Agenda da semana pode ajustar juros
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[24/03/25]
… Após as reuniões do Fomc e Copom, esta semana os investidores devem ajustar suas expectativas para as próximas decisões de política monetária, com uma agenda que prevê nos Estados Unidos: índices de atividade, o PIB/4Tri final, discursos de Fed boys, confiança do consumidor de Michigan e o PCE de fevereiro. Os dados testam o otimismo de Powell sobre a alta “temporária” das tarifas nos preços e as apostas em dois ou três cortes do juro este ano. Aqui, a ata do Copom amanhã deve detalhar como o BC está vendo a desaceleração “incipiente” da economia e os efeitos dos aumentos acumulados da Selic, que sinalizaram para o fim do ciclo de aperto da taxa, depois de contratar um ajuste menor para maio. O que está em jogo é o Copom de junho, que ficou em aberto, e a Selic terminal.
… Se a ata vier mais dovish que o comunicado, pode desencadear uma onda de revisões em baixa para a Selic no final deste ano, que está em 15% na mediana do mercado. Se, no entanto, confirmar a mensagem mais hawkish, as projeções podem romper essa marca.
… Além da ata, podem influenciar as expectativas dos juros o IPCA-15 de março e o Relatório de Política Monetária (antigo RTI), ambos na 5ªF, e o IGP-M e a taxa de desemprego do IBGE (6ªF). E desde hoje é importante o Boletim Focus (8h25).
… Na 6ªF, a curva de juros deu continuidade ao ajuste do pós-Copom, acentuado pelo ceticismo com o Orçamento/2025 e às medidas do governo Lula para recuperar a popularidade junto à classe média, com crédito para pequenas reformas e nova faixa do MCMV.
… Segundo apurou o Estadão, o governo finaliza os detalhes para lançar uma nova linha de crédito para pequenas reformas e ampliar os financiamentos do programa habitacional para famílias de classe média, com renda de até R$ 12 mil mensais.
… Os dois programas terão R$ 18,13 bilhões em recursos, oriundos do Fundo Social do pré-sal, e já foram reservados no Orçamento, que não convenceu o mercado ao prever um superávit de R$ 15 bilhões nas contas públicas neste ano.
… A conta não considera, por exemplo, as despesas do Pé-de-Meia, que entrou no PLOA com R$ 1 bilhão, mas é estimada em R$ 10 bilhões ou até mais do que isso. Segundo algumas previsões, o custo pode chegar a R$ 15,5 bilhões, consumindo todo o saldo positivo.
… Com a série de iniciativas do governo Lula para recuperar a popularidade, o mercado resgata os receios com a política expansionista no plano fiscal, agora com o apoio mais assertivo de Haddad, e já calcula um déficit primário em torno de R$ 70 bilhões este ano.
… Em meio às crescentes desconfianças, o mercado financeiro questiona também as previsões otimistas de arrecadação para garantir o resultado primário. Além disso, há dúvidas de que as coisas sairão como o governo espera na reforma da renda.
… Diante da resistência à taxação dos dividendos e contribuintes mais ricos, com rendas acima de R$ 50 mil/mês, existe o receio de que a compensação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil/mês acabe não sendo aprovada pelo Congresso.
… Outro ponto é o tamanho da renúncia fiscal que causa preocupação e pode estar sendo subestimada. Nos cálculos da Warren, a isenção trará uma perda de arrecadação de R$ 34 bilhões, acima da prevista pelo Ministério da Fazenda, de R$ 25,8 bilhões.
… Em paralelo, as investidas para injeção de recursos à população, com o novo crédito consignado privado, levantam riscos de inflação e necessidade de juros elevados por mais tempo. O novo programa teve 35,9 milhões de simulações até a manhã de domingo.
… As solicitações às instituições financeiras somaram em apenas dois dias mais de 3 milhões de propostas.
… Ainda hoje, a Receita pode divulgar a arrecadação de fevereiro (10h30), que deve somar R$ 207,6 bilhões na mediana do Broadcast. Na 4ªF, estão previstos os dados externos, com as transações correntes e os investimentos estrangeiros diretos em fevereiro.
EM NY – Na contagem regressiva para as tarifas recíprocas de Trump, dia 2 de abril, o cenário externo pode pesar, embora fontes da Casa Branca tenham dito ao WSJ neste domingo que o presidente pode limitar a lista aos maiores parceiros comerciais dos EUA.
… Segundo essa fonte, tarifas a setores que produzem automóveis, semicondutores e remédios, podem não ser anunciadas.
… Outra informação do fim de semana projeta chance de entendimento entre China e EUA, com a declaração do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que defendeu o diálogo entre Washington e Pequim durante o Fórum de Desenvolvimento da China.
… “China e EUA precisam escolher o diálogo, em vez do confronto”, disse no evento com presidentes de várias empresas internacionais.
… Temores de que a política comercial e migratória de Trump resulte em desaceleração do crescimento e repique da inflação nos Estados Unidos são recorrentes nas análises dos economistas, nublando o horizonte para o Fed e as expectativas para os juros.
… E apesar do tom mais confiante de Powell na entrevista que se seguiu ao Fomc, na semana passada, os Fed boys continuam destacando as incertezas geradas pelas medidas tarifárias em suas falas, como John Williams (NY) e Austan Goolsbee (Chicago).
… Ambos alertaram para o cenário atual afirmando que é preciso ter “cautela” antes de fazer novas previsões.
… Segundo a Capital Economics, o Fed está tendo dificuldades para fornecer uma diretriz futura sem ter uma direção clara das políticas do governo Trump. A consultoria permanece cética quanto à possibilidade de cortes das taxas de juros este ano.
… Nos futuros dos Fed Funds, as apostas majoritárias voltaram a projetar três quedas em 2025, num total de 75pbs, o que significa que há grande espaço para ajustes e volatilidades, na rotina que vem atingindo os ativos americanos.
… Nesta semana, pelo menos três dirigentes do Fed discursam: Raphael Bostic hoje (14h45), John Williams (amanhã) e Thomas Barkin (5ªF).
MAIS AGENDA – A semana começa com vários índices PMI industrial e de serviços de março na Europa (Reino Unido, França, Alemanha e zona do euro). De madrugada, saiu o dado do Japão: PMI industrial caiu para 46,5 (de 48,4) e o de serviços, para 49,5 (de 53,7).
… Nos EUA, o PMI sai às 10h45; um pouco antes (9h30), sai o índice de atividade nacional do Fed/Chicago referente a fevereiro.
… Ainda nesta semana, estão previstos na agenda de NY a confiança do consumidor do Conference Board (3ªF), bens duráveis (4ªF), o PIB final do 4Tri, estoques no varejo (5ªF), PCE de março e confiança do consumidor de Michigan com expectativas de inflação (6ªF).
BALANÇOS – Temporada de resultados do 4Tri prossegue na B3 esta semana com Sabesp e Vamos (hoje), Bradespar e JBS (amanhã, 3ªF), Americanas, CVC, Dasa, Equatorial e O (4ªF), JHSF, Gafisa, Marisa Lojas e Oncoclínicas (5ªF), Copasa e Gol (6ªF).
RÚSSIA VS UCRÂNIA – Drones russos atacaram uma área residencial de Kiev, neste domingo, em meio à preparação do encontro entre autoridades da Ucrânia, Rússia e Estados Unidos, que acontecerá hoje, em Riad, na Arábia Saudita.
ISRAEL VS HAMAS – O exército israelense atacou o maior hospital no sul de Gaza na noite de domingo, apenas um dia após o comunicado conjunto de França, Alemanha e Reino Unido, que pediu o retorno imediato e urgente ao cessar-fogo na região.
EUA VS IRÃ – O assessor de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz, disse que “é hora de o Irã abandonar completamente seu desejo de ter uma arma nuclear”, acrescentando, sobre uma eventual ação do governo americano, que “todas as opções estão sobre a mesa”.
EUA VS CANADÁ – O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, convocou eleições no país para o dia 28 de abril, em meio a incertezas políticas e econômicas, sobretudo com a adoção de tarifas a produtos exportados aos EUA pelo governo Trump.
DE VOLTA À VACA FRIA – Depois de um breve período deixada em segundo plano pela ausência de novidades, a questão fiscal voltou aos holofotes com a aprovação do Orçamento e prováveis novas medidas de estímulo, o que estressou dólar e juros na 6ªF.
… Investidores estão céticos com o superávit de R$ 15 bilhões nas contas públicas deste ano, como você leu acima, e preocupados com os estudos pelo governo de uma linha de crédito para apoiar reformas de imóveis, além da ampliação do MCMV para a classe média.
… O mercado de câmbio já vinha sentindo a pressão do exterior, onde as tarifas de Trump continuaram a fazer preço. O desconforto com o quadro fiscal só piorou o cenário. A moeda voltou a ficar acima dos R$ 5,70, com alta de 0,74%, a R$ 5,7177.
… Lá fora, o DXY subiu 0,23%, a 104,088 pontos em meio à incerteza sobre impacto das tarifas na inflação americana. Os investidores se refugiaram no dólar. O euro caiu 0,31%, a US$ 1,0821; a libra cedeu 0,33%, a US$ 1,2922, e o iene recuou 0,37%, a 149,319/US$.
… Dólar e questão fiscal pesaram sobre os juros domésticos, enquanto os rendimentos dos Treasuries seguiram direções opostas.
… Por aqui, o DI para Jan/26 subiu a 14,930% (de 14,865% no fechamento anterior), o Jan/27, foi a 14,780% (de 14,695%); o Jan/29, para 14,535% (de 14,440%); o Jan/31, a 14,640% (de 14,590%) e o Jan/33, a 14,630% (de 14,610%).
… Nos Treasuries, o rendimento da note de 2 anos recuou a 3,9481% (de 3,966%) e o da note de 10 anos subiu a 4,251% (de 4,231%).
… Descolado do mau humor geral, o Ibovespa teve alta moderada puxada por blue chips, fechando uma semana em que valorizou 2,63%. No ano, sobe 10,03%. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro foi de R$ 33,1 bilhões.
… A terceira semana consecutiva de ganhos do Ibov – que, na 6ªF, subiu 0,30%, a 132,344,88 pontos – tem base no interesse gringo pela bolsa brasileira, num cenário de rotação de global de ativos, como mostram os registros da B3.
… De acordo com os mais recentes dados disponíveis em março, até o dia 19, houve entrada de R$ 5,615 bilhões em recursos estrangeiros. No acumulado do ano, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 14,315 bilhões.
… Petrobras ON valorizou 1,61% (R$ 40,34) e Petrobras PN, +1,55% (R$ 36,80). O Brent/junho subiu 0,19%, a US$ 71,61 o barril, no dia em meio a tensões entre Irã, Iêmen e Estados Unidos.
… Vale subiu 0,37% e fechou na máxima, em R$ 57,45 na contramão do minério de ferro em Dalian (-0,33%).
… Os bancos subiram em bloco: Bradesco ON, +1,61% (R$ 11,36), Bradesco PN, +1,38% (R$ 12,52); Santander, +1,24% (R$ 26,87). Banco do Brasil, +0,42% (R$ 28,37) e Itaú, +0,22% (R$ 32,15) avançaram com menor intensidade.
… Marfrig teve a maior valorização do pregão, +6,80%, a R$ 18,21. Brava Energia ganhou 5,57% (R$ 19,33) e Hypera, + 3,93% (R$ 20,38). Na ponta oposta, Automob recuou 10,00% (R$ 0,27), após divulgar o balanço do 4Tri.
… Em NY, Dow Jones (+0,08%; 41.984,68) e S&P500 (+0,08%; 5.667,35) fecharam estáveis e o Nasdaq ganhou 0,52%, a 17.784,05, com os índices apagando as perdas do dia nos últimos cinco minutos do pregão.
… Depois de uma sessão muito volátil por causa do “triple witching”, com o vencimento de cerca de US$ 4,5 trilhões em opções e futuros, os índices saíram das mínimas após Trump dizer que pode haver alguma “flexibilidade” nas tarifas contra seus parceiros comerciais.
… Na semana, S&P 500 (+0,56%) e Nasdaq (+0,17%) romperam quatro semanas consecutivas de perdas. O Dow ganhou 1,20% no período.
EM TEMPO… JBS fez oferta para adquirir, por meio da subsidiária Vivera, o controle da fabricante de carne à base de plantas holandesa The Vegetarian Butcher; valor da oferta não foi revelado, mas a expectativa é de que o negócio esteja concretizado até setembro.
VALE recebeu as indicações de Raphael Manhães Martins e Adriana de Andrade Solé como candidatos para compor o conselho fiscal da companhia. Os nomes foram indicados pelos acionistas Tempo Capital Gestão de Recursos, Alaska Investimentos e outros…
… A eleição será realizada na AGO de 30 de abril de 2025.
MINERVA aprovou a emissão de R$ 2,5 bilhões em debêntures simples, não conversíveis em ações, para financiar operações no agro. Os títulos serão vinculados a CRA emitidos pela Virgo Companhia de Securitização e distribuídos em oferta registrada junto à CVM.
MARFRIG concluiu a compra das unidades de confinamento e produção agrícola da MFG Agropecuária Ltda, por R$ 48 milhões.
ENGIE BRASIL fechou a compra de duas hidrelétricas no Amapá (Santo Antônio do Jari e Cachoeira Caldeirão) por cerca de R$ 2,9 bilhões; adquiridas da portuguesa EDP e da chinesa CTG, as usinas somam 612 megawatts (MW) de capacidade instalada.
REDE D’OR aprovou a distribuição de R$ 400 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1810 por ação, com pagamento em 4/4; ex em 27/3.
LOCALIZA aprova a distribuição de R$ 480,9 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,4563 por ação, com pagamento em 16/5; ex em 27/5.
ALLOS informou ter alterado o valor por ação a ser pago a título de JCP divulgado em 14/3; do total de R$ 153 milhões em proventos a serem distribuídos pela companhia, R$ 102 milhões serão pagos em JCP, no novo valor de R$ 0,1016 por ação…
… Valor anterior era de R$ 0,1015/ação; mudança é decorrente do volume de papéis em tesouraria, alterado em programa de recompra.
TRACK & FIELD informou que vai pagar R$ 8,25 milhões em JCP em 29 de maio: R$ 0,0054/ON e R$ 0,05457/PN. Ex em 27 de março…
… A empresa aprovou a recompra de até 3,15 milhões de ações preferenciais, ou 0,33% de todos os papéis emitidos pela companhia.
GRUPO MATEUS aprovou o pagamento de R$ 135 milhões em JCP (bruto), equivalente a R$ 0,0601 por ação.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Agenda vazia encerra semana dos BCs
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[21/03/25]
… A Rússia faz a última reunião de política monetária da semana (7h30), que teve direito até mesmo a uma reunião surpresa do BC turco para subir o juro (de 44% para 46%), após a lira atingir baixa recorde em relação ao dólar com a prisão de um rival de Erdogan. Os resultados dos demais BCs repercutiram nesta 5ªF, com investidores em NY desconfiando do otimismo de Powell e, aqui, com um ajuste forte ao Copom, que veio mais hawk do que o precificado pelo mercado. A agenda de hoje é esvaziada, com destaque para a fala do Fed boy John Williams em conferência do Caribe (10h05) e a confiança do consumidor na zona do euro (12h). Os EUA não têm nada previsto, assim como o Brasil. Sem confirmação, a Receita pode divulgar a arrecadação federal de fevereiro, que deve crescer com a atividade.
… Estimativas apuradas em pesquisa Broadcast apontam para um resultado entre R$ 147,202 bilhões a R$ 304,700 bilhões, com mediana de R$ 207,6 bilhões. Se confirmado, o montante representa um aumento de 2,3% sobre os dados de fevereiro/2024.
… A arrecadação ajuda o governo Lula a exibir dados fiscais positivos, que são alegados por Haddad para rebater as críticas do mercado.
… Em entrevista à GloboNews na tarde de ontem, o ministro lembrou que o impulso fiscal em 2023 só ocorreu “porque nós pagamos todo o calote dos precatórios do governo anterior [de Bolsonaro]; foram quase R$ 100 bilhões e isso não aconteceu em 2024”.
… Reforçando que o governo é diligente em relação à questão fiscal, Haddad disse que compreende o mercado, que piorou sua avaliação na pesquisa Quaest desta semana. “Não sou inimigo de ninguém, converso com todo mundo, mas não posso só olhar para o mercado.”
… O ministro defendeu a reforma da renda, que ampliou a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, e disse que enfrentará a taxação dos mais ricos. “Só estamos propondo que um super rico pague uma alíquota média igual a um professor de escola pública.”
… “Nós só estamos pegando dividendos de empresas que não pagam seus impostos corretamente, no patamar previsto na legislação. Se, porventura, o CNPJ já está pagando aquele dividendo, não vai pagar nenhum imposto de renda, vai continuar isento.”
… Haddad também foi questionado sobre a decisão do Copom, que, além de ter voltado a subir a Selic para 14,25%, contratou uma nova alta para maio, embora em dose menor, deixando junho em aberto – o que foi lido como hawk por parte do mercado.
… O ministro elogiou Galípolo e disse que não esperava dele um “cavalo de pau” na gestão da política monetária. “Galípolo é uma pessoa muito séria, não só tecnicamente preparada, mas uma pessoa psicologicamente preparada para o cargo, que sofre muita pressão.”
… Segundo ele, Galípolo tem um compromisso com a coerência das medidas do BC para cumprir seu mandato, trazer a inflação à meta.
… Nesta 5ªF, o Copom surpreendeu muita gente que esperava uma mensagem mais dovish, como precificava a curva de juros, mas o fato de ter mantido o ciclo em aberto justificou um ajuste forte de alta dos prêmios na ponta curta (leia mais abaixo).
MAIS MEIO PONTO – O guidance para o próximo Copom, que contratou um aumento de menor magnitude da Selic em maio, consolidou no mercado a aposta majoritária em uma alta de 50pbs, que levaria a taxa básica para 14,75%, segundo levantamento Broadcast.
… Já a estimativa intermediária para o juro básico ao final de 2025 está mantida em 15%, variando entre 13,25% e 15,50%.
… O tom do comunicado do Copom dividiu interpretações entre os analistas, mas afastou os temores de que o BC poderia encerrar o ciclo de aperto antes do esperado. O que se viu, no entanto, foi a confirmação de que Galípolo não mudou a política monetária.
… Entre os grandes bancos, o Itaú espera mais dois aumentos de 50pbs na taxa Selic, levando o juro a 15,25% ao fim do ciclo.
… Para Silvio Campos Neto (Tendências Consultoria), “o BC não baixou a guarda e sugere que será mais dependente de dados”. Ele prevê mais uma elevação de 50pbs em maio e um último ajuste de 25pbs em junho, com a Selic encerrando a 15%.
… A ata do Copom, na próxima 3ªF, deverá permitir uma calibragem mais fina das apostas, com os detalhes sobre os efeitos defasados da política monetária, citados no comunicado, o grau de incertezas e o cenário traçado para a inflação.
HABEMUS ORÇAMENTO – O Congresso Nacional aprovou, por votação simbólica, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, em sessão conjunta nesta 5ªF, e o texto segue para a sanção presidencial, depois de meses de atraso.
… O processo de negociação do texto foi afetado por medidas de contenção de gastos aprovadas na reta final de 2024 e, sobretudo, pela suspensão de emendas parlamentares por parte do Supremo Tribunal Federal – posteriormente retomada.
… O PLOA prevê um superávit primário de R$ 15 bilhões neste ano, com pagamentos de precatórios retirados do limite de gastos anual, e alocação de R$ 89,4 bilhões em investimentos neste ano, respeitando o piso de 0,6% do PIB destinados a esse tipo de despesa.
… O relator também aceitou investimentos em educação (R$ 167,1 bilhões) e Saúde (R$ 232,6 bilhões) acima do piso constitucional.
… Foram incluídos, a pedido do governo, R$ 3 bilhões para o Vale-Gás, R$ 8,3 bilhões para despesas previdenciárias e R$ 338,6 milhões para o seguro-desemprego, com redução de R$ 7,7 bilhões no Bolsa Família e de R$ 4,8 bilhões das Escolas em Tempo Integral.
… O Orçamento também fixou em R$ 50 bilhões o montante destinado às emendas parlamentares e prevê R$ 27,9 bilhões para aumento de despesas com pessoal. O governo ainda direcionou mais R$ 18 bilhões do Fundo Social para o Minha Casa, Minha Vida.
… No Estadão, o governo obteve uma vitória no PLOA/2025 ao garantir a possibilidade de remanejar até 30% dos recursos discricionários, de um montante de R$ 100 bilhões, excluindo emendas, sem precisar negociar com o Legislativo.
… Os congressistas tentaram reduzir esse porcentual para 20%, mas acabaram cedendo ao Executivo na fase final da negociação.
… Além disso, o governo conseguiu manter maior flexibilidade no remanejamento das verbas do PAC, poderá realocar livremente até 25% dos recursos do programa. O relator do Orçamento, senador Ângelo Coronel (PSD), queria reduzir esse limite para 10%.
… Isso permitirá, por exemplo, que o governo destine recursos ao Pé-de-Meia sem precisar enviar um PL ao Congresso, embora ainda não esteja definido se apenas o remanejamento livre de recursos será suficiente para resolver a pendência do programa educacional.
… O Pé-de-meia, que tem custo estimado de R$ 10 bilhões, ficou fora do Orçamento, com recursos para apenas um mês (R$ 1 bilhão).
UE ADIA RETALIAÇÕES – A União Europeia decidiu adiar até meados de abril suas possíveis tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos, segundos fontes da Associated Press. O presidente Trump aumentou as tarifas sobre aço e alumínio para 25%.
… “Posso confirmar que decidimos ajustar o cronograma das tarifas”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
… UE pretendia impor medidas sobre produtos dos EUA no valor de cerca de 26 bilhões de euros (US$ 28 bilhões) em duas fases, nos dias 1º e 13 de abril, sobre aço, alumínio, carne bovina, aves, bourbon, motocicletas, manteiga de amendoim e jeans americanos.
… Trump também planeja impor tarifas “recíprocas”, aumentando as taxas dos EUA para igualar aos impostos que outros países cobram sobre as importações “para fins de justiça”. Espera-se que essas tarifas recíprocas sejam anunciadas em 2 de abril.
EUROPA VS EUA – Líderes europeus se reunirão em Paris, na próxima semana, para discutirem uma série de assuntos relacionados aos Estados Unidos. Além da França, Reino Unido e Alemanha, os países nórdicos estarão representados (Bloomberg).
… No Financial Times, as maiores potências militares da Europa elaboram planos para assumir responsabilidades dos EUA em relação à defesa do continente, incluindo uma proposta para a transferência gerenciada nos próximos cinco a dez anos.
… As discussões são uma tentativa de evitar o caos de uma retirada unilateral dos EUA da Otan, frente às repetidas ameaças de Trump de enfraquecer ou abandonar a aliança transatlântica que protege a Europa há quase oito décadas.
… O encontro também discutirá a situação da Ucrânia e as exigências da Rússia no processo de paz.
… Também na próxima semana, autoridades de Israel e EUA se reunião na Casa Branca para discutir questões estratégicas sobre o Irã.
… Nesta 5ªF, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyyed Abbas Araghchi, disse que o país responderá a carta do presidente Trump nos próximos dias. Segundo ele, a carta contém mais ameaças do que supostos benefícios.
AFTER HOURS – Ação da Nike caiu 5,13% em NY após a empresa revelar que espera quedas maiores das vendas com as promoções para limpar o estoque e a ação da FedEx perdeu 5,60% com lucros do 3Tri fiscal um pouco abaixo das expectativas dos analistas.
LAMBANÇA – Um discurso do Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, na TV americana, estimulando os investidores a comprar ações da Tesla, na noite de 4ªF, está repercutindo como um conflito de interesses públicos e privados sem precedentes.
… No canal Fox News, Lutnick disse que Elon Musk era “a melhor pessoa em quem apostar” que ele já conheceu.
A POEIRA BAIXOU – O day after do Copom trouxe um ajuste forte nos juros futuros, contribuindo para o Ibovespa quebrar a sequência de seis altas consecutivas e voltar para baixo dos 132 mil pontos (131.954,90), em baixa 0,42%, nesta 5ªF.
… Também o dólar voltou a subir ante o real em meio a uma alta global da moeda, depois de sete sessões no vermelho.
… Se aqui o mercado absorveu a sinalização do BC de que a Selic seguirá em alta, ainda que menor, em NY o que pegou foi a reavaliação dos investidores sobre a comunicação do Fed, após a reunião que manteve os juros.
… Era para o Fed ser hawk e o Copom dove. E acabou que o Fed foi dove e o Copom, hawk.
… Para economistas do Barclays, Powell adotou um tom “excessivamente confiante” com relação à transitoriedade do impacto das tarifas nos preços, o que traz o risco de o Fed ser pego de surpresa, como ocorreu na pandemia da Covid.
… O risco de retração na economia americana, que o Fed reconhece, mas ainda não coloca na conta, também voltou a pesar.
… Assim, as bolsas em Wall Street devolveram parte do rali da véspera. O S&P 500 caiu 0,22% (5.662,92 pontos), o Nasdaq perdeu 0,33% (17.691,63 pontos) e o Dow Jones fechou praticamente estável (-0,03%), em 41.953,32 pontos.
… Certa cautela foi observada antes do “triple witching” hoje, o vencimento de opções vinculadas a ações, índices e fundos.
… O dado de auxílio-desemprego de 223 mil pedidos, abaixo dos 225 mil esperados, e ainda a alta de 4,2% nas vendas de moradias usadas em fevereiro, contra previsão de -3,2%, mostraram a resiliência da economia dos EUA, mas serviram apenas como pano de fundo.
… Tanto que os juros dos Treasuries ficaram perto da estabilidade. O rendimento da note de 2 anos recuou para 3,960% (de 3,984% na sessão anterior), o da note de 10 anos, a 4,235% (de 4,233%) e do título de 30 anos, a 4,555% (de 4,550%).
… Nos DIs, além do ajuste ao Copom, a grande oferta de títulos prefixados do Tesouro – 10 milhões de NTN-Fs e com risco maior para o mercado – adicionou pressão às taxas, em especial as médias e longas, que nos últimos dias vinham queimando prêmios.
… No fim dos negócios, o Jan/26 subia 14,865% (de 14,720% na sessão anterior); o Jan/27, a 14,695% (de 14,400%); o Jan/29, a 14,440% (de 14,110%); o Jan/31, a 14,590% (de 14,280%); e o Jan/33, a 14,610% (de 14,620%).
… Já o dólar engatou uma valorização global, que reverberou por aqui. No Broadcast, Adauto Lima (da Western Asset) observou que uma “degringolada” da economia dos Estados Unidos tende a fortalecer o dólar, por causa da aversão ao risco.
… O DXY subiu 0,41%, a 103,851 pontos, com destaque para a queda de 0,40% do euro, a US$ 1,0855. A libra chegou a ganhar fôlego depois de o BoE manter os juros em 4,50%, mas no fim cedeu 0,22%, a US$ 1,2965. O iene subiu 0,15%, a 148,775/US$.
… Com espaço para correção ante o real, o dólar à vista subiu 0,49%, a R$ 5,6758. A moeda ainda acumula baixa de 4,1% em março.
… No Ibovespa, o destaque foram os frigoríficos, que andaram na contramão do índice com altas expressivas lideradas pelo Minerva (+8,41%; R$ 6,06). A empresa teve prejuízo líquido no 4Tri, mas o crescimento da receita no período agradou.
… As tratativas para a listagem da JBS (+4,27%, R$ 40,80) na bolsa de NY também seguem animando os papéis do setor. Ainda a Marfrig subiu 6,70% (R$ 17,05) e a BRF, +1,33% (R$ 19,82).
… Petrobras virou o sinal para o positivo à tarde, em linha com o Brent. Petrobras ON, +0,46% (R$ 39,70) e PN, +0,22% (R$ 36,24). O barril subiu 1,72% na ICE londrina, a US$ 72, com sanções dos EUA ao petróleo do Irã e novos ataques de Israel à Faixa de Gaza.
… Vale cedeu 0,31%, a R$ 57,24, em linha com a queda do minério de ferro (-0,46%) em Dalian.
… Bancos recuaram: Santander (-1,59%; R$ 26,54), Bradesco ON (-1,50%; R$ 11,18) e PN (-0,48%; R$ 12,35), Itaú (-0,93%; R$ 32,08), Banco do Brasil (-0,49%; R$ 28,25). Embraer (-6,72%, R$ 73,96), Petz (-4,54%, R$ 4,42) e LWSA (-3,99%, R$ 2,65) lideraram as perdas.
EM TEMPO… BRAVA ENERGIA registrou prejuízo pró-forma de R$ 1 bilhão no 4TR24 e reverteu lucro do 4TRI23; Ebitda somou R$ 505 milhões, queda de 41% na comparação anual.
ENEVA registrou prejuízo líquido de R$ 962,6 milhões no 4TRI24, mais de 3X maior ante o 4TRI23; Ebitda ajustado somou R$ 1,242 bilhão, alta de 20% na comparação anual.
CYRELA registrou lucro líquido de R$ 497 milhões no 4TRI, alta de 100% na comparação anual; receita líquida somou R$ R$ 2,5 bilhões, crescimento de 47% em relação ao mesmo trimestre de 2023.
HYPERA registrou lucro das operações continuadas de R$ 79,5 milhões no 4TRI, queda de 74,2% na comparação anual; Ebitda das operações continuadas somou R$ 136,9 milhões, recuo de 76,4% em relação ao mesmo período de 2023…
… Empresa aprovou a distribuição de R$ 184,7 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2925 por ação ON, com pagamento até o final do exercício social de 2026, em data a ser definida pela companhia; ex em 28/3.
MOVIDA registrou lucro líquido ajustado de R$ 72,7 milhões no 4TRI24 e reverte prejuízo do 4TRI23; Ebitda somou R$ 1,2 bilhão, crescimento de 40,1% na comparação anual.
PETZ registrou prejuízo de R$ 43 milhões no 4Tri e reverte lucro de um ano antes. Ebitda toalizou R$ 13,9 milhões no período, queda anual de 71,4%. Receita líquida cresceu 7,1%, a R$ 878 milhões.
ESPAÇOLASER registrou lucro líquido de R$ 9,6 milhões no 4TRI, revertendo prejuízo de R$ 7,4 milhões no mesmo intervalo de 2023; Ebitda somou R$ 48,1 milhões, avanço de 9,6% na comparação anual.
BRADESCO aprovou a distribuição de JCP intermediários no valor total bruto de R$ 2,3 bilhões, o equivalente a R$ 0,2071 por ação ON e R$ 0,2278 por ação PN, com pagamento até 31/11; ex em 1º/4.
BRADESPAR. Conselho de Administração propôs a distribuição de R$ 350 milhões em dividendos complementares, o equivalente a R$ 0,8361 por ação ON e R$ 0,9197 por ação PN, com pagamento em 15/5 e ex em 28/4…
… Pagamento será discutido e votado nas Assembleias Gerais a serem realizadas em 24/4.
CEMIG aprovou a distribuição de R$ 541 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1891 por ação, com pagamento em duas parcelas (até 30/6/26 e até 30/12/26); ex em 26/3/25…
… Conselho de Administração aprovou a deslistagem das ações PN da companhia no Mercado de Valores Latino-americanos (Latibex), segmento da Bolsa de Madri (Espanha).
LOJAS RENNER aprovou a distribuição de R$ 189,5 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1877 por ação, com pagamento em 9/4; ex em 26/3.
NATURA&CO propôs incorporação da companhia em sua subsidiária integral, a Natura Cosméticos, com o objetivo de ter estrutura mais eficiente e destravar valor; CEO Fábio Barbosa deixou cargo e será presidente do Conselho da Natura Cosméticos…
… Grupo continua explorando alternativas para a Avon, incluindo potencial venda.
AZZAS aprovou a 1ª emissão de debêntures, no valor de R$ 600 milhões.
RD SAÚDE fará 10ª emissão de debêntures, no valor de R$ 500 milhões.
DIRECIONAL informou a cisão total do fundo Filadelphia, que detém parte do grupo; com isso, seu patrimônio será vertido para duas empresas, na proporção de 50% para a PHPH e 50% para a Share, que passarão a deter 12,8% das ações cada uma…
… PHPH deterá 22.249.723 ações e Share, 22.249.722 ações.
TIM concluiu encerramento da parceria com C6.
PAPER EXCELLENCE. TJ-SP anulou decisão de primeira instância que havia decidido manter a sentença arbitral favorável à empresa na disputa pelo controle da Eldorado, da J&F, entendendo que a sentença foi “descabida”, já que o próprio tribunal suspendeu o processo.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
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BC ajusta guidance e desacelera alta da Selic
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[20/03/25]
… O PBoC da China manteve as taxas das LPRs de 1 ano em 3,1% e de 5 anos em 3,6%, no final da noite, horas após o Fed afirmar que as tarifas de Trump devem atrasar o processo de desinflação nos EUA e causar crescimento menor. As incertezas justificaram a decisão de deixar o juro americano estável, entre 4,25% e 4,50%. Mas a mensagem do Fomc foi menos hawk do que os investidores temiam e Powell ajudou a sustentar uma boa reação dos mercados, dizendo que a alta dos preços deve ser “transitória”. Hoje, é a vez do BoE decidir a taxa do juro inglês (9h), que deve ser mantida em 4,5%. Aqui, o Copom confirmou o aumento de 100pbs da Selic, para 14,25%, e ajustou o forward guidance para uma alta de menor magnitude na reunião de maio, sinalizando que o fim do ciclo de aperto do juro está próximo.
… Nas primeiras interpretações do mercado, a Selic deverá subir 50pbs no Copom do mês que vem, para 14,75%, e alguns economistas já preveem que pode ser o último aumento. Outros acreditam em mais 50 pbs ou 25pbs em junho, que ficou em aberto.
… O comunicado manteve o tradicional “firme compromisso de convergência da inflação à meta” como condicionante para o tamanho do orçamento total, mas, desde já, uma Selic de 15% deve convergir para o consenso, em consonância com a mediana das estimativas.
… O texto justificou bem o aumento de 100pbs da Selic, mas limitou os motivos da desaceleração no ritmo das altas a uma “incipiente” moderação da atividade e aos efeitos defasados da política monetária, com o juro no maior patamar desde o governo Dilma.
… O esfriamento da atividade, comprovado pelos indicadores do 4Tri, não mereceu ainda estar no balanço de riscos como fator baixista, mas a aposta é de que já está sendo considerado pelo Copom, assim como é pelo mercado financeiro.
… Foi estranho o BC não comentar sobre a recente apreciação do real, com o fechamento do dólar a R$ 5,64 nesta 4ªF, mas o câmbio já pode ter influenciado sua projeção menor da inflação para o horizonte relevante (3Tri/2026), de 4,0% para 3,9%.
… Só o ambiente externo desafiador, em função da política comercial nos Estados Unidos e de seus efeitos, como não poderia deixar de ser, consta como fator baixista, à medida que pode gerar uma onda de recessão global e atingir os emergentes.
… Em suma, o Copom avalia que o cenário atual é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções elevadas de inflação, resiliência na atividade e pressões no mercado de trabalho, exigindo uma política monetária mais contracionista.
… Não é exatamente um cenário benigno, mas o fato de estar desenhado na primeira reunião independente de Gabriel Galípolo – após o forward guidance de RCN – deve reforçar a confiança que o mercado está depositando na sua gestão frente ao Banco Central.
… Em NY, o Fed menos hawkish que o esperado, ampliou os ganhos das bolsas e do dólar, enquanto os juros dos Treasuries acentuaram as quedas com a redução do ritmo de resgate de títulos do Tesouro, de US$ 25 bilhões para US$ 5 bilhões em abril.
… Segundo Powell, foi um bom momento para desacelerar a redução do balanço patrimonial, em meio às elevadas incertezas que surgem com as tarifas comerciais do governo Trump. “É difícil saber onde isso vai levar”, disse o presidente do Fed na entrevista.
… Ele admitiu que, com as tarifas, o progresso na queda da inflação será mais demorado, mas considerou difícil, ou mesmo um “desafio”, provar que a inflação vem das tarifas, ou quanto da inflação vem das tarifas. “Saberemos isso [só] daqui a alguns meses.”
… Powell reconheceu que as leituras fortes da inflação de bens surpreendeu, causando elevação nas expectativas de curto prazo. No entanto, disse que as expectativas no longo prazo estão mais ancoradas, o que sugere que a inflação pode ser “transitória”.
… Repetiu que o Fed não precisa ter pressa para reduzir os juros, que está em boa situação para esperar e ter mais clareza do cenário.
… O ajuste no balanço patrimonial do Fed e o gráfico de pontos com as projeções dos dirigentes reduziram de três para dois o número de cortes de juro este ano. No CME, um ajuste de 50pbs é levemente majoritário, com 32%, contra 28% que ainda esperam 75pbs.
… As projeções trimestrais do Fed mostraram aumento da mediana para o núcleo do PCE de 2,5% para 2,8% no 4Tri deste ano, enquanto a mediana das estimativas dos dirigentes apontou para queda da projeção para o PIB de 2,1% para 1,7% no final de 2025.
… Questionado sobre a possibilidade de uma recessão nos EUA, Powell disse que “sempre existe”, e que “aumentaram um pouco, mas em níveis relativamente moderados”. O presidente do Fed disse que é importante “separar os sinais dos barulhos [ruídos]”.
ENFIM, O ORÇAMENTO – O senador Angelo Coronel (PSD), relator do Orçamento de 2025, confirmou a leitura de seu parecer, hoje cedo, na Comissão Mista de Orçamento. O texto será votado em seguida na CMO e pode ir ao plenário à tarde.
… Uma sessão conjunta do Congresso Nacional foi convocada às 15 horas.
… Coronel disse que a demora na votação da LOA, que deveria ter sido apreciada no ano passado, acabou sendo positiva para o governo. “Deu tempo para modificar várias rubricas, até ontem (3ªF) estavam chegando ofícios pedindo modificações.”
… O fato é que o Orçamento destravou após a aprovação da nova resolução sobre a distribuição das emendas parlamentares e do projeto de lei que revalida recursos orçamentários desde 2019, resgatando verbas do orçamento secreto.
MAIS AGENDA – Segunda prévia do IGP-M de março (8h) é o único indicador doméstico previsto para hoje.
… Como destaque, o ministro Fernando Haddad concede duas entrevistas nesta 5ªF: 1) ao programa Bom Dia Ministro, da EBC (8h), e ao vivo para a GloboNews, direto de Brasília (16h30). Ontem à noite, Haddad disse que só comentará o Copom após a Ata.
… Na zona do euro, Christine Lagarde (BCE) discursa no Parlamento Europeu à primeira hora do dia.
… No Reino Unido, a decisão de política monetária do BoE será divulgada às 9h (de Brasília).
… Assim como outros BCs, inclusive o Fed, o presidente do BoE, Andrew Bailey, já defendeu uma abordagem mais “gradual e cautelosa” da política monetária, mencionando as tarifas de Trump, que prejudicam o crescimento e afetam os cortes dos juros.
… Além do BoE, também o BC da África do Sul anuncia decisão para o juro hoje (10h).
… Nos Estados Unidos, saem pedidos de auxílio-desemprego e o índice de atividade industrial do Fed/Filadélfia de março (ambos às 9h30) e vendas de moradias usadas em fevereiro (11h).
… No Japão, o feriado do Equinócio da Primavera fechou os mercados hoje.
BALANÇOS – Automob, Brava Energia, Cemig, Cyrela, Eneva, Hapvida, Hypera, Light, Movida e Petz divulgam resultados nesta 5ªF, 20.
DON´T WORRY, BE HAPPY – Os abalados mercados de ações em NY deram um suspiro de alívio com um Fed menos hawkish do que o esperado e voltaram para o lado comprador.
… A falta de pressa do BC americano em ajustar a política monetária para qualquer lado e os dois cortes de juros ainda na mesa – mesmo com as tarifas de Trump – levaram as bolsas à melhor sessão pós-Fed desde julho passado.
… O Nasdaq avançou 1,41%, aos 17.750,79 pontos, o Dow Jones subiu 0,93% (41.965,74), o S&P 500 avançou 1,08% (5.675,34).
… Estimulado pelo bom humor lá fora e antes do Copom, o Ibovespa anotou a sexta alta consecutiva, acima dos 132 mil pontos (132.508,45) pela primeira vez desde outubro, com ganho de 0,79%. O giro foi de R$ 25,6 bilhões.
… Graças ao desempenho em março (+7,9%), a bolsa acumula alta de 10,16% no ano e está perto de zerar as perdas de 2024 (10,36%).
… Em mais um dia de queda, o dólar descolou do exterior e furou os R$ 5,65, fechando em R$ 5,6480, em baixa de 0,42%, a sétima seguida.
… Powell ajudou o câmbio doméstico e o desmonte de posições defensivas gringas prosseguiu antes de a Selic subir mais 100pb e tornar o carry trade mais atrativo. Destaque ainda para os dois leilões de linha do BC, num total de US$ 2 bilhões, com venda total dos lotes.
… Lá fora, o dólar subiu ante o euro (-0,43%; US$ 1,0899), ficou estável (-0,03%) ante a libra (US$ 1,2994) e caiu ante o iene (+0,33%, 148,796). Na média, o DXY subiu 0,18%, a 103,428 pontos.
… Na mesma toada dos últimos dias, as taxas dos DIs médios e longos caíram, desta vez com ajuda dos Treasuries, enquanto o Jan26 ficou praticamente parado (14,720%, de 14,725% na sessão anterior) à espera do Copom.
… No fechamento, o Jan/27 caiu a 14,400% (de 14,420%), o Jan/29 cedeu a 14,110% (de 14,195%), o Jan/31, a 14,280% (de 14,380%) e o Jan/33, a 14,320% (de 14,410%). O ajuste de hoje ao Copom não deve ser relevante.
… Os juros dos Treasuries inverteram o sinal e passaram a cair depois do Fed e de Powell. O menor ritmo na redução do balanço do BC dos EUA também foi lido como um sinal dovish, levando o retorno da note de 2 anos para abaixo de 4%, em 3,977% (de 4,038%).
… O rendimento da note de 10 anos recuou a 4,246% (de 4,2860%) e o do T-bond de 30 anos caiu a 4,555% (de 4,584%).
… A baixa nos juros domésticos beneficiou ações cíclicas no Ibovespa, como LWSA, +6,15% (R$ 2,76); Vamos, +5,39% (R$ 4,30), Magazine Luiza, +3,98% (R$ 10,43%).
… Petrobras ON subiu 0,48% (R$ 39,52) e PN ficou estável (-0,08%; R$ 36,16), em dia de alta moderada do Brent/maio: 0,31%, a US$ 70,78 por barril, com o impasse na guerra da Ucrânia e tensões no Oriente Médio (Iêmen).
… Vale recuou 0,17% (R$ 57,42), seguindo o minério de ferro em Dalian (-2,12%). Entre os bancos, BB cedeu 0,39%, na mínima a R$ 28,39. Os demais subiram: Bradesco ON (+1,16%; R$ 11,35) e PN (+0,89%; R$ 12,41), Santander (+1,01%; R$ 26,97) e Itaú (+0,25%; R$ 32,38).
… Destaque do dia, Vivara saltou 7,57% (R$ 19,18), após o balanço positivo do 4Tri24.
EM TEMPO… PETROBRAS venceu leilão da PPSA para 2 cargas de 500 mil barris de Itapu; cargas arrematadas pela estatal têm previsão de carregamento até julho de 2025.
MINERVA registrou prejuízo líquido de R$1,567 bilhões no 4TRI24 e reverte lucro do 4TRI23; Ebitda somou R4 944 milhões, alta de 55,8% na comparação anual…
… Companhia concluiu recompra e cancelamento de uma parcela das notas sênior (bonds); valor médio ficou em US$ 87, com desconto de 13% sobre o valor de face, e um valor total que supera os US$ 69 mil.
HAPVIDA registrou lucro líquido ajustado de R$ 514,7 milhões no 4TRI, avanço de 98,8% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 1,062 bilhão, alta de 19,4% em relação ao mesmo período de 2023.
GUARARAPES registrou lucro líquido de R$ 249,9 milhões no 4TRI, alta de 8,8% na comparação anual; Ebitda somou R$ 565,6 milhões, crescimento de 45% ante mesmo período de 2023.
WILSON SONS registrou lucro líquido de R$ 121,6 milhões no 4TRI, alta anual de 7,2%; Ebitda somou R$ 373,8 milhões, avanço de 41% em relação ao mesmo período de 2023.
POSITIVO registrou lucro líquido de R$ 14 milhões no 4TRI, queda de 92,7% na comparação anual; Ebitda somou R$ 100 milhões, recuo de 61,8% em relação ao mesmo período de 2023.
PETRORECONCAVO teve lucro líquido de R$ 32,4 milhões no 4TRI, queda de 83% ante igual período de 2023. O Ebitda foi de R$ 402,9 milhões, alta anual de 63%, e a receita líquida foi de R$ 843,3 milhões, aumento de 22% em relação ao mesmo intervalo de 2023.
CAIXA SEGURIDADE captou R$ 1,2 bilhão em oferta de ações a R$ 14,75 cada. (fontes do Broadcast)
GRUPO PÃO DE AÇÚCAR contratou empréstimo de 75 milhões de euros (R$ 479 milhões) junto ao banco holandês Rabobank para refinanciamento das dívidas com vencimento no curto prazo.
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AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.