Trump volta a escalar tensão comercial
… A aversão ao risco volta a tomar conta dos mercados globais com a nova escalada das tensões comerciais, após Trump impor tarifas aos primeiros países que não negociaram acordos com os Estados Unidos, a começar pelo Japão (25%), avisando que, se houver retaliação, dobrará a aposta. As tarifas vigoram a partir de 1º de agosto, data definida como deadline para os demais parceiros. Nesta segunda-feira, 14 países receberam cartas com “ofertas finais”. Especulações de um acordo próximo com a União Europeia impulsionava o euro na abertura dos negócios. Trump também ameaça com uma taxa adicional de 10% aos governos que apoiarem as políticas “antiamericanas” dos Brics, o que pode atingir o Brasil, e ainda provocou criticando a “perseguição política” a Bolsonaro na sua rede social.
… Lula, que dava entrevista no encerramento da Cúpula do grupo no Rio, não entrou na pilha, dizendo que preferia não comentar o post. Mas não deixou de dizer que “esse País tem lei e que Trump deveria dar palpite na sua vida, e não na nossa”.
… No Globo, a atitude de Trump levou o bolsonarismo a apostar em sanções contra Alexandre Moraes (STF) “ainda nesta semana”. Já na Folha, Eduardo Bolsonaro disse que Trump “não joga palavras ao vento e que os próximos dias podem ter novidade”.
… A tarifa de 25% será aplicada sobre todos os produtos do Japão e da Coreia do Sul. Foram taxados ainda ontem: Laos e Mianmar (40%), Tailândia e Camboja (36%), Sérvia e Bangladesh (35%), Indonésia (32%), Bósnia (30%), Tunísia e Cazaquistão (25%) e Vietnã (20%).
… As tarifas para esses parceiros, especialmente para o Japão, poderão ser ajustadas, para cima ou para baixo, dependendo da abertura que o país der ao mercado americano. Para isso, as negociações deverão ser concluídas até o final do mês.
… Na cartas, o presidente adverte para barreiras tarifárias ou regulatórias que prejudicam os exportadores americanos, além de ameaçar contra retaliações: “se aumentarem as tarifas, o valor que escolherem será somado ao valor que cobramos”.
… O prazo para implementação das tarifas recíprocas foi estendido de 9 de julho para 1º de agosto em ordem executiva de Trump.
… Com relação à China, após o acordo preliminar sobre a questão das terras raras, a suspensão tarifária permanece em vigor até 12/8.
… A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse no briefing da tarde que o telefone de Trump “toca sem parar” com autoridades de diversos países “implorando” por um acordo. Bessent acredita que novos acordos serão anunciados nas próximas 48 horas.
… Especulações de que os Estados Unidos ofereceram um acordo à União Europeia que manteria a tarifa básica de 10% sobre os produtos do bloco, com algumas exceções a setores sensíveis, como aeronaves e bebidas alcoólicas, impulsionam o euro no fim do dia.
… Um acordo nesses termos permitiria às montadoras que produzem carros nos Estados Unidos importar mais carros da União Europeia com tarifas abaixo de 2%, removendo a taxa de 10% em vigor durante a trégua dos 90 dias.
AMEAÇA AOS BRICS – Trump acabou roubando a cena no último dia da Cúpula dos Brics, no Rio, após ameaçar na sua Truth Social com a tarifa adicional de 10% para “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do grupo; não haverá exceções”.
… No encontro, apesar de os países integrantes do bloco sinalizarem sérias preocupações com as medidas protecionistas e unilaterais de comércio, em referência à guerra tarifária dos Estados Unidos, todos tiveram o cuidado de não citar Trump nominalmente.
… Representantes dos governos da China, Rússia e África do Sul responderam à ameaça, mas todos pegaram leve.
… Em nota, os chineses disseram que Pequim “sempre se opôs a guerras tarifárias e comerciais, e ao uso de tarifas como ferramentas de coerção e pressão”, acrescentando que o Brics “não está contra nenhum país”.
… Também o Kremlin afirmou que o Brics apenas atua em torno dos seus próprios interesses, compartilhando uma “visão comum” de cooperação global, mas “não está, e nunca estará, direcionado contra países terceiros”.
… Já a África do Sul disse que o país ainda pretende negociar tarifas com Trump, esclareceu que não possui uma postura antiamericana e que as conversas sobre um acordo comercial com os Estados Unidos seguem “construtivas e frutíferas”.
… O Brasil, anfitrião da Cúpula, parece ter tido a reação mais assertiva, com Lula dizendo que não acha uma “coisa responsável e séria o presidente de um país como os Estados Unidos ficar ameaçando o mundo pela internet”.
… “Não queremos um imperador; países são soberanos. Se ele quer taxar, os países poderão taxar também pela reciprocidade. As pessoas têm que aprender que respeito é bom, que a gente gosta de dar e receber. Precisam entender o respeito da palavra soberania.”
… Também o embaixador Celso Amorim falou um tom acima, dizendo que as tarifas “têm de ser negociadas, não impostas”, obedecendo às regras da OMC. Depois, sugeriu que a ameaça poderia ser bravata: “Muitas advertências feitas por Trump não prosperaram.”
BRASIL NO ALVO – Um tema que deixa Trump furioso, a adoção de uma moeda alternativa em transações internacionais, foi tratado por Lula na Cúpula, quando disse que “o mundo precisa achar um jeito de fazer a relação comercial sem passar pelo dólar”.
… “Quando for com os Estados Unidos, ela passa pelo dólar, mas quando for com a Argentina, não precisa passar, quando for com a China, não precisa passar, quando for com a Índia, não precisa passar. Quando for com a Europa, discute-se em euro.”
… Lula ainda disse que “ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão”. “Em que fórum foi determinado isso?”
… Em entrevista ao Broadcast, o chefe de títulos soberanos da AL da Fitch Ratings, Todd Martinez, disse que o “Brasil é certamente um dos países dos Brics que pode ser atingido pela ameaça de Trump, por estar ideologicamente alinhado com o seu governo”.
NOBEL DA PAZ – Em visita a Washington para tratar de um cessar-fogo com o Hamas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que escreveu ao Comitê Nobel da Paz para indicar Trump ao prêmio por ter acabado com o programa nuclear iraniano.
… Em coletiva antes de um jantar oferecido a Bibi na Casa Branca, Trump afirmou que o Hamas procurou um encontro e um acordo para o cessar-fogo entre Israel e a Faixa de Gaza, dizendo que as negociações “estão tendo um bom progresso”.
… Em relação à guerra na Ucrânia, Trump voltou a dizer que está “infeliz” com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e que os Estados Unidos enviarão mais armas para o governo de Zelensky, pois “eles têm o direito de se defender”.
MAIS AGENDA – O IBGE divulga hoje (9h) as vendas do varejo em maio, com a mediana das estimativas apontando para uma expansão de 0,20% no conceito restrito (pesquisa Broadcast), após ter registrado queda de 0,40% em abril.
… Na comparação com maio de 2024, porém, a mediana indica alta de 2,5%, desacelerando em relação a base anual em abril (4,8%).
… Economistas atribuem a reação na margem à distorção do ajuste sazonal da série, mas também aos dados antecedentes positivos para o mês, em especial, o segmento de produtos farmacêuticos, com um crescimento estimado de quase 3%.
… Já o varejo ampliado deve crescer 1%, após queda de 1,9% em abril, com venda de veículos e materiais de construção puxando a alta.
… Antes (8h), a FGV divulga a primeira quadrissemana de julho do IPC-S.
… Às 12h, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, participa de almoço da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo e do Instituto Unidos Brasil e, às 14h, o ministro Fernando Haddad deve participar de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara.
NOVA EMISSÃO – Na Reuters, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que o Brasil deve voltar ao mercado externo de dívida ainda este ano “depois das emissões bem-sucedidas” no primeiro semestre.
… Segundo Ceron, há possibilidade de emissão dos chamados bônus sustentáveis.
NA POLÍTICA – No Senado, Davi Alcolumbre pautou para hoje projeto para legalização dos cassinos no Brasil.
… Já o presidente da Câmara, Hugo Motta, destravou as emendas de comissão e distribui R$ 11 milhões extras por deputado, segundo a Folha apurou. Cada parlamentar poderá apadrinhar o valor adicional, além dos R$ 37 milhões das emendas individuais.
… Ainda na Folha, Lula decide não sancionar o projeto que aumentou o número de deputados de 513 para 531.
… Segundo a colunista Mônica Bergamo, o presidente ainda estuda se irá vetar ou deixar para promulgação do presidente do Congresso.
EÓLICAS OFFSHORE – Ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse ao Roda Viva, ontem à noite, que o governo deve publicar nesta semana MP que será uma alternativa aos vetos do presidente ao marco legal das eólicas offshore, derrubados pelo Congresso.
… Segundo o ministro, o governo entende que os trechos vetados por Lula buscam impedir que as contas de luz fiquem mais caras, com o objetivo de proteger a classe baixa e a classe média dos impactos do marco legal da proposta.
VAMOS CONVERSAR – Sobre o impasse do IOF, Costa disse que o governo deverá reabrir nos próximos dias o diálogo com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. “Eu acho que é plenamente possível repactuar a relação.”
… A audiência de conciliação entre governo e Congresso foi marcada por Alexandre de Moraes (STF) para o dia 15 de julho.
LÁ FORA – A agenda é mais fraca, com os resultados da balança comercial na Alemanha e França de madrugada e, nos Estados Unidos, expectativas de inflação do consumidor em junho (12h), crédito ao consumidor de maio (16h) e estoques de petróleo da API (17h30).
… No final da noite (22h30), saem os índices de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) de junho na China.
OS CAPRICHOS DE TRUMP – A escalada protecionista de um contra todos e a extensão por três semanas do deadline para os parceiros comerciais negociarem acordos (prolongando a agonia) sacodiram o mundo.
… À medida que o presidente americano postava na rede social as cartas com as tarifas, os mercados pioravam.
… Aqui, o câmbio ampliou a pressão no pregão estendido, com o contrato do dólar futuro para agosto acelerando 1,22%, a R$ 5,5210, depois de já ter subido 0,98% nas negociações à vista, cotado a R$ 5,4778.
… Também as ameaças diretas de Trump aos Brics trouxeram cautela redobrada para o real, que na semana passada havia vivido uma onda importante de apreciação, conquistando espaços que não via há quase um ano.
… Trump melou ontem a chance de continuidade do alívio do dólar, embora esta guerra tarifária seja tão cheia de reviravoltas, que não é impossível que o investidor absorva a tensão e volte a focar na Selic e no Fed.
… Sem efeito nos negócios ontem, a balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,301 bilhão na primeira semana de julho, com exportações de US$ 5,930 bilhões e importações de US$ 4,629 bilhões.
… No ano, o superávit acumulado é de US$ 31,393 bilhões. Semana passada, o Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio cortou a projeção do saldo comercial de 2025 de US$ 70,2 bilhões para US$ 50,4 bilhões.
… Com o trator de Trump passando por cima do Japão, o iene derreteu a 146,96/US$. Também as moedas europeias se deram mal, enquanto o BCE alertava que as políticas comerciais elevam os riscos à estabilidade financeira.
… O euro caiu 0,51%, a US$ 1,1725, e a libra perdeu 0,27%, a US$ 1,3613, abrindo caminho de alta ao DXY (+0,30%; 97,48 pontos). Mas analistas do BBH dizem que a tendência de baixa do dólar permanece, que a reação foi pontual.
… Se já era improvável a chance de o Fed começar a cortar o juro ainda este mês, agora com o impulso tarifário exibido por Trump nas cartas à lista de países é que esta probabilidade se tornou ainda mais isolada (menos de 5%).
… Na ferramenta do CME, a chance de flexibilização em setembro caiu de leve (de 68,1% para 64,7%), mas ainda é forte. O Goldman Sachs, que só esperava a retomada dos cortes em dezembro, antecipou sua aposta para setembro.
… O banco ficou mais dovish depois que, recentemente, o PCE indicou repasse menor das tarifas sobre os preços.
SEM SAÍDA – A curva do DI não teve ontem para onde correr, com o dólar mais caro e os juros dos Treasuries também pressionados pela ofensiva de Trump, muito disposto a continuar levando a guerra comercial longe demais.
… Sob todo o estresse, a segunda deflação seguida do IGP-DI em junho (-1,80%) não aliviou nem os juros curtos, mas reportagem do Broadcast aponta que o indicador pode ser um bom prognóstico para o IPCA, que sai quinta-feira.
… Segundo a matéria, a pressão de baixa vinda dos IGPs, somada ao movimento de valorização cambial e aos efeitos da Selic a 15% (maior nível desde 2006), deve seguir contribuindo para novas surpresas de inflação mais moderada.
… O BC vai vencendo a batalha das expectativas do mercado: no Focus, a mediana das previsões para o IPCA do ano teve a sexta baixa consecutiva, de 5,20% para 5,18%. Há um mês, o consenso de analistas estava em 5,44%.
… Embora a inflação siga rodando 0,68 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%, é um alívio ver as projeções caindo toda semana. A dúvida é se a convicção do Copom de Selic estável por muito tempo será abalada.
… No fechamento, o DI para Jan/26 subia para 14,925% (contra 14,921% no ajuste anterior); Jan/27 avançava para 14,220% (de 14,174%); Jan/29, a 13,340% (de 13,226%); Jan/31, a 13,430% (13,300%); e Jan/33, 13,480% (13,358%).
… De olho no potencial impacto sobre a inflação da rodada de tarifas de Trump, as taxas dos Treasuries avançaram. O juro da Note-2 anos foi a 3,896%, de 3,883% antes do feriado de 4 de Julho, e o de 10 anos, a 4,386%, de 4,346%.
… Risk-off foi a palavra de ordem ontem nas bolsas globais. O índice Dow Jones fechou em queda de 0,94%, aos 44.406,36 pontos; o S&P 500 perdeu 0,79%, aos 6.229,98 pontos; e o Nasdaq caiu 0,92%, aos 20.412,52 pontos.
… As ações da Tesla derreterem quase 7% com a novidade de Musk, agora com planos de lançar um novo partido político nos EUA, depois da ruptura com Trump por causa da forte oposição ao projeto de lei fiscal (Big Beautiful Bill).
… Investidores torciam para que Musk se mantivesse afastado da política, depois da passagem pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge), e que ele se dedicasse integralmente à montadora de veículos elétricos.
ESTRAGA-PRAZER – Trump acabou ontem com a festa do Ibovespa, que vinha de dois pregões seguidos de recordes, mas caiu 1,26% e perdeu os 140 mil pontos, negociado no fechamento a 139.489,70 pontos, com giro de R$ 17 bi.
… O estrago foi generalizado e apenas 13 ações do índice à vista da bolsa doméstica escaparam de cair. Não foi o caso das blue chips das commodities. Alinhada à queda de 0,68% do minério, Vale ON recuou 1,47%, para R$ 54,39.
… Usiminas PNA (-1,79%), CSN Mineração (-1,72%) e CSN (-1,10%) também sentiram o baque das tarifas.
… Petrobras ON caiu 0,68% (R$ 34,91) e a PN recuou 0,19% (R$ 32,06), descoladas do petróleo, que subiu mesmo com o aumento da produção da Opep acima do esperado e a perspectiva de nova oferta extra para setembro.
… Na próxima reunião do cartel, no dia 3 de agosto, fontes da Reuters antecipam que pode ser aprovada uma elevação adicional de 550 mil barris por dia, contra os 548 mil barris por dia já acertados durante o final de semana.
… O contrato do petróleo Brent para setembro avançou 1,87% ontem, para US$ 69,58 na ICE londrina.
… Entre os bancos, ninguém se salvou ontem no Ibovespa. Itaú perdeu 1,33%, a R$ 37,23; Bradesco PN caiu 0,96%, a R$ 16,51; Bradesco ON recuou 1,17%, a R$ 14,24; Santander unit, -1,33%, a R$ 28,93; e BB ON, -1,65%, a R$ 22,06.
EM TEMPO… CARREFOUR anunciou a troca de comando da operação brasileira, que está em processo de deslistagem da bolsa, apurou o Brazil Journal…
… O atual CEO, Stéphane Maquaire, deixará o cargo na semana que vem, e será substituído pelo atual COO, o argentino Pablo Lorenzo, que será também o CEO da América Latina.
OI protocolou uma petição junto à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York para rescindir o reconhecimento da recuperação judicial nos Estados Unidos e extinguir os processos de Chapter 15 em andamento…
… O Chapter 15 trata de casos de empresas internacionais com dificuldades de solvência.
HYPERA comunicou novo acordo de acionistas envolvendo João Alves de Queiroz Filho, fundador da companhia, Alvaro Stainfeld Link, a holding mexicana Maiorem e a Votorantim, que compõe o novo bloco de controle…
… Acordo regula o exercício de direitos políticos e patrimoniais desses acionistas e estabelece que o novo bloco de controle passa a deter 53% do capital social da Hypera.
KLABIN realizou a liquidação antecipada parcial de contrato de empréstimo sindicalizado, no valor de US$ 150 milhões; prazo para a quitação do débito estava previsto para se encerrar em 2028.
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Prazo final de acordo tarifário pode ser estendido
… Vence nesta quarta-feira o deadline aos países que ainda não fecharam acordos comerciais com os Estados Unidos – ou quase todos. A chance de o prazo ser estendido é grande. Bessent indicou que quem não chegar a um acordo agora terá a opção de extensão de três semanas para negociar. Trump já assinou (e vai mandar hoje) 12 ou 15 cartas aos parceiros que ainda não fizeram propostas, com sugestões de tarifas no estilo “pegar ou largar”. Ele também espera fechar acordo de cessar-fogo em Gaza nesta semana e retomar as negociações nucleares com o Irã. Aqui, a crise entre Congresso e governo entrou em stand-by, após Moraes suspender os atos sobre IOF e marcar audiência de conciliação para dia 15. Na agenda dos indicadores, saem a ata do Fed, dados da China e, no Brasil, o IPCA de junho, vendas no varejo, volume de serviços e, hoje, o IGP-DI, com forte deflação.
… O Ibovespa funciona normalmente no feriado de 9 de Julho em SP, mas desde já o noticiário das tarifas domina o cenário dos negócios.
… Ainda na semana passada, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que esperava uma “chuva” de acordos antes do prazo final para as negociações, com o possível retorno das tarifas “recíprocas” estabelecidas no Liberation Day, em 2 de abril.
… Mas, até agora, a Casa Branca anunciou só dois acordos comerciais: com o Reino Unido, que ainda tem pendências a serem resolvidas, e com o Vietnã. Especulações apontam que a Índia deve ser o próximo país a anunciar um acerto.
… Com os países e regiões mais relevantes, entretanto, ainda não há sinais de avanço firme. Na União Europeia, há relatos de que o bloco talvez aceite a taxa recíproca atual de 10%. Com o Japão, as conversas prosseguiram no fim de semana, ainda inconclusivas.
… Em relação à China, após o acerto sobre a questão das terras raras, o prazo final tem uma data diferente: 12 de agosto.
… Em entrevistas a dois programas no domingo, Bessent sinalizou que as cartas que Trump está prestes a enviar aos parceiros comerciais esta semana não são a palavra final sobre as tarifas imediatas dos países.
… As tarifas entrarão em vigor em 1º de agosto, então ainda há tempo para aqueles que não estão próximos de um acordo apresentarem propostas, disse ele. Mas ainda acredita em “grandes anúncios nos próximos dias”.
… A estratégia das negociações, disse ele, é aplicar pressão máxima para destravá-las.
… Segundo ele, o foco atual da política tarifária está concentrado em 18 nações que representam 95% do déficit comercial americano. Já cerca de 100 países menores, “que nunca nos procuraram”, devem receber uma taxa de tarifa fixa.
… No domingo, Trump disse que mandará hoje, amanhã e quarta-feira 12 cartas, “talvez 15”, impondo condições tarifárias, com o objetivo de pressionar esses países a firmarem acordos comerciais até quarta-feira, dia 9. Ele não disse para quais países enviará as cartas.
… Segundo a Folha, os governos do Brasil e dos Estados Unidos buscam fechar um acordo comercial antes do prazo final. Na sexta-feira, as delegações dos dois países se reuniram por videoconferência para tentar um entendimento. Novas reuniões estão previstas.
GAZA – A bordo do Force One, Trump também disse no domingo aos jornalistas que um acordo sobre Gaza está próximo. “Eu acho que há boas chances de chegarmos a um acordo com o Hamas durante esta semana, relativo a vários dos reféns israelenses.”
… O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, viajou a Washington para tratar de um cessar-fogo no território palestino. Antes de embarcar, ele disse que há 20 reféns vivos e 30 mortos. O acordo de uma trégua seria por 60 dias.
IRÃ –Trump pretende aproveitar a visita de Netanyahu para também tratar de acordo permanente com o Irã, voltando a afirmar que os ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas “obliteraram total e completamente” o programa nuclear do país.
OPEP – Ainda no sábado, o cartel decidiu aumentar a produção de petróleo em 548 mil barris por dia (bpd) em agosto, acelerando o ritmo em relação aos aumentos mensais de produção feitos em maio, junho e julho, da ordem de 411 mil bpd, e de 138 mil bpd em abril.
… Os aumentos em série da oferta (e agora em maior proporção) revertem a estratégia de restrição que vinha sendo adotada desde 2022, com vários países da Opep e de seus aliados querendo recuperar fatia de mercado.
… Ainda segundo a Reuters, a ofensiva responde a tensões internas na Opep+: Cazaquistão e Iraque vêm produzindo acima das cotas, o que irritou os demais membros, que seguiam cumprindo os cortes à risca.
… Oficialmente, em nota, a entidade afirma que a novo aumento na produção responde a uma “perspectiva econômica global estável e fundamentos de mercado saudáveis, refletidos nos baixos estoques de petróleo”.
… Oito países produzirão mais em agosto: Arábia, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Iraque, Argélia e Cazaquistão. Antecipando que a oferta subiria em 411 mil bpd, o Brent caiu 0,73% na sexta-feira, a US$ 68,30.
… Mas como o aumento veio maior do que o esperado, o barril ampliava a queda na abertura dos negócios, ontem à noite (-1%).
BRICS – Com um comunicado enxuto, a área financeira do grupo, que reuniu no sábado no Rio, sugeriu mudanças de cotas e em relação à escolha do comando para o FMI e o Bird, mostrando insatisfação com o acordo de cavalheiros entre Estados Unidos e Europa.
… O grupo criticou ainda o tarifaço do presidente Trump e medidas que possam distorcer o comércio internacional.
… O bloco assegurou também apoio às negociações tributárias que ocorrem no âmbito da ONU, englobando a taxação para os super ricos, e, às vésperas da COP30, apelou por mais apoio financeiro a medidas de mitigação climática lideradas por economias desenvolvidas.
… Na reunião de Finanças, Fernando Haddad defendeu o multilateralismo e a globalização baseada no desenvolvimento social.
… “Nenhum país isoladamente, por mais poderoso, pode dar resposta efetiva ao aquecimento global ou atender as aspirações da maior parte da humanidade por uma vida digna. Criar ilhas excludentes de prosperidade é moralmente inaceitável.”
… As declarações vieram numa aparente crítica aos Estados Unidos e às tarifas contra produtos importados de outros países.
… Haddad ainda destacou o compromisso do Brasil com a previsibilidade em tempos de incerteza global, afirmando que “em parceria com o Brics, almejamos consolidar-nos como um porto seguro em um mundo cada vez mais instável”.
… A cúpula dos Brics prossegue hoje no Rio de Janeiro.
ALCKMIN – Em participação no Fórum Empresarial do Brics, o vice disse que Alexandre de Moraes (STF) teve “sabedoria” ao suspender os decretos relacionados ao IOF, mas defendeu que os decretos são atribuição do Executivo. “Vamos aguardar. Estamos otimistas.”
… Moraes é o relator de ações que tramitam no Supremo envolvendo o IOF, que aumentou o nível de tensão entre Executivo e Legislativo nas últimas semanas. Uma audiência de conciliação foi marcada para 15 de julho, no plenário de audiências da Corte, em Brasília.
… Também o presidente da Câmara, Hugo Motta, elogiou a decisão de Moraes em um post no X, dizendo que “evita o aumento do IOF”.
MAIS AGENDA – A ata do Fed, na quarta-feira (9), pode trazer a inclinação de membros mais dovish para iniciar os cortes de juro mais cedo, em linha com a pressão de Trump sobre Powell. Mas, dificilmente, o Fomc de julho voltará a ser uma opção.
… Além das incertezas sobre os efeitos das tarifas na atividade e na inflação, o aumento do núcleo do índice PCE e o payroll forte na quinta-feira, com a taxa de desemprego recuando de 4,2% para 4,1%, esvaziaram as apostas para este mês.
… Na China, estão previstos para amanhã à noite os índices de inflação de junho, com o CPI e o PPI. Na sexta-feira, à meia-noite, saem os dados de exportações e importações, com a balança comercial chinesa de junho.
… Aqui, o IPCA de junho é o destaque da semana, na quarta-feira (9h), com expectativa de ficar próximo de zero, em mais um sinal de desaceleração na margem, mas ainda distante do centro da meta de 3% ao ano e do teto de tolerância de 4,5%.
… Hoje, o IGP-DI de junho (8h) tem previsão de queda de 1,60% (mediana do Broadcast), após deflação de 0,85% registrada em maio, com o recuo dos preços industriais. Em 12 meses, o índice deve desacelerar de 6,27% em maio para 4,05%.
… A semana também reserva a divulgação das vendas no varejo em maio, amanhã, e do volume de serviços, na sexta-feira, enquanto o Copom promete manter os “juros elevados por um período bastante longo”.
… Ainda nesta segunda-feira, o BC divulga o Boletim Focus (8h25) e a Anfavea, a produção e vendas de veículos em junho (11h).
LDO – O relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026, enviado pelo governo ao Congresso em abril, deve ser votado na Comissão Mista de Orçamento nesta quarta-feira (9), afirmou ao Valor o presidente da CMO, senador Efraim Filho.
… O objetivo é deliberar a legislação antes do envio do texto da Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Planalto, até o fim de agosto.
ALÍVIO COM PRAZO DE VALIDADE – Têm circulado avaliações sobre o câmbio de que o dólar ainda pode ficar mais barato e, quem sabe, chegar aos R$ 5,00, tendo como drivers o carry trade e a onda de queda global.
… O real segue surfando na promessa de Selic em 15% por pelo menos mais seis meses e na fraqueza da moeda americana em escala global, com os cortes do Fed no terceiro trimestre e a guerra tarifária que não acaba.
… Nos últimos dias, muitas casas têm ajustado em baixa a perspectiva para o dólar no curto prazo. A má notícia é que analistas ouvidos pelo Broadcast duvidam que o dólar resista perto das cotações atuais até o fim do ano.
… O maior desafio no meio do caminho são os ruídos fiscais domésticos, na crise agora mediada pelo STF.
… Na sexta-feira, diante do real fortalecido, foi a vez de o Santander diminuir a expectativa para o IPCA deste ano, de 5,4% para 5,1%, e do ano que vem, de 4,8% para 4,5%. Apesar disso, ajustou para cima a aposta da Selic.
… A projeção para o final do ano pulou de 14,75% para 15,00%, compatível com o recado do Copom.
… Segundo o banco, a atividade econômica segue heterogênea, o crédito apresenta sinais de deterioração e o risco inflacionário continua presente. “Projetamos Selic estável até o início/26, com cortes a partir de janeiro”.
… Pesquisa da Febraban ouviu 21 bancos e revelou que a maioria (62%) acredita que o BC começará a cortar a Selic no primeiro trimestre de 2026, quando a inflação no horizonte relevante deve se aproximar da meta (3%).
… Na sexta-feira, um dia depois de ter revisitado as mínimas em quase um ano e voltado à faixa de R$ 5,40, o dólar entrou em bom ponto de compra e testou alguma correção de lucro, cotado a R$ 5,4242 (+0,36%).
… O ajuste aconteceu em meio à liquidez baixa aqui, roubada pelo feriado do Independence Day em Nova York.
… A revisão para baixo da expectativa do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio para o superávit da balança comercial neste ano, de US$ 70,2 bilhões para US$ 50,4 bilhões, não chegou a fazer preço no câmbio.
… A demanda mundial vem se enfraquecendo, o que vem afetando preço das commodities, acredita a pasta, embora pondere que a economia brasileira continua crescendo, demandando insumos e bens de capital importados.
… Em junho, o saldo da balança comercial veio positivo em US$ 5,889 bilhões, abaixo da mediana das apostas do mercado, de US$ 6,20 bilhões. No acumulado do ano, o superávit comercial está em US$ 30,092 bilhões.
… Sincronizados ao dólar, a curva do DI foi para o final de semana com viés de alta, sem a referência dos Treasuries.
… No fechamento, o juro para Jan/26 foi à máxima do dia, de 14,925% , contra 14,915% no ajuste anterior); Jan/27, a 14,185% (de 14,134%); Jan/29, a 13,230% (de 13,188%); Jan/31, a 13,290% (13,264%); e Jan/33, 13,340% (13,326%).
BIS – Repetindo as façanhas do pregão anterior, lá foi o Ibov para um novo “recorde duplo”, como definiu o Valor.
… Pelo segundo dia consecutivo, o índice à vista da bolsa doméstica emplacou nova máxima intraday (141.563,85 pontos) e renovou a marca histórica de fechamento dos negócios, aos 141.263,56 pontos, em alta de 0,24%.
… Menos da metade de um dia normal, o giro foi de apenas R$ 9 bilhões, com Nova York fechada para o feriado.
… Vale fechou em +0,29% (na máxima de R$ 55,20), sem o mesmo fôlego do minério (+2,45%). De olho na queda do petróleo, Petrobras PN caiu de leve: -0,12% (R$ 32,12). Mas o papel ON escapou em leve alta de 0,11% (R$ 35,15).
… Entre os bancos, Itaú (+0,05%, a R$ 37,73) e Bradesco ON (-0,07%, a R$ 14,41) fecharam estáveis. Já Bradesco PN caiu 0,48%, a R$ 16,67, e Santander unit perdeu 0,31%, a R$ 29,32. BB ON ganhou 0,58%, cotada a R$ 22,43.
FÔLEGO CURTO – Apesar do 4 de Julho, o mercado cambial operou normalmente nos Estados Unidos e, no day after do embalo do dólar com o payroll forte, o índice DXY já voltou à sua rotina de queda: -0,19%, a 96,997 pontos.
… Não há muita firmeza de que Trump obterá acordos satisfatórios para as tarifas antes do deadline de quarta-feira.
… O euro, que desde que o ano começou acumula rali de 14%, subiu 0,17% no último pregão (US$ 1,1776). A libra esterlina, envolvida em turbulências fiscais, caiu a US$ 1,3653. O iene subiu a 144,52/US$, antecipando BoJ hawkish.
… Semana passada, um conselheiro do BC japonês disse que o país deve estar pronto para mudar de marcha, abandonar a pausa no ciclo de alta e subir os juros se as negociações comerciais com os Estados Unidos progredirem.
EM TEMPO… PRIO. Produção de petróleo atingiu 88,2 mil barris de óleo equivalente por dia (boepd) em junho, recuo de 0,5% em relação a maio, segundo dados preliminares.
JBS informou que o primeiro carregamento de carne bovina ao Vietnã, com 27 toneladas processadas na unidade da Friboi de Mozarlândia (GO), foi feito no sábado, poucos dias após habilitação para exportar ao país.
MAGAZINE LUIZA esclareceu, em comunicado, que a informação na imprensa, atribuída a um de seus diretores em um evento do BNDES, de que a empresa irá faturar cerca de R$ 70 bilhões em 2025, é “meramente uma referência”.
… Segundo a empresa, a projeção é baseada no faturamento esperado pelo consenso dos analistas e não deve ser interpretada como promessa de desempenho futuro, guidance ou posicionamento oficial da companhia.
ALPARGATAS. BlackRock reduziu participação na empresa de 5,22% para 4,99%, passando a deter 17.157.043 de ações PN.
CYRELA reduziu participação acionária na Cury de 20,26% para 19,56%.
JHSF concluiu a venda de participações minoritárias no Catarina Fashion Outlet – Expansão 3, no Shopping Ponta Negra e no Shopping Bela Vista para o fundo de investimento imobiliário XP Malls por R$ 273,035 milhões…
… Com a conclusão da transação, a JHSF passou a deter 60,01% do Catarina Fashion Outlet, 18% do Shopping Ponta Negra e 11,70% do Shopping Bela Vista…
… A participação do grupo no Shopping Bela Vista deverá ser reduzida a 1,00% após a conclusão da venda de 10,70% para os atuais sócios daquele empreendimento.
ENERGISA aprovou a distribuição de R$ 492,3 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2332 por ação, com pagamento em 24/7.
CORREIOS. O presidente, Fabiano Silva, pediu demissão, pressionado pelo desempenho financeiro ruim e pelo Centrão. O Estadão apurou que o cargo é alvo de cobiça de Davi Alcolumbre, que tenta emplacar um aliado.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
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Feriado em NY reduz liquidez dos mercados
,… Feriado de 4 de Julho fecha hoje os mercados em NY e reduz a liquidez nos pregões domésticos, em dia de agenda esvaziada no exterior e aqui, com a balança comercial de junho como único destaque. Nos EUA, Trump assina (18h) o seu “grande e lindo projeto” de lei orçamentário, aprovado na Câmara, considerado um risco para a dívida americana no longo prazo, e promete começar a enviar cartas aos parceiros comerciais que não fecharam acordos com a Casa Branca. O detalhe importante é que essas cartas já devem conter as tarifas de importação que serão aplicadas. No Rio, um jantar de boas-vindas esta noite dá início à Cúpula dos Brics, no final de semana, com a ausência de Putin e Xi Jinping, enquanto Lula e Haddad esperam por uma solução para o impasse da crise entre o Congresso e o governo.
… A jornalistas no Rio, onde está para a reunião do Brics, o ministro da Fazenda foi questionado sobre as chances de uma conciliação, que pudesse evitar a saída judicializada, inclusive conduzida pelo próprio ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
… “Eu tenho lido sobre as manifestações das pessoas buscando diálogo, mas não houve muito como o assunto andar porque muita gente está fora do Brasil [no Fórum de Lisboa]. As declarações recentes indicam que o assunto pode ter desfecho positivo.”
… Em Portugal, no evento anual de Direito promovido pelo decano do Supremo, ministro Gilmar Mendes, o tema é recorrente, depois que o governo entrou no STF para pedir a constitucionalidade do decreto do IOF, derrubado por um PDL pelo Congresso.
… Muitos representantes do Judiciário e parlamentares participam do fórum e abordam o assunto em seus discursos.
… Nesta 5ªF, foi a vez do deputado Arthur Lira criticar a judicialização, afirmando que o Supremo não tem legitimidade para decidir sobre questões de Orçamento. “O Brasil vive uma tensão como poucas vezes se viu na nossa história, em um desafio à democracia.”
… Mas, no Rio, Fernando Haddad elogiou Lira, dizendo que o ex-presidente da Câmara, que é relator do projeto de isenção do IR, tem tido um “diálogo de alto nível e transparente” com a equipe econômica sobre as medidas de compensação.
… “Tenho razões para imaginar que chegaremos a um bom relatório [na próxima semana], que busque justiça tributária.”
… O projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mensais é uma promessa de campanha de Lula e um dos mais importantes da agenda eleitoral do presidente. Ninguém acredita que o imbróglio do IOF possa prejudicar a sua aprovação.
… As eleições/2026 não estão só no calendário de Lula, mas de todos os parlamentares, que não se arriscariam a ir contra uma pauta de tamanho apelo popular. O problema é a taxação dos super-ricos proposta pelo governo para compensar a perda de arrecadação.
… Em outra frente, o deputado Ciro Nogueira (PP) também fez um aceno à retomada do diálogo com o governo após a crise do IOF.
… Segundo a jornalista Daniela Lima (GloboNews), ele estaria disposto a negociar um corte linear em emendas e despesas. “Se o governo quiser, podemos voltar à mesa de negociação; o que não aceitamos é um ajuste apenas em cima do IOF.”
… Horas depois, porém, o PP – juntamente com União Brasil, Republicanos e mais cinco partidos – anunciava a intenção de entrar no STF com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade para garantir a validade do PDL que suspendeu o aumento do IOF.
… Os partidos que apoiam a ação são: PSDB, Solidariedade, Progressistas, União Brasil, PRD, Republicanos, Podemos e Avante. Entre eles, três fazem parte da base governista e ocupam cargos em ministérios. Até ontem à noite, não tinham protocolado a ação.
MOTTA – Em campanha de cancelamento nas redes sociais, o presidente da Câmara disse que Haddad vem se “vitimizando” quando diz que telefonou e não foi atendido ou que mandou mensagem e não obteve respostas.
… Elogiando a posição da ministra Gleisi e do líder do governo, José Guimarães, que buscam uma solução para o impasse, Hugo Motta diz que Fernando Haddad “deve focar em virar a página”, segundo bastidor apurado pelo Valor.
LINDO PRA QUEM? – O presidente Donald Trump aproveitará a data cívica mais importante dos Estados Unidos, o Dia da Independência, para assinar o seu “lindo e grande projeto” orçamentário em cerimônia hoje, às 18h, na Casa Branca.
… Após a longa noite de negociações, a Câmara aprovou por 218 a 214 (com o voto contrário de apenas dois republicanos) o pacote fiscal de US$ 3,4 trilhões que corta impostos, aumenta isenções e restringe gastos em programas de segurança social.
… Os democratas dizem que o projeto de lei retirará o acesso à saúde de milhões de pessoas que dependem do Medicaid, num esquema Robin Hood às avessas, que tira benefícios dos pobres para financiar cortes de impostos direcionados aos ricos.
… A legislação adia muitas das reduções de gastos, ao mesmo tempo em que antecipa reduções de impostos no valor de US$ 4,5 trilhões, que devem impulsionar o crescimento econômico no curto prazo, mas tornar o peso da dívida insustentável em alguns anos.
… Um aumento de US$ 5 trilhões no limite da dívida dos EUA, no entanto, elimina o risco de um calote que viesse a abalar os mercados.
… O texto final é mais custoso do que a versão anterior aprovada pela Câmara, após republicanos do Senado tornarem permanentes uma série de isenções fiscais para empresas e aumentarem os cortes do Medicaid em quase US$ 1 trilhão na próxima década.
… O pacote ainda corta gastos com cupons de alimentação federais e empréstimos para estudantes universitários.
… A maioria das isenções de energia limpa serão eliminadas, assim como um crédito tributário ao consumidor de US$ 7.500 para veículos elétricos, a partir de 1º de outubro. O projeto é uma extensão dos cortes de impostos de 2017, que expirariam no final do ano.
TARIFAS – Trump também pode começar a enviar hoje cartas aos parceiros comerciais, definindo tarifas antes do deadline de 9 de julho. “Provavelmente já enviaremos algumas cartas, talvez 10 por dia, dizendo quanto eles vão pagar para fazer negócios com os EUA.”
… O presidente dos EUA anunciou inicialmente suas tarifas “recíprocas” mais altas em 2 de abril, mas as suspendeu por 90 dias para dar tempo aos países de negociarem, estabelecendo uma taxa de 10% durante esse período.
… Até agora, Trump anunciou acordos apenas com o Reino Unido e o Vietnã, e concordou com uma trégua com a China. Parece otimista sobre um acordo com a Índia, que ainda não saiu, mas decepcionado sobre as perspectivas de um acordo com o Japão.
… Na Bloomberg, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que “vários acordos” ainda devem ser anunciados até dia 9.
MAIS AGENDA – A mediana das estimativas do mercado apurada em pesquisa Broadcast aponta para um superávit da balança comercial de US$ 6,2 bilhões em junho. Os dados serão divulgados às 15h, com coletiva dos técnicos da Secex na sequência.
… A perda de tração nas exportações deve levar a um resultado abaixo do que foi registrado em maio (US$ 7,239 bilhões).
LULA – De volta da Argentina, o presidente participa no Rio de cerimônia de anúncio de investimentos da Petrobras (11h).
HADDAD – Vai participar de dois eventos do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, terá reunião com a ministra das Finanças da Índia e terminará o dia em jantar oferecido pela prefeitura do Rio de Janeiro.
… O ministro ficará na capital fluminense até 2ªF, 7, pois vai integrar a comitiva do presidente Lula na cúpula de líderes dos Brics.
FORA DA META – Ministro Dias Toffoli (STF) autorizou o governo a não contabilizar no arcabouço fiscal os valores usados para ressarcir as vítimas de descontos indevidos no INSS, mesmo se não for aberto crédito extraordinário.
… Na mesma decisão, homologou o acordo apresentado pela AGU para realizar os pagamentos a partir de 24 de julho, em três lotes. O valor para pagar os mais de 3 milhões de aposentados e pensionistas afetados é estimado pelo INSS em R$ 2,1 bilhões.
LÁ FORA – O Índice de Preços ao Produtor da Zona do Euro em junho (6h) é o único indicador, com previsão de -0,5%, de -2,2% em maio.
QUEM DÁ MENOS? – Não teve payroll forte que impedisse o dólar aqui de nadar contra a alta da moeda no exterior e fechar na menor cotação do ano, na faixa de R$ 5,40, renovando apostas de câmbio cada vez mais apreciado.
… O dólar à vista fechou em baixa de 0,28%, a R$ 5,4050, no nível mais barato desde 24 de junho do ano passado.
… Mais três casas no mercado financeiro revisaram em baixa as estimativas para a moeda americana em dezembro.
… O Goldman Sachs, que esperava R$ 5,60, passou a projetar R$ 5,10, diante do diferencial de juro elevado, com a Selic a 15% e sem corte no curto prazo (julho) pelo Fed, que ainda pode cortar menos (duas vezes, ao invés de três).
… Também a XP Investimentos informou ter reduzido a sua estimativa para a taxa de câmbio no final do ano de R$ 5,80 para R$ 5,50, mesmo patamar esperado agora pelo C6 Bank, que projetava R$ 6,00 anteriormente.
… Esta semana, a Porto Asset já havia baixado a projeção para o dólar no fim do ano de R$ 6,25 para R$ 5,70.
… Simultaneamente aos ajustes para o câmbio, que é um importante canal de transmissão inflacionária, nota-se também no mercado uma onda de revisões em baixa para o IPCA do ano, embora o quadro fiscal limite o otimismo.
… A XP reduziu sua previsão para o índice oficial de inflação de 5,5% para 5,0%, diante da taxa de câmbio mais apreciada e a moderação nos preços ao atacado. Também o C6 Bank passou a esperar 5,0%, contra 5,3% antes.
… Já no início da semana, três casas haviam revisado o cenário para o IPCA: o Inter (abaixo de 5,0%, para 4,9%), a Santander Asset Management Brasil (SAM), para 5,1%, e o Bradesco, que diminuiu sua estimativa de 5,4% para 5,0%.
… O alívio nas perspectivas para a inflação pelo mercado deve estar sendo monitorado com atenção redobrada pelo BC, que quer evitar a todo o custo a precificação de cortes prematuros da Selic e a perda da guerra das expectativas.
… Apesar da nova rodada de queda do dólar ontem, os juros curtos fecharam estáveis, porque a Selic não vai sair de 15% tão cedo. Já a ponta longa subiu até 8pp, em linha com o avanço do rendimento dos Treasuries após o payroll.
… O volume expressivo de títulos prefixados do Tesouro em dois leilões realizados nesta 5ªF também colocou pressão na curva do DI, com os prêmios potencializados pela liquidez esvaziada no pregão de pré-feriado em NY.
… No fechamento, o contrato de juro para Jan/26 marcava 14,920% (de 14,917% no ajuste anterior); Jan/27, 14,140% (de 14,118%); Jan/29, 13,210% (de 13,144%); Jan/31, 13,280% (de 13,208%); e Jan/33, 13,340% (13,261%).
A PROFECIA DE POWELL – O payroll forte veio para provar que o Fed não precisa mesmo ter urgência em cortar o juro, que julho pode ser descartado e que o melhor é esperar para ver o efeito da guerra comercial dos EUA.
… Dificilmente, porém, Trump deve pegar mais leve nos ataques a Powell, que segue na linha de tiro.
… A economia americana criou 147 mil vagas de emprego em junho, bem acima do consenso de 110 mil. A queda inesperada da taxa de desemprego, para 4,1%, de 4,2% em maio, também revelou a força do mercado de trabalho.
… O salário médio por hora registrou um aumento de 0,22%, mas veio abaixo da previsão dos analistas (0,3%).
… Em resumo: a mão-de-obra continua aquecida nos EUA, mas como impacto inflacionário sob controle.
… É agora insignificante a parcela do mercado (5,4%) que ainda especula com flexibilização monetária este mês, contra quase 24% antes do payroll. A chance majoritária de início do ciclo de corte segue com setembro (67,2%).
… Mas mesmo esta aposta diminuiu: era de 95% antes dos dados do emprego, o que indica que os investidores estão jogando a precificação para frente, na medida em que o contexto atual não assusta a ponto de exigir pressa do Fed.
… A chance de um corte acumulado de 50pb do juro este ano é a aposta principal (46%), contra 30% de 75pb. Esta correção das apostas mais otimistas, de três para dois desapertos, puxou ontem o dólar e as taxas dos Treasuries.
… O retorno da Note de 2 anos subiu para 3,883%, de 3,782% na véspera, e o de 10 anos foi a 4,346% (de 4,282%).
… Entrando na pilha de Trump, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que os rendimentos dos Treasuries de 2 anos são um sinal de que os juros estão altos demais e que o Fed está “um pouco equivocado em seu julgamento”.
… Em entrevista à Fox Business, ele disse que, se Powell não cortar agora, poderá ter de cortar mais em setembro.
… Perguntado sobre sua possível candidatura ao comando do Fed, Bessent respondeu que não revela conversas privadas. Também disse que a recente desvalorização do dólar não compromete o status de principal moeda global.
… O payroll conseguiu turbinar ontem o índice DXY do dólar: +0,42%, a 97,180 pontos. A libra continuou sem fôlego (-0,06%, a US$ 1,3646), apesar do apoio do governo britânico à permanência da ministra Rachel Reeves (Finanças).
… O euro caiu 0,34%, a US$ 1,1753, e o iene se depreciou para 145,00/US$ com o emprego forte nos EUA.
… A leitura de que a economia americana segue resistente aos choques do protecionismo de Trump renovou os recordes históricos do S&P 500 (+0,83%, a 6.279,35 pontos) e do Nasdaq (+1,02%, a 20.601,10 pontos).
… O Dow Jones subiu 0,77% (44.828,53 pontos), no pregão em que as bolsas em NY saíram mais cedo para o feriado.
QUEM DÁ MAIS? – Embalado pelo otimismo do payroll, também o Ibov quis uma marca inédita para chamar de sua.
… Saltou 1,35%, para o melhor fechamento de todos os tempos (140.928 pontos), tendo superado os 141 mil pontos na mais nova máxima intraday (141.304). A festa só não foi completa por causa do giro baixo (R$ 16,5 bilhões).
… O encerramento antecipado dos negócios em NY antes do 4 de Julho acabou roubando a liquidez aqui. Mesmo que a bolsa doméstica tenha subido no vazio, nada tira o brilho da conquista de seu novo topo histórico.
… Destaque para a alta dos papéis dos bancos: Itaú PN (+2,47%; R$ 37,71), Bradesco PN (+2,38%; R$ 16,75), Bradesco ON (+2,12%; R$ 14,42), BB ON (+1,41%; R$ 22,30) e Santander unit (+0,10%, a R$ 29,41).
… Petrobras ON subiu 0,46% (R$ 35,11) e PN, +0,34% (R$ 32,19). As ações desafiaram a queda do petróleo Brent (-0,45%, a US$ 0,31), que reagiu a três fatores: negociações nucleares, dólar forte depois do payroll e reunião da Opep.
… O cartel cogita antecipar a sua videoconferência em um dia, para amanhã, e a expectativa é de que anuncie um novo grande aumento de oferta, de 411 mil bpd, reprisando pelo quarto mês seguido o volume de alta na produção.
… No noticiário geopolítico, circulam relatos de que o enviado especial da Casa Branca para o Oriente Médio, Steve Witkiff, planeja se encontrar com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, semana que vem.
… Apesar do rali de 2,45% do minério, Vale (ON, -0,47%, a R$ 55,04) descansou do ritmo forte recente e foi uma das únicas nove quedas do Ibovespa. O ranking negativo também foi ocupado por BRF (-2,19%) e Marfrig (-0,86%).
… Os dois frigoríficos seguem em compasso de espera pelas assembleias gerais que definirão a incorporação das ações. A Justiça negou o pedido da Previ para suspender as AGEs, no próximo dia 14, e tentar barrar o negócio.
EM TEMPO… PRIO produziu 109,4 mil barris de óleo equivalente por dia no mês de junho, volume 9,6% superior à média de produção de maio.
SANTOS BRASIL movimentou 143,57 mil contêineres em junho, volume 9,8% superior ao registrado no mesmo período de 2024.
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AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.