.392,27 pontos; o S&P 500 cedeu 0,22% (5.868,55) e o Nasdaq teve queda de 0,16% (19.280,79).
… Tesla (-6,08%) pesou sobre os índices depois de informar que as vendas de 2024 caíram 1%, para 1,79 milhão de veículos. Foi o 1º recuo em mais de uma década.
… A concorrente chinesa BYD anunciou que registrou um novo recorde ao vender 4,25 milhões de carros no período.
… Apple recuou 2,62%, após o banco suíço UBS rebaixar estimativas para as vendas do iPhone em 2025. Boeing caiu 2,90%, ainda sob pressão após acidentes envolvendo aviões 737 na Coreia do Sul e na Noruega.
… Os juros dos Treasuries passaram a subir após o dado de auxílio-desemprego, mas fecharam mistos. O retorno da note de 2 anos subiu a 4,244%, de 4,242% na sessão anterior.
… O da note de 10 anos caiu a 4,560% (de 4,572%) e o do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,780% (de 4,782%).
… Na contramão dos EUA, PMIs fracos na zona do euro e no Reino Unido enfraqueceram as moedas dessas regiões. Na mínima do dia (US$ 1,0223), o euro marcou o menor nível em mais de dois anos. Caiu 0,95%, a US$ 1,0266.
… Em discurso ontem, Christine Lagarde disse esperar que 2025 seja o ano em que a inflação chegará à meta de 2% na zona do euro, “conforme esperado e planejado em nossa estratégia”, afirmou.
… Na libra, a queda foi ainda mais acentuada, de 1,13%, a US$ 1,2382. O iene recuou 1,6%, a 157,462/US$. O índice DXY fechou em alta de 0,84%, aos 109,394 pontos, no maior nível desde o fim de 2022.
EM TEMPO… PETROBRAS confirmou a assinatura de acordo para que a Prio use o seu Sistema Integrado de Escoamento de gás natural da Bacia de Campos (SIE-BC) e a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB)…
… Prio utilizará malha de gasodutos para escoar e processar o gás natural proveniente dos campos de Frade, onde a empresa detém 100% de participação, e Albacora Leste, com 90% de participação, localizados na Bacia de Campos…
… Ainda ontem, a Petrobras confirmou reajuste de 7% no litro do querosene de aviação (QAV), em vigor desde 4ªF.
GOL e AZUL fecharam acordos com o governo e vão reduzir em cerca de R$ 5,8 bilhões suas dívidas com a União, segundo a GloboNews. Juntas, as dívidas somavam R$ 7,8 bilhões, mas as empresas devem pagar cerca de R$ 2 bi…
… A Gol contava com uma dívida de cerca de R$ 5 bilhões na Receita Federal. Com o acordo firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a companhia aérea pagará R$ 880 milhões, em até 120 prestações…
… Azul tinha dívida de R$ 2,8 bilhões com o governo e pagará R$ 1,1 bilhão, também em até 120 vezes. A companhia aérea deverá depositar de forma imediata R$ 36 milhões. A PGFN fechou os acordos em 31 de dezembro de 2024.
BR PARTNERS passará a integrar o Índice Small Caps (SMLL) e o Índice Dividendos (IDIV) da B3, a partir de 2ªF.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Ano começa com desafio da governabilidade
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[02/01/25]
… Indicadores de atividade industrial em dezembro abrem hoje a agenda internacional, no ano que terá como foco a disposição de Trump em cumprir as ameaças protecionistas. As promessas de campanha do republicano de corte de impostos e imposição de tarifas a países vistos como desleais no comércio internacional contratam potencial inflacionário e serão observadas muito de perto não só pela China, como pelo Brasil, já com o dólar e juros futuros na lua. Além da pressão externa, que tem detonado uma fuga em massa de capital por aqui, o ambiente doméstico continuará sendo testado pela frustração com a dinâmica fiscal e pela crise das emendas parlamentares. O impasse com o Congresso ameaça inviabilizar, no pior dos mundos, a governabilidade de Lula em ano pré-eleitoral.
… De seu lado, Haddad terá que exibir todo o capital político para emplacar uma agenda fiscal consistente, capaz de reverter a crise de confiança em que o mercado anda mergulhado e que tem exigido um choque do Copom na Selic.
… “Menino de ouro” de Lula, Galípolo estreia no comando do BC tentando assegurar a autonomia na condução da política monetária, já com mais duas elevações da taxa básica de juro contratadas para as duas próximas reuniões.
… Na melhor das hipóteses, a Selic vai a 14,25%, mas a ousadia continua correndo solta no mercado, com apostas próximas de 16%, diante da desancoragem das expectativas de inflação e insustentabilidade da dívida pública.
… O ano virou com o investidor disposto a seguir cobrando mudanças no rumo da política fiscal e atento à crise arrastada das emendas, que piora o clima no Legislativo/Executivo e ameaça a votação do Orçamento em fevereiro.
… Investidores antecipam que o Congresso dará o troco em Lula este ano depois da interferência sobre as emendas.
… A liberação parcial das emendas pelo ministro Flávio Dino, nos recursos já haviam sido empenhados antes da decisão que suspendeu os repasses, não foi suficiente no pregão da última 2ªF para aplacar o estresse (abaixo).
… Caiu mal para os mercados o parecer divulgado pela AGU orientando o governo a não autorizar até nova decisão judicial os repasses das emendas parlamentares, que são um instrumento importante de negociação no Congresso.
… Além da aprovação da peça orçamentária na volta do recesso, daqui a um mês, a articulação política do governo terá que botar o time em campo para o Parlamento encampar novas medidas fiscais que devem ser adotadas.
… O atraso da votação da LOA (fevereiro) coincide com a crise das emendas e precede a reforma ministerial. O PSD, partido de Pacheco (que deixa o comando do Senado mês que vem), é cotado para ganhar espaço na Esplanada.
… O governo também discute estratégias para seduzir Lira, de saída da Câmara, mas que segue como figura-chave.
… Em entrevista recente à CartaCapital, o vice-presidente do PT, Washington Quaquá, defendeu abertamente a participação do Centrão no governo para estabilizar uma base sólida que permita a Lula governar com tranquilidade.
… Ele defendeu o diálogo com Lira, Pacheco e seus prováveis sucessores: Hugo Motta (Republicanos) na Câmara e Davi Alcolumbre (União) no Senado, na tentativa de evitar o “efeito Dilma” e descambar para uma crise institucional.
… Além da fragilidade do governo no Congresso, o investidor também deve medir este ano os possíveis impactos dos episódios relacionados à saúde do presidente Lula na definição de sua eventual candidatura ao Planalto em 2026.
… Ele repetiu na última 3ªF exame de imagem e, de acordo com boletim médico divulgado pelo hospital Sírio Libanês, a tomografia mostrou melhora progressiva condizente com o “ótimo estado” do presidente da República.
… Pesquisa Datafolha divulgada ontem revelou pessimismo com o governo. Para 61% dos brasileiros, a economia está no rumo errado. Apenas 32% dos entrevistados acreditam que a condução econômica anda no caminho certo.
… A sondagem mostrou também que o otimismo do brasileiro com o ano novo caiu ao menor patamar desde 2020.
… Pela primeira vez em cinco levantamentos, menos da metade dos entrevistados (47%) afirma que a população terá uma situação melhor. Os números são acompanhados de uma expectativa de que a inflação vai subir ainda mais.
… Pouco mais de um ano atrás, em dezembro de 2023, o otimismo alcançava 61%, similar (60%) ao registrado no fim de 2022, logo após a eleição de Lula. Mesmo em 2020, ano mais afetado pela covid, 58% previam situação melhor.
REAJUSTE DO FUNCIONALISMO – O governo editou na 3ªF uma MP que concede aumento para os servidores públicos em duas etapas: agora em janeiro e em abril de 2026, com impacto de quase R$ 17,9 bilhões este ano.
… O valor já está previsto no PLOA. No ano que vem, o impacto calculado é de mais R$ 8,5 bilhões.
… O presidente Lula também assinou o decreto do novo salário mínimo, de R$ 1.518, em vigor desde ontem.
COMBUSTÍVEIS – Em balanço ao Estadão de 3ªF, o diretor financeiro e de RI da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou que os reajustes dos combustíveis não estão nos planos de curto prazo. “Não tem essa correria”.
… Segundo ele, se por um lado, o dólar sobe em relação ao real e pressiona por uma elevação dos preços, por outro, o valor do petróleo Brent (referência no Brasil) tem caído e não é preciso “correr para dar um reajuste”.
… A estatal não reajusta o diesel há mais de um ano e a gasolina desde julho. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula defasagem média de 15% para o diesel e de 7% para a gasolina.
MAIS AGENDA – Neste primeiro pregão do ano, o BC solta o fluxo cambial/dezembro (14h30). Do lado da inflação, o IPC-S sai às 8h e deve subir 0,27% em dezembro (mediana do Broadcast), após recuo de 0,13% em novembro.
LÁ FORA – A leitura final de dezembro do PMI/S&P Global industrial será divulgada hoje na Alemanha (5h55), zona do euro (6h) e Reino Unido (6h30). Nos EUA, saem o auxílio-desemprego (10h30) e estoques de petróleo (13h).
… Daqui a uma semana (dia 9), as bolsas em NY ficarão fechadas e os Treasuries terão pregão mais curto, até as 14h, em manifestação de respeito ao dia nacional de luto pela morte do ex-presidente americano Jimmy Carter.
CHINA – Em discurso na conferência para o Ano Novo, Xi Jinping reforçou a expectativa de que o PIB cumpra a meta oficial de crescimento de cerca de 5% em 2024 e reiterou a promessa de recuperação sustentada da atividade.
… Divulgado na noite de ontem, o PMI industrial medido pelo setor privado (Caixin) recuou para 50,5 em dezembro, de 51,5 em novembro, frustrando a previsão dos analistas de melhora para 51,7.
… Apesar da desaceleração, o indicador permaneceu acima dos 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo.
… Dois dias antes, também o dado oficial do PMI composto chinês apontou que a atividade econômica continua em expansão. O indicador avançou de 50,8 em novembro para 52,2 em dezembro.
… O PMI de serviços melhorou para 52,2 em dezembro, de 50,0 em novembro, acima da previsão (50,2). Já o PMI industrial caiu de 50,3 para 50,1 no período. O dado veio abaixo das expectativas dos analistas, que previam 50,2.
JÁ VAI TARDE – 2024 não deixou saudades. O dólar cravou marcas inéditas acima da casa de R$ 6 e o BC teve que entrar pesado nos últimos dois meses no câmbio, torrando mais de US$ 30 bilhões das reservas para segurar a onda.
… A maior intervenção da história do regime cambial flutuante, superando até mesmo o pico da pandemia, deu a medida da persistente desconfiança com o cenário fiscal e dos ruídos na relação entre o Planalto, Congresso e STF.
… Para completar, o exterior não ajudou, com o dólar em alta lá fora, diante de uma economia americana mais forte que a esperada, a eleição de Trump e menos cortes de juros pelo Fed à vista.
… Na última sessão de 2024, a moeda americana saltou a R$ 6,2426 (+0,8%) na máxima do dia, em meio à briga da ptax e ruídos sobre as emendas, fazendo o BC chamar um leilão à vista para injetar mais US$ 1,815 bi no mercado.
… Foi a 9ª intervenção desse tipo feita pelo BC no mês, abrindo espaço para que o dólar à vista fechasse em baixa de 0,21%, a R$ 6,1802. Em 2024, acumulou ganho de 27,34%, maior variação desde 2020, quando subiu 29,34%.
… Na esteira dos mesmos motivos que dispararam o dólar, os DIs terminaram o ano nas alturas. Na 2ªF, a piora das expectativas no Focus também ajudou a azedar o clima.
… O boletim do BC mostrou que a mediana suavizada para o IPCA de 12 meses à frente avançou de 4,89% para 4,94%. A projeção de 2025 saltou de 4,84% para 4,96%.
… A expectativa para Selic no fim de 2025 seguiu em 14,75%, mas em 2026, subiu de 11,75% para 12%.
… O clima piorou à tarde com o parecer da AGU orientando o governo a não autorizar os repasses de parte dos R$ 4,2 bilhões em emendas bloqueadas e depois liberadas parcialmente por Dino.
… A Secretaria das Relações Institucionais se apressou a informar que o governo empenhou R$ 1,775 bilhão dos R$ 4,2 bilhões. Mas o estrago estava feito.
… O DI para janeiro de 2026 marcou 15,370% (de 15,435% no fechamento anterior); Jan/27 foi a 15,890% (de 15,855%); Jan/29, a 15,705% (de 15,625%); Jan/31, a 15,420% (de 15,370%); e Jan/33, a 15,140% (de 15,110%).
… No ano, os juros futuros dos DIs saltaram em torno de 500 pb.
… Luciano Costa (Monte Bravo) avaliou que a curva precifica Selic em 16,9%. “Estamos no meio de um ciclo de aperto e o mercado vai continuar pedindo prêmio porque tem o complicador da questão fiscal”, disse ao Broadcast.
PRA ESQUECER – No ponto final de 2024, o Ibovespa fechou estável (+0,01%), aos 120.283,40 pontos, mas amargou perda de 4,28% em dezembro e de 10,36% do ano.
… Foi um final melancólico para um ano em que o índice à vista começou em 134 mil pontos e chegou a bater nos 137 mil, em agosto. De lá para cá, foi só ladeira abaixo, marcando o pior desempenho do índice desde 2021.
… Na véspera de ano novo, o Ibov se segurou na alta de Petrobras, na esteira dos ganhos no petróleo e de declarações de Magda Chambriard defendendo a exploração na Margem Equatorial.
… Ela se disse otimista em conseguir a licença do Ibama para perfurar o poço FZA-M-59.
… Petrobras ON subiu 1,47% (R$ 39,41) e PN, +1,49% (R$ 36,19). Não foi por culpa da Petrobras que o Ibov não engrenou em 2024. As ações subiram 21,2% e 17,9%, respectivamente.
… Já Vale atuou de vilã no ano, com queda acumulada de 23,3%. Na última 2ªF, perdeu 0,35% (R$ 54,55).
… Bancos ficaram mistos na 2ªF, com Santander em alta de 0,80% (R$ 23,82); Bradesco PN, +0,09% (R$ 11,56); e BB, +0,25% (R$ 24,17). Bradesco ON (-0,09%; R$ 10,64) e Itaú (-0,16%; R$ 30,73) fecharam nas mínimas do dia.
… Esses quatro bancos perderam R$ 122 bilhões em valor de mercado ao longo de 2024.
… As maiores perdas da sessão de 2ªF, última de 2024, foram de Automob, com -2,86%, a R$ 0,34; Ambev, com -2,73%, a R$ 11,74; e IRB, com -2,08%, a R$ 42,45.
ANO ESTELAR SÓ EM NY – Num dia de liquidez reduzida, as bolsas em Wall Street, que ainda funcionaram na 3ªF, fecharam em baixa, mas terminaram 2024 com ganhos expressivos, puxados pelas techs, em meio à febre da IA.
… O S&P 500 caiu 0,43%, a 5.881,63 pontos, na quarta baixa seguida, a pior sequência de fim de ano desde 1966. Mas em 2024 avançou 23,31%. O ganho acumulado em 2023/24, de 53,19%, foi o maior desde o biênio 1997-1998.
… O Nasdaq encerrou o dia em baixa de 0,90% (19.310,79 pontos), mas teve a melhor performance de 2024 entre os principais índices (+28,64%). O Dow Jones (-0,07% na 3ªF) registrou salto anual de 12,88%, aos 42.544,22 pontos.
… Tradicionalmente, as bolsas têm bom desempenho nas sessões finais do ano, mas em 2024 a expectativa de menos cortes de juros e políticas protecionistas sob Trump 2 deixaram investidores com o pé atrás.
… Em dezembro, o Dow Jones fechou com queda de 5,3%, o S&P 500 recuou 2,5% e o Nasdaq teve pequeno ganho de 0,5%.
… Esses mesmos fatores (juros e Trump), além de uma atividade mais forte que o esperado nos EUA, em contraste com a desaceleração da Europa, levantou o dólar.
… O índice DXY avançou 0,33% na 3ªF, a 108,487 pontos, com alta de 2,59% em dezembro. No ano, subiu 7,06%, maior ganho anual desde 2015.
… Na última sessão de 2024, o euro caiu 0,40%, a US$ 1,0364, e a libra cedeu 0,23%, a US$ 1,2523. O iene recuou 0,18%, a 157,207/US$.
… Entre os Treasuries, o retorno da note de 2 anos ficou estável no ano, a 4,340%. O da note de 10 anos, que havia terminado o ano de 2023 abaixo de 4%, em 3,879%, fechou 2024 bem mais alto, a 4,541%.
… No T-Bond de 30 anos, o juro ficou em 4,760%, acima dos 4,034% do fim do ano anterior.
… O petróleo Brent para março fechou o ano a US$ 74,64 o barril, com alta de 3,9% em dezembro, mas queda de 3,12% no ano, com a desaceleração econômica na China, maior importadora global, falando mais alto.
EM TEMPO… VALE firmou com Ministério dos Transportes repactuação das concessões de ferrovias; empresa se comprometeu com aporte global máximo de cerca de R$ 11 bi; acordo eleva em R$ 1,7 bi provisão para concessões.
EMBRAER vendeu quatro aeronaves de ataque leve e treinamento avançado A-29 Super Tucano para um cliente não revelado na África. O contrato de venda foi assinado no último dia do ano…
… As aeronaves realizarão uma ampla gama de missões, como vigilância de fronteiras, inteligência, vigilância etc.
PRIO. Conselho de Administração aprovou aumento de capital social de R$ 3 bilhões, mediante capitalização de recursos alocados na reserva de lucros estatutária da companhia.
BRAVA ENERGIA concluiu aquisição da participação de 23% detida pela QatarEnergy Brasil nos campos de petróleo de Abalone, Ostra e Argonauta, que formam o Parque das Conchas na Bacia de Campos…
… O valor da transação, desconsiderando os ajustes, é de US$ 150 milhões.
GERDAU e controlada Gerdau Aços Longos celebraram termo de acordo com o Cade em um processo administrativo que apurava uma suposta prática de infração à ordem econômica no mercado de produção de vergalhões de aço…
… A empresa se comprometeu a pagar R$ 256 milhões à vista ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos…
… Companhia ressaltou que acordo não deve ser interpretado como admissão pela Gerdau de qualquer irregularidade ou ilicitude em supostas condutas objeto do processo administrativo mencionado.
CSN celebrou contrato de compra e venda de ações e outras avenças com os acionistas da holding de logística Estrela para aquisição de 70% do capital social da empresa; negociação foi fechada por R$ 742,5 milhões.
ASSAÍ distribuirá R$ 125 milhões em JCP, ou R$ 0,0927 brutos por ON; ex 07/01; pagamento em 28/02.
TOTVS finalizou o contrato para aquisição total da empresa VarejOnline, pelo valor de R$ 49 milhões.
AUTOMOB. A incorporação pela Automob Participações (atual denominação da Vamos Comércio de Máquinas Linha Amarela) foi concluída…
… Com isso, a Automob foi extinta, enquanto a Automob Participações ficou com todos os seus direitos e obrigações.
HERINGER. CFO e diretor de RI, Pérsio Pimentel Pinto Ravena, renunciou aos cargos, por motivos pessoais. Para o posto, a companhia indicou interinamente Gustavo Bastide Horbach, atual diretor presidente…
… O presidente do conselho de administração Donal Mathews Lambert também deixará o posto. O substituto será indicado pelo colegiado nos próximos dias.
EQUATORIAL distribuirá R$ 111,1 milhões em JCP, ou R$ 0,0891 brutos por ação; ex 14/01; pagamento será feito até o fim de 2025.
RAÍZEN. Norges Bank atingiu participação acionária de 5,001%, passando a deter 67.962.400 de papéis PN.
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Dino abre exceções para emendas
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[30/12/24]
… Com queda próxima de 10% no acumulado do ano, o Ibovespa tem hoje o seu último pregão de 2024, enquanto NY ainda opera amanhã, embora em horário reduzido para os Treasuries, na véspera de Ano Novo. Nesta semana entrecortada pela virada para 2025, dados da indústria são destaque da agenda internacional, na China, nos EUA e na Europa. Aqui, apesar de o Tesouro ter adiado a divulgação dos números do Governo Central de novembro para a metade de janeiro, o BC confirmou que informará hoje o resultado consolidado das contas do setor público em novembro, às 8h30. Mais do que na agenda, porém, o foco do mercado continua concentrado na crise das emendas. Neste domingo, o ministro Flávio Dino (STF) liberou parcialmente as verbas, mas atacou a “balbúrdia” no Orçamento.
… Ele manteve suspenso o pagamento das emendas parlamentares, porém abriu exceções para os repasses para a Saúde e emendas de comissão empenhadas até o último dia 23, data em que havia bloqueado as emendas.
… Mesmo com a liberação parcial, o ministro manteve as críticas sobre o tema. “Verifico o ápice de uma balbúrdia quanto ao processo orçamentário”, escreveu, reiterando a “nítida” necessidade de investigação pela PF.
… Dino afirmou que o processo legal orçamentário não comporta a “invenção” de tipos de emenda sem suporte normativo. “Não existem emendas de líderes”, disse, considerado inconstitucional a prática do apadrinhamento.
… Ele rejeitou as alegações enviadas pela Câmara na noite de 6ªF para o empenho de R$ 4,2 bi em emendas, apontando “inconsistência”, “contradição” e “nulidade insanável” no ofício encaminhado pelo Congresso.
… “É inviável sua acolhida. O Poder Executivo fica definitivamente vedado de empenhar o que ali consta.”
… Como o mercado vai repercutir a decisão de Dino, é o que se verá hoje, no pregão esvaziado.
… Se por um lado, o ministro amoleceu nas exceções, por outro, continua em pé de guerra no discurso com o Legislativo, mantendo o impasse e o embate institucional que traz cautela redobrada aos investidores.
… Diante da preocupação do Planalto com a governabilidade no próximo ano, Lula teve na 6ªF um encontro fora da agenda oficial com o futuro presidente da Câmara, Hugo Motta, um dia depois de ter se reunido com Lira.
… Renata Agostini/O Globo informou que o convite de Lula a Motta teve como objetivo deixar claro que não há “jogo combinado” com o STF na polêmica das emendas e que o governo tem interesse numa saída negociada.
… A crise das emendas eleva a incerteza sobre a aprovação do Orçamento/2025, quando o Congresso retornar aos trabalhos, em fevereiro. O relator do texto, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), admite que a situação está “delicada”.
… Após a Câmara reclamar que o foco de Dino no caso das emendas de comissão estava concentrado na Casa, o ministro do STF incluiu também o Senado nos questionamentos sobre a execução de parte dos recursos bloqueados.
… Ele deu prazo de dez dias úteis para os senadores se manifestarem. Os deputados se queixavam que lideranças do Senado também assinaram ofício para pedir liberação das verbas sob suspeita na Corte, mas não foram cobrados.
… Como o fiscal no topo do estresse, a Fazenda negou neste domingo que novas medidas de corte de gasto estejam sendo elaboradas pela equipe econômica. O esclarecimento enviado à imprensa se refere a reportagem de O Globo.
… Segundo a apuração do colunista Lauro Jardim, para tentar aplacar o mau humor dos mercados com o pacote de ajuste fiscal, novas medidas de ajuste estariam aguardando o aval do presidente Lula para divulgação.
… “O Ministério da Fazenda informa que não há novas medidas elaboradas. Logo, nada foi apresentado ao presidente da República. Portanto, não há resposta sendo aguardada”, disse a pasta do ministro Haddad.
… Ainda neste domingo, dois dias após oficializar um fundo de R$ 6,5 bilhões para a reconstrução do Rio Grande do Sul, o governo editou duas medidas provisórias com crédito extraordinário de R$ 525,71 milhões para o Estado.
… As despesas que serão executadas ficarão fora do limite de gastos estabelecido pelo novo arcabouço fiscal e também da meta fiscal, já que se trata de uma calamidade pública, depois das enchentes do primeiro semestre.
MAIS AGENDA – A mediana do mercado em pesquisa Broadcast indica déficit primário de R$ 6,855 bilhões nas contas do setor público consolidado de novembro (8h30), revertendo o saldo positivo de R$ 36,883 bi em outubro.
… As estimativas para esta leitura, todas de déficit, variam de R$ 11,70 bilhões a R$ 4,40 bilhões.
… O BC manteve a divulgação do dado, apesar do atraso do Tesouro no resultado das contas do Governo Central, que estava inicialmente previsto para a última 6ªF, mas foi adiado em cerca de duas semanas, para 15 de janeiro.
… O adiamento ocorre devido à mobilização dos auditores fiscais da Receita, em greve por tempo indeterminado.
… Ainda hoje, como de hábito, sai o boletim Focus (8h25), que vem repetidamente exibindo acentuada piora na percepção dos economistas e analistas de mercado sobre a inflação, o câmbio e as projeções para a Selic.
… Na 6ªF, apesar de o IPCA-15 de dezembro ter perdido ritmo (abaixo), a inflação de serviços acelerou, reforçando a tendência de o Copom levar adiante o plano de subir a Selic em 1 ponto em cada uma das duas próximas reuniões.
… Confirmando as projeções do RTI de melhora nas condições climáticas, ainda na 6ªF, a Aneel anunciou a bandeira tarifária verde para janeiro. Dessa forma, não haverá custo adicional na conta de luz no primeiro mês de 2025.
LÁ FORA – A semana mais curta começa com indicadores de atividade econômica. Nos EUA, saem hoje o PMI medido pelo ISM/Chicago em dezembro (11h45) e as vendas pendentes de imóveis em novembro, ao meio-dia.
… O PMI/ISM industrial sai na 6ªF. Este mesmo dado, calculado pela S&P Global, será informado na 5ªF na zona do euro, Alemanha e Reino Unido. Hoje à noite (22h30), a China solta o PMI oficial de industrial e serviços (dezembro).
… A leitura final do PMI da indústria chinesa medido pelo setor privado será informada na 4ªF à noite.
PANELA DE PRESSÃO – Num mercado já conturbado pela crise das emendas e o risco fiscal, uma cesta de dados de inflação e emprego mostrou na 6ªF que o Copom deve, no mínimo, manter o plano de voo na política monetária.
… A perspectiva de Selic alta adicionou mais uma rodada de pressão aos juros futuros e aos dólar.
… O IPCA-15 de dezembro subiu 0,34%, abaixo do 0,45% esperado e do 0,62% em dezembro, mas com leitura qualitativa ruim: serviços e núcleos pressionados.
… Alexandre Maluf (XP) chamou atenção para duas métricas observadas pelo BC que pioraram de forma expressiva. A média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada dos serviços subjacentes saltou de 5% para 8,1%.
… No mesmo critério, o subgrupo dos serviços intensivos em mão de obra acelerou de 4,7% para 5,9%.
… Já o IGP-M, principal indicador da inflação no atacado, desacelerou para 0,94% de dezembro, de 1,30% em novembro. Mas “mostra que muita inflação deve chegar ao varejo ainda”, avaliou Nicolas Borsoi (Nova Futura).
… O indicador ficou abaixo da mediana das estimativas, de 1,07%, e encerrou 2024 com alta de 6,54%.
… Enquanto isso, o mercado de trabalho apertado adiciona pressão sobre a inflação de serviços. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no trimestre até novembro caiu a 6,1%, a menor da série iniciada em 2012.
… No Caged, o saldo de emprego formal cedeu a 106.625 postos, abaixo dos 125 mil esperados. Ainda assim, mostrou um mercado forte, indicando uma geração de 1,8 milhão de empregos neste ano.
… Ainda sem trégua no noticiário sobre as emendas, os juros curtos voltaram a incorporar prêmio de risco.
… O DI para Jan26 até subiu menos que os demais, ainda assim, avançou a 15,435%, de 15,37% na sessão anterior.
… O Jan/27 foi a 15,855% (de 15,637% na véspera), Jan/29 a 15,625% (de 15,274%); o Jan/31, a 15,370% (de 15,100%); e Jan/33, a 15,110% (de 14,850%).
… Num dia de queda geral das moedas emergentes em meio a dados fracos da indústria chinesa, o real não ficou atrás, influenciado ainda pelas remessas ao exterior de lucros e dividendos e a briga da ptax.
… No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,22%, a R$ 6,1931. Na semana, subiu 1,99%.
FIRME NA QUEDA – Com o clima abatido pela disputa entre STF e Congresso e pela escalada sem freios dos juros, o Ibovespa fechou em baixa de 0,67%, aos 120.269,31 pontos. Na semana, perdeu 1,50%.
… E num 2024 praticamente perdido, faltando apenas um dia de negócios, a queda acumulada chegou a 10,3%.
… Sem ajuda do minério, Vale caiu 0,49% (R$ 54,74), acumulando perda de 23% do ano até agora.
… Mas Petrobras, nem com o benefício da alta do barril conseguiu firmar alta. ON baixou 1,12% (R$ 38,84) e PN cedeu 0,31% (R$ 35,66). O Brent/fev subiu 1,24%, a US$ 74,17, diante da forte queda nos estoques dos EUA.
… Os bancos recuaram, realizando lucro sobre a = véspera. Itaú registrou -1,00%, a R$ 30,78, na mínima; Bradesco PN, -0,77%, a R$ 11,55; Bradesco ON, -0,75%, a R$ 10,65; Santander, -0,59%, a R$ 23,63, e BB, -0,37% (R$ 24,11).
…. Cíclicas foram mal. Vamos teve baixa de 7,17%, a R$ 4,66, e foi acompanhada por Carrefour (-4,62%; R$ 5,37) e LWSA (-3,30%; R$ 3,22).
… Brava Energia foi a maior alta do dia (+10,64%; R$ 22,57), embalada pela autorização da ANP para a retomada da produção no campo de Papa-Terra. Petz teve elevação de 3,75% (R$ 4,15) e Automob subiu 2,94% (R$ 0,35).
SELL OFF DE ANO NOVO – Numa 6ªF sem indicadores e catalisador específico para os negócios, as bolsas de NY entraram em modo de realização de lucro capitaneada pelas Sete Magníficas. Todas caíram.
… O baixo volume de negócios, típico da época do ano, exagerou o movimento dos índices que, no entanto, fecharam a semana do feriado do Natal com saldo positivo, muito por causa da forte performance de 3ªF passada.
… O Dow Jones fechou com queda de 0,77%, aos 42.992,21 pontos. O Nasdaq perdeu 1,49% (19.722,03), o S&P 500 terminou em baixa de 1,11% (5.970,84). Na semana, os índices subiram 0,35%, 0,78% e 0,67%, respectivamente.
… “Houve bastante realização em todos os setores”, disse Michael Reynolds (Glenmede). “Estamos há mais de dois anos em alta bastante forte. Então, não surpreende ver um reequilíbrio de portfólios antes do ano novo”.
… Nvidia caiu 2,03%, com notícias de que seus chips foram usados por startup chinesa para treinar um modelo de IA de ponta. Tesla recuou 4,95%; Apple, -1,30%; Alphabet, -1,45%; Amazon, -1,44%; Meta, -0,59%; e Microsoft, -1,72%.
… As ações também têm sido pressionadas pela alta contínua dos juros dos Treasuries ao longo das últimas semanas, em meio à expectativa de políticas inflacionárias na gestão Trump 2.
… Não foi diferente na 6ªF. Depois de atingir o maior nível em sete meses na véspera, o retorno da note de 10 anos avançou a 4,627% (de 4,5777%).
… O juro da note de 2 anos subiu a 4,3262% (de 4,3231%) e o do T-bond de 30 anos, a 4,8145% (de 4,7644%).
… Sem fôlego, o índice dólar (DXY) caiu 0,12%, a 108,129 pontos. A libra esterlina avançou 0,40%, a US$ 1,2578. O euro ficou estável em US$ 1,0428 (+0,07%), assim como o iene (+0,06%), a 157,855/US$.
EM TEMPO… A presidente da PETROBRAS, Magda Chambriard, afirmou neste domingo em entrevista ao Canal Livre, na Band News, que a sua relação com Lula “é muito boa” e que ele “quer saber tudo o que se passa na companhia”…
… Segundo Magda, a empresa continua tendo lucro depois de “abrasileirar” os preços dos combustíveis. Ela lembrou que o diesel já está há um ano e meio sem reajuste e que a gasolina está há meses sem mudança…
… A presidente da Petrobras ainda defendeu mais uma vez a exploração na Margem Equatorial brasileira e se disse otimista em conseguir a licença ambiental do Ibama para perfurar o poço FZA-M-59.
BB. A S&P Global manteve o rating de crédito do banco em “BB”, em perspectiva estável na escala global. Em âmbito nacional, o banco também tem perspectiva estável, classificado como “brAAA”.
SÃO MARTINHO. No encerramento da moagem da safra 2024/25, companhia processou 21,79 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume 1,7% inferior ao guidance divulgado em novembro…
… Entretanto, a empresa destacou avanços no mix de produção voltado para o açúcar, aproveitando condições de mercado mais favoráveis.
OI celebrou, junto à IHS Brasil, contrato de Cessão de Infraestruturas para venda e transferência de unidade produtiva isolada (UPI), composta por 100% das ações de emissão da SPE Imóveis e Torres Selecionados.
VITTIA FERTILIZANTES aprovou a distribuição de R$ 2,451 milhões em JCP, a R$ 0,016 por ação. Ex em 06/01/25.
BOEING. Duas aeronaves da fabricante estiveram envolvidas em acidentes em menos de 24 horas neste fim de semana…
… Além da queda de uma avião na Coreia do Sul, com 179 mortos, um Boeing 737-800, da KLM, teve que fazer um pouso de emergência no aeroporto de Sandefjord (Noruega), após sofrer uma falha hidráulica…
… As ações da Boeing acumulam queda de 31% neste ano. Em janeiro, um tampão de porta de emergência explodiu em um jato 737 MAX 9. Esse acidente foi relacionado à baixa qualidade de fabricação.
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