Fiscal não sai do foco aqui em semana de emprego nos EUA

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[02/11/24]

… A força do mercado de trabalho nos EUA (payroll, ADP e Jolts) e a participação de Powell em evento, pouco mais de duas semanas depois de ter descartado pressa em cortar os juros, calibram as apostas para o Fed deste mês. Ainda na agenda externa, a Opep deve atrasar a retomada da produção global, diante do excesso de oferta. Aqui, o PIB/3Tri e a produção industrial de outubro tendem a sinalizar que a atividade econômica continua aquecida, no contexto de pressão crescente para o Copom acelerar o ritmo de alta da Selic, especialmente em meio ao estresse fiscal. Com o dólar a R$ 6, Galípolo participa de Fórum Político da XP hoje (10h), em SP, e o mercado financeiro acompanha o início da tramitação dos dois textos de contenção de gastos, que já chegaram à Câmara, e começam a ser discutidos.

… No fim de semana, Lula recebeu os comandantes das Forças Armadas no Palácio da Alvorada, que foram pedir um tempo maior de transição para a idade mínima de 55 anos, prevista para começar em 2032. O presidente disse que encaminhará a proposta à Fazenda.

… Na 6ªF, em entrevista exibida à noite na Record News, Haddad repetiu o que havia dito mais cedo na Febraban, que o pacote não é o “gran finale”, nem uma “bala de prata”, e que novas medidas podem ser decididas se o ajuste não for suficiente.

… “Se daqui a dois, três meses, nós identificarmos riscos para essa trajetória (das despesas), vamos ter que voltar à mesa para verificar que [outros] ajustes terão que ser feitos.” O ministro citou o BPC como exemplo de programa social que precisa de adequação.

… Haddad deixou clara a importância de controlar a situação fiscal, porque, segundo ele, “se os gastos da União se expandirem para além das regras do arcabouço, haverá um risco de desaceleração econômica em função da alta nos juros e no dólar”.

… O ministro culpou o vazamento da proposta de isenção do IR para a faixa até R$ 5 mil, sem uma explicação prévia, para justificar o salto do dólar. “Não adianta se queixar do mercado, dizer que leu errado. O que me contrariou foi o vazamento sem uma explicação.”

… Mas o fato é, mesmo após as explicações, o dólar fechou acima de R$ 6, pela primeira vez na história do Plano Real (leia abaixo).

… A explicação que Haddad acredita que pode tranquilizar o mercado é que a isenção do IR é um assunto para 2025, como disseram os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, em ação coordenada para acalmar os investidores.

… O ministro repetiu que a proposta só será adotada se for fiscalmente neutra e defendeu a compensação com alíquota mínima de 10% para os mais ricos, “que fazem uma engenharia contábil, uma arquitetura financeira para não pagar imposto de renda”.

… Haddad não quis opinar sobre uma intervenção no câmbio, dizendo que essa é uma decisão técnica que cabe ao BC, mas sugeriu que não vê a alta do dólar como especulação. “Só a alta do dólar não é justificativa para fazer intervenção, se acontece por um ruído.”

… Uma rápida pesquisa do BDM com gestores e analistas mostrou que a grande maioria não é a favor da atuação no câmbio, defendida pelo PT, já que o dólar subiu porque precifica um prêmio de risco fiscal maior e não por qualquer disfuncionalidade.

… Para Alfredo Menezes (Armor Capital), “o BC não quer quebrar o termômetro”. “Se quiser atuar deve ser para conter a volatilidade, com uma quantidade pequena na oferta (seja no spot ou em swap cambial), e não para tentar reduzir o valor do dólar.

ERRARAM – A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Lula fez uma publicação com uma mensagem equivocada nas redes sociais, no fim de semana, informando que o Executivo já enviou ao Congresso a proposta de isenção do IR para faixa até R$ 5 mil.

… Segundo integrantes do Executivo já esclareceram, o texto só será enviado ao Congresso e discutido em 2025, como parte da reforma tributária da renda, para ser implementado em 2026. Ainda não há data anunciada para o envio do projeto de lei.

UM DRIBLE NO PRIMÁRIO – O projeto de lei complementar que compõe o pacote de contenção de gastos do governo traz um dispositivo que possibilita a livre aplicação de superávit financeiro de alguns fundos entre 2025 e 2030, segundo apurou o Broadcast.

… Como o mecanismo permite que o governo gaste como quiser os recursos do saldo, inclusive com despesas discricionárias, essa medida não representaria um corte de despesas. Pelo contrário, libera o uso de receitas que normalmente estariam indisponíveis.

… Segundo técnicos de Orçamento, os saldos desses fundos ficam alocados no caixa do Tesouro, mas vinculados a outros gastos.

… Com a desvinculação, o Executivo poderá usar o dinheiro em outra despesa, e se for uma despesa primária, terá impacto no resultado primário. O superávit não vira uma receita primária, mas passa a financiar outra ação, contabilizada como despesa primária.

… O texto define que até 25% do superávit financeiro dos recursos vinculados aos fundos públicos do Executivo poderão ser destinados ao financiamento de ações de enfrentamento, mitigação e adaptação a mudanças climáticas e de transformação ecológica.

AJUSTE NO BLOQUEIO – Um relatório surpresa publicado pelo governo na noite de 6ªF reduziu o bloqueio no Orçamento, apenas uma semana depois de ter indicado a necessidade de um volume maior de contenção nos gastos fiscais.

… Edição extra do Diário Oficial da União trouxe que o governo cortou recursos da Lei Aldir Blanc, de repasse de recursos para a cultura nos Estados e municípios, e diminuiu o bloqueio de R$ 19,3 bilhões para R$ 17,6 bilhões.

… A “pedalada” acontece, segundo o Planejamento, para compensar despesas obrigatórias que cresceram além do esperado (principalmente benefícios da Previdência Social) e respeitar o teto de gastos do arcabouço fiscal.

… O governo reduziu ainda a previsão de déficit primário no ano em praticamente R$ 1 bilhão, de R$ 28,737 bilhões para R$ 27,746 bilhões, próximo ao piso da meta (R$ 28,756 bi), que prevê banda de tolerância de 0,25pp do PIB.

SALVARAM O DIA – O investidor só testou algum alívio na 6ªF (abaixo), porque Pacheco e Lira afinaram o discurso e garantiram que tramitação da proposta do governo de isenção do IR até R$ 5 mil não vai ser rápida e tampouco está garantida.

… Segundo eles, tudo vai depender das condições fiscais. Para o presidente do Senado, esta “não é pauta para agora” e a mudança está condicionada à existência de espaço nas contas públicas para uma desoneração tributária.

… Na mesma linha de austeridade, Rodrigo Lira escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter) que iniciativas do governo federal que impliquem em renúncia fiscal terão de passar por uma análise “cuidadosa” e “realista”. Adiantou um pouquinho, mas não foi suficiente.

FERA NO CÂMBIO – Também agradou e ajudou a aliviar o dia a indicação de Nilton David, da tesouraria do Bradesco, à diretoria de Política Monetária do BC. Ele é considerado uma “fera” nas mesas de operação, principalmente em relação ao câmbio.

… A indicação será encaminhada ao Senado esta semana. Outros dois diretores foram escolhidos. Gilneu Vivan, chefe do departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, substituirá Damaso na Diretoria de Regulação.

… Izabela Correa, atual secretária na Controladoria-Geral da União (CGU), assumirá a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, no lugar de Carolina Barros, cujo mandato vence no final deste mês.

… Caso os três nomes sejam aprovados, a diretoria do BC terá sete dos nove nomes escolhidos por Lula.

JURO NA LUA – Segundo o Broadcast, o sentimento de frustração e descrédito com a política fiscal dominou a reunião de economistas do mercado financeiro com o BC na 6ªF, reforçando a cobrança por uma resposta mais agressiva do Copom.

… Relatos à reportagem indicam que nenhum economista presente ao encontro citou a manutenção do ritmo de alta da Selic em 0,50pp. A maioria fala em 0,75pp. Dois defenderam 1,0 ponto para turbinar a credibilidade do BC.

… Pesquisa relâmpago da AE confirmou esta percepção depois do pacote fiscal: 23 das 31 instituições consultadas agora têm a elevação de 0,75pp como cenário base. A mediana da Selic terminal subiu de 12,75% para 13,50%.

… Durante almoço na Febraban, na 6ªF, ao lado de Haddad, Gabriel Galípolo reforçou o recado de que juros mais contracionistas devem ser necessários por mais tempo, diante da economia aquecida e dólar forte, com menos cortes de juros pelo Fed.

… Seguindo à risca o comportamento do dólar, os juros futuros botaram pressão pela manhã, para depois passarem por uma correção das máximas à tarde com as mensagens do Congresso de que a isenção do IR não será tão fácil.

… Perto do fechamento, as taxas desaceleraram a alta com os elogios do mercado à indicação de Nilton David ao BC.

… Nas taxas curtas do DI, porém, o efeito positivo foi ofuscado pelos comentários de Galípolo de que o Copom eventualmente terá que ser mais agressivo para não permitir que o aquecimento econômico pressione a inflação.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 subia para 13,890% (de 13,860% no pregão anterior); Jan/27, a 14,040% (de 13,940%); e Jan/29, a 13,800% (13,770%). Já o Jan/31 caía a 13,600% (13,750%); e Jan/33, a 13,460% (13,630%).

… O acionamento da bandeira verde na conta de luz no mês de dezembro, anunciado na tarde de 6ªF pela Aneel, já estava incorporado ao cenário de mercado financeiro e não mudou as projeções para o IPCA deste ano.

… As estimativas para a inflação seguiram abaixo de 5% na Warren (4,9%), na Terra (4,84%) e na LCA (4,78%).

DEVOLVEU A MÁXIMA – Ainda na Febraban, Galípolo disse que o regime de câmbio flutuante é uma ferramenta muito importante de política econômica e reiterou que a autoridade monetária intervém apenas quando há disfuncionalidade.

… O dólar renovou o recorde 6ªF, após bater a máxima de R$ 6,1155, fechando a R$ 6,0012 (+0,20%).

… Além de ter se acomodado com a sinalizações de que a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil deve ficar para um segundo momento, reagiu ainda ao sucessor de Galípolo no Banco Central.

IBOVESPA REAGIU – Sob o efeito Lira-Pacheco, o Ibovespa driblou a terceira queda consecutiva, fechou em alta firme de 0,85%, perto de retomar os 126 mil pontos (125.667,83), com um sprint no volume financeiro para R$ 33,8 bilhões.

… A tendência de acomodação nos DIs abriu espaço de reação da bolsa no último pregão do mês, mas o índice à vista ainda acumulou queda de 3,12% em novembro, contra -1,60% em outubro e -3,08% em setembro.

… O Julius Baer rebaixou a recomendação das ações brasileiras de “overweight” para neutra devido à piora da credibilidade fiscal, com o pacote que “não consegue convencer os mercados de uma consolidação significativa”.

… Um dia depois de ter anunciado distribuição de R$ 2,2 bilhões em JCP, Vale teve elevação de 2,17% (R$ 58,78). Petrobras ON registrou +2,08% (R$ 42,62) e Petrobras PN, +0,80% (R$ 38,90), apesar da queda do petróleo.

… Os principais bancos fecharam mistos. BB ON avançou 1,18% (R$ 24,77) e Santander ganhou 0,12% (R$ 24,93). No lado negativo ficaram Bradesco PN (-1,02%; R$ 12,63), Bradesco ON (-0,89%; R$ 11,13) e Itaú (-0,24%; R$ 32,60).

RECORDES NO MEIO-FERIADO – Com pregões reduzidos na 6ªF, entre o Dia de Ação de Graças e o final de semana, Dow Jones (+0,42%, a 44.919,65 pontos) e S&P 500 (+0,56%, 6.032,38 pontos) renovarem recordes de fechamento, cravando o melhor mês do ano.

… Também o Nasdaq foi muito bem, com avanço de 0,83%, a 19.218,17 pontos, com destaque para Nvidia (+2,15%) e Tesla (+3,69%).

… Ainda há muita euforia em Wall Street, apesar das ameaças protecionistas de Trump de sobretaxação de tarifas ao México, Canadá e à China. No sábado, o presidente eleito prometeu impor tarifas de 100% aos países do BRICS, se tentaram substituir o dólar.

… As propostas de tarifas de Trump ampliam as incertezas sobre os próximos passos do Fed para o juro e mantêm a volatilidade na curva dos Treasuries, que operaram com os rendimentos de 10 anos (4,171%) e de 30 anos (4,359%) nos menores níveis de outubro.

… De acordo com a ferramenta de monitoramento do CME Group, as chances de um corte de 25 pontos-base na reunião de dezembro do Fomc estão em 66%, enquanto uma parcela significativa continua apostando em manutenção do juro.

… No câmbio, o dólar perdeu para as moedas fortes, e teve baixa acentuada ante o iene (149,86/US$), após a inflação do Japão acelerar. Também caiu contra o euro (US$ 1,0560) e a libra esterlina (US$ 1,2717).

… O índice DXY registrou a primeira queda semanal desde o final de setembro, recuando 0,37%, a 105,747 pontos.

… Já o petróleo manteve cautela na expectativa da reunião da Opep+ nesta semana, que deve prorrogar para abril de 2025 o aumento de produção. O WTI/janeiro fechou em queda de 1,05%, a US$ 68,00, enquanto o Brent/fevereiro recuou 1,29%, a US$ 71,84.

… O contrato de ouro para dezembro segue em alta (+0,65%, a US$ 2.657,00 a onça-troy), com investidores buscando proteção.

MAIS AGENDA – O relatório Focus desta 2ªF (8h25) promete trazer a reação decepcionada ao pacote fiscal. 

… O PIB/3Tri, que o IBGE informa amanhã (3ªF), deve apontar um novo crescimento da economia brasileira, de 0,8%, mas já com menor ímpeto do que o observado nos três meses anteriores, quando a expansão foi de 1,4%.

… O ritmo da atividade econômica também poderá ser conferido pela produção industrial de outubro, na 4ªF.

… Do lado da inflação, saem o IPC-Fipe (3ªF), o IGP-DI (6ªF) e o IPC-S de novembro (hoje, às 8h), que deve desacelerar para 0,01%, contra 0,30% em outubro. Na 5ªF, tem a balança comercial mensal.

LÁ FORA – Powell participa de evento na 4ªF, mesmo dia em que saem o Livro Bege e relatório da ADP de criação de empregos no setor privado. Amanhã (3ªF) tem a pesquisa Jolts, mas o maior interesse é o payroll de novembro (6ªF).

… Hoje, nos EUA, o PMI industrial de novembro será divulgado pela S&P Global (11h45) e ISM (12h). O diretor do Fed Christopher Waller discursa em conferência às 17h15 e o presidente do Fed de NY, John Williams, fala às 18h30.

… Também é dia de PMI industrial na Alemanha (5h55), zona do euro (6h) e Reino Unido (6h30).

… Christine Lagarde (BCE) e Andrew Bailey (BoE) participam de eventos na 4ªF. O vice do BCE, Luis de Guindos, vê a inflação a caminho da meta de 2%, apesar do aumento de 2,3% do CPI de novembro, divulgado na última 6ªF.

… Já o dirigente Yannis Stournaras disse que as tarifas dos EUA podem justificar cortes agressivos de juro pelo BCE.

OPEP+ Fontes dizem que, na reunião de 5ªF, o cartel deve decidir que a redução gradual dos cortes na produção, programada para janeiro, ficará para mais tarde, possivelmente para abril, diante dos sinais de excesso de oferta.

CHINA HOJE – O PMI industrial medido pelo setor privado subiu de 50,3 em outubro para 51,5 em novembro, atingindo o maior nível desde junho. O resultado surpreendeu os analistas, que previam estabilidade.

… O resultado veio acima do indicador oficial (50,3), que registrou o segundo mês consecutivo de expansão e superou o dado de outubro (50,1), depois de Pequim ter tomado medidas para estabilizar o crescimento econômico.

… Amanhã (3ªF) à noite, sai a leitura final de novembro do PMI composto.

JAPÃO HOJE – A atividade industrial medida pela S&P Global caiu de 49,2 em outubro para 49,0 em novembro, atingindo o menor nível em oito meses e indicando que o setor manufatureiro japonês segue em contração.

BLACK FRIDAY – Foi um sucesso aqui e nos EUA. Dados publicados no fim de semana pelas consultorias e empresas parceiras de varejistas mostraram que, desde a pandemia, há quatro anos, a data não era tão boa no Brasil.

… A coincidência este ano do pagamento da primeira parcela do 13° salário justamente na Black Friday ajudou. O faturamento nominal no online superou a projeção de 9% e avançou 11%, a R$ 8 bi, segundo a Neotrust Confi.

… Já o Índice Cielo do Varejo Ampliado registrou +17,1% nas vendas do comércio físico e 8,9% no e-commerce.

… Nos EUA, os gastos online atingiram o recorde de US$ 10,8 bi, aumento de 10,2% contra um ano antes. As vendas no varejo, excluindo automotivo, cresceram 3,4%, segundo dados preliminares do Mastercard SpendingPulse.

… Amanhã (3ªF), após fechamento, a Salesforce divulga seu balanço, outro termômetro do consumo.

EM TEMPO… PETROBRAS iniciou processo de contratação de plataformas para projeto Sergipe Águas Profundas.

BRASKEM. O novo presidente, Roberto Ramos, promoverá uma grande mudança na diretoria da empresa, segundo Lauro Jardim/O Globo. O executivo foi escolhido pela Novonor para assumir o lugar de Roberto Bischoff.

COSAN/RAÍZEN. Ricardo Mussa renunciou a um assento efetivo no conselho de administração e Rodrigo Alves foi  eleito para assumir o posto.

CSN concluiu bookbuilding de emissão de R$ 500 milhões em debêntures em duas séries.

ELETROBRAS reiterou a previsão de investimento de R$ 9 bilhões este ano.

TELEFÔNICA aprovou a distribuição de R$ 855 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,4410 líquido por ação, com pagamento em 17/12.

RD SAÚDE aprovou a distribuição de R$ 123,9 milhões em JP, o equivalente a R$ 0,0722 por ação, com pagamento até 30/5/25; ex em 5/12/24…

… A companhia informou que ampliou a projeção de abertura bruta de lojas de 280 a 300 para 330 a 350 em 2025.

HAPVIDA concluiu a virada de sistemas no processo de integração com a NotreDame Intermédica. O movimento acontece três anos após a fusão entre as companhias.

VAMOS LOCAÇÃO celebrou o termo de fechamento da operação referente a reorganização societária, incluindo a aquisição pela NewCo das ações ordinárias de emissão da Automob de titularidade da Simpar…

… As ações pertencentes à Simpar equivalem a 51,29340159% do capital social da Automob, pelo valor de R$ 1 bilhão. Assim, haverá a incorporação da Automob pela NewCo com a consequente extinção da Automob.

TECNISA propôs aumento de capital de até R$ 25 milhões com venda de novas ações, a R$ 1,48 cada.

ULTRAPAR pediu autorização do Cade para realizar parceria entre Ultragaz e Supergasbrás Energia em construção de terminal no Porto de Pecém (CE), para movimentação de GLP.

STELLANTIS anunciou que o conselho aceitou a renúncia do CEO, Carlos Tavares, um ano antes do previsto.

VOLKSWAGEN. Funcionários farão greves de advertência em fábricas de toda a Alemanha hoje, na nova escalada na disputa com a empresa por conta de demissões em massa, cortes de salários e possíveis fechamentos de fábricas.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Impacto do pacote não bate com contas do mercado


Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[29/11/24]

… Os mercados em NY operam em horários reduzidos nesta Black Friday, com as bolsas fechando às 15h e os Treasuries, às 16h. A agenda internacional prevê o resultado do PIB de alguns países da Europa e a inflação na zona do euro. Aqui, é difícil arriscar uma projeção para o dia, após a violenta reação dos investidores ao pacote de contenção dos gastos públicos. O que era para ser um choque positivo das expectativas, acabou adicionando mais incertezas e piorando a percepção de risco fiscal. A entrevista de Haddad e de técnicos da Fazenda não conseguiu acalmar a turbulência dos negócios. Economistas contestam a economia de R$ 70 bilhões anunciada e apresentam cálculos de um impacto bem menor e insuficiente. Além disso, há dúvidas sobre as chances de as medidas passarem no Congresso.

… A despeito do compromisso de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, que prometeram todo o esforço para votar as propostas ainda neste ano, todo mundo sabe que as matérias do Executivo chegam de um jeito no Legislativo e saem de outro.

… O primeiro suspense é sobre a compensação da reforma da renda, que isentou faixa do IR até R$ 5 mil.

… Os parlamentares até podem aprovar essa medida que é popular, e implica uma renúncia estimada em R$ 35 bilhões pelo governo, mas quem garante que vão aumentar a tributação dos mais ricos? E se não aprovarem?

… O governo se precipitou em anunciar a reforma em cima de uma variável pela qual não pode responder e agravou a situação fiscal.

… Algumas medidas foram consideradas na direção certa, como a mudança no reajuste do salário mínimo, que limitou o aumento real em 2,5%, e do abono salarial, que passará a ser pago para quem recebe até um salário e meio, e não mais dois salários.

… Já a decisão de manter os pisos da Saúde e da Educação, que deve continuar ameaçando o arcabouço fiscal, foi uma frustração a quem esperava mudanças estruturais. Nem nos números do governo o mercado acreditou.

… Para a Warren Investimentos, a economia do pacote deve ser de 62% do valor anunciado de R$ 71,9 bilhões, ou cerca de R$ 45 bilhões.

… Já economistas do Itaú Unibanco calculam um potencial de economia de R$ 53 bilhões nos próximos dois anos, 2025 e 2026, enquanto nas contas da Monte Bravo, as medidas resultarão numa contenção de despesas em torno de R$ 40 bilhões a R$ 45 bilhões.

… Para Felipe Miranda (Empiricus), o pacote do governo Lula cria uma ponte até 2026, quando será essencial promover uma rediscussão profunda estruturante e reformista. “A partir de 27, independentemente de qual governo for eleito, será inevitável revisitar a questão fiscal.”

.… Depois de esperar um mês, o mercado projeta agora mais inflação e mais juros.

… O ceticismo e o mau humor com o pacote fiscal levou o dólar a bater R$ 6 pela primeira vez desde o Plano Real, enquanto a curva do DI passava a projetar uma Selic terminal de 14,75%, com a aposta de 100pbs em dezembro ganhando força (abaixo).

GALÍPOLO – Cobrado a adotar uma mensagem hawkish, diante da explosão de pessimismo vivida ontem pelos mercados, o futuro presidente do BC não decepcionou em palestra à noite, durante evento do Esfera Brasil, em SP.

… Reconheceu que o BC está incomodado com a desancoragem da inflação corrente e das expectativas, repetiu que meta [de inflação] se cumpre e que cabe ao Copom colocar a Selic em nível restritivo pelo tempo necessário.

… Em dia de estouro do dólar para R$ 6, disse que o real depreciado e a economia aquecida levam a imaginar convívio com juro elevado e que, pior do que o impacto da inflação para a população, seria o BC não subir o juro.

… Em um discurso sem concessões políticas, avisou que elevar a taxa em um mandato de quatro anos é normal. “Se pretende ser Miss Simpatia, lugar não é BC”, observou Galípolo, que assume o comando do BC em janeiro.

… Ele ainda aproveitou para reiterar várias vezes a independência do BC para tocar a política monetária como quiser.

… A ênfase na postura autônoma veio horas depois do desconforto provocado pelos comentários do ministro Rui Costa, que está em “contagem regressiva” para ter um BC dirigido “por quem mora no Brasil e não em Miami”.

… Numa direta para Campos Neto, o ministro da Casa Civil atribuiu o nervosismo no mercado ontem à ação “deliberada” de RCN, que “boicota o governo, cria sensação permanente de instabilidade e só fala mal do Brasil”.

… Segundo Rui Costa, Lula já escolheu os nomes dos novos diretores do BC, que devem ser encaminhados hoje ou, no máximo, na próxima semana. Os mandatos de Otavio Damaso e Carolina Barros terminam no último dia do ano.

… Em discurso fechado no Palácio do Planalto nesta 5ªF, o presidente Lula qualificou o pacote fiscal de “coisa extraordinária” para a contenção do excesso de despesas e para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal.

MAIS AGENDA – Galípolo, Guillen, Haddad e Tebet participam de almoço da Febraban (11h30).

… Entre os indicadores, o IBGE deve mostrar que o mercado de trabalho brasileiro segue apertado com a divulgação da Pnad Contínua, às 9h.

… Mediana das expectativas em pesquisa Broadcast aponta que a taxa de desemprego deve ter caído para 6,2% no trimestre até outubro, de 6,4% até setembro. As projeções vão de 6,0% a 6,4%.

… Às 8h30, o BC informa o primário do setor público consolidado, que deve mostrar superávit de R$ 40,5 bilhões, após déficit de R$ 7,34 bilhões em setembro. A coletiva do BC sobre os números será às 14h30.

… O Tesouro divulga o relatório mensal da dívida pública de outubro às 15h30, com coletiva às 16h.

… Sem horário definido, a Aneel divulga a bandeira tarifária de dezembro.

LÁ FORA – A zona do euro divulga o CPI preliminar de novembro, às 7h. A expectativa é que o índice cheio acelere de 2% para 2,4% na comparação anual. O núcleo deve subir de 2,7% para 2,9%.

… Vários países divulgam PIB do 3Tri, como França (4h45), Turquia (4h) e Canadá (10h30). No final da noite, saem na China os dados oficiais do PMI da indústria e dos serviços em novembro.

FOGO NA FARIA LIMA – Dólar a R$ 6 e projeção de Selic em quase 15% dão a medida do dia de cão nos mercados, em que o pacote fiscal caiu como uma bomba, na reação potencializada pela medida populista do IR.

… Não bastasse a desconfiança de que o corte de gastos será desidratado e a taxação dos super-ricos enfrentará muitas resistências, também a isenção tributária pretendida antecipa a perda de potência da economia fiscal.

… O desfecho previsível deste quadro negativo, na avaliação do mercado, é que o BC será cobrado a dar uma resposta mais agressiva na política monetária. Estão dizendo que +0,75pp para a Selic em dezembro virou piso.

… Bancos estrangeiros já começam a puxar a régua ontem, antecipando maior pressão fiscal adiante. O JPMorgan passou a apostar em um choque de 1pp no juro mês que vem e revisou a aposta da Selic terminal para 14,25%.

… O Barclays, que ainda confiava que o Copom manteria o ritmo de aperto em meio ponto, passou agora a esperar aceleração da dosagem a 0,75pp, com o ciclo de alta fechando em 13,50% (de 12,75% antes) e com riscos para cima.

… Na curva do DI, sempre na vanguarda do estresse fiscal, alguns contratos já testaram 14% ontem, o que não se via desde o governo Dilma, segundo anotou a jornalista Denise Abarca, no Broadcast. Deu o termômetro do caos.

… No espaço de 24h, as apostas isoladas de alta de 1pp na Selic em dezembro arrancaram de 4% para 28%. Também já é quase majoritária a precificação desta mesma dose de 1pp em janeiro e março, com Selic terminal de 14,75%.

… A perspectiva de um ciclo de aperto mais agressivo e mais longo disparou pressão generalizada no câmbio e DI.

… O contrato de juro para janeiro de 2026 cravou a máxima histórica de fechamento, a 13,91%, contra 13,55% na véspera. Jan/27 foi a 14,040% (de 13,620%) e Jan/29, a 13,910% (pico do dia, contra 13,450% no pregão anterior).

… Na ponta longa, o vencimento para Jan/31 fechou a 13,750% (de 13,290%); e Jan/33, a 13,630% (13,160%).

… Em meio ao estresse, o Tesouro foi malsucedido no leilão de títulos públicos, colocando apenas um lote pequeno de LTN, a metade da oferta, e nada de NTN-F – o papel preferido dos gringos.

… Com o governo riscando o fósforo nos negócios, o dólar atingiu a inédita marca de R$ 6 no pior momento (R$ 6,0036). A moeda americana terminou o dia em alta de 1,29%, a R$ 5,9895, novo recorde histórico nominal.

… Para hoje, espera-se mais volatilidade no mercado de câmbio, parte dela atribuída à disputa da taxa Ptax.

… A forte injeção de dinheiro esperada na economia com a isenção tributária para quem ganha até R$ 5 mil traz riscos potenciais à inflação e também pode turbinar o crescimento do PIB, exigindo trabalho dobrado do Copom.

… Às vésperas do PIB/3Tri, que o IBGE solta na próxima 3ªF, o Itaú aponta viés de alta em sua estimativa de 3,2% para o acumulado do ano, caso o Brasil confirme expansão de 0,6% entre julho e setembro, após +1,4% no 2Tri.

STRIKE – Com a confiança do investidor abalada desde a noite anterior, depois do pronunciamento de Haddad, já nos primeiros minutos do pregão, o Ibovespa perdeu os 127 mil pontos.

… Depois da abertura, o índice à vista continuou rolando ladeira abaixo. Furou os 126 mil pontos, para em seguida romper os 125 mil e fechar aos 124.610,41 pontos, num mergulho de 2,40% no dia.

… Foi o menor nível de fechamento em cinco meses (desde 28/6) e a maior baixa porcentual desde 2 de maio (também de 2,4%). Faltando só hoje para fechar novembro, o Ibov acumula queda de 3,93%. No ano, afunda 7,14%.

… O giro de R$ 27,7 bilhões no dia, novamente acima da média recente – mesmo sem a referência de NY -, denunciou o forte movimento de fuga do risco.

… Com o risk-off rodando alto, as blue chips afundaram. Petrobras ON recuou 1,67% (R$ 41,75) e PN (-1,03%; R$ 38,59). Vale perdeu 1,03% (ON, a R$ 57,53), a despeito do minério de ferro estável em Dalian.

… Bancos e papéis sensíveis aos juros foram os grandes perdedores do dia. Bradesco PN caiu 4,20% (R$ 12,76), Bradesco ON, -3,69% (R$ 11,23), Itaú, -3,60% (R$ 32,68), Santander, -3,04% (R$ 24,90); e BB, -2,93% (R$ 24,48).

… MRV liderou as perdas, com -14,10% (R$ 5,30), seguida por CVC (-13,38%; R$ 2,33) e Renner (-10,16%; R$ 14,50).

… Na outra ponta, exportadoras se beneficiaram do dólar caro. No topo da lista positiva, JBS avançou 3,35%, a R$ 36,38. Suzano subiu 3,00%, a R$ 61,53; SLC Agrícola, +2,64%, a R$ 17,52; e Klabin, +1,97% (R$ 21,71).

PETRÓLEO – A cotação do Brent/jan subiu 0,66%, a US$ 72,78 o barril, na ICE, depois de a Opep+ adiar de 1º para 5 de dezembro a reunião que vai decidir se os cortes de produção serão mantidos no início de 2025.

… Apuração da Reuters informou que o cartel está discutindo o adiamento do aumento da produção para o 1Tri25.

… Entre as questões que precisam ser abordadas, está o aumento da produção dos Emirados Árabes Unidos, atualmente programada para começar em janeiro, segundo duas fontes da Opep+ ouvidas pela agência.

… O banco ANZ espera que o cartel e seus aliados adiem o aumento para fevereiro, permitindo que o grupo analise o impacto da nova administração dos EUA sobre comércio e política externa.

THANKSGIVING DAY – Sem negócios em NY e liquidez limitada pelo feriado nos EUA, o índice DXY fechou estável (-0,03%), em 106,048 pontos.

… Depois de forte altas nos últimos dias, em meio à expectativa de elevação de juros pelo BoJ, o iene recuou 0,31%, a 151,546/US$.

… O euro (-0,09%, a US$ 1,0557) e a libra (+0,09%, em US$ 1,2689) fecharam estáveis. Na Alemanha, a leitura preliminar do CPI de novembro acelerou de 2% para 2,2%, na comparação anual, mas abaixo da expectativa de 2,3%.

… Em entrevista, Christine Lagarde chamou atenção para o impacto inflacionário de uma eventual guerra comercial entre EUA e Europa.

… Se os governos europeus retaliarem, desencadeando um conflito comercial transatlântico, haveria um impacto na demanda e na produção econômica global, disse a presidente do BCE.

EM TEMPO… VALE pagará R$ 2,22 bilhões em JCP, no valor bruto de R$ 0,52 por ação. A data de corte é 11 de dezembro; ‘ex’ a partir do dia 12. A data de pagamento está prevista para março de 2025.

ITAÚ aprovou a distribuição de JCP no valor líquido de R$ 0,2639 por ação, com pagamento em 30/4/25; ex em 10/12/24.

ASSAÍ. Sharp Capital Gestora de Recursos atingiu o montante de 69.479.153 ações ON de emissão da companhia, correspondentes a 5,14% dos papéis do tipo.

MRV&CO. A empresa de loteamentos do grupo, Urba Desenvolvimento Urbano, aprovou a 8ª emissão de debêntures, no valor de R$ 150 milhões.

ULTRAPAR aprovou programa de recompra de até 25 milhões de ações, o que representa cerca de 2,29% dos papéis em circulação.

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Isenção de IR assume protagonismo do pacote


Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[28/11/24]

… O feriado de Ação de Graças nos EUA fecha os mercados hoje em NY, impondo liquidez reduzida, no dia em que os investidores no Brasil finalmente conhecerão os detalhes do pacote fiscal. Uma entrevista coletiva de Haddad, Tebet e Rui Costa foi marcada para as 8h, seguida de explicações dos técnicos da equipe econômica. O pronunciamento do ministro da Fazenda em rede nacional, ontem à noite, foi político e não deixou claro para a população de onde virá a economia de R$ 70 bilhões para equilibrar as contas públicas. Mas a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, que disparou o dólar a R$ 5,91, surgiu como principal destaque da fala de Haddad, que confirmou ainda alíquota maior das rendas acima de R$ 50 mil para compensar a renúncia na arrecadação. Essa foi a surpresa guardada a sete chaves.

… É difícil saber se a isenção do IR para a faixa salarial mais baixa já constava do pacote ou se foi uma imposição de última hora à Fazenda. Essa era uma promessa de campanha do presidente Lula para o final de seu mandato, em 2026, e que foi antecipada.

… O fato é que Haddad aceitou que as coisas se misturassem e foi à TV para anunciar só boas notícias e omitir informações do ajuste.

… A mudança na política de reajuste do salário mínimo, que deixará de ser corrigido pelo PIB, não foi comunicada. O ministro disse que o salário mínimo continuará tendo aumento real, mas não contou que será limitado a 2,5% acima da inflação.

… Mesma coisa em relação ao abono salarial, benefício que ele destacou como importante e que passará a ser limitado a quem ganha até um salário mínimo e meio (R$ 2.640) e não mais a quem recebe até dois salários mínimos.

… Haddad também falou da contribuição de outros setores da sociedade, confirmou que a metade das emendas parlamentares irão para a Saúde, que os militares aposentarão aos 55 anos, não mais aos 50 anos, que os supersalários serão combatidos.

… O ministro ainda citou números positivos da economia. Disse que o PIB deve crescer mais de 3% neste ano, que o desemprego está em um dos níveis mais baixos da história e atribuiu os ajustes a desafios do cenário externo para proteger a economia.

… Não foi um pronunciamento para o mercado financeiro, que espera há um mês pelo anúncio das medidas.

… O mercado ainda quer saber dos riscos da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, se o impacto fiscal será mesmo neutro, como o ministro Haddad disse, e se o Congresso está convencido a aumentar “um pouco” o imposto de quem ganha mais de R$ 50 mil.

… Matéria da jornalista Idiana Tomazelli, na Folha, informa que o governo vai propor uma alíquota mínima efetiva, que pode chegar a 10% no IR, às rendas acima de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.

… Contribuintes com rendas elevadas costumam ter os ganhos concentrados em rendimentos isentos (lucros e dividendos). Por isso, embora a tabela do IRPF preveja cobrança de até 27,5%, a alíquota efetiva é bem menor.

 … Às vezes, fica abaixo de 2%. O Broadcast também confirmou com fontes de mercado a tributação da renda mais alta, que será progressiva, com alíquotas de 5% a 10%.

… A imprensa trouxe ainda que o governo vai propor, além da isenção para quem recebe até R$ 5 mil, um desconto de imposto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil.

… Na avaliação da Armor Capital, partindo do princípio de que os que ganham mais de R$ 50 mil mensais pagarão mais imposto, os dividendos devem ser afetados, ocasionando múltiplos mais baixos na bolsa.

… Por outro lado, segundo a gestora, a isenção para quem ganha até 5 mil aumentará a demanda e o consumo, com risco de inflação corrente mais alta e juros também mais elevados no Brasil.

… No meio da tarde desta 4ªF, quando estourou a notícia, foi um Deus nos Acuda no mercado, com a disparada do dólar, dos juros futuros e queda do Ibovespa (leia abaixo). Resta saber se a entrevista desta manhã conseguirá baixar os ânimos.

… É provável que o dólar devolva o estresse de quando reagiu à inesperada isenção do IR para a primeira faixa, mas voltar do pico para a faixa de R$ 5,80 não é muita vantagem, considerando que um mês atrás, quando começou a novela, o dólar estava em R$ 5,70.

… De qualquer modo, ainda que as contas fechem e os detalhes do pacote convençam, o governo perdeu o timing e a chance de obter um choque positivo nas expectativas – que era o grande objetivo do pacote fiscal para devolver confiança na política fiscal.

… Com o anúncio envergonhado das medidas, tomando-se o pronunciamento de Haddad, o governo mostrou que tem muita dificuldade em enfrentar seu discurso político e “uma revisão mais ampla dos gastos”, como disse a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória.

… Para o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, o sequestro do protagonismo do plano de contenção de gastos pela agenda de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais “foi um tiro no pé”.

… “Todos à espera de ajuste fiscal e então nasce com ele uma proposta de mais isenções. A ver como será desenhada a compensação.”

… Mais cedo, Felipe Salto calculou que a isenção do IR para a faixa até R$ 5 mil tem custo de, ao menos, R$ 45,8 bilhões.

MAIS AGENDA – A perda do ímpeto na alta dos preços industriais deve desacelerar o IGP-M de novembro (8h) para 1,15%, contra 1,52% em outubro. As projeções em pesquisa Broadcast, todas de alta, variam de 1,01% a 1,31%.

… Às 8h30, o BC divulga o relatório de crédito em outubro. No final da tarde (18h45), já com os detalhes do pacote fiscal conhecidos pelo mercado financeiro, Gabriel Galípolo dará palestra em evento do Esfera Brasil. 

… Lá fora, com NY fechada para o Thanksgiving, o destaque vai para o CPI de novembro na Alemanha (10h).

PACOTE DE BONDADE – Pego no susto pelo anúncio inesperado da isenção do IR junto ao corte de gasto, o investidor fez questão de exibir irritação com o timing do governo, que ofusca o esforço de controle de despesa.

… Os juros futuros chegaram a arrancar 50 pb na ponta longa da curva no pior momento, enquanto o dólar rompia R$ 5,91. Nem no auge da pandemia, a moeda ficou tão cara quanto ontem, quando cravou o pico nominal histórico.

… Ignorando o alívio externo com a aposta de que o Fed ainda vai cortar o juro em dezembro, o dólar registrou uma escalada de 1,81%, para R$ 5,9135, maior cotação nominal de fechamento desde o início do Plano Real.

… Na máxima intraday, por pouco, não bateu na faixa de R$ 5,93, tendo sido negociado a R$ 5,9289.

… No salto dos prêmios de risco, o DI Janeiro/26 subiu a 13,500% (de 13,270% no fechamento anterior); Jan/27, a 13,620% (de 13,325%); Jan/29, a 13,450% (de 13,085%); Jan/31, a 13,290% (12,910%); e Jan/33, 13,160% (12,790%).

… No ambiente de forte tensão, prosperaram na curva apostas especulativas de que o Copom dê um choque de 1pp na Selic, com juro terminal de 14,25%, ainda que sempre se deva dar o desconto para os exageros embutidos no DI.

… O ex-diretor do BC Fabio Kanczuk (da ASA) defende 1pp e Selic acima de 15%. Mas acredita que o BC dará 0,75pp, com juro em 13,50% até o começo do ano que vem. “É o que acho que vão fazer, não o que deveriam fazer.”

… Já para o Bradesco, não há qualquer razão que justifique acelerar agora a alta da Selic (0,5pp), “mesmo se o orçamento final for maior”. Para o banco, alongar o ciclo de aperto e esperar os efeitos faz muito mais sentido.

… A instituição financeira elevou a estimativa para o juro terminal de 10,75% para 12,00%. Em relatório, a projeção do banco para o IPCA/24 rompeu o teto da meta e subiu de 4,5% para 4,8%; em 2025, passou de 3,8% para 4,4%.

… Diante da incerteza quanto à sustentabilidade do arcabouço fiscal, em um cenário de juro elevado, o Bradesco estima depreciação significativa do real e passou a prever dólar de R$ 5,75 no fim do ano, contra R$ 5,40 antes.

… A projeção do banco para o câmbio no final de 2025 aumentou de R$ 5,10 para R$ 5,50. Diante da expansão dos gastos públicos, a previsão para o PIB foi elevada em 2024 (de 3,1% para 3,5%) e em 2025 (de 2,1% para 2,4%).

… O Banco Pine acredita que o Brasil possa crescer 2,5% no ano que vem, diante da “herança estatística” forte da economia em 2024 (com PIB calculado em 3,6%) e a possibilidade de uma nova safra recorde no País.

DEU RUIM – A estratégia da ala política do governo de enfiar a isenção do IR como uma espécie de cortina de fumaça [à população] contra o desgaste do pacote fiscal estressou o Ibov, que queimou mais de dois mil pontos.

… Pior: o volume financeiro de R$ 26,3 bilhões superou as médias recentes, dando a medida do apetite vendedor, que derrubou o índice à vista para a mínima do dia, em baixa de 1,73%, aos 127.668,61 pontos.

… O JPMorgan não vê cenário muito promissor à frente. Citando um eterno ‘dia da marmota’ na questão fiscal, rebaixou a recomendação para ações do Brasil (overweight para neutra) e elevou o México para overweight.

… Segundo o banco, as alterações se baseiam no cenário global, que tende a favorecer o país vizinho, e no descompasso nos ciclos monetários, com o Brasil elevando as taxas de juros e o BC mexicano afrouxando.

… Ontem, mais de 80% das ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa caíram, com impacto concentrado nos papéis mais sensíveis ao ciclo de alta dos juros.

… Magalu afundou 9,40% (R$ 9,64); Azzas, -7,21% (R$ 39,40); Assaí, -6,08% (R$ 7,41); e Localiza, -5,74% (R$ 41,55).

… Bancos também recuaram de forma expressiva: Santander (-3,35%; R$ 25,68), Bradesco ON (-3,24%; R$ 11,66), Bradesco PN (-2,70%; R$ 13,32), Itaú (-2,45%; R$ 33,90) e Banco do Brasil (-1,75%; R$ 25,22).

… Com o Brent estável (-0,03%, a US$ 72,30), Petrobras ON cedeu 0,33% (R$ 42,46) e PN, -0,36% (R$ 38,99).

… Vale esteve entre as poucas altas da sessão, com +1,22%, a R$ 58,13, acompanhando a alta de 1,08% do minério de ferro em Dalian. Acionista da mineradora, Bradespar subiu 1,39%, a R$ 18,24. 

… Natura subiu 3,06% (R$ 14,80), embalada por acordo com credores da Avon Products Inc (API) no processo de Chapter 11 nos EUA.

… Marfrig avançou 2,46% (R$ 18,75), após o Goldman Sachs elevar o preço-alvo a R$ 19,30, citando melhora no portfólio de valor agregado.

PERTO DO FIM – O ritmo da inflação do PCE acelerou em outubro e reforçou a postura cautelosa do Fed, dias depois de Powell ter dito que não há pressa em cortar o juro. Mas NY segue convencida de que ainda vem um último corte.

… Na ferramenta de apostas do CME, cresceu de leve (66,5% para 68%) a chance majoritária de desaperto em dezembro, embora o fim do ciclo de queda esteja à vista com a volta do expansionismo de Trump em 2025. 

… Embora dentro do esperado, o PCE acelerou tanto no indicador cheio (de 2,1% para 2,3%) quanto no núcleo (de 2,7% para 2,8%) na comparação anual de outubro, mostrando que a última milha tem sido acidentada.

… No confronto mensal, índice cheio (0,2%) e núcleo (0,3%) vieram iguais a setembro e em linha com as projeções.

… De seu lado, a segunda leitura do PIB confirmou que a economia dos EUA desacelerou, mas de forma gradual, de 3% no 2tri para 2,8% no 3tri, também dentro do esperado.

… A despeito da economia resiliente e da inflação que teima em não cair mais rápido, o dólar e juros dos Treasuries recuaram, sinalizando que o Fed ainda pode cortar o juro pelo menos mais uma vez antes de encerrar o ciclo.

… A taxa da note de 10 anos alcançou a mínima de um mês, em 4,244%, de 4,305% na sessão anterior. A da note de 2 anos recuou a 4,222% (de 4,249%) e a do T-bond de 30 anos caiu a 4,429% (de 4,481%).

… O dólar recuou de forma expressiva ante rivais, com o índice DXY em queda de 0,90%, a 105,046 pontos.

… Destaque do dia, o iene subiu 1,31%, a 151,076/US$, em meio a apostas de um aumento de juros pelo BoJ. O euro ganhou 0,85%, a US$ 1,0567, e a libra avançou 0,98%, a US$ 1,2677.

… Uma liquidação nas ações das techs, que estão bem esticadas, derrubou as bolsas de NY.

… Liderando as perdas, o Nasdaq caiu 0,60%, a 19.060,48 pontos. Entre as sete magníficas, seis recuaram – a exceção foi Alphabet (+0,12%). Microsoft teve o pior desempenho, com queda de 1,17%.

… A Comissão Federal de Comércio dos EUA abriu uma investigação antitruste abrangente contra a empresa, mirando desde negócios de nuvem até licenciamento de softwares e produtos de IA.

… Nvidia chegou a recuar 3%, mas fechou em -1,15%. Fora do grupo, Dell (-12,25%) e HP (-6,01%) despencaram depois de balanços que decepcionaram investidores.

… O Dow Jones caiu 0,31% (44.722,06 pontos) e o S&P 500 recuou 0,38% (5.998,83).

EM TEMPO… PETROBRAS iniciou etapa de divulgação de oportunidade (“teaser”) referente à cessão de fatia minoritária de 25% no Campo de Tartaruga, localizado em Pirambu (SE), operado pela SPE Tiêta (Petrorecôncavo)…

… Petrobras assinou acordo com empresa dinamarquesa European para implantação de planta de e-metanol em escala comercial, a ser instalada em Pernambuco. A parceria foi comunicada ao mercado no ano passado.

GOL informou prejuízo líquido de R$ 338 milhões e Ebitda de R$ 410 milhões em outubro. Os dados financeiros são preliminares, não foram auditados ou revisados e foram apresentados ao Tribunal de Falências dos EUA.

VAMOS informou que foram deferidos o pedido de registro de companhia aberta categoria “A” pela CVM e o pedido de listagem e a admissão à negociação das ações de emissão da NewCo no Novo Mercado…

… A listagem é uma das etapas pertinentes à reorganização societária entre a Automob e a NewCo.

ELETRONUCLEAR. TCU determinou que empresa só poderá realizar novos saques sobre o chamado Fundo de Descomissionamento (FDES) das usinas Angra 1 e Angra 2 após alinhamento entre a companhia e reguladores.

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