IPCA-15 e balanço de Vale são destaques na agenda


Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[24/10/24]

… Cada dia mais, os investidores em NY seguem reagindo às chances de uma vitória de Trump, e o que isso poderá significar em termos de política monetária nos EUA. A eleição americana indefinida puxa os juros e o dólar, enquanto Wall Street opera ao sabor dos balanços. Tesla disparou 12% no after hours, com lucro inesperado no 3Tri. Aqui, tem Vale após o fechamento, mas o assunto do mercado é um só, o cenário fiscal. Nesta 4ªF, o FMI botou lenha na fogueira ao prever um salto de mais de 10pp da dívida pública em proporção ao PIB, durante o governo Lula. Em Washington, Haddad disse que não acredita que a “profecia” irá se realizar. Na agenda dos indicadores, o IPCA-15 de outubro (9h) deve acelerar para 0,51%, na mediana do Broadcast, em meio à onda de revisões para a inflação do ano.

… Após ter registrado 0,13% em setembro, a inflação deve acelerar também em 12 meses, de 4,12% para 4,43%, com a alta nas tarifas de energia elétrica e nos preços dos alimentos (sobretudo de carne), em consequência dos efeitos da estiagem no País.

… O dado de hoje deve reforçar o risco de descumprimento da meta de inflação (4,50% no limite da banda).

… O mercado também prevê aceleração da média dos núcleos do IPCA-15, de 0,17% para 0,34% (mediana).

… As medianas indicam altas em todas as aberturas: preços livres (de 0,12% para 0,36%), administrados (0,16% para 0,88%), alimentação no domicílio (-0,01% para 0,75%), bens industriais (0,13% para 0,24%) e serviços (0,17% para 0,28%).

… Mais do que a inflação corrente, no entanto, a deterioração das expectativas – associada às desconfianças com o quadro fiscal – é o que preocupa o Banco Central e mantém a curva de juros na rotina do estresse.

… Em meio a esses temores, o FMI traçou um cenário sombrio para as contas públicas no Brasil. Estima que a dívida como proporção do PIB avance para 87,6% este ano, passe para 92% em 2025 e chegue a 94,7% em 2026.

… “Eu não acredito nessa trajetória. Do mesmo jeito que eles [FMI] revisaram a projeção para o PIB [do Brasil], que estava errada, nós temos que cuidar para que essas profecias não se realizem”, disse Fernando Haddad a jornalistas, em Washington.

… O ministro reconheceu que há desafios em relação ao quadro fiscal, mas que a “situação não é tão negativa como estão pintando”.

… Para ele, os investidores estrangeiros são mais otimistas com o Brasil porque avaliam os indicadores com “mais frieza”.

… Haddad reforçou o comprometimento fiscal do presidente Lula, dizendo que “o governo está focado em controlar e monitorar de perto o crescimento dos gastos públicos, garantindo que ele permaneça sustentável e alinhado com o arcabouço fiscal”.

… Mais uma vez, o ministro não quis antecipar detalhes sobre a agenda de revisão de gastos, dizendo que quando voltar ao Brasil terá várias reuniões com o presidente Lula e que ele decidirá a respeito. “Ele é presidente e vai saber decidir.”

… No fim da tarde, uma nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República desmentiu notícia sobre resistências dentro do governo às medidas de corte de gastos que envolvem alterações em regras de benefícios sociais.

… A Secom tratou como informações falsas as notícias divulgadas pela imprensa a respeito de estudos sobre mudanças na multa do FGTS em caso de demissão sem justa causa e no pagamento do seguro-desemprego.

… A alteração nas regras do seguro-desemprego é uma das principais apostas na lista de Haddad e Simone Tebet para cortar gastos.

WASHINGTON – Guillen fala em dois eventos: do Citi, às 9h, e do JPMorgan, às 11h. Campos Neto e Haddad participam, às 14h, da conferência de imprensa do G20. Gabriel Galípolo já está de volta ao Brasil.

… Existe a expectativa de que ele leve a Lula nos próximos dias a lista de indicados às vagas abertas no BC.

… Secretária da CGU, Izabela Correa é o nome mais forte para ocupar a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta a partir do ano que vem, de acordo com fontes consultadas pelo Broadcast.

… Para o posto de Galípolo (Diretoria de Política Monetária), circula o nome de Gilneu Vivan, número 2 da área.

… Fala-se também de candidatas como a chefe da Unidade de Sustentabilidade e Investidores de Portfólio Internacional, Isabela Damaso (irmã de Otávio Damaso), e Juliana Mozachi-Sandri (hoje na Supervisão de Conduta).

ANDRÉ ESTEVES – À Bloomberg, o executivo do BTG Pactual disse que o pessimismo do mercado, com o real depreciado mesmo em meio à Selic em alta, embute as dúvidas sobre a sustentabilidade da trajetória fiscal.

… “Temos um passado de falta de disciplina fiscal”, observou, apesar de ter elogiado o trabalho de convencimento de Haddad junto a Lula sobre a importância de ferramentas de estabilidade às contas públicas.

… Ele também enalteceu o esforço do BC para conter a expectativa de inflação “levemente à frente da meta”.

VALE – O lucro líquido da mineradora deve cair 39,7% no 3Tri24 sobre o 3Tri23, para US$ 1,709 bilhão, segundo levantamento do Broadcast. Na comparação com o 2Tri24, a queda deve ser de 38,3%.

… Apesar do recorde de produção de julho a setembro (91MiT), o valor do minério recuou 11% no período, puxado pela queda de consumo na China.

… Ainda no noticiário da Vale, Lula pretende assinar o acordo de Mariana amanhã. O trato prevê novo fundo administrado pelo BNDES e programa de transferência de renda a pescadores e agricultores atingidos pela tragédia.

… Também estão previstos investimentos na duplicação de duas rodovias (BR-262 e BR-356). … Hoje, depois do fechamento, além da Vale, também Suzano e Multiplan também divulgam resultados.

EMENDAS – Após reunião dos Três Poderes, ficou acertado que as novas regras para dar mais transparência e rastreabilidade no repasse das verbas parlamentares ao Orçamento da União devem ser finalizadas até hoje.

… Pacheco afirmou que tanto a Câmara quanto o Senado pretendem votar o texto já na semana que vem.

… A partir da aprovação pelas duas Casas, ele acredita que o pagamento das emendas parlamentares, que está bloqueada desde agosto pelo ministro Flávio Dino, do Supremo, será retomado imediatamente.

LÁ FORA – Nos EUA, Beth Hammack (Fed/Cleveland) fala às 10h45. O auxílio-desemprego (9h30) tem previsão de 241 mil pedidos e as vendas de moradias novas (11h) devem registrar alta de 0,3% em setembro.

… Saem ainda a atividade nacional do Fed/Chicago (9h30) e a leitura preliminar de outubro do PMI/S&P Global composto (10h45), que também será divulgada na Alemanha (4h30), zona do euro (5h) e Reino Unido (5h30).

AFTER HOURS – Tesla fez uma festa (+12,08%) com a alta anualizada de 17% no lucro líquido do 3Tri (US$ 2,167 bilhões) e no ganho diluído por ação (US$ 0,62), que superou a projeção de US$ 0,59 dos analistas.

… Já IBM (-2,49%) operou frustrada pela receita de US$ 15 bi, um pouco abaixo das expectativas (US$ 15,1 bi).

ELEIÇÃO AMERICANA – Disputada voto a voto, a corrida para a Casa Branca está apertada em dois estados cruciais (Michigan e Wisconsin), de acordo com a nova pesquisa da Quinnipiac University, divulgada ontem.

… Kamala lidera por 49% a 46% entre os eleitores em Michigan. Na sondagem anterior, ele estava à frente por 50% a 47%. Em Wisconsin, os dois estão empatados com 48% (antes, o republicano vencia por 48% a 46%).

JAPÃO HOJE – A atividade registrou contração em outubro, segundo a leitura preliminar da S&P Global. O PMI industrial recuou de 49,7 em setembro para 49,5 e o dado de serviços cedeu de 53,1 para 49,3, abaixo de 50.

… Com isso, o PMI composto teve retração expressiva, de 52,0 para 49,4 no período.

PIOR QUE ESTÁ, FICA – Quando se imaginava que a curva do DI já estava com o fôlego esgotado e sem espaço para avançar mais, lá veio mais uma rodada de estresse para provar que o que está ruim sempre pode piorar.

… Pelo menos quatro motivos foram apontados ontem como estopins para a pressão renovada: incerteza fiscal (reforçada pelo FMI e resistência no governo a corte de gastos), conservadorismo de Pichetti e RCN, e Trump. 

… O diretor do BC Paulo Picchetti afirmou que há “razões claras” para começar um ciclo de alta dos juros. Na mesma linha, Campos Neto reforçou a mensagem de que o Copom deve apertar o passo em novembro.

… “É importante convencer o mercado de que vamos fazer o que for preciso para inflação convergir para meta.”

… No pior momento do dia, o contrato de juro para Jan29 testou os 13% e fechou muito perto desta marca, a 12,975% (contra 12,855% na véspera). De ponta a ponta, os vencimentos retomaram os exageros pessimistas.

… Jan/26 marcou 12,765% (de 12,690%); Jan/27, 12,960% (de 12,850%); Jan/31, 12,930% (12,810%); e Jan/33, 12,850% (12,740%). O mercado não se dobra à garantia do BC de que vai ancoragem a expectativa inflacionária.

… Em mais uma revisão para cima, a Warren Investimentos elevou ontem a previsão para o IPCA deste ano de 4,60% para 4,75%, motivada pelos preços mais elevados do que o esperado das carnes e da gasolina.

… Na edição desta semana do levantamento Focus, a mediana das estimativas para a inflação passou a rodar no teto da meta (4,5%), enquanto o ritmo de aquecimento econômico continua surpreendendo os economistas.

… Apesar do impulso da atividade, a XP Investimentos confia que a velocidade do PIB vai ter uma desaceleração importante no ano que vem, de 1,3 ponto porcentual, para 1,8%, contra a expansão de 3,1% prevista para 2024.

… Os mesmos fatores que puxaram nesta 4ªF o DI teriam tudo para puxar também o dólar. Mas um fluxo pontual de entrada de capital externo aliviou à tarde o viés de alta observado durante boa parte da sessão.

… Com uma força anulando a outra, o dólar travou em R$ 5,6928 (-0,08%) no fechamento. Continua flertando com R$ 5,70, porque a agenda de Trump é inflacionária e, aqui, o risco fiscal inibe qualquer queda maior.

… O BC informou ontem que o fluxo cambial na semana passada foi negativo em US$ 634 milhões. No acumulado de outubro, está positivo em US$ 1,916 bilhão. No ano, segue no azul, em US$ 8,679 bilhões.

EFEITO COLATERAL – Sem ter para onde correr, porque os DIs voltaram a embutir prêmio de risco e as commodities precipitaram uma onda de vendas lá fora, o Ibovespa completou uma sequência de cinco quedas.

… Fechou em baixa de 0,55%, aos 129.233,11 pontos, com volume financeiro magro, de apenas R$ 17,5 bilhões.

… A partir de hoje, com a Vale abrindo a safra de balanços importantes, a bolsa ganha este gatilho extra de volatilidade. Se der tudo errado, pode furar o suporte de 128.400 pontos, segundo análise gráfica do Itaú BBA.

… Já em caso de recuperação, o primeiro sinal de melhora seria romper a resistência em 132.300 pontos.

… Ontem, boa parte das piores baixas do Ibov foi de papéis sensíveis aos juros futuros: LWSA registrou queda de 2,95% (R$ 4,26), Azul perdeu 2,66% (R$ 5,48), Vivara recuou 2,55% (R$ 24,88) e RD Saúde caiu 2,41% (R$ 24,65).

… Também as blue chips das commodities não foram poupadas, diante da queda do minério (-1,91%) e do petróleo Brent (-1,42%), após o mercado se surpreender com o salto nos estoques semanais da commodity nos EUA.

… Petrobras ON caiu 1,42% (R$ 38,88) e PN cedeu 1,25% (R$ 35,66). Vale recuou 1,75% (R$ 59,35), entre as maiores perdas do Ibovespa. Hypera desvalorizou 3,98% (R$ 26,99), realizando lucro sobre altas recentes.

… Bancos ficaram sem direção única. Bradesco ON registrou -0,30%, a R$ 13,20, e PN, -0,40%, a R$ 15,12. No lado positivo, ficaram Banco do Brasil (+0,11%; R$ 26,33), Itaú (+0,63%; R$ 35,38) e Santander (+1,24%; R$ 28,54).

… IRB saltou 12,29% (R$ 47,71) após apresentar resultados fortes no mês de agosto. Ainda se destacaram entre as altas Carrefour (+5,24%; R$ 7,43), Cogna (+4,41%; R$ 1,42) e Yduqs (+4,05%; R$ 10,79).

COM O PÉ ATRÁS – Conforme a eleição americana se aproxima e as pesquisas indicam possibilidade de vitória, ainda que apertada, de Donald Trump, o mercado fica menos confortável com a perspectiva de um Fed mais conservador.

… Assim, o “Trump trade” ganha força com o investidor embutindo a insegurança nos ativos, saindo das ações e entrando no dólar, enquanto os juros dos Treasuries não param de subir.

… Em entrevista à CNBC, Tim Adams, do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), disse que “sem dúvida” as propostas de Trump, como a imposição de tarifas de importação e corte de impostos, são inflacionárias.

… “Seria uma quebra no progresso feito na redução dos preços”, disse o chefe do IIF.

… Para o banco BMO, a combinação da vitória de Kamala ou Trump com um Congresso dividido poderia deixar os investidores focados no aumento do déficit dos EUA, o que seria um “mau presságio” para ações e títulos.

… Ontem, em meio a reavaliação da perspectiva para os juros, o retorno da note de 10 anos subiu a 4,25% na máxima do dia, maior nível desde 26 de julho. Fechou perto disso, em 4,237% (de 4,210% no dia anterior).

… O rendimento da note de 2 anos, mais vulnerável ao rumo da política monetária, avançou a 4,076% (de 4,034%).

… Sensíveis aos juros, as sete magníficas caíram: Nvidia (-2,81%), Apple (-2,16%), Meta (-3,15%), Amazon (-2,63%), Alphabet (-1,40%), Microsoft (-0,68%). Tesla recuou 1,98% antes da divulgação do balanço, depois do fechamento.

… O grupo dragou o Nasdaq (-1,60%; 18.276,65 pontos) e pesou sobre o S&P 500 (-0,92%; 5.797,40). O Dow Jones caiu 0,96% (42.514,96). Os dois últimos recuaram pela 3ª sessão consecutiva.

… Sinal do nervosismo do dia, o VIX (“índice do medo”) subiu mais de 10%, a 20,19 pontos, durante a sessão.

… Apesar do mau desempenho dos últimos dias, Daniel Skelly (Morgan Stanley Wealth Management), avaliou, na Bloomberg, que o cenário à frente é positivo.

… “É possível um aumento de volatilidade, à medida que nos aprofundamos na temporada de balanços e nos aproximamos da eleição de novembro, mas a perspectiva de longo prazo do mercado permanece sólida”, disse.

… Entre as empresas que divulgaram balanços, AT& T (+4,60%) e Starbucks (+0,86%) agradaram, enquanto Coca (-2,07%) decepcionou. McDonald´s continuou em forte queda (-5,12%) por causa dos casos de E.coli nos EUA.

… No câmbio, o índice dólar continuou sua escalada: +0,30%, a 104,386 pontos. Além do “Trump trade”, teve ajuda de discursos dovish de autoridades do BCE e do BoJ.

… Durante a sessão, o iene bateu no menor nível em três meses (153,07/US$), revivendo as preocupações de uma intervenção pelo BC japonês. A moeda caiu 1,08% e fechou em 152,699/US$.

… Kazuo Ueda avaliou que está demorando para que o Japão chegue a uma inflação de 2% de forma sustentável, o que torna difícil definir um tamanho para aumento de juros.

… “Quando há muita incerteza, geralmente é melhor proceder de forma cautelosa e gradual”, disse.

… Entre os dirigentes do BCE, Fábio Panetta acredita que a economia da zona do euro está enfraquecendo e que a meta de inflação de 2% deve ser atingida “muito antes do fim de 2025”, o que demanda mais corte de juros.

… Apuração da Reuters apontou que o BCE iniciou discussões sobre a possibilidade de reduzir as taxas de juros para abaixo do nível neutro, em meio ao enfraquecimento da economia e à desaceleração da inflação.

… O euro caiu 0,11%, a US$ 1,0788, e a libra esterlina cedeu 0,39%, para US$ 1,2932.

EM TEMPO… BRASKEM registrou alta anualizada de 31% nas vendas do 3Tri24, segundo relatório preliminar…

… Vendas cresceram 14% sobre o 2Tri24. Exportações dos principais químicos caíram 47% na base anual e cederam 34% ante o 2Tri24.

LOJAS RENNER. Conselho de administração aprovou aumento do capital social da companhia no valor de R$ 518,6 milhões, com bonificações de ações; com isso, capital social passou a ser de R$ 9,5 bilhões.

GOL. Abra, controladora da empresa e da Avianca, fechou acordo de US$ 1,25 bi em transação de refinanciamento abrangentes, incluindo nova linha de crédito liderada pela gestora Castlelake…

… Em comunicado, a Abra explicou que uma subsidiária integral da empresa, a Abra Global Finance, fez uma colocação privada de US$ 510 milhões de notas seniores garantidas com vencimento em 2029…

… Empresa também celebrou contrato liderado pela Castlelake, prevendo uma linha de crédito, garantida por cinco anos, de US$ 740 milhões; as notas e a linha de crédito são garantidas pela empresa e algumas de suas subsidiárias.

SANTOS BRASIL aprovou a distribuição de R$ 126,7 milhões em dividendos intermediários (R$ 0,1466/ação) e R$ 36,8 milhões em JCP (R$ 0,0362/ação), com pagamento em 13/11; ex em 29/10.

RAÍZEN. Norges Bank passou a deter 5,09% do total de ações PN da companhia, o equivalente a 69.162.400 papéis do tipo.

TIM. Fitch confirmou rating AAA (bra) para a empresa, com perspectiva estável.

DEXCO. Raul Guaragna assumirá a presidência da companhia em abril de 2025 no lugar de Antonio de Oliveira.

CAIXA SEGURIDADE informou que valor de potencial follow-on dependerá do preço da ação na ocasião da oferta…

… Considerando o atual porcentual de ações em circulação, de 17,25%, o follow-on contemplaria 2,75% das ações, com base no patamar atual de cotação das ações da companhia.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Sem indicadores, dia tem Livro Bege e balanços da AT&T e Tesla


Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[23/10/24]

… Em mais um dia de agenda esvaziada de indicadores, os balanços da AT&T (antes da abertura) e de IBM e Tesla (após o fechamento) são os destaques em NY, junto com o Livro Bege (15h), que tem chance pequena de mexer nos mercados, e falas de vários dirigentes dos bancos centrais, incluindo Fed boys, Lagarde (BCE), Bailey (BoE) e Kazuo Ueda (BoJ). Notícias de que a ofensiva de Israel ao Irã se aproxima somam-se às incertezas sobre a eleição americana e a economia da China para manter um cenário externo que continua inspirando cautela, com impacto sobre os ativos domésticos. Ainda em Washington, Campos Neto participa de uma reunião com investidores do UBS (15h30), enquanto, aqui, Paulo Picchetti é o convidado de evento da XP Investimentos (10h) – os dois encontros abertos à imprensa.

… A revisão do FMI para o PIB brasileiro neste ano, de 2,1% para 3%, foi festejada pelo presidente Lula, que escreveu nas redes sociais que o Brasil está surpreendendo os “pessimistas e pregadores do caos”.

… O Fundo justificou a nova estimativa pelo “consumo e investimentos mais fortes no primeiro semestre do ano, devido a um mercado de trabalho aquecido, transferências governamentais e interrupções menores que o previsto com as enchentes do Rio Grande do Sul”.

… Nos Estados Unidos, Fernando Haddad disse aos jornalistas que o aumento na projeção de crescimento do Brasil é o maior já realizado pelo FMI e destacou que a economia está expandindo com uma inflação relativamente controlada.

… Segundo o ministro, “não é uma coisa que vai acontecer esse ano e, dali a pouco, para. Nós temos condição de continuar crescendo”.

… Para o próximo ano, o Fundo cortou a projeção do PIB em 0,20 pontos percentuais e projeta agora aumento de 2,2%.

… Questionado sobre o efeito fiscal no PIB, Haddad disse que o impulso neste ano está “muito menor” do que em 2023, e, no entanto, a economia está crescendo mais. O ministro negou que o Brasil esteja crescendo com estímulo fiscal. “Isso não é verdade.”

… A notícia não entusiasmou o mercado, que segue cobrando do governo as medidas de revisão de gastos, só esperadas para depois da eleição municipal. Haddad confirmou que terá reuniões com Lula e outros ministros para apresentar as propostas de cortes.

… Em uma declaração que foi recebida com desconfiança, Haddad disse que “a ideia é recompor a base fiscal brasileira, ao mesmo tempo em que as despesas devem cair como proporção do PIB, em linha com as regras estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal”.

… Para Cristiano Oliveira (Pine), “a sinalização de que parte do ajuste será feito via recomposição de despesa não é o que se esperava”.

.. Já Campos Neto reproduz o discurso do investidor, ao dizer em entrevista à CNBC que “é muito difícil acreditar que teremos juros muito menores do que hoje, a menos que nós sejamos capazes, de alguma forma, de produzir um choque positivo no lado fiscal”.

… Depois de comentar que não acredita que a eleição americana “mexerá tanto com os mercados”, RCN apontou que a grande dúvida no Brasil e mercados emergentes é qual será o ritmo de crescimento estrutural da China no médio e longo prazo, e não no curto.

REFORMA TRIBUTÁRIA – O senador Eduardo Braga (MDB-AM) propôs ontem a realização de 11 audiências públicas e 2 sessões temáticas sobre a regulamentação da reforma.

… A previsão é que as audiências sejam realizadas até 14 de novembro na CCJ. A votação, portanto, poderia ser realizada a partir da 2ª segunda quinzena de novembro.

MAIS AGENDA – Único dado aqui é a prévia do IPC-S. Nos EUA, as vendas de moradias usadas em setembro (11h) têm previsão de -0,5%. Os estoques de petróleo do DoE (11h30) devem ter crescimento de 800 mil barris.

… Falam em eventos públicos hoje Michelle Bowman (Fed, às 10h), Lagarde (11h), Tom Barkin (Fed, 13h), Kazuo Ueda (16h) e Andrew Bailey (17h30). O BC do Canadá divulga decisão de política monetária às 10h45.

AFTER HOURS – McDonald´s recuou 5,8% após o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA relacionar um surto de E. Coli ao consumo de hambúrgueres da rede.

… Foram confirmados 49 casos em 10 Estados entre 27/9 e 11/10, a maioria no Colorado e Nebraska.

… Starbucks teve queda de 4,15%, após divulgar a prévia do 4Tri fiscal com números piores que as expectativas.

… As vendas no conceito mesmas lojas caíram 7% ante o ano anterior, a receita teve queda de 3% e o lucro ajustado por ação cedeu 24%.

GIRANDO EM FALSO – Presos ao clima de insegurança com o fiscal doméstico e os efeitos colaterais para os mercados emergentes de uma potencial vitória de Trump, o câmbio e a curva do DI operam travados.

… O dólar e os juros futuros não vão nem muito para frente, porque já estão bem esticados, e nem muito para trás, porque não se sentem confortáveis em relaxar as posições defensivas no ambiente que inspira cuidados.

… Na primeira reação, ontem, a arrecadação de R$ 203,1 bilhões em setembro, recorde histórico para o mês e acima da mediana das estimativas do mercado, de R$ 201,5 bilhões, repercutiu bem. Mas não empolgou.

… O volume é considerado insuficiente para aliviar o contexto de risco fiscal. Mais do que dinheiro entrando nos cofres, o investidor cobra medidas de controle das despesas e aguarda pela agenda de revisão de gastos.

… “O governo precisa rapidamente reagir com ajuste fiscal convincente de cortes, pois as medianas do IPCA/24 e 2025 subirão mais, da mesma forma, que a reprecificação do dólar médio”, diz Eduardo Velho (da Equador).

… Ao Broadcast, o economista Étore Sanchez (Ativa) comenta que, mesmo no limite, o DI não desarma pressão.

… “Comprar nesses níveis [perto de 13%] é uma realidade insustentável, mas também com esse cenário fiscal ninguém vai querer se expor.” Segundo ele, a curva já precifica Selic compatível para combater a inflação.

… O profissional chama a atenção para o contrato de DI para jan/26, que rodava no fechamento de ontem em 12,690%, contra 12,665% na véspera. Jan/27 terminou a 12,850% (12,835%) e Jan/29, a 12,855% (12,880%).

… O vencimento para Jan/31 pagou taxa de 12,810% (contra 12,860%) e o Jan/33, 12,740% (contra 12,780%).

… A revisão para cima da projeção do FMI para o PIB doméstico reforça a perspectiva de que o Copom seja obrigado a subir mais fortemente a taxa Selic para conseguir esfriar a economia e reduzir os riscos inflacionários.

… No pass-through do câmbio para a inflação, desde que o mês começou, o dólar saiu de R$ 5,45 para R$ 5,70 (alta acumulada de quase 5% em outubro) e agora está estacionado neste patamar, sem driver para cair.

… A cautela deve prevalecer pelo menos até o governo detalhar seu plano de corte de gastos.

… No exterior, o viés do dólar também é de alta, com o mercado monitorando as pesquisas sobre a eleição presidencial americana e as sinalizações de membros do BCE, de que os juros continuarão caindo na Europa.

… O dólar fechou ontem em leve alta de 0,12%, a R$ 5,6973. O real não conseguiu faturar o impulso de 2% do petróleo e foi a única moeda entre as maiores economias emergentes e exportadores de commodities que caiu.

… A LCA considera improvável que as incertezas fiscais e externas se diluam no curto prazo e elevou de R$ 5,30 para R$ 5,50 o dólar projetado para o fim do ano. A consultoria calcula que 60% da alta deste mês vem de fora.

… Segundo a LCA, além do efeito Trump, o mercado de trabalho nos EUA segue fortalecido e o consumo das famílias se mantém dinâmico, o que resulta em recuo menor da inflação e ciclo mais curto de corte do juro.

DIA DA MARMOTA – Não se passa um pregão sem que os investidores atribuam o pessimismo ou a cautela dos mercados domésticos à política fiscal expansionista. Agora, ainda tem Trump para justificar a fadiga do Ibovespa.

… Praticamente parado no lugar nos últimos pregões (como os demais ativos), o índice à vista fechou ontem em queda moderada de 0,31%, abaixo dos 130 mil pontos (129.951,37 pontos), com giro baixo de R$ 18,1 bilhões.

… Quase 70% da carteira de ações terminou no terreno negativo. Entre as blue chips, Itaú (+0,17%; R$ 35,16) operou em alta isolada entre os bancos e Vale (ON, +0,13%, a R$ 60,41) testou reação na reta final da sessão.

… A companhia, que solta balanço amanhã, conseguiu driblar a queda do minério de ferro (-0,52%).

… Repercutiu a chance de fechar um acordo com o governo até novembro para o pagamento de outorgas não quitadas na renovação antecipada de ferrovias, segundo informação do ministro Renan Filho (Transportes).

… De novo “do contra”, Petrobras não seguiu a forte alta do Brent (+2,35%, a US$ 76,04 por barril). O papel ON caiu 0,48% (R$ 39,44) e o PN baixou 0,39% (R$ 36,11).

… Também no vermelho, Bradesco ON cedeu 0,53% (R$ 13,24) e Bradesco PN, -0,65% (R$ 15,18); Santander, -1,05% (R$ 28,19); e BB, -1,20% (R$ 26,30).

… Azul (-5,70%), a R$ 5,63, foi a maior queda do Ibov. Eztec cedeu 4,21% (R$ 13,41) e MRV caiu 3,91% (R$ 6,88).

… Hypera liderou entre os poucos ganhos, com +7,45%, a R$ 28,11, ainda repercutindo a proposta de fusão feita pela EMS. Vamos subiu 2,98% (R$ 6,23) e GPA teve alta de 2,55% (R$ 3,22).

COMBO DE INCERTEZAS – Bolsas, dólar e Treasuries terminaram a 3ªF com variações discretas em NY, numa sessão sem indicadores e sob um cenário que aponta para uma perspectiva de juro alto nos EUA por mais tempo.

… A iminência de um ataque de Israel ao Irã contribuiu para deixar investidores com o pé atrás. Circularam notícias da mídia israelense de que a ofensiva se aproxima.

… Nos EUA, à economia resiliente se somou a possibilidade de vitória de Trump em novembro, candidato que propõe políticas que podem reativar a inflação, o que demandaria uma postura mais defensiva do Fed.

… Como já tinham saltado na véspera, os juros dos Treasuries pouco se moveram, consolidando-se no high.

… O retorno da note de 10 anos chegou a atingir 4,222%, maior nível desde 26 de julho, mas no fim do dia diminuiu a alta a 4,206%, de 4,202% no fechamento anterior.

… A taxa da note de dois anos recuou a 4,032% (de 4,033%) e a do T-bond de 30 anos caiu a 4,496% (de 4,502%).

… Para a Capital Economics, apesar das últimas pesquisas, o cenário da eleição ainda está incerto.

… Esta percepção é corroborada pelo monitoramento do 538, site conhecido por suas análises estatísticas e que ontem apontava 50% de chances de vitória tanto para Kamala Harris quanto para Trump.

… Numa vitória de Harris, as previsões econômicas dos EUA permaneceriam inalteradas e a política seguiria rumo semelhante ao da administração de Joe Biden, segundo a Capital.

… Já uma vitória de Trump deve ter efeito estagflacionário na economia no curto prazo, projeta a consultoria. Para o Julius Baer, uma conquista avassaladora dos republicanos no Congresso seria um risco negativo.

… Enquanto a eleição não se resolve, mudanças nas pesquisas de opiniões podem causar grandes movimentos no dólar, avaliam analistas do Danske Bank.

… Mas ontem, pelo menos, o índice que projeta a moeda ante seis pares (DXY) mal saiu do lugar, em 104,075 pontos (+0,06%). Em outubro, porém, acumula alta de 3%.

… Declarações dovish de vários dirigentes do BCE ajudaram a derrubar empurrar o euro (-0,16%, a US$ 1,0800).

… Lagarde disse que a inflação pode cair à meta de 2% mais rapidamente que o previsto, uma visão compartilhada pelo colega de BCE Robert Holzmann, indicando “processo deflacionário muito mais rápido do que pensávamos”.

… Mário Centeno, de Portugal, afirmou que pode ser necessário cortar o juro mais rapidamente ou aumentar as magnitudes dos cortes, se a economia mostrar que isso é necessário.

… A libra ficou estável (-0,02%), em US$ 1,2983. O iene caiu 0,21%, a 151,062/US$.

… Dos balanços divulgados ontem, apenas GM surpreendeu. A ação da montadora disparou 9,8% com lucro e receita acima das expectativas e o anúncio de que vai recomprar mais ações.

… Os resultados de 3M (-2,31%), Verizon (-5,03%) e Texas Instruments (-0,92%) não agradaram.

… No balanço do dia, Dow Jones (-0,02%; 42.924,83 pontos) e S&P 500 (-0,05%; 5.851,26) ficaram estáveis e o Nasdaq teve ligeira alta de 0,18% (18.573,13).

EM TEMPO… AZUL tem duas propostas na mesa para levantar entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões no mercado, usando a Azul Cargo como garantia. (Valor)

LATAM elevou estimativa de Ebitdar para US$ 3 bilhões a US$ 3,15 bilhões em 2024, ante previsão anterior de US$ 2,75 bilhões a US$ 3,05 bilhões.

USIMINAS. BlackRock reduziu participação para 26.995.624 de ações PNA, o equivalente a 4,93% do total.

CARREFOUR vendeu 15 imóveis para o Fundo de Investimento Imobiliário Guardian Real State por R$ 725 milhões…

… A empresa informou que as vendas consolidadas brutas somaram R$ 29,5 bilhões no 3Tri/24, alta de 4,8% sobre o 3Tri/23. Os dados são preliminares.

NEOENERGIA registrou lucro líquido ajustado de R$ 908 milhões no 3TRI, queda de 7% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 2,485 bilhões, recuo de 5% em relação a igual período de 2023.

ROMI. Lucro caiu 46,7% no 3TRI24 s/ 3TRI23, para R$ 23,7 milhões; Ebitda encolheu 38,6%, para R$ 34,2 milhões na mesma base de comparação.

COSAN aprovou a 11ª emissão de debêntures, no valor de R$ 2,5 bilhões.

INFRACOMMERCE emitiu R$ 70 milhões em notas comerciais e informou que Bruno Vasques assume, a partir do dia 11 de novembro, o cargo de VP de Finanças e diretor de RI.

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Investidor em NY já se movimenta para vitória de Trump


Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[22/10/24]

… Agenda esvaziada nesta 3ªF prevê apenas a arrecadação de setembro, que a Receita divulga às 10h30. Lá fora, os mercados em NY já se movimentam para uma eventual vitória de Trump, que continua subindo nas pesquisas e lidera nas plataformas de apostas, com 63% contra 37% de Harris na Polymarket. Coincidindo com as falas mais conservadoras dos Fed boys, que confirmam o gradualismo nos cortes, a perspectiva de um novo mandato do republicano puxa os juros dos Treasuries e o dólar, porque o investidor teme por mais déficit e por mais inflação com ele. Mas, na B3, os exageros são tão exagerados, que a curva do DI não reagiu, embora a pesquisa Focus tenha confirmado nova deterioração das expectativas inflacionárias, que está na base de nova onda de revisões das estimativas da Selic e IPCA.

… O Bradesco começou a semana elevando a sua previsão da inflação deste ano de 4,4% para 4,5% e a estimativa da Selic de 11,25% para 11,75%. Já para 2025, reduziu a projeção de inflação de 3,9% para 3,8%, mas aumentou a Selic de 10,50% para 10,75%.

… Também o Rabobank elevou, ontem, suas estimativas para o IPCA de 2024, de 4,3% para 4,5%, citando os impactos da seca na conta de energia elétrica e nos preços da carne bovina, e a projeção para a Selic terminal de 12% em janeiro para 12,5% em março/25.

… A LCA foi na mesma direção, subindo a expectativa do IPCA de 4,4% para 4,5%, com viés de alta, sobretudo pela bandeira tarifária na conta de energia e a possibilidade de um câmbio ainda mais pressionado. Ontem o dólar bateu na máxima R$ 5,73.

… Na Focus, a mediana do IPCA para 2024 chegou ao teto da meta de 4,50%, ante 4,39% na semana passada, e a de 2025 subiu de 3,96% para 3,99%. A projeção suavizada de 12 meses foi de 3,96% para 4,01%. A curva não ajustou porque está no limite (leia abaixo).

… Ainda pela manhã, Campos Neto citou, em evento da 20-20 Investment Association, em SP, as preocupações com a desancoragem das expectativas e de métricas como as inflações implícitas, reforçando que a autarquia vai perseguir a meta de inflação.

… RCN disse que as medidas para equalizar as contas públicas são importantes para a política monetária, uma vez que a falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência. “Para que possa haver juros mais baixos é preciso um choque fiscal positivo.”

… Na reunião com o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, os economistas de São Paulo reforçaram sua preocupação com a política fiscal, afirmando que nem o cumprimento da meta primária deste ano garantirá credibilidade ao arcabouço.

… De acordo com relatos apurados pelo Broadcast com os participantes, a avaliação de consenso é de que cada notícia positiva no front fiscal vem acompanhada de outra notícia ruim, o que limita a credibilidade da política fiscal.

… Em geral, a leitura é de que a expansão de estímulos parafiscais pode minar ganhos relativos ao cumprimento da meta fiscal.

… Nos dois encontros, eles concordaram que será necessário a Selic subir até um nível entre 12,0% e 12,50% neste ciclo de aperto, e com algum viés de alta ou de manutenção dos juros em nível restritivo por mais tempo.

… Em relação à inflação, parte dos economistas trabalha com um cenário de descumprimento do teto da meta do IPCA para este ano, de 4,50%. Para o ano que vem, os economistas estimaram uma inflação entre 4,0% e 4,50%.

… Sobre o cenário externo, concordam que há uma sinalização pior para países emergentes em caso de vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em meio à tendência de desaceleração da economia chinesa.

TRUMP TRADE – Segundo o Commerzbank, há um sentimento crescente de que Donald Trump pode ser eleito presidente nos EUA e os traders já começam a migrar para investimentos que seriam favorecidos em caso de vitória do ex-presidente.

… O banco alemão aposta em um crescimento mais robusto da economia americana no curto prazo, com alta de tarifas sobre os produtos estrangeiros e um impulsionamento da inflação americana, resultando em taxas de juros mais elevadas.

… Nesta 2ªF, o mercado aumentou as apostas em um corte acumulado mais brando pelo Fed até o final deste ano. A probabilidade de um ajuste total de apenas 25pbs até dezembro subiu de 21,8% na 6ªF para 31,4% no final da tarde, segundo o CME FedWatch.

… A aposta em uma queda de 50pbs até o fim do ano, no entanto, segue majoritária, embora tenha recuado de 76,8% para 65,3%.

… Ainda segundo o BNP Paribas, o resultado da eleição nos EUA determinará a perspectiva de curto prazo do dólar. Uma onda vermelha, na qual Trump se torna presidente e os republicanos controlam o Congresso, seria o resultado mais positivo para o dólar.

MAIS AGENDA – Campos Neto dá entrevista à CNBC (13h) e faz palestra às 16h15, enquanto Galípolo, que também está em Washington, terá audiências com o FMI e Haddad deve se reunir às 17h com a Fitch.

… Em Brasília, Lira e Pacheco devem se reunir com o relator do Orçamento, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), para discutir acordo sobre emendas. A temporada dos balanços começa com Neoenergia, após o fechamento.

… Para a arrecadação federal, a mediana em pesquisa Broadcast aponta R$ 201,50 bilhões em setembro, praticamente igual a agosto (R$ 201,622 bi). O intervalo das apostas vai de R$ 194,72 bilhões a R$ 217,0 bilhões.

LÁ FORA – Lagarde (BCE, 16h15), Andrew Bailey (BoE, 10h25) e Patrick Harker (Fed, 11h) falam. Às 17h, Yellen participa de painel. GM, 3M e Verizon soltam balanço antes da abertura. Na Rússia, começa a cúpula do Brics.

PASSOU DO PONTO – Depois de terem encostado em 13% na semana passada, os juros futuros entenderam que a ousadia já foi tão longe, que a única saída seria chamar um movimento técnico de correção de excessos.

… Ou seja, a correção das taxas nesta 2ªF esteve bem longe de representar um alívio, foi falta de opção. Vai ser difícil relaxar antes do pacote de corte de gastos prometido pelo governo para depois do 2º turno das eleições.

… No fechamento, o DI para Janeiro de 2026 marcou 12,665% (de 12,705% no fechamento de 6ªF); Jan/27 caiu a 12,835% (12,900%); Jan/29, a 12,880% (12,915%); Jan/31, a 12,860% (12,870%); e Jan/33 a 12,780% (12,790%).

… No Focus, a projeção da Selic para o ano que vem subiu de 11,00% para 11,25%, sinalizando que a régua está cada vez mais alta para um corte do juro, sob o efeito combinado de inflação, atividade e fiscal expansionista. 

… Para 2024, a mediana para a Selic se manteve em 11,75%, precificando duas doses de +0,5pp (nov e dez). 

… Canal de transmissão inflacionária, o câmbio começa a causar maior desconforto no mercado, que elevou no Focus a previsão do dólar no fim do ano de R$ 5,40 para R$ 5,42. Ontem, a moeda encontrou teto em R$ 5,70.

… Tão comprado quando as taxas do DI, o dólar chegou a esticar até perto de R$ 5,74 na máxima intraday (R$ 5,7351), mas a este nível precipitou ordens de vendas e fechou em leve baixa de 0,15%, cotado a R$ 5,6904.

… Como se vê, o câmbio já andou estressando tanto, que uma correção estratégica se tornou inevitável.

CONTRA A MARÉ – Sem conseguirem surfar na onda positiva do minério de ferro e do petróleo, que subiram em torno de 1,5%, os papéis da Vale e da Petrobras operaram no negativo e inibiram as chances do Ibovespa.

… Na primeira hora de negócios, o índice à vista até chegou a operar no azul com as commodities, mas logo perdeu fôlego. Fechou em leve baixa de 0,11%, aos 130.361,56 pontos, com giro fraco de R$ 18,2 bilhões.

… Vale (ON, -0,36%, a R$ 60,33) refletiu a cautela dos investidores quanto à proposta de acordo relativo ao desastre de Mariana (MG), vista como “positivo” pelo Itaú BBA, mas com ressalvas pelo Goldman Sachs.

… A ação da mineradora ignorou o ânimo do minério (+1,45%, em Dalian) com a decisão da China de reduzir as taxas de juros.

… O PBoC já fez sete cortes nos juros desde julho e a Capital Economics ainda espera uma diminuição de 40 pb nas taxas de referência em 2025.

… Para o Goldman Sachs, há espaço para maior flexibilização monetária no país ainda este ano, como um corte de 50 pb no compulsório bancário.

… Descolada do Brent (+1,68%; US$ 74,29/barril), Petrobras ON caiu 1,83% (R$ 39,63) e PN, 1,57% (R$ 36,25), ambas entre as maiores perdas da sessão.

… Bancos também ficaram no vermelho: Bradesco ON (-0,22%; R$ 13,31), Bradesco PN (-0,26%; R$ 15,28), Banco do Brasil (-0,26%; R$ 26,62), Itaú (-0,51%; R$ 35,10) e Santander (-0,52%; R$ 28,49).

… Hapvida liderou as perdas, com -2,93%, a R$ 3,65. Na ponta oposta, Embraer avançou 4,17% (R$ 49,98), após divulgar que a carteira de pedidos do 3Tri atingiu o nível mais alto em nove anos.

… Vamos Locação (+4,13%; R$ 6,05) e Magazine Luiza (+2,87%; R$ 9,67) completaram as primeiras posições positivas.

… Depois de ceder por boa parte do pregão, diante da descontinuidade do guidance de 2024, o papel da Hypera subiu 1,91% (R$ 26,16) com a notícia da proposta de fusão feita pela EMS.

“ONDA VERMELHA” – Embora as pesquisas de intenções de voto à Casa Branca ainda não cravem um vencedor, o mercado já cogita mais fortemente as chances de Trump e de domínio dos republicanos na Câmara e Senado.

… Se for este mesmo o desfecho da corrida presidencial, a percepção entre os analistas é de que o déficit fiscal dos EUA deve se acentuar, o que poderia levar o Fed a ser mais cauteloso nos cortes de juros no próximo ano.

… Sob o efeito ´Trump trade’, os juros dos Treasuries dispararam junto com o dólar e incentivaram queda nas bolsas.

… Depois de os principais índices de ações em NY terem fechado seis semanas de ganhos consecutivos na 6ªF, investidores partiram para a realização de lucros, também se preparando para uma semana pesada em balanços.

… 114 das 500 companhias do S&P 500 vão divulgar resultados nos próximos dias. Entre elas, pesos-pesados como Tesla, Coca-Cola e Texas Instruments.

… Analistas observam que os índices estão próximos a níveis de sobrecompra, o que os deixam mais vulneráveis a tomada de lucros.

… O S&P 500 (-0,18%, a 5.852,98 pontos) não tem duas sessões consecutivas de queda há mais de 30 sessões, desempenho que é um dos melhores desde 1928, de acordo com a Bloomberg, que cita dados do Sentiment Trader.

… Ontem, 10 dos 11 setores do índice ficaram no vermelho. A exceção foi tecnologia. O Dow Jones caiu 0,80% (42.931,60) e o Nasdaq subiu 0,27% (18.540,01).

… Boeing, que divulga balanço amanhã, avançou 3,11% após chegar a um acordo com o sindicato de trabalhadores, que pode marcar o fim da greve que afetou a produção da companhia. 

… Sem indicadores no dia, os juros dos Treasuries deram um salto, influenciados por uma combinação de resiliência da economia americana, chance de gradualismo nos próximos passos do Fed e a eleição nos EUA.

… Em discursos ontem, dirigentes do Fed soaram bastante cautelosos. A presidente da distrital de Dallas, Lorie Logan, afirmou que os riscos de aumento da inflação são “reais”, diante de uma economia forte e saudável.

… Neel Kashkari (Minneapolis) defendeu cortes de juros moderados nos próximos meses, também citando a economia resiliente.

… Com o mercado já fechado, Jeffrey Schmid (Kansas City) disse que uma abordagem “cautelosa e gradual” na política monetária é a mais adequada. Já Mary Daly disse não haver razão para suspender os cortes nas taxas.

… No fim do pregão em NY, o juro da note de 2 anos avançava a 4,026% (de 3,956%) e o da note de 10 anos subia a 4,189% (de 4,077%). O do T-bond de 30 anos projetava 4,498% (de 4,397%).

… O índice dólar (DXY) chegou a superar os 104 pontos pela 1ª vez desde agosto, mas ainda fechou um pouco abaixo, em 103,982 pontos (+0,47%).

… Com vários dirigentes do BCE defendendo corte de juros no dia (Gediminas Simkus, Martin Kazaks e Peter Kazimir) o euro recuou 0,46%, a US$ 1,0817.

… Em relatório, a Fitch disse que espera aceleração dos cortes pelo BCE, com recuo de 25pb em dezembro e mais quatro na mesma magnitude (março, junho, setembro e dezembro). A taxa terminal, prevê, vai chegar a 2% ao ano.

… A libra caiu 0,44%, a US$ 1,2985, e o iene recuou 0,80%, a 150,742/US$.

EM TEMPO… PETROBRAS divulga relatório trimestral de produção e vendas no próximo dia 28 e solta balanço em 7/11.

B3 anunciou a 9ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor de R$ 1,7 bilhão.

… A companhia revisou a projeção do nível de endividamento para 2024, de 2 vezes para 2,3 vezes a relação de dívida bruta/Ebitda recorrente dos últimos 12 meses.

TELEFÔNICA. Participação minoritária adquirida pela Vivo Ventures na AGL Holding, controladora da Agrolend, equivale a 0,9% do capital social total da empresa…

… Negócio de US$ 1,55 milhão, anunciado na semana passada, será pago em 20 dias úteis a partir da assinatura dos documentos definitivos.

LOCALIZA fará resgate antecipado facultativo das debêntures da 2ª série da 13ª emissão, da 1ª e 2ª séries da 24ª emissão, da 28ª emissão e da 32ª emissão.

RUMO. Rafael Bergman renunciou ao cargo de VP financeiro e de RI. Guilherme Lelis Bernardo Machado assumirá.

COSAN anunciou nova diretoria executiva, que assumirá a partir de 1º/11. Marcelo Eduardo Martins assume como diretor-presidente e Nelson Gomes será diretor-presidente da Raízen.

… Ricardo Mussa será diretor-presidente da Cosan Investimentos.

SMARTFIT fará a 11ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única e no valor total de R$ 300 milhões.

… O prazo de vencimento será de cinco anos, vencendo em 30 de outubro de 2029.

CRÉDITO IMOBILIÁRIO. Bancos começaram a elevar juro na modalidade e apertar condições de financiamento. Itaú elevou a taxa média de 10,49% para 10,79%. Bradesco, Santander, e BRB também consideram reajustes. (Broadcast)


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