PIB nos EUA e relatório de inflação no Brasil são destaques

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[27/06/24]

… A leitura final do PIB/1Tri dos Estados Unidos (9h30) é o destaque da agenda internacional, nesta 5ªF, com estimativa de desaceleração para 2,9% na base anual, contra 3,4% no 4Tri/23. Junto com os dados, sai o PCE do período, que no trimestre anterior subiu 2% no núcleo. Mas é o PCE de maio, amanhã (6ªF), a maior expectativa para ajustar as expectativas para os juros. Às 22h (Brasília), o primeiro debate entre Biden e Trump poderá selar as chances de reeleição do democrata. Há muita apreensão sobre seu desempenho. Aqui, o dia começa com o Relatório Trimestral de Inflação (8h), que será comentado em entrevista de Campos Neto e Diogo Guillen (11h). Economistas do mercado estão interessados em detalhes sobre as revisões do juro neutro e do hiato do produto e na visão do BC para a inflação de 2026.

… No Copom, que interrompeu o ciclo de quedas da Selic, o Comitê subiu o juro neutro de 4,5% para 4,75% e ajustou o hiato do produto, que passou de -0,6% para “em torno da neutralidade”. Outra expectativa é para a avaliação do BC sobre a inflação de serviços.

… Galípolo também antecipou na live da Warren Rena (3ªF) que o RTI apresentará um estudo de Guillen sobre o hiato de câmbio.

… Ao Broadcast, a economista-chefe da GAP, Anna Reis, disse que as estimativas que tentam simular os modelos do BC apontam para um IPCA em 2026 abaixo da meta de 3% no cenário alternativo, “o que justificaria a retomada das quedas do juro ainda neste ano”.

… Não está claro, no entanto, se o RTI irá apresentar projeções com o cenário alternativo, como fez no comunicado e na ata do Copom.

… Já o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, disse que espera ver no RTI a avaliação sobre os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul para a inflação do País, além de uma análise sobre a relação entre mercado de trabalho e a inflação de serviços.

… Fontes do jornalista Francisco Carlos de Assis (Agência Estado) revelam que as mudanças do RTI, que passará a se chamar Relatório de Política Monetária, devem se concentrar na simplificação da linguagem, que pretende ser mais acessível e direta.

… Já o sistema de coleta, compilação dos dados e o resultado final do relatório ficam inalterados.

A META CONTÍNUA – CMN ratificou a meta em 3%, com tolerância de 1,5pp para mais ou para menos, e definiu o IPCA como o índice que será usado para medir a inflação. A meta será considerada descumprida se houver desvio por seis meses consecutivos.

… O decreto da meta contínua define ainda que qualquer mudança tem que ser feita com antecedência mínima de 36 meses.

… Haddad conversou com a imprensa logo após a reunião do Conselho Monetário. Na sua avaliação, o novo arcabouço fiscal e a meta contínua estabelecem, do ponto de vista de políticas fiscal e monetária, um novo horizonte macroeconômico para o Brasil.

… O ministro reclamou que tem havido “muita especulação” e tentou afastar os ruídos com a presença de Galípolo no encontro com Lula que discutiu o decreto da meta contínua. “Galípolo foi o diretor do BC que liderou o debate sobre o novo regime de meta.”

… Haddad também criticou algumas projeções do mercado financeiro, que indicam resultados fiscais ruins. “Vamos aguardar, mas minha impressão é que teremos o melhor resultado fiscal dos últimos dez anos em 2024.”

… O ministro afirmou, ainda, que a economia está crescendo com a inflação em queda, e que esse é o objetivo.

… O decreto, considerado positivo pelo mercado não conseguiu, no entanto, evitar nova pressão na curva de juros futuros, com algumas taxas perto das máximas do ano, puxadas pelo avanço dos yields dos Treasuries, escalada do dólar e novas falas de Lula (abaixo).

LULA – O presidente voltou a questionar a necessidade de cortes nos gastos, dizendo que “precisa saber se efetivamente tem que cortar ou se a gente precisa aumentar a arrecadação”. Disse ainda que as despesas serão avaliadas “sem o nervosismo do mercado”.

… Lula insistiu que não desvinculará o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e as pensões do salário mínimo, porque “isso não é gasto”.

… O fato é que tudo o que presidente fala tem amplificado os ruídos em um cenário de desconfianças sobre a sustentabilidade do novo arcabouço. Além das incertezas fiscais, preocupa a sucessão no Banco Central.

… “O governo parece não se incomodar com o dólar a R$ 5,50”, disse Leonardo Cappa (Traad) à jornalista Denise Abarca (Broadcast).

… Para Gino Olivares (Azimut), Lula enfraquece a agenda de revisão de gastos anunciada por Haddad e Tebet. “É um balde de água fria. Acaba por ofuscar o potencial benigno da meta contínua. Como dar atenção a isso num ambiente de tanto ruído?”.

… No fim da tarde, em entrevista a jornalistas, Lula ironizou a reação do mercado às suas falas da manhã ao UOL. “Devem ter gostado”, disse, emendando que “depois do Getúlio e D. Pedro, eu sou o cara que tem mais experiência em governar.”

… Em seguida, o presidente defendeu a política econômica e disse que “a meta de inflação é um número a ser perseguido” pelo governo federal. “Ninguém neste País conhece inflação como eu. Amo inflação baixa, o povo brasileiro ama inflação baixa.”

RETÓRICA POLÍTICA – A elevada tensão do dia estimulou o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, a sair em defesa de Lula, quando disse que “não viu nada de novo, que já não fosse público, nas declarações do presidente sobre corte de gastos”. E ele tem razão.

… O mercado está cansado de saber que Lula não vai mexer no salário mínimo, não vai mexer nas aposentadorias e nos benefícios sociais, não vai fazer o ajuste em cima dos pobres. E ainda assim se deixa impressionar pela retórica do presidente.

… Se for nessa toada, a coisa vai longe, porque Lula entrou em campanha pelas eleições municipais e está falando todos os dias, às vezes, duas vezes por dia, e deve continuar nesse calendário, em uma série de viagens pelo Brasil. Até outubro.

MAIS AGENDA – O IGP-M fechado de junho sai às 8h e deve desacelerar para 0,85% em junho (mediana no Broadcast), após alta de 0,89% em maio. Às 14h30, tem Caged, com previsão de 200 mil vagas com carteira assinada.

… O diretor de Regulação do BC, Otavio Damaso, palestra às 12h30 sobre a agenda de inovação do BC, em SP.

LÁ FORA – Nos EUA, além do PIB, saem o auxílio-desemprego (9h30), que deve apontar queda de três mil pedidos, para 235 mil; as encomendas de bens duráveis em maio (9h30) e as vendas pendentes de imóveis (11h).

… Os BCs da Turquia (8h) e do México (16h) divulgam as suas decisões de política monetária.

AFTER HOURS – As ações dos grandes bancos americanos recuaram no pregão noturno, após o Fed divulgar o resultado de seu teste de estresse, que indicou despesas maiores das instituições contra o exercício de 2023.

… Goldman Sachs caiu 1,72%, Morgan Stanley perdeu 0,94%, Wells Fargo recuou 1,20% e BofA, -0,41%.

… Ainda no after market, as ações da fabricante de chips de memória Micron Technology derreteram quase 8%, apesar de a demanda relacionada à inteligência artificial ter impulsionado os resultados do 3Tri fiscal.

CHINA HOJE – O lucro industrial registrou alta anualizada de 0,7% em maio. Em abril, a expansão havia sido bem maior, de 4,0%. No acumulado de janeiro a maio, o lucro industrial avançou 3,4% na comparação anual.

COMBINAÇÃO EXPLOSIVA – A retórica fiscal expansionista de Lula coincidiu com mais um dia de pressão externa do dólar para levar a moeda americana a romper R$ 5,50 por aqui e testar R$ 5,52, estressando também a curva do DI.

… O câmbio contamina cada vez mais o canal da inflação e esvazia a esperança de retomada dos cortes da Selic.

… Nas máximas em quase dois anos e meio, desde janeiro de 2022, o dólar fechou cotado a R$ 5,5194, em alta de 1,19%. No pico intraday, tocou R$ 5,5264, com o Fed que não corta o juro e Lula que não mexe no vespeiro fiscal.

… Estes dois focos de risco acabaram ofuscando a repercussão otimista entre os investidores da meta de inflação contínua e a surpresa positiva do IPCA-15 de junho (+0,39%) abaixo do esperado (+0,43%) e de maio (+0,44%).

… Sob a turbulência do momento, o câmbio ainda está vulnerável à disputa especulativa da ptax, que será decidida amanhã, em pleno dia de PCE. Hoje, o BC dará início à rolagem dos contratos de swap que vencem em setembro.

… A intenção é rolar todo o montante de US$ 14,8 bi. O leilão desta 5ªF (11h30) terá oferta de até US$ 600 milhões.

… Tendo como gatilhos a escalada do dólar e os receios sobre o viés gastador do governo, apesar de todas as dificuldades no caminho para fechar as contas públicas, os contratos futuros da curva do DI subiram em bloco.

… O DI Jan/25 foi a 10,615% (de 10,564% no pregão anterior); Jan/26, a 11,235% (de 11,100%); Jan/27, 11,610% (de 11,500%); Jan/29 superou de novo os 12%, a 12,050% (de 11,940%); e Jan/31 avançou a 12,170% (de 12,050%).

… Como se viu, o IPCA-15 comportado de junho ficou em segundo plano, mesmo porque o alívio é insuficiente.

… “Não muda a dinâmica da inflação em relação à política monetária”, segundo Flavio Serrano, do BMG. “Persistem as preocupações com o fiscal, câmbio e desancoragem das expectativas”, completou Igor Cadilhac, do PicPay.

… A Capital Economics não enxerga espaço para o Copom retomar o ciclo interrompido de cortes dos juros neste ano, com a inflação “provavelmente acelerando nos próximos meses, o real sob pressão e a saga fiscal”.

… O Tesouro informou que o Governo Central registrou déficit de R$ 60,983 bilhões em maio, pior resultado para o mês desde 2020. O rombo também veio maior do que a expectativa do mercado, de -R$ 58,1 bilhões no período.

… No acumulado do ano até maio, o déficit de R$ 29,998 bi também foi o pior resultado para o período desde 2020.

HERÓI DA RESISTÊNCIA – O salto de quase 3,5% do minério de ferro no mercado chinês parece ter sido o grande aliado do Ibovespa, que escapou da onda de tensão registrada no câmbio e nos contratos futuros dos juros.  

… O índice à vista conseguiu fechar em leve alta de 0,25%, aos 122.641,30 pontos. O giro, como tem sido rotina, foi decepcionante (R$ 19,3 bi). As ações da Vale, que têm peso decisivo na bolsa, avançaram 1,24%, cotadas a R$ 61,40.

… Usiminas (+3,32%, a R$ 7,79) também foi puxada pelo minério e ocupou a melhor colocação do ranking de altas.

… Ainda entre as ações ligadas às commodities, Petrobras fechou no azul. ON subiu 0,51% (R$ 39,10) e PN ganhou 0,16%, a R$ 37,09. O petróleo ficou de lado, diante do dólar forte e aumento inesperado dos estoques nos EUA.

… O WTI para agosto ficou estável (+0,09%), a US$ 80,90 o barril, e o Brent/setembro avançou 0,30%, a US$ 84,47.

… Já entre os principais bancos, só Bradesco PN fechou no tereno positivo: 0,24%, a R$ 12,37. Bradesco ON teve leve queda de 0,18% (R$ 11,15), Itaú cedeu 0,18% (R$ 32,38), Santander, -1,29% (R$ 27,50) e BB ON, -0,67% (R$ 26,71),

… Ações mais sensíveis aos juros futuros se destacaram entre as maiores perdas. As oito piores baixas do Ibov se concentraram em varejo, consumo e construção civil. No topo da lista, Pão de Açúcar afundou 7,77%, para R$ 2,61.

… Azul perdeu 5,56%, cotada a R$ 7,31, menor preço desde fevereiro do ano passado. Magazine Luiza recuou 2,71%. Nos dois últimos pregões, já apagou quase a metade dos ganhos de 12% obtidos na parceria firmada com AliExpress.

A LEI DO MAIS FORTE – A não ser que venha uma reviravolta do PCE, amanhã, que volte a jogar as fichas em um corte antecipado do juro pelo Fed, o dólar deve continuar tendo muitos motivos para manter a sua supremacia.

… Sem qualquer evidência mais consistente de que a taxa pode cair em setembro, a moeda americana tende a manter o seu fôlego, projetando a política restritiva por um período mais prolongado na economia dos EUA.

… Em meio às dúvidas que cercam as próximas decisões de política monetária, a diretora do BC americano Michelle Bowman confirmou ontem a sua posição linha-dura e voltou a fazer comentários de inclinação hawkish.

… Um dia depois de ter dito que não esperava cortes de juro este ano, afirmou que o progresso da inflação neste ano está “apenas modesto” e que os preços devem seguir elevados “por algum tempo” nos EUA.

… Ao mesmo tempo em que o Fed está demorando para relaxar a política monetária, o BCE indica que pode cortar os juros, na combinação que dá força redobrada para o dólar seguir impondo sua força contra as moedas europeias.

… O euro (-0,32%, a US$ 1,0681) saiu enfraquecido nesta 4ªF pela declaração do economista-chefe do BCE, Philip Lane, de que haverá mais flexibilização monetária, desde que a inflação mantenha seu caminho em direção a 2%.

… No início deste mês, o BC europeu passou na frente do Fed e abriu o ciclo de desaperto, cortando o juro (25pb) pela primeira vez em cinco anos. O euro e a libra (-0,51%, a US$ 1,2622) vêm incorporando também o risco político.

… Às vésperas do primeiro turno da eleição na França, no próximo domingo, preocupa a força da extrema-direita.

… Mas é o iene (-0,69%; 160,80/US$) que pior vem lidando com o dólar apreciado. A divisa americana rompeu a marca de 160 ienes e alcançou as máximas em 38 anos, reforçando especulações sobre uma intervenção do BoJ.

… Em seu perfil no Twitter, o economista Robin Brooks (ex-IIF) comentou que seria um erro o governo do Japão lançar uma atuação, porque a força do dólar ocorre “quase contra todas” as moedas, não sendo um caso isolado.

… As bolsas em Wall Street e os juros dos Treasuries continuaram operando em compasso de espera pelo PCE.

… O Nasdaq exibiu maior ganho (+0,49%), aos 17.805,16 pontos. Amazon saltou 3,90%, depois de o BofA elevar o preço-alvo da empresa, quinta companhia dos EUA a ultrapassar a marca de US$ 2 trilhões em valor de mercado.

… O S&P 500 ganhou 0,16%, aos 5.477,90 pontos,  e o Dow Jones fechou estável (+0,04%), aos 39.127,80 pontos. Horas antes de o Fed divulgar o teste de estresse, os bancos caíram: BofA (-0,96%), Citi (-0,54%) e Morgan (-0,93%).

… O juro da Note-2 anos subiu a 4,742%, de 4,731% na véspera, e o de 10 anos foi a 4,316%, contra 4,230%.

EM TEMPO… Privatização da SABESP recebeu apenas uma proposta de investidor de referência, a da Equatorial Energia; Aegea, outro grupo que analisava fazer uma oferta, desistiu da disputa. (fontes do Valor)

SUZANO desistiu da aquisição da International Paper; empresa disse que “alcançou o que entende ser o preço máximo para que a transação gerasse valor para a Suzano, sem que houvesse engajamento da outra parte”…

… Após a desistência do negócio, os papéis da Suzano dispararam 12% no after hours em NY.

VALE. Fitch atribuiu rating BBB à Vale Base Metals, com perspectiva estável.

ENAUTA e 3R PETROLEUM confirmaram aval de acionistas para combinação de negócios; na empresa combinada, acionistas da 3R ficarão com 53% de participação, enquanto os da Enauta ficarão com 47%.

GPA concluiu a assinatura dos contratos definitivos para a venda das operações de 71 postos de combustíveis por R$ 200 milhões. Somente o Grupo Ultra comprou 49 postos no Estado de São Paulo, por R$ 130 milhões…

… As outras 22 operações, localizadas em mais oito Estados brasileiros, são representadas por outros compradores, informou o GPA, sem revelar nomes.

BRF emitiu um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no valor de R$ 2 bilhões. (fontes do Valor)

TELEFÔNICA ajustou valor bruto de distribuição de JCP de R$ 0,1060 para R$ 0,1062 por ação; valor líquido passa de R$ 0,0901 para R$ 0,0902 por ação…

… Pagamento será realizado até 30 de abril de 2025, com base na composição acionária desta 4ªF (26)…

… Conselho de Administração da empresa aprovou termos de acordo com União para adaptação de contratos de telefonia fixa.

CCR aprovou programa de recompra de até 3,4 milhões de ações ON, correspondentes a até 0,1683% do total de papéis emitidos.

MULTIPLAN concluiu a venda de um terreno adjacente ao RibeirãoShopping, com área de 8.996 m², por R$ 45 mi…

… De acordo com a empresa, no terreno, está previsto o desenvolvimento de um projeto hospitalar integrado ao RibeirãoShopping, o que reforça a estratégia multiuso da companhia.

KLABIN aprovou instalação de nova caldeira de recuperação (CDR3) na unidade de Monte Alegre (PR); início das operações dessa caldeira está previsto para o 4TRI de 2026, com investimento estimado em R$ 1,63 bilhão.

XP. Oferta de bonds pode variar entre US$ 300 mi e US$ 500 mi (fontes do Broadcast). Empresa comunicará hoje o resultado de recompra de bonds 2026; montante dependerá, em parte, de adesão à recompra.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

IPCA-15 e dados fiscais dividem o dia com meta contínua

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[26/06/24]

… A agenda internacional é mais fraca, com os investidores em NY à espera do PIB, amanhã, e do PCE (6ªF), enquanto alguns dirigentes do Fed já afastam a possibilidade de cortes do juro este ano. Hoje, eles não têm falas previstas e, entre os indicadores, estão apenas as vendas de moradias novas em maio (11h). Aqui, após a ata do Copom confirmar as expectativas de Selic estável em 10,5% até o fim do ano, o mercado espera detalhes da revisão do juro neutro no Relatório Trimestral de Inflação, nesta 5ªF. Como destaques do dia, saem o IPCA-15 (9h) e as contas do Governo Central (14h30), que dividem atenções com a meta contínua de 3% – definida antes da reunião do CMN desta tarde. Para aprovar a meta, Lula chamou Galípolo ao Planalto, em um sinal importante de que ele deve ser o sucessor de RCN.

… Da reunião com o presidente, que discutiu o decreto para regulamentar a mudança do regime de meta de inflação, participaram, ainda, os ministros Fernando Haddad e Alexandre Padilha, e a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

… A regulamentação da meta contínua precisaria sair antes do CMN, para que o colegiado confirmasse hoje a mudança e o alvo de 3%.

… A presença de Galípolo não constava na agenda do presidente Lula, causou estranhamento a sua chegada ao Palácio e poderá provocar ruídos de interferência política em sua eventual gestão no Banco Central, a partir de janeiro de 2025.

… Pela manhã, ele participou de live da Warren, quando convenceu que seu voto pela interrupção da queda da foi dado por convicção. A impressão deixada por seu discurso é que ele está perfeitamente sintonizado com a atual política monetária.

… O mercado acompanhou o evento com toda a atenção e gostou do que ouviu, que “não há divergências sobre o diagnóstico do cenário”, que a unanimidade e a ata “corroboram a coesão do BC”, que “a desancoragem já incomodava em reuniões anteriores”.

… Que “cabe ao BC colocar os juros em patamar restritivo pelo tempo suficiente para atingir meta”, que “nada será usado como pretexto para se esquivar de perseguir a meta” e que o relatório Focus é uma ferramenta “ultra relevante” para guiar a política monetária.

… Galípolo não quis explicar a expressão “interrupção”, negando-se a confirmar que se trata de fim do ciclo ou pausa; afirmou que “nós não queremos oferecer qualquer tipo de guidance sobre o futuro, estamos olhando como vão se desdobrar os dados”.

… “A pergunta para mim é: se as coisas piorarem, o Banco Central vai agir? Sim, com certeza. E se as coisas melhorarem, o Banco Central vai reagir? Sim, também. Deixar as coisas em aberto já é uma linha que determina isso.”

… Reiterou que se o ambiente demandar a manutenção dos juros, eles serão mantidos. Caso a exigência seja por elevação dos juros, eles serão elevados. Por fim, se houver necessidade de corte de juros, eles serão reduzidos.

… Galípolo não cometeu nenhum deslize em uma hora de live. Esquivando-se de perguntas sobre a indicação do futuro presidente do BC, disse que esse é um “não-tema” para ele. Mas brincou dizendo que ficou “quase feliz” quando acharam que ele não é “maduro”.

REAÇÕES À ATA – A interpretação majoritária entre os bancos é de que o Copom elevou a régua conservadora.

… “Nada na ata sugere que próximo movimento será de queda da Selic”, aponta o Itaú, que mantém a visão de que a taxa básica de juro será mantida em 10,50% durante todo o horizonte da política monetária (2025).

… Também para o BNP Paribas, não há espaço para cortar a Selic este ano, embora a ata, em tom parecido com o comunicado do BC, deixe a porta aberta para os próximos passos, dependente de dados, segundo o banco.

… Para Leonardo Porto (Citi), a ata reforçou a sensação do BC de que o cenário inflacionário piorou de forma significativa e um aumento dos juros é considerado mais provável do que um corte como próximo movimento.

… Já na opinião do JPMorgan, o BC não parece inclinado a colaborar para um discurso de elevação da Selic no curto prazo, mas indica que poderá reagir em caso de maior deterioração das expectativas de inflação.

… O Santander ainda projeta Selic de 10% no ano (o que comportaria corte de 0,25pp), mas reconhece que o viés é de alta, mesmo não tenho visto mudanças significativas na ata em comparação ao comunicado do Copom.

… A Warren ainda espera Selic terminal de 9,5% em 2025, com retomada do processo de queda dos juros no fim de 2024, mas o risco é de pausa por período mais longo caso persistam os ruídos fiscais e de credibilidade do BC.

… Pesquisa do Broadcast realizada depois da divulgação da ata do Copom indicou que o mercado manteve maioria (33 de 38 casas) em torno da percepção de que a Selic irá encerrar o ano estável em 10,50%.

… Também existe o consenso (30 de 37 casas) de que haverá ao menos um corte do juro no ano que vem.

IPCA-15 – Deve desacelerar quase nada, para 0,43% em junho, de 0,44% em maio. A aceleração prevista para os alimentos tende a neutralizar o alívio da dissipação dos reajustes de medicamentos e dos planos de saúde.

… As projeções no Broadcast para a prévia da inflação oficial variam de 0,30% a 0,51%. Para o acumulado em 12 meses, a mediana indica aceleração de 3,70% para 4,10%. O intervalo das estimativas vai de 3,97% a 4,19%.

… O mercado também prevê ganho de ritmo no núcleo, de 0,31% para 0,35% (mediana). Devem subir os preços livres (0,30% para 0,46%), alimentação no domicílio (0,22% para 1,10%) e serviços subjacentes (0,31% a 0,39%).

… Já os preços administrados (0,85% para 0,37%), bens industriais (0,29% para 0,25%) e serviços (0,34% para 0,33%) devem arrefecer na leitura de maio para junho, de acordo com as projeções dos economistas.

FISCAL – As despesas previdenciárias devem provocar déficit de R$ 58,10 bi (mediana) para o Governo Central em maio, após superávit de R$ 11,082 bi em abril. As projeções são todas negativas, de R$ 70 bi a R$ 25,5 bi.

MAIS AGENDA – Lula concede entrevista ao UOL, às 9h. O BC divulga as concessões de crédito em maio (8h30) e os dados semanais do fluxo cambial (14h30). O Tesouro solta o relatório da dívida pública de maio (10h30).

NOS EUA – Vendas de moradias novas (11h) têm previsão de +2,1% em maio. Os estoques de petróleo (11h30) devem cair 2,3 milhões de barris. No fim da tarde (17h30), o Fed divulga os testes de estresse dos bancos.

FOI BOM ENQUANTO DUROU – O dólar retomou a pressão ontem e voltou à faixa de R$ 5,45, depois de dois pregões em baixa, em que acomodou o salto da semana passada, quando alcançou o pico em quase dois meses.

… Embarcado na onda externa de alta da moeda americana, puxada pelas dúvidas sobre o cronograma do Fed, o dólar fechou em alta firme de 1,19%, a R$ 5,4544. Está preocupado com juro elevado por mais tempo nos EUA.

… Citando o real depreciado, o PicPay elevou a projeção do IPCA deste ano de 3,8% para 4,1%. O banco subiu a estimativa para o dólar de R$ 5,00 para R$ 5,30 no fim de 2024. Para 2025, projeção foi de R$ 5,10 para R$ 5,30.

… O movimento de ontem no câmbio, por tabela, bateu na curva do DI, que também esgotou o fôlego recente de queda e voltou a incorporar algum prêmio de risco, embora de forma muito moderada, com leve inclinação.

… O viés altista se concentrou especialmente no trecho longo, que melhor reflete a percepção de risco do investidor estrangeiro, diante das dúvidas renovadas nos EUA sobre o início do ciclo de corte dos juros.

… Além disso, o mercado leu a ata do Copom pela perspectiva de que a Selic não deve cair tão cedo novamente.

… No documento, o BC elevou a estimativa de taxa de juros real neutra, de 4,50% para 4,75%, e revisou o hiato do produto, que saiu do território levemente negativo, de -0,6% no último RTI, para “em torno da neutralidade”.

… A interpretação no mercado é de que, se em algum momento o Copom for mexer na Selic, é mais provável que seja para subir a taxa básica e não para retomar os cortes, embora Galípolo tenha deixado tudo em aberto.

… No fechamento, o DI para Jan/25 foi a 10,555% (de 10,554% no pregão anterior); Jan/26, 11,135% (de 11,092%); Jan/27, 11,475% (de 11,449%); Jan/29, 11,915% (de 11,850%); e Jan/31, 12,050% (de 11,990%).

VOO DE GALINHA – Após cinco pregões de alta, o Ibovespa precipitou alguma correção, diante da performance negativa das blue chips das commodities e falta crônica do capital estrangeiro, que rouba consistência da bolsa.

… Sem os gringos, o volume ontem permaneceu nas médias pouco significativas e não chegou nem a R$ 16 bi. O índice à vista encerrou o pregão em leve queda de 0,25%, ainda na faixa dos 122 mil pontos (122.331,39).

… O JPMorgan reduziu a projeção para o Ibov no fim do ano de 142 mil pontos para 135 mil pontos, avaliando que o cenário interno não ajudou e que a conjuntura externa desenhada anteriormente não se materializou.

… Ainda assim, o Brasil continua sendo a escolha preferencial do banco na América Latina.

… Muita gente se vê frustrada pelo fato de o Fed não ter baixado o juro até agora (e nem se sabe se baixará até o fim do ano), o que adia o fluxo para os emergentes. Além disso, o risco fiscal brasileiro gera desconforto.

… Ontem, Vale caiu 0,41%, a R$ 60,65, apesar de o minério de ferro ter fechado estável e de a empresa ter encontrado demanda firme de US$ 7,5 bilhões para a emissão anunciada de US$ 1 bilhão em bonds 2054.

… A falta de fôlego do Ibovespa também foi atribuída à Petrobras. ON registrou queda de 0,36% (R$ 38,90) e Petrobras PN fechou estável (-0,08%), a R$ 37,03. Lá fora, o Brent para setembro caiu 1,09%, a US$ 84,22.

… Entre os bancos, Bradesco PN perdeu 0,80% (R$ 12,34), Bradesco ON recuou 0,53% (R$ 11,17) e Santander caiu 0,50% (R$ 27,86). Já Itaú (+0,31%; R$ 32,44) e BB ON (+0,30%; R$ 26,89) registraram altas moderadas.

… A maior valorização da sessão foi da JBS, com +1,74%, a R$ 31,54, impulsionada pelo dólar mais forte.

UM DIA DE CADA VEZ – Dados indicando força da economia americana e os alertas de duas Fed girls voltaram a confundir as expectativas para os juros nos EUA. Ninguém sabe se a taxa vai cair duas vezes, uma ou nenhuma.

… O mercado tem vivido assim, numa montanha-russa de expectativas sobre a política monetária, sem segurança sobre os próximos passos, mas na esperança de que o PCE de 6ªF possa dar um eixo mais decisivo.

… Nesta 3ªF, a atividade nacional medida pelo Fed/NY subiu de -0,26 em abril para +0,18% em maio e a confiança do consumidor medida pelo Conference Board em junho (100,4) superou o esperado (100,0).

… Além do ritmo mais aquecido dos indicadores, a diretora do Fed Michele Bowman, que é uma falcoa, disse não esperar corte dos juros neste ano, e Lisa Cook observou que a trajetória da inflação seguirá “acidentada”.

… Assumindo dose de cautela com o risco de o Fed não iniciar o ciclo de queda em 2024, o dólar subiu, com o índice DXY (+0,13%) em 105,607 pontos. O euro caiu 0,19% (US$ 1,0720), mas a libra avançou (US$ 1,2694).

… O iene ficou estável (-0,02%, a 159,63/US$), depois de o governo do Japão informar que monitora de perto a volatilidade excessiva da moeda e que tomará medidas apropriadas para lidar com a flutuação exagerada.

… O potencial perigo de o Fed manter a política restritiva por um período prolongado impediu a taxa dos Treasuries mais curtos, que são mais sensíveis às decisões de juro, de cair, orbitando perto da estabilidade.

… Está todo mundo esperando pela inflação do PCE para assumir postura mais convicta sobre os próximos passos do Fed. Ontem, o yield da Note-2 anos (4,731%) praticamente não se mexeu contra a véspera (4,730%).

… Nas bolsas de NY, a novidade foi que a Nvidia parou de cair. Depois do tombo acumulado de 13% nos três pregões anteriores, disparou 6,76%, indicando que a bolha de entusiasmo com a IA pode continuar inflando.

… A recuperação do papel deu uma puxada no Nasdaq, que encerrou a sessão com ganhos de 1,26%, aos 17.717,65 pontos. O S&P 500 subiu 0,40%, aos 5.469,42 pontos. Já o Dow Jones caiu 0,75%, a 39.114,59 pontos.

EM TEMPO… VALE confirmou após o fechamento a precificação de US$ 1 bilhão em oferta de bonds 2054…

… Empresa usará captação externa para liquidação e recompra de títulos; US$ 500 milhões serão usados para liquidar bonds com vencimento em 2026, sem a realização de um processo de “oferta de recompra”…

… Os outros US$ 500 milhões serão utilizados no processo de recompra de parte dos bonds com vencimento em 2036, 2039 e 2034. (fontes do Broadcast)

JBS comunicou os resultados antecipados da oferta de compra de três séries de notas da JBS USA Food Company, anunciada em 11 de junho…

… Segundo a companhia, um total de US$ 2,729 bilhões do valor principal foi validamente ofertado e não validamente retirado.

ASSAÍ aprovou programa para recomprar até 3,8 milhões de ações emitidas pela companhia, o equivalente a 0,28% do total de papéis em circulação.

REDE D’OR aprovou a distribuição de R$ 350 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1557 por ação, com pagamento em 9/7; ex a partir de 1º/7.

PORTO aprovou a distribuição de R$ 204,8 milhões em JCP, o equivalente a 0,3191 por ação, com pagamento em 28/6; ex a partir de 1º/7.

VIBRA ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 520,7 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,4653 por ação, com pagamento até 30/12/25.

AUREN ENERGIA. João Henrique Batista de Souza Schmidt retornará ao posto de presidente do Conselho de Administração, após a renúncia de Mateus Gomes Ferreira do cargo de membro e presidente do colegiado…

… Posse ocorrerá em 1º de julho, no último dia de Ferreira como presidente; a partir desta data, ele assumirá as posições de vice-presidente de finanças e diretor estatutário de relações com investidores.

WEG aprovou a distribuição de R$ 263,3 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0627 por ação, com pagamento em 14/8; ex a partir de 1º/7.

SUZANO. Início das operações do Projeto Cerrado ocorrerá ao longo de julho/24.

GAFISA informou estar negociando com o fundo de investimentos imobiliários Macam Shopping para realizar a subscrição em cotas de emissão do fundo, por meio da integralização das ações de emissão da REC Guadalupe.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Após ata do Copom, Galípolo fala ao vivo em live da Warren

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[25/06/24]

… Mais dois Fed boys têm falas previstas para hoje, influenciando as apostas sobre os juros americanos, enquanto os mercados esperam o PCE de maio, na 6ªF, como dado que poderá ser decisivo para confirmar um ou dois cortes neste ano. Entre os indicadores nos Estados Unidos, saem a atividade do Fed/Chicago (9h30) e a confiança do consumidor da Conference Board (11h). Aqui, os economistas começam os trabalhos analisando a ata do Copom (8h), que virá com mais detalhes sobre a decisão de interromper o ciclo de quedas da Selic. O investidor terá a chance de ouvir os comentários de Gabriel Galípolo logo a seguir, em live promovida pela Warren Investimentos, a partir das 10h. Às 10h30, a arrecadação federal de maio deve ficar em R$ 202,3 bilhões, abaixo do registrado em abril (R$ 228,8 bilhões).

… A participação de Galípolo no evento da Warren não poderia ser mais oportuna, após seu time votar com o colegiado, contrariando os desejos de Lula. Hoje, o mercado poderá ouvir de viva-voz os seus argumentos para ter aderido à unanimidade.

… Alguns agentes acreditam que o voto dos quatro diretores indicados pelo presidente teve o único objetivo de evitar mais ruídos, como aqueles que ocorreram no racha de maio, que pode não ter sido por convicção e que, a partir de janeiro, a coisa pode mudar.

… Sabendo que seriam derrotados, Galípolo, Picchetti, Ailton Aquino e Rodrigo Teixeira teriam fechado questão para proteger o câmbio e os juros futuros de saltos maiores. Mas a maioria espera que esses novos diretores manterão a atual política monetária.

… Hoje, Galípolo terá a oportunidade de convencer o mercado sobre o que, de fato, pensa sobre isso.

… Galípolo ainda é o nome preferido para suceder a RCN, que termina seu mandato no final do ano, e não se arriscaria a empenhar a sua palavra agora se não pretendesse cumprir o compromisso daqui a poucos meses.

… Tanto é que o Bradesco projeta Selic estável em 10,5% não só até o fim do ano, mas também durante o primeiro trimestre de 2025.

… Na Folha, embora Galípolo continue firme no páreo para comandar o BC, o presidente Lula ainda não bateu o martelo.

… As especulações sobre o nome do futuro presidente do BC cresceram depois que Lula afirmou na 3ªF passada, um dia antes do Copom, que escolheria uma pessoa “madura”, “calejada” e que não se submete a pressões do mercado financeiro.

… Aos 42 anos, Gabriel Galípolo não se encaixaria no perfil descrito, mas pessoas próximas ao presidente viram na declaração uma estratégia para evitar exposição prematura do seu nome.

… Galípolo foi um dos conselheiros de Lula na campanha presidencial de 2022 e atuou como número dois de Haddad na Fazenda. Segue tendo canal direto com Lula desde que deixou o cargo de secretário-executivo e assumiu o posto no BC.

… Na véspera da ata, os juros futuros continuaram devolvendo prêmios, expurgando da curva os exageros recentes. Também contribuiu para o movimento positivo do dia um recuo dos rendimentos dos Treasuries e do dólar.

… Investidores descontaram a frustração com o boletim Focus desta 2ªF, que apontou nova piora nas expectativas de inflação, apesar das promessas de reancoragem se o consenso prevalecesse na reunião do Copom (leia abaixo).

HADDAD – O ministro da Fazenda terá reunião hoje com todos os secretários da equipe econômica, das 9h às 11 horas.

… Participam o secretário-executivo Dario Durigan; os secretários do Tesouro Nacional, Rogério Ceron; da Receita, Robinson Barreirinhas; de Política Econômica, Guilherme Mello; de Reformas Econômicas, Marcos Pinto; e da reforma tributária, Bernard Appy.

… A reunião ocorre após Haddad ter se encontrado com o relator de LDO/2025, senador Confúcio Moura, quando indicou que é possível que a Fazenda envie ao Congresso sugestões de ajuste em projeções fiscais, como da dívida pública, em razão dos juros elevados.

… O senador garantiu, por outro lado, que não tratou com Haddad e sua equipe de modificações na meta fiscal de 2025. Segundo Moura, o governo persiste no compromisso de zerar o déficit no próximo ano.

… “Foi o que vim saber [se a Fazenda quer alguma alteração no projeto de lei]. Todas as projeções enviadas em abril eram baseadas em previsão de queda de juros. É possível que o Tesouro envie algumas alterações de acordo com essa rigidez das taxas de juros.”

… A PLDO enviada ao Congresso em abril estimava a Selic em 8,05% em 2025, 7,22% em 2026, 7,02% em 2027 e 6,77% em 2028. No caso da dívida bruta, a previsão era de que chegaria a 77,9% do PIB em 2025, alcançando 79,1% do PIB em 2026 e 79,7% do PIB em 2027.

META CONTÍNUA – A criação da meta contínua de inflação será aprovada amanhã (4ªF) pelo CMN, informa Lauro Jardim/Globo. Haddad já havia anunciado que ela deveria ser definida nesta semana e antes da reunião de junho do Conselho.

PRIMEIRO COPOM – BC publicou no final da tarde o calendário das reuniões do Copom em 2025. O primeiro encontro está marcado para os dias 28 e 29 de janeiro. As atas continuarão a ser publicadas sempre às 8h da 3ªF seguinte.

PENTE FINO – INSS prevê realizar até 800 mil perícias presenciais do Benefício por Incapacidade Temporária, o antigo auxílio-doença, e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) até dezembro deste ano.

… Esse último é pago a idosos e pessoas de baixa renda com deficiência e preocupa o governo pela sua forte trajetória de expansão.

… O objetivo da força-tarefa é atender exigências do TCU, que vem cobrando do governo revisões periódicas, como determina a lei, bem como contribuir para a agenda de revisão de gastos obrigatórios.

… A pressão sobre o governo Lula para corte de gastos públicos e o debate a respeito da sustentabilidade de despesas com benefícios previdenciários e assistenciais ganharam força após os sinais de esgotamento das medidas arrecadatórias dentro do Congresso.

REFORMA TRIBUTÁRIA – Os grupos de trabalho que discutem a regulamentação da matéria na Câmara entregarão os relatórios finais no próximo dia 3 de julho, segundo informação confirmada pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

… Um dia antes, os deputados se reunirão com governadores para bater o martelo sobre os itens detalhados. Padilha disse que no Senado a regulamentação da reforma tributária deverá ter apenas um relator para os dois projetos de lei.

… O objetivo é que o texto seja votado no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar.

CARROS ELÉTRICOS – MDIC, de Geraldo Alckmin, defende que carros 100% elétricos, movidos exclusivamente a bateria, sejam tributados pelo Imposto Seletivo. O pedido foi formalizado pela pasta ao grupo de deputados que elaboram o relatório.

MAIS AGENDA – A prévia do IPC-Fipe sai logo cedo (5h). Nos EUA, duas diretoras do Fed falam hoje: Michelle Bowman discursa em evento às 8h e às 15h10, e Lisa Cook tem aparição pública prevista para as 13h.

INFINITO ENQUANTO DURE – Pouca gente bota fé que a melhora observada nos negócios domésticos ontem antecipe tendência. Diante dos desafios fiscais, parece ser mais uma janela de alívio que qualquer outra coisa.

… Aqui e lá fora, os mercados terão que passar esta semana pelo teste de fogo da agenda bastante agitada.

… Enquanto a volatilidade máxima não começa, o noticiário esvaziado desta 2ªF colaborou para um maior apetite por risco. O dólar furou R$ 5,40, a curva do DI devolveu mais prêmio e o Ibov resgatou os 122 mil pontos.

… A moeda americana deu sequência à recente correção de lucro e fechou em baixa firme de 0,93%, a R$ 5,3904, afastando-se das máximas em quase dois anos batidas na semana passada, quando cravou R$ 5,46.

… Ontem foi o segundo pregão seguido de queda do dólar, que não desperdiçou a chance de acompanhar o alívio da moeda no exterior. Esta semana, além da agenda forte, o câmbio passará pela briga da ptax, na 6ªF.

… Sob o efeito combinado ontem da onda de zeragem de posições defensivas no câmbio e da queda dos rendimentos dos Treasuries, a curva do DI voltou a desarmar pressão de risco de ponta a ponta.

… O investidor ignorou a surpresa negativa do Focus, que apontou nova piora nas expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária, apesar de o Copom ter interrompido o ciclo de queda da Selic.

… A mediana das estimativas para o IPCA/25 subiu pela oitava semana seguida, de 3,80% para 3,85%, cada vez mais longe do centro da meta (3%). Economistas também puxaram a projeção para 2024, de 3,96% para 3,98%.

… Os negócios domésticos também absorveram sem susto o déficit de US$ 3,4 bilhões informado pelo BC na conta corrente em maio, maior rombo para o mês desde 2022 e pior do que a previsão de US$ 3,05 bilhões.

… No fechamento, o DI para Jan/25 caiu a 10,545% (de 10,605% no pregão anterior); Jan/26, 11,105% (de 11,185%); Jan/27, 11,470% (de 11,520%); Jan/29, 11,860% (de 11,930%); e Jan/31, 11,990% (de 12,060%).

SUBIU NO VAZIO – Em mais um dia de giro fraco (R$ 18 bilhões), que tem sido a marca registrada da bolsa doméstica, o Ibov (+1,07%) conseguiu emplacar a quinta alta consecutiva, para alcançar os 122.636,96 pontos.

… Diante da recuperação recente, o índice à vista voltou a acumular ganho no mês (+0,44%), mas ainda cai 8,61% no ano. Os papéis da Petrobras e dos bancos serviram como motores para o Ibov no pregão desta 2ªF.

… Santander unit registrou valorização de 1,67%, a R$ 28,00; Itaú ganhou 1,44%, a R$ 32,34; Bradesco ON encerrou com alta de 0,81%, a R$ 11,23; BB ON, +0,75%, a R$ 26,81; e Bradesco PN, +0,32%, a R$ 12,44.

… Acompanhando a subida do petróleo, os papéis da Petrobras fecharam nas máximas do dia: ON (+1,91%) a R$ 39,04 e PN (+0,93%), a R$ 37,06. Lá fora, diante do dólar fraco, o Brent/setembro subiu 0,97%, para US$ 85,15.

… O barril também foi sustentado pela previsão de aumento da demanda nas próximas semanas com as férias de verão no Hemisfério Norte e pelos riscos à oferta, diante das tensões no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia.

… Vale resistiu à forte queda de 3,11% do minério de ferro e terminou levemente positiva (+0,12%; R$ 60,90).

… A estrela do dia foi Magazine Luiza, que saltou 12,28% (R$ 12,16), após a empresa anunciar parceria com a varejista chinesa AliExpress para venda de produtos online em sua plataforma de marketplace no Brasil.

… Apesar de o Ibovespa estar conseguindo recuperar algum terreno nos últimos dias, o volume fraco de negócios preocupa, porque está associado a um forte movimento de fuga dos investidores estrangeiros.

… Segundo o Broadcast, a saída de k externo da B3 no primeiro semestre (R$ 42,438 bi) já é a mais intensa desde 2020 (pandemia) e a expectativa é de continuidade do fluxo negativo pelo menos nos próximos 2 meses.

… Na melhor hipótese, o Fed cortará o juro só em setembro. Além disso, está difícil de o Brasil competir pelo interesse gringo, diante da fragilidade das contas públicas e resistência do governo em cortar na própria carne.

… Junho nem chegou ao fim ainda e já ostenta a pior colocação para o mês na série histórica em saídas de capital estrangeiro da bolsa: R$ 6,546 bilhões bateram em retirada até 5ªF (último informe da B3).

QUEM VAI FICAR COM MARY? – Mary Daly (Fed/São Francisco) adotou ontem comentários de viés dovish. Mas, diante das dúvidas sobre o timing de relaxamento monetário, resta saber se o resto do Fed fechará com ela.

… Segundo Daly, se a inflação cair mais rapidamente ou o mercado de trabalho esfriar muito, os juros terão que ser cortados. A declaração vem no momento em que o investidor prepara o espírito para a inflação do PCE (6ªF).

… O colega Austan Goolsbee (Fed/Chicago) afirmou que, caso os próximos meses repitam a dinâmica de maio e indiquem perda de fôlego da inflação, será possível questionar se o grau de aperto monetário não é excessivo.

… Menos otimista, a S&P Global acredita que o Fed só começará o processo de corte dos juros em dezembro e espera agora um ciclo menor de desaperto, de 125pb até o final do ano que vem, contra 200pb anteriormente.

… Em compasso de espera pela agenda forte da semana, os rendimentos dos Treasuries operaram dentro de faixas estreitas. A taxa da Note-2 anos subiu a 4,730%, de 4,727%, mas a de 10 anos caiu a 4,241%, de 4,253%.

… No câmbio, o índice DXY, que mede a força do dólar, registrou baixa de 0,31%, a 105,473 pontos, com a recuperação de parte das perdas recentes do euro (+0,41%, a US$ 1,0739) e da libra (+0,33%, a US$ 1,2689).

… O dólar caiu 0,12% contra o iene (159,64/US$), mas seguiu próximo da marca de 160 ienes, que pode desencadear potencial intervenção do governo do Japão para conter uma maior depreciação da moeda.

… Em Wall Street, mais um tombo da Nvidia (-6,68%), o terceiro seguido, derrubou o Nasdaq (-1,09%, aos 17.496,82 pontos). O estouro da bolha da IA uma hora vai acontecer, mas ninguém sabe se já é agora.

… O S&P 500 recuou 0,31%, aos 5.447,87 pontos, mas o Dow Jones subiu 0,67%, aos 39.411,21 pontos.

… Foi puxado pelos bancos, após reportagem da Bloomberg revelar que o Fed e outros reguladores estudam afrouxar os termos da proposta de reforma nas exigências de capital para o sistema bancário.

… Os papéis do Goldman Sachs avançaram 2,65%, do JPMorgan ganharam 1,31% e do Citi subiram 2,35%.

EM TEMPO… PETROBRAS reiterou que setor de fertilizantes tem alta demanda no país e “importância estratégica” por possibilitar diversificar negócios, integrar cadeia do gás natural e reforçar prática de descarbonização.

SANTANDER emitiu, pela primeira vez, um “social bond” (título de dívida com enfoque social) no mercado externo…

… Volume captado foi de US$ 250 milhões, ou cerca de R$ 1,3 bilhão. A International Finance Corporation (IFC) foi o investidor exclusivo da operação.

MAGAZINE LUIZA. Citi manteve recomendação neutra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 18…

… Para o banco, diante da parceria com a AliExpress, Magalu parece entender a presença crescente de players estrangeiros como realidade para o setor.

MULTIPLAN. A acionista controladora da empresa, 1700480 Ontario (OTPP), afirmou, em 21 de junho, que deseja alienar a totalidade da sua participação na companhia…

… Até então, a OTPP detinha 18,52% do capital social da gestora de shoppings; a Multiplan Participações, que também é controladora da Multiplan, terá 90 dias para exercer seu direito de primeira oportunidade.

CCR informou que o Sistema Rodoviário Rio-SP fará segunda emissão de debêntures, no valor de R$ 9,4 bilhões.

MRV fará a 26ª emissão de debêntures, no valor de R$ 150 milhões.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.