Risco geopolítico domina negócios globais
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[13/06/25]
… O petróleo saltava quasse 10% e os futuros de NY registravam fortes perdas, ontem à noite, após Israel ter lançado ataques em grande escala a instalações nucleares do Irã. Netanyahu disse que as operações continuarão por quantos dias forem necessários. Fontes do governo israelense dizem que esse não é um ataque de um dia só. Investidores corriam para o dólar, iene, Treasuries americanos e títulos do Japão. Comunicado da Casa Branca informou que os EUA não estão envolvidos. Os riscos geopolíticos devem dominar o ambiente dos negócios globais. Na agenda dos indicadores, sai a preliminar de junho do sentimento do consumidor americano de Michigan e, aqui, o volume de serviços, em meio à crise entre governo e Congresso, no confronto aberto.
… Em mais um susto para o Planalto, Hugo Motta foi ao X no final da manhã, após a reunião de líderes, para anunciar a decisão de pautar na 2ªF a urgência de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar o novo pacote do IOF da Fazenda.
… “Conforme tenho dito nos últimos dias, o clima na Câmara não é favorável para o aumento de imposto com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais.” A notícia causou espanto, já que as novas medidas haviam sido combinadas com Haddad.
… Causou espanto e causou confusão também, porque se o Congresso derruba o novo decreto do IOF, publicado na noite de 4ªF, passaria a valer o primeiro decreto, que começou essa briga. Agora, estão vendo um jeito de derrubar os dois decretos de uma vez só.
… O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, está cuidando da logística, afirmando que “pagadores de impostos não podem continuar sendo surrupiados por esse governo irresponsável que não quer conter gastos.” Motta voltou a ceder às pressões.
… Horas antes, Haddad reforçava aos jornalistas que está disponível para discutir com o Congresso as medidas alternativas ao IOF. “Estou 100% disponível para visitar os presidentes [das Casas], os líderes, as bancadas. Quantas horas precisar.”
… O ministro defendeu as medidas do IOF por terem a vantagem de entrar em vigor imediatamente, o que representaria uma salvaguarda das contas públicas. “Óbvio que o IOF tem dimensão regulatória, mas ela tem uma arrecadação importante.”
… Ele considera natural algum tipo de reação negativa, seja de setores, de parlamentares da oposição, afirmando que os lobbies são mais rápidos e atuam com muita força, mas ainda acreditava que, com diálogo, ganharia apoio. Até do agro e da construção civil.
… Rebatendo as críticas à tributação de 5% para LCAs e LCIs, disse que “o agro nunca cresceu tanto como agora, nós vamos para o terceiro plano safra de crescimento”, e que “metade da construção civil é Minha Casa, Minha Vida, que tinha acabado no governo anterior”.
… O ministro citou novas fontes para complementar as receitas com as medidas do atual decreto do IOF e MP, que devem ficar em torno de R$ 10 bilhões este ano, como dividendos extraordinários das estatais, e a venda de petróleo de áreas do pré-sal não contratadas.
… E ainda manifestou a esperança de que as isenções tributárias, estimadas em R$ 800 bilhões, possam ser reduzidas em até 10%.
… Haddad insiste que as medidas da MP não representam aumento de impostos, mas “correção de distorções”, e que, em relação ao setor financeiro, o que está sendo feito é uma equalização da tributação. Mas já era tarde demais para bater na mesma tecla.
… Brasília pegava fogo e, em Mariana (MG), o presidente Lula reconheceu em discurso um “clima muito ruim” na Câmara.
… Respondendo às críticas de que seu governo não faz cortes de gastos, Lula disse que não foi eleito para “fazer benefícios para os ricos”, que “recebem R$ 860 bilhões em isenções fiscais e o Brasil vive uma sina desgraçada de que pobre tem que nascer e morrer pobre”.
… Em Fórum da Fiesp, o presidente Josué Gomes da Silva resumiu o quadro que parece sem saída…
… “Todos entendemos que as contas públicas não podem permanecer como estão, há o consenso do que fazer, mas não há consenso do como fazer. Cada um de nós quer que o ajuste das contas públicas seja feito no vizinho. Ninguém abre mão de nada.”
… O pior desfecho nesse cenário seria uma mudança da meta fiscal, que já começa a ser considerada no mercado.
MUITO POUQUINHO – Estudo da XP aponta que os cortes de gastos propostos na MP, como perícia médica online no INSS, a inclusão do Pé-de-Meia no piso da Educação e o controle no acesso ao Seguro Defeso devem render apenas R$ 2 bilhões em 2025.
… Para 2026, a economia com esses primeiros itens indicados pela Fazenda poderiam ser de R$ 4,8 bilhões.
SACO SEM FUNDO – Ninguém abre mão de nada e, sempre que dá, querem um pouco mais, como a mais nova pressão de parlamentares que decidiram atrelar a isenção do IR ao maior número de deputados na Câmara e à recuperação de verbas do orçamento secreto.
… A Comissão Mista de Orçamento aprovou, nesta 5ªF, um projeto que abre caminho para a aprovação da isenção do IR até R$ 5 mil, mas sem a compensação que deve taxar os mais ricos – conforme proposta do governo – e com os dois “jabutis” incluídos.
… A ideia é que o governo estime no Orçamento de 2025 e nos Orçamentos dos anos seguintes o impacto da criação das novas vagas dos deputados, elevadas de 513 para 531, com um custo de receita de R$ 64,8 milhões ao ano.
… A CMO também alterou o projeto para recuperar R$ 2 bilhões em verbas do orçamento secreto, autorizando que obras com problemas técnicos, como falta de licitação e licenciamento ambiental, e municípios inadimplentes com a União, recebam esse dinheiro.
… Além disso, serão contempladas outras emendas direcionadas por deputados e senadores para seus redutos eleitorais.
LESADOS DO INSS – Governo pediu ao STF autorização para abrir crédito extraordinário para pagar indenizações às vítimas de descontos indevidos do INSS, solicitando que o valor não seja incluído nos limites de gastos nos anos de 2025 e 2026.
MAIS AGENDA – Pesquisa Broadcast aponta alta de 0,2% para o volume de serviços prestados em abril, na mediana das estimativas, após crescimento de 0,3% em março. As estimativas variam de recuo de 1,0% a expansão de 0,8%. O dado será divulgado às 9h.
… Confirmadas as expectativas, este será o terceiro mês consecutivo de expansão, na esteira da recuperação da confiança do consumidor, do mercado de trabalho aquecido e de medidas pontuais de estímulo, como a liberação do FGTS e do crédito consignado privado.
… Nesta 5ªF, a Pesquisa Mensal de Comércio trouxe uma queda nas vendas do varejo ampliado (-1,9%) em abril maior do que a mediana das estimativas (-1,4%). Mas o indicador não foi suficiente para reforçar as apostas em manutenção da Selic.
… Pesquisa da Agência Estado apurou que o mercado está dividido para o Copom da próxima semana, com 27 Casas esperando que o BC mantenha o juro estável em 14,75%, enquanto 21 instituições acreditam em um último ajuste de 25pbs, para 15% (abaixo).
… Nos EUA, a preliminar de junho do sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan sai às 11h, com previsão de que tenha melhorado para 53,5 (de 52,2 em maio). Junto saem também as expectativas inflacionárias para um ano e cinco anos.
… Às 14h, a Baker Hughes informa o número de poços e plataformas de petróleo em operação nos Estados Unidos.
… Na Zona do Euro, dados da balança comercial e da produção industrial abrem o dia (6h), ambas referentes a abril.
GOLPE PELAS COSTAS – A sabotagem de Motta, com a promessa de colocar o decreto do IOF em pauta, quando tudo o que Haddad precisava era de um tempo para negociar alternativas, levou o câmbio para a defensiva.
… Diante do clima pesado em Brasília, o dólar aqui desperdiçou a chance de embarcar na queda firme da moeda americana lá fora, desencadeada pela inflação fraca nos EUA, que projeta até três cortes de juro pelo Fed.
… A virada do dólar no mercado doméstico para alta coincidiu com o momento da postagem do presidente da Câmara, avisando que vai jogar para votação o projeto de decreto legislativo que derruba o aumento do IOF.
… Depois de ter tocado mínima de R$ 5,525 mais cedo, a divisa americana zerou a queda e passou raspando em R$ 5,56 na máxima do dia (R$ 5,5591), antes de fechar perto da estabilidade (+0,07%), cotada a R$ 5,5421.
… Há dificuldade do dólar para furar o piso informal de R$ 5,50, mesmo com o carry trade favorável ao Brasil, por conta da confusão gerada pelas mudanças no IOF, resumiu Eduardo Velho (da Equador) ao Broadcast.
… Em meio aos ruídos domésticos, só restou ao real passar o dia olhando de longe o índice DXY afundar 0,71% em NY e furar a linha dos 98 pontos (97,927), no menor patamar em três anos, de olho na pressão dovish sobre Powell.
… Um dia depois de os preços ao consumidor americano (CPI) terem vindo comportados, o PPI confirmou que está tudo sob controle. A alta de 0,1% da inflação ao produtor em maio contra abril veio abaixo do esperado (0,2%).
… O indicador reforçou a percepção de que a política protecionista dos EUA ainda não atingiu em cheio os custos.
… Mas Trump, que nunca se cansa de aprontar, já veio ontem com o papo de que as tarifas sobre automóveis importados, hoje em 25%, podem subir em breve, em mais uma das ameaças para embolar a guerra comercial.
… O republicano informou ainda que pretende mandar cartas nas próximas duas semanas para os parceiros comerciais dos EUA definindo tarifas unilaterais antes do prazo final de 9 de julho e que é “pegar ou largar”.
… Em entrevista à CNBC, aproveitou também para xingar Powell de “idiota” e insinuar que “talvez eu seja obrigado a tentar alguma coisa” para forçar o Fed a reduzir as taxas de juros, embora tenha descartado demitir Powell.
… O mercado anda tão convencido que a inflação não é obstáculo do Fed, que já se animou a projetar ontem não apenas dois, mas três desapertos monetários, incluindo outubro no cronograma que já previa setembro e dezembro.
… Beneficiado em duas frentes, pela fraqueza do dólar com o Fed mobilizado para cortar o juro no 3Tri e pela sinalização do BCE de que está chegando ao fim de seu ciclo de cortes, o euro subiu 0,79%, para US$ 1,1578.
… Nas máximas, escalou ao pico em quatro anos. A libra ganhou 0,43%, a US$ 1,3602. O iene foi a 143,56/US$.
ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ FOGO – Em um rali impressionante, Petrobras vem exibindo altas expressivas há três pregões e hoje pode completar o seu quarto dia de ganhos, se depender da explosão do petróleo com Israel-Irã.
… Desde 3ªF, vinham rolando rumores no mercado, confirmados ontem por Haddad, sobre uma possível pressão do governo Lula para a distribuição de dividendos extraordinários pelas estatais, nos esforços para mirar a meta fiscal.
… Ao chegar ontem à Fazenda, Haddad mencionou as medidas em estudo para cobrir o rombo das contas públicas.
… Além dos dividendos extraordinários, citou o projeto de lei que autoriza a venda de petróleo de áreas do pré-sal não contratadas adjacentes aos campos de Mero, Atapu e Tupi, enviado no final do mês passado para o Congresso.
… As ações ON da Petrobras subiram 2,76% (R$ 34,25), entre os maiores ganhos do dia, assim como as PN (+2,25%; R$ 31,75), ajudando a embalar o Ibovespa e ofuscar o impacto da investida da Câmara ao decreto do IOF.
… Perto dos 138 mil pontos, o índice à vista da bolsa doméstica subiu 0,49% e fechou aos 137.799,74 pontos, com giro de R$ 28,6 bilhões, acima das médias recentes. Além da Petrobras, os bancos também colaboraram ontem.
… Bradesco liderou o setor, com +1,42% (ON, a R$ 14,28) e +0,98% (PN, a R$ 16,48). Itaú PN subiu 0,77%, para R$ 36,61, e BB ON ficou praticamente estável (+0,09%), a R$ 21,42. Na mão contrária, Santander caiu 0,86% (R$ 29,91).
… Vale perdeu 0,66% (R$ 52,83), seguindo o minério de ferro na China, em leve queda de 0,21%. De seu lado, o petróleo Brent acionou realização de lucro, depois do salto de 4% na véspera, e caiu 0,59%, a US$ 69,36 por barril.
… Mas hoje já é outro dia, com o bombardeio em larga escala lançado por Netanyahu às bases nucleares do Irã.
O RACHA DO COPOM – O duelo das apostas, entre pausa e nova alta de 0,25pp da Selic na semana que vem, continua rolando solto, projetando um resultado imprevisível para a reunião de política monetária da próxima 4ªF.
… De última hora, o Santander mudou ontem o seu call, de manutenção para um aperto adicional. Segundo o banco, embora a inflação venha surpreendendo para baixo, a atividade segue forte, particularmente o mercado de trabalho.
… “Nesse contexto, o BC pareceu desconfortável com o mercado precificando uma certeza de não aumento [do juro] e ativamente direcionou as expectativas para um aperto”, escreveu o economista Marco Antonio Caruso.
… O profissional faz parte da corrente do mercado que leu os últimos comentários de Galípolo pelo viés hawkish.
… A curva do DI operou sob volatilidade ontem, diante da proximidade do Copom e do barulho do IOF, mas os contratos futuros dos juros acabaram fechando perto dos ajustes, devolvendo a pressão observada pela manhã.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,845% (contra 14,890% no pregão anterior); Jan/27, 14,185% (de 14,235%); Jan/29, 13,535% (de 13,570%); Jan/31, 13,690% (de 13,700%); e Jan/33, 13,740% (13,760%).
… Lá fora, as taxas dos Treasuries caíram com a inflação sem sustos do PPI e as novas ameaças tarifárias de Trump, que mantiveram posições defensivas nos títulos do Tesouro, como deve acontecer hoje com o ataque de Israel/Irã.
… O retorno da Note de 2 anos recuou a 3,903%, de 3,942% na véspera, e o de 10 anos, a 4,354%, contra 4,415%.
… Com Trump botando as garras de fora novamente, as bolsas em NY subirem pouco, mas não deixaram de expressar o alívio com o esvaziamento das pressões inflacionárias, que pode contratar ciclo maior de queda do juro.
… O Dow Jones subiu 0,24%, a 42.967,62 pontos; o S&P 500 ganhou 0,38%, a 6.045,25 pontos; e o Nasdaq, +0,24%, para 19.662,48 pontos. Boeing despencou 4,79% com o acidente na Índia que deixou um único sobrevivente.
EM TEMPO… Na Folha, a JBS e seu braço portuário, a JBS Terminais, avaliam colocar de pé o plano para leilão de concessão do novo megaterminal no porto de Santos, o Tecon 10, que deve ocorrer até o final de 2025.
TELEFÔNICA aprovou a distribuição do valor líquido de R$ 170 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0524 por ação, com pagamento até 30/4/26; ex em 24/6.
BANCO MASTER. O BRB entregou ao BC essa semana a documentação completa sobre o escopo da compra da instituição, apurou a Broadcast. Com isso, o prazo de 360 dias para análise da operação começou a correr.
MRV informou que fará a 29ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, no valor de até R$ 750 milhões…
… Ainda segundo a empresa, o Conselho de Administração autorizou a recompra de até 6.082.426 de ações ON da companhia; plano de recompra terá vigência até 12/12/26.
NEOENERGIA aprovou a distribuição de R$ 264 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2174 por ação ON, com pagamento em dezembro; ex em 18/6.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
MP alternativa ao IOF já nasce condenada
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[12/06/25]
… Depois do CPI abaixo do esperado nos EUA, que resgatou a expectativa de dois cortes do juro neste ano, hoje será divulgado o índice de preços do produtor (PPI), que pode confirmar a inflação comportada. O cenário lá fora ainda é influenciado pelo progresso nas negociações de Washington com Pequim, enquanto dificuldades para um acordo com o Irã pressionam o petróleo e os protestos crescentes de imigrantes reforçam os ruídos políticos para o governo Trump. Aqui, saem as vendas no varejo, que devem recuar em abril. Mas as atenções do mercado estão todas voltadas para a MP da Fazenda, publicada ontem à noite, com as medidas alternativas para substituir o decreto do IOF, que já sofrem forte resistência do Congresso, adicionando incertezas à política fiscal do governo Lula.
… O novo pacote não trouxe novidades, confirmando as propostas que foram antecipadas pelo ministro Fernando Haddad.
… Entre os pontos centrais, a alíquota fixa do IOF aplicável ao crédito à pessoa jurídica cai de 0,95% para 0,38%. O IOF sobre a operação de crédito conhecida como risco sacado não tem mais alíquota fixa, apenas a diária, de 0,0082%.
… Isso significa redução de 80% na tributação do risco sacado, a medida do decreto do IOF que mais havia recebido críticas.
… O governo também reduziu a tributação sobre seguros do tipo VGBL (previdência), criando uma regra de transição.
… A partir de 2026, os aportes de até R$ 600 mil por ano feitos por PF estarão isentos de IOF. Acima desse valor, incidirá uma alíquota de 5% sobre o excedente, considerando a soma de todos os planos do titular, mesmo que em seguradoras diferentes.
… Para este ano, o limite de isenção será de R$ 300 mil, mas apenas para aportes realizados em uma mesma seguradora, no período entre 11 de junho e 31 de dezembro. Acima disso, aplica-se a mesma alíquota de 5% sobre o valor excedente.
… No caso dos FIDCs, haverá cobrança do IOF de 0,38% para aquisição primária de cotas, toda vez que for feito um aporte. Para o câmbio, fica zerada a alíquota para operações de retorno de recursos aplicados por estrangeiro em participações societárias no País.
… Já as medidas para compensar a arrecadação incluem maior tributação sobre apostas esportivas (bets), de 12% para 18%.
… Ganhos e rendimentos com ativos virtuais, como criptomoedas, serão tributados no Brasil. Pessoas físicas e pessoas jurídicas isentas ou optantes pelo Simples Nacional pagarão 17,5% de IR, podendo deduzir custos e compensar perdas dentro de certos limites.
… Para empresas do lucro real, presumido ou arbitrado, os ganhos líquidos nas operações com ativos virtuais integram a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, vedada a dedução de perdas. A retenção de imposto na fonte e compensação de perdas terão restrições a partir de 2026.
… A MP confirma a taxação de 5% das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito Agropecuário (LCA), antes isentas, mas essas alíquotas passarão a valer apenas a partir de janeiro de 2026. Já o aumento de tributação para as bets entra em vigor imediatamente.
… Além das LCIs e das LCAs, serão afetadas as Letras Hipotecárias, CRI, CDA, WA, CDCA, CRA, CPR, FII, FIAGRO, LIG e LCD.
… A alíquota de 9% de CSLL das instituições financeiras, restritas às Fintechs, foi eliminada, permanecendo apenas as faixas de 15% e 20%, válida hoje para os bancos. Também foi elevada a alíquota do Juros sobre Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%.
… O pacote também traz uniformização da alíquota do IR em 17,5% sobre todas as aplicações financeiras de pessoas físicas residentes no País, a partir de 2026, e confirma a Isenção de IOF para o retorno de investimentos estrangeiros diretos.
… A medida define ainda que os lucros obtidos em operações na bolsa e no mercado de balcão organizado no Brasil são tributados pelo IR de 17,5% para PF e algumas PJ. Ganhos no mercado à vista ficam isentos se as vendas no trimestre não passarem de R$ 60 mil.
… A MP amplia a possibilidade de compensação de ganhos e perdas em operações no mercado financeiro. Hoje, essa possibilidade existe apenas para renda variável. A mudança vai permitir que o rendimento de renda fixa possa compensar perdas da renda variável.
… Outra proposta confirmada é a intenção de reduzir o gasto tributário (isenções fiscais) em “pelo menos 10%”, além da discussão de uma agenda para redução dos gastos primários que a Fazenda pretende tocar em conjunto com o Congresso.
… A MP traz uma ação regulatória para coibir compensações consideradas abusivas de crédito tributário, considerando indevidas aquelas feitas com documento de arrecadação inexistente e crédito de PIS/Cofins que não tenha relação com a atividade do contribuinte.
DESPESAS PÚBLICAS – A MP também incluiu o programa Pé-de-Meia no piso constitucional da Educação, mudanças nas regras do serviço digital do INSS para solicitar benefícios por incapacidade temporária e novos critérios de acesso ao Seguro Defeso.
… Além disso, estabelece que o dinheiro usado para equilibrar as contas entre o Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e os regimes de previdência dos servidores públicos só poderá ser pago se houver recursos previstos no Orçamento.
… Sobre o Pé-de-Meia, os recursos destinados ao programa passam a ser contabilizados como parcela mínima obrigatória que o governo deve investir no setor. Hoje, a Constituição exige que a União aplique 18% da receita líquida de impostos em Educação.
… Já os gastos com benefícios por incapacidade temporária no INSS podem ser controlados com a permissão para que as perícias médicas sejam feitas por telemedicina ou apenas por análise documental, limitando a concessão nesses casos a até 30 dias.
… Por fim, a concessão do Seguro Defeso passa a estar sujeita à disponibilidade de recursos orçamentários específicos.
NÃO VAI VINGAR – Entre as medidas do novo pacote de Haddad, a taxação de 5% das LCIs e LCAs – que afeta diretamente o crédito para os setores do agronegócio e imobiliário – não parece ter nenhuma chance de passar. Ou chance de valer um dia.
… Essa medida não tem validade imediata na MP e nem deve entrar em vigor em janeiro de 2026, para quando está programada.
… O pacote todo sofre forte resistência do Congresso, embora tenha sido negociado por Haddad com os presidentes da Casa, Hugo Motta e David Alcolumbre, naquela reunião de cinco horas no domingo passado, quando todos eles saíram falando em acordo.
… Não levou 24 horas para Motta tirar o corpo fora e dizer que não se comprometia com as novas medidas alternativas da Fazenda, e o que se pode inferir disso tudo é que a retórica apenas servirá para o governo ganhar o tempo de validade da MP.
… É só segurar a votação que as medidas mais polêmicas ficarão postergadas para daqui a quatro meses, quando uma nova crise já está contratada. O mercado deve esperar os impactos das novas medidas que não foram ainda calculados, ou divulgados.
… Segundo fontes da equipe econômica ouvidas pelo Estadão, a MP alternativa ao IOF prevê arrecadação de R$ 10 bilhões este ano e de R$ 20 bilhões em 2026, sendo que não incluem as receitas com o pretendido corte de 10% dos gastos tributários.
… Mas, mesmo após as estimativas oficiais, a MP não deve trazer tranquilidade às contas públicas, porque já nasceu condenada.
AGENDA – Em mais um indicador importante da atividade para as expectativas da política monetária, a mediana do mercado indica recuo de 0,7% para as vendas do varejo restrito em abril, na margem, após alta de 0,8% em março. O dado será divulgado às 9h.
… Segundo pesquisa do Broadcast, após três crescimentos mensais consecutivos, o varejo restrito deve recuar, como reflexo das pressões inflacionárias sobre supermercado e farmácia e em linha com a perda de tração da atividade aguardada para o segundo trimestre.
LULA – Em Minas hoje, o presidente participa (10h) da Cerimônia de Apresentação dos Avanços do Acordo Rio Doce, em Mariana, e, às 13h, da entrega de equipamentos agrícolas a municípios mineiros no Ceasa, em Contagem.
GALÍPOLO – Às 19 horas, o presidente do Banco Central participa da Cerimônia alusiva ao Dia da Marinha e de Imposição das Condecorações da Ordem do Mérito Naval e da Medalha Mérito Tamandaré.
LÁ FORA – O núcleo da inflação ao produtor (PPI) dos EUA em maio deve desacelerar na comparação anual de 3,1% para 1,7%, embora a estimativa seja de alta na margem, para 0,3%, contra queda de 0,4% em abril.
… O índice cheio tem previsão de +0,2%, contra -0,5% no mês anterior, e +2,6% na base anualizada, de 2,4%.
… O indicador sai às 9h30, mesmo horário dos pedidos de auxílio-desemprego, que devem vir estáveis.
… À noite (20h), o BC do Peru anuncia decisão de política monetária.
METAMORFOSE AMBULANTE – Não está dado o Copom da semana que vem, na agitação das apostas ao sabor das novidades de cada dia: ontem foi o IOF, hoje são as vendas no varejo e amanhã pode ser o dado de serviços.
… Antes de entrar em período de silêncio, Galípolo recorreu à estratégia clássica de todo presidente do BC de não se comprometer com guidance e sinalizar que as opções para a Selic estão em aberto. Faz parte do hedge.
… Seus comentários recentes, porém, foram lidos como hawkish. A última vez em que ele falou foi sábado, no Guarujá. No curto espaço de tempo de lá para cá, o mercado já foi e já voltou na reprecificação da Selic.
… Para dar a medida de como tudo está dinâmico, ontem, as apostas estavam bem diferentes da véspera.
… Apenas um dia depois de o IPCA no piso em maio ter recuperado as chances de juro estável na próxima 4ªF, o mercado voltou a mudar de ideia, de olho nas resistências políticas às soluções alternativas ao aumento do IOF.
… No momento, a chance de alta de 0,25pp da Selic está vencendo no placar na curva a termo. Subiu de 56% para 68% nas últimas 24h, enquanto a probabilidade de manutenção da taxa básica diminuiu de 44% para 32%.
… Mas hoje já é outro dia e uma nova reversão nas apostas não surpreenderia, sob a volatilidade máxima.
… Na véspera do resultado das vendas no varejo, a consultoria MCM revisou ontem em alta a previsão para o PIB do ano, de 1,7% para 2,2%, diante do mercado de trabalho robusto, que deve manter a demanda aquecida.
… Existe um duelo de forças hoje para o Copom avaliar: de um lado, o crescimento econômico ainda a todo vapor, enquanto a inflação corrente começa a dar sinais de acomodação e suaviza as expectativas para o ano.
… Depois do IPCA comportado de maio, o Citi acredita em pausa da Selic em 14,75%, sem que necessariamente isso signifique o fim do ciclo, segundo o banco, porque o BC tem que continuar perseguindo a meta da inflação.
… Ontem, a recalibragem das apostas para o Copom, para alta do juro, puxou a ponta curta e média do DI, enquanto o trecho longo terminou perto da estabilidade, de olho na inflação abaixo do esperado nos EUA.
… O contrato de juro para Jan/26 subiu a 14,890% (de 14,850% no pregão anterior); Jan/27 avançou a 14,235% (de 14,155%); e Jan/29, a 13,570% (13,515%). Jan/31 fechou a 13,700% (13,690%); e Jan/33, estável, a 13,760%.
DESCONTOU O RISCO – A bolsa não costuma ser amiga de juros altos, mas driblou ontem a retomada da aposta de que a Selic pode ir a 15%, preferindo se concentrar em outros gatilhos para recuperar os 137 mil pontos.
… Os motores de alta vieram da Petrobras e dos bancos. A estatal colou no rali do petróleo, e o setor financeiro foi embalado pelo jogo duro do Congresso contra as mudanças de tributação pretendidas pelo governo.
… Os papéis operaram na esperança de que a equipe econômica não consiga aprovar o aumento do imposto do JCP e as mudanças nas alíquotas de investimentos no agronegócio e no setor imobiliário, que hoje são isentos.
… Bradesco PN (+3,10%, a R$ 16,32), Bradesco ON (+2,70%, a R$ 14,08) e Itaú (+1,17%, a R$ 36,42) engataram altas firmes. Santander unit (+4,65%, a R$ 30,17) liderou o ranking de valorizações do Ibovespa nesta 4ªF.
… A instituição repercutiu a melhora da recomendação de suas ações pelo UBS BB, para compra, assim como do preço-alvo, de R$ 30 para R$ 38. Exceção entre os bancos ontem, BB virou na reta final (-0,65%, a R$ 21,40).
… Parte do fôlego do Ibov foi limitado pela decisão do BofA de rebaixar as ações brasileiras (neutro, de compra) pela primeira vez em três anos, citando visão cautelosa para as commodities, ruído político e deterioração fiscal.
… Ainda assim, o índice à vista segurou uma alta de 0,51%, aos 137.128 pontos, com giro de R$ 21,6 bilhões.
… Além dos bancos, a bolsa contou na retaguarda com a força da Petrobras, que emplacou altas próximas de 3% pelo segundo pregão consecutivo: os papéis PN subiram 3,33% (R$ 31,05) e os ON avançaram 2,93%, a R$ 33,33.
… Pegaram carona na tensão do petróleo com a ameaça do Irã de atacar bases americanas no Oriente Médio, caso os EUA não cheguem a um acordo sobre o programa nuclear esta semana, na sexta rodada de negociações.
… A reação veio horas depois de Trump ter dito que estava “perdendo a confiança” em um consenso.
… As agências internacionais noticiaram que os EUA estariam evacuando a embaixada americana no Iraque por riscos à segurança. No salto de nervosismo, o barril do Brent para agosto escalou 4,33%, cotado a US$ 69,77.
… Ainda no Ibov, Vale ON caiu 0,88% (R$ 53,18), na direção oposta ao minério (+1%). Braskem PNA (-3,07%) devolveu ganho da véspera com o interesse declarado da Petrobras em elevar poder de gestão na petroquímica.
SO FAR, SO GOOD – As tarifas de Trump ainda não abalaram a inflação americana e, embora persista a incerteza da política protecionista, o mercado pede cortes de juro pelo Fed em setembro e dezembro (25pb cada um).
… Trump cobrou mais (1pb) ontem, depois de o índice de preços ao consumidor (CPI) subir 0,1% em maio contra abril e 2,4% na comparação anual, ambos abaixo das previsões de altas de 0,2% e 2,5%, respectivamente.
… Para a Pantheon, o indicador mostra que o impacto tarifário “permanece microscópico por enquanto”. O ING acredita que o efeito sobre os custos só deve ser sentido em julho, três meses depois da sua imposição.
… Também a Oxford Economics alerta que o impulso ainda aparecerá mais para frente. Mas os juros dos Treasuries caíram nesta 4ªF, porque pelo menos até aqui a onda protecionista ainda não bateu forte nos preços.
… A taxa da Note-2 anos furou 4%, a 3,942%, de 4,011% na véspera, e a de 10 anos foi a 4,415%, de 4,467%.
… Aliviado pelo CPI, o índice DXY do dólar caiu 0,47%, a 98,631 pontos, dando espaço adicional ao euro (+0,49%, a US$ 1,1485), apesar de o BCE vir antecipando novos cortes do juro. A libra esterlina subiu 0,33%, a US$ 1,3541.
… O iene avançou 144,61/US$ e o real também foi bem contra a moeda americana, que caiu 0,59%, a R$ 5,5376, com a inflação mais fraca nos EUA e o acordo preliminar com a China sobre tarifas comerciais e terras raras.
… No WSJ, Pequim está impondo limite de seis meses às licenças de exportação de terras raras às montadoras e fabricantes dos EUA, levantando suspeitas de que os chineses estejam levando vantagem na negociação.
… A cautela com os detalhes do acordo, combinada à escalada da tensão geopolítica com o Irã, em meio à evacuação dos embaixadores no Iraque, anulou o otimismo das bolsas em NY com a inflação sob controle.
… No fechamento, o índice Dow Jones operava estável, aos 42.865,77 pontos, o S&P 500 registrava leve queda de 0,27%, aos 6.022,30 pontos, enquanto o Nasdaq exibia desvalorização de 0,50%, aos 19.615,88 pontos.
EM TEMPO… JBS comunicou que início de negociação das ações Class A na Nyse, previsto para ocorrer hoje, foi adiado em um dia, para amanhã…
… Alteração, segundo a companhia, foi em razão da impossibilidade de conclusão de procedimentos operacionais, que envolvem uma série de diferentes prestadores de serviços no Brasil e no exterior…
… Adicionalmente, data prevista para pagamento de dividendos, que era 16 de junho, será postergada para 17 de junho, quando também tem início leilão de frações de ações.
PETRORECONCAVO informou que, por determinação da ANP, será paralisadas, de forma imediata, duas estações de produção da companhia no campo de Cassarongongo (Ativo Bahia)…
… A decisão foi tomada após a Superintendência de Segurança Operacional (SSO) identificar problemas “no sistema de combate a incêndio por espuma” e “em tubulações e vasos de pressão”.
LOJAS MARISA. B3 aprovou a extensão de prazo para enquadramento do percentual mínimo de ações em circulação (free float) da empresa de 31/01/26 para 31/12/26.
FLEURY comprou a rede de laboratórios mineira Hemolab por R$ 39,5 milhões.
REDE D’OR aprovou a distribuição de R$ 450 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2039 por ação ON, com pagamento em 1º/7; ex em 17/6.
CEMIG vai realizar no dia 30/6 pagamento da 1ª parcela de proventos referentes ao exercício de 2024, no valor bruto de R$ 1,86 bilhão (R$ 0,6727 por ação).
ALLOS aprovou a distribuição de R$ 153 milhões em dividendos intermediários e intercalares…
… Dividendos intermediários serão pagos em duas parcelas iguais de R$ 51 milhões, equivalentes a R$ 0,1019 por ação ON, em 2/7 e 4/8…
… Dividendos intercalares serão pagos em parcela única de R$ 51 milhões, também equivalente a R$ 0,1019 por ação, em 2/9.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
EUA e China chegam a acordo preliminar
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[11/06/25]
… As delegações dos EUA e da China anunciaram ontem à noite um acordo para resolver o impasse sobre terras raras – principal interesse de Washington na reaproximação com Pequim. A informação foi confirmada pelos negociadores dos dois países, que levarão as propostas aos seus líderes. Na agenda dos indicadores lá fora, destaque para a inflação americana (CPI), que deve acelerar em maio. Aqui, a maior expectativa é pela participação de Haddad em audiência na Câmara (10h), quando deve defender as medidas alternativas ao IOF. Galípolo também fala em evento (8h30), mas, em período de silêncio para o Copom na próxima 4ªF (18), não terá a chance de corrigir as declarações hawkish que começam a ser questionadas, após o IPCA no piso das projeções resgatar apostas em manutenção da taxa Selic.
… Com investidores à espera de detalhes do acordo preliminar costurado em Londres entre os EUA e a China, as notícias foram recebidas sem grande entusiasmo nos pregões asiáticos e com os futuros de NY em pequenas quedas.
… Na Bloomberg, analistas dizem que o mercado deve acolher com satisfação o progresso, mas prefere esperar pelo aval de Trump e Xi.
… Uns dizem que o “diabo mora nos detalhes”, outros, questionam o restabelecimento da confiança entre Trump e Xi, e ainda há aqueles que notam uma influência valiosa da China sobre as exportações de terras raras para extrair concessões dos EUA.
… Em sua declaração, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, confirmou um acordo para implementar uma estrutura que pode resolver a questão do envio de terras raras e ímãs da China para empresas dos Estados Unidos.
… Pequim havia imposto uma série de controle de exportações a esses produtos, após a aplicação das tarifas recíprocas. A falta de terras raras afeta uma série de cadeias de produção mundiais e o prolongamento do problema pode impactar a economia global.
… Lutnick disse que esse é o primeiro passo para firmar um acordo comercial com a China, “retirando toda a negatividade” em torno da negociações. A informação foi confirmada também pelo principal negociador comercial da China, Li Chengang.
… O secretário do Tesouro, Scott Bessent, que integrava a comitiva americana em Londres, antecipou a volta aos EUA, porque hoje fala na Câmara dos Representantes (11h de Brasília) e no Senado sobre Orçamento fiscal (16h30).
… Ainda ontem à noite, Trump conseguiu mais uma vitória com a decisão do Tribunal de Apelações dos EUA de estender uma prorrogação do prazo para o governo continuar aplicando suas tarifas globais, contestando a decisão de um tribunal que bloqueou as tarifas.
… Já os protestos em Los Angeles se mantêm como a crise da política anti-imigração do presidente americano.
… Ontem à noite, a prefeita Karen Bass decretou toque de recolher no centro da cidade, pedindo a Trump que suspenda as batidas do Ice. As manifestações já duram cinco dias e se espalham para outras cidades, como San Francisco, Chicago, Atlanta e Nova York.
… Na agenda dos indicadores, o CPI deve manter a alta de 0,2% em maio, mas com aceleração na base anual de 2,3% em abril para 2,5%. Para o núcleo, a expectativa é de avanço de 0,2% para 0,3% na base mensal e de 2,8% para 2,9% no acumulado de 12 meses.
… O dado da inflação nos Estados Unidos está previsto para as 9h30 e é importante para a reunião do Fomc, também no dia 18/6.
… Aqui, o IPCA em maio desacelerou a 0,26%, de 0,43% em abril e bem abaixo da mediana de pesquisa Broadcast (0,34%), com surpresas positivas também na abertura dos dados, tirando prêmios dos juros de curto prazo e animando o Ibovespa (leia abaixo).
HADDAD – Ministro esteve duas vezes no Alvorada, nesta 3ªF, para apresentar a Lula o resultado das conversas com líderes do Congresso, no domingo, e as medidas que devem compor a Medida Provisória e que permitirão a revisão do IOF.
… À noite, falando ao Jornal Nacional, Haddad confirmou que o governo abrirá uma discussão com o Congresso para identificar quais são as propostas da agenda estrutural de gastos que contam com apoio entre os parlamentares.
… Ele citou como exemplos projetos que já estão em tramitação, como o que limita os supersalários dos servidores e ainda o que trata da aposentadoria dos militares. “Tem uma série de temas que podem ser resolvidas num prazo muito curto.”
… O ministro rebate, assim, as críticas de que o governo não está preocupado com o corte de gastos, dividindo essa responsabilidade com o Congresso. O próprio Hugo Motta, depois de defender medidas estruturais, pôs em dúvida a agenda difícil.
… “Sentados à mesa”, disse Haddad, “vamos abrir a discussão para saber quais as ideias que têm simpatia do Congresso e que podem ser levadas em frente. Assim que nós tivermos um inventário dessas iniciativas, vamos poder ter mais clareza do que é possível votar.”
… O ministro ainda defendeu as medidas apresentadas como alternativa ao decreto do IOF, afirmando que não representam um aumento de carga tributária. “A vida de quem uma renda mais baixa vai melhorar, nós estamos provocando o morador da cobertura.”
… Mais cedo, aos jornalistas, falou que a Fazenda vai apoiar uma comissão de líderes do Congresso que será formada para avaliar medidas de redução dos gastos primários e que ajudarão a cortar 10% das isenções fiscais – que somam mais de R$ 500 bilhões este ano.
… Sobre uma redução linear do gasto tributário, disse que a Fazenda até gostaria de fazer uma mudança mais ampla, mas houve consenso em tocar a proposta mexendo apenas nos benefícios infraconstitucionais. Isso deixa de fora o Simples e a Zona Franca de Manaus.
… Questionado pelos repórteres, Fernando Haddad minimizou a fala de Hugo Motta de que o Congresso não assumiu o compromisso em aprovar as medidas apresentadas na MP. “É uma fala de prudência”, disse o ministro, voltando ao seu tom habitual.
AS MEDIDAS CONFIRMADAS – O aumento da tributação das Bets, de 12% para 18%, e a taxação de 5% dos títulos de renda fixa isentos, como LCIs e LCAs, “são medidas estruturais e justas do ponto de vista tributário”, segundo o ministro.
… Haddad insistiu que servirão para corrigir distorções e equilibrar a tributação do mercado financeiro. “Vai favorecer a queda do juro, a queda do dólar e vai também garantir a meta fiscal desse ano e a meta de 2026.”
… O ministro confirmou ainda que serão fixadas alíquotas para todas as aplicações financeiras no patamar de 17,5% e que a elevação da alíquota dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%, foi uma sugestão dos parlamentares que estará na MP.
… No meio do pacote, deve entrar a compensação da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mês com a tributação da alta renda, que Haddad sustentou que também vai no sentido de corrigir distorções tributárias.
HOJE – Às 17h, a Secretaria de Política Econômica da Fazenda divulga estudo sobre os impactos da reforma do IRPF.
… Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, inicia às 10h a sua participação em audiência pública conjunta das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.
… Hugo Motta participa junto com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, da abertura do Simpósio Liberdade Econômica, às 8h30.
MAIS AGENDA – O IBGE divulga hoje (9h) os dados regionais da Pesquisa Industrial de abril e o BC, o fluxo cambial semanal (14h30).
… Nos EUA, além do CPI, o DoE divulga os estoques de petróleo (11h30). Na Zona do Euro, não há indicadores previstos.
SUCESSOR DE POWELL – Na Bloomberg, um número crescente de conselheiros dentro e fora do governo Trump tem defendido o nome do secretário do Tesouro, Scott Bessent, para comandar o Fed a partir de maio/26.
… O presidente americano afirmou que anunciará “muito em breve” o substituto no comando do BC.
… A lista restrita de candidatos em análise inclui Kevin Warsh, antigo membro do Fed, que Trump chegou a entrevistar para o cargo de secretário do Tesouro em novembro, segundo fontes próximas às negociações.
ASSIM CAMINHA A UNANIMIDADE – Marcadas por idas e vindas, as apostas para o Copom da semana que vem sofreram nova reviravolta com o IPCA no piso do esperado, que desacelerou de 0,43% (abril) para 0,26% (maio).
… O mercado só não convergiu direto ontem para a precificação de pausa da Selic em 14,75%, por causa das declarações recentes do Galípolo, lidas como conservadoras, e que haviam resgatado as chances de nova alta.
… Como ele agora já entrou em período de silêncio para a próxima reunião de política monetária, não é daí que virão novas pistas para o juro. Mas a agenda dos indicadores ainda tem potencial de agitar os negócios.
… Se mostrarem enfraquecimento, as vendas no varejo em abril, que saem amanhã, e os dados de serviços, na 6ªF, terão tudo para animar ainda mais o sentimento de que o ciclo de aperto da Selic chegou ao fim da linha.
… Para parte dos profissionais, se o BC insistir em continuar subindo a Selic, para 15%, será por pura teimosia, porque, além o IPCA comportado, as expectativas inflacionárias seguiram em queda no Focus desta semana.
… Nem mesmo toda a polêmica do IOF tende a ser considerada agora pelo Copom. Com a taxa básica de juro já em nível suficientemente elevado, dá tempo de o BC esperar para ver a resolução do impasse em Brasília.
… Em meio à mudança de última hora provocada pelo IPCA, na curva a termo, a probabilidade de manutenção da Selic avançou de 36% para 45%, esvaziando as apostas em continuidade do aperto (caíram de 64% para 55%).
… Como se vê, a chance de o Copom seguir contracionista continua majoritária, mas disputa de perto com uma pausa na Selic, sinalizando que uma virada no quadro de apostas não pode ser desconsiderada. Segue o jogo!
… Para o BofA, o BC já pode parar, diante da perda de fôlego de medidas subjacentes de inflação.
… Também a Armor Capital confia que dá para a Selic ficar onde está, diante do alívio com os bens industriais, que registraram alta de apenas 0,06%, além da surpresa baixista observada na alimentação em domicílio.
… Ainda para o Daycoval, que citou a deflação da gasolina, a abordagem hawkish do BC chegou ao limite.
… A inflação de serviços, usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços, desacelera lentamente, de 0,20% em abril para 0,18% em maio, com o mercado de trabalho e a massa salarial aquecidos.
… Considerando apenas meses de maio, o resultado do IPCA foi o mais baixo desde 2023 (elevação de 0,23%). A taxa acumulada em 12 meses arrefeceu depois de três meses seguidos de avanços, de 5,53% para 5,32%.
… Ainda assim, segue bem acima do teto da meta (4,5%), o que leva algumas casas a projetarem política monetária conservadora, caso do Goldman Sachs, que aponta pressões inflacionárias “altas e disseminadas”.
… Apesar de a ASA ter reconhecido que o alívio do IPCA deve implicar viés de baixa na estimativa atual de 5,4% para a inflação do ano, o dado de maio não alterou sua projeção de outra alta de 25 pontos-base para a Selic.
… O PicPay cortou a previsão do IPCA/25 de 5,6% para 5,3%. A Tendências Consultoria reduziu de 5,5% para 5,2% e o UBS BB manteve em 5%, mas admitiu que pode reconsiderar a sua projeção para um nível inferior.
INCLINAÇÃO DOVISH – A recalibragem das expectativas para a inflação e para o próximo Copom imprimiu queda em toda a curva do DI e animou os investidores a voltarem às compras na bolsa doméstica.
… O contrato de juro para Jan/26 recuou para 14,850% (de 14,875% no fechamento anterior); o Jan/27, a 14,155% (de 14,185%); Jan/29, 13,515% (de 13,635%); Jan/31, 13,690% (13,790%); e Jan/33, 13,760% (13,850%).
… O Ibovespa terminou o dia em alta de 0,54%, aos 136.436,07 pontos, com giro financeiro de R$ 20,7 bilhões.
… Chamou a atenção o rali de Petrobras ON (+3,65%, a R$ 32,38) e PN (+3,02%, a R$ 30,05), embalada por rumores de uma possível pressão do governo Lula para a estatal distribuir dividendos extraordinários neste ano.
… Diante da especulação, os papéis ignoraram a virada do petróleo para baixo, que deu sinais de cansaço. O Brent/agosto, que vem de um salto de mais de 6% na semana passada, caiu de leve: -0,25%, a US$ 66,87.
… Vale (+0,68%, a R$ 53,65) operou descolada do minério de ferro (-0,85%), que cai há dois pregões.
… Entre os bancos, o destaque negativo ficou com BB (ON, -0,87%), repercutindo o corte pelos analistas do Itaú BBA do preço-alvo da ação, de R$ 29 para R$ 25. Itaú PN caiu 0,30%, cotado a R$ 36,00 no fechamento.
… Bradesco ON subiu 0,15%, a R$ 13,71; Bradesco PN fechou estável (-0,06%, a R$ 15,83); e Santander, +0,28%.
… No câmbio, o dólar chegou a cair durante o pregão, em linha com o recuo do DI após o IPCA. Mas zerou o movimento, quando o petróleo passou a recuar, enfraquecendo moedas de países produtores da commodity.
… O dólar à vista fechou em leve alta de 0,14%, a R$ 5,5704, acompanhando a tendência externa. Na torcida pelo desfecho positivo das negociações comerciais entre os EUA e a China, o DXY subiu 0,16%, a 99,098 pontos.
… O euro operou estável (+0,04%, a US$ 1,1434) e a libra caiu 0,35%, a US$ 1,3505, com a alta no desemprego e queda nos salários do Reino Unido em abril reforçando a aposta de novos cortes de juro pelo BC inglês (BoE).
… De seu lado, o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, antecipou em fala no Parlamento japonês que a política monetária deve ser mantida semana que vem, adiando o início do ciclo de alta. O iene recuou a 144,83/US$.
… O otimismo despertado pelos comentários do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, de que as conversas entre os governos de Washington e Pequim estavam “indo bem”, estimulou ganhos nas bolsas em NY.
… O índice Dow Jones fechou em alta de 0,25%, aos 42.866,87 pontos. O S&P 500 ganhou 0,55%, aos 6.038,80 pontos, enquanto o índice eletrônico Nasdaq terminou com avanço de 0,63%, aos 19.714,99 pontos.
… Em clima de esperar para ver o CPI, os juros dos Treasuries oscilaram em intervalos estreitos e sem tendência única. A taxa da Note-2 anos subiu a 4,011%, de 4,009% na véspera, e a de 10 anos caiu a 4,467%, de 4,486%.
EM TEMPO… Magda Chambriard disse, em evento da Firjan, que a Petrobras quer aumentar o seu poder de gestão na BRASKEM, mas não quer estatizar a petroquímica, da qual a estatal é sócia com a Novonor…
… Os ADRs da Braskem exibiram pouca reação às declarações no after hours: subiram só 0,26%, após terem disparado 5,52% no pregão regular em NY. Já no Ibovespa, as ações PNA da Braskem saltaram 4,67% ontem.
VIBRA ENERGIA. Conselho de Administração aprovou a reeleição de vice-presidentes da companhia, considerando a recomendação favorável do comitê de governança, pessoas e remuneração…
… Com prazo de dois anos, seguirão nos cargos Augusto Ribeiro Junior (Vice-presidente Executivo Financeiro e RI)…
… Clarissa Della Nina Sadock Accorsi (Vice-presidente Executiva de Energia Renovável) e Marcelo Fernandes Bragança (Vice-presidente Executivo de Operações da Vibra Energia S.A.).
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