Negociações do pacote estão concluídas, diz Haddad
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[12/11/24]
… Passado o meio-feriado em NY, o mercado de Treasuries volta a funcionar, com a provável pressão dos yields, que seguem se ajustando ao Trump Trade junto com o dólar, enquanto Wall Street renova recordes. Sem indicadores relevantes lá fora hoje, o destaque é para o balanço da Home Depot, antes da abertura. Aqui, estão previstos mais dez resultados, incluindo CSN, após o fechamento. A curva de juros espera pela ata do Copom (8h) com especial interesse nas questões fiscais, depois que o comunicado alertou sobre a importância da “apresentação e execução de medidas estruturais” para a ancoragem das expectativas. Ontem à noite, Haddad falou com os jornalistas na saída de uma reunião com Lula sobre o pacote de contenção de gastos e, segundo o ministro, está tudo praticamente acertado.
… Haddad confirmou que as negociações com os ministérios que foram chamados a participar foram concluídas no final de semana. Isso significa que houve acordo com as áreas sociais, como Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e Trabalho.
… O ministro disse, ainda, que Lula pediu a inclusão de mais um ministério para contribuir com o esforço fiscal, mas não revelou qual seria esse ministério. O Valor e a GloboNews citam a Defesa como alvo.
… Haddad informou que as propostas já estão com a Casa Civil para “os ajustes de redação” e que, nesta tarde, voltará a conversar com o presidente Lula para decidir o encaminhamento das medidas ao Congresso.
… Auxiliares de Lula dizem que pacote de gastos só deve ser enviado ao Legislativo depois da reunião do G20, que ocorrerá no Rio de Janeiro na semana que vem (dias 18 e 19), segundo fontes do Broadcast.
… Perguntado se o pacote virá desidratado, Haddad admitiu que houve ajustes para tornar as medidas mais palatáveis, mas considerou “benéfico” o resultado. O ministro não quis cravar a data do anúncio, que será decidida por Lula.
… Haddad não quis comentar sobre a atitude do PT, que assinou manifesto contra a pressão pelos cortes, junto com movimentos sociais e partidos de esquerda. Depois de receber críticas por isso, Gleisi Hoffmann disse que apoiará a decisão de Lula.
… Nesta 2ªF, foi só surgir a notícia de que Haddad estava no Planalto com Lula para o investidor devolver o pessimismo e recuperar algum ânimo. Somada à percepção de risco fiscal, a perspectiva das políticas de Trump para os emergentes tem pesado.
… E porque as condições do mercado externo se tornaram mais adversas é que o pacote é esperado com ansiedade ainda maior.
… Não que as medidas conseguirão zerar os efeitos de um dólar fortalecido e de juros mais elevados nos EUA, nem tampouco as ameaças de Trump de punir a China com taxas de importação, que podem inviabilizar a recuperação de sua economia.
… Mas se existe uma coisa que pode tornar o ambiente para os negócios menos difícil no Brasil é um pacote fiscal consistente e que possa desviar a trajetória da dívida pública de projeções explosivas. A expectativa é muito alta e esse também é um perigo.
… As especulações sobre o montante do pacote se mantêm em um mínimo de R$ 30 bilhões, mas só os cortes podem não ser suficientes, já que investidores esperam por medidas estruturais envolvendo o crescimento das despesas, que garantam o longo prazo.
… Se as medidas não convencerem, o mercado pode reagir muito mal, ampliando a pressão sobre o dólar e os juros.
… Até conhecer os cortes de gastos, o mercado trabalha com um Copom agressivo para compensar o fiscal expansionista.
… Enquanto o real acentuava a desvalorização, ontem, com o dólar a R$ 5,80 na máxima, na curva do DI, as chances de uma aceleração do ritmo de alta da Selic, para 75pbs, estavam em 100% para dezembro e mais de 70% para janeiro (abaixo).
ATA DO COPOM – A percepção do BC sobre a política fiscal, destacada na mensagem do Copom na reunião de novembro, estará na mira do mercado financeiro na ata da reunião, que será divulgada daqui a poucas horas.
… Segundo levantamento do Broadcast, a leitura dos economistas é de que houve uma mudança de tom em relação ao fiscal, já que o BC defendeu, no comunicado da semana passada, a execução de medidas estruturais para o orçamento.
… Os economistas do mercado também têm expectativas de mais detalhes sobre a atividade, cenário externo e nível do juro real neutro.
… Após o comunicado do Copom, o mercado calibrou suas expectativas para os encontros seguintes, prevendo, em sua maioria, um nível mais alto de Selic ao final do atual ciclo de aperto monetário.
… Houve elevação nas expectativas intermediárias para a reunião de janeiro (12% para 12,25%); março (12,13% para 12,50%) e para o nível da Selic no fim de 2025 (11,25% para 11,75%), na comparação com levantamento realizado antes da reunião.
… A mediana para a Selic no 2Tri/2026, atual horizonte relevante da política monetária, também subiu, passando de 10% para 10,50%.
… Diferente do mercado, entre os economistas é unânime a expectativa de nova alta de 50pbs no juro básico em dezembro.
MAIS AGENDA – O mercado de trabalho forte deve impulsionar as vendas no varejo restrito em setembro, que o IBGE divulga às 9h. A mediana em pesquisa Broadcast indica alta de 1,4%, após recuo de 0,3% em agosto.
… As estimativas do mercado para esta leitura, todas de crescimento, vão de 0,2% a 3%.
… Dois diretores do BC falam em evento da Febraban: Otavio Damaso (9h) e Renato Dias Gomes (14h).
BALANÇOS – Antes da abertura, tem BTG Pactual. Após o fechamento, além de CSN, vêm CSN Mineração, CVC, Eneva, Hapvida, IRB Re, Raízen, SLC Agrícola e Stone. Leia no Em tempo… os resultados de ontem à noite.
LÁ FORA – Opep divulga relatório mensal sobre o petróleo, sem horário. Nos EUA, falam quatro dirigentes do Fed: Christopher Waller (12h), Tom Barkin (12h15 e 19h30), Neel Kashkari (16h) e Patrick Harker (19h).
CHINA – Em apoio fiscal para reanimar o mercado imobiliário, o governo estuda proposta para que grandes cidades, como Xangai e Pequim, reduzam o imposto sobre escrituras na compra de casas de 3% para 1%.
VIVENDO PERIGOSAMENTE – Apesar da convicção de Lula de que “vai vencer” o mercado, que “fala bobagem todo dia”, um eventual decepção com o pacote fiscal ameaça colocar o governo em um confronto arriscado.
… Se o controle de gastos públicos pretendido for considerado insuficiente para enfrentar os desafios, o investidor ameaça levar o dólar rapidamente R$ 6,00 e projetar um choque de 0,75pp na Selic em dezembro.
… “Vai ser difícil manter ritmo de 50 pontos-base de alta dos juros com um pacote de corte de gastos que deve trazer uma melhora apenas efêmera [dos prêmios de risco]”, disse o sócio fundador da Legacy, Pedro Jobim.
… Ainda em evento organizado pelo UBS em São Paulo, o chefe de pesquisa da Kapitalo Investimentos, Carlos Viana de Carvalho, afirmou que a tentação do BC de intervir no câmbio é crescente e desperta preocupação.
… “A gente sabe que o dólar fazer movimentos que geram sensação de crise é o que faz Brasília começar a se mexer. Já ouvimos argumentos pedindo intervenção. Vejo o atual Banco Central mais suscetível a essa pressão.”
… Apesar da combinação de cenário exterior adverso e dinâmica ruim do endividamento público no Brasil, o BC ainda não parece estar vendo um câmbio disfuncional, a ponto de precipitar qualquer atuação mais firme.
… Como todo mundo, também o BC continua à espera do anúncio do pacote fiscal para ver onde tudo vai dar.
… Sem urgência, pelo menos por enquanto, para entrar com leilão à vista ou de linha, o BC só anunciou ontem à noite que iniciará hoje a rolagem integral dos contratos de swap cambial (US$ 15,75 bi) que vencem em janeiro.
… Em nota, o economista André Perfeito tem dúvidas se as pressões no dólar irão tão mais longe.
… “Os efeitos defasados do início do ciclo de alta dos juros no Brasil ainda irão ser sentidos e o câmbio, por mais que a tendência seja ainda de alta, não deve ter altas adicionais na margem na mesma velocidade”, acredita.
… Ele pondera que, embora um corte de gastos pelo governo seja “inescapável”, o mercado pode estar no pico do estresse, precificando Trump e a inflação mais elevada, mas que existe margem de melhora no humor.
… Ontem, o levantamento Focus voltou a mostrar desancoragem das expectativas para o IPCA deste ano (de 4,59% para 4,62%), do ano que vem (de 4,03% para 4,10%) e de 2026 (de 3,61% para 3,65%).
… Houve piora também na mediana para o câmbio/2024 (R$ 5,50 para R$ 5,55) e 2025 (R$ 5,43 para R$ 5,48).
… Ainda na agenda do dia, o déficit do setor público consolidado em setembro veio em R$ 7,3 bilhões, menor do que o esperado (R$ 8,2 bilhões). Mas não aliviou, porque continua em níveis bastante preocupantes.
… “O déficit primário de R$ 245,605 bilhões em 12 meses até setembro, o equivalente a 2,15% do PIB, indica que as contas públicas estão bem distantes da banda estabelecida pelo arcabouço fiscal”, segundo a Stonex.
… Apesar de tudo, os negócios domésticos resolveram descontar parte dos riscos nesta 2ªF. A expectativa de que o pacote fiscal está no jeito para sair despertou na reta final do pregão uma queda na percepção de risco.
… Exibindo algum alívio, os juros futuros e o dólar desaceleraram o ritmo de alta e o Ibov zerou as perdas.
… No fechamento, o DI para Janeiro de 2026 marcava 13,115% (de 13,060% na 6ªF); Jan/27 estava em 13,200% (de 13,090%); Jan/29, 12,975% (de 12,925%); Jan/31, 12,820% (de 12,760%); e Jan/33, 12,690% (de 12,620%).
… Em uma reviravolta depois de ter rompido R$ 5,80 na primeira metade dos negócios, quando chegou a R$ 5,8164, o dólar se afastou das máximas e fechou cotado a R$ 5,7695 no final do dia, em alta de 0,59%.
BENEFÍCIO DA DÚVIDA – Inclinado à esperança de que o pacote fiscal está para sair, depois da reunião fora da agenda de Lula e Haddad nesta 2ªF, também o Ibovespa testou alguma melhora, em clima de esperar para ver.
… Não chegou a subir efetivamente, mas também não caiu, optando pela estabilidade (+0,03%), aos 127.873,70 pontos. O volume financeiro piorou contra o pregão anterior, a R$ 20,3 bilhões, em dia de meio-feriado em NY.
… Vale foi novamente destaque de queda (-3,27%; R$ 58,65), operando abaixo de R$ 60 pela primeira vez desde setembro, diante da decepção com os estímulos chineses (o minério derreteu 2,87%) e o protecionismo de Trump.
… “O Brasil é a China. É a nossa maior corrente de comércio, responde por quase 60%. Se Trump tiver sucesso em bater na China, o Brasil terá um problemão”, disse André Bannwart (UBS), em fórum de investimentos em SP.
… Outras metálicas também foram mal. Na véspera de seu balanço, CSN recuou 3,91% (R$ 11,29). Usiminas caiu 2,56% (R$ 6,09) e Bradespar, acionista da Vale, cedeu 1,86% (R$ 19,00).
… Entre os bancos, faltou fôlego. Santander caiu 1,16%, para R$ 26,37, na mínima do dia. Bradesco ON registrou -0,42% (R$ 11,99) e PN, -0,37% (R$ 13,46). BB fechou estável (+0,08%), a R$ 26,01, e Itaú subiu só 0,11%, a R$ 35,12.
… Petrobras teve alta discreta, mas até que foi bem diante do tombo de 2,76% no Brent/jan (US$ 71,83), puxado pela alta do dólar. O papel ON da petroleira avançou 0,15% (R$ 39,14) e o PN ganhou 0,19% (R$ 36,25).
… A estabilidade do Ibov se sustentou na forte alta de Embraer (+3,46%), que renovou o preço recorde a R$ 55,65, após notícia do acordo para vender aviões à Suécia. Cogna saltou 8,82%, a R$ 1,48, e Yduqs, +5,87%, a R$ 10,83.
… Petrorecôncavo subiu 4,71%, a R$ 18,46, apoiada no balanço do 3Tri.
ROTINA DE RECORDES – A agenda Trump continua a fazer preço em NY. Numa sessão de liquidez reduzida pelo Dia dos Veteranos, as bolsas tiveram ganhos discretos. Ainda assim, alcançaram novos níveis históricos.
… Em alta pela 5ª sessão, o Dow Jones (+0,69%) fechou pela 1ª vez acima dos 44 mil pontos (44.293,69 pontos). O S&P 500 ganhou 0,10% (6.001,42). O Nasdaq ficou perto da estabilidade (+0,06%), aos 19.298,76 pontos.
… Tesla continuou dando saltos. Ontem, foi de 9%, com a perspectiva de que a empresa vai se beneficiar dos laços de Elon Musk com Trump.
… Desde a eleição do republicano, o S&P 500 subiu 4% e o Nasdaq avançou 5%, o que pode provocar alguma realização de lucro no curto prazo, segundo analistas.
… Um possível catalisador é o CPI de outubro, que sai amanhã e deve trazer números próximos aos de setembro.
… Mas a perspectiva é de alta para as ações, segundo Andrew Tyler, chefe de inteligência de mercado do JPMorgan. “Os retornos do fim de 2024 devem ser maiores que os do fim de 2016 [quando Trump ganhou a 1ª eleição].”
… “A grande vantagem do S&P 500 é que as economias da China, UE, Reino Unido, Canadá e México estão mais fracas que em 2016”.
… Também em nota a clientes, Lisa Shalett, diretora de investimentos do Morgan Stanley WM, disse ver força nos mercados de ações, apesar de os índices estarem bem esticados.
… “A vitória decisiva dos republicanos acendeu o ‘espírito animal’ dos investidores”, disse.
… Outro que citou o ânimo comprador com a postura pró-corporações de Trump foi o estrategista veterano Ed Yardeni, que prevê o S&P 500 em 6.100 pontos no fim deste ano, 7.000 no fim de 2025 e 8.000 no fim de 2026.
… No câmbio, o índice DXY avançou 0,52% e voltou a superar a barreira dos 105,500 pontos (105,543), em mais um dia de alta sob o efeito do resultado da eleição americana.
… O euro caiu 0,60%, a US$ 1,0656. A libra cedeu 0,44%, a US$ 1,2865, e o iene recuou 0,72%, a 153,722/US$.
EM TEMPO… SABESP registrou lucro líquido ajustado de R$ 6,1 bilhões no 3TRI24, mais de sete vezes acima do 3TRI23; Ebitda ajustado somou R$ 10,5 bilhões, cerca de 3,5 vezes maior que o reportado um ano antes.
ITAÚSA teve lucro líquido recorrente de R$ 3,9 bilhões no 3TRI24, alta anual de 13%; ROE sobre PL médio foi de 18,3%, alta de 0,8pp ante 3TRI23; ativo total aumentou 8,1%, para R$ 95,883 bilhões…
… Endividamento líquido caiu 45,6%, para R$ 939 milhões, no período.
LOCALIZA teve lucro líquido de R$ 812 milhões no 3TRI24, alta de 22,2% na comparação anual; Ebitda subiu 24,1%, para R$ 3,3 bilhões.
MOVIDA aprovou programa de recompra de até 23,278 milhões de ações, equivalente a 15% do total em circulação, por 18 meses.
CCR. Tráfego de veículos nas rodovias subiu 4,3% em outubro na comparação anual.
SÃO MARTINHO apurou lucro líquido de R$ 187,449 milhões no 2Tri24, queda anual de 55,2%; Ebitda somou R$ 943,108 milhões, alta de 44%.
3TENTOS registrou lucro líquido de R$ 318,4 milhões no 3TRI, alta de 46,1% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 342 milhões, salto de 194% em relação ao mesmo período de 2023.
GRUPO SBF, dono da Centauro, teve lucro líquido de R$ 133,7 milhões no 3TRI24, alta de 84% na base anual.
FERBASA ampliou lucro líquido em 38,9% no 3TRI24, para R$ 103,5 milhões.
EVEN teve prejuízo líquido de R$ 109,9 milhões no 3Tri24, revertendo lucro do 3Tri23; excluindo Melnick, prejuízo líquido foi de R$ 3,9 milhões no período.
LOJAS QUERO-QUERO reduziu prejuízo líquido em 69,7% no 3TRI24 s/ 3TRI23, para R$ 3,7 milhões.
TRACK & FIELD informou lucro de R$ 24,5 milhões no 3Tri24, queda anual de 9,9%. Ebitda subiu 9%, a R$ 45 mi.
PETROBRAS, GERDAU E SULBRÁS firmaram contratos de fornecimento de gás natural no âmbito do mercado livre; contratos vão atender a unidades produtivas da siderúrgica no Rio Grande do Sul.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Pacote fiscal entra na terceira semana de debates sem consenso
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[11/11/24]
… O Dia do Veterano nos EUA fecha os Treasuries hoje, mas as bolsas em NY funcionam normalmente, à espera do CPI de outubro (4ªF) e da participação de Powell em evento (5ªF), após ele não ter descartado nova queda do juro em dezembro. Na China, frustrados com os estímulos fiscais, investidores repercutem os dados de inflação divulgados no fim de semana e aguardam pela produção industrial e vendas no varejo na noite de 5ªF. Aqui, a semana mais curta do feriado da República, que fecha a B3 na 6ªF, começa com o resultado do setor público consolidado em setembro (hoje, 8h30). Vêm ainda IBC-Br, volume de serviços e vendas no varejo, além da ata do Copom amanhã. O foco de interesse está em como o BC vê o exterior (agora com Trump) e o risco de dominância fiscal, se o pacote de Lula decepcionar.
… Cansado da demora no anúncio das medidas, o mercado pressiona o dólar e DI. Desta semana, a indefinição não pode passar, sob o risco de levar o estresse longe demais. Está faltando isso aqui para o dólar bater R$ 6 e ganhar as manchetes.
… As reuniões sobre as propostas de corte das despesas públicas continuaram no fim de semana, quando o presidente Lula teria recebido alguns técnicos e conselheiros do governo no Palácio da Alvorada, embora nenhuma informação tenha vazado.
… Haddad viajou para SP e teria sido representado nos encontros pelo número 2 da Fazenda, Dario Durigan. Volta hoje a Brasília.
… Completadas duas semanas desde o segundo turno das eleições municipais, data prometida para o anúncio, o pacote ainda tem de ser articulado junto a Lira e Pacheco para o governo medir a viabilidade política das medidas.
… Haddad já havia adiantado que o pacote será submetido ao Congresso por meio de PEC e projeto de lei complementar.
… O Valor apurou que a equipe econômica quer limitar o reajuste anual do salário mínimo ao teto do arcabouço (2,5% acima da inflação). Atualmente, a política de valorização prevê inflação + variação do PIB de dois anos antes.
… A fórmula atual garantiu um reajuste de 6,97% ao salário mínimo deste ano. A equipe econômica propõe manter a fórmula, mas com um reajuste limitado a uma alta de até 2,5% ao ano acima da inflação.
… A medida garantiria aumento real do piso em anos de economia aquecida, mas sem fugir do limite do arcabouço.
… Isso seria importante para ajudar a controlar o crescimento das despesas públicas, que são atreladas ao salário mínimo, como é o caso dos benefícios previdenciários, do BPC, do seguro-desemprego e abono salarial.
… A proposta é uma alternativa à ideia de colocar as despesas obrigatórias sob o limite do novo arcabouço fiscal.
… O BPC, o piso de educação e o seguro-desemprego seguem como maiores obstáculos para o ajuste fiscal. Os planos de sacrificar a área social do governo continuam enfrentando resistência dos ministérios, que fazem críticas públicas.
… Na 6ªF, Wellington Dias (Desenvolvimento Social) afirmou à CNN Brasil que o presidente Lula não quer que os mais pobres arquem com o ajuste. “Para essa proteção social não faltará dinheiro”, disse o ministro.
… Segundo ele, Lula não é refratário ao compromisso fiscal, mas não deseja que a conta recaia só nos mais vulneráveis.
… Por outro lado, o ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que o presidente Lula levará em consideração o que ministro Haddad recomendar para tomar a decisão sobre as áreas em que o governo realizará os cortes de despesas.
… Em entrevista concedida por Lula a senadores, transmitida na noite deste domingo pela RedeTV!, ele disse que o crescimento tem que ser distribuído na mão de todos os brasileiros. “Sabemos fazer política social.”
… O presidente afirmou que assumiu o terceiro mandato com o objetivo de fazer o País voltar a crescer.
… Para o Itaú, R$ 35 bilhões é o mínimo para que o pacote de revisão de gastos tenha sucesso em obter alguma redução de percepção de risco fiscal para 2026, sem contar as medidas de pente-fino já anunciadas.
… No mercado financeiro, as especulações sobre o volume dos cortes variam de R$ 30 bilhões a R$ 60 bilhões.
PLUS A MAIS – As desconfianças de que o pacote poderá vir desidratado se ampliaram na 6ªF, combinadas ao real depreciado com Trump e a perspectiva de um governo protecionista, despertando uma onda de alta nas apostas para o IPCA e Selic.
… Na hipótese mais pessimista, o juro pode ter que ultrapassar 13% para enfrentar as pressões inflacionárias.
… Na última 6ªF, a leitura do IPCA de outubro acima das expectativas e superior ao teto da meta do BC no horizonte em 12 meses (abaixo) puxou as estimativas para a inflação, vista como disseminada por economistas no Estadão.
… Apesar da volta da bandeira tarifária verde em dezembro projetado pelo MME, o alívio pode ser ofuscado pela disparada das cotações dos alimentos, causa da estiagem de setembro, e a escalada do dólar (quase 20% no ano).
… A XP elevou a projeção para o IPCA deste ano (4,6% para 4,9%) e do ano que vem (4,1% para 4,7%), e, paralelamente, subiu também a previsão para a Selic no final do ciclo de aperto monetário, de 12% para 13,25%.
… Também o Barclays passou a esperar inflação maior em 2024 (4,6%, de 4,3% antes) e 2025 (4,0%, de 3,9%). O C6 Bank revisou a projeção do IPCA do ano que vem (4,8% para 5,0%) e a da Selic terminal, de 10% para 12,5%.
INDICADORES – Nesta semana, saem o IGP-10 de novembro (5ªF) e a primeira prévia de dezembro do IPC-Fipe (hoje, às 5h).
… Ainda nesta 2ªF, o saldo negativo do governo central, pressionado pelas despesas obrigatórias, deve sustentar as expectativas de déficit no setor público consolidado em setembro, de R$ 8,20 bilhões, na mediana do Broadcast.
… As vendas no varejo estão previstas para amanhã (3ªF), o volume de serviços, para 4ªF, e o IBC-Br, para 5ªF.
AGENDA DO BC – Campos Neto e Galípolo participam hoje de reuniões bimestrais do BIS na Basileia (Suíça).
… Na coluna de Lauro Jardim/O Globo, o número 2 de Tebet, o secretário executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães, tem articulado para ocupar uma das três vagas para a diretoria do BC a partir de janeiro.
… Segundo o jornalista, o profissional tem apostado em aumentar a sua participação na agenda de revisão de gastos do governo federal para se cacifar ao cargo, além de interagir ativamente com o mercado financeiro em suas agendas.
BALANÇOS – O BB fecha a safra do setor financeiro nesta 4ªF, quando saem outros resultados importantes: B3, JBS, BRF, Marfrig, Gol, Americanas, Bradespar, Casas Bahia, Cemig, Cyrela, Light, Marisa, MRV, Nubank e Rede D´Or.
… Hoje, após o fechamento do mercado, é dia de Sabesp, Itaúsa, 3Tentos, Even, Localiza, Vamos e São Martinho.
… Amanhã (3ªF), saem os números trimestrais da CSN, CSN Mineração, CVC, Banrisul, BTG Pactual, Eneva, Hapvida, IRB Re, Jalles Machado, JHSF, Porto Seguro, Raízen e SLC Agrícola. Na 5ªF, é a vez da Azul e do Banco Inter.
EMENDAS – O projeto de lei sobre a nova regulamentação das emendas parlamentares, já aprovado pela Câmara, será votado amanhã (3ªF) pelo Senado. Na apreciação pela Casa, o governo tentará retomar o bloqueio de emendas.
… A medida foi retirada de última hora na votação pelos deputados, que aprovaram versão prevendo apenas o contingenciamento de emendas. O projeto não cumpre os requisitos de transparência exigidos pelo STF.
… Segundo Idiana Tomazelli, na Folha, da forma como foi aprovada pela Câmara, a proposta obrigará o Executivo a cortar R$ 11,5 bilhões de suas despesas programadas para 2025 e entregar o espaço à indicação dos congressistas.
… Este valor corresponde às emendas de comissão, asseguradas pelo projeto, mas não previstas no PLOA do ano que vem, enviado em agosto ao Legislativo. O texto vai, assim, na contramão do debate sobre a revisão de gastos.
… É um sinal contraditório do Congresso, enquanto a equipe econômica tenta convencer os integrantes do próprio governo a apoiar um cardápio de medidas impopulares tidas como necessárias para conter a dinâmica das despesas no futuro.
LÁ FORA – Nos primeiros dados de inflação após o Fed, o CPI de outubro nos EUA sai na 4ªF e o PPI, no dia seguinte. Vindo comportados, os números devem reforçar as apostas de novo corte de 25pb do juro americano na última reunião do ano.
… Powell, que assim como a grande maioria do mercado, não descarta uma queda em dezembro, fala em evento na 5ªF. Ontem à noite, Neel Kashkari (Fed/Minneapolis), que este ano não vota, previu outro corte.
… Ainda nos EUA, indicadores de atividade (produção industrial e vendas no varejo em outubro) saem na 6ªF.
… A varejista americana Home Depot divulga o seu balanço amanhã (3ªF) e Walt Disney, na 5ªF.
… Lagarde discursa na 5ªF, quando o BCE divulga a ata da última decisão. No mesmo dia, o México decide juro.
PETRÓLEO – Opep (amanhã) e AIE (5ªF) divulgam os seus relatórios mensais sobre a commodity.
CHINA – Reforçando as dificuldades da economia, o CPI desacelerou o ritmo de alta na base anual para 0,3% em outubro, em comparação com o ganho de 0,4% observado em setembro. O PPI continuou caindo: -2,9%, de -2,8%.
… Na última 6ªF, o mercado continuou exibindo insatisfação com medidas fiscais. Pequim elevou o teto das dívidas de governos locais em US$ 840 bilhões, medida vista como insuficiente para impulsionar o PIB.
PRESSÃO DE TODO LADO – O IPCA salgado, a espera tensa pelo pacote fiscal, medidas frustrantes anunciadas pela China e o convite de Trump a um notório protecionista para o governo (Robert Lighthizer) pesaram na 6ªF.
… Sob esse mix de pressões, o mercado doméstico trabalhou na defensiva na 6ªF, correndo para o dólar, que disparou mais de 1%, e saindo da bolsa, que baixou quase 1,5%.
… Para a Capital Economics, a medida anunciada pelo governo chinês, de elevar o teto das dívidas dos governos locais em 6 trilhões de yuans (US$ 840 bilhões), “não fará diferença significativa para a demanda agregada”.
… O dia já não vinha bem desde a manhã com o mal-estar provocado pela China e o IPCA de outubro (+0,56%) acima do esperado (+0,54%), com uma abertura ruim e estourando o teto da meta em 12 meses (4,76%).
… Piorou com a informação do Financial Times, via fontes, de que Trump teria convidado Robert Lighthizer para representante do Comércio dos EUA.
… Lighthizer já ocupou o cargo na 1ª presidência de Trump, onde ficou conhecido por sua postura protecionista e posição dura contra produtos da China.
… Segundo o FT, Trump “deve agir rápida e implacavelmente” nas ameaças aos parceiros e com tarifas altas sobre importações, assim que assumir.
… A notícia disparou o dólar ante pares e emergentes. Aqui, a moeda americana ainda continuou embutindo as preocupações fiscais e subiu 1,07%, a R$ 5,7359, depois de bater na máxima de R$ 5,7908.
… Na semana, a moeda caiu 2,27% por causa da alta base de comparação da 6ªF anterior, quando o dólar atingiu o segundo maior nível histórico nominal de fechamento (R$ 5,8694).
… O IPCA reforçou a mensagem do Copom e o DI para janeiro de 2026 subiu a 13,060% (de 13,005%); o Jan/27 foi a 13,090% (13,025%); Jan/29, a 12,925% (12,850%); Jan/31, a 12,760% (12,730%); e Jan/33, a 12,620% (12,610%).
LADEIRA ABAIXO – Na bolsa, o bom balanço elevou as ações da Petrobras em quase 2%, mas o tombo de mais de 4% da Vale e o recuo das blue chips financeiras empurraram o Ibovespa para abaixo de 128 mil pontos.
… Com apenas 13 ações em alta, o Ibov teve baixa de 1,43% aos 127.829,80 pontos. Na semana, caiu 0,23%. O volume financeiro de R$ 29,9 bilhões ficou acima da média recente, um mau sinal, de pressão vendedora.
… Em queda de 4,61% (R$ 60,63), bem mais que o minério de ferro em Dalian (-1,65%), Vale perdeu R$ 17 bilhões em valor de mercado.
… Na outra ponta, Petrobras ON subiu 1,82% (R$ 39,08) e PN avançou 1,89% (R$ 36,18).
… Apoiada no balanço e na perspectiva de pagamento de dividendos extraordinários, a companhia passou ilesa pela queda de 2,32% do Brent/jan (US$ 73,87), pressionado pela decepção com a China.
… Fernando Melgarejo, diretor financeiro da Petrobras, sinalizou na 6ªF que o eventual pagamento de dividendo extra vai depender do Plano Estratégico 2025-2029, previsto para 21 de novembro.
… O anúncio pode vir em paralelo ao plano ou, ao menos, até o fim do ano.
… Ainda no Ibov, Embraer (+7,47%), a R$ 53,79, preço recorde, esteve entre as poucas altas do dia após divulgar o balanço do 3Tri.
… Bancos ficaram no vermelho: Itaú caiu 1,57% (R$ 35,08), Santander recuou 1,22% (R$ 26,68), Banco do Brasil cedeu 0,76% (R$ 25,99), Bradesco PN perdeu 1,10% (R$ 13,51) e ON recuou 1,07% (R$ 12,04).
À ESPERA DE 2025 – A expectativa de que o futuro governo Trump adote políticas favoráveis às corporações continuou a dar as cartas em NY na 6ªF.
… Em meio ao otimismo, o S&P 500 chegou a superar a marca de 6 mil pontos, para fechar perto disso, em um novo recorde, o 50º do ano, em 5.995,54 (+0,38%).
… Os 6 mil pontos são uma marca psicológica significativa, que pode atrair mais investimento às ações, já que há muito dinheiro alocado em fundos mútuos e títulos de dívida, comentou Clark Geranen (CalBay Investments) à BBG.
… O Dow Jones avançou 0,59% (43.988,99 pontos), puxado por Salesforce (3,6%), depois da notícia de que a empresa vai contratar mil funcionários para promover sua ferramenta de IA, Agentforce.
… O Nasdaq fechou estável (+0,09%, a 19.286,78 pontos). Na semana, S&P 500 (+4,66%) e Dow Jones (+4,61%) tiveram o maior ganho do ano. O Nasdaq avançou 5,74%. Tesla saltou 8,2% e ultrapassou US$ 1 tri em capitalização.
… Acima da expectativa (71), o índice de sentimento do consumidor dos EUA, elaborado pela Universidade de Michigan, contribuiu para manter o bom humor do mercado.
… O indicador subiu de 70,5 em outubro para 73,0 em novembro, maior nível em sete meses, na leitura preliminar.
… A pesquisa também mostrou que as expectativas de inflação em 12 meses recuaram de 2,7% em outubro para 2,6% em novembro, menor nível em quatro anos. Para o horizonte de cinco anos, subiram de 3,0% para 3,1%.
… De olho nos próximos passos do futuro governo, os Treasuries tiveram movimento sem direção única. A note de 2 anos subiu a 4,2550% (de 4,190% na sessão anterior), ainda reagindo ao resultado da eleição.
… Segundo a Fitch Ratings, os juros dos títulos americanos tendem a permanecer em nível mais elevado, diante da expectativa de aumento nas tarifas de importação, ainda mais depois de Trump chamar Robert Lighthizer.
… Os retornos dos Treasuries de longo prazo devolveram um pouco da forte alta registrada no pós-eleição. O da note de 10 anos caiu a 4,2980% (de 4,3379%) e o do T-bond de 30 anos recuou a 4,4592% (de 4,5345%).
… Antecipando as políticas inflacionárias de Trump, o dólar seguiu em alta. O índice DXY subiu 0,46%. O euro caiu 0,69%, a US$ 1,0721, a libra cedeu 0,43%, a US$ 1,2922. Na contramão, o iene avançou 0,18%, a 152,640/US$.
EM TEMPO… M DIAS BRANCO teve lucro líquido de R$ 124,7 milhões no 3TRI24, queda de 51,9% na comparação anual; Ebitda caiu 48,1%, para R$ 228,9 milhões; receita líquida recuou 12,1%, para R$ 2,404 bi.
SANTANDER concluiu resgate do instrumento de dívida emitido em 2018, que integrava o Capital de Nível I do patrimônio de referência (PR)…
… Na ocasião, banco emitiu US$ 2,5 bi em bônus externos, comprados integralmente pela matriz espanhola…
… Uma das notas, que totalizava US$ 1,250 bilhão, era perpétua e compunha o capital Nível I, foi resgatada agora; a outra tranche, também de US$ 1,250 bilhão, compõe o capital de Nível II e vence em 2028.
JBS. Seara investiu R$ 13,5 mi para expandir frota de caminhões 100% elétricos, que agora conta com 221 veículos.
EMBRAER. Brasil e Suécia assinaram carta de intenções para promover um negócio casado, no qual a FAB comprará mais caças Saab Gripen, enquanto o país nórdico vai adquirir aviões de transporte tático Embraer KC-390…
… O acordo, segundo a Folha, foi fechado na visita do ministro de Defesa sueco, Pal Jonson, a Natal (RN).
OI assinou venda de uma unidade produtiva isolada (UPI), composta por 100% das ações de emissão da SPE Imóveis e Torres Selecionados, para a SBA Torres Brasil, um Credor Take or Pay sem Garantia – Opção I, por R$ 40 milhões.
Ficou pra hoje, mas pode ficar pra semana que vem
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[08/11/24]
… Expectativa é de que a China anuncie estímulos de até US$ 1,4 tri após a vitória de Trump. Se não vier, mercado pode não gostar. Aqui, a semana acabou e nada do pacote fiscal. Mais uma longa reunião ontem parece ter sido inconclusiva, porque novo encontro foi marcado para hoje, a partir das 14h. Pelo jeito, as duas propostas ainda pendentes não eram tão “singelas”, como Haddad sugeriu. A participação dos ministros da Educação, Saúde e Trabalho nos debates foi lida como sinal de que as medidas vêm “robustas”, atingindo a área social, o que segurou o dólar. Mas, pela demora, pode ser também que indique resistência mais forte aos planos da equipe econômica. Não há confirmação de anúncio para hoje, até porque o governo quer levar as propostas ao conhecimento do Congresso, antes de apresentar à sociedade. Tudo indica que fique para semana que vem.
… No Estadão, interlocutores do governo avaliam que o pacote de corte de gastos estaria sendo desidratado e que algumas medidas mais drásticas podem não prosperar. Por exemplo, limitar as despesas, como da Previdência, a um aumento de 2,5% aa acima da inflação.
… A proposta da Fazenda seria aplicar às principais despesas do Orçamento as mesmas regras do arcabouço fiscal.
… De certa forma, Haddad já sinalizou que teve de abrir mão de algumas brigas, ao dizer na 4ªF que “não adianta nada você anunciar uma coisa que não tem aderência”. Declarações de ministros à imprensa são ainda mais explícitas.
… Carlos Lupi (Previdência) disse que não havia “nenhum corte previsto” em sua área. O “bate-boca” de Marinho (Trabalho) com Haddad virou notícia em todo lugar. Ontem à noite, foi a vez de Wellington Dias (Desenvolvimento) descartar mudanças em sua área.
… Em uma nota, ele afirmou que Lula “não vai cortar nenhum benefício do Bolsa Família e do BPC”, que a “ordem do presidente é garantir direito a quem tem direito, a quem está fora e atacar a insegurança alimentar, tirando o Brasil do mapa da fome”.
… A mudança nos pisos da Saúde e Educação também enfrenta resistência, mas ainda está em discussão, segundo a reportagem do jornal. Já a Folha traz que estes pisos devem ser preservados pelo governo.
… Ainda segundo matéria, o pacote pode prever abono salarial concentrado nos mais pobres.
… No Valor, pressionado por Marinho, Lula deve manter as regras atuais do seguro-desemprego.
… Nesta 5ªF, notícias que circularam à tarde citando duas propostas em avaliação pelo presidente Lula, de R$ 15 bilhões e R$ 10 bilhões, puxaram o dólar momentaneamente, levando o Ministério da Fazenda a divulgar um desmentido em nota (leia abaixo).
FOCO NA AGENDA – Resta ao investidor baixar a ansiedade, enquanto se dedica à agenda do dia, que prevê o IPCA às 9h e a repercussão de uma série de balanços do 3Tri divulgados ontem à noite, incluindo o resultado de Petrobras, que veio acima do esperado.
… A companhia deixou para trás o prejuízo registrado no 2Tri. O lucro líquido de R$ 32,5 bilhões no 3Tri superou em 12% a expectativa do mercado, segundo as projeções do Broadcast, e foi 22% superior ao de um ano antes.
… O conselho de administração aprovou a distribuição de dividendos regulares no valor de R$ 17,12 bilhões, o equivalente a R$ 1,32 por ação; ex em 26/12. Já o pagamento de dividendos extraordinários não foi anunciado.
… O mercado pressiona para o pagamento de dividendos extras, o que eventualmente só ocorrerá, se houver caixa, após o fechamento das contas do Plano Estratégico 2025-2029, que será divulgado no final deste mês.
… Seja como for, em entrevista no início desta semana à CNN Money, Magda Chambriard esfriou as apostas sobre dividendos extraordinários, dizendo não ver nenhum mérito no fato de a empresa “empilhar dinheiro”.
… No after hours, os ADRs da Petrobras subiram 0,82% após o resultado. A empresa realiza teleconferência na tarde de hoje (14h) para comentar os resultados. Leia no Em tempo… outros balanços de ontem à noite.
IPCA – Para a inflação, a expectativa é de aceleração para 0,54% no mês passado (segundo a mediana do Broadcast), após alta de 0,44% em setembro, com o piso em 0,45% e o teto em 0,65%. A inflação em 12 meses deve avançar de 4,42% para 4,72%.
… Mais uma vez, a alta nos alimentos e na tarifa de energia elétrica deve puxar o IPCA em outubro. O dado sairá às 9h.
… Entre os alimentos, é esperada elevação nos preços das carnes e leite, afetados pela estiagem. Já a conta de luz continua refletindo os efeitos da implantação da bandeira vermelha 2. Por outro lado, a deflação em passagens aéreas entra como fator baixista.
… Também é esperada aceleração da média dos núcleos no IPCA de outubro, de 0,22% para 0,44%.
… As medianas indicam alta de preços livres (de 0,24% para 0,47%), alimentação no domicílio (de 0,56% para 1,12%), de bens industriais (de 0,16% para 0,28%), serviços (de 0,15% para 0,35%) e serviços subjacentes (de 0,01% para 0,68%).
… Devem registrar desaceleração nesta leitura apenas os preços administrados (de 1,01% para 0,72%).
SELIC MAIS ALTA – Em outro levantamento, o Broadcast constatou que, após o Copom, cresceram as projeções para a taxa Selic, com as medianas indicando agora mais duas altas subsequentes de 50pbs, em dezembro e em janeiro, levando o juro básico a 12,25%.
… Algumas casas, como Santander, BMG e CM Capital, trabalham com um ajuste final de 25pbs em março, com Selic atingindo 12,50%.
… Os cenários também apontam para um ritmo mais lento das quedas, com a Selic no final de 2025 revisada de 11,25% para 11,75%.
… Além da elevação da projeção do BC para a inflação no horizonte relevante, que passou de 3,5% para 3,6%, pesam a preocupação com os rumos da política fiscal doméstica em um ambiente de incerteza global ainda mais acentuada, com a eleição de Trump.
… Economistas e investidores esperam agora pela ata do Copom, na 3ªF, interessados em como o BC está vendo as perspectivas lá fora e os riscos de o pacote de contenção de gastos decepcionar – o que estimularia o debate da dominância fiscal.
… Em coletiva de imprensa, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, refutou a tese de que o Brasil esteja caminhando para este cenário. “Não há nenhum economista de renome falando isso”, observou.
… “O resultado fiscal está longe de gerar uma dinâmica dessa. De fato, há uma desancoragem da taxa de juros, mas a questão da convergência da inflação é trabalho do Banco Central, que está atuando para isso”, comentou.
… Apesar do comunicado praticamente idêntico, o Copom acrescentou um tom a mais de preocupação com o fiscal, ao citar a importância da “apresentação e execução de medidas estruturais” para o Orçamento. Também há interesse sobre o nível do juro real neutro.
MAIS AGENDA – Antes do IPCA, sai a primeira prévia do mês do IPC-S (8h). A ABCR divulga o fluxo nas estradas pedagiadas em outubro (10h). Tesouro comenta (15h) o relatório da dívida pública, divulgado semana passada.
… Num dia magro de balanços, Embraer divulga resultado trimestral antes da abertura do mercado. Campos Neto e Gabriel Galípolo estão fora do Brasil e participam amanhã de evento do BIS na Basileia (Suíça).
NOS EUA – A leitura preliminar do sentimento do consumidor em novembro, medido pela Universidade de Michigan, sai às 12h e interessa, especialmente, pelas expectativas de inflação para 1 ano e 5 anos.
… Dois dirigentes do Fed têm discursos previstos para hoje: Michelle Bowman (13h) e Alberto Musalem (sem horário). Eles falam um dia depois de o mercado ter sentido firmeza na autonomia de Powell contra Trump.
… Questionado se o presidente eleito pedisse sua cabeça, disse que não renunciaria. “A lei não permite demitir o presidente do BC”, lembrou. O investidor adorou o sinal de que Powell defenderá o Fed da ingerência política.
… Ao longo da coletiva de imprensa, ele se recusou a especular sobre o futuro governo e disse que a política fiscal entrará em seus modelos somente depois que for anunciada.
… Apesar de ter admitido que o Fed começa a pensar em reduzir o ritmo de cortes do juro, afirmando que a política está a caminho de uma postura mais neutra, Powell não descartou nova queda em dezembro (abaixo).
ALARME FALSO – Sensível a cada nova especulação e expectativa sobre o pacote de corte de gastos do governo, o mercado vive os seus dias entre altos e baixos, na rotina de volatilidade, que voltou a se confirmar ontem.
… Primeiro, deu aquela esperança de que as medidas estavam na agulha para serem anunciadas.
… Mas o estresse voltou no meio da tarde com os rumores de que a redução de despesas poderia ficar na metade (ou até menos) do volume mínimo necessário considerado pelos economistas para um ajuste sério.
… Na tentativa de apagar o fogo, a Fazenda desmentiu em nota. “Importante ressaltar que tal informação não corresponde ao que vem sendo debatido entre a equipe econômica, demais ministérios e a Presidência.”
… A investida ajudou a baixar o nervosismo e devolveu aos investidores a torcida para que o pacote de redução de despesas não venha tão desidratado, se Lula estiver envolvendo toda a área social no esforço conjunto.
… Engessado à espera do que virá, o dólar fechou estável (-0,01%), a R$ 5,6753. A boa notícia é que está longe do pico atingido uma semana atrás, quando encostou em R$ 5,90, com o tour que Haddad faria à Europa.
… A má notícia é que o real pode piorar bastante se o volume do pacote deixar um sabor de decepção.
… Desconfiado de que o governo vai frustrar, o economista sênior para Brasil do Itaú BBA, Luiz Cherman, disse em live promovida pelo banco que cortes inferiores a R$ 20 bilhões poderiam disparar o dólar para cima de R$ 6.
… Já em torno de R$ 30 bilhões, deixaria a moeda norte-americana na faixa entre R$ 5,50 e R$ 5,70, segundo simulações feitas pelo BBA, que está esperando um pacote intermediário, entre R$ 30 e R$ 40 bilhões.
… Mas o ideal, de acordo com Cherman, seria acima de R$ 50 bi, diante do impacto da vitória de Trump. Parece improvável. “Não está claro que o governo poderá superar a pressão da área social, que é delicada à estratégia.”
… Volátil como o câmbio, a curva do DI operou sob os ruídos do pacote fiscal. No fechamento, a ponta longa só conseguiu devolver mais expressivamente os prêmios de risco, porque as taxas dos Treasuries aliviaram bem.
… Jan/31 caiu a 12,730% (de 12,890% na véspera) e Jan/33, a 12,600% (12,770%). Jan/29 fechou a 12,850% (12,990%); Jan/27, a 13,025% (13,045%) e Jan/26 exibiu viés de alta, a 13,005% (de 12,975%) no day after do Copom.
TATEANDO NO ESCURO – Enquanto o governo segue cozinhando o pacote de cortes de gastos, impõe volatilidade também ao Ibovespa, que só não caiu mais forte ontem por causa das blue chips das commodities.
… Vale (+3,11%; R$ 63,56) colou no minério de ferro (+2,11% em Dalian), diante da expectativa de que o governo de Pequim possa intensificar os estímulos fiscais agora que Trump venceu.
… Petrobras respeitou a alta do petróleo, embora tenha assumido alguma dose de cautela, à espera da informação se a estatal anunciaria ou não distribuição de dividendos extraordinários.
… O papel ON subiu 0,71% (R$ 38,38) e o PN, +0,31% (R$ 35,51).
… Na ICE, o Brent/jan ganhou 0,94%, a US$ 75,63/barril, influenciado pela queda do dólar e pelo avanço do furacão Rafael pelo Golfo do México, que pode forçar a paralisação da produção americana na região.
… Os ganhos de Vale e Petrobras amorteceram parte do pessimismo exibido pelas ações dos bancos e limitaram a queda do Ibovespa a 129.681,70 pontos (-0,51%), embora o índice à vista não tenha conseguido defender os 130 mil.
… Estressados com o pacote que não sai nunca, Itaú cedeu 1,47% (R$ 35,64), Bradesco PN caiu 1,09% (R$ 13,66) e Bradesco ON recuou 0,90% (R$ 12,17). Banco do Brasil perdeu 0,42% (R$ 26,19) e Santander, -0,33% (R$ 27,01).
… As maiores baixas foram de Petz, com -14,53%, a R$ 5,00; Totvs (-8,44%, a R$ 31,13), apesar dos bons balanços trimestrais; e Cogna (-7,19%, a R$ 1,42).
… O mau humor também atingiu Braskem (-5,87%), que fechou na mínima do dia, em R$ 15,36, apesar de a empresa ter informado prejuízo 75% menor no 3Tri.
FEELING GOOD – Na entrevista, ontem, para comentar o corte de 25pb no juro, Jerome Powell disse que o Fed “está se sentindo bem” com o estado da economia.
… O mesmo sentimento acompanhou o mercado. Juros menores, economia sólida e expectativa de corte de impostos sob Trump levaram os índices de ações mais uma vez a níveis recordes.
… Pela primeira vez acima de 19 mil pontos, o Nasdaq subiu 1,51% (19.269,46). O S&P 500, com alta de 0,74%, se aproximou da marca história de 6 mil pontos (5.973,10). O Dow Jones ficou estável, aos 43.729,34 pontos.
… “Powell e cia lembraram a sólida base econômica em que os EUA continuam a se firmar”, disse Bret Kenwell (eToro). “O Fed parece mais confortável com o mercado de trabalho e cenário econômico do que há alguns meses.”
… Embora o Fed tenha retirado do comunicado a frase que citava maior confiança de que a inflação caminha para a meta, Powell jogou água na fervura ao dizer que a inflação “arrefeceu substancialmente”.
… Também disse que o mercado de trabalho não precisa esfriar mais para que a meta de 2% seja alcançada. “O emprego arrefeceu de sua condição superaquecida”, afirmou.
… Por fim, o chefe do BC americano não descartou um corte de juro em dezembro, repetindo o mantra de que o órgão é dependente de dados. “Tomaremos uma decisão quando chegarmos lá”, disse.
… Há um payroll e dois dados de inflação no caminho do Fed até o fim do ano.
… No monitoramento do CME, a aposta de manutenção dos juros em dezembro até chegou a subir logo depois do comunicado. Mas Powell voltou a baixar logo depois a precificação, de 26,5%, contra 29,5% na véspera.
… A chance de um corte de 25pb subiu de 69,9% para 73,5%.
… Sujeitos a uma correção depois do salto da véspera e ajudados pelo discurso do chefe do Fed, os juros dos Treasuries recuaram forte.
… O retorno da note de 10 anos caiu quase 10pb, a 4,3345% (de 4,4315%). O da note de 2 anos recuou a 4,2025% (de 4,2700%) e do T-bond de 30 anos voltou para 4,5417% (de 4,6090%).
… Mesma coisa com o dólar: o DXY, que havia disparado um dia antes com Trump, caiu 0,55%, a 104,508 pontos.
… Apesar do corte de juro pelo BoE em 25pb, a libra subiu 0,67%, a US$ 1,2978. Dois fatores influenciaram esse movimento, além da correção esperada.
… O BC britânico elevou a previsão de inflação em 2025 (2,25% para 2,75%) e em 2026 (1,5% para 2,25%). E Andrew Bailey levantou a bola de que o orçamento anunciado semana passada pelo novo governo tem viés inflacionário.
… ING, Rabobank e Capital Economics soltaram análises dizendo que o novo orçamento obrigará uma normalização mais lenta da política monetária britânica.
… O euro subiu 0,53%, a US$ 1,0796, e o iene avançou 1,04%, a 152,920/US$, ambos recuperando o terreno perdido no pós-eleição americana.
EM TEMPO… GPA fará a 20ª emissão de debêntures, no valor de R$ 1,390 bilhão em três séries, com vencimentos em 29 de julho de 2025, 29 de julho de 2026 e 29 de novembro de 2027.
LOJAS RENNER registrou lucro líquido de R$ 255,3 milhões no 3Tri24, alta anual de 47,7%. Ebitda ajustado foi de R$ 576,8 milhões, avanço de 59,1%.
MAGAZINE LUIZA teve lucro líquido de R$ 102,4 milhões no 3tri24, revertendo prejuízo do 3Tri23. Ebitda foi de R$ 713,5 milhões, revertendo resultado negativo do mesmo período em 2023.
ALPARGATAS apresentou lucro líquido de R$ 57,3 milhões no 3Tri24, revertendo prejuízo do 3Tri23. Ebitda foi de R$ 142,1 milhões, alta anual de 111,8%.
ASSAÍ teve lucro líquido de R$ 156 milhões no 3Tri24, queda anual de 15,7%. Ebitda subiu 7%, para R$ 1,367 bilhão.
YDUQS apurou lucro líquido de R$ 151,9 milhões no 3Tri24, alta anual de 62,7%. Ebitda cresceu 1%, para R$ 457,8 milhões.
COGNA reduziu o prejuízo líquido em 71,6% no 3Tri24 sobre o 3Tri23, para R$ 22 milhões. Ebitda subiu 9,1%, para R$ 377 milhões.
FLEURY teve lucro líquido de R$ 190,7 milhões no 3Tri24, alta de 9,5% na comparação anual. Ebitda subiu 6,2%, para 537,4 milhões.
PETRORECÔNCAVO registrou lucro líquido de R$ 158,8 milhões no 3Tri24, alta anual de 9%. Ebitda somou R$ 439,4 milhões, alta de 16%.
LWSA teve lucro líquido de R$ 16,9 milhões no 3Tri24, salto de 336,4% sobre igual período de 2023. Ebitda subiu 50,7%, para R$ 67,7 milhões…
… Companhia aprovou a distribuição de R$ 40 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,0716 por ação, com pagamento em 21/11; ex em 13/11.
DIRECIONAL registrou lucro líquido de R$ 155,8 milhões no 3Tri24, alta de 88,5% sobre o 3Tri23. Ebitda ajustado aumentou 59%, para R$ 221 milhões.
MOVIDA teve lucro líquido ajustado de R$ 90,6 mi no 3Tri24 e reverteu prejuízo do 3Tri23. Ebitda somou R$ 1,2 bilhão, alta de 43,7%.
ECORODOVIAS apresentou lucro líquido de R$ 264,6 milhões no 3Tri24, alta anual de 14,9%. Ebitda ajustado somou R$ 1,22 bilhão, crescimento de 18%.
RUMO registrou lucro líquido ajustado de R$ 794 milhões no 3Tri24, alta anual de 64,5%. Ebitda ajustado somou R$ 2,1 bilhões, 22% acima do 3Tri23.
CPFL apurou lucro líquido de R$ 1,33 bi no 3Tri24, alta de 1,5% na comparação anual. Ebitda consolidado cresceu 0,7%, para R$ 3,16 bilhões.
ENERGISA apresentou lucro líquido consolidado de R$ 727,1 milhões no 3tri24, alta anual de 5,6%. Ebitda ajustado ficou em R$ 1,83 bilhão, queda de 13,5%…
… Companhia aprovou distribuição de R$ 270 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,127 por ação, com pagamento em 25/11; ex em 13/11.
ALUPAR apurou lucro líquido regulatório de R$ 182,9 milhões no 3Tri24, alta de 11,9% na comparação anual. Ebitda societário somou R$ 655,7 milhões, queda de 1% em relação ao mesmo período de 2023.
CAIXA SEGURIDADE teve lucro líquido recorrente de R$ 1,005 bilhão no 3Tri24, alta anual de 9,7%. Prêmios foram de R$ 2,506 bilhões no período, alta de 7,8%. Sinistralidade foi de 20,1%, baixa de 1,5 ponto percentual…
… Empresa pagará R$ 930 milhões em dividendos intercalares a R$ 0,31 por ação; ex em 06/01.
OI. A diretora de Finanças e RI, Cristiane Sales, confirmou que a companhia está avaliando a alternativa de financiamento na ordem de R$ 1,5 bilhão devido à falta de recursos em caixa.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
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