Semana tem PCE nos EUA e agenda cheia no Brasil
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[24/06/24]
… O índice de preços de gastos com consumo em maio nos EUA (PCE), métrica de inflação preferida do Fed, é o destaque dos indicadores nos mercados internacionais, mas só na 6ªF. Antes, a agenda tem dados importantes, como a leitura final do PIB americano no 1Tri, decisão de política monetária na Turquia e México, e o primeiro debate presidencial entre Trump e Biden – 5ªF à noite. Aqui, o Congresso fica esvaziado pelas festas juninas no Nordeste, sem pautas de consenso para as sessões remotas, mas a semana será bastante movimentada pela ata do Copom amanhã, o IPCA-15 na 4ªF, junto com as contas do Governo Central, o Relatório Trimestral de Inflação e dados do emprego do Caged (5ªF) e, finalmente, Pnad Contínua e o resultado fiscal consolidado do setor público (6ªF).
… Já hoje serão conhecidos os números das transações correntes de maio (8h30), com previsão de déficit de US$ 3,05 bilhões, segundo a mediana de pesquisa Broadcast junto ao mercado financeiro. Em abril, o saldo negativo registrado foi de US$ 2,516 bilhões.
… Para o Investimento Direto (IDP), a mediana indica entrada de US$ 5,0 bilhões em maio, após superávit de US$ 3,867 bilhões em abril.
… Apesar de ainda positivo, o saldo mais modesto previsto para a balança comercial de bens em maio não deverá ser suficiente desta vez para compensar os déficits esperados nas contas de renda primária e de serviços, avaliam economistas.
… Cinco minutos antes das contas correntes, a pesquisa Focus (8h25) poderá mostrar um recuo nas expectativas de inflação, depois que o BC mostrou consenso em relação à decisão do Copom, o que o mercado pedia para recuperar a confiança na política monetária.
… É possível, ainda, que sejam divulgados hoje os dados da Receita sobre a arrecadação de maio.
… Quanto à ata, nesta 3ªF, deve trazer os argumentos da unanimidade para a interrupção do ciclo de quedas da Selic e a sinalização que o comunicado já antecipou de que os juros não devem mais cair neste ano, com a taxa mantida em 10,50%.
… O cenário alternativo de inflação introduzido pelo BC, que projetou um IPCA de 3,1% no fim de 2025 (na meta), considerando uma Selic estável em 10,50% no horizonte relevante, foi interpretado como o sinal de que a Selic deve permanecer parada.
… Essa é a expectativa da ampla maioria do mercado. De 42 casas consultadas pela Agência Estado após o Copom, 35 (83%) não esperam mais nenhum corte este ano. Apenas sete casas (16,6%) ainda projetam novas reduções em 2024, a partir de setembro.
… Embora algumas casas, como Citi e Itaú, não vejam espaço para a retomada do afrouxamento nem em 2025, a retomada das quedas no ano que vem segue nas projeções da maioria, com a confirmação do corte de juros pelo Fed e o novo BC.
… A unanimidade no Copom foi bem recebida, tirando do horizonte de curto prazo uma ameaça de deterioração maior das expectativas, mas o risco de o governo não conseguir cumprir o arcabouço fiscal e as dúvidas sobre a sucessão no BC adicionam cautela.
… Para alguns analistas, o time de Gabriel Galípolo (os quatro diretores indicados por Lula) votou junto com a maioria do colegiado (cinco), porque sabia que seria derrotado. Além disso, temia por nova onda de ruídos, com pressão sobre os juros e o câmbio.
… Segundo essa tese, as coisas podem mudar a partir de janeiro de 2025, quando o governo terá sete das nove cadeiras do Copom.
… Ainda que tal cenário se comprove, o mercado prefere Galípolo a André Lara Resende, que tem o apoio do PT como expoente da Teoria Monetária Moderna (MMT), segundo a qual, os governos podem expandir gastos e emitir quanto quiserem para financiar suas dívidas.
… Sobre Resende, o mercado não acredita que Lula arriscaria a esse ponto e reagiu com descrédito à campanha de ala mais à esquerda do PT, avaliando que estão apenas “colocando o bode na sala”, segundo apurou a Coluna do Estadão.
MAIS AGENDA – A semana tem ainda como destaque a reunião do CMN (4ªF), antes de viagem internacional de Campos Neto, na 5ªF. O colegiado costumava usar as reuniões de junho para deliberar sobre a meta de inflação três anos à frente.
… Em 2023, o CMN anunciou a mudança no sistema de metas, de ano-calendário para contínua. Essa alteração eliminaria a necessidade de o colegiado deliberar sobre a meta de 2027, que ainda não foi formalizada pelo governo.
… No início do mês, Haddad garantiu que o decreto que regulamenta a mudança da meta sairia antes do CMN.
DESONERAÇÃO – Reportagem do Poder 360 revelou que o governo receberá do Congresso nova proposta para compensar a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores, após o fracasso da MP do PIS/Cofins.
… A ideia defendida por alguns parlamentares é ressuscitar o PL 1.583/2022, que antecipa recebíveis da PPSA (Pré-Sal Petróleo). A receita poderia passar dos R$ 300 bilhões. Há estimativas no mercado de até R$ 500 bilhões.
… Esse volume não só cobriria a renúncia da desoneração, como ajudaria a equipe econômica a zerar o déficit.
PLANO SAFRA – Será lançado na 4ªF e será recorde para estimular produção, disse o ministro Carlos Fávaro (Agricultura).
PETROBRAS – Segundo fontes consultadas pelo Broadcast, os três nomes indicados à diretoria não devem enfrentar dificuldades e podem ser aprovados em reunião ordinária do conselho marcada para a próxima 6ªF.
HADDAD – Reúne-se hoje (9h30) com o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, na sede do ministério em Brasília. Às 11h, Haddad tem reunião com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
CAMPOS NETO – Tem agenda de despachos internos nesta 2ªF, em São Paulo. Não há previsão de compromissos públicos.
LÁ FORA – A agenda importante da semana nos EUA mede as chances de dois cortes de juro este ano.
… Indicador de inflação olhado mais de perto pelo Fed, o PCE de maio sai na 6ªF, um dia depois da leitura final do PIB/1Tri. Ainda no horizonte próximo, semana que vem (dia 5) tem payroll e, no dia 11, o CPI de junho.
… Amanhã, saem o índice de atividade nacional de maio medido pelo Fed de Chicago e a confiança do consumidor medida em junho pelo Conference Board. Na 4ªF, vêm as vendas de moradias novas em maio.
… Ainda na 4ªF, o Fed realiza testes de estresse bancário, depois de ter feito alertas na 6ªF (abaixo).
… Hoje, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, fala sobre política monetária em evento (15h).
… As decisões de política monetária na Turquia e no México estão marcadas para 5ªF. Também a Colômbia decide sobre juros na 6ªF.
CHINA – No próximo final de semana, serão divulgados o PMI composto oficial de junho (sábado à noite) e a leitura final de junho do PMI industrial medido pelo setor privado (noite de domingo).
ISRAEL X EUA – Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ao seu gabinete neste domingo que houve “queda dramática” nas remessas de armas dos Estados Unidos para a guerra em Gaza. A última entrega ocorreu há quatro meses.
… No sábado, pelo menos 39 pessoas foram mortas por ataques israelenses no norte da Faixa de Gaza; os ataques ocorreram um dia depois de 25 palestinos terem sido mortos em uma ofensiva em direção a acampamentos perto da cidade de Rafah.
… Ainda no fim de semana, o Financial Times publicou uma crítica do Gabinete de Orçamento do Congresso, afirmando que os pacotes de ajuda à Ucrânia e Israel elevarão o déficit fiscal dos EUA neste ano para US$ 1,9 bilhão.
FRANÇA – O partido União Nacional, liderado por Marine Le Pen, tem 36% nas intenções de voto para as eleições legislativas no próximo domingo, à frente do partido de esquerda Nova Frente Popular, com 27% das intenções, segundo a pesquisa da Elabe.
… O partido do presidente Emmanuel Macron vem em terceiro lugar, com 20% das expectativas de voto.
UNIÃO EUROPEIA & MERCOSUL – Ainda neste domingo, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente da Argentina, Javier Milei, trataram do acordo e concordaram que “as negociações deveriam ser concluídas rapidamente”.
ACOMODAÇÃO DO ESTRESSE – Fora um pico pontual de cautela registrado na tarde de 6ªF, quando o presidente Lula voltou ao ataque e chamou Campos Neto de “adversário político e ideológico”, o pregão passou com tranquilidade.
… Continuou repercutindo entre os investidores o alívio com a unanimidade do Copom na interrupção dos cortes da Selic, apesar das incertezas que ainda cercam a transição no comando do BC no final do ano.
… Questionado durante entrevista em uma rádio do Nordeste sobre a recente escalada do dólar, Lula disse que “não preocupa”, porque está chegando o momento de trocar o comando do BC e que logo as coisas voltarão à normalidade.
… Enquanto o presidente falava, o dólar chegou a zerar a queda, atingindo a máxima em R$ 5,4625. Mas logo driblou a volatilidade e voltou a cair, devolvendo parte da pressão recente, em movimento de realização.
… Após cinco sessões seguidas em alta, quando bateu na maior cotação em quase dois anos, a moeda norte-americana fechou em baixa moderada de 0,39%, a R$ 5,4408, reduzindo a alta acumulada na semana a 1%.
… A correção contrariou a tendência externa de alta do dólar, diante de indicadores mais fortes nos EUA.
… O efeito negativo da retórica de Lula contra RCN e a Faria Lima chegaram a abalar momentaneamente também a curva do DI na 6ªF, mas, assim como aconteceu no câmbio, o impacto se provou passageiro.
… Mesmo com as dúvidas sobre a sucessão no BC e o ajuste fiscal, os juros futuros descontaram os riscos e devolveram prêmios, aliviados pelo fato de o dólar ter conseguido parar de subir antes de bater em R$ 4,50.
… A percepção de que o Copom não se dobrou às pressões políticas continuou repercutindo positivamente na curva do DI, que esta semana tem o desafio da agenda importante aqui e lá fora (ata, RTI, Focus e PCE nos EUA).
… Os juros futuros mais longos foram os que mais caíram, sintonizados ao recuo dos yields dos Treasuries.
… No fechamento, o DI Jan/25 caía a 10,585% (de 10,630% na véspera); Jan/26 recuava para 11,135% (de 11,230%); Jan/27, a 11,505% (de 11,600%); Jan/29, 11,925% (de 12,030%); e Jan/31, 12,060% (de 12,170%).
GÁS EXTRA – Em dia de vencimento de opções sobre ações no Ibovespa, que turbinou o volume financeiro para R$ 30,2 bilhões, o índice à vista parou de patinar e conseguiu reconquistar o patamar dos 121 mil pontos.
… Nos pregões anteriores, o Ibovespa até vinha subindo, mas tão devagar, que mal dava para ensaiar algum ânimo. Na 6ªF, subiu com maior força (0,74%), a 121.341,13 pontos, completando a quarta alta consecutiva.
… Os papéis dos bancos chegaram a elevar a volatilidade com os comentários de Lula de que as instituições financeiras privadas só “querem especular e ganhar dinheiro com juros”. Mas contornaram o desconforto.
… Bradesco PN fechou estável (-0,08%, a R$ 12,40) e Santander caiu muito pouco (-0,18%, a R$ 27,54). Já Bradesco ON (+0,63%; R$ 11,14), Itaú (+0,57%; R$ 31,88) e BB (+0,83%; R$ 26,61) exibiram maior fôlego.
… Vale não conseguiu superar o recuo de 1,70% do minério de ferro e fechou em queda de 0,93%, a R$ 60,83.
… No noticiário da empresa, o Valor informou que alguns acionistas querem antecipar a escolha do novo CEO para o 2º semestre, enquanto o atual presidente, Eduardo Bartolomeo, tenta prolongar sua permanência até dezembro.
… A busca pelo sucessor enfrenta dificuldades pela necessidade de um executivo disponível imediatamente. Uma solução caseira, de profissionais internos como Gustavo Pimenta e Carlos Medeiros, não é descartada.
… A consultoria Russell Reynolds está conduzindo entrevistas para ajudar na escolha do futuro CEO. O governo também tem interesse em um nome que promova o crescimento e investimentos em minérios críticos.
… Sob as forças do game das opções, Petrobras PN subiu 0,60%, a R$ 36,72, mas ON cedeu 0,23%, a R$ 38,31. Lá fora, o dólar forte roubou as forças do petróleo e o Brent para setembro recuou 0,62%, a US$ 84,33 por barril.
… Sabesp disparou 3,87%, de olho no processo de privatização, que começa a entrar em sua reta final. A empresa definiu os termos e condições finais para seleção do investidor de referência no âmbito da oferta pública.
… Após o fechamento dos negócios, a companhia divulgou o prospecto (leia mais abaixo, no Em tempo…)
JO NO CREO EN BRUJAS – Em dia de “triple witching” (vencimento triplo de opções sobre ações, índices e futuros), Nvidia (-3,22%) afundou pelo segundo pregão seguido, mas NY não se apavorou com um estouro da bolha da IA.
… “Pode continuar inflando”, observou a consultoria Capital Economics, que projeta novas investidas de alta do S&P 500 nos próximos meses e elevou sua projeção para o índice no fim do ano para 6 mil pontos, contra 5.500 antes.
… O S&P 500 recuou 0,16% no último pregão, a 5.464,62 pontos, o Nasdaq também perdeu pouco (-0,18%; 17.689,36 pontos) e o Dow Jones fechou estável (+0,04%; 39.150,33 pontos), apesar da correção do setor de tecnologia.
… Os bancos também caíram, após comunicado do Fed apontar problemas em planos de resolução (para quebras ou eventuais estresses financeiros) no BofA (-1,25%), Goldman Sachs (-1,68%), JPMorgan (-1,19%) e Citigroup (-1,04%).
… Na agenda dos indicadores do dia, o PMI composto dos EUA subiu para 54,6 na leitura preliminar de junho e as vendas de moradias usadas caíram 0,7% no período, em ritmo bem menor do que apontava a estimativa de -1,7%.
… Os sinais de economia aquecida causaram repique pontual nas taxas dos Treasuries curtos, sensíveis às decisões de política monetária. No fechamento, porém, o juro da Note-2 anos voltava à estabilidade (4,727%, de 4,728%).
… No câmbio, não foi só o dólar que subiu com os dados fortes nos EUA, mas também as moedas europeias que caíram com a atividade fraca na zona do euro e a preocupação crescente com as eleições na França e Reino Unido.
… Neste domingo, Isabel Schnabel (BCE) disse que a última etapa do processo de desinflação da zona do euro está se provando instável. O euro recuou 0,12%, a US$ 1,0696, e a libra esterlina perdeu 0,08%, a US$ 1,2647.
… O índice DXY registrou alta de 0,2%, a 105,796 pontos. Sob risco de intervenção do BoJ, o iene caiu a 159,56/US$. Na última vez em que o dólar chegou a 160 ienes, em abril, o governo japonês tomou medidas contra a volatilidade.
EM TEMPO… Prospecto da oferta de ações que vai privatizar a SABESP foi divulgado na noite de 6ªF…
… Operação terá lote base que prevê a venda de 191.713.044 ações, que poderá ser aumentado em um lote adicional em mais 28.756.956 ações em caso de demanda forte…
… Preço da ação usado como referência foi de R$ 72,06, abaixo do valor de fechamento nesta 6ªF, de R$ 75,05…
… Pelo preço estabelecido como referência, a empresa informou que a oferta pode movimentar R$ 13,815 bilhões considerando o lote base e, somado o lote suplementar de R$ 2,072 bilhões, pode atingir até 15,887 bilhões…
… Esta é a maior oferta de ações do ano na B3 e uma das maiores em curso no mundo; no Brasil, é a maior do mercado desde a operação que privatizou a Eletrobras, que movimentou R$ 34 bilhões, em julho de 2021…
… A primeira etapa do processo de bookbuilding começa em 1º de julho e a divulgação do investidor de referência está prevista para o dia 16; período de reservas de ações vai de 1º de julho a 15 de julho…
… O encerramento do processo de bookbuilding é 18 de julho; liquidação da operação está prevista para 22 de julho; interessados em ser investidor de referência terão entre hoje e 6ªF para manifestar suas intenções de preço…
… Este investidor ficará com 15% da Sabesp e não poderá se desfazer de suas ações até 2029, além de não poder investir em áreas em outros locais que concorram com a companhia…
… Empresa apresentou na SEC um amplo prospecto detalhando seu processo de privatização, mas sem especificar datas da operação e valores…
… O empresário Nelson Tanure se cadastrou para o leilão de privatização da Sabesp, mas é improvável que faça uma oferta ou integre algum consórcio…
… Equatorial e Aegea continuam sendo as duas empresas que concorrem, de fato. (O Globo/Lauro Jardim)
B3. Vencimento de opções sobre ações, BDRs, Units e cotas de ETF movimentou R$ 25,439 bilhões na 6ªF; entre essas operações, R$ 6,159 bilhões foram de opções de compra e R$ 19,280 bilhões foram de venda.
BB Seguridade aprovou distribuição de R$ 2,7 bilhões em dividendos; valores por ação e datas de pagamento e de negociações ex-dividendos serão informados após a divulgação do balanço do 2TRI, em 5/8.
LOCALIZA aprovou a distribuição de R$ 422,6 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,3979 por ação, com pagamento em 19/8; ex a partir de 27/6…
… Conselho aprovou ainda aumento do capital de, no mínimo R$ 68.081.479,56 e, no máximo, R$ 359.269.259,76, mediante emissão de ações ON, nominativas, escriturais e sem valor nominal para subscrição privada.
MULTIPLAN aprovou a distribuição de R$ 135 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2336 por ação, com pagamento em 30/6/25; ex em 27/6/24.
AMBIPAR ESG captou R$ 1,2 bilhão em debêntures, em oferta pública que teve registro no último dia 18; operação deve ser liquidada amanhã.
RUMO MALHA PAULISTA fará resgate antecipado da primeira série da 2ª emissão de debêntures; liquidação na 4ªF.
COGNA realizará o resgate antecipado facultativo total das debêntures da 6ª emissão, a ser liquidado na 4ªF.
AÉREAS. Anac suspendeu limite de 2.714 voos semanais no Aeroporto de Guarulhos, que havia sido adotado por preocupações com segurança nos pátios das aeronaves, em especial nas operações noturnas e períodos de chuva.
APPLE mantém discussões com a Meta sobre a integração do modelo de inteligência artificial da Meta Platforms ao Apple Intelligence, sistema de IA recentemente anunciado para iPhones e outros dispositivos. (DJ)
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Sucessão no BC é novo suspense
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[21/06/24]
… Índices de atividade em junho na Alemanha, zona do euro, Reino Unido e nos EUA (10h45) são destaques na agenda internacional hoje, em meio às expectativas sobre os juros americanos, que oscilam a cada indicador ou comentário dos Fed boys. Nesta 5ªF, os alertas de Neel Kashkari, confirmados mais tarde por Thomas Barkin, voltaram a puxar os rendimentos das Treasuries e o dólar, limitando os efeitos do Copom sobre os ativos domésticos. Mas não se tem certeza se a unanimidade garantiria toda essa festa. O BC impôs sua decisão a contragosto de Lula, mas o presidente ainda não perdeu a guerra. Para que dê tudo certo, Galípolo precisa ser confirmado. Além disso, o risco fiscal e as dificuldades que a equipe econômica enfrenta para cumprir o arcabouço continuam nublando o horizonte.
… Segundo o repórter Guilherme Balza/Globonews, Haddad e Tebet levaram várias propostas a Lula nesta semana e foi fechada uma revisão de despesas com os benefícios assistenciais, que pode representar uma economia entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões em 2025.
… Esse montante seria suficiente para fechar as contas no ano que vem e garantir, no PLOA, a manutenção da meta de déficit zero.
… A proposta seria de um pente-fino para detectar irregularidades, principalmente no BPC, de onde pode sair a maior parte dos recursos. Também seriam revisados os cadastros do seguro-desemprego, seguro-defeso e Proagro, a exemplo do que foi feito no Bolsa Família.
… No Senado, as propostas para cobrir a desoneração da folha de empresas e municípios, após a devolução da MP do PIS/Cofins, não dão conta de cobrir o déficit. Mas o governo já avalia lançar mão de algumas soluções temporárias, segundo o líder Jaques Wagner.
… Entre as medidas, estão a captura de depósitos esquecidos em contas judiciais, um novo prazo de repatriação de recursos no exterior, regularização na declaração de IR e um programa de descontos para empresas com multas vencidas em agências reguladoras.
… Wagner, que também é relator da proposta, admite que o conjunto de sugestões dos senadores não seria suficiente para compensar a desoneração até 2027, mas diz que “poderia resolver o equilíbrio de caixa para este ano, pelo menos”.
… Em entrevista ao Broadcast, o diretor-executivo da Fitch Ratings no Brasil, Rafael Guedes, disse que o cenário fiscal vem piorando desde julho do ano passado, quando a agência melhorou, de BB- para BB, a classificação do risco de crédito do País.
… “Os números que trabalhávamos no momento do aumento da nota não são bem os números que estamos vendo agora. Esperávamos números mais robustos de entrega fiscal”, disse ele, citando a mudança das metas fiscais de 2025 e 2026 como negativa.
… O analista disse que, “caso a escalada dos gastos obrigatórios leve o governo a excluir despesas do limite do arcabouço, a consequência será uma deterioração da dinâmica da dívida, com possíveis implicações na nota do Brasil”.
… Em relação à troca do comando no Banco Central, Rafael Guedes comentou que a política monetária se tornará uma preocupação caso as decisões de juros passem a ser influenciadas por pressões políticas. E esse é o maior medo do mercado.
… A reação de Lula ao Copom foi até moderada, embora ele tenha lamentado a interrupção das quedas da Selic e lançado novas críticas a Roberto Campos Neto. O presidente disse que “quem está perdendo é o Brasil, o povo brasileiro”.
… Em entrevista à Rádio Verdinha, do Ceará, também defendeu “gastos necessários” em saúde, educação e no salário mínimo, ignorando as preocupações fiscais e as pressões por cortes de despesas. Lula não deixa dúvidas do que quer fazer.
… “Nós estamos investindo no povo brasileiro. A decisão do BC foi investir nos especuladores que ganham com os juros.”
… Sacramentada a unanimidade do BC, o que o mercado quer saber agora é quem estará à frente do novo BC, a partir de janeiro. Apesar de ter votado com RCN, Gabriel Galípolo ainda estaria no páreo, segundo a Coluna do Estadão apurou junto a fontes do governo.
… Nos bastidores, a análise é de que é preciso separar a retórica política da estratégia econômica.
… Para auxiliares do presidente Lula, Galípolo não tinha saída a não ser votar para manter a Selic, porque uma nova divisão do Copom iria desvalorizar ainda mais o real em relação ao dólar, com efeitos sobre a economia.
… O raciocínio é que o voto dele foi estratégico, inclusive para mostrar sua independência em relação ao governo, e não ser inviabilizado para suceder a Roberto Campos Neto. São sinais de que Lula pode ter sido avisado previamente.
… Galípolo teria o apoio não apenas do ministro Haddad, mas também do todo-poderoso chefe da Casa Civil, Rui Costa.
… A alternativa, defendida pelo PT, seria André Lara Resende, cujo nome surgiu quando Lula descreveu, em recente entrevista, o perfil de quem ele considera ideal para assumir o BC: “alguém maduro e experiente, capaz de resistir às pressões do mercado”.
CAPTAÇÃO DO TESOURO – Na segunda operação feita pelo governo brasileiro no exterior com bonds sustentáveis, foram levantados US$ 2 bi (mesmo valor da primeira emissão, em novembro do ano passado).
… Segundo o Tesouro, a demanda superou largamente o volume emitido e chegou perto de US$ 4,7 bi, com ampla participação (77%) de investidores estrangeiros (europeus e americanos) e 14% da AL, incluindo o Brasil.
… Os bonds foram colocados oferecendo ao investidor uma taxa de retorno de 6,375%.
CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA – Publicado no Diário Oficial, o decreto que será base para as renovações exige compromisso imediato com metas de qualidade na prestação de serviços e verificação da saúde financeira.
… Segundo o documento, ao qual o Broadcast teve acesso, a eficiência com relação ao serviço será mensurada por indicadores sobre frequência e duração média das interrupções do serviço de distribuição de energia.
… Já a eficiência com relação à gestão econômico-financeira será avaliada por indicador que ateste a capacidade de a concessionária “honrar seus compromissos” de maneira sustentável. Caberá à Aneel verificar.
… Em caso de descumprimento, o decreto estabelece limitação do pagamento de dividendos e de JCP. A limitação ao mínimo legal (25% do lucro líquido ajustado) funcionará como uma penalidade.
… As concessões de distribuição de energia elétrica poderão ser prorrogadas ou licitadas por trinta anos.
… Na semana passada, o presidente Lula afirmou que o Brasil tem interesse em renovar o acordo com a Enel, desde que a companhia assuma o compromisso de maiores investimentos no País.
… A empresa teria proposto R$ 20 bi nos próximos três anos com a promessa de contornar a crise dos apagões.
MAIS AGENDA – Nenhum indicador relevante sai por aqui. Lá fora, as leituras preliminares de junho do PMI/S&P Global composto saem na Alemanha (4h30), zona do euro (5h), Reino Unido (5h30) e nos EUA (10h45).
… Ainda na agenda americana: vendas de casas usadas em maio (11h) e poços de petróleo da Baker Hughes (14h).
JAPÃO HOJE – O PMI composto caiu de 52,6 em maio a 50,0 em junho, segundo pesquisa preliminar da S&P Global.
… Já o PMI de serviços cedeu de 53,8 para 49,8 no mesmo período, agora em território contracionista. O PMI industrial foi na contramão e subiu, passando de 49,9 para 50,5 e indicando expansão da atividade econômica.
PILHADO – Durou muito pouco a repercussão positiva do câmbio à vitória da unanimidade do Copom. Logo o dólar abandonou a mínima abaixo de R$ 5,40, estabelecida pela manhã (R$ 5,3872), para prosseguir em sua escalada.
… As incertezas sobre a transição no BC, os desafios fiscais domésticos, além da pressão externa, com o Fed que ainda pode demorar para cortar os juros, tudo isso junto vai jogando contra as tentativas de reação do real.
… O dólar já está agora no patamar mais caro desde o governo Lula 3 e também no maior valor em quase dois anos, desde julho de 2022, ainda durante a gestão Bolsonaro. Fechou ontem valendo R$ 5,4619, com alta de 0,37%.
… Foi a quinta sessão de ganhos consecutivos e comenta-se que a moeda americana só não subiu mais ontem, porque o anúncio da captação de US$ 2 bilhões em bonds sustentáveis pelo Tesouro ajudou a neutralizar a força.
… O dólar acumula alta de quase 1,5% na semana, 4% no mês e 12,54% no ano, o que leva o real a amargar o pior desempenho em 2024 entre todas as principais moedas globais, seguido pelo peso argentino e pela lira turca.
… Nos picos, o dólar perto de R$ 5,50 é um indutor perigoso da inflação. O câmbio depreciado moderou ontem o ânimo do DI, que não relaxou de forma tão expressiva à perspectiva de Selic estável por bastante tempo.
… No fechamento, o DI para Jan25 caiu a 10,630% (de 10,714% na véspera); e Jan26, a 11,235% (de 11,295%). Já o Jan27 subiu a 11,600% (de 11,67%); Jan29 fechou a 12,03% (estável); e Jan31, a 12,170% (de 12,187%).
… Depois do Copom sem racha desta vez, o mercado consolidou a aposta de que a Selic ficará engessada em 10,50% até o fim do ano. Esta é a precificação de 35 das 42 casas (ou 83%) consultadas pelo Projeções Broadcast.
NÃO DESLANCHA – Apesar do alívio com o Copom, tudo o que o Ibovespa conseguiu subir foi 0,15%, aos 120.445,91 pontos, com giro de R$ 21 bilhões, em sinal de cautela com a próxima crise (novo comando do BC).
… As ações da Petrobras se destacaram ontem, com o desempenho positivo atribuído à declaração de Magda Chambriard, em sua posse, no dia anterior, quando reafirmou a política de dividendos praticada pela empresa.
… Ela disse que manterá a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre como obrigatória, ofuscando a fala de Lula, que ficou “meio nervoso” ao saber do pagamento de R$ 45 bilhões de dividendos a acionistas minoritários.
… Petrobras ON subiu 2,02%, a R$ 38,40, e PN registrou elevação de 1,59%, a R$ 36,50. Os papéis registraram impulso maior do que o barril do petróleo Brent para agosto, que avançou 0,75% e fechou cotado a US$ 85,71.
… A alta teve como gatilhos a queda nos estoques americanos da commodity, a perspectiva de demanda forte durante a temporada de viagens nos EUA e os novos desdobramentos dos conflitos no Oriente Médio.
… Israel realizou novos ataques em Rafah, na Faixa de Gaza, e sinalizou planos de atacar o Hezbollah no Líbano.
… A Vale, que atualizou as estimativas para sua divisão de metais de transição energética, avançou 0,90% (R$ 61,40).
… Os principais bancos fecharam mistos. Ficaram no azul Bradesco ON (+0,27%; R$ 11,07) e Banco do Brasil (+0,46%; R$ 26,39). Já Itaú registrou -0,68% (R$ 31,91); Bradesco PN, -0,24% (R$ 12,41); e Santander, -0,11% (R$ 27,59).
BOLHAS NO CAMINHO – Demorou, mas ontem chegou a hora de o Nasdaq partir para uma mini-realização de lucro, desencadeada pelo setor de semicondutores, que vive a febre compradora da inteligência artificial.
… Vindo de sete recordes históricos consecutivos, o índice da bolsa eletrônica perdeu 0,79%, aos 17.721,59 pontos, com a virada negativa dos papéis da Nvidia (-3,54%), Micron (-6,03%) e Qualcomm (-5,12%).
… Se a reversão do otimismo vem para ficar, é cedo para dizer. Parte dos analistas confia que a lua de mel com a IA não deve se esgotar no curto prazo e que, embora sob ondas de correção, o Nasdaq ainda vá a 20 mil pontos.
… Ontem, o S&P 500 recuou 0,25%, aos 5.473,17 pontos, mas o Dow Jones subiu 0,77%, aos 39.134,76 pontos, apesar de o mercado ter voltado a lançar dúvidas sobre as chances de o Fed cortar o juro duas vezes este ano.
… A esperança foi colocada à prova pelo comentário do Fed boy Neel Kashkari de que levará tempo para a inflação voltar à meta e que o Fed não tem pressa em cortar juros, o que puxou a taxa dos Treasuries e o dólar.
… Ontem à noite, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, foi na mesma linha de Kashkari e disse que o processo de desacelerar as pressões inflacionárias persistentes na economia dos EUA demorará algum tempo.
… Já Austan Goolsbee (Fed de Chicago) afirmou que a inflação não precisa cair à meta de 2% para os juros serem cortados e que basta que os próximos relatórios de inflação mensais repitam o progresso do CPI de maio.
… Mas o tom dovish pouco anima, porque Goolsbee não vota nas decisões de política monetária deste ano.
… A taxa da Note de 2 anos subiu a 4,728%, contra 4,707% antes do feriado, e a de 10 anos avançou para 4,252%, de 4,215%. No câmbio, a postura do Fed levou o índice DXY a ganhar 0,32%, a 105,588 pontos.
… Apesar de o BoE ter mantido os juros em 5,25% ontem, a libra caiu (-0,45%, para US$ 1,2667), porque interpretou que o BC inglês está antecipando um corte nas taxas para breve, potencialmente em agosto.
… O euro perdeu 0,37%, para US$ 1,0711, após o dirigente do BCE Klaas Knot ter apoiado um ou dois relaxamentos do juro este ano. Economistas europeus apostam em duas doses de queda de 25pb (setembro e dezembro).
… O iene recuou 0,57%, a 158,91/US$, apesar das advertências do governo sobre flutuações excessivas da divisa.
EM TEMPO… Vale Metais Básicos (VBM) está perto de acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas) do Pará para a reabertura das minas de Onça Puma, de níquel, e Sossego, de cobre. (Broadcast)
CSN. CFL Ana, controlada pela CFL Participações, reduziu participação na empresa para 132.524.251 de ações ON, representando, de forma agregada, 9,99% do capital social e votante da companhia.
SABESP. A oferta de ações que culminará na privatização será lançada oficialmente hoje, com a divulgação ao mercado do prospecto da transação. O roadshow começará na próxima 2ªF…
… Os finalistas na disputa para ser acionista de referência serão conhecidos no dia 28. Ontem, o governo paulista aprovou o modelo de oferta de privatização, em reunião do Conselho de Desestatização…
… Na disputa pelo posto de sócio de referência (que terá 15% das ações), o investidor que tiver maior demanda no bookbuilding terá direito a igualar, na fase final, sua proposta à do concorrente e vencer a disputa…
… Trata-se de um mecanismo conhecido como “right to match”, que neste caso basicamente favorecerá o investidor que atrair maior demanda do mercado na coleta de intenção de investimentos.
RAÍZEN. Fitch reiterou rating BBB da empresa, com perspectiva estável.
ENERGISA. Consumo de energia subiu para 3.593,3 GWh em maio, aumento de 12,4% ante o mesmo mês de 2023.
LOJAS RENNER aprovou a distribuição de R$ 149,07 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1559 por ação, com pagamento em 9/7; ex em 26/6.
COPASA aprovou a distribuição de R$ 120,1 milhões em JCP (R$ 0,31 por ação) e de R$ 25,7 milhões em dividendos (R$ 0,07 por ação), com pagamento em 19/8; ex em 26/6.
LIGHT informou que negociações de debêntures Sesa e títulos lastreados estão vedadas até reestruturação.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
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Lula ainda dará a última palavra
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[20/06/24]
… PBoC da China manteve os juros em 3,45%, nesta 5ªF, quando também o BoE faz reunião de política monetária (8h). NY volta do feriado e devolve liquidez aos mercados, tendo na agenda auxílio-desemprego (9h30), estoques de petróleo (12h) e dois Fed boys. Aqui, o mercado reage ao Copom, que não se dobrou às pressões políticas de Lula e, como queria o mercado, entregou a unanimidade na decisão de interromper as quedas da Selic, com a taxa em 10,5%. Isso parece bom, mas não é uma garantia. O presidente ainda dará a última palavra, ao nomear o sucessor de Campos Neto para assumir o Banco Central a partir de janeiro de 2025, além de dois diretores que serão trocados. Então, o governo terá sete cadeiras no Copom e Lula pode escolher nomes mais alinhados ao que o PT acredita.
… Galípolo e Picchetti, dois cotados para a vaga de RCN, podem ter salvado a sua biografia com o voto técnico pela manutenção da Selic, mas certamente decepcionaram Lula por terem validado a condução ortodoxa da política monetária do atual BC.
… O presidente ainda estará disposto a colocar um deles no comando do BC? Houve “traição” ou a unanimidade foi negociada com Lula?
… Se Haddad convenceu o presidente de que não havia outro voto possível para Galípolo, ele poderá ser confirmado e fica tudo certo. Do contrário, Lula pode surpreender. E neste caso, a unanimidade será de pouca serventia e curta duração porque vem aí um novo BC.
… Nas críticas a Roberto Campos Neto, o presidente levantou a lebre, ao dizer que quer alguém “maduro” e “experiente” para o BC, o que levou a especulações sobre alguns nomes, como André Lara Resende e até mesmo Guido Mantega e Aloizio Mercadante.
… Novos comentários do presidente Lula, de Haddad e do PT podem dar alguma pista se este é um jogo combinado ou não.
… Ontem à noite, após participar de ato em homenagem ao Dia do Cinema Brasileiro, no Rio, Haddad evitou comentar o Copom, dizendo que vai esperar para ler a ata [próxima 3ªF], mas fez questão de afirmar que tem confiança nas pessoas indicadas ao BC.
… Lula também participou do evento, após a posse de Magda Chambriard na Petrobras, mas não se pronunciou sobre o Copom.
… Seja como for, hoje a reação deve ser a esperada na abertura dos negócios, dando continuidade ao ajuste iniciado pelo mercado horas antes de o Copom dar seu resultado, quando juros e dólar devolveram as máximas e o Ibov lutou pelos 120 mil pontos (abaixo).
HAWK – A mensagem do Copom veio “dura”, anotando que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
… Ou seja, o BC sinalizou que manterá a Selic em 10,5% até o fim do ano, sem chance de novos cortes. Por isso, talvez, o texto não tenha falado em “pausa”. No mercado financeiro, as expetativas são de que as quedas serão retomadas em 2025.
… Em dado trecho, o comunicado até mesmo sugere que pode subir o juro, quando afirma que o “Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
… O Copom ainda citou a “ampliação” da desancoragem das expectativas de inflação – e isso é o que se vê na Focus – para dizer que, junto com o estágio lento da desinflação e o cenário global desafiador, demandam moderação na condução da política monetária.
… Não houve mudanças na descrição do ambiente externo, que, para o BC, se mantém “adverso”, em função da incerteza elevada sobre a flexibilização dos juros nos EUA e da velocidade com que se observará a queda da inflação em diversos países.
… Em relação ao cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho foram novamente citados como um indicativo de dinamismo maior do que o esperado, assim como as medidas de inflação subjacente “acima da meta”.
… Nas projeções de inflação, o BC elevou o IPCA/24 de 3,8% para 4% e de 2025, de 3,3% para 3,4%, e retomou o cenário alternativo, com a Selic mantida constante ao longo do horizonte relevante, no qual as projeções situam-se em 4% para 2024 e 3,1% para 2025.
… O quadro fiscal mereceu um parágrafo inteiro, no qual o Copom lembra que “uma política fiscal comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros”.
REAÇÕES – Dos economistas do mercado foram as melhores possíveis logo nos primeiros minutos da decisão do Copom.
… Para Mário Mesquita (Itaú), “deve ajudar a restaurar o compromisso do Comitê com a meta de inflação”.
… Fernando Honorato Barbosa (Bradesco): “Decisão unânime sinaliza que Copom concorda com importância de perseguir meta”.
… Sergio Goldenstein (Warren): “Copom descreve decisão como interrupção do ciclo de cortes e não como um encerramento”.
… Marco Antônio Caruso (PicPay): “Copom foi pragmático e pode ajudar a acalmar o humor do mercado”.
… Victor Neyruti e Yuri Alves (Guide): “Unanimidade ao interromper o ciclo de quedas reforça compromisso com meta de inflação”.
… Everton Gonçalves (ABBC): “Decisão do Copom é congruente com retomada de reancoragem das expectativas”.
… Rafael Cardoso (Daycoval): “Unanimidade no Copom reduz riscos para futuro da política monetária”.
… Ivo Chermont (Quantitas): “Comunicado bem escrito do Copom deve acalmar bastante o mercado”.
… Étore Sanchez (Ativa): “Reafirmamos expectativa de Selic 10,5% até, pelo menos, o início de 2025”.
… Roberto Secemski (Barclays): “Decisão unânime importa especialmente após crítica de Lula a Campos Neto”.
… Andrea Damico (Armor): “Copom unânime é prova que integrantes não foram influenciados politicamente”.
… Ricardo Tadeu Martins (Planner): “Copom se mostrou responsável diante das condições inflacionárias”.
… Alexandre Mathias (Monte Bravo): “Copom indica que Selic deve permanecer em 10,5% até o fim de 2024”.
… Nicolas Borsoi (Futura): “Copom sinaliza que novos diretores estão alinhados em postura de cautela”.
… Luiz Otávio de Souza Leal (G5): “Reação do mercado deve ser positiva, como fechamento de hoje já indicava”.
… Álvaro Frasson (BTG): “Decisão unânime reduz um pouco polarização e aumenta credibilidade do BC”.
… Laiz Carvalho (BNP): “Cenário alternativo mostra que não há espaço para cortar juro no curto prazo”.
… Leonardo Costa (ASA): “Copom mostra neutralidade na maioria dos pontos”.
… Caio Megale (XP): “Nosso cenário é de Selic parada em 10,5% até o fim de 2025”.
… Flávio Serrano (BMG): “Leitura da decisão do Copom é de pausa, e não fim do ciclo”.
… Daniel Cunhas (BGC Liquidez): “Mercado deverá reagir positivamente à decisão do Copom”.
AGENDA – Haddad tem almoço institucional (12h30) com a direção do jornal O Globo. Lá fora, o BC inglês deve manter as taxas de juros inalteradas em 5,25% e abrir espaço para a primeira redução em agosto, antes do Fed.
… Nos EUA, os Fed boys Neel Kashkari (9h45) e Thomas Barkin (17h) participam de eventos.
… Entre os indicadores, o auxílio-desemprego sai às 9h30 e tem previsão de queda de 7 mil pedidos, para 235 mil. No mesmo horário, saem as construções de moradias iniciadas em maio, que devem subir 1,1%.
… Ao meio-dia, a estimativa é que os estoques de petróleo do DoE apontem queda de 2,1 milhões de barris.
DE LAVADA – O placar de 9 a 0 do Copom contrata gap de queda para o dólar, alívio de prêmios de risco na ponta curta do DI e também pode consolidar o Ibovespa nos 120 mil pontos, pelo menos na primeira reação.
… Ontem, depois de uma manhã de pressão na curva dos juros futuros e de investida do dólar para perto da linha dos R$ 5,50, o mercado doméstico deu uma relaxada na reta final do pregão, antecipando o que viria.
… Os negócios resolveram embarcar nos relatos na imprensa, poucas horas antes da decisão de política monetária, de que o Planalto já esperava como desfecho da reunião uma vitória da independência do BC.
… Os juros futuros curtos perderam fôlego e os longos viraram para queda, em dia sem os Treasuries.
… No fechamento, o DI para Jan25 subiu a 10,670% (de 10,655% na véspera); Jan26, a 11,295% (de 11,275%); e Jan27, a 11,575% (de 11,620%). Já o Jan29 caiu a 11,935% (de 12,000%); e Jan31, a 12,070% (de 12,140%).
… O dólar à vista se afastou da máxima intraday de R$ 5,4827, desacelerando a alta no fechamento para 0,14%, cotado a R$ 5,4418. Apesar do alívio no câmbio, o real atravessa uma fase de desafios com o Fed e o fiscal.
… A moeda segue depreciada, apesar dos dados do fluxo cambial, que está positivo em US$ 6,337 bilhões este mês, até o dia 14, com entradas de US$ 2,104 bi pela via financeira e de US$ 4,233 bi pelo comércio exterior.
… Lá fora, apesar de o CPI do Reino Unido ter subido em maio (2%) menos que em abril (2,3%), a libra não recuou (+0,06%; US$ 1,2720), porque antecipa juro estável pelo BoE, devido à inflação persistente de serviços.
… O euro mal oscilou (+0,04%; US$ 1,0744) e o iene (158,02/US$) caiu 0,12%, com DXY a 105,239 pts (-0,02%).
CORREU ATRÁS – O otimismo com a aposta (certa) na reta final dos negócios de que o Copom não se dobraria à pressão política se somou à alta em bloco dos bancos e levou o Ibovespa a reconquistar os 120 mil pontos.
… O índice à vista fechou em alta moderada de 0,53%, aos 120.261,34 pontos. O volume financeiro, que já vem secando há muito tempo, foi ainda pior ontem (R$ 14,1 bilhões), comprometido pelo feriado em Wall Street.
… Os papéis das blue chips financeiras surfaram todos na onda positiva: Itaú, +0,78% (R$ 32,13); Bradesco ON (+0,55%; R$ 11,040); Bradesco PN (+0,48%; R$ 12,44) Santander (+0,11%; R$ 27,62); e BB ON, +0,73% (R$ 26,27).
… Já as ações da Petrobras mostraram instabilidade, em dia da posse de Magda Chambriard e de queda do petróleo, que passou por uma leve correção, após ter atingido o preço mais alto em sete semanas.
… O Brent para agosto caiu 0,30%, a US$ 85,07 por barril. Petrobras ON caiu 0,63%, a R$ 37,64, e PN fechou estável (+0,08%), a R$ 35,93. Vale avançou 0,31% (R$ 60,85), contrariando o sinal de baixa do minério (-0,36%).
… Durante cerimônia simbólica de posse de Magda Chambriard na Petrobras, o presidente Lula disse que a Vale foi “rifada” quando privatizada, em 1997, o que a fez ficar “sem ter um dono para ter com quem conversar”.
… Ele ainda cobrou o pagamento de indenizações pelas tragédias em Mariana (2015) e Brumadinho (2019).
… Papéis do setor de frigoríficos estenderam os ganhos da véspera, repercutindo a valorização do dólar e a decisão da China de abrir investigação antidumping sobre importações de carne suína da UE.
… BRF saltou 4,33% (R$ 20,02); Marfrig, +3,03% (R$ 10,88); Minerva, +2,86% (R$ 6,47); e JBS, +1,87% (R$ 29,44).
EM TEMPO… VALE informou que usinas de Salobo 1 e 2 não foram afetadas pelo incêndio na Salobo 3…
… Guidance de produção de cobre para 2024 permanece inalterado após o incidente e não há previsão de impacto nas vendas de cobre no 2TRI…
… Moody’s atribuiu rating de emissor Baa3 à Vale Base Metals Limited (VBM), subsidiária da empresa, com perspectiva estável.
MULTIPLAN concluiu a aquisição de fatia de 9% do shopping center ParkJacarepaguá, por R$ 66 milhões, elevando a sua participação na propriedade para 100%.
FRIGORÍFICOS. Itaú BBA avaliou que a investigação antidumping da China contra a carne suína da União Europeia pode beneficiar os exportadores brasileiros de proteína…
… No entanto, o banco ponderou que o mercado já pode ter precificado essas expectativas, e os efeitos futuros dependerão do andamento da investigação…
… Itaú BBA destacou que a BRF, em particular, poderia emergir como a principal beneficiária, devido à sua significativa exposição à carne suína e possíveis impactos indiretos positivos nas exportações de frango…
… JBS e Marfrig também devem se beneficiar, embora em menor grau, devido à plataforma diversificada da JBS e à exposição limitada da Marfrig à carne suína.
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