Último pregão antes de Trump pede cautela
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[17/01/25]
… Com o PIB/4Tri acima do esperado, a China atingiu sua meta de crescimento de 5% em 2024. A expansão no último trimestre superou a previsão de 4,9%, alcançando 5,4%. Também os outros dados divulgados hoje surpreenderam positivamente. Mas o foco dos mercados está na posse de Donald Trump, na 2ªF (20). A defesa enfática do uso de tarifas pelo futuro secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já levou o investidor para a defensiva, interrompendo o entusiasmo com a fala do Fed boy Christopher Waller, que previu vários cortes do juro neste ano. Na agenda, são destaques a produção industrial americana e o relatório do FMI sobre as Perspectivas da Economia Global. Aqui, sai o IGP-10 de janeiro, enquanto diretores do BC reúnem-se com economistas de SP e Haddad dá entrevista à CNN às 15h.
… Na cerimônia de sanção do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária, enquanto Lula disse que um “milagre” aconteceu no Brasil, o ministro afirmou que este será “o maior legado” que o governo do presidente deixará para a economia.
… Segundo Haddad, nunca antes, desde o Plano Real, o País executou uma reforma econômica tão ampla.
… Questionado se a medida provisória publicada nesta 5ªF pelo presidente Lula proibindo taxação do PIX põe fim aos “boatos” disseminados pela oposição nas redes sociais, Haddad evitou comentar. “Vocês que vão dizer.”
… O ministro classificou os vetos ao projeto de lei complementar da reforma tributária como “laterais”, afirmou que não chegam a 1% do texto e manifestou a confiança de que os pontos vetados não despertem polêmica.
… Disse que o Senado está pronto para votar o 2º projeto da regulamentação da reforma, que aborda questões relacionadas a Estados e municípios, além da transição do ICMS para o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS).
… Lula vetou o trecho que proibia a cobrança do Imposto Seletivo sobre exportações de bens minerais, porque a Constituição permite que o governo cobre até 1%, o que daria margem para conflito de interpretação.
… O governo também optou por vetar um dispositivo aprovado pelo Congresso que concederia uma isenção a fundos de investimento e sua caracterização como contribuintes, à margem do que a Constituição determina.
… Quanto à Zona Franca de Manaus, o governo explicou que o veto a um trecho que trata de mudanças foi feito para não extrapolar benefícios para produtos que hoje já têm IPI zero terem acesso ao crédito presumido de 6%.
… O secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, disse que a decisão de não vetar dispositivo sobre a Refinaria da Amazônia (Ream) foi para evitar que o benefício ficasse mais amplo.
… Esse foi um dos principais pontos que geraram entraves envolvendo o texto aprovado no Congresso. O trecho foi inserido no projeto por iniciativa do senador Eduardo Braga (MDB), que é do Estado.
… Appy afirmou que, nos próximos dias, o governo divulgará a futura alíquota padrão sobre o consumo, que deve ficar em torno de 28%, “mas é só uma projeção, não quer dizer que vai ser essa a alíquota”.
… Questionado sobre a trava de 26,5% da alíquota, Appy disse que essa questão só terá de ser revista em 2031.
… Se daqui a seis anos, explicou ele, houver sinalização de que a alíquota do IVA ficará acima deste teto estabelecido pelo Congresso, o Executivo terá de enviar um projeto de lei complementar reduzindo benefícios.
… Segundo Appy, os vetos à reforma foram poucos e a essência foi mantida. Ele afirmou que o envio do projeto de lei com as alíquotas do Imposto Seletivo “deve ocorrer nos próximos meses, mas não tem prazo ainda”.
MAIS AGENDA – Os diretores do BC Diogo Guillen e Paulo Picchetti fazem as tradicionais reuniões trimestrais com economistas, às 9h30 e às 11h.
… A FGV informa o IGP-10 de janeiro (8h), que deve desacelerar a 0,67%, de 1,14% em novembro. Em 12 meses, contudo, deve subir de 6,61% para 6,87%. A FGV também divulga o Monitor do PIB de novembro (10h15).
LÁ FORA – A produção industrial americana deve se recuperar em dezembro, com alta prevista de 0,3%, após queda de 0,1% em novembro. O Fed divulga o dado às 11h15.
… O relatório “Perspectivas da Economia Global” vai trazer, às 11h, projeções do FMI para o PIB dos principais países em 2025.
… A zona do euro informa a leitura final do CPI de dezembro (7h), que deve subir 0,4%, após queda de 0,3% em novembro. Na comparação anual, deve acelerar de 2,2% para 2,4%.
… Ainda nos EUA, o Deptº do Comércio informa o número de construções iniciadas de moradias (10h30), que deve subir 3,2% em dezembro, após cair 1,8% em novembro.
… Às 15h, a Baker Hughes informa o número de poços e plataformas de petróleo em operação no país.
… O presidente do BoE, Andrew Bailey, discursa às 13h, em evento sobre perspectivas econômicas.
CHINA HOJE – O PIB atingiu a meta estabelecida pelo governo, de crescimento de 5% em 2024, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas do país.
… No 4Tri24, a economia cresceu 5,4%, a maior alta em seis trimestres, superando de longe os 4,9% estimados, puxada pela série de estímulos concedidos pelo governo desde setembro. No 3Tri, o PIB havia crescido 4,6%.
… Indústria e varejo tiveram resultados positivos no último mês do ano.
… A produção industrial cresceu 6,2% em dezembro, bem acima dos 5,3% esperados. Com alta de 3,7% no mês, as vendas do varejo também superaram a estimativa de 3,5%.
… O governo chinês ainda informou que os preços de novas moradias caíram menos em dezembro (-5,3%) do que em novembro (-5,7%), na comparação anual. Foi o menor recuo desde agosto de 2023.
LEI DO MAIS FORTE – Sabotadas pela agressividade do discurso do indicado de Trump ao Tesouro sobre o plano de tarifas, as moedas latinas e emergentes não conseguiram bancar o alívio com a chance de um Fed mais dovish.
… Scott Bessent deu uma de estraga-prazer e ofuscou o efeito positivo dos comentários do Fed boy Christopher Waller, que cogitou de três a quatro cortes de juro no ano nos EUA e não descartou uma flexibilização em março.
… O dólar, que já vinha flertando com a possibilidade de furar o piso de R$ 6,00, bateu momentaneamente a mínima de R$ 5,9960 com o Fed, antes que o temor com a política protecionista dos EUA provocasse reviravolta no câmbio.
… De virada, a moeda americana fechou em alta de 0,47%, a R$ 6,0533. O peso mexicano foi bem pior. Afundou 1,70%, com o México como alvo certo de Trump em meio à crise migratória e polêmica do opioide fentanil.
… O novo governo de Washington sinalizou ainda estar pronto para impor sanções mais duras às empresas petrolíferas russas para forçá-las a negociar com a Ucrânia. Sobre a China, também pegou pesado.
… Bessent não permitirá que os chineses “inundem os EUA com produtos e com comércio injusto”, mas minimizou a pressão inflacionária, dizendo que mesmo “com 10% de tarifas”, Pequim ainda exportará com reduções de custos.
… Endossando o expansionismo fiscal, Bessent disse que trabalhará para eliminar o teto da dívida “se Trump quiser”.
… No pior quadro, em que Trump adote tarifas globais de 10% e de 30% para produtos vindos da China, e o Fed só corte o juro uma vez este ano, o dólar voltaria a R$ 6,20/R$ 6,30, avalia o economista Nicolas Borsoi (Nova Futura).
… Ele projeta, porém, como cenário alternativo um dólar caindo até o nível de R$ 5,70, no caso de Trump optar pelo gradualismo na imposição das tarifas e de o Fed ganhar espaço para maior flexibilização de sua política monetária.
… Em meio à pressão da virada do câmbio ontem com Bessent, a curva do DI recompôs parte dos prêmios perdidos nos últimos dias e operou descolada da queda das taxas dos Treasuries, que conseguiram embutir o efeito Waller.
… A alta dos juros futuros também foi influenciada pelos leilões de LTN e NTN-F realizados pelo Tesouro no pregão desta 5ªF. Operadores do mercado financeiro destacaram os lotes e risco maiores na venda de prefixados.
… No fechamento dos negócios, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,900% (contra 14,815% na sessão anterior); Jan/27, 15,130% (14,995%); Jan/29, 15,010% (14,830%); Jan/31, 14,960% (14,720%); e Jan/33, 14,860% (14,580%).
… Na agenda do dia, a alta de 0,10% do IBC-Br de novembro superou a expectativa de queda de 0,1%, mas não alterou a mediana das projeções de +0,5% para o PIB/4Tri, em pesquisa realizada pelo Broadcast após o dado.
… Ainda que o IBC-Br tenha contrariado a recente onda de indicadores que sinalizaram esfriamento da atividade econômica (produção industrial, vendas no varejo e volume de serviços), a dúvida da desaceleração está plantada.
DOIS PRA FRENTE, UM PRA TRÁS – Em realização, o Ibov devolveu parte do salto de quase 3% do dia anterior, recuou 1,15% e perdeu os 122 mil pontos (121.234,14), sem desapegar da faixa estreita em que tem operado.
… Como o resto do mundo, a bolsa doméstica está em compasso de espera pela posse de Trump, na 2ªF, quando ele pode revelar seu plano de tarifas e o quanto está disposto a comprar uma briga feia com a China.
… Hoje, tem exercício de opções sobre ações no Ibovespa, o que sempre pode trazer alguma dose extra de volatilidade. Ontem, o volume financeiro de R$ 30,1 bilhões foi inflado pela venda da fatia da Cosan na Vale.
… A Cosan (+0,58%; R$ 8,63) anunciou ter vendido 173 milhões de papéis da mineradora (ON, +0,13%, a R$ 52,67), ao preço final de R$ 52,29, na maior venda em bloco (block trade) de ações já feita na B3, reportou o Broadcast.
… Em outro destaque do dia, a potencial combinação de negócios entre a Azul (+3,63%; R$ 4,57) e a Gol (+4,29%; R$ 1,70) embalou os papéis. Analistas acreditam que a fusão deve melhorar a competitividade do setor aéreo brasileiro.
… Petrobras ON ficou estável (-0,07%), em R$ 41,63, e PN, -0,64% (R$ 37,05). O Brent/março caiu 0,90%, a US$ 81,29/barril, devolvendo parte dos ganhos recentes provocados pelas sanções dos EUA ao óleo russo.
… Bancos fecharam sem direção única. No lado positivo, ficaram BB (+0,44%; R$ 25,38) e Santander (+0,32%; R$ 25,03). Já Bradesco ON caiu 1,19% (R$ 10,79), Bradesco PN perdeu 0,85% (R$ 11,73) e Itaú, -0,31% (R$ 32,12).
… São Martinho liderou o ranking negativo, com -8,07% (R$ 23,00). Foi acompanhada por BRF, com -6,96%, a R$ 22,47, e LWSA, -6,87%, a R$ 3,12.
PAUSA ESTRATÉGICA – Depois do alívio proporcionado pelo CPI, os rendimentos dos Treasuries desceram mais um pouco, na esteira das declarações surpreendentemente dovish do diretor do Fed Christopher Waller.
… Na contramão da maioria dos dirigentes do BC americano, que pregam cautela a cada frase, Waller engatou um discurso otimista, dizendo que três ou quatro cortes de juros neste ano são possíveis “se os dados cooperarem”.
… Em entrevista à CNBC, não descartou um corte já em março. Ele argumentou que, em seis dos últimos oito meses, a inflação ficou próxima da meta e é razoável supor que essa dinâmica vai continuar.
… A chance de apenas um corte de 25 pb em 2025 segue como mais provável (32,9%) no monitoramento do CME Group. Mas, após Waller, foram adiantadas de junho para maio as apostas (49,8%) sobre o timing da flexibilização
… Nos Treasuries, o juro da note de 2 anos cedeu a 4,239% (de 4,256% na sessão anterior), o da note de 10 anos caiu a 4,612% (de 4,653%) e o do T-Bond de 30 anos recuou a 4,853% (de 4,872%).
… A baixa nos juros não ajudou as bolsas em NY, em dia de queda expressiva nas techs.
… Apple caiu 4%, após a empresa de pesquisa Canalys mostrar que a fabricante do iPhone perdeu a liderança na China em 2024 para as rivais Vivo e Huawei.
… Tesla perdeu 3,36%; Nvidia, -1,96%; Alphabet, -1,30%; Amazon, -1,20%; Meta, -0,94%; e Microsoft, -0,41%.
… Liderando as perdas, o Nasdaq cedeu 0,89%, aos 19.338,29 pontos e o S&P500 perdeu 0,21% (5.937,34). Dow Jones recuou 0,16% (43.153,13), pressionado principalmente por UnitedHealth (-6%), cujo balanço não agradou.
… Os resultados de BofA (-0,98%) também não foram bem-vistos, ao contrário do Morgan Stanley (+4,03%).
… Os indicadores econômicos do dia vieram piores que o esperado, mas não mudaram a leitura de que a atividade vai bem nos EUA.
… As vendas no varejo subiram 0,4% em dezembro, ante novembro (+0,6%), de 0,5% esperado. Os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram 14 mil para 217 mil, de expectativa de alta para 214 mil.
… Wall Street manteve um olho nas declarações de Scott Bessent, indicado ao Tesouro, em testemunho no Senado.
… Bessent defendeu a política de elevação de tarifas de importação de Trump e disse que os EUA podem enfrentar uma crise se a reforma tributária de 2017, que cortou impostos, não for estendida.
… As declarações até pressionaram o dólar, mas o índice DXY renovou a queda ante pares (-0,12%, a 108,957), com avanço especialmente do iene, diante de declarações de dirigentes do BoJ sinalizando alta de juros.
… A moeda japonesa avançou 0,74%, a 155,200/US$. O euro ficou estável (+0,04%), em US$ 1,0302. A libra também não saiu do lugar, cotada a US$ 1,2242.
EM TEMPO… Lançamentos da DIRECIONAL no 4Tri24 atingiram valor geral de venda (VGV) recorde de R$ 1,8 bilhão, crescimento de 55% na comparação anual.
VIBRA ENERGIA concluiu a aquisição da participação acionária na Comerc Energia, por R$ 3,7 bilhões, correspondendo a R$ 20,56 por ação.
ENEVA. Geração líquida em termelétricas totalizou 3.375 GWh no 4Tri24, alta anual de 87,6%.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
IBC-Br e varejo conferem recuo da atividade aqui e nos EUA
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[16/01/25]
… Balanços do BofA e do Morgan Stanley (antes da abertura) podem manter o entusiasmo do setor financeiro em Wall Street – onde tudo deu certo, nesta 4ªF. A grande notícia foi a desaceleração da inflação nos EUA, que reanimou as apostas de que os juros voltarão a cair neste ano, em uma notícia muito positiva para os emergentes. Hoje são importantes os dados do varejo americano (10h30), que tendem a reforçar a expectativa com um Fed mais dovish se confirmarem o recuo esperado. É claro que, a dois pregões da posse de Trump, as incertezas sobre as suas políticas tarifárias continuam sendo uma ameaça, e ninguém está autorizado a relaxar a guarda. Também aqui, os investidores monitoram os sinais de esfriamento da economia, que dão alívio adicional aos juros. Na agenda, o IBC-Br é destaque (9h).
… Depois de três meses consecutivos de crescimento, o “PIB do BC” deve voltar ao terreno negativo em novembro (-0,1%), na mediana do Broadcast. As estimativas variam de recuo de 1,2% a expansão de 0,3%.
… Na base anualizada, o indicador deve desacelerar fortemente contra a leitura de outubro, de 7,3% para 4,3%.
… O que se nota é que a perda de ritmo esperada para o dado não é isolada. No intervalo de pouco mais de uma semana, este já seria o quarto referencial da atividade econômica que apontaria para uma perda de dinamismo.
… Primeiro, foi a produção industrial de novembro (-0,6%). Em seguida, as vendas no varejo registradas no período vieram fracas (-0,4%) e, ontem, o volume do setor de serviços (-0,9%) veio pior que o esperado (-0,5%).
… Os números combinados levantam suspeitas de que a economia começou a perder pique no último trimestre do ano passado, ainda que não haja consenso se este já é um reflexo direto do ciclo de aperto monetário.
… Os sintomas de um processo de esfriamento justificaram ontem um novo ajuste em queda na curva de juros e podem trazer à tona a discussão de uma Selic terminal abaixo da marca de 15% exibida pelo boletim Focus.
… O Safra projeta um pico de 14,75% da taxa básica em maio e desaceleração para 13,75% no final do ciclo.
… O banco reduziu a aposta do PIB do ano de 2,5% para 1,5%, projetando avanço menor no consumo das famílias e nos investimentos corporativos, diante do aperto monetário mais forte e ausência de impulso fiscal.
PASSOU RECIBO – Após a onda de fake news, o governo recuou e revogou norma da Receita que ampliava a fiscalização em transações financeiras, incluindo o Pix, de operações acima de R$ 5 mil (PF) e R$ 15 mil (PJ).
… O governo decidiu ainda publicar uma medida provisória para reforçar que não haverá taxação de transações feitas pelo meio de pagamento instantâneo, depois de a oposição ter espalhado as informações falsas.
… A AGU pediu à PF abertura de inquérito para identificar autores que disseminaram informações distorcidas. O recuo do governo foi mal visto de todos os lados, por especialistas no Broadcast e dentro do próprio PT.
… No momento em que volta atrás na instrução normativa da Receita, o governo oferece de bandeja aos opositores a sinalização de que eles venceram, que a pressão deu certo e que a intenção era mesmo taxar o PIX.
… Não adianta trocar ministro da comunicação e continuar comunicando mal. Também de pouco adianta nessa guerra de narrativas e fake news apelar à PF. Melhor seria Lula ter convocado rede nacional para desmentir.
… Teria matado logo o assunto, evitando a proporção que a polêmica ganhou depois de o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) sobre o tema ter viralizado e capitalizado a vitória do desgaste do governo.
… Na opinião do professor Paulo Niccoli Ramirez (ESPM), a gestão petista vem sendo desestabilizada pelo uso mais eficaz pela direita das redes sociais, com poder de persuasão muito maior e mais atraente aos algoritmos.
… Tivesse o governo usado de uma estratégia articulada, não perderia tanto tempo em correr atrás do prejuízo.
REFORMA MINISTERIAL – Reportagem no Estadão aponta que a cúpula do PT está preocupada com a desidratação que o partido, que comanda 11 ministérios, deve sofrer com as mudanças no Esplanada.
… Dirigentes petistas defendem nos bastidores que o União Brasil, que não entrega os votos correspondentes a seu tamanho, deveria perder lugar na dança das cadeiras para atrair o PP, expoente do Centrão e sigla de Lira.
… De saída do cargo, o presidente da Câmara é sido cobiçado por parte dos petistas para ingressar no governo e dar palanque a Lula na disputa à reeleição no ano que vem. Se Lira topar, ganharia a pasta da Agricultura.
… Já a chance de Rodrigo Pacheco integrar a equipe de Lula desagrada ao PT, que não enxerga no presidente do Senado uma figura capaz de ter articulação decisiva junto ao Congresso para apagar os incêndios de crise.
… As eleições que renovarão os comandos da Câmara e do Senado estão marcadas para 1.° de fevereiro.
… Indicado por Lira, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) é o favorito para ocupar sua cadeira. No Senado, Rodrigo Pacheco deverá passar o bastão para Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
AZUL NO AFTER HOURS – O ADR da companhia aérea disparou quase 5%, no entusiasmo da notícia de que assinou com a Abra, dona da Gol, memorando de entendimentos para explorar uma combinação de negócios.
… O CEO da Azul, John Rodgerson, disse ao Broadcast que a fusão tem chance de ser concluída até o fim do ano.
… O acordo prevê que a companhia combinada, que deve criar uma gigante no setor de aviação, converterá as suas ações preferenciais em circulação em ON, que serão listadas no Novo Mercado da B3 e na Nyse.
MAIS AGENDA – A FGV divulga a segunda prévia do IPC-S de janeiro (8h). Lula e Haddad participam, às 15h, de cerimônia de sanção do projeto que regulamenta a reforma tributária. A expectativa é que o texto tenha vetos.
… Lá fora, o crescimento das vendas do varejo dos EUA (10h30) deve desacelerar a 0,6% em dezembro, de 0,7% em novembro, mas ainda se mantendo num nível forte.
… Já no mercado de trabalho, contrariando a força do payroll, os pedidos de auxílio-desemprego (10h30) devem registrar alta de 13 mil, para 214 mil. A Nahb informa a confiança das construtoras em janeiro (12h).
… Na zona do euro, o BCE divulga a ata da reunião do dia 12 de dezembro, em que reduziu o juro em 25pb, para 3% ao ano.
… Ontem, o vice-presidente do BC europeu, Luis de Guindos, avisou que o foco da política monetária mudou da inflação para o crescimento.
… Embora sem se comprometer com uma direção para os juros, disse que, se os próximos dados confirmarem as projeções do BCE, a trajetória da política monetária é “clara”: “espero continuar reduzindo o aperto das taxas”.
TÃO LONGE, TÃO PERTO – Devagar, o dólar vai tentando voltar aos R$ 6, mas ainda encontra piso por aí, diante dos receios sobre a política expansionista e protecionista de Trump 2, além de toda a incerteza fiscal doméstica.
… Para quem aposta contra o dólar, toda a torcida é para que, na posse de 2ªF, o presidente eleito dos EUA venha o menos provocativo que conseguir, esvaziando o risco de uma guerra de tarifas e optando pela elevação gradual.
… Neste caso, quem sabe o investidor possa sonhar com a moeda americana furando o suporte que está tão difícil de quebrar. Ontem, o dólar seguiu o alívio em escala global com o CPI e completou três pregões seguidos em queda.
… Fechou em baixa moderada de 0,35%, cotado a R$ 6,0252, tendo chegado a R$ 6,0119 na mínima intraday.
… Na cola do câmbio e do fôlego de baixa das taxas dos Treasuries com os dados mais fracos nos EUA, o DI partiu para mais uma rodada de devolução de prêmios de risco. Muito esticada, a curva tem aproveitado para voltar.
… Outros dois fatores colaboraram ontem para os juros futuros desarmarem ainda mais a pressão recente: a queda do volume do setor de serviços, que sugere atividade menos aquecida, e o déficit fiscal menor que o esperado.
… Em novembro, as contas do Governo Central vieram deficitárias em R$ 4,515 bi, melhor que a aposta de -R$ 6,5 bi dos economistas. O secretário Rogério Ceron (Tesouro) traçou expectativa mais positiva para o acumulado de 2024.
… Embora tenha reconhecido que houve algumas perdas de receitas no final do ano passado, declarou que, não fosse isso, o resultado primário em 2024 teria chance de ficar quase no centro da meta definida no arcabouço fiscal.
… Disse ainda que a relação despesa/PIB voltará a um dos menores patamares da década.
… Outra boa notícia foi que o Tesouro identificou um erro na contabilização de receitas que melhora o resultado primário em R$ 2 bi nos últimos dois anos. Em 2023, o déficit de R$ 230,5 bilhões caiu para R$ 228,5 bilhões.
… Já em 2024, o resultado até outubro passou de déficit de R$ 64,3 bilhões para R$ 62,3 bilhões.
… Com a respirada no DI, as taxas voltaram a rodar abaixo de 15%: Jan/26 a 14,815% (de 14,865% na véspera); Jan/27, a 14,995% (15,140%); Jan/29, 14,830% (15,060%); Jan/31, 14,720% (14,950%); e Jan/33, 14,580% (14,820%).
DEU SHOW – O Ibov se convidou para a festa de NY com a inflação comportada e esteve a um triz de tocar os 123 mil pontos na máxima do dia (122.987,84). Turbinado, saltou 2,81%, a 122.650,20 pontos, com só duas ações em queda.
… Foi o maior ganho porcentual em um ano e meio, ajudando a devolver o índice à vista ao positivo no acumulado do ano (+1,97%). O giro extraordinário de R$ 70,3 bi foi potencializado pelo vencimento de opções sobre o Ibov.
… Amanhã, tem game de novo na bolsa, com o exercício das opções sobre ações, concentrado nas blue chips.
… Bancos contribuíram para a deslanchada do Ibovespa. Em dia de atratividade da bolsa, costumam ser os primeiros a responder.
… Itaú puxou a valorização do setor, com +4,34% (R$ 32,22). Santander subiu 3,53% (R$ 24,95); Bradesco ON, +3,51% (R$ 10,92); Bradesco PN, +3,50% (R$ 11,83); e Banco do Brasil, +2,52% (R$ 25,27).
… Vale ganhou 1,45% (R$ 52,60), na esteira da alta do minério de ferro em Dalian (+0,71%).
… Petrobras ON (+1,31%, a R$ 41,66) fechou na máxima e PN subiu 1,28% (R$ 37,29), de olho na alta do Brent/março, de 2,64%, a US$ 82,03 por barril.
… Ficou em segundo plano apara o petróleo a confirmação do cessar-fogo na Faixa de Gaza a partir de domingo, já que o mercado tinha antecipado o acordo na véspera.
… A cotação do barril foi embalada pela queda do dólar, pelo recuo maior que o esperado nos estoques nos EUA e pela manutenção da previsão de aumento da demanda global pela Opep em 2025 (+1,45 milhão de bpd).
… Hapvida deu um salto de 10,45%, a R$ 2,43, apoiada também pela definição da ANS em relação às datas das audiências públicas sobre política de preços e reajustes dos planos de saúde.
… Vamos subiu 9,44% (R$ 4,87) e Yduqs teve alta de 8,37% (R$ 9,19). Apenas Marfrig (-1,76%; R$ 16,22) e Klabin (-0,51%; R$ 21,58) ficaram no vermelho.
… Depois do Itaú BBA, foi a vez de o Safra reduzir o preço-alvo para o Ibovespa no fim de 2025. O banco espera que o índice chegue a 141,5 mil, ante 165 mil previstos antes.
… Aumento do protecionismo sob o governo Trump 2, menos espaço para corte de juros nos EUA, incertezas fiscais domésticas, alta da Selic e desancoragem de expectativas de inflação justificaram a reavaliação do banco.
ALÍVIO – A desaceleração do núcleo do CPI pela primeira vez em seis meses recuperou a percepção de que o progresso da inflação americana em direção à meta foi retomado, desencadeando a onda global de apetite por risco.
… Para completar, a temporada de balanços começou bem em Wall Street. Os resultados trimestrais de Wells Fargo (+6,69%), Citigroup (+6,49%), Goldman Sachs (+6,02%) e JPMorgan (+1,97%) agradaram ao mercado.
… Embora a meta de inflação está esteja longe de ser atingida, os dados do CPI aliviaram as tensões depois de um payroll muito mais forte que o esperado, que levou parte do mercado a falar até na possibilidade de alta de juro.
… O mercado voltou a apostar mais fortemente em pelo menos mais um corte do juro no ano. Na ferramenta do CME, junho aparece como o mês mais provável (65,8%, de 57,3%) para a retomada da flexibilização pelo Fed.
… O núcleo do CPI – que exclui alimentos e energia – cedeu para 0,2% em dezembro, de 0,3% em novembro, em linha com o esperado. Na leitura anual, desacelerou de 3,3% para 3,2%. A expectativa era de manutenção em 3,3%.
… O CPI cheio acelerou de 0,3% em novembro para 0,4% em dezembro, puxado pelos preços da energia. No ano, subiu de 2,7% para 2,9%. Analistas esperavam alta de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
… Os Fed boys gostaram do que viram. Austan Goolsbee, do Fed Chicago, disse que o CPI reflete um “quadro encorajador” no processo de desinflação.
… Seu colega de Richmond, Tom Barkin, disse que novos dados mostram progresso na inflação, mas que os juros devem seguir restritivos. John Williams (NY) vê a inflação diminuindo gradualmente em direção à meta de 2%.
… “Os números não mudaram a expectativa para uma pausa no corte de juros este mês, mas devem limitar as conversas sobre um aumento de taxas”, disse Ellen Zentner (Morgan Stanley WM) na BBG.
… O Wells Fargo reduziu a expectativa de três cortes de juros para dois em 2025. O banco reconheceu o alívio no núcleo do CPI, mas disse que o progresso tem sido vagaroso.
… Ainda assim, um senso de alívio tomou NY depois de meses de dados de inflação estagnada.
… O juro da note de 10 anos, que vinha muito pressionado, caiu 14pb, de 4,788% para 4,648%. O da note de 2 anos recuou a 4,264% (de 4,375%) e o do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,871% (de 4,977%).
… As ações do setor de tecnologia aproveitaram a onda de otimismo e o alívio dos rendimentos dos Treasuries, fazendo o Nasdaq avançar 2,45%, aos 19.511,23 pontos.
… Tesla (+8,0%), Meta (+3,8%) e Nvidia (+3,3%) recuperaram terreno na sessão.
… O S&P 500 ganhou 1,83% (5.949,91 pontos) e o Dow Jones subiu 1,65% (43.221,55 pontos).
… O dólar cedeu ante alguns pares, com o índice DXY em queda de 0,17%, a 109,09 pontos.
… A libra esterlina subiu 0,29%, a US$ 1,2242, apesar de a inesperada desaceleração do CPI no Reino Unido na base anualizada em dezembro (2,5%) ter impulsionado as chances de cortes de juros pelo BC inglês (BoE).
… O euro ficou estável (-0,09%), em US$ 1,0298. O iene avançou 1,02%, a 156,363/US$, após comentários do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, ampliarem expectativas por alta de juros no país.
… Ele disse que as taxas continuarão subindo a economia e os preços melhorarem.
EM TEMPO… CYRELA registrou alta de 146%, para R$ 6,737 bilhões, nos lançamentos do 4Tri24 sobre o 4Tri23. No ano, o valor geral de vendas (VGV) de lançamentos somou R$ 13,021 bilhões, 33% maior que em 2023.
PLANO&PLANO registrou R$ 1,3 bilhão em valor geral de venda (VGV) lançado no 4Tri24, queda de 9,2% sobre o mesmo período de 2023. No ano, os lançamentos somaram R$ 3,7 bilhões, crescimento de 26,2%.
CURY atingiu R$ 1,06 bilhão em valor geral de venda (VGV) nos seus lançamentos do 4tri24, alta de 23,9% sobre o 4tri23. As vendas líquidas somaram R$ 1,2 bilhão, alta de 38,5% no mesmo intervalo.
EVEN registrou vendas líquidas de R$ 369 mi no 4tri24, queda de 29,4% ante igual período/23. Velocidade de vendas sobre oferta (VSO) consolidada foi de 12% e as vendas de estoques somaram R$ 212 mi.
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Foco no CPI hoje
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[15/01/25]
… Antes de falar da agenda carregada do dia, o investidor acompanha nas agências internacionais as informações de que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Gaza, está próximo e pode ser alcançado nas próximas horas ou até o fim da semana, aliviando a pressão do petróleo. Aqui, os primeiros sinais de perda de fôlego da atividade econômica já começam a aparecer na indústria e no varejo e podem ser reforçados hoje pelo volume de serviços em novembro. O dado será divulgado às 9h pelo IBGE e tem aposta de queda. Com vários dias de atraso, o Tesouro informa às 14h30 as contas do Governo Central em novembro. Mas são os EUA que roubam a cena hoje, com a abertura da temporada dos balanços pelos bancos e a inflação ao consumidor americano em dezembro medida pelo CPI (10h30).
… Embora este não seja o indicador de preços olhado mais de perto pelo PCE, que prefere o PCE, nem por isso o dado é menos importante, especialmente agora que as apostas para o ciclo do Fed andam tão embaralhadas.
… Um CPI forte entraria na conta do risco de o Fomc eliminar a chance de um corte de juro este ano e até deixar a porta aberta para um aperto, o que até bem pouco tempo atrás nem era cogitado, mas foi despertado pelo payroll.
… Já uma inflação mais comportada viria a calhar para acalmar os nervos dos investidores, diante do choque de tensão com o protecionismo tarifário de Trump, embora venha crescendo a expectativa de uma política gradual.
… Ontem, além da esperança de que o presidente eleito possa pegar mais leve, também a desaceleração inesperada do PPI em dezembro (abaixo) ajudou as taxas de curto prazo dos Treasuries a pausarem a escalada recente.
… Mas a cautela se renova hoje, pela importância redobrada que o CPI ganha no contexto de pressões inflacionárias. Analistas estimam que os preços ao consumidor repitam o ritmo de novembro, com alta de 0,3% em dezembro.
… No comparativo anual, devem acelerar de 2,7% para 2,9%. O núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve subir 0,20%, menos que em novembro (0,3%). Na base anualizada, +3,30% (igual ao mês anterior).
… Em paralelo ao CPI, o investidor também dedicará atenção à safra dos resultados corporativos, que já começa com quatro gigantes do setor financeiro: JPMorgan, Goldman Sachs, Citi e Wells Fargo, todos antes da abertura.
… Ainda na agenda dos EUA, saem o Livro Bege (16h) e o Empire State, de atividade industrial em NY/jan (10h30). Quatro Fed boys falam: Tom Barkin (10h/11h20), Neel Kashkari (12h), John Williams (13h) e Austan Goolsbee (14h).
… Além de estar de olho no cessar-fogo em Gaza, o petróleo acompanha os relatórios mensais da AIE (6h) e Opep (sem horário confirmado), além dos estoques do DoE (11h30), que têm previsão de queda de 1,1 milhão de barris.
AQUI – Após dois meses consecutivos de expansão (1,1% em outubro e 1,0% em setembro), o volume de serviços prestados em novembro deve cair 0,5%. No Broadcast, as estimativas variam de queda de 1,6% a avanço de 0,9%.
… Nos últimos dias, os dados de novembro da produção industrial (-0,6%) e das vendas no varejo (-0,4%) já indicaram que a atividade econômica começa a desaquecer, como potencial reflexo da Selic que roda alta.
… No campo fiscal, o mercado projeta déficit primário de R$ 6,50 bi (mediana) para o Governo Central/novembro, após saldo positivo de R$ 40,811 bi em outubro. As projeções, todas de déficit, vão de R$ 30,4 bi a R$ 4,50 bi.
… Em relatório, o Itaú disse ontem que o arcabouço perdeu credibilidade como âncora para a evolução das contas públicas e, mesmo se cumprido estritamente, não é capaz de gerar trajetórias fiscais sustentáveis no médio prazo.
… A não ser que, pontuou o banco, haja uma alta ainda mais significativa das receitas.
… Segundo o documento, assinado por Thales Guimarães e Pedro Schneider, até agora, o governo só tem atuado para diminuir os riscos de cenários extremos de descumprimento do limite de despesas do arcabouço até 2026.
… Na avaliação dos analistas do Itaú, uma melhora sustentada das condições financeiras domésticas apenas seria possível caso se concretizasse uma perspectiva de trajetória mais equilibrada da dívida à frente.
… “Uma iniciativa viável nessa direção seria reduzir no ano o limite superior do crescimento real anual das despesas primárias, de 2,5% para 1,5%, e anunciar medidas complementares que deem consistência ao anúncio.”
MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. Lula se reúne pela manhã (9h30) com ministro para tratar dos vetos que devem ser feitos ao projeto que regulamenta a reforma tributária.
APROVEITOU A DEIXA – Antes que, eventualmente, o CPI nos EUA e o radicalismo de Trump possam reverter a trégua nos mercados, o dólar não perdeu a chance de furar R$ 6,05 e, de carona no alívio, o DI queimou prêmio.
… O PPI abaixo do esperado, que reacendeu a esperança de o Fed cortar os juros pelo menos uma vez este ano, e a sinalização na imprensa de que o tarifaço de Trump será gradual atuaram em dobradinha ontem para o otimismo.
… O real foi beneficiado ainda pela nova alta do minério de ferro na China, diante dos novos empréstimos acima do esperado no país em dezembro. A força do metal ajudou a fortalecer as divisas de países produtores da commodity.
… O dólar à vista fechou em baixa de 0,85%, a R$ 6,0464, próximo da mínima intraday, quando bateu R$ 6,0410.
… Sem desperdiçar a onda positiva no câmbio, os juros futuros continuaram devolvendo pressão e, na reta final, testaram mínimas, antecipando que a pesquisa de serviços do IBGE em novembro confirmará a perda de dinamismo.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 caiu a 14,865%, piso do dia, contra 14,955% no fechamento anterior; Jan/27, a 15,140% (15,315%); Jan/29, 15,060% (15,340%); Jan/31, 14,950% (15,240%); e Jan/33, 14,820% (15,100%).
… O desafio da curva é conseguir se consolidar abaixo do patamar de 15%. Mas, para isso acontecer, a percepção de risco fiscal vai ter que se acomodar e, no exterior, o mercado terá que contar com a sorte de um Trump mais light.
ENGESSADO – Faz dias que o Ibovespa anda preso, oscilando em faixas estreitas, no comportamento travado pelas incertezas fiscais domésticas e o suspense pelo que Trump pode aprontar em relação à sua política de tarifas.
… Levantando preocupações sobre o cenário macroeconômico, o Itaú BBA reduziu a estimativa para o preço-alvo do índice à vista da bolsa no fim deste ano de 165 mil pontos para 145 mil pontos, ainda bem acima do patamar atual.
… Ontem, o Ibovespa fechou em 119.298,67 pontos, com alta de 0,25% e giro de R$ 19,2 bilhões.
… A segunda valorização seguida do índice ocorreu na esteira de um alívio nos ativos domésticos, após um PPI abaixo do esperado nos EUA e notícia de que Trump deve subir as tarifas de importação de forma gradual.
… Bem descontada, Vale subiu 0,66% (R$ 51,85), sem a mesma intensidade do minério de ferro em Dalian (+2,2%).
… Bradesco avançou forte (ON, +2,13%, a R$ 10,55; e PN ,+1,87%, a R$ 11,43), após levantar US$ 750 milhões em títulos de 5 anos no exterior, com retorno de 6,7%, abaixo dos 7% esperados, por causa da forte demanda.
… Banco do Brasil ganhou 1,82%, a R$ 24,65; Santander, +0,92% (R$ 24,10); e Itaú estável (+0,06%), em R$ 30,88.
… Petrobras fechou mista: ON em alta de 0,42% (R$ 41,12) e PN com queda de 0,67% (R$ 36,82), em dia de baixa de 1,34% do Brent/mar, a US$ 79,92 o barril, com perspectiva de um cessar-fogo em Gaza.
… O Goldman Sachs reiterou a recomendação de compra para as ações da Petrobras, dizendo que os elevados preços do petróleo compensam margens de refino menores em um ambiente de preços domésticos estáveis.
… Já o BTG disse esperar elevação de um dígito nos preços de gasolina e diesel pela petroleira, se o Brent e o câmbio continuarem nos níveis atuais.
… Petz teve a maior valorização do dia, com +4,88% (R$ 4,30), beneficiada pela expectativa em torno da fusão com a Cobasi, após notícia de que o Cade deve dar o aval para a combinação de negócios ainda neste trimestre.
… Marcopolo (+4,12%; R$ 7,59) e Iguatemi (+3,60%; R$ 17,25) completaram a trinca de maiores altas. Já as piores perdas do pregão foram de Eneva (-2,80%; R$ 10,75), CSN (-2,47%; R$ 7,49) e Marfrig (-2,31%; R$ 16,51).
PÉ ATRÁS – Houve certo alívio nas bolsas de NY após a divulgação do PPI nos EUA abaixo do esperado. Mas o indicador não motivou grandes apostas dos investidores, que preferiram ver o CPI hoje.
… Os índices de ações em Wall Street fecharam com variação tímida. Com big techs novamente sob pressão, o Nasdaq caiu 0,23%, a 19.044,39 pontos. S&P 500 subiu 0,11% (5.842,91) e o Dow Jones avançou 0,52% (42.518,28).
… Em clima de esperar para ver o CPI, os rendimentos dos Treasuries permaneceram em níveis elevados, com o rendimento da note de 10 anos estável em 4,784%, próximo da máxima de 14 meses alcançada na 2ªF.
… O juro do T-bond de 30 anos voltou a tocar os 5% e fechou em 4,970%, de 4,952% na sessão anterior. Afetado pelo PPI, o da T-Note de 2 anos caiu a 4,362% (de 4,385%).
… Puxado pela queda em alimentos, o PPI desacelerou a 0,2% em dezembro, de 0,4% em novembro, abaixo do 0,3% esperado. Na comparação anual, subiu 3,3%, mais que os 3% de novembro, mas menos do que a previsão de 3,4%.
… O núcleo ficou estável no mês, inferior à estimativa de +0,2%. No ano, subiu 3,5%, aquém da projeção de 3,8%.
… Vários dos componentes do PPI que alimentam a medida de inflação preferida do Fed — o PCE — foram mistos em dezembro.
… “Isso significa que o Fed e os mercados não se beneficiarão de componentes do PPI no PCE, como foi o caso em novembro”, disse Krishna Guha (Evercore) para a BBG. “Isso deixa o mercado mais exposto ao CPI”.
… No câmbio, o dólar teve um recuo importante, depois que reportagem da BBG informou que o governo Trump estuda aumentar tarifas de importação de forma gradual, o que evitaria um pico de inflação.
… Jeff Schmid, presidente do Fed de Kansas City, disse que o impacto das políticas de Trump é uma “conversa ativa” no Fed, e que o BC americano vai responder a isso se as metas de inflação ou emprego forem desviadas do curso.
… O índice DXY caiu 0,62%, a 109,273 pontos. O euro subiu 0,86%, a US$ 1,0307; a libra ganhou 0,24% (US$ 1,2206).
… Na contramão, o iene caiu 0,44%, a 157,97/US$. Na madrugada, a moeda chegou a subir depois de o vice do BoJ, Ryozo Himino, dizer que há possibilidade de o BC elevar o juro. A alta da divisa japonesa, contudo, não se sustentou.
EM TEMPO… GOL ampliará para três os voos semanais entre Salvador e Buenos Aires a partir de abril. O trecho será operado com as aeronaves Boeing 737, com capacidade para até 186 passageiros.
TENDA. Lançamentos alcançaram valor geral de vendas de R$ 1,6 bilhão no 4Tri24, alta anual de 39,8%. As vendas líquidas aumentaram 16,9% no período e os distratos subiram 10,2%.
MARCOPOLO. O Citi iniciou a cobertura da empresa com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10, o que representa um potencial de alta de 31,7% em relação ao fechamento de ontem…
… O banco considerou que a empresa opera com uma margem resiliente, após a racionalização da capacidade do setor, com fechamento de fábricas.
RANDON concluiu a aquisição da Dacomsa por R$ 2,2 bilhões.
IOCHPE-MAXION fará a 15ª emissão de debêntures simples no valor total de R$ 500 milhões. O prazo de vencimento será de cinco anos contados da data de emissão, vencendo no dia 5 de fevereiro de 2030.
B3 informou que o volume médio diário do mercado de ações cresceu 18,8% em dez/24, ante dez/23, para R$ 30,037 bilhões. Ante novembro, o resultado foi 13,6% maior.
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