Powell fala às 11h em Jackson Hole

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[23/08/24]

… A fala de Jerome Powell no seminário de Jackson Hole (11h) é o único interesse dos mercados globais nesta 6ªF, quando os investidores esperam que ele não apenas confirme o início dos cortes do juro nos EUA em setembro, mas também sinalize a magnitude da primeira queda e, com alguma sorte, dê uma ideia do ciclo total. O caminho das pedras poderá ser dado pela preocupação que Powell mostrar com o mercado de trabalho. Na véspera do evento, um forte ajuste das apostas mais agressivas elevou a 75% as chances de uma redução de 25pbs. O movimento disparou os juros dos Treasuries, o dólar e derrubou as bolsas, na reprecificação reproduzida pelos ativos brasileiros. Galípolo achou que tinha ajudado na pressão, quis se explicar. Não precisava, o mercado já entendeu que ele é confiável.

… O provável substituto de RCN, que deve ser anunciado em breve, não se cansa de dizer que o Copom está pronto para subir os juros, se for necessário, fazendo questão de revelar que, para ele, o balanço de riscos é assimétrico, com mais riscos para a alta da inflação.

… Aí vai o mercado e faz o quê? Exagera, apostando em altas de 50 pontos-base da Selic em cada uma das últimas três reuniões do ano.

… Vem, então, Campos Neto e faz uma advertência contra a rápida intensificação das expectativas de aumento da taxa Selic, e vem Diogo Guillen e critica o “excesso de ênfase dado ao balanço de riscos”. Ambos tentando baixar um pouco o poeira.

… Galípolo insiste na mensagem de alta da Selic, mas não quer que o mercado tome suas avaliações sobre o balanço de riscos assimétrico como “guidance”, ao mesmo tempo em que diz estar contente com a interpretação que o mercado faz de suas palavras.

… O mercado começa a achar que eles não estão falando a mesma linguagem e parte para o vaivém das taxas na curva do DI.

… Galípolo ouve falar em posições dissonantes e faz um mea culpa, dizendo que se explicou mal na palestra na Fenabrave e queria corrigir na palestra da FGV. Não tinha a menor necessidade. Falar o mercado fala, mas isso estava bem longe de ser uma crise.

… O candidato ao comando do BC já provou que realizará uma condução técnica quando assumir em janeiro de 2025, que não terá medo de subir a Selic, que não se intimidará com Lula, que respeitará a meta de 3% e que o mercado pode acreditar.

… Mas, a cada vez que ele volta ao assunto, acaba dando margem a interpretações, porque é disso que o mercado vive, de interpretar os fatos e antecipar cenários. Galípolo está falando demais, e dando muita importância ao que pensa o mercado.

… Nesta 5ªF, por exemplo, a alta generalizada dos juros futuros na B3 refletiu a disparada dos yields americanos, que também corrigiram os exageros recentes, antes que Powell chegue e jogo um balde de água fria no mercado hoje.

… Do mesmo modo, o dólar se ajustou lá fora e aqui, em um pregão de expectativas que não autoriza tendências até as 11h.

DESONERAÇÃO – Haddad chamou a imprensa ontem à tarde para informar que projetos de lei prevendo aumento das alíquotas da CSLL e da tributação sobre JCP serão encaminhados junto ao Orçamento, semana que vem.

… De acordo com o ministro da Fazenda, as medidas servirão como uma espécie de garantia caso as propostas aprovadas pelo Senado não sejam suficientes para compensar a desoneração da folha no ano que vem.

… Faltando uma semana para o envio pelo Executivo ao Congresso da peça orçamentária de 2025, os auditores do TCU alertaram que as projeções do governo para o resultado primário em 2025 apresentam um “duplo risco”.

… Segundo eles, existe a possibilidade de frustrações de receitas e aumento das despesas obrigatórias.

… O TCU considera “otimistas” as estimativas para a receita primária líquida, que estariam de R$ 35,6 bilhões a R$ 50,7 bilhões acima das projeções feitas com base em dados do mercado, sinalizando decepção com as receitas.

… A equipe técnica do TCU também observa que a projeção do governo federal de aumento das despesas primárias totais ultrapassa o limite de crescimento real de 2,5% ao ano permitido pelo novo arcabouço fiscal.

ESTOUROU – Reportagem no Valor apurou que a alíquota média do IVA pode ficar em 28%, acima do limite de 26,5% definido pelo grupo de trabalho da reforma tributária.

… O estouro é consequência das várias concessões a setores beneficiados por isenções e regimes especiais.

… A Fazenda tentará ajustar a alíquota na tramitação da PEC no Senado, definindo compensações a benefícios concedidos. Se a alíquota de 28% se confirmar, o Brasil terá o maior imposto sobre o consumo do mundo.

MAIS AGENDA – Aqui, só sai a prévia do IPC-S (8h). Nos EUA, as vendas de casas novas (11h) têm previsão de +2,1% em julho. Às 14h, saem os dados de petróleo da Baker Hughes. O BoE solta às 12h a fala de Bailey em Jackson Hole.

DEU RUIM – O flerte do dólar com R$ 5,60 e a escalada dos juros futuros responderam ao esfriamento das apostas em um corte de juro mais agressivo pelo Fed e ao “bate-cabeça” em relação aos recados que Galípolo tem passado.

… Logo cedo, a moeda americana rompeu um nível importante (R$ 5,55), seguindo o ajuste lá fora, e a partir daí foi só ladeira acima, com o investidor procurando abrigo em meio à interpretação de discursos sem coesão no BC.

… Ao Broadcast, Nicolas Borsoi (Nova Futura) disse que as declarações recentes de Campos Neto e dos diretores do BC não combinam com a percepção anterior de que o Copom estava unido na avaliação sobre a condução do juro.

… “O Comitê parece agora não ter uma mensagem harmônica. Essa mudança é ruim e adiciona mais volatilidade.”

… No mercado à vista, o dólar fechou com alta de 1,98%, em R$ 5,5904, bem próximo da máxima intraday de R$ 5,5955. A mínima foi de R$ 5,4813.

… O cenário de incerteza do BC e do Fed apareceu também na curva dos DIs, achatada, com as taxas dos vencimentos mais curtos próximas aos longos. Ontem, a diferença entre o Jan26 e o Jan33 era de apenas 0,06pp.

… O DI para Jan/25 subiu para 10,845% (de 10,75% no pregão anterior); o Jan/26 avançou a 11,590% (de 11,45%); o Jan/27 foi a 11,590% (de 11,415%); o Jan/29 pagou 11,665% (de 11,485%); e Jan/31, 11,670% (de 11,520%).

… A Quantitas revisou para cima o call da Selic, de manutenção para alta de 0,25pp em setembro, e projeta agora  ciclo total de aperto de 1,5pp, com duas doses de meio ponto depois da próxima reunião e mais 0,25pp em janeiro.

… A casa cita o desconforto dos diretores do BC com a desancoragem das expectativas de inflação. Mas outras instituições financeiras ainda estão confiantes de que o Copom vai resistir a tirar o juro de onde está (10,50%).

… O Barclays reconhece que há chance de aperto de 1,50pp à frente, mas ainda mantém a aposta em Selic estável, mesmo antecipando uma economia mais aquecida e tendo subido a projeção para o PIB do ano de 2,2% para 2,7%.

… Do mesmo modo, o Banco Inter confia em manutenção da taxa de juro até o primeiro semestre do ano que vem, embora ressalve que o risco é de alta, diante das revisões nas estimativas de inflação e de crescimento econômico.

… O banco elevou a projeção de IPCA de 4,2% para 4,4% e a do PIB de 2,1% para 2,5%.

… Para o Bradesco, a Selic está restritiva o suficiente para garantir a convergência do IPCA à meta. O banco diz que estimativas próprias apontam uma meta implícita na atual condução da política monetária muito próxima de 3,0%.

TRÊS É DEMAIS – A reprecificação para o Fed, antes de Jackson Hole, facilitou o ajuste em baixa do Ibovespa, que entrou em bom ponto de venda, depois da sequência de três pregões nas máximas históricas de fechamento.

… Deixando na promessa a conquista dos 137 mil pontos, o índice à vista fechou em baixa de 0,95%, aos 135.173,39 pontos, com giro de 22 bi. Mas não quer dizer que a bolsa vá estacionar. Pode ter sido só uma parada estratégica.

… Entusiasmado com a força do crescimento econômico doméstico neste ano, o JPMorgan elevou a projeção para o Ibovespa de 135 mil para 143 mil pontos no fim do ano. A XP Investimentos não duvida de até mais: 147 mil pontos.

… Mas mantém um posicionamento ainda cauteloso, diante da volatilidade e riscos fiscais e políticos do País.  

… Ontem, as apostas no gradualismo do Fed e a percepção de sinais trocados dentro do Copom abriram uma onda de correção no Ibov, que poupou só 13 papéis, entre eles, as duas maiores blue chips de commodities (Vale e Petro).

… Já os bancos realizaram em bloco parte das altas recentes. BB puxou a fila do setor: -2,44% (R$ 28,01). Itaú caiu 0,92% (R$ 36,74); Bradesco PN, -0,70% (R$ 15,52); Bradesco ON, -0,07% (R$ 14,03); e Santander, -0,32% (R$ 30,97).

… CVC (-6,52%) apagou metade dos ganhos conquistados no dia anterior, após a gestora WNT ter elevado sua fatia.

… A alta do DI cobrou seu preço de papéis mais sensíveis ao ciclo econômico. MRV (-5,28%), Magazine Luiza (-4,84%), Eztec (-4,68%), Yduqs (-4,63%) e Cogna (-4,32%) figuraram entre as maiores perdas do Ibovespa.

… Vale resistiu à queda de 1,14% do minério de ferro e virou para leve alta na reta final: ON, +0,14%, a R$ 58,38. O papel, porém, ainda acumula queda de 18,50% este ano, abalado pelo cenário de fragilidade econômica da China.

… Com tombo de 3,46%, Usiminas PNA continuou refletindo os receios com o ritmo de consumo de commodities pelos chineses. CSN perdeu 1,62%; Metalúrgica Gerdau PN caiu 1,41%; CSN Mineração, -1,10%; e Gerdau PN, -0,81%.

… Petrobras subiu de leve (ON, +0,10%, a R$ 39,78; e PN, +0,13%, a R$ 37,12), de olho no petróleo, que reagiu após quatro quedas seguidas. No fechamento, o Brent para outubro subiu 1,54%, a US$ 77,22 por barril, na Ice londrina.

VAI DE ESCADA – A percepção de que o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, logo mais, vai indicar que o Fed pegará a escada em vez do elevador na descida dos juros levou os investidores a ajustarem suas posições em NY.

… Mohamed El-Erian comentou que o mercado estava exagerando nas apostas de corte de 50 pb e, de fato, no fim dos negócios ontem, o CME indicava 75% de chance de -25 pb, contra 62% na véspera.

… Discursos de vários Fed boys foram na linha da cautela. Jeffrey Schmid (Kansas City) disse que quer ver mais dados antes de apoiar qualquer corte.

… Sua contraparte de Boston, Susan Collins, também precisa de mais informações e disse que “um ritmo gradual e cauteloso” de redução é mais apropriado.

… Patrick Harker (Filadélfia) defendeu um corte em setembro, mas deixou a magnitude em aberto.

… Mistos, os indicadores do dia prescreveram cuidado. O PMI composto dos EUA veio em agosto (54,1) um pouco acima do esperado (54,0) graças aos serviços, que subiram de 55,0 para 55,2, contrariando previsão de queda a 54,1.

… Mas a indústria marcou o pior nível do ano: 48, ante 49,6 em junho. A expectativa era de estabilidade.

… As vendas de moradias usadas em julho subiram 1,3% ante junho, de uma previsão de +0,8%, segundo a NAR. Foi o primeiro aumento em cinco meses.

… Os pedidos de auxílio desemprego (232 mil) na semana passada vieram um pouco abaixo do esperado (233 mil).

… Em NY, as techs – sensíveis à política monetária – lideraram as perdas, com o Nasdaq em forte baixa de 1,67%, aos 17.619,35 pontos.

… “Os investidores estavam tentando ajustar posições antes da divulgação do balanço da Nvidia, na semana que vem, e diminuir risco antes do discurso de Powell”, disse Scott Ladner (Horizon Investments), à Reuters.

… O profissional vê o presidente do Fed sinalizando um corte em setembro. “Powell será discreto quanto à magnitude do corte, mas tentará colocar o mercado na direção dos 25pbs”, disse.

… No S&P 500, o bloco de tecnologia também comandou as baixas. O índice cedeu 0,89%, a 5.570,64 pontos. O Dow caiu 0,43%, a 40.712,78 pontos.

… Esse ajuste de posições para o corte do Fed em setembro levou a note de 2 anos de volta aos 4%, em 4,011% (de 3,933% na véspera.

… O resto da curva também subiu. O juro da note de 10 anos avançou a 3,858% (de 3,801%) e o do T-bond de 30 anos foi a 4,130% (de 4,078%).

… Depois de cravar a mínima do ano na véspera, o dólar avançou sobre a maioria dos pares. O DXY subiu 0,46%, a 101,508 pontos. O iene devolveu parte dos ganhos recentes, com queda de 0,76%, a 146,252/US$.

… Apesar do PMI composto em terreno de expansão no bloco europeu (51,2), o euro caiu 0,39%, a US$ 1,1111.

… Já a libra fechou praticamente estável (-0,03%), a US$ 1,3087, porque respondeu melhor ao dado positivo do PMI composto do Reino Unido, que teve alta inesperada, para 53,4 em agosto, maior nível em 4 meses.

EM TEMPO… ITAÚ emitiu R$ 3,1 bilhões em letras financeiras subordinadas nível 2, com vencimento em 2034.

ENERGISA. Problema externo no SIN gerou interrupção no sistema que abastece Acre e Rondônia.

EVEN concluiu a venda de 9.800.000 ações de emissão da Melnick, representativas de 4,75% do capital social; valor representa a totalidade das ações até então aprovadas pelo conselho de administração da companhia…

… Empresa ainda detém 29.983.107 ações da Melnick, representativas de 14,54% do capital social; venda foi feita na bolsa de valores.

ALLOS. Guepardo Investimentos passou a deter 27.356.400 de ações ON de emissão da companhia, o equivalente a 5,04% do capital social.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Agenda tem Galípolo e dados nos EUA

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[22/08/24]

… Dia cheio por aqui começa com os dados de arrecadação federal de julho (10h30) e, depois, o mercado tem para acompanhar a agenda do BC. Guillen participa de evento da PUC-Rio (11h), Galípolo faz palestras em congressos da Fenabrave (14h30) e FGV (17h00), e Campos Neto participa à noite (21h) do primeiro dia do Simpósio de Jackson Hole. Na véspera da fala de Powell por lá, indicadores nos EUA calibram as expectativas. Destaque para a leitura preliminar de agosto do PMI/S&P Global composto (10h45), que também será divulgado na Europa (junto com a ata do BCE), e para o auxílio-desemprego (9h30), um dia depois de a ata dovish do Fed e a revisão dos dados do payroll terem recuperado apostas de que o ciclo de queda do juro nos EUA pode começar com corte maior (50pbs).

… Esta não é ainda a expectativa majoritária no mercado, mas pode virar, dependendo do tom que Powell assumir amanhã e, particularmente, de como vier o payroll de agosto, diante da cautela explícita do Fed com o emprego.

… A ata mostrou ontem que o BC americano está satisfeito com o progresso no combate à inflação, mas que redirecionou o seu foco de preocupação para o ritmo acentuado de desaceleração do mercado de trabalho.

… O documento revelou que alguns membros do Fed chegaram até mesmo a defender um corte antecipado do juro no último encontro (em julho), indicando que dificilmente o relaxamento monetário deve passar da próxima reunião.

… Parece ser agora questão só de quanto, não de quando. Quem ainda projeta redução de 25pbs, reconhece que a eventual deterioração do emprego no relatório oficial de agosto ampliaria a chance do corte mais agressivo (50pbs).

… Também subiu a chance de o juro cair mais no ano (125pbs), embora a perspectiva de 100pbs continue ganhando.

… A fraqueza observada na revisão dos dados do payroll na base anualizada até março, que veio perto da estimativa mais pessimista (abaixo), também ajudou a manter em cena a chance de maior flexibilização monetária nos EUA.

… Mas a vantagem foi que os números, por piores que tenham vindo, não assustaram a ponto de resgatar o pânico de recessão. Para a consultoria Capital Economics, os dados ainda mostram crescimento “saudável” do emprego.

… Hoje, o auxílio-desemprego tem expectativa de alta de quatro mil pedidos, para 231 mil.

… Embora a inclinação dovish para o Fed tenha derrubado para a mínima do ano ontem o índice DXY, que mede a força do dólar, por aqui, o dólar continuou rondando R$ 5,50. Já o Ibov teve um novo recorde para chamar de seu.

… Será importante conferir a interpretação que o mercado fará hoje dos comentários de Galípolo, que pareceu mais brando na última fala, de que “não há guidance” para o Copom, embora admita que uma alta da Selic está na mesa.

CONGRESSO X STF – Depois de o Supremo ter anunciado o acordo com o governo e os congressistas para manter tudo mais ou menos como estava no pagamento das emendas, a Câmara sinalizou um recuo estratégico.

… A PEC que autoriza o Legislativo a derrubar decisões do STF voltará para a geladeira.

… Mas, segundo a Coluna do Estadão, isso não significa clima de plena harmonia. A outra PEC, que limita decisões monocráticas dos ministros do STF, continuará seu curso e o líder da oposição, Filipe Barros (PL), foi escalado relator.

… O texto foi aprovado no Senado no ano passado e estava na gaveta de Lira desde dezembro. Mas foi resgatado à pauta em tom de retaliação, após Dino suspender as emendas parlamentares impositivas e o STF assinar embaixo.

MAIS AGENDA – Diante do consenso entre os investidores de que as expectativas de receita do governo estão muito otimistas e que os gastos continuam subestimados, a Receita divulga hoje a arrecadação federal do mês de julho.

… A dinâmica positiva da atividade econômica no período e a desvalorização cambial devem impulsionar o resultado para R$ 224,850 bilhões em julho (mediana de pesquisa Broadcast), depois de R$ 208,844 bilhões em junho.

… Haddad participa à tarde (15h) de reunião do CMN e vai com Lula à solenidade de posse de ministros do STJ (17h).

LÁ FORA – A ata do BCE sai às 8h30, horas depois do PMI composto da zona do euro (5h), Alemanha (4h30) e Reino Unido (5h30). Nos EUA, vêm a atividade de julho medida pelo Fed/Chicago (9h30) e as vendas de casas usadas (11h).

JAPÃO HOJE – A leitura preliminar de agosto do PMI composto medido pelo setor privado (S&P Global) melhorou de 52,5 em julho para 53,0. O indicador acima do patamar neutro de 50 indica que a atividade continua em expansão.

… O PMI industrial abandonou a breve contração em julho (49,1) para 50,9 e o PMI/serviços subiu de 53,7 para 54,0.

NON STOP – Agora que rompeu os recordes históricos, o Ibovespa não quer mais parar a brincadeira.

… Bateu ontem, pela terceira vez consecutiva, a melhor marca de todos os tempos de fechamento, com alta de 0,28%, aos 136.463,65 pontos, após ter superado no pico intraday o nível inédito dos 137 mil pontos (137.039,54).

… Estrelas do dia, as ações das metálicas protagonizaram o otimismo na bolsa. Mas tem mais coisa aí.

… Com o corte contratado do juro pelo Fed e os preços defasados do Ibov, o capital estrangeiro tem voltado com força. “Há uma arbitragem super positiva”, resumiu ao Broadcast o CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Marcatti.

… Só este mês, já entraram quase R$ 8 bilhões em k externo na B3 e, como contra o fluxo não há argumento, o Ibovespa tem enfrentado os desafios com mais facilidade, como a chance de retomada das altas da Selic.

… Até mesmo este risco de o ciclo de aperto voltar à tona tem sido visto sob lentes cor de rosa, com o mercado interpretando a abordagem mais hawkish de Galípolo como um ganho de credibilidade para o novo BC.

… Nesta 4ªF, o rali de 4,5% do minério bombou os papéis de siderurgia e mineração: Gerdau (+3,83%), CSN Mineração (+3,80%), CSN (+3,70%), Metalúrgica Gerdau (+3,70%) e Usiminas (+2,95%). Vale subiu 1,92% (R$ 58,30).

… Animaram os rumores de que a China pode anunciar medidas para reaquecer o setor imobiliário.

… No lado negativo do índice, Petrobras engatou novo dia de queda, na esteira do quarto recuo seguido do petróleo (Brent/out -1,49%; US$ 76,05), puxado pela revisão do payroll, que reduz a perspectiva de consumo nos EUA.

… O papel ON registrou recuo de 0,88% (R$ 40,73) e o PN caiu 0,60% (R$ 38,06).

… Bancos também ficaram no vermelho, depois de fortes altas nas duas sessões anteriores, sugerindo realização.

… Bradesco PN cedeu 0,45% (R$ 15,63), Banco do Brasil caiu 0,44% (R$ 29,13), Itaú baixou 0,40% (R$ 37,08) e Bradesco ON recuou 0,14% (R$ 14,04). Santander unit foi exceção. Fechou estável, em R$ 31,07.

SÓ ASSISTIU – O real não conseguiu faturar a queda acentuada do dólar lá fora, onde o índice DXY furou a linha dos 101 pontos, no menor patamar do ano, após a ata dovish do Fed e revisão em baixa do payroll de um ano até março.

… O que se comenta entre os especialistas é que o câmbio assume por aqui alguma postura defensiva com o risco ainda presente de recessão nos EUA e que faltam gatilhos que encorajem o dólar a aprofundar o alívio recente.

… Ao Broadcast, o superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, observa que, depois de a moeda americana ter escalado até a faixa de R$ 5,74 no início do mês, passa agora por um período de acomodação.

… O profissional vê o dólar rodando entre R$ 5,40 e R$ 5,50, sem estímulos suficientes para voltar a R$ 5,30.

… De qualquer maneira, Powell vem aí amanhã para calibrar as expectativas para o Fed. Ontem, a moeda americana fechou estável (-0,02%), a R$ 5,4821.

… A baixa no rendimento dos Treasuries, via ata e revisão do payroll, até apoiou um recuo nas taxas curtas dos DIs, mas o fato de eles terem devolvido parte da queda no fim da sessão limitou queima mais forte de prêmios por aqui.

… No fechamento, o DI para Jan/25 caiu para 10,750% (de 10,801% na véspera), o Jan/26 recuou a 11,450% (de 11,538%) e do Jan/27 cedeu a 11,430% (de 11,538%).

… Certo ajuste nas apostas para a Selic, com o mercado devolvendo parcialmente as chances de alta de 0,50pp, também seguiu reduzindo as taxas curtas.

… A ponta longa da curva pegou a contramão, mas ficou próxima dos ajustes da véspera. O Jan/29 subiu a 11,500% (de 11,484%); e Jan/31, a 11,520% (de 11,498%).

… Os riscos de aperto da Selic continuam no radar, até porque a atividade econômica segue firme e forte. Ontem, o PicPay elevou a projeção do PIB em 2024, de +2,3% para +2,5%. Mas reduziu 2025, de +2,0% para +1,8%.

… Embora não veja a economia superaquecida, a LCA Consultoria revisou o crescimento deste ano para 2,6% ante previsão inicial de 2% e projeta PIB de +0,9% na margem no 2Tri. Antes, esperava +0,5%.

… Apesar disso, ainda espera Selic estável de 10,50% até o fim de 2024.

AGORA É PRA VALER – O tão aguardado pivô do BC americano pode finalmente vir em setembro, a julgar pela ata do Fed e a forte revisão do payroll até março, o que sustentou as bolsas em NY e derrubou juros e dólar.

… A tradicional revisão do Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS) não costuma gerar muita expectativa.

… Mas os sinais de que o mercado de trabalho dos EUA está enfraquecendo e os riscos para um dos pontos do mandato duplo do Fed – o emprego – reacenderam o interesse nos números.

… No fim das contas, a revisão foi grande, a maior desde 2009. A criação de empregos nos 12 meses até março foi 818 mil menor do que os números originais apontavam, ficando bem perto da projeção mais pessimista (-1 milhão).

… Mas em vez em renovar o medo de recessão, o mercado embarcou no sentimento de que o dado dá mais força ao início do corte de juros em setembro, num cenário de pouso suave.

… O que foi reforçado depois pela ata, que trouxe a surpreendente revelação de que alguns membros do Fed cogitaram corte de juro ainda em julho, mas que a “vasta maioria” viu uma redução em setembro como apropriada.

… Olhando em retrospecto, o Fed poderia ter cortado as taxas de juros em julho, dada a forte revisão do payroll, segundo o economista-chefe da Comerica, Bill Adams.

… No monitoramento do CME, cresceram (a 36%) as apostas de corte de 50pbs em setembro, mas uma redução de 0,25pp ainda é majoritária (64%).

… Para Christian Thorgaard (Skopos), a ata mostrou que os riscos de inflação baixaram e os do emprego subiram. “Alguns diretores notaram que desaceleração adicional arrisca uma piora mais consistente no mercado de trabalho.”

… O tom da ata, aliado ao payroll de julho, bem como a revisão de ontem, justificariam o começo de um ciclo de cortes em setembro com queda de 50pbs no juro, avalia Thorgaard.

… A bola agora está com o payroll de agosto, que se vier fraco, pode chancelar de vez os 50pbs.

… Com esse combo ata-revisão dos dados de emprego, as bolsas em Wall Street fecharam em alta moderada, já que os investidores ainda esperam o discurso de Jerome Powell amanhã, em Jackson Hoje.

… O Nasdaq liderou os ganhos, com alta de 0,57%, aos 17.918,99 pontos. O S&P 500 ganhou 0,42% (5.620,82) e o Dow Jones subiu 0,13% (40.889,96).

… Nos Treasuries, os juros desceram bem, especialmente após a ata, mas devolveram parte da queda, justamente por causa da cautela antes das palavras do presidente do Fed.

… A expectativa é que ele chancele o corte mês que vem, mas sem se comprometer com o futuro, reforçando a dependência de dados para tomar decisões.

… Mais atado aos passos da política monetária, o rendimento da note de 2 anos se afastou um pouco mais dos 4%. Caiu de 3,983% na véspera para 3,930%. O da note de 10 anos cedeu a 3,794%, de 3,806%.

… Na contramão, o juro do T-bond de 30 anos subiu a 4,068%, de 4,061%.

… O dólar seguiu apanhando dos pares. O índice DXY chegou a perder os 101 pontos na mínima do dia (100,923) e fechou no menor nível desde dezembro passado, em 101,039 (-0,40%).

… Euro e libra, que aceleraram logo depois da revisão do payroll, alcançaram o maior patamar desde julho passado.

… A moeda comum subiu 0,26%, a US$ 1,1155, e a britânica avançou 0,44%, a US$ 1,3091. O iene ficou perto da estabilidade (-0,02%), em 145,144/US$.

EM TEMPO… Conselho de Administração aprovou o aumento de capital da OI no valor de R$ 1,39 bilhão, por meio da emissão de 264.091.364 novas ações ON.

NATURA. BlackRock reduziu participação na companhia de 5,05% para 4,99% do capital social, passando a deter 69.296.739 de ações ON.

BRASKEM. Em manifestação após a sentença que condenou sua controladora, Novonor, a indenizá-la em R$ 8 bi, a empresa disse à Justiça que receber esses recursos ou crédito a coloca em risco e “piora sua situação”…

… Isso ocorreria em razão de compromissos assumidos nos acordos de leniência firmados no Brasil, Suíça e EUA e que seriam descumpridos com o recebimento, segundo reportagem do Valor.

JHSF adquiriu participação de controle na empresa italiana Tavolara Bay, situada na região da Sardenha, com o objetivo de desenvolver o projeto de um Hotel Fasano na ilha; valor da operação não foi divulgado.

VIBRA ENERGIA antecipou a aquisição dos 50% da Comerc, no valor de R$ 3,52 bilhões; Comerc foi avaliada em R$ 7,05 bilhões em julho/2024, com 2,1 GW em operação.

ENERGISA aprovou a 21ª emissão de debêntures, no valor de R$ 975 milhões.

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*com a colaboração da equipe do BDM Online

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Revisão do emprego nos EUA concentra expectativas

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[21/08/24]

… Com a agenda esvaziada de indicadores, lá fora e aqui, os mercados esperam hoje pela ata da última reunião do Fomc (15h) e, com mais expectativa, pela revisão dos dados do mercado de trabalho nos EUA pelo Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS), que pode sugerir enfraquecimento maior do emprego. Já nesta 3ªF, estimativas de que os números indicariam até um milhão de vagas a menos justificaram cautela em NY e o crescimento da apostas em corte maior do juro. Às vésperas do seminário de Jackson Hole (6ªF), esses dados podem moldar o discurso de Powell e influenciar fortemente os ativos. Depois do susto com o payroll, que colocou na pauta o risco de um hard landing, economistas passaram a acreditar que a economia desacelera de modo saudável, afastando o fantasma da recessão.

… A revisão preliminar do BLS, no entanto, pode resgatar os piores receios se confirmar que o emprego nos 12 meses até março foi muito menos robusto do que o estimado inicialmente, realimentando preocupações de que o Fed esteja ainda mais atrás na curva de juros.

… Na Bloomberg, economistas do Wells Fargo calculam que as revisões podem mostrar que o emprego no período foi pelo menos 600 mil mais fraco do que o divulgado, com expurgo de 50 mil empregos por mês.

… Já analistas do JPMorgan Chase preveem um declínio de cerca de 360 mil e do Goldman Sachs indicam que pode chegar a um milhão.

… Uma revisão para baixo de mais de 501.000 seria a maior em 15 anos e indicaria que o mercado de trabalho está esfriando há mais tempo, e talvez mais do que se pensava.

… A projeção de referência preliminar será seguida por revisões finais incorporadas ao relatório de janeiro para divulgação em fevereiro.

… Uma vez por ano, o BLS compara o nível de emprego de março ao Censo Trimestral de Emprego e Salários (QCEW), que se baseia em registros de impostos estaduais de seguro-desemprego e cobre quase todos os postos de trabalho dos EUA.

… A divulgação do relatório mais recente do QCEW em junho já indicava abertura de vagas mais fracas no ano passado.

… No momento, os dados do BLS mostram que a economia criou 2,9 milhões de empregos nos 12 meses até março/2024, ou uma média de 242 mil por mês. Mesmo que a revisão seja de até um milhão, os ganhos de emprego mensal seriam, em média, de 158 mil.

… Este ainda é considerado um ritmo saudável de contratações, mas em desaceleração em relação ao pico pós-pandemia.

… Uma grande revisão negativa não só elevaria os riscos para o mandato duplo do pleno emprego do Fed, mas pode reacender o debate sobre se a desaceleração no mercado de trabalho arrisca uma retração mais abrupta na economia.

… Nesta 3ªF, a expectativa pela revisão do BLS elevou de 24% para 32,5% as chances de um corte de 50pbs do juro em setembro no CME, com recuo das apostas em 25pbs de 76% para 67,5%, enquanto o ajuste total para este ano subia de 75pbs para 100 pontos-base.

… A Note-2 anos, que melhor projeta os próximos passos da política monetária, voltou a projetar taxa abaixo de 4%, enquanto o dólar caía ante rivais e subia ante as moedas emergentes. O Ibov se descolou e renovou a máxima histórica.

… Já nos juros futuros, as declarações de Gabriel Galípolo e Campos Neto corrigiram as apostas mais agressivas em aumento da Selic e os contratos intermediários e longos voltaram a adicionar prêmios, com a inclinação da curva (leia abaixo).

DESONERAÇÃO – Mesmo com a retirada do aumento do IR sobre os Juros sobre o Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%, do projeto que estabelece a compensação da desoneração da folha, Haddad considerou que a aprovação “é um avanço”.

… “Vamos trabalhar diligentemente para o melhor resultado possível com as propostas do Senado”, disse o ministro, explicando que, “se houver necessidade de compensação adicional, vamos levar à consideração do STF e do presidente Rodrigo Pacheco”.

… Haddad lembrou que Pacheco se comprometeu a retomar a negociação para garantir a compensação de 2025 em diante se as medidas aprovadas pela Casa se mostrarem insuficientes para cobrir os custos da desoneração, que acabará gradualmente em 2028.

… O aumento da alíquota sobre JCP era uma proposta da Fazenda para garantir o compromisso do Senado com a compensação, mas não representaria receitas para este ano, já que a medida exigiria um período de noventena para valer só a partir do ano que vem.

… Na reta final das negociações, o relator Jaques Wagner também abriu mão em seu parecer do dispositivo que delegava o julgamento do Imposto Territorial Rural (ITR) para os municípios que optarem por essa medida.

… As medidas aprovadas – atualização de bens no IR, repatriação de ativos do exterior, renegociação de multas por agências reguladoras, pente-fino no INSS e programas sociais, entre outras – devem gerar de R$ 25 bilhões a R$ 26 bilhões para cobrir os custos de 2024.

… No novo parecer, o relator também definiu que as empresas serão obrigadas a manter ao menos 75% dos empregados para driblarem a taxação sobre a folha. Na primeira versão do parecer, o porcentual era de 100%.

… Depois, foi reduzido para 90%, mas ainda assim enfrentou resistência. O PL da desoneração segue à Câmara.

EMENDAS – Lula conseguiu, ao menos parcialmente, o seu principal objetivo na rediscussão das emendas parlamentares.

… O acordo, possibilitado pela suspensão imposta pelo Supremo Tribunal Federal ao repasse de emendas impositivas e firmado entre os Três Poderes nesta 3ªF, inclui o uso de parte dos recursos para obras estruturantes, como queria o presidente.

… Mas, segundo o Broadcast Político, o governo seguirá com dificuldades para trocar verbas por apoio político e ficará quase impossível reduzir o volume de dinheiro destinado a emendas parlamentares no futuro. Ou seja, o Congresso seguirá poderoso.

… Luís Roberto Barroso (STF) afirmou que as autoridades decidiram manter as “emendas pix”, mas que as “transferências livres” acabaram, para que haja maior rastreabilidade e transparência sobre o uso das verbas.

AGENDA FRACA – Aqui, o BC divulga o fluxo cambial semanal, às 14h30. Nos EUA, os estoques de petróleo do DoE (11h30) têm previsão de queda de 1,5 milhão de barris. À noite (22h), o BC da Coreia do Sul decide juro.

MANSO – A ponta curta do DI devolveu os exageros da aposta em 0,50pp de alta da Selic nas próximas reuniões do Copom, após Campos Neto ter pedido “calma” e “cautela” aos investidores, em entrevista ao jornal O Globo.

… Ainda nesta 3ªF, durante participação em evento do BTG Pactual, o presidente do BC pareceu mais dovish quando disse que a redução do desemprego no Brasil ainda não promoveu “perturbações inflacionárias”.

… Segundo ele, a inflação aqui, no México e Chile se deve basicamente à pressão dos alimentos e energia.

… O mercado também fez uma releitura das últimas declarações de Galípolo e viu o copo meio cheio, concentrando-se no recado de que “não há guidance”, apesar de ele admitir que uma alta do juro está na mesa.

… Na curva a termo, a chance de uma elevação de meio ponto da Selic em setembro caiu de 20% para 12%, segundo cálculos do banco Bmg ao Broadcast, levando os juros futuros de curto prazo a se ajustarem em baixa.

… O DI Jan/25 caiu a 10,795% (contra 10,844% no pregão anterior) e Jan/26 recuou a 11,480% (de 11,550%).

… Já o trecho longo inclinou para cima, de olho no salto do dólar para perto de R$ 5,50, em correção técnica, após ter caído muito nos últimos dias. Jan/29 subiu a 11,450% (de 11,380%) e Jan/31, a 11,460% (de 11,370%).

… O câmbio não deixou de repercutir o tom mais brando de RCN, porque se a Selic não subir ou subir menos (0,25pp), o real deve ter menor espaço para se apreciar. O dólar escalou 1,31%, negociado a R$ 4,4831.

… A arrancada teve contribuição do novo rali do iene e da manutenção da taxa de juro pelo BC da China.

… A moeda norte-americana já abriu num gap de alta, diante da expectativa frustrada de um corte pelo PBoC, que poderia estimular a fragilizada economia chinesa, um dos principais mercados de exportação do Brasil.

MONSTRO – A China não cortou juro e o petróleo e as bolsas em NY não subiram. Mas nada disso foi barreira para o Ibov bancar nova marca inédita de fechamento, provando que recordes existem para serem quebrados.

… O índice à vista da bolsa doméstica subiu pouco ontem, só 0,23%, mas o suficiente para terminar no pico (136.087,41 pontos) pelo segundo pregão consecutivo, depois de tocar 136.329,79 pontos na máxima intraday.

… A nova investida do índice à vista para os níveis históricos, acima dos 136 mil pontos, contou com a alta em bloco dos bancos e o avanço da Vale (ON, +0,39%, a R$ 57,20), em linha com a reação do minério (+1,21%).

… Mas analistas no Broadcast apontam que a commodity metálica, que atingiu recentemente a mínima em quase três anos, deve demorar para se recuperar, com dúvidas sobre a demanda e sem estímulos de Pequim.

… Esta mesma preocupação, de consumo global menor, derrubou o petróleo Brent/out (-0,59%; US$ 77,20).

… O barril abaixo de US$ 80 pode engatilhar pressões por queda dos preços dos combustíveis pela Petrobras, que ampliou as perdas. O papel ON registrou recuo de 0,36% (R$ 41,09) e o PN caiu 0,39% (R$ 38,29).

… No contraponto positivo, o corte de juro contratado pelo Fed e o ajuste de posições para a Selic, com o investidor esfriando a expectativa de alta mais agressiva do juro, puxou uma valorização do setor financeiro.

… Bradesco PN subiu 0,38%, a R$ 15,70; Banco do Brasil ON, +0,45%, para R$ 29,26; Itaú ganhou 0,73%, a R$ 37,23; e Santander, +1,04%, a R$ 31,07. Apenas Bradesco ON tomou a direção oposta, caindo 0,21%, a R$ 14,06.

OS FALCÕES SE DOBRAM – Considerada a diretora mais hawkish do Fed, Michelle Bowman admitiu ontem, às vésperas de Jackson Hole, que a desinflação nos EUA pode abrir espaço para um corte cauteloso do juro.

… “Se os dados seguirem indicando desaceleração inflacionária sustentável, será apropriado reduzir gradualmente a taxa dos Fed Funds para evitar política excessivamente restritiva à atividade e emprego.”

… A expectativa mais dovish nos mercados em NY também respondeu à reportagem da Bloomberg de que a revisão do payroll pode mostrar até 1 milhão de empregos a menos no período de 12 meses até março.

… O dólar e os juros dos Treasuries aceleraram a queda, com a taxa da Note-2 anos voltando para baixo de 4%.

… O rendimento do bônus de curto prazo do Tesouro norte-americano caiu para 3,996% no fechamento dos negócios, contra 4,069% no pregão anterior. O retorno da Note-10 anos recuou de 3,867% para 3,813%.

… O Goldman Sachs acredita que Powell vá expressar um pouco mais de confiança nas perspectivas de inflação e colocar mais ênfase nos riscos ao mercado de trabalho em seu discurso esta semana em Jackson Hole.

… Em relatório ao mercado, a instituição financeira observa que declarações nesse sentido viriam em linha com a previsão do banco de três cortes consecutivos de 25pb do juro pelo Fed (setembro, novembro e dezembro).

… Na esperança de que Powell confirme o início do ciclo no mês que vem, o índice DXY, do dólar, seguiu nas mínimas desde janeiro (101,441 pontos, em queda de 0,44%) e o euro e a libra investiram às máximas do ano.

… A moeda do bloco europeu subiu 0,38%, a US$ 1,1126, a libra avançou 0,34%, a US$ 1,3033, e iene foi mais longe (+0,93%), a 145,41/US$, cobrando o seu preço do real e das moedas emergentes, como se viu nesta 3ªF.

… Em Wall Street, as bolsas frearam as perdas com Bowman. Mesmo assim, o S&P 500 (-0,20%, aos 5.597,12 pontos) e o Nasdaq (-0,33%, a 17.816,94 pontos) interromperam a sequência de oito pregões seguidos no azul.

… Os dois índices de ações pararam para tomar fôlego antes da participação de Powell em Jackson Hole e da revisão dos dados de emprego nos EUA. O Dow Jones também caiu de leve (-0,15%), a 40.834,97 pontos.

EM TEMPO… PAGBANK teve lucro líquido recorrente de R$ 542 milhões no 2TRI24, alta anual de 31%; receita líquida cresceu 19%, para R$ 4,6 bilhões no período…

… Volume em maquininhas cresceu 34%, para R$ 124,4 bilhões; carteira de crédito subiu 11% em um ano, para R$ 2,9 bilhões.

CVC. WNT Gestores de Recursos atingiu participação acionária de 5,01% no capital social da empresa, passando a deter 26.333.100 de papéis ON; gestora não detinha anteriormente quantidade relevante de ações da companhia.

AMERICANAS. Santander reduziu participação para 4,87% das ações ON, passando a deter 960.714.956 de papéis do tipo, além de 459.388.618 de bônus de subscrição…

… Justiça revogou mandado de prisão contra o ex-CEO Miguel Gutierrez.

COGNA fará resgate antecipado facultativo total das debêntures da 2ª série da 7ª emissão nesta 6ªF (23); a 7ª emissão foi realizada em julho de 2021, com valor principal de R$ 1,250 bilhão.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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