Fiscal começa a vencer resistências no Congresso
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[05/11/24]
… Com a economia da China patinando no consumo das commodities, a expectativa é de que a Opep+ decida hoje adiar os cortes de produção de petróleo pelo menos até março. Aqui, em dia de agenda esvaziada, Brasília começa a desarmar a pressão nos negócios, com o desafio de derrubar o dólar abaixo de R$ 6 e aliviar as apostas para a Selic na curva do DI, que ainda rodam em torno de 15%. Na corrida do governo contra o tempo, a Câmara aprovou ontem à noite os primeiros requerimentos de urgência para dois dos projetos do pacote fiscal, embora ainda não haja garantia de que tudo será aprovado até o fim do ano, como deseja a equipe econômica. Mas é importante que o “trator” de Lira esteja funcionando a favor do governo, com a promessa de agilizar a tramitação dos cortes de gastos.
… Um apelo do governo e do presidente da Câmara, ontem, foi importante para destravar os primeiros passos das matérias de contenção de gastos, apesar da insatisfação dos deputados com as exigências do STF às emendas.
… A Câmara aprovou, por margem estreita na noite desta 4ªF, a urgência do projeto de lei com gatilhos para o arcabouço fiscal e bloqueio para emendas e do texto que limita o crescimento real do salário mínimo a 2,5% ao ano.
… Com isso, as propostas poderão ser votadas diretamente no plenário. Mas o placar apertado nas votações da urgência acende o sinal de alerta e revela que o governo vai ter que usar de habilidade política para negociar.
… O requerimento de urgência para o projeto de lei complementar (PLP) que traz novos gatilhos do arcabouço fiscal foi aprovado por 260 votos a favor e 98 contra, ou seja, por apenas três votos a mais do que o necessário (257).
… A urgência do texto do salário mínimo também passou apertada, por só dez votos acima do mínimo exigido.
… Segundo líderes ouvidos nos bastidores pela reportagem da Folha, contribuíram para a aprovação os acenos do governo, como o encaminhamento da liberação de emendas e articulação para reverter a decisão do STF.
… Mesmo assim, um influente aliado de Lira disse que não foi firmado compromisso sobre a aprovação do conteúdo das matérias, que ainda deve sofrer intenso debate e modificações, sem certeza de aprovação até o recesso.
… O presidente da Câmara reconheceu que, neste momento, o governo federal ainda não tem todos os votos necessários para aprovar o pacote de contenção de gastos, mas “que o Congresso não vai faltar”.
… Ele também animou os mercados domésticos (abaixo), ao sinalizar que pode agilizar a votação do pacote fiscal. Lira informou não ter dúvidas de que as medidas de corte de gastos serão votadas “se não essa semana, na outra”.
… O ganho dos dividendos entra agora na mira da Fazenda, segundo informação antecipada pelo jornal O Globo.
… Hoje, a distribuição de lucros e dividendos é isenta, mas o governo quer tributar na fonte estes rendimentos, com a criação de um imposto mínimo para os contribuintes com renda mensal acima de R$ 50 mil por mês.
… A alíquota da tributação deve ser de 7,5%, embora o martelo ainda não esteja batido, podendo chegar a 10%. A medida deve ser discutida no Congresso no ano que vem e, se aprovada, passaria a valer em 2026.
TRIBUTÁRIA – O relator do texto no Senado, Eduardo Braga, marcou para a manhã da próxima 2ªF a divulgação do relatório da reforma. No fim da tarde do mesmo dia, o texto será lido na CCJ, que votará o parecer na 4ªF.
… Se houver tempo, a votação no plenário pode ser iniciada logo depois. Caso contrário, ficará para o dia seguinte.
O NOVO BC – A CAE do Senado deve sabatinar os três indicados de Lula à diretoria do BC na próxima 3ªF. Os nomes devem ser votados no mesmo dia pelo plenário da Casa. Se aprovados, assumirão os cargos no início de 2025.
AGENDA FRACA – Único destaque aqui é a balança comercial de novembro (15h), que deve registrar superávit de US$ 7,8 bilhões, após saldo de US$ 4,34 bilhões em outubro.
… Se confirmada a mediana, o superávit da balança será 11% menor que o saldo de outubro de 2023, de US$ 8,79 bilhões, por causa do aumento das importações.
LÁ FORA – NY confere mais dados de mercado de trabalho hoje, com os pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30). A expectativa é de alta de 2 mil, para 215 mil pedidos.
… No mesmo horário, sai a balança comercial dos EUA em outubro, que deve registrar déficit de US$ 74,8 bilhões, ante resultado negativo de US$ 84,4 bilhões em setembro.
NÃO LARGA O OSSO – Foi tão insignificante a queda acumulada pelo dólar nos últimos dois pregões (não chegou a 0,35%), que parece ser mais certo dizer que nem caiu, só parou de subir. Segue firme, forte e invicto acima de R$ 6.
… A vantagem é que a moeda americana já está tão cara, que deve precipitar uma correção inevitável.
… Ouvido pelo Broadcast, o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, acredita que a taxa de câmbio já embute todo o pessimismo do investidor com a situação fiscal e pode experimentar recuo gradual até o fim do ano.
… “Se não aparecer nenhuma novidade ruim, a tendência é o dólar ir escorregando aos poucos para R$ 5,90”.
… Com o dólar estável no exterior (abaixo), o mercado se fiou na boa vontade de Lira em acelerar a tramitação dos projetos que tratam do corte de gastos, apesar da insatisfação dos parlamentares com a questão das emendas.
… Contra o real, a moeda americana fechou em leve baixa de 0,18%, cotado a R$ 6,0477.
… O recado de Lira também ajudou a suavizar os juros futuros a partir dos vencimentos médios. A curva ainda teve ajuda dos retornos dos Treasuries, que recuaram com dados da ADP e PMI mais fracos nos EUA.
… Na contramão, os vencimentos curtos voltaram a subir, na expectativa de que o Copom aumente a dose de alta da Selic na próxima semana.
… O DI jan/26 subiu a 14,090% (de 13,995% no fechamento anterior); e o jan/27 a 14,315% (14,260%). Já o Jan/29 caiu a 14,070% (de 14,105%); Jan/31, a 13,890% (de 13,920%); e Jan/33, a 13,730% (de 13,770%).
… Um tranco de +100pb na Selic na próxima semana não é o ideal, na visão de Fernanda Guardado, ex-diretora do BC e hoje chefe de pesquisa para AL no BNP Paribas.
… Para ela, o BC vai precisar de munição para enfrentar meses de más notícias à frente, mas dobrar o ritmo de alta da Selic, de 50pb para 100pb, geraria muita volatilidade na economia.
… “Muita gente diz para [o BC] dar [uma alta] mais forte agora e começar a cortar logo depois. Isso não faz sentido. É difícil para as empresas se programarem nesse tipo de ambiente”, disse.
… Já na XP, o economista-chefe, Caio Megale, vê espaço para duas altas de 100pb e outras duas de 50pb, com a Selic terminal em 14,25% em maio de 2025. A taxa cairia a 13,25% no fim do ano, de 12,25% estimados antes.
… As novas projeções acompanham um aumento na previsão da XP para o IPCA 2024, de 4,9% para 5%. Para 2025, a expectativa é de 5,2% e para 2026, de 4,5%. O PIB deste ano foi revisado de 3,1% para 3,5%.
… Para o câmbio, a expectativa para o final de 2024 passou de R$ 5,70 para R$ 6,00. Para 2025 e 2026, as projeções são de R$ 5,85 e R$ 6,00 respectivamente.
… Já o Citi vê o Copom subindo o juro em 75pb na próxima 4ªF e acredita que o BC vai elevar a projeção do IPCA no horizonte relevante (2Tri26) de 3,6% para 3,8%.
SEIS POR MEIA DÚVIDA – Foi negativa para a Petrobras a repercussão à matéria do Globo de que o governo planeja transferir o presidente de conselho da estatal, Pietro Mendes (ligado ao ministro Alexandre Silveira), para a ANP.
… Depois do fechamento dos negócios, a Petrobras confirmou que Mendes foi indicado pelo MME para ocupar uma diretoria da ANP, mas que, durante o processo de análise, ainda segue como presidente do conselho da companhia.
… A mudança abre espaço para o economista Bruno Moretti, ligado ao ministro Rui Costa, assumir a cadeira do CA.
… O investidor, que já viu muitas vezes o filme de ingerência política, sempre costuma reagir mal em um primeiro momento, como aconteceu ontem, quando derrubou Petrobras ON (-0,96%, a R$ 42,37) e PN (-0,63%, a R$ 39,25).
… A troca não altera, porém, o jogo de forças dentro do colegiado da empresa, com seis dos 11 conselheiros diretamente indicados pelo governo. “Significa mudar para manter como está”, resumiu uma fonte ao Broadcast.
… “Silveira e Costa são a mesma pessoa dentro da Petrobras”, disse outro interlocutor. O mais importante para o investidor é que a mudança não tenha impacto no pagamento de dividendos e nas condições de geração de caixa.
… “A Petrobras tem passado por diversas mudanças internas, que não alteraram os principais pilares: manutenção da política de preços, investimentos e boa distribuição de dividendos”, aponta o analista João Daronco (da Suno).
… Se tudo continuar na mesma, como tudo indica que continuará, a cautela do investidor não deve perdurar.
… A queda de Petrobras ontem neutralizou os ganhos do Ibovespa, que fechou estável (-0,04%), aos 126.087,02 pontos), com giro de R$ 22 bilhões. Vale (ON, -1,95%, a R$ 57,33) também anulou as forças da bolsa.
… Descolada a alta do minério (+0,43%), a companhia ainda reflete os desafios apresentados no Investor Day. Existe a percepção entre parte do mercado de chances mais reduzidas de a Vale distribuir dividendos extraordinários.
… Apesar da falta de apetite pelas blue chips das commodities, os bancos compensaram. Bradesco ON (+1,28%; R$ 11,12), PN (+1,14%; R$ 12,44), BB (+1,21%; R$ 25,17), Itaú (+0,62%; R$ 32,68) e Santander (+0,04%; R$ 25,30).
… O maior ganho da sessão foi de BRF, com +5,58%, a R$ 27,80, beneficiada pela queda no preço do milho e pelo dólar valorizado. Em seguida na lista, LWSA avançou 4,58% (R$ 3,65) e Rumo subiu 2,77% (R$ 19,28).
… As piores perdas do dia ficaram com Azzas (-4,49%; R$ 35,09), MRV (-4,19%; R$ 5,03) e Hapvida (-3,32%; R$ 2,62).
SO FAR, SO GOOD – Dados que mostram a economia dos EUA resiliente, mas num ritmo menor, reforçaram ontem a percepção de que o Fed ainda vai voltar a cortar o juro em dezembro, nem que seja pela última vez neste ciclo.
… Às vésperas do payroll, o setor privado dos EUA criou 146 mil empregos em novembro, abaixo da previsão de 165 mil. Ainda o número de outubro foi revisado bem para baixo, de 233 mil para 184 mil vagas.
… Outro indicador econômico exibiu enfraquecimento. O PMI do setor de serviços medido pelo ISM caiu de 56,0 em outubro para 52,1 em novembro, bem abaixo da expectativa de 55,6.
… Depois dos dados, as apostas em corte de 25pb nos juros pelo Fed este mês avançaram de 72,9% para 75,7%.
… O mercado não migrou para a precificação de juro estável em dezembro, apesar dos comentários otimistas de Powell. Para ele, a economia está mais forte do que parecia em setembro, quando o Fed começou a baixar os juros.
… Segundo Powell, o BC pode se dar ao luxo de ser cauteloso ao reduzir as taxas para um nível neutro.
… “Powell estava muito otimista com a economia e disse que estamos fazendo progresso na inflação. São boas notícias para as ações em geral”, comentou Peter Cardillo (Spartan Capital Securities) na Reuters.
… Outros dirigentes do Fed seguiram a cartilha da cautela em seus pronunciamentos.
… Alberto Musalem disse ver novos cortes de juros como necessários, mas que as incertezas podem interferir no processo. “O caminho para o juro neutro pode ser acelerado, pausado ou desacelerado, a depender do ambiente.”
… Thomas Barkin (Richmond) disse estar encorajado pela desaceleração dos preços, mas que a inflação segue acima da meta.
… Enquanto isso, o Livro Bege indicou que a atividade econômica aumentou na maioria dos distritos do Fed.
… As bolsas de NY emplacaram mais um recorde de fechamento. Os bons balanços de Salesforce (+11%) e Marvell Technology (+23,2%), ambos no embalo da IA, deram gás ao segmento tech, que liderou os ganhos.
… O Nasdaq saltou 1,30%, aos 19.735,12 pontos, e o S&P 500 ganhou 0,60% (6.086,47 pontos). Pela primeira vez acima dos 45 mil pontos, o Dow Jones subiu 0,69% (45.014,04 pontos).
… Os juros dos Treasuries reagiram aos dados mais amenos da economia americana e à indicação de Paul Atkins para a SEC. O retorno da note de 2 anos caiu a 4,127%, de 4,178% na sessão anterior.
… O da note de 10 anos recuou a 4,187% (de 4,224%) e o do T-bond de 30 anos foi a 4,353% (de 4,407%).
… Mais uma vez, o índice dólar (DXY) fechou perto da estabilidade (-0,04%), em 106,321 pontos.
… O euro ficou praticamente no zero a zero (+0,06%), a US$ 1,0518, segurando a pressão da crise política na França, onde o Parlamento derrubou o primeiro-ministro, Michel Barnier.
… No início da sessão, o euro chegou a cair com o fraco PMI de serviços da zoa do euro em novembro, o menor em dez meses, a 49,5 (de 51,6 em outubro). O PPI caiu 3,2% na comparação anual, de -3% esperados.
… Em discurso ontem, Christine Lagarde (BCE) afirmou que “a batalha contra a inflação está perto de ser vencida”, embora tenha evitado se comprometer com qualquer trajetória para os juros.
… A libra esterlina subiu 0,24%, a US$ 1,2704, a despeito de Andrew Bailey (BoE) ter dito ao FT que espera quatro cortes de juros no ano que vem, se a economia evoluir conforme esperado. O iene recuou 0,61%, a 150,528/US$.
… Mesmo sem pressão do dólar e na véspera da reunião da Opep+, que pode estender os cortes de produção até o 1Tri25, a cotação do petróleo Brent/fev caiu forte (-1,81%), a US$ 72,31 o barril, na ICE.
EM TEMPO… BRF distribuirá JCP no valor total de R$ 200 milhões, o que corresponde a R$ 0,123 bruto por ação, com pagamento em 30 de dezembro deste ano. Ex em 17/12.
MINERVA informou que a unidade de Rolim de Moura (RO) foi habilitada para exportar carne bovina in natura aos EUA. A empresa passa a ter 14 plantas no Brasil habilitadas ao mercado americano.
BRASKEM. Novo CEO, Roberto Prisco Paraiso Ramos, veterano da Novonor, deu início à reformulação da diretoria executiva. Felipe Montoro Jens substituirá Pedro Freitas na diretoria financeira e de RI…
… Stefan Lepecki entrará no lugar de Edison Terra Filho, responsável pela Unidade Olefinas & Poliolefinas América do Sul, e de Marcelo de Oliveira Cerqueira, responsável por Manufatura Brasil e Operações Industriais Globais…
… A petroquímica reduziu o número de vice-presidências ou diretorias de 12 para 9 na nova estrutura de comando e informou que apenas quatro executivos do quadro atual seguirão na companhia.
NATURA & CO. Tribunal que supervisiona o processo de Chapter 11 da Avon Products Inc (IPA) aprovou o acordo de transação global com o comitê de devedores quirografários da Avon…
… Também foi aprovada a venda das operações da Avon fora dos EUA para a Natura por meio de uma oferta de crédito no valor de US$ 125 milhões.
SUZANO pagará R$ 2,5 bilhões em JCP, a R$ 2,017 por ação; ex em 17/12. Pagamento será em 10 de janeiro de 2025.
LOCALIZA aprova a 40ª emissão de debêntures simples, no valor de R$ 600 milhões, com vencimento em 10 de dezembro de 2030.
SANTOS BRASIL. O número de contêineres movimentados cresceu 20,5% em novembro de 2024 ante mesmo mês de 2023, para 125.730 unidades. Nos 11 primeiros meses do ano, houve avanço de 23,6%.
HBR REALTY- empresa de propriedades comerciais da família Borenstein, dona da incorporadora Helbor – colocou em andamento um plano de venda de ativos com potencial para movimentar R$ 1,3 bilhão, segundo o Broadcast…
… Pela estimativa de mercado, o valor é mais que o triplo do seu valor de mercado na bolsa (R$ 390 mi). O dinheiro será usado como combustível para novos projetos de prédios corporativos, shopping e centros de conveniência.
NEOENERGIA PERNAMBUCO fará a 15ª emissão de debêntures simples, no valor total de R$ 700 milhões, com prazo de seis anos a contar da data da emissão.
EQUATORIAL GOIÁSfará o resgate antecipado facultativo das debêntures da segunda emissão, no valor total aproximado de R$ 836,8 milhões, em10 de dezembro deste ano.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
PIB leva mercado a projetar Selic de 15%
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[04/11/24]
… Enquanto incertezas geopolíticas na Coreia do Sul e Oriente Médio mantêm a pressão no cenário externo, o Parlamento francês deverá aprovar hoje voto de desconfiança ao primeiro-ministro, Michel Barnier. Nos EUA, mais um dado de emprego, a pesquisa ADP sobre o setor privado, antecipa as expectativas para o payroll (6ªF), que poderá fechar consenso sobre um novo corte do juro pelo Fed na próxima semana. Os investidores também esperam que Powell, que fala às 15h45, possa ajudar nessa aposta. Aqui, tem Haddad debatendo o Equilíbrio na Política Econômica, no site Jota (11h). Na agenda, a produção industrial deve desacelerar, após a forte expansão de 1,1% em setembro. Nesta 3ªF, o PIB/3Tri levou a curva de juros a projetar Selic de 15%, ampliando os receios de inflação com o dólar a R$ 6.
… A economia cresceu 0,9% ante o 2Tri, para nível recorde da série do IBGE, e pouco acima da mediana das estimativas (0,8%).
… Pelo lado da demanda, o principal impulso veio do consumo das famílias (+1,5%), que também atingiu máxima inédita no período, com a melhora do mercado de trabalho. Sob a ótica da oferta, o PIB de serviços (0,9%), do mesmo modo, registrou pico histórico.
… O IBGE ainda revisou para cima o crescimento do PIB de 2023 (de 2,9% para 3,2%) e do primeiro trimestre deste ano (1% para 1,1%).
… Mas, no mercado, o PIB foi recebido como mais um fator de pressão sobre a inflação e os juros, já bastante pressionados.
… Como apurou a jornalista Denise Abarca (Broadcast), a avaliação geral é de que o BC deverá revisar para cima as suas estimativas para o hiato do produto e, com isso, será inevitável acelerar o ritmo de aperto da taxa Selic.
… Para Helena Veronese (B.Side Investimentos), o cenário fiscal “muito ruim” somado ao PIB forte transformou a alta de 50 pbs da Selic num “risco de cauda”. Ela espera pelo menos duas elevações de 75 pontos-base nas próximas reuniões e Selic terminal de 13,25%.
… A economista não vê ainda a economia em dominância fiscal, que já é debatida no mercado, porque acredita que o aperto do juro será eficiente para esfriar a atividade e o emprego, e diz que “o grande risco é o dólar a R$ 6, que deve entrar nos preços daqui a pouco”.
… Na sequência da divulgação do PIB, bancos e instituições revisaram para cima as estimativas para o crescimento do PIB de 2024, como o BTG Pactual (3,2% para 3,3%), o Goldman Sachs (3,1% para 3,4%) e o Ibre/FGV (3,4% para 3,5%).
… Outras casas, como BofA, Itaú e XP incorporaram viés de alta às projeções, por ora, mantidas em 3%, 3,2% e 3,4%, respectivamente.
… Pesquisa da Agência Estado indicou alta na mediana para o PIB de 2024, que passou de 3,2% para 3,3%, mas desaceleração para o 4Tri na margem, com as projeções variando de uma queda de 0,1% a crescimento de 1%. A mediana ficou em 0,3%.
… Já para 2025, a mediana do PIB passou de 1,9% para 2,0%, com estimativas entre 1,5% e 3,0%.
… Em evento de fim de ano do Bradesco, o presidente do conselho, Luiz Carlos Trabuco, disse que a expansão do PIB pode perder força à frente, por conta da tendência de juros subindo mais, o que afeta a atividade.
… Mas ele acredita que os investimentos já contratados e planejados pelas empresas podem ajudar a manter um PIB “razoável” em 2025.
… Trabuco disse que a forte piora do mercado, após a divulgação do pacote fiscal, é um “sinal de alerta” para Brasília sobre a necessidade de o ajuste prosseguir. Ao mesmo tempo, declarou que o juro futuro mais alto já tem repercussões e afeta negócios.
… Para o executivo, o pacote fiscal apresentado pelo governo não foi “tímido”, mas poderia ter impacto maior se o governo não tivesse anunciado junto com a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
… Já a Febraban divulgou nota após o PIB, alertando que é preciso criar as condições para que o BC não precise aumentar os juros para nível ainda mais elevado, o que poderia inibir o processo de crescimento econômico e a retomada dos investimentos.
… “Não podemos desperdiçar outra chance”, afirma a entidade, ao se referir à necessidade de um plano fiscal “crível e consistente”.
URGÊNCIA – O líder do governo na Câmara, José Guimarães, protocolou ontem à noite dois requerimentos de urgência para o pacote fiscal proposto pelo governo. As urgências já tinham sido pautadas para a sessão dessa 3ªF pelo presidente Arthur Lira.
… Mas há resistência dos líderes para assinar os requerimentos, já que estão insatisfeitos com as exigências do STF sobre a execução das emendas parlamentares. Consideram que Flávio Dino extrapolou em relação ao acordo fechado entre o Executivo e o Legislativo.
… Nesta 3ªF, o Planalto autorizou a liberação de quase R$ 8 bilhões de emendas. Ainda faltam mais R$ 8 bilhões que estavam travados. As liberações devem acontecer ainda em dezembro, desde que cumpridas as exigências de transparência nas emendas Pix e de comissão.
… As urgências dizem respeito a um projeto de lei ordinária e um projeto de lei complementar, que definem mudanças do salário mínimo e do BPC. O governo também precisa aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), cuja tramitação ainda está incerta.
… Em uma das medidas da PEC, a nova Desvinculação de Receitas da União (DRU), com duração até 2032, tem potencial de quadruplicar a fatia orçamentária de receitas que é desengessada com a medida, segundo apurou o Broadcast.
… O texto deve ampliar os efeitos da DRU vigente, de R$ 10,6 bilhões, para R$ 44,3 bilhões no próximo ano.
… O Congresso tem apenas três semanas para aprovar as medidas ainda neste ano.
MAIS PIB, MENOS SALÁRIO – A revisão do PIB/2023, de 2,9% para 3,2%, aumentará de R$ 11,9 bilhões para R$ 15 bilhões a projeção de economia de gastos gerada pela nova regra de reajuste do salário mínimo entre 2025 e 2026, apurou a Folha.
DOU EXTRA – O presidente Lula encaminhou ao Senado as indicações dos nomes dos novos diretores do Banco Central que assumirão em janeiro de 2025, em mensagens publicadas em edição extra do Diário Oficial da União desta 3ªF.
… Estão confirmadas as indicações de Nilton David à diretoria de Política Monetária, Izabela Correa para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, e de Gilneu Vivan para a diretoria de Regulação do Sistema Financeiro.
RELATÓRIO DA TRIBUTÁRIA – Senador Eduardo Braga (MDB), relator do projeto de regulamentação da reforma tributária, prometeu após reunião com Haddad todo esforço para apresentar o seu texto hoje na sessão da CCJ do Senado, prevista para as 10h.
MAIS AGENDA – O IBGE divulga às 9h a produção industrial de outubro, que deve ficar praticamente estável (+0,1%) na comparação mensal, depois da forte alta de 1,1% em setembro, segundo a mediana de pesquisa Broadcast.
… Mas o intervalo das estimativas para o dado do IBGE é grande: vai de -0,7% a +1,5%. Na comparação com out/23, a produção deve crescer 6% (as projeções variam de 3,2% a 7,8%). Às 14h30, o BC informa o fluxo cambial semanal.
… Lula e Haddad se reúnem às 9h. A pauta do encontro não foi informada. Rui Costa e Lupi também participam.
LÁ FORA – Nos EUA, o relatório ADP, às 10h15, deve apontar a criação de 165 mil vagas de emprego em outubro no setor privado, marcando uma desaceleração contra novembro, quando 223 mil postos de trabalho foram abertos.
… A agenda americana conta ainda com o Livro Bege (16h), o PMI/S&P Global composto de novembro (11h45), o PMI/ISM de serviços (12h) e os estoques de petróleo do DoE (12h30), com previsão de -1,2 milhão de barris.
… Às 10h45, o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, participa de simpósio.
… Na Europa, Lagarde (BCE) discursa às 10h30 e Andrew Bailey (BoE) fala às 6h. Entre os indicadores, a leitura final de novembro do PMI/S&P Global composto sai na Alemanha (5h55), zona do euro (6h) e Reino Unido (6h30).
AFTER HOURS – Salesforce chegou a disparar 6% no pregão estendido com a receita do 3Tri fiscal (US$ 9,44 bilhões) acima do esperado (US$ 9,35 bilhões), mas praticamente zerou a euforia (+0,13%) até o fechamento dos negócios.
… O lucro líquido de US$ 1,53 bilhão no período, com ganho diluído por ação de US$ 2,41, veio acima dos US$ 2,11 por ação reportados há um ano, mas abaixo da expectativa dos analistas do mercado financeiro, de US$ 2,44.
CHINA HOJE – A atividade do setor de serviços continuou expandindo em novembro, embora a um ritmo menor. Segundo o PMI/S&P Global, o indicador caiu a 51,5, de 52,0 em outubro, mas superou o esperado (51,2).
… Já o PMI composto cresceu de 51,9 em outubro para 52,3 em novembro, graças ao impulso da atividade industrial, no maior nível (51,5) desde junho.
JAPÃO HOJE – A atividade econômica do país passou de contração a expansão de outubro para novembro. O PMI composto medido pela S&P Global e pelo Jinbun Bank subiu de 49,6 para 50,1 no período.
… O PMI de serviços avançou de 49,7 para 50,5, agora também em território de expansão.
SELIC É PALIATIVA? – Relatório assinado por estrategistas do JPMorgan ressalta que, para frear a deterioração do câmbio e do DI, um aperto monetário agressivo pelo BC pode não ser suficiente sem uma “consolidação fiscal”.
… Diante do risco de que os mercados brasileiros entrem em um “ciclo vicioso”, com o real depreciado alimentando as expectativas de inflação, o banco passou a apostar em alta dos contratos futuros de juro para janeiro de 2026.
… Ontem, a curva voltou a disparar e consolidou a aposta de que o Copom terá de responder com alta de 0,75pp da Selic ao efeito em cascata do contexto atual, na incerteza fiscal que puxa o dólar, que puxa a inflação e por aí vai.
… O PIB rodando alto, como se viu, só fez ampliar a pressão por um ciclo de aperto mais agressivo do juro. A LCA elevou a projeção de Selic terminal de 12,75% para 13,00% (+0,75pp em dezembro e janeiro e 0,25pp em março).
… Na tentativa de aplacar a tensão nos negócios, o Tesouro reduziu a oferta de NTN-B no leilão de ontem. O lote de 600 mil foi absorvido integralmente, mas a taxas muitos elevadas, com o governo pagando caro para se financiar.
… “O resultado de um leilão horroroso desse deveria fazer o governo pensar como está comandando a política econômica”, escreveu o especialista em renda fixa e professor Alexandre Cabral em seu perfil na rede social X.
… Os leilões de títulos públicos realizados em novembro renderam ao Tesouro R$ 73,3 bilhões, o segundo menor volume do ano, segundo a Warren Investimentos, ficando atrás somente do mês de junho (R$ 69 bilhões).
… “A oferta de títulos prefixados, que já vinha sendo comedida nos meses anteriores, caiu ainda mais, representando o menor volume no ano. Isso decorreu da dinâmica bastante negativa do mercado de juros”, analisou o estrategista-chefe Sérgio Goldenstein.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 13,995% (de 13,880% no pregão anterior); Jan/27 subia para 14,260% (de 14,085%); Jan/29, a 14,105% (de 13,865%); Jan/31, a 13,920% (13,680%); e Jan/33, 13,770% (13,540%).
… Apesar de a curva do DI estar projetando a taxa de juro básico em 15%, “no mundo real, talvez a Selic não tenha de chegar a tanto”, acredita o presidente do conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que vê exagero no mercado.
… “Podemos estar em um momento de overshooting do câmbio e juros”, avalia o executivo.
… Seja como for, o dólar não dá maior sinal de cansaço. Tudo o que caiu ontem foi 0,16%, mesmo depois de ter disparado 4,5% no acumulado dos cinco pregões anteriores. Continua invicto acima de R$ 6, cotado a R$ 6,0584.
… O BTG elevou a projeção para a taxa de câmbio no fim deste ano de R$ 5,50 para R$ 5,90 e passou a estimar dólar em R$ 5,80 no fim de 2025. Segundo o banco, o pacote fiscal provocou desancoragem do comportamento do real.
… Pelos modelos do BTG Pactual, não fosse o ruído nas contas públicas, a moeda americana estaria em R$ 5,43.
SELEÇÃO NATURAL – Sob o peso dobrado do fiscal e das incertezas sobre os impactos do governo Trump, novembro foi mais um mês de fuga do capital estrangeiro da B3, completando três meses consecutivos de “bye bye Brasil”.
… As retiradas de k externo vêm escalando: em setembro, houve saída de R$ 1,671 bilhão; em outubro, o Brasil perdeu mais R$ 2,5 bilhões; e novembro fechou negativo em R$ 3,051 bilhões. No ano, já são -R$ 33,813 bilhões.
… O apetite gringo vem caindo, como se percebe pelo rebaixamento recente das recomendações do País pelo Morgan Stanley (underweight) e pelo JPMorgan e Julius Baer, de overweight, equivalente a compra, para neutra.
… O Goldman Sachs também se mantém seletivo e tem preferido o Chile (overweight) e o Peru (marketweight) ao Brasil, Colômbia e México (underweight), comprovando que a economia doméstica desperta desconfiança.
… Mas, pelo menos ontem, o Ibovespa testou uma reação e conseguiu retomar os 126 mil pontos, resistindo à pressão do câmbio e do DI. Fechou com alta de 0,72% (126.139,20 pontos) e volume financeiro de R$ 21,7 bilhões.
… Depois de caírem em bloco e com força na véspera, os bancos tiveram uma sessão mais favorável. Santander subiu 2,39% e fechou na máxima do dia, em R$ 25,29. BB avançou 1,22% (R$ 24,87) e Itaú ganhou 1,12% (R$ 32,48).
… Já Bradesco ON fechou estável (+0,09%, em R$ 10,98) e Bradesco PN cedeu 0,32%, a R$ 12,30.
… No pano de fundo defensivo com o fiscal e a Selic, Petrobras teve ganho bem menos expressivo que o petróleo Brent (+2,49%, a US$ 73,62). Petrobras ON subiu 0,12% (R$ 42,78) e PN avançou 0,89%, a R$ 39,50, máxima do dia.
… Desvalorização do dólar e expectativa de que a Opep+ adie por mais alguns meses seu plano de retomar a produção do petróleo elevaram o preço da commodity.
… Já Vale fechou na mínima intraday, em R$ 58,47 (-0,76%), a despeito da alta de 1,5% no preço do minério de ferro em Dalian. O Investor Day da companhia em NY não empolgou.
… No evento, a mineradora atualizou suas projeções e, agora, estima uma produção de 328 milhões de t de finos de minério de ferro em 2024. No Vale Day de 2023, a estimativa era de 320 milhões de t.
… O CEO Gustavo Pimenta não antecipou possíveis dividendos para o futuro, por causa da reparação dos danos em Mariana e Brumadinho. Mas sinalizou que o pagamento mínimo está garantido.
… Ainda no Ibov, Brava Energia saltou 9,05% (R$ 21,08), na expectativa da retomada do campo Papa Terra e o início da operação do FPSO Atlanta.
… Caixa Seguridade subiu 4,55% (R$ 14,95), após melhora da recomendação de neutra para compra pelo Citi. Outros destaques positivos foram BB Seguridade (+4,19%; R$ 35,04), Ambev (+4,53%; R$ 13,85) e BRF (+4,48%; R$ 26,33).
… As maiores perdas foram de Petz (-4,09%; R$ 4,22), Embraer (-2,66%; R$ 56,08) e Eztec (-2,53%; R$ 11,93).
EM MODO ESPERA – Bolsas, dólar e juros tiveram oscilações discretas em NY, de olho nas tensões geopolíticas globais e com o mercado na expectativa dos dois eventos mais importantes da semana: Powell e o payroll.
… Ambos devem dar uma ideia mais clara do que virá na próxima reunião do Fomc, semana que vem.
… No FedWatch, do CME, as projeções para um corte de 25pb em dezembro subiram de 61% para 71% ontem, mesmo depois do Jolts forte.
… O relatório mostrou que havia 7,744 milhões de vagas de trabalho abertas nos EUA em outubro, acima dos 7,372 milhões em setembro e da expectativa do mercado, de 7,44 milhões.
… Em discurso ontem, Mary Daly (Fed San Francisco) disse que o mercado de trabalho e a economia vão bem, mas que um novo corte de juros em dezembro “definitivamente não está fora de cogitação”.
… A diretora do Fed Adriana Kugler defendeu que a última leitura do PCE é consistente com uma inflação caminhando para a meta de 2%, mas quer ver mais dados antes de decidir cortar os juros.
… Em NY, o S&P 500 fechou praticamente estável (+0,05%), mas o suficiente para anotar o 55º recorde de fechamento do ano, em 6.049,88 pontos. O Nasdaq ganhou 0,40%, aos 19.480,91 pontos, também recorde.
… O Dow Jones caiu 0,17% (44.705,53 pontos).
… Wall Street se absteve de apostas mais arriscadas em meio à intensa volatilidade dos ativos sul-coreanos, após o presidente Yoon Suk Yeol decretar lei marcial. Horas depois, voltou atrás após o Parlamento rejeitar a decisão.
… Ainda no campo geopolítico, Israel e Hezbollah fazem acusações mútuas de ataques, ameaçando romper o acordo de cessar-fogo. O ministro da Defesa, Israel Katz, alertou que o país pode retomar os ataques ao Líbano.
… O iene subiu 0,16%, a 149,62/US$, se beneficiando da busca por segurança após a lei marcial na Coreia.
… Na França, o imbróglio político em torno do orçamento não impediu a estabilidade do euro (+0,03%), em US$ 1,0511. A libra também ficou quase no zero a zero (+0,09%), em US$ 1,2673.
… Em meio às oscilações estreitas de seus principais pares, o índice DXY fechou estável em 106,365 pontos (-0,08%).
… Nos Treasuries, em movimento defensivo, os retornos chegaram a cair em bloco com o evento sul-coreano, mas ao fim do dia, os vencimentos mais longos voltaram a subir.
… O rendimento da note de 2 anos caiu a 4,173%, de 4,184% na sessão anterior, e o da note de 10 anos subiu a 4,226% (de 4,194%). O do T-bond de 30 anos avançou a 4,408% (de 4,357%).
EM TEMPO… PRIO informou que a produção de petróleo atingiu 76.896 boepd em novembro, recuo de 2,9% em relação a outubro, segundo dados preliminares.
IGUATEMI negocia empréstimo-ponte para compra de shoppings Paulista e Higienópolis, da Brookfield, segundo fontes do Broadcast…
… A companhia tem um acordo de exclusividade para negociar a aquisição dos ativos, cujo prazo está perto do fim.
TENDA aprovou a distribuição de R$ 21 milhões em dividendos intercalares. A soma é equivalente a R$ 0,1706 por ação ordinária da empresa. O pagamento será feito em 6 de dezembro. Ex em 9 de dezembro.
OI concluiu venda de itens do Acervo Torres Selecionadas à American Tower do Brasil (ATC) por R$ 1 milhão; negócio tinha sido anunciado em 18/10.
INTERCEMENT entrou com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital do Estado de São Paulo.
COELBA, subsidiária da Neoenergia, aprovou a 19ª emissão de debêntures simples no valor total de R$ 790 milhões. O prazo de vencimento será de seis anos.
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Emprego nos EUA e PIB no Brasil são destaques do dia
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[03/11/24]
… A expectativa de um voto de desconfiança do Parlamento francês, que deve derrubar o governo do primeiro-ministro, Michel Barnier, nos próximos dias, enfraquece o euro e mantém o dólar fortalecido entre as moedas fortes, enquanto as ameaças protecionistas de Trump penalizam o câmbio dos emergentes e ampliam as incertezas sobre a decisão do Fed na próxima semana. Aqui, a aposta em alta de 75pbs da Selic já é majoritária entre economistas do mercado, após o pacote fiscal engatar uma rotina de desvalorização do real. Na agenda de hoje, saem o relatório JOLTS e o balanço de Salesforce em NY e, aqui, o PIB/3Tri e as contas de outubro do Tesouro. Nesta 2ªF, o governo fechou a PEC que integra o conjunto de medidas de contenção de gastos e altera as regras do abono salarial, entre outros pontos.
… Reunião do presidente Lula, no Palácio do Planalto, com os ministros Fernando Haddad, Alexandre Padilha e Rui Costa, além dos líderes do governo no Congresso, discutiu a tramitação do pacote fiscal, que a equipe econômica espera aprovar ainda neste ano.
… Duas propostas já tinham sido enviadas: o projeto de lei complementar com os novos gatilhos do arcabouço, que autoriza o bloqueio e o contingenciamento das emendas parlamentares, e o PL que limita o crescimento real do salário mínimo ao máximo de 2,5% ao ano.
… Já a PEC traz, além das mudanças no abono salarial, novas regras para o Fundeb, prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), autorização para ajuste orçamentário em subsídios e subvenções e variação de recursos do Fundo Constitucional do DF ao IPCA.
… De acordo com o governo, a PEC terá impacto de R$ 104 bilhões nos próximos seis anos: R$ 11,1 bilhões em 2025, R$ 13,4 bilhões em 2026, R$ 16,9 bilhões em 2027, R$ 20,7 bilhões em 2028, R$ 24,3 bilhões em 2029 e R$ 28,4 bilhões em 2030.
… A PEC propõe destinar até 20% das despesas da educação em tempo integral ao Fundeb, o que corresponde a uma das medidas com maior potencial de economia do pacote fiscal divulgado pelo governo.
… Segundo a Fazenda, do total de R$ 71,9 bilhões de cortes entre 2025 e 2026, R$ 10,3 bi correspondem ao fundo.
… A PEC de contenção de gastos incluiu trecho para tentar vedar supersalários do funcionalismo público. São considerados supersalários as remunerações que ultrapassam o teto constitucional de R$ 44 mil mensais.
… Mas ainda não houve consenso sobre as regras de aposentadoria dos militares. Eles pedem mais tempo de transição para as novas regras, que, entre outras mudanças, estipulam a idade de aposentadoria mínima de 55 anos.
… Ainda hoje, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, deve se reunir com as vice-lideranças do governo na Câmara, fornecendo explicações sobre as medidas fiscais anunciadas na semana passada. Há possibilidade de Haddad também comparecer.
… Em evento da XP, Durigan confirmou que uma das medidas propostas no pacote de gastos, a que trata do dever de execução do orçamento, visa permitir ao Executivo bloquear e contingenciar despesas discricionárias no volume que julgar necessário.
… Segundo ele, a mudança quer evitar o que aconteceu em julho, quando o governo limitou o contingenciamento a R$ 3,8 bilhões, suficiente apenas para garantir o cumprimento da meta de resultado primário, entendendo que estava proibido de realizar uma contenção maior.
… Líderes da Câmara, no entanto, fizeram ressalvas a essa proposta de revogação do “dever de execução do orçamento” e hoje Durigan deve tentar convencer os deputados das boas intenções do governo para bloquear e contingenciar as despesas discricionárias.
… A boa vontade dos parlamentares para aprovar as medidas de contenção de gastos tende a ser reforçada pela decisão do ministro Flávio Dino (STF) de liberar a execução de emendas, nesta 2ªF, que entrou em votação virtual ontem às 18h e já tem maioria favorável.
… Os deputados só não gostaram da nova fórmula de correção dos valores, suspensos desde agosto, e das regras de transparência definidas por Dino, que tornaram obrigatória a rastreabilidade da origem e destino dos recursos públicos.
MAIS AGENDA – Embora sem o mesmo fôlego do 2Tri (+1,4%), o PIB brasileiro (9h) deve continuar crescendo no 3Tri. A mediana das apostas em pesquisa Broadcast aponta 0,8%. O intervalo das projeções vai de 0,5% a 1,2%.
… Do lado fiscal, o Tesouro divulga às 14h30 o resultado do Governo Central em outubro, que já foi antecipado pelo Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), com superávit primário de R$ 40,811 bilhões.
… Ainda hoje, saem os dados de novembro da Fenabrave (sem horário confirmado) e o IPC-Fipe (5h), que deve acelerar a 0,96% em novembro, de 0,80% (outubro). À noite, Lula faz jantar de confraternização de fim de ano.
… A bancada do PT na Câmara e os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) devem participar. A presença de Haddad ainda é dúvida.
… Temas como o pacote de corte de gastos e a articulação política do governo devem ser debatidos.
LÁ FORA – Às vésperas do payroll (6ªF), o relatório de emprego Jolts de outubro será divulgado hoje, ao meio-dia. Dois dirigentes do Fed participam de eventos: Adriana Kugler (14h35) e Austan Goolsbee (15h30 e 17h45).
JOGO DE PERDE-PERDE – Por mais que o dólar a R$ 6 possa estar carregando um componente especulativo, que mantém o BC longe do câmbio, o senso de realidade reconhece a preocupação com os fatores de risco.
… Ao fiscal, somam as ameaças protecionais de Trump e, agora, também a crise política na França em torno do Orçamento do país para 2025, que colabora para enfraquecer o euro e indiretamente piora as coisas para o real.
… No timing infeliz, já faz quatro pregões consecutivos que o dólar escala a marcas inéditas.
… Não foi diferente ontem, quando a moeda-norte americana estabeleceu a sua mais nova máxima histórica intraday (R$ 6,0919) e renovou o recorde de fechamento, cotada a R$ 6,0680, em alta firme de 1,11%.
… Foi o segundo dia seguido em que fechou acima de R$ 6, reforçando os perigo de se consolidar por aí. No intervalo de uma semana, que coincide com o anúncio do pacote fiscal, o real já caiu 4,5%. No ano, afunda 25%.
… As declarações ontem de Galípolo, descartando uma intervenção no câmbio pelo BC, que só atuará em caso de disfuncionalidade, trouxeram alívio apenas pontual ao dólar e aos juros futuros durante a sessão.
… Galípolo disse ainda que não haverá mudanças na coordenação da política cambial com a chegada à diretoria do BC de Nilton David, a quem chamou de “craque”. O nome do economista do Bradesco foi indicado 6ªF.
… Em evento da XP em SP, Galípolo reiterou que o processo de desancoragem das expectativas de inflação incomoda o BC. O desconforto foi reforçado pela nova piora das expectativas para o IPCA no boletim Focus.
… A mediana das estimativas para a inflação deste ano, que já estoura o teto da meta, subiu de 4,63% para 4,71%. Para 2025, avançou de 4,34% para 4,40%, cada vez mais próxima do limite superior da banda (4,50%).
… Para 2026, saiu de 3,78% para 3,81%, distanciando-se do centro da meta (3%) pela quinta semana seguida.
… A mediana para taxa Selic no fim de 2024 continuou em 11,75%, mas para o fim de 2025 subiu de 12,25% para 12,63%, com a percepção de que o Copom vai ter que acelerar o ritmo do ciclo de aperto monetário.
… Diante da decepção com o pacote fiscal e o salto do dólar, o UBS BB passou a prever três doses de alta de 0,75pp da Selic (dezembro, janeiro e março) e acredita que o Brasil se aproxima do cenário de dominância fiscal.
… No DI, a curva continua embutindo Selic terminal ao redor de 15%. Com o dólar que não para de subir, foi frustrada ontem a tentativa dos contratos futuros dos juros de engatilhar uma correção dos exageros recentes.
… O DI Jan/26 caiu pouco: 13,880% (de 13,890% no pregão anterior). Os demais vencimentos subiram: Jan/27, 14,085% (de 14,040%); Jan/29, 13,865% (de 13,800%); Jan/31, 13,680% (13,600%); e Jan/33, 13,540% (13,460%).
GIRANDO EM CÍRCULOS – O investidor tente uma recuperação na bolsa, mas o alívio é curto e sempre esbarra no estresse fiscal. Dominado pela cautela, o Ibovespa não conseguiu subir ontem, ainda que tenha caído pouco.
… Em baixa de 0,34%, o índice fechou aos 125.235,54 pontos, com volume financeiro de R$ 24,4 bilhões.
… Em revisão divulgada ontem, a XP reduziu a estimativa de valor justo do Ibovespa para o fim de 2025, de 150 mil para 145 mil pontos, por causa da expectativa de juros mais elevados.
… Qualquer reação mais firme do Ibov nesta 2ªF foi sabotada pela queda em bloco dos bancos: Bradesco PN, -2,14% (R$ 12,36); Bradesco ON, -1,35% (R$ 10,98); Itaú, -1,41% (R$ 32,12); Santander, -0,92% (R$ 24,70); e BB, -0,81.
… Outras quedas relevantes no dia foram Azul, prejudicada pelo dólar, com -7,91% (R$ 4,54); Raízen, -4,55% (R$ 2,52); e LWSA, -4,28% (R$ 3,58).
… Já as blue chips das commodities avançaram de leve, limitando as perdas do Ibovespa.
… Na véspera do Vale Day, em que existe a expectativa de que a mineradora divulgue metas para os próximos anos, o papel da companhia registrou ligeira alta de 0,24%, a R$ 58,92.
… No caso da Petrobras, profissional de mercado disse ao Broadcast que a proximidade da data de corte dos próximos dividendos extraordinários, que serão pagos dia 11, mantém algum apetite pelas ações da petrolífera.
… Petrobras ON ganhou 0,26%, a R$ 42,73, e PN subiu 0,64%, a R$ 39,15, apesar da estabilidade (-0,01%) do petróleo Brent/fev em US$ 71,83 por barril, na ICE.
… O dólar forte neutralizou o efeito dos dados de atividade positivos na China e a expectativa de que a Opep+, que se reúne na 5ªF, mantenha os cortes de produção até março ou abril do ano que vem.
… Na ponta do ranking positivo ficaram Ambev (+4,08%; R$ 13,25), SLC Agrícola (+3,22%; R$ 17,97) e Minerva (+2,74%; R$ 6,01).
… SLC teve a recomendação elevada de neutra para compra pelo BofA, com preço-alvo ajustado para R$ 24 por ação, potencial de alta de 34% em relação ao preço atual.
DÁ-LHE TARIFA – A nova ameaça protecionista de Donald Trump – impor tarifa de 100% aos países do Brics, se tentarem substituir o dólar – disparou a moeda ante pares e emergentes.
… Depois de três dias em queda, o índice DXY subiu 0,67%, a 106,446 pontos. Na máxima do dia (106,731), chegou a ganhar quase 1%.
… Contra o euro, o dólar ainda teve ajuda da crise política na França, onde a extrema direita ameaça apoiar um voto de desconfiança contra o governo, no embate sobre o Orçamento do país.
… A moeda comum caiu 0,49%, a US$ 1,0508. Dois diretores do BCE (Yannis Stounaras e Olli Rehn) apoiaram em discursos ontem novo corte de juros em dezembro.
… A libra recuou 0,44%, a US$ 1,2661. O iene subiu 0,21%, a 149,54/US$.
… Para o Rabobank, Trump vai usar as tarifas para tentar reduzir o grande déficit comercial dos EUA.
… Isso teria, segundo o banco, ao menos duas implicações importantes: o euro poderia cair à paridade em meados de 2025 e o Fed poderia dar fim ao ciclo de cortes de juros já no 1Tri25.
… De volta ao Trump trade, os juros dos Treasuries subiram, mas o avanço foi limitado após Christopher Waller (Fed) se declarar inclinado a votar num corte de juro este mês com as informações de que dispõe até agora.
… Na note de 2 anos, o retorno subiu a 4,183%, de 4,151% na sessão anterior. A note de 10 anos foi a 4,192% (de 4,171%) e o bond de 30 anos, a 4,363% (de 4,360%).
… Nas bolsas em NY, S&P 500 (+0,24%, aos 6.047,15 pontos) e Nasdaq (+0,97%, aos 19.403,95 pontos) passaram ao largo das polêmicas tarifárias de Trump e começaram o último mês do ano batendo novos recordes de fechamento.
… Entre os destaques das techs, SuperMicro disparou 28,7%, após informar que uma revisão final não mostrou evidências de fraude ou má conduta em relação a questões contábeis que afetaram as ações nas últimas semanas.
… Na contramão dos demais índices, o Dow Jones caiu 0,29%, aos 44.782,00 pontos.
… Para o JPMorgan, apesar do forte rali de 2024, o S&P 500 ainda tem espaço para subir mais, a níveis entre 6.200 e 6.300 pontos até o fim do mês.
… Enquanto isso, a economia americana continua a produzir indicadores melhores que o esperado. O PMI industrial medido ISM subiu a 48,4 em novembro, de 46,5 em outubro e previsão de 47,5.
… Os investimentos em construção subiram 0,4% em outubro ante setembro, de uma previsão de estabilidade.
EM TEMPO… VALE formalizou a aquisição, por US$ 30 milhões, de 15% Anglo American Minério de Ferro Brasil, empresa que atualmente detém o complexo Minas-Rio (Minas-Rio). A transação tinha sido anunciada em fevereiro.
BRASKEM. Petrobras e Novonor afirmaram que não houve evolução material nas discussões sobre a venda da fatia na petroquímica…
… O comunicado foi uma resposta à CVM após notícias de que a nova estratégia da Novonor envolvia a criação de um fundo para abrigar um novo investidor na Braskem.
ITAÚSA fará o resgate antecipado facultativo da totalidade das 1,3 milhão debêntures emitidas pela companhia na 3ª emissão. O direito ao resgate será exercido no próximo dia 16.
MAGAZINE LUIZA vendeu mais de R$ 1,2 bi em produtos na 6ªF (29), data oficial da Black Friday. Companhia diz ter registrado crescimento no e-commerce, no marketplace e nas lojas físicas, mas não relevou o comparativo.
CASAS BAHIA registrou aumento de vendas consolidado de 20% nas categorias de linha branca, telefonia e móveis na Black Friday deste ano (28/11 a 1/12), em relação ao mesmo período do ano passado.
AZZAS aprovou a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) no valor bruto de R$ 118.749.767,68, referente ao 3Tri24, equivalente a R$ 0,5751 por ação. Ex em 9/12.
IGUATEMI segue em tratativas para aquisição de participações nos Shopping Pátio Higienópolis e Pátio Paulista, em bases exclusivas. O comunicado responde a questionamento da CVM sobre notícia de que a venda estava próxima.
ECORODOVIAS. A controlada direta Ecoporto Santos assinou contrato de transição com a Autoridade Portuária de Santos (APS) para a manutenção das operações portuárias e de armazenagem de cargas pelo prazo de 180 dias.
ÂNIMA. A subsidiária Inspirali Educação informou que sua controlada IBCMED Serviços de Educação concluiu a aquisição, por R$ 38 milhões, da totalidade do capital da Eu Médico Residente (EMR).
WEG concluiu a compra, por US$ 88 milhões, da fabricante de motores turca Volt Electric Motor, subsidiária do Grupo Saya.
CBA concluiu a venda da participação minoritária integral de 3,03% na Alunorte (Alumina do Norte) por R$ 236,8 milhões, à vista. A fatia foi vendida para uma subsidiária integral da Glencore PLC.
TAESA obteve do Ibama licença para o início das obras em trecho da concessão Ananaí Transmissora. Com esta decisão, todas as licenças previstas para o projeto foram obtidas.
EDP ESPÍRITO SANTO informou que realizará a 15ª oferta pública de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 500 milhões.
AGROGALAXY protocolou plano de recuperação judicial prevendo pagamento integral dos créditos devidos a fornecedores, funcionários e produtores rurais.
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