Resumo semanal: 08/09 a 12/09

Por Matheus Gomes de Souza, CEA Ásia Em agosto, a balança comercial chinesa registrou superávit de US$ 102,3 bilhões, com alta das exportações para mercados como a União Europeia e ASEAN, mas queda consistente para os EUA, reflexo do impacto tarifário. O fluxo de crédito agregado cresceu, puxado por significativa emissão de títulos públicos. A […]

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Por Matheus Gomes de Souza, CEA

Ásia

Em agosto, a balança comercial chinesa registrou superávit de US$ 102,3 bilhões, com alta das exportações para mercados como a União Europeia e ASEAN, mas queda consistente para os EUA, reflexo do impacto tarifário. O fluxo de crédito agregado cresceu, puxado por significativa emissão de títulos públicos. A inflação ao consumidor recuou no mês, com queda nos preços de alimentos, mas o núcleo permaneceu estável; já o PPI continuou em deflação, reforçando preocupações com a demanda industrial. No campo militar, Pequim movimentou seu porta-aviões mais avançado, o Fujian, pelo Estreito de Taiwan, ação vista como sinal de maior assertividade regional.

As tensões no Mar da China Meridional aumentaram após protesto das Filipinas contra planos chineses de criar uma reserva no Atol de Scarborough, área em disputa. Simultaneamente, Pequim avançou em sua influência econômica, com a fabricante COMAC negociando vendas de aeronaves C919 para mercados da ASEAN e ampliando acordos energéticos com a Rússia. No campo diplomático, a China reforçou sua defesa ao multilateralismo na cúpula dos BRICS, enquanto relações com países ocidentais seguem tensionadas. Apesar dos sinais de fraqueza inflacionária, o aumento do risco geopolítico mantém a percepção de volatilidade para ativos asiáticos e comércio global no curto prazo.

Europa

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as taxas de juros inalteradas, conforme as expectativas do mercado, preservando a taxa de depósito em 2%. A autoridade monetária avalia que a inflação permanece próxima da meta de 2% e deverá seguir sob controle nos próximos anos. As projeções apontam para um crescimento econômico de 1,2% em 2025, ligeiramente acima da estimativa anterior. Christine Lagarde, presidente do BCE, indicou que o processo de desinflação está concluído e que os juros se encontram em nível adequado, sugerindo que o ciclo de cortes pode estar no fim. Decisões futuras seguirão condicionadas à evolução dos indicadores econômicos.

No cenário político, a França enfrenta mudanças relevantes após Emmanuel Macron nomear Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro, em substituição a François Bayrou, afastado após derrota em voto de confiança no Parlamento. A oposição barrou o projeto orçamentário de 2026, reforçando desafios fiscais no país. Lecornu, aliado próximo de Macron, deverá buscar um plano fiscal mais moderado, alinhado às regras da União Europeia. No Reino Unido, o PIB mensal de julho ficou estável, com expansão modesta dos setores de serviços (+0,1%) e construção (+0,2%), enquanto a indústria recuou 0,9%, refletindo um quadro de recuperação desigual entre segmentos.

Oriente Médio

Entre 8 e 12 de setembro, o cenário geopolítico da região foi marcado pela intensificação da guerra Israel-Hamas, com operações militares israelenses em Gaza e ataques aéreos no Catar que eliminaram membros da liderança do grupo, gerando forte condenação internacional e deteriorando perspectivas de cessar-fogo. Na fronteira com o Líbano, novos confrontos com o Hezbollah ampliaram o deslocamento de civis e elevaram risco militar regional. A escalada de violência pressiona preços internacionais de petróleo e eleva prêmios de risco para ativos do Oriente Médio.

No Irã, as negociações nucleares ganharam novo fôlego após acordo com a AIEA para retomada de inspeções, o que reduziu temporariamente a probabilidade de sanções adicionais. A Arábia Saudita reforçou a agenda Vision 2030 e manteve diálogo com os Houthis do Iêmen, embora ataques no Mar Vermelho continuem a ameaçar o comércio global. A persistente instabilidade na Síria e no Iraque, mesmo com relativa calma política, mantém a região sensível a choques externos e a movimentos especulativos em commodities energéticas.

Estados Unidos

Em agosto, o índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 0,4% em relação ao mês anterior, segundo o Departamento do Trabalho. O núcleo do indicador — que exclui alimentos e energia — subiu 0,3% no período, acumulando alta de 3,1% em 12 meses, acima da meta do Federal Reserve. Já o índice de preços ao produtor (PPI) recuou 0,1% no mês, pressionado por menor margem comercial, enquanto seu núcleo aumentou 0,3%, registrando ganho anual de 2,8%. Apesar do arrefecimento pontual na inflação ao produtor, a persistência da alta inflacionária reforça o cenário de cautela na política monetária.

Na avaliação de mercado, tarifas comerciais e o ambiente externo ainda podem manter pressões inflacionárias nos próximos meses. Ainda assim, declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, indicam que um corte de juros na reunião deste mês é o cenário mais provável. No front empresarial, o índice de otimismo das pequenas empresas da NFIB surpreendeu ao subir 0,5 ponto, para 100,8, impulsionado por maior contratação e melhores expectativas de vendas. O mercado de trabalho segue resiliente, com pedidos semanais de seguro-desemprego em 263 mil, sinalizando que a atividade econômica permanece robusta.

Brasil

A economia brasileira segue em ritmo de desaceleração, com a indústria e o varejo mostrando perda de fôlego devido aos juros elevados, enquanto o setor de serviços mantém crescimento moderado. O IPCA registrou deflação de 0,11% em agosto, influenciado pela queda na energia elétrica, mas o núcleo segue pressionado, mantendo a Selic em 15% nas projeções até o início de 2025. O cenário externo, com possível corte de juros nos EUA e na Europa no próximo trimestre, abre espaço para uma política monetária mais acomodativa, mas a autoridade monetária brasileira permanece cautelosa diante de riscos fiscais.

No campo político, o Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada, tornando-o inelegível por longo período. A notícia teve repercussão nos mercados: o real oscilou frente ao dólar, e a curva de juros futuros subiu levemente diante da percepção de maior incerteza institucional. Analistas avaliam que, embora o impacto de curto prazo sobre indicadores econômicos seja limitado, possíveis protestos, instabilidade política e agendas legislativas travadas podem atrasar reformas e influenciar decisões de investimento, afetando o PIB já projetado em 2% para 2025.

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