BoJ sobe juro na superquarta do Fed e Copom

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[31/07/24]

… Na primeira decisão dos três grandes bancos centrais nesta superquarta, o BoJ elevou a taxa de juros do Japão em 15 pontos-base, para a faixa entre 0,15% e 0,25%, e anunciou a redução da compra de títulos (JGBs) em 400 bilhões de ienes por trimestre, até março/26. A surpresa ficou para o guidance, que promete mais aumentos de juro se as previsões para a inflação se concretizarem. Nas reações iniciais, o iene operava em leve alta ante o dólar (152 ienes). Para o Fomc (15h) e o Copom (18h30), o consenso é de estabilidade das taxas, mas com mensagens diversas. Enquanto nos EUA a aposta é de sinalização dovish, projetando chance de cortes dos juros a partir de setembro, aqui o BC deve subir o tom da cautela com a deterioração das expectativas, depreciação do câmbio e baixa credibilidade da política fiscal.

… O mercado todo espera um comunicado mais duro, mas o risco é o BC pesar demais a mão. Se mostrar que está muito assustado pode estressar a curva de juros e elevar as pressões por uma alta da Selic, tornando-se, assim, refém do mercado.

… Embora não seja o cenário-base de ninguém, a probabilidade de a Selic voltar a subir começa a ser considerada mais concretamente. O start foi dado pela escalada do dólar, que tem oscilado no patamar de R$ 5,60, contra R$ 5,30 no último Copom.

… Combinado aos ajustes rotineiros das expectativas na pesquisa Focus, ao mercado de trabalho apertado, crescimento da renda, pressão na inflação de serviços e às dificuldades para o cumprimento das regras fiscais, o dólar alto piorou bem o cenário.

… Ainda nesta semana, o Itaú Unibanco calculou que o nível da Selic necessário para levar a inflação à meta já seria de pelo menos 11%.

… Para o economista-chefe do banco, Mário Mesquita, um possível sinal mais duro seria “a descrição de um balanço de riscos assimétrico para cima, acompanhada da afirmação de que o comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (para cima)”.

… Já o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sergio Goldenstein, acredita que isso seria precipitado e que o Comitê deve aguardar em que patamar a taxa de câmbio irá se acomodar para então avaliar seus potenciais impactos sobre a inflação e as expectativas.

… Na opinião dele, o movimento de desvalorização cambial recente difere do observado na reunião de junho e não é permanente.

… Enquanto anteriormente um dos principais fatores foi o aumento do prêmio de risco devido ao agravamento dos temores com relação ao quadro fiscal, a nova onda de depreciação pode ser atribuída mais a fatores conjunturais.

… Goldenstein cita entre esses fatores o desmonte de operações de carry trade devido à valorização do iene, a redução de alocações de investidores estrangeiros em países da América Latina e a valorização do dólar contra o conjunto de moedas emergentes.

… “Em particular, no Brasil, a trajetória da moeda foi amplificada pela atuação dos fundos multimercados para aproveitar as distorções, tendo em vista o desempenho ruim desde 2023 em termos de rentabilidade e o elevado volume de resgates.”

… O estrategista acredita que o início do ciclo de corte de juros pelo Fed, muito provavelmente em setembro, tende a reverter de forma relevante o movimento de desvalorização do real, assim como a dissipação dos fatores conjunturais.

… Além disso, os lances recentes da política fiscal, com o anúncio de bloqueio e contingenciamento de despesas, devem contribuir para a redução do prêmio de risco, ao indicar a intenção do governo de cumprir a meta fiscal e não de alterá-la.

SAIU O DECRETO – Passava das 23h quando o governo divulgou o decreto com os detalhes do corte de R$ 15 bilhões no Orçamento para ajustar os gastos ao arcabouço fiscal e ao déficit de 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões), na banda inferior da meta.

… Como já haviam antecipado o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, todos os ministérios foram atingidos, de forma proporcional às suas receitas.

… A contenção atingiu principalmente as despesas de custeio do Executivo que ficam sob controle direto dos ministérios: R$ 9,3 bilhões.

… Os que mais perderam: Saúde (R$ 4,4 bilhões), Cidades (R$ 2,1 bilhões), Transportes (R$ 1,5 bilhão) e Educação (R$ 1,3 bilhão). O novo PAC teve um congelamento de R$ 4,5 bilhões, as emendas parlamentares, R$ 1,1 bilhão e as emendas de bancada, R$ 153,6 milhões.

… Segundo o Planejamento, os órgãos e ministérios atingidos terão até dia 6 de agosto para indicar os programas e ações bloqueados.

FED – Com a inflação em queda e um mercado de trabalho menos aquecido, o Fomc deve fazer hoje a inflexão da política monetária nos Estados Unidos, cerca de um ano depois elevar os juros para o maior patamar em décadas.

… Hoje, os juros devem ser mantidos no patamar de 5,25% a 5,50%, mas é unânime a expectativa de que o comunicado (15h) do Comitê e Powell na entrevista (15h30) venham mais dovish, confirmando as apostas do primeiro corte para setembro.

… Também é amplamente majoritária a projeção de mais duas quedas ainda neste ano, num total de 75pbs.

… Essa convicção foi reforçada pelas falas da maioria dos Fed boys, antes do período de silêncio para o Fomc. Muitos se mostraram mais dispostos a uma queda dos juros, confiantes nos dados da inflação dos últimos dois meses, que caminham para a meta.

… Para analistas do Goldman Sachs, o Fed agora só precisa de um pouco mais confiança quanto à perspectiva da inflação [nos EUA] para começar a reduzir os juros. Até a reunião de setembro, serão publicadas mais duas leituras dos preços e do mercado de trabalho.

… Há dúvidas se virá hoje um sinal explícito de corte de juros em setembro ou se Powell vai esperar até o Simpósio de Jackson Hole, em agosto, para sinalizar mais claramente quando as taxas americanas começarão a cair.

… Mas ainda que seja um pequeno sinal, já poderá ser suficiente para atender as expectativas do mercado.

MICROSOFT – Em Wall Street, a promessa de um dia animado pelo Fed não começa bem, com a queda Microsoft no after hours, após o balanço de ontem à noite, que desapontou os investidores, como aconteceu com Tesla e Alphabet (Google).

… Os resultados abaixo do esperado nos negócios de nuvem, setor que a Microsoft concorre com a Amazon e o Google, ofuscaram o lucro (US$ 22,08 bilhões) e a receita (US$ 64,73 bilhões) melhores que as expectativas no 4Tri fiscal da empresa, encerrado em junho.

… A ação chegou a cair 6%, mas reduziu as perdas no fechamento do pós mercado para 2,5%, a US$ 411,49.

… Hoje, após o fechamento, outra big tech integrante das Sete Magníficas reportará os seus resultados: Meta.

MAIS AGENDA – No day after do Caged forte, vem hoje a Pnad contínua no trimestre até junho (9h), que deve trazer taxa de desemprego abaixo de 7%, se confirmada a mediana das apostas de pesquisa Broadcast, de 6,9%, contra 7,1% em maio.

… Às 14h30, o BC informa os dados semanais do fluxo cambial. Entre os balanços, tem Weg, antes da abertura do mercado. Após o fechamento dos negócios, saem Gerdau, EcoRodovias, Isa Cteep e Kepler Weber.

LÁ FORA – Nos EUA, o relatório ADP (9h15) deve apontar a criação de 150 mil empregos no setor privado em julho. Saem ainda o PMI medido pelo ISM/Chicago (10h45) e vendas pendentes de imóveis em junho (11h).

… Os estoques de petróleo do DoE (11h30) têm previsão de queda de 200 mil barris. Às 9h30, o Tesouro anuncia refinanciamento. Na zona do euro, sai a leitura preliminar de julho da inflação ao consumidor (CPI).

… Os BCs do Chile (18h20) e da Colômbia (15h) também divulgam hoje suas decisões de política monetária.

CHINA HOJE – O PMI industrial oficial caiu de 49,5 em junho para 49,4 em julho, levemente acima da expectativa dos analistas, de 49,3. O indicador abaixo de 50 pontos aponta que a atividade econômica segue em contração.

… O PMI de serviços recuou de 50,5 em junho para 50,2 em julho, também perto do esperado (50,3).

TORCER PELO BRASIL – Na prática, um Fed dovish combinado a um Copom hawkish seria favorável ao dólar. Mas o mercado sabe que existem muitas outras variáveis que têm jogado no câmbio e embolado o meio de campo.

… Estrategistas do UBS BB reconhecem que o real está barato, mas, ao contrário de avaliações mais otimistas, de que a moeda vai se estabilizar, dizem estar difícil encontrar motivos que levem à apreciação no curto prazo.

… Os profissionais observam que o nível da atratividade das operações de carry trade, dado pelo diferencial de juros interno e externo, diminuiu, mas que, nos níveis atuais, não garante uma estabilização da taxa de câmbio.

… A equipe do banco também observa que o real parece “mais vulnerável” aos riscos políticos e fiscais.

… Em meio às incertezas, o que todo mundo no mercado espera é que a superquarta dê um direcionamento mais claro para a dinâmica do câmbio. Ontem, o dólar fechou em leve queda de 0,15%, cotado a R$ 5,6173.

… Na véspera do Fed, a moeda americana recuou contra as divisas emergentes, que querem surfar na onda da promessa de fluxo com um corte de juros nos EUA em setembro, mas ainda têm ficado pelo caminho.

… Em live organizada pela Warren, Eduardo Portella (da Novus Capital) afirmou que, se o Fed não reduzir os juros em setembro, o Brasil entrará em uma “espiral negativa” e verá o “o câmbio brigando lá nos R$ 6,00”.

… Em plena superquarta, o câmbio também estará sensível hoje à disputa técnica de final de mês da ptax.

… Ontem, diante do alívio do dólar, dos yields dos Treasuries e do petróleo, os contratos futuros de juros caíram em bloco no DI, deixando em segundo plano a perspectiva de uma abordagem mais conservadora do Copom.

… Também repercutiu apenas momentaneamente na curva o emprego forte do Caged, com a criação de 201.705 vagas em junho, bem acima da mediana das estimativas dos analistas de mercado, de 165 mil.

… Os juros futuros chegaram a frear o ritmo de queda com o indicador, que adiciona mais um gatilho inflacionário ao setor de serviços, mas os vencimentos não ameaçaram qualquer virada de alta.

… Após os ajustes, fecharam nas mínimas do dia o DI para Jan/2025, a 10,695% (de 10,735% na 2ªF); e Jan/26, a 11,640% (de 11,730%). Jan/27 caiu a 11,920% (de 12,000%); Jan/29, a 12,090% (de 12,180%); e Jan/31, a 12,110% (12,180%).

… Para o UBS BB, a precificação na curva do DI de que a Selic ainda possa subir 1pp é exagerada, a menos que a perspectiva fiscal se deteriore de forma aguda nos próximos meses, o que não é cogitado pelo banco.

O BARATO SAI CARO – Levantamento do BTG Pactual para medir o sentimento dos investidores avaliou que, de modo geral, o mercado concorda que o Ibov está barato, mas o apetite pelo risco parece restrito e contido.

… A maioria definiu o nível de sentimento como “neutro” (48%), apontando “posicionamento cauteloso”. Projetam, assim, desempenho modesto até o fim do ano (41% em 120-130 mil pontos e 47% em 130-140 mil).

… Ontem, com as commodities em queda, o índice à vista não teve saída e fechou em baixa de 0,64%, aos 126.139,21 pontos. O volume financeiro, sempre muito frustrante nos últimos tempos, não chegou a R$ 17 bilhões.

… O Ibovespa chega ao último pregão do mês com ganho acumulado de 1,80% em junho.

… O tombo de quase 3% do minério cobrou seu preço da Vale, que caiu 2,21%, a R$ 60,22, e figurou entre as maiores perdas do Ibov.

… Na dobradinha das blue chips, ainda Petrobras não foi poupada pelo petróleo. ON perdeu 0,73% (R$ 39,53) e PN, -0,62% (R$ 36,65).

… Lá fora, o efeito do bombardeio de Israel à capital do Líbano foi passageiro, reduzindo apenas momentaneamente o ritmo de queda do petróleo. Pelo terceiro pregão consecutivo, o barril operou enfraquecido pelas preocupações sobre a demanda da China.

… O tipo Brent para outubro caiu 1,24%, a US$ 78,07, na ICE.

… Ainda no Ibovespa, os principais bancos operaram majoritariamente no vermelho: Bradesco ON (-0,79%; R$ 11,24), Bradesco PN (-0,80%; R$ 12,40), BB ON (-0,77%; R$ 26,95) e Itaú (-0,38%; R$ 34,36). Santander (+0,81%, a R$ 28,77) foi exceção à regra.

… Outro destaque positivo foi Embraer (+4,26%, em novo recorde de preço, a R$ 42,85), segundo maior alta do dia.

DEDO NO GATILHO – As especulações crescentes de que o aperto monetário de 15pb seria avalizado pelo BoJ durante a madrugada desencadearam uma nova corrida para o iene, que saltou 0,79%, a 153,26/US$ na segunda metade do pregão.

… A escalada da moeda japonesa zerou os ganhos do índice DXY (-0,01%, a 104,554 pontos), apesar de o dólar ter subido contra as outras duas rivais mais fortes: o euro caiu 0,12% (US$ 1,0813) e a libra esterlina, -0,25% (US$ 1,2834).

… Na zona do euro, apesar de o PIB/2Tri (+0,3%) ter superado a previsão (+0,2%), consultorias projetam avanço modesto e desigual nos próximos meses, favorecendo mais dois cortes de juro pelo BCE (setembro e dezembro).

… Quanto ao Fed, a expectativa de que entregue hoje a sinalização do início do ciclo de relaxamento monetário em setembro contribuiu para derrubar os yields dos Treasuries, que repercutiram ainda a tensão geopolítica.

… O ataque de Israel a alvo do Hezbollah em Beirute acionou apelo defensivo por ativos seguros, como os Treasuries e ouro (+1%). O juro da Note-2 anos caiu a 4,360% (de 4,389%) e o de 10 anos, a 4,144% (de 4,171%).

… Houve piora pontual nas bolsas em NY com a possível escalada do conflito no Oriente Médio. Mas parte do estresse foi devolvido. Ainda assim, o Nasdaq caiu 1,28%, a 17.147,42 pontos, à espera do balanço da Microsoft.

… O S&P 500 caiu 0,50%, a 5.436,44 pontos, e o Dow Jones registrou alta isolada, de 0,50%, a 40.743,33 pontos.

EM TEMPO… Governo colocou mais um pedido na negociação com a direção da ELETROBRAS para aumentar a influência na empresa: uma vaga também no Conselho Fiscal da empresa, segundo apurou o Broadcast… 

… Companhia e AGU discutem para chegar a acordo até amanhã (5ªF), mas há dúvidas sobre o prazo…

… O governo deseja elevar sua influência no comando da Eletrobras, privatizada em 2022, sob o argumento de que a União ainda detém 43% do capital social da empresa, mas tem só um representante no conselho de administração.

… A intenção é abocanhar três das dez vagas no colegiado…

… Ainda ontem à noite, em comunicado, a Eletrobras negou negociações com Tanure para vender sua participação minoritária na Emae, mas disse que teve contatos com o futuro potencial controlador da empresa.

TIM registrou lucro líquido de R$ 781 milhões no 2TRI, alta de 24,7% na comparação anual; Ebitda somou R$ 3,153 bilhões, avanço de 8,8% em relação ao mesmo período de 2023…

… Empresa aprovou a criação de programa de recompra de até 5 milhões de ações, o equivalente a 0,56% dos papéis em circulação…

… Citi tem recomendação de compra para a ação da companhia, com preço-alvo de R$ 21,00; resultados financeiros da empresa no 2TRI vieram em linha com as expectativas do banco e do mercado.

OI. Proposta da Ligga pela UPI Clientco foi rejeitada por credores.

ENAUTA registrou prejuízo de R$ 219 milhões no 2TRI24, revertendo lucro de R$ 41 milhões no 2TRI23; Ebitdax teve queda de 8,1% no trimestre na comparação anual, para R$ 293 milhões…

… 3R Petroleum e empresa concluíram operação de fusão.

RAÍZEN aprovou a distribuição de dividendos adicionais no valor de R$ 103,487 milhões, o equivalente a R$ 0,0100 por ação, com pagamento em 2/8; ex a partir de 5/8.

LOJAS MARISA. Conselho de Administração elegeu Adilvo Souza como novo diretor administrativo financeiro (CFO), em substituição a Roberta Ribeiro Leal…

… Companhia também informou que o atual diretor presidente da varejista, Edson Salles Abuchaim Garcia, irá assumir a posição de diretor de RI para atuação de forma cumulativa…

… Já Roberta Ribeiro Leal permanecerá exercendo o cargo de diretora-executiva nas empresas M Pagamentos e M Bank, centralizando todos os seus esforços no plano de descontinuidade da subsidiária.

WEG aprovou a distribuição de R$ 786,9 milhões em dividendos intermediários, o equivalente a R$ 0,1875 por ação, com pagamento em 14/8; ex em 5/8.

REDE D’OR. Citi manteve recomendação de compra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 34…

… Para o banco, motivações para descredenciamento de hospitais do grupo no Rio para beneficiários da Amil permanecem desconhecidas e pode representar apenas o curso natural de ajustes.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Detalhes do corte de R$ 15 bilhões saem no final do dia

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[30/07/24]

… Resultados do PIB/2Tri da zona do euro e de vários países da Europa abrem o dia, seguidos pelo relatório Jolts de abertura de vagas em junho nos Estados Unidos (11h). No calendário de balanços, NY espera pela Microsoft, após o fechamento, e ainda esta semana por Apple, Amazon e Meta. Aqui, os investidores repercutem os resultados de Telefônica Brasil (Vivo) e CCR, que saíram ontem à noite, além do relatório de produção e vendas da Petrobras. Hoje tem Klabin antes da abertura e, após o fechamento, Tim, Enauta e 3R Petroleum. Entre os indicadores, o IGP-M de julho (8h) deve desacelerar a alta e o Caged (14h30) deve mostrar a criação de mais empregos com carteira assinada em junho. Em Brasília, o decreto presidencial com os detalhes dos cortes de R$ 15 bilhões só deve ser divulgado no fim da tarde.

… O decreto vai trazer os órgãos afetados pelos bloqueios, que somam R$ 11,2 bilhões e servem para adequação ao limite de despesas, e pelo contingenciamento de R$ 3,8 bilhões, congelado para o cumprimento da meta, de um déficit de 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões).

… Tanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, quanto o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disseram que todas as pastas devem ser afetadas pela contenção. As emendas parlamentares só poderão ser contingenciadas no limite de R$ 882,4 milhões.

… Os ministérios com maior Orçamento devem ter as maiores contenções, levando em conta o total de gastos livres de cada um. Em tese, serão mais afetados Cidades, Transportes e Saúde. Fontes dos ministérios afirmam que ainda desconhecem as áreas dos cortes.

… Interlocutores da equipe econômica ouvidos pelo Estadão dizem que o detalhamento será informado apenas hoje às pastas atingidas.

… Rubricas orçamentárias passíveis de apresentação de emendas parlamentares tendem a entrar no rol do congelamento.

… Mais cedo, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse à CNN que “hoje temos condição de atingir a meta fiscal com as medidas que estão sendo tomadas. No próximo [Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas], se for necessário, a gente ajusta”.

… É consensual no mercado a avaliação de que um novo contingenciamento será necessário para cumprir as metas do arcabouço. Nesta 2ªF, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 40,873 bilhões em junho, o maior para o mês desde 2023.

… Além disso, o crescimento da Dívida Bruta do Governo Federal para R$ 8,691 trilhões em junho elevou a proporção com o PIB a 77,8%, contra 76,7% em maio e 74,4% em dezembro do ano passado. O pico foi em 2020 (87,6%), na pandemia da Covid.

… As dificuldades fiscais são um dos três fatores de risco que serão considerados pelo Copom, na reunião que começa hoje, junto com a contínua deterioração das expectativas inflacionárias e a aguda depreciação do câmbio.

… As projeções para o IPCA de 2024 (de 4,05% para 4,10%) e de 2025 (de 3,90% para 3,96%) voltaram a subir na pesquisa Focus desta 2ªF, descolando-se ainda mais do centro da meta e resgatando apostas de que o BC poderá ser obrigado a subir a Selic.

… Economistas do mercado ouvidos pelo Broadcast calculam que a projeção do comitê para a inflação do ano que vem deve saltar de 3,1% na reunião de junho para até 3,5% agora, já considerando o “cenário alternativo”, com juros estáveis até o fim do ano que vem.

… Ou seja, mesmo com a Selic em 10,5% pelos próximos 17 meses, o IPCA ainda superaria o centro da meta, de 3%.

… A piora do cenário deve exigir que o Copom eleve o tom da comunicação e adote uma postura dependente de dados, enquanto aguarda a evolução do cenário econômico até setembro. Não seria aconselhável uma sinalização muito dura do BC.

… Para o estrategista-chefe da Warren, Sergio Goldenstein, isso seria “precipitado” e poderia levar analistas a projetarem a probabilidade ainda maior de alta dos juros na próxima reunião. “O Banco Central ficaria refém do mercado.”

… Segundo ele, o ideal seria o Comitê aguardar em que patamar a taxa de câmbio irá se acomodar para, só então, avaliar seus potenciais impactos sobre a inflação e as expectativas. Mesmo porque, a escalada do dólar recente difere do observado em junho.

… Enquanto anteriormente um dos principais fatores foi o aumento do prêmio de risco, devido ao agravamento dos temores com relação ao quadro fiscal, a depreciação adicional desde então pode ser atribuída a fatores conjunturais e não deve ser vista como permanente.

… Dentre os fatores que pressionaram o câmbio recentemente, diz Goldenstein, estão o desmonte de operações de carry trade devido à valorização do iene, a redução de alocações de estrangeiros em países da AL e a valorização do dólar contra as moedas emergentes.

… Nesta 2ªF, mesmo com o dólar em queda isolada contra o real, os juros futuros voltaram a subir (abaixo).

PETROBRAS – Produção de petróleo aumentou 2,6% no 2Tri contra o 2Tri/23, para 2,156 mi bpd, em relatório divulgado ontem à noite.

… A produção de óleo e gás subiu 2,4% na comparação anual, para 2,699 mi boed, a produção comercial de óleo e gás avançou 1,9%, para 2,356 mi boed, e a produção de óleo e gás subiu 3% no 1º semestre, contra o mesmo período do ano passado, a 2,737 mi boed.

… Após o relatório, o ADR de Petrobras chegou a subir, mas fechou levemente negativo (-0,07%).

MAIS AGENDA – Na véspera do comunicado do Copom, o IGP-M (8h) deve desacelerar para 0,47% em julho, após alta de 0,81% em junho. Mesmo no teto das projeções (0,68%), ainda deve vir abaixo do mês anterior.

… O piso do intervalo das estimativas de pesquisa Broadcast é de 0,35% para o dado de inflação.

… No mercado de trabalho, o Caged deve apontar a criação líquida de 165 mil vagas com carteira assinada em junho, melhor do que em maio (saldo positivo de 131.811 vagas). As apostas variam de 110 mil a 215 mil.

LÁ FORA – Nos EUA, o relatório Jolts (11h) deve apontar a abertura de 8 milhões de vagas de emprego em junho. No mesmo horário, sai a confiança do consumidor medida pelo Conference Board em julho (99,5).

… A primeira leitura do PIB/2Tri sai hoje na zona do euro (6h) e Alemanha (5h), onde tem ainda o CPI de julho.

FAZ O HEDGE – O DI se mantém em alerta com a impressão entre economistas de que, mesmo com Selic engessada em 10,50% por quase um ano e meio no cenário alternativo do Copom, a inflação ainda superaria o centro da meta.

… Pelos cálculos do Itaú, a Selic precisa atingir ao menos 11% para promover a convergência ao alvo, o que deve levar o Copom a renovar a promessa de vigilância e não descartar eventual retomada de alta do juro se preciso.

… Mas o ex-BC Alexandre Schwartsman (da A.C. Pastore) concorda com a ponderação de Sergio Goldenstein de que o BC não pode subir demais a temperatura da comunicação para não virar refém de seu próprio discurso.

… O Santander espera tom hawkish do Copom, porém não antecipa mudanças na avaliação do risco de inflação.

… O economista do banco Marco Caruso observa que, desde a reunião anterior de política monetária, em junho, quando o Copom optou por pausa, alguns riscos pioraram, mas outras incertezas se tornaram mais brandas.

… A mais importante mudança adversa foi o câmbio, com o dólar chegando a R$ 5,65, disse. Mas houve um esforço fiscal com o congelamento orçamentário e surpresa positiva com a inflação e os dados de emprego nos EUA.

… Boa parte da curva do DI não relaxou a guarda ontem, apesar do alívio do dólar. Os juros exibiram desconforto com a deterioração das apostas do IPCA no Focus e piora nas contas públicas, evidenciada pelo déficit primário.  

… O Jan/26 subiu a 11,730% (de 11,690% na 6ªF); Jan/27, a 12,000% (de 11,940%); e Jan/29, 12,180% (de 12,120%). O Jan/31 fechou estável, a 12,180%, e o só o Jan/25 conseguiu refletir, em alguma medida, a queda do dólar.

… Caiu a 10,735%, contra 10,755% no pregão anterior, com a moeda americana em queda de 0,57%, a R$ 5,6255. Traders citaram fluxo pontual de exportadores, depois de o dólar ficar atrativo para venda ao nível de R$ 5,65.

… Em segundo plano, o câmbio já pode estar reagindo aos interesses relacionados à briga da ptax neste fim de mês.

A VILÃ DO DIA – Petrobras foi a responsável ontem pela queda moderada de 0,42% do Ibovespa, que entregou os 127 mil pontos (126.953,86) e, de novo, registrou volume financeiro pouco expressivo, de R$ 17,5 bilhões.

… As ações da companhia sofreram um golpe duplo: sentiram a queda firme do petróleo e embutiram o risco de a empresa reduzir o volume de dividendos distribuídos a acionistas, depois de uma oferta para um bloco da Galp.  

… “A notícia eleva o risco de a empresa realizar fusões e aquisições mais agressivas e, consequentemente, esses movimentos reduzirem o pagamentos de dividendos”, explicou ao Broadcast o analista Rafael Passos (Ajax).

… Também alguma cautela antes da divulgação ontem à noite do relatório de produção e vendas no 2Tri pode ter ajudado a pesar para os papéis. ON registrou desvalorização de 2,52% (R$ 39,82) e o PN caiu 2,02% (R$ 36,88).

… Lá fora, o barril do Brent para outubro caiu 1,53% e fechou no menor nível em sete semanas, a US$ 79,05, derrubado pelo dólar mais forte, pelo receio de demanda fraca da China e frustração antecipada com a Opep.

… A expectativa é de que o cartel não mexa nos níveis de produção já acordados na reunião da próxima 5ªF.

… Outro foco negativo do Ibov partiu do tombo de 4,42% da Usiminas, após o BofA rebaixar a recomendação do papel de neutra para underperform (equivalente a venda), em decorrência do balanço “decepcionante” do 2Tri.

… O avanço dos juros futuros prejudicou papéis mais sensíveis ao ciclo econômico, caso de Magazine Luiza (-5,80%), Vamos (-4,36%), Petz (-4,31%), LWSA (-4,27%), GPA (-4,20%), Azul PN (-3,39%) e Localiza (-3,03%).

… Vale limitou a alta a 0,18%, cotada a R$ 61,58, seguindo a apatia do minério de ferro (+0,06%).

… Já os bancos avançaram. Santander (+1,13%; R$ 28,54) figurou entre as maiores altas do dia. Itaú subiu 0,73% (R$ 34,49); Bradesco PN, +0,40% (R$ 12,50); e BB, +0,15% (R$ 27,16). Bradesco ON ficou estável (R$ 11,33).

REAÇÃO CONFUSA – Pela lógica, o dólar poderia ter caído no exterior, diante da aposta de que o Fed sinalize amanhã corte do juro em setembro. Mas as agências internacionais citaram que houve algum apelo defensivo.

… Na avaliação do banco de investimentos BBH, indicadores firmes recentes sugerem que o mercado ainda está excessivamente otimista quanto às perspectivas de velocidade no ciclo de relaxamento monetário pelo Fed.

… Ou foi esta percepção que pressionou o dólar ontem, ou tudo não passou de um ajuste natural. O índice DXY registrou alta de 0,24%, a 104,564 pontos, com o dólar subindo contra os seus três principais rivais.

… O iene caiu 0,14%, a 154,01/US$, apesar de o BoJ estar sob crescente pressão para acelerar o ritmo de normalização da política monetária. O ING projeta que o juro japonês será elevado em 15pb hoje à noite.

… Para o BoE (5ªF), a maioria dos economistas espera redução das taxas pela primeira vez desde a pandemia, segundo pesquisa da Bloomberg. Muitos preveem votação apertada, com chances de 45% de corte de 25pb.

… O investidor precifica um ciclo lento de cortes nos juros no Reino Unido, com só duas doses de queda de 25pb até o fim do ano. Às vésperas da decisão, a libra fechou estável (-0,03%), a US$ 1,2866. O euro caiu 0,30%, a US$ 1,0826.

… Entre os Treasuries, as taxas dos títulos mais longos ampliaram as perdas na segunda metade do pregão, após o Tesouro americano informar que pretende tomar menos empréstimos do que o esperado neste 3Tri.

… O plano agora é levantar US$ 740 bilhões entre julho e setembro, ou US$ 106 bilhões a menos do que o esperado em abril. Amanhã, acontece a divulgação do anúncio de refinanciamento do Tesouro dos EUA.

… O retorno da Note de 10 anos recuou a 4,171%, de 4,194% no pregão anterior, e o do T-Bond de 30 anos caiu para 4,420%, contra 4,451%. Já o da Note de 2 anos subiu para 4,389%, de 4,386% na última 6ªF do PCE sob controle.

… Sem querer arriscar antes da nova rodada de balanços das magníficas, as bolsas em NY se protegeram perto da estabilidade: Nasdaq (+0,07%; 17.370,20 pontos), S&P 500 (+0,08%; 5.463,54) e Dow Jones (-0,12%; 40.539,93).

EM TEMPO… TELEFÔNICA registrou lucro líquido de R$ 1,222 bilhão no 2TRI, alta de 8,9% na comparação anual; Ebitda somou R$ 5,455 bilhões, avanço de 7,3% em relação ao mesmo período de 2023…

… Citi tem recomendação de compra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 58,00; para o banco, companhia manteve ritmo alto de crescimento da receita no 2TRI, mas despesas tiraram um pouco do brilho dos resultados.

CCR registrou lucro líquido ajustado de R$ 411 milhões no 2TRI, alta de 102% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 2 bilhões, avanço de 14,4% em relação ao mesmo período de 2023…

… Impactos da tragédia no Rio Grande do Sul na ViaSul, rodovia administrada pela empresa, estão sendo discutidos entre a companhia e o poder concedente…

… Tráfego na ViaSul foi impactado pelas chuvas, registrando queda de 13,9% no número de veículos equivalentes no 2TRI em relação ao mesmo período do ano passado.

PETROBRAS assinou nesta 2ªF acordo de cooperação técnica com a Controladoria Geral da União (CGU) para aprimorar mecanismos de controle da companhia e de prevenção e combate à corrupção.

ELETROBRAS reiterou que trabalhos na Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF) visando uma “solução consensual e amigável” com a União seguem em andamento…

… Companhia disse ainda que “permanece engajada na tentativa de conciliação” com o governo…

… Arbitragem ocorre por decisão do ministro do STF Kássio Nunes Marques, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que questiona trechos da lei de privatização da Eletrobras.

EQUATORIAL iniciou no sábado a operação comercial total da Usina Fotovoltaica Barreiras I (UFV Barreiras 1), no município de Barreiras (BA)…

… Receita Anual Permitida (RAP) para ciclo 2024-2025, definido pela Aneel, totaliza R$ 1,233 bilhão, alta de 4% em comparação a ciclo 2023-2024.

ENEVA. Geração bruta de energia totaliza 848 gigawatts-hora (GWh) no 2TRI.

WEG. Citi tem recomendação de compra para Weg, com preço-alvo de R$ 54; banco avalia que escassez de equipamentos de energia no mercado global é positiva para a precificação do segmento de energia da empresa.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Semana tem superquarta com reuniões do BoJ, Fed e Copom

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[29/07/24]

… A semana reserva grande expectativa pelas três principais reuniões de política monetária: Fed, Copom e BoJ na 4ªF, além da reunião do BoE inglês (5ªF). O BoJ está sob crescente pressão para subir o juro, o que ampliaria o rali do iene e pioraria tudo para o real. Em NY, investidores estão apreensivos com os balanços de mais quatro high techs: Microsoft, Meta, Apple, Amazon, que podem trazer nova onda de estresse. A agenda nos EUA ainda tem vários indicadores do mercado de trabalho, incluindo o payroll. Aqui a semana começa com déficit do setor público (8h30), enquanto o mercado espera pelo detalhamento do corte de R$ 15 bilhões nos gastos públicos, em decreto previsto para amanhã. No calendário corporativo, resultados de Gerdau e Ambev, e o relatório de produção da Petrobras, hoje à noite.

… Ainda existe dúvida se o BC japonês realmente optará por um novo aperto esta semana, mas, segundo a Reuters, comenta-se que, no mínimo, vai detalhar um plano para cortar à metade as compras de bônus nos próximos anos.

… O governo de Tóquio estaria desconfortável com o ritmo lento da normalização da política monetária.

… Quanto ao Fed, o consenso entre economistas entrevistados pela Bloomberg é de que já deve deixar engatilhada uma sinalização no encontro de 4ªF para o início do ciclo de relaxamento monetário em setembro.

… O Fomc deve usar o comunicado ou a coletiva de Powell para confirmar a aposta mais do que consolidada de que está chegando a hora da flexibilização. Na 6ªF, o PCE sob controle só confirmou esta convicção (abaixo).

… A inflação comportada não só manteve a precificação de início dos cortes de juros os EUA em setembro, na ferramenta de apostas do CME, como conservou a expectativa de redução acumulada de 75pb até o ano acabar.

… Apesar do pivô dovish contratado pelo Fed, o nosso Copom não deve ter a sorte de surfar no alívio do corte de juro nos Estados Unidos, porque tem pelo menos três focos de risco para administrar: dólar, inflação e fiscal.

… É unânime a aposta entre os departamentos econômicos das grandes instituições financeiras de que a Selic vai continuar estável em 10,50% na superquarta. Mas é muito provável também que o Copom endureça o tom.

… Nos esforços para assegurar a credibilidade, o BC deve preferir adotar uma comunicação conservadora de que o cenário se deteriorou desde a última reunião e que está disposto a reagir contra a piora no quadro econômico.

… Com o recado, o Copom pode deixar uma carta na manga para subir a Selic mais à frente, se necessário.

… Embora esta perspectiva de retomada do aperto monetário não seja cogitada no cenário-base dos analistas, a curva do DI já anda especulando com o risco crescente de o BC reverter a sua estratégia em algum momento.

… A escalada recente do dólar para até R$ 5,70 exige ajustes de linguagem no comunicado do Copom, que até agora tem utilizado uma taxa de câmbio bem menos pressionada, de R$ 5,30, nos seus cenários de referência.

… Cada vez mais depreciado, o real bate diretamente nas expectativas de inflação, que seguem desancoradas e, junto com os desafios fiscais, contribuem para manter no radar a ameaça de uma alta da Selic no curto prazo.

… Na semana passada, o IPCA-15 de julho (+0,30%) subiu mais do que o mercado esperava (0,23%) e mostrou aceleração da média dos núcleos e dos serviços subjacentes, que são acompanhados bastante de perto pelo BC.

… A frustração com o indicador da prévia de inflação pode ser refletida hoje no levantamento Focus (8h25), que semana passada havia dado uma sinalização favorável, com pausa na sequência de altas da mediana do IPCA/25.

… De última hora, na tarde de 6ªF, a Aneel anunciou que vai acionar a bandeira verde para as contas de luz em agosto, contrariando a expectativa do mercado financeiro, de que a bandeira amarela persistiria.

… A surpresa positiva pode aliviar em até 11 pontos-base o IPCA de agosto, segundo os cálculos da economista Andréa Angelo (Warren Investimentos), mas não muda as expectativas para a inflação no acumulado do ano.

… Na Terra Investimentos, Homero Guizzo projeta a volta da cobrança da bandeira amarela em dezembro.

MAIS AGENDA – Pelo lado da inflação, amanhã (3ªF), o IGP-M deve desacelerar para 0,47% em julho (mediana das apostas de pesquisa Broadcast), após alta de 0,81% em junho. Na 5ªF, sai o IPC-S fechado do mês e, na 6ªF, o IPC-Fipe.

… Já do lado da atividade, tem a produção industrial de junho (6ªF). Ainda o emprego está no foco na semana, com a Pnad contínua (4ªF), além do Caged, amanhã (3ªF), que deve acelerar a criação de vagas para 165 mil (junho).

… No fiscal, sai hoje (8h30) o resultado do setor público consolidado de junho.

… As projeções, todas deficitárias, variam de R$ 104,20 bilhões a R$ 45,0 bilhões, com mediana de R$ 73,90 bilhões.

… O saldo negativo de quase R$ 40 bilhões do Governo Central, anunciado na última 6ªF e puxado pelas despesas previdenciárias em junho, deve sustentar a expectativa de déficit no setor público consolidado no período.

… Apesar do resultado negativo, o déficit do Governo Central em junho foi inferior aos R$ 45,0 bilhões verificado no mesmo mês do ano passado, sendo esta melhora de 17,3% reais. Enquanto a receita líquida avançou 5,8%, a despesa teve crescimento de apenas 0,3%.

… Os benefícios previdenciários pagos em junho foram 7% inferiores aos de junho/23, com o adiantamento do calendário do 13º do INSS, mas o Benefício de Prestação Continuada foi 16% maior, por conta da valorização do salário-mínimo e maior número de beneficiários.

… Houve desembolso de R$ 1,3 bilhão em Créditos Extraordinários, sendo R$ 1,1 bilhão relativo à calamidade no RS, e as discricionárias registraram aumento de 26,3%, o que provavelmente se relaciona ao retorno do gasto mínimo da Saúde vinculado a arrecadação.

… A Warren acredita que a meta fiscal será cumprida em seu limite inferior de R$ 28,8 bilhões. Porém, diz que serão necessários cortes adicionais de R$ 13,5 bilhões em gastos discricionários, já que as receitas líquidas devem desacelerar no segundo semestre.

… Ainda nesta 2ªF, o Tesouro divulga o relatório mensal da dívida pública de junho, às 14h30.

MAIS FISCAL – A distribuição dos cortes nos gastos públicos entre os ministérios, que somam R$ 15 bilhões, será informada em decreto presidencial amanhã (3ªF) e detalhada em entrevista coletiva de imprensa da equipe econômica.

… O ministro Rui Costa (Casa Civil) informou a repórteres no Planalto, na 6ªF, que nenhuma pasta escapará do bloqueio de verbas apresentado no último relatório bimestral de receitas e despesas.

… A Folha informou na semana passada que o governo tem apenas R$ 65 bilhões de espaço para cortar de verbas não contingenciadas e que os ministros estavam em “guerra” em Brasília para serem poupados dos bloqueios e contingenciamentos.

… Dentro da operação pente-fino em benefícios para combater fraudes e desvios, o governo informou que vai usar biometria para novos pedidos do BPC a partir de 1º /9 e exigirá o recadastramento dos beneficiários.

… Além disso, nos esforços por uma arrecadação maior, a equipe econômica segue à espera das medidas de compensação à desoneração de iniciativa do Congresso. O SFT prorrogou para 11/9 o deadline para um acordo ser alcançado.

… Mas a Fazenda já trabalha com a possibilidade de não chegar a um acerto com o Senado até este prazo. As incertezas complicam a elaboração do Orçamento/2025, que precisa ser enviado ao Legislativo até a próxima 5ªF.

LULA – Em um pronunciamento de sete minutos em cadeia de rádio e televisão, o presidente Lula fez ontem à noite um balanço de seu governo, que completa um ano e meio, quando defendeu enfaticamente o seu compromisso com a responsabilidade fiscal.

… Lula disse que aprendeu com sua mãe, dona Lindu, que não pode gastar mais do que ganha.

BALANÇOS – Semana tem entre os destaques a 3R Petroleum (amanhã, 3ªF), Gerdau (4ªF), Ambev, Cielo e Eztec (5ªF). Hoje, depois do fechamento dos mercados, a CCR e a Telefônica Brasil (Vivo) divulgam resultados.

… Também na noite desta 2ªF, a Petrobras informa seu relatório de produção. O balanço da empresa sai só dia 8/8.

SETE MAGNIFÍCAS – Nos EUA, vêm aí Microsoft (amanhã, 3ªF), Meta (4ªF), Apple e Amazon (5ªF), depois de a decepção com os números da Tesla e da Alphabet ter levantado a lebre de estouro da bolha de tecnologia.

… Hoje, antes da abertura dos negócios, o mercado tem para conferir o balanço trimestral do McDonald´s.

AGENDA LÁ FORA – Além das reuniões do Fed, BoJ, BoE, o investidor tem pela frente o payroll de julho (6ªF). Outro termômetro do mercado de trabalho americano, o relatório Jolts será divulgado amanhã (3ªF). Na 4ªF, tem ADP.

… Na 5ªF, o ritmo da atividade industrial será conferido pelo PMI de julho medido pela S&P Global e pelo ISM. 

… Hoje, nos EUA, saem as estimativas de financiamento de reembolso do Tesouro americano, às 16h.

ZONA DO EURO – A leitura preliminar de julho da inflação ao consumidor (CPI) sai na 4ªF e o PIB/2Tri, amanhã (3ªF).

CHINA – Amanhã (3ªF) à noite, vem o PMI composto oficial e, na noite de 4ªF, o PMI/S&P Global industrial de julho.

OPEP – A expectativa é que o cartel mantenha, em reunião na 5ªF, as atuais políticas de produção para o 3Tri.

… Neste domingo, a Ucrânia disse em comunicado que os serviços de segurança de Kiev foram responsáveis por um ataque de drone na região de Kursk, no sul da Rússia, contra um depósito de petróleo usado para atender às necessidades dos militares russos.

VENEZUELA – Ninguém se arriscava a cravar um resultado na eleição presidencial neste domingo, que transcorreu sem incidentes e levou milhares de pessoas às urnas, em um recorde de comparecimento em todos os estados do país.

… A oposição está otimista, acredita que conseguirá derrotar Nicolas Maduro, após 25 anos, mas ontem à noite denunciava restrições para acompanhar a apuração. Não há previsão para a divulgação dos resultados oficiais.

HARRIS VS TRUMP –A vice-presidente Kamala Harris ganhou terreno significativo sobre o ex-presidente Trump nos mercados de apostas eleitorais desde que assumiu o comando da chapa democrata, informou a Fox News.

… O republicano estava neste domingo com 54,6% de chances de vencer a eleição (de 61% em 20/7) e Harris chegou a 39,2% (de 18,2%). Já uma pesquisa eleitoral da AtlasIntel apontou Trump com 50% das intenções de voto e Kamala Harris com 48%.

FICOU NA PROMESSA – Desperdiçando a oportunidade de seguir o alívio externo com a inflação do PCE, o real caiu novamente, prejudicado pela valorização do iene, que provoca o desmonte nas operações de carry trade.

… Em paralelo, também a dinâmica doméstica fiscal frágil ajudou a depreciar o câmbio, diante do déficit primário de quase R$ 40 bilhões em junho. Resistente na faixa de R$ 5,65, o dólar subiu 0,18%, a R$ 5,6579, na 6ªF.

… Terminou a semana com alta acumulada de quase 1%, num período marcado não só pelo rali do iene, como também pela queda dos preços das commodities, diante da expectativa de consumo fraco por causa da China.

… Já a curva do DI ignorou o déficit nas contas públicas e também a pressão do dólar e não perdeu a chance de aproveitar o PCE, que consolida corte de juro pelo Fed em setembro, para devolver prêmio de risco.

… Após os ajustes, o DI/jan25 caiu a 10,755% (de 10,781% na véspera); Jan/26, 11,705% (de 11,762%); Jan/27, 11,955% (de 12,025%); Jan/29, 12,150% (de 12,256%); Jan/31, 12,180% (12,295%); e Jan/33, 12,150% (12,286%).

WELCOME – Pela primeira vez este ano, o Ibovespa pode fechar um mês com fluxo estrangeiro positivo. De quebra, julho pode ainda emplacar o melhor desempenho da série histórica para o mês em entrada da capital estrangeiro.

… Até a última 4ªF, o salto de capital externo estava em R$ 5,37 bilhões. A retomada do apetite dos gringos pelo Brasil, no entanto, ainda é pequena, se comparada às saídas de R$ 34,33 bilhões dos estrangeiros acumuladas no ano.

… Profissionais do mercado ouvidos pelo Broadcast apontam três drivers, em especial, para justificar a volta do interesse em julho: corte do Fed à vista, oferta de privatização da Sabesp e trégua de Lula nos ruídos fiscais.

… “A disparada do dólar a R$ 5,70 convenceu o governo a voltar atrás e moderar o discurso”, observou o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi. Além disso, ajudou o compromisso com cortes de gastos.

… Embora o estrangeiro ainda não esteja voltando com tudo, o anúncio pelo governo do congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano e a intenção de cortar R$ 26 bilhões em 2025 contribui para a melhora da percepção fiscal.

… Na 6ªF, o Ibovespa colou no bom humor externo e repercutiu positivamente o balanço da Vale. Primeiro, resgatou os 126 mil pontos e depois foi para a faixa seguinte, fechando em alta firme de 1,22%, aos 127.492,49 pontos.

… O giro somou R$ 22,5 bilhões, próximo das médias recentes. Ação com maior peso individual (12,8%) na carteira teórica do índice à vista, Vale subiu 1,49% (R$ 61,47), repercutindo os dados trimestrais e a alta de 1,5% do minério.

… Sem fôlego, Petrobras ON subiu menos (+0,29%), a R$ 40,85, e PN perdeu 0,11%, a R$ 37,64. Mas foi melhor que o petróleo. O Brent/out caiu 1,36%, a US$ 80,28, antecipando demanda fraca na China, maior importador global.

… Os papéis dos bancos subiram em bloco: Santander (+1,80%; R$ 28,22); Bradesco ON registrou +0,89% (R$ 11,33); Banco do Brasil ON, +0,86% (R$ 27,12); Bradesco PN, +0,81% (R$ 12,45); e Itaú, +0,74% (R$ 34,24).

… JBS saltou 6,72%, a R$ 33,02, depois de ter tido a recomendação elevada para compra pelo JPMorgan, com o preço-alvo subindo de R$ 27 para R$ 37. No pano de fundo, o fim da doença de Newcastle ajudou no otimismo.

… Por outro lado, Usiminas derreteu 23,55% (R$ 6,33). A queda livre foi desencadeada pelo resultado fraco no 2Tri, com um prejuízo líquido de R$ 100 milhões, o que levou a ação a liderar o ranking das piores quedas do dia.

DON´T WORRY, BE HAPPY – NY esqueceu da bolha das techs na 6ªF e foi só alegria com o PCE de junho.

… O indicador dentro do esperado (2,5% no dado cheio e 2,6% no núcleo) manteve em quase 100% no CME a aposta de corte de juro em setembro, embora até lá ainda faltem os dados de inflação de julho e agosto.

… As bolsas deslancharam, os yields dos Treasuries caíram, com a taxa da Note-10 anos furando 4,20% e o retorno do T-Bond-30 voltando à faixa de 4,50%, e o dólar se acomodou em queda, depois do “risco Trump”.

… A única exceção foi o iene (+0,13%, a 153,72/US$), que continuou se valorizando contra a moeda americana e complicando as coisas para o real. O euro avançou 0,10%, a US$ 1,0858, e a libra, +0,14%, a US$ 1,2874.

… Entre os títulos do Tesouro americano, o rendimento da Note de 2 anos caía a 4,386%, de 4,436% na véspera, o de 10 anos recuou para 4,194%, de 4,252%, e o de 30 anos voltou para 4,451%, de 4,496% no dia anterior.

… Em Wall Street, deixando de lado momentaneamente a turbulência do setor de tecnologia, o Nasdaq avançou 1,03%, aos 17.357,88 pontos, o Dow Jones subiu 1,64%, aos 40.589,34 pontos, e o S&P 500, +1,11% (5.459,10).

EM TEMPO… VALE informou que a potencial participação da companhia em qualquer aquisição, desinvestimento, joint venture ou outras oportunidades de negócios é avaliada à luz das suas prioridades estratégicas…

…Posicionamento vem em resposta a rumores sobre possível combinação de negócios com a canadense Teck Resources; segundo a Bloomberg, Anglo American e Vale Base Metals veem a Teck como parceira para fusão.

PETROBRAS vai cumprir todos os requisitos e exigências do Ibama para conseguir a licença ambiental do Ibama para explorar a Margem Equatorial, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (Broadcast)…

… Segundo ele, com a Margem Equatorial, a estatal vai ganhar muito mais valor e poderá investir mais.

ELETROBRAS conversa com o empresário Nelson Tanure para vender sua fatia de 39% da Emae, numa transação estimada em R$ 700 milhões. (Lauro Jardim/O Globo)

ENEVA pagará R$ 150.103.073,47 em dividendos, o equivalente a R$ 0,4505 por ação, com pagamento previsto para 13 de agosto; ex a partir de hoje…

… Companhia realizou a operação de cessão parcial de direitos creditórios, decorrentes da Receita Fixa dos Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR), da Usina Termelétrica Porto de Sergipe I.

SABESP. S&P Global reafirmou classificações de crédito de emissor e nível de emissão em escala global BB e brAAA em escala nacional para a empresa e manteve perspectiva estável…

… BlackRock elevou fatia na empresa para 5,165% do total de ações ON, passando a deter 35.304.942 de papéis.

CARREFOUR anunciou projeções de abertura de lojas do Atacadão até o final do ano…

… Expectativa, que era de 10 a 12 novas lojas, passou para 20, todas conversões de unidades de outros formatos de varejo (12 de hipermercados Carrefour e 8 de supermercados); serão abertas ainda entre 7 e 9 lojas do Sam’s Club.

ZAMP. Acionistas aprovaram aumento do capital de, no mínimo, R$ 268,9 milhões, e no máximo, R$ 450 milhões; operação será feita mediante a emissão de 78.631.580 a 131.578.948 ações ON no valor de R$ 3,42 cada…

… Aumento de capital tem por finalidade a captação de recursos para a expansão orgânica da rede de lojas Burger King e para a aquisição de determinados bens e direitos que integram as operações das lojas Starbucks no Brasil.

TELEFÔNICA atualizou o valor por ação a ser pago de JCP aprovado em 15 de julho, devido às aquisições realizadas pelo programa de recompra de ações da companhia…

… Valor bruto por ação passou de R$ 0,3946 para R$ 0,3956; pagamento será realizado até 30 de abril de 2025, com base na composição acionária de 26 de julho.

SÃO MARTINHO. Citi manteve recomendação neutra para a ação da empresa, mas reduziu preço-alvo de R$ 37 para R$ 34…

… Companhia deve apresentar aumento no volume de cana-de-açúcar processada no 1TRI da temporada 2024/25 em relação ao ano anterior, impulsionado pelo início antecipado da colheita na região Centro-Sul, diz o banco.

GRUPO SBF registrou lucro líquido de R$ 229 milhões no 2TRI, revertendo prejuízo de R$ 33,6 milhões de um ano antes; Ebitda somou R$ 218,5 milhões, avanço de 46,7% na comparação anual.