Bolsas têm dia de respiro e dólar recua com inflação mais baixa nos EUA, mas ‘shutdown’ ainda preocupa

O dólar perdeu força frente a outras moedas e as bolsas americanas ensaiaram alta nesta sexta-feira, após a divulgação de novos dados de inflação mais baixos que o esperado nos Estados Unidos e na Europa.

Porém, o clima positivo não perdurou até o fim do dia porque permanece o risco do ‘shutdown’, a paralisação das principais atividades do governo americano a partir de domingo porque o Congresso dos EUA ainda não chegou a um acordo para liberar mais recursos para os gastos federais.

O PCE, medida preferida de inflação do Fed, o banco central americano, subiu apenas 0,4% em agosto na comparação com julho, abaixo da alta de 0,5% estimada pelos economistas. Foi o ritmo mais lento de aumento dos preços desde o fim de 2020, renovando as expectativas de que o Fed não mexerá nos juros na sua próxima reunião de política monetária, em novembro.

Na Zona do Euro, a inflação desacelerou para uma alta de 4,3% em setembro, na comparação anual, também abaixo do avanço de 4,8% esperado pelos economistas para o período, marcando a taxa mais baixa desde outubro de 2021.

No meio da tarde veio a notícia de que a Câmara dos EUA rejeitou a proposta do Partido Republicano para evitar o ‘shutdown’, levando o dólar a se afastar das mínimas do dia e as bolsas a virarem para o vermelho em Nova York. Os congressistas americanos precisam aprovar até este sábado um projeto que amplie o financiamento do governo americano, caso contrário, o Tesouro dos EUA não terá recursos para pagar funcionários públicos e manter serviços federais funcionando a partir de 1º de outubro.

No cenário doméstico, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu hoje que a “barra para aumentar ritmo de corte da Selic está ligeiramente mais alta”, afastando qualquer possibilidade de uma redução mais acelerada dos juros, além do ritmo de 0,5 ponto percentual por reunião do Copom.

Nas bolsas em Nova York, o índice Dow Jones encerrou o dia em baixa de 0,47%, aos 33.507,50 pontos. O S&P500 recuou 0,27%, aos 4.288,05 pontos. O Nasdaq subiu 0,14%, aos 13.219,32 pontos. Na semana, o Dow Jones recuou 1,34%, o S&P500 baixou 0,74% e o Nasdaq ganhou 0,06%. No mês de setembro, os índices acumularam perdas de, respectivamente, 3,50%, 4,87% e 5,81%.

No Brasil, o Ibovespa teve a terceira sessão seguida de ganhos, fechando o dia em alta de 0,72%, aos 116.565,17 pontos. Na semana, o índice subiu 0,48%. No mês, o avanço foi de 0,71%. E no ano, o Ibovespa acumula alta de 6,22%.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,26%, cotado a R$ 5,0268. Na semana, a moeda subiu 1,91%. Em setembro, a alta foi de 1,53%. Mas, no ano, a divisa cai 4,80%. (Téo Takar)

Ações ligadas à economia doméstica lideram altas; CVC devolve ganho recente

O alívios nos DIs beneficiou o desempenho dos ativos com maior exposição à economia doméstica na sessão desta 6ªF, com #BHIA3 (+6,78%, a R$ 0,63) liderando as altas do Ibovespa. Outro destaque foi #IRBR3, com +5,36%, a R$ 44,00, na vice-liderança, em um movimento de correção. Ainda figurou a lista #HAPV3, que subiu 5,15%, a R$ 4,70. Por outro lado, #NTCO3 repetiu a tendência negativa da véspera e ficou entre as maiores perdas do índice, caindo 2,22%, a R$ 14,56.

A maior desvalorização do dia foi de #CVCB3 (-3,02%; R$ 2,57), em realização. Outro destaque foi #CPFE3, com baixa de 1,61% (R$ 33,61). Os principais bancos fecharam mistos. #BBAS3 recuou 0,97% (R$ 47,18) e #ITUB4 cedeu 0,15% (R$ 27,21). Já #BBDC3 registrou +0,96%, a R$ 12,66, #BBDC4, +0,35%, a 14,30, e #SANB11, +0,15%, a R$ 26,05. Mesmo com a queda do petróleo, #PETR3 ganhou 1,01% (R$ 37,89) e #PETR4 subiu 0,55% (R$ 34,64). #VALE3 teve elevação de 1,32%, a R$ 67,58. (Igor Giannasi)

Juros fecham em queda, mas saltam 0,40pp no mês com cenário externo e preocupação fiscal

As taxas dos DIs tiveram novo dia de queda, acompanhando o recuo dos rendimentos dos Treasuries e do dólar. Nas posições mais curtas, os juros dos títulos americanos recuaram sob influência do PCE, cheio e núcleo, ligeiramente abaixo do esperado na comparação de agosto com julho. O dado, contudo, não alterou a perspectiva manutenção do juro básico pelo Fed até o fim do ano. As posições de longo prazo caíram ao longo do dia, mas se recuperaram para perto da estabilidade com a falta de acordo no Congresso americano para evitar o shutdown do governo.

Aqui, os juros futuros caíram entre 0,12pp e 0,17pp no dia, mas no mês a cautela com o quadro externo mais desafiador, com BCs indicando juros mais altos por mais tempo, e o cenário fiscal doméstico aumentaram os prêmios em mais de 0,40pp do miolo da curva para frente. Um pouco atrás, o DI Jan25 subiu 0,32pp. No fechamento, o contrato DI para jan/24 caiu a 12,240% (de 12,255%, ontem); o jan/25, a 10,840% (de 10,967%); o jan/26 recuou a 10,580% (de 10,759%). O jan/27 cedeu a 10,810% (de 10,989%); jan/29, a 11,290% (de 11,467%); e o jan/31, a 11,570% (de 11,732%). (Ana Conceição)