Mercado repercute emprego nos EUA e bandeira tarifária

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[05/09/24]

… Mais dois dados do mercado de trabalho serão divulgados nos EUA, após o relatório Jolts criar menos vagas que o esperado em agosto, antecipando o impacto de um payroll fraco (6ªF). A pesquisa ADP (9h15) tem previsão de 143 mil empregos no setor privado, acima de julho (122 mil), mas se decepcionar pode acentuar o receio de recessão, que já divide as apostas entre um corte de 25pbs e 50pbs do juro em setembro. Pouco depois (9h30), vêm os pedidos semanais de auxílio-desemprego. Além disso, estão na agenda de NY os PMI de serviços da S&P Global (10h45) e ISM (11h). Aqui, Guillen faz palestra em evento organizado pelo UBS (13h), o Tesouro divulga as contas do Governo Central de julho (14h) e sai ainda a balança comercial de agosto (15h), enquanto o mercado repercute a revisão da bandeira tarifária pela Aneel, com peso menor sobre o IPCA.

… Em uma verdadeira lambança sobre a conta de luz, a Aneel anunciou no final da tarde de ontem a revisão no patamar da bandeira tarifária de setembro, que já vinha sendo antecipada por fontes do setor elétrico.

… O nível passou de vermelho 2 para vermelho 1. Diante da nova classificação, a cobrança adicional nas contas de luz será de R$ 4,463 por quilowatt-hora (KWh) e não de R$ 7,877/KWh, como anunciado na última 6ªF.

… No fim de semana, o Operador Nacional do Sistema (ONS) alertou sobre potencial erro na contabilização do acionamento das usinas térmicas, que geram energia mais cara. O mercado refez os cálculos por conta própria.

… E concluiu que o patamar da bandeira teria que ser corrigido para baixo, esvaziando a pressão do IPCA.

… “Com o cenário de bandeira vermelha 1, o IPCA de setembro fica em 0,42%, e com bandeira vermelha 2, em 0,56%. A diferença é de 0,14%, muito relevante”, calcula Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos.

… Pelas contas da economista Andrea Angelo, da Warren Investimentos, o impacto da volta da bandeira vermelha 2 para o patamar 1 vai aliviar o índice oficial de inflação deste mês em 0,17 pontos percentuais.

… A mudança na cobrança reduz agora o perigo de que o IPCA estoure o teto da meta de inflação (4,5%), como se temia com o acionamento da bandeira vermelha 2, e pode agitar a aposta de um Copom menos agressivo.

… A briga continua boa para a Selic, com a curva do DI bancando as apostas de três altas seguidas de meio ponto (setembro, novembro e dezembro), enquanto parte dos economistas ainda confia em manutenção do juro.

… As queixas do mercado de falta de alinhamento nas comunicações do BC não facilitam as projeções para a política monetária, com o investidor reclamando particularmente da diferença de tom entre Galípolo e RCN.

… Semana passada, Campos Neto praticamente descartou as chances de um aperto de 0,5pp da Selic este mês, ao defender um ajuste “gradual”. Hoje, tem que conferir a abordagem de Guillen, se falar de política monetária.

… Exatamente duas semanas atrás, ele declarou que o BC estava “desconfortável” com a desancoragem das expectativas e que no último Copom foram discutidas tanto estratégias de manutenção como de alta da Selic.

… Também destacou o dinamismo do mercado de trabalho. “Não é só forte, mas mais forte do que o esperado.”

SABATINA – Pacheco anunciou que a indicação de Galípolo à presidência do BC será votada no plenário do Senado em 8 de outubro, logo após o primeiro turno das eleições municipais, “para reunir melhor quórum”.

… O anúncio coloca fim à indefinição e também estipula um deadline para que o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Vanderlan Cardoso (PSD-GO), marque uma data para a sabatina de Galípolo.

PEC DO BC – Presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre, disse que autonomia administrativa/orçamentária do BC só será pautada após as eleições, devido ao Congresso esvaziado e a “certo grau de polêmica” do texto.

MAIS AGENDA – As despesas previdenciárias em julho devem impor déficit de R$ 7,135 bi às contas do Governo Central, segundo a mediana de pesquisa Broadcast. O piso é de -R$ 12,2 bi e o teto é positivo em R$ 200 mi.

… Já para a balança comercial (15h), a previsão do mercado indica um superávit de US$ 6,0 bilhões em agosto, depois de saldo positivo de US$ 7,640 bilhões em julho. As projeções variam de US$ 4,60 bi a US$ 6,70 bi.

… Pela manhã (10h), a Anfavea divulga os dados de produção e vendas de veículos em agosto.

NOS EUA – O auxílio-desemprego (9h30) tem previsão de queda de mil pedidos, para 231 mil. Os estoques de petróleo do DoE serão divulgados ao meio-dia e a estimativa é de um recuo de 900 mil barris nas reservas.

GAP DE QUEDA? – Fica o suspense se a correção do erro da bandeira tarifária da Aneel vai aliviar mais prêmio na curva do DI, que ontem operou em sincronia com a forte baixa das taxas dos Treasuries e reagiu ainda ao fiscal.

… Após uma repercussão negativa sobre o formato de financiamento proposto para o Auxílio Gás, Haddad disse ontem que há espaço para rever o procedimento e que Lula autorizou o diálogo sobre o tema com a Casa Civil.

… A melhora na percepção de risco foi ainda reforçada pela garantia de Haddad sobre a determinação de Lula de que o governo persiga as metas de resultado primário e respeite o novo arcabouço, aprovado em 2023.

… Segundo o ministro, o presidente “sempre respaldou e seguirá respaldando” o trabalho da equipe econômica.

… Os vencimentos de mais longo prazo da curva do DI chegaram ao fim do dia abaixo da marca dos 12%. O contrato para Jan/29 pagou 11,965% (contra 12,107% no pregão da véspera) e Jan/31, 11,960% (de 12,120%).

… Jan/25 caiu a 10,940% (de 10,989%); Jan/26, a 11,770% (de 11,912%); e Jan/27, a 11,785% (de 11,942%).

… Apesar de a queda de 1,4% da produção industrial em julho ter vindo pior do que se imaginava (-0,9%) não mudou a perspectiva de que a economia doméstica continua bem aquecida, como mostrou o PIBão do 2Tri.

… Segundo o IBGE, a base de comparação alta (4,3% na produção industrial de junho) e uma série de paradas de manutenção em plantas de setores da indústria (refinarias e fábricas de papel e celulose) justificaram a queda.

… No câmbio, o dólar operou dividido entre o tombo da moeda americana em escala global (com o fantasma de recessão voltando a rondar nos EUA) e a piora das commodities, o que afeta as divisas de países produtores.

… No zero a zero, o dólar à vista fechou cotado a R$ 5,6397 (-0,01%). Acima de R$ 5,60 e perto de R$ 5,65, o patamar do câmbio não esconde a postura defensiva, já na contagem regressiva para o payroll de amanhã.

… O BC informou que o fluxo cambial total em agosto foi negativo em US$ 2,696 bi, com saída de US$ 5,180 bilhões pela conta financeira e entrada de US$ 2,484 bi pela via comercial. No ano, já ingressaram US$ 10,824 bi.

FARIA LIMA FRIENDLY – O Ibov adorou saber de Haddad que Lula deu o aval para que a despesa com o Auxílio Gás não seja “excepcionalizada”, quando especialistas em contas públicas levantavam a lebre de drible fiscal.

… A queda dos juros futuros, acentuada pelas taxas dos Treasuries, também animou as ações cíclicas, no ambiente positivo que levou mais de 90% da carteira teórica do Ibovespa a fechar no azul no pregão desta 4ªF.

… Só oito ações se isolaram no negativo. Descolado da apatia cautelosa em NY, o índice à vista da bolsa doméstica interrompeu uma sequência de quatro quedas, subiu 1,31% e resgatou a faixa dos 136 mil pontos.

… Encerrou aos 136.110,73 pontos, a pouco mais de 1.200 pontos do topo histórico cravado semana passada.

… O bom humor doméstico até se sobrepôs a mais uma forte queda do minério de ferro e puxou uma alta de 0,78% na ação da Vale (R$ 56,99). O papel, contudo, acumula queda de 4,35% na semana até agora.

… Em Dalian, o minério tombou mais 3,09%, a US$ 96,82, e bateu no menor preço em quase dois anos, depois que o PMI industrial da China caiu à mínima de seis meses, somado aos problemas do mercado imobiliário no país.

… Petrobras PN driblou a queda do Brent (-1,42%, a US$ 72,70), ficando estável (+0,03%) em R$ 38,54. Mas ação ON caiu 0,38% (R$ 42,15). 

… Magda Chambriard, presidente da estatal, disse ontem que não há perspectiva de redução dos preços da gasolina e do diesel, mesmo com a forte queda do preço internacional.

… “Estamos confortáveis com o nível dos preços”, disse Chambriard, argumentando que o valor dos combustíveis hoje é menor do que 20 meses atrás.

… As juniores não escaparam da baixa do Brent: 3R Petroleum, -3,22% (R$ 24,65); e Prio, -1,31% (R$ 43,72).

… Pão de Açúcar escalou 9,12% (R$ 3,23), na liderança do lado positivo, e recuperando-se da forte perda da véspera.

… Frigoríficos também se destacaram. Marfrig subiu 7,46% (R$ 14,69), BRF valorizou 4,21% (R$ 25,50), Minerva ganhou 3,78% (R$ 7,41) e JBS registrou valorização de 1,54%, para R$ 34,37.

… Entre os bancos, tudo azul: Bradesco ON (+0,56%; R$ 14,29), Itaú (+0,70%; R$ 37,24), Bradesco PN (+0,76%; R$ 15,87), Santander (+0,99%; R$ 31,77) e Banco do Brasil (+1,08%; R$ 28,99).

… IRB foi a maior perda da sessão, com -6,27% (R$ 48,70).

QUE MÊDA – O relatório Jolts reacendeu algum temor de recessão nos EUA, ao vir bem abaixo do esperado. Nada comparável à divulgação do payroll passado, mas deixou o investidor atento à temperatura da economia.

… Tão atento, que logo após a divulgação do dado, a curva dos Treasuries “desinverteu” brevemente, com o retorno da note-2 anos abaixo da de 10 anos. O mercado elevou a aposta num corte mais agressivo de juros pelo Fed.

… O Jolts mostrou que havia 7,673 milhões de vagas de empregos abertas nos EUA em julho, o menor número desde janeiro de 2021. O mercado esperava 8,1 milhões.

… O número de vagas abertas em junho foi revisado bem para baixo, de 8,184 milhões para 7,910 milhões.

… Na ferramenta CME FedWatch, as chances de corte de 50pb nos juros pelo Fed subiram a 45% agora em setembro, embora 25pb tenha mantido a preferência (55%).

… Encomendas à indústria, outro indicador do dia, subiram 5% em julho, ante junho, acima dos 4,7% esperados.

… Mas tirando o setor de transportes, o crescimento foi de apenas 0,4%, mostrando um resultado positivo bem menos disseminado.

… Ainda sobre a desaceleração americana, o Livro Bege mostrou que nove das 12 regionais do Fed informaram atividade econômica estável ou em declínio em agosto. Em julho, eram cinco distritos nessas condições.

… Em texto publicano no site do Fed, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, disse que o BC não deve manter as taxas de juros altas por muito mais tempo ou corre o risco de “prejudicar muito” o emprego.

… No fim do pregão em NY, os juros dos Treasuries tinham queda expressiva. O da note de 2 anos recuava a 3,765% (de 3,864%) e o da note de 10 anos cedia a 3,759% (de 3,831%). O T-bond de 30 anos caía a 4,057% (de 4,123%).

… A baixa dos juros futuros chegou a ajudar as bolsas, mas o temor de uma desaceleração mais pronunciada da economia acabou prevalecendo e cautela foi o nome do dia.

… Nvidia (-1,66%) caiu de novo, após intimação do Departamento de Justiça dos EUA como parte de uma investigação antitruste, e derrubou de forma moderada o Nasdaq (-0,30%), para os 17.084,30 pontos.

… Depois de passar o dia entre pequenas perdas e ganhos, o S&P 500 terminou em leve baixa de 0,16% (5.520,07 pontos). O Dow Jones fechou praticamente estável (+0,09%, a 40.974,97 pontos).

… Já o índice dólar (DXY) zerou os ganhos do ano, com queda de 0,46%, a 101,358 pontos. A moeda tem perdido terreno com mais ênfase ante seus pares desde o payroll de agosto.

… Ontem, derreteu 1,23% ante o iene, que fechou em 143,656/US$, diante da perspectiva de elevação de juros pelo BoJ. O euro subiu 0,36%, a US$ 1,1083, e a libra avançou 0,29%, a US$ 1,3147.

EM TEMPO… BlackRock reduziu participação acionária na USIMINAS para 4,889%, passando a deter 26.780.190 de papéis PNA…

… Além disso, gestora passou a deter 15.624.202 de instrumentos financeiros derivativos referenciados em ações PN e 1.590.268 de ações ON; ativos representam, respectivamente, 2,852% e 0,225% do total de ações de cada classe.

BRF fará resgate antecipado facultativo da totalidade de debêntures da 4ª série da 1ª emissão.

AZUL. O fundo de investimento BlackRock vendeu ações e reduziu a participação na companhia para 4,7%…

… Nos bastidores da Azul, é dado como certo que a única saída para evitar uma recuperação judicial nos EUA é conseguir dinheiro novo com os próprios detentores de títulos de dívida, os chamados “bondholders”…

… No entanto, segundo apurou o Valor, a companhia e assessores financeiros já estão desenhando estratégias para possível entrada de novo capital em 2025…

… Na Azul, é ventilada a possibilidade de aumento de capital privado, com emissão de ações que podem ser subscritas apenas pelos acionistas, por meio da entrada de um investidor âncora para aporte de US$ 200 mi.

OI. Credores da empresa aprovaram extensão de prazo para fim da 2ª rodada de alienação da ClientCo para 31/12.

LIGHT. Assembleia de credores abrangidos por “scheme of arrangement” foi adiada novamente, de 13/9 para 17/10.

REDE D’OR. S&P Global elevou rating crédito de longo prazo do emitente e do nível da dívida da empresa e de suas dívidas de BB para BB+, com perspectiva estável.

ALLOS anunciou a segunda expansão do Shopping Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, cujo projeto irá impactar 23,7 mil m² de área bruta locável (ABL), incluindo 11,5 mil m² de ABL redesenvolvida e 12,2 mil m² de ABL adicional…

… Atualmente, shopping possui mais de 40 mil m² de ABL e, com a expansão, a ABL do empreendimento aumentará em 30%; investimento orçado para projeto é de R$ 216 milhões.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

PIB forte reforça apostas em alta da Selic

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[04/09/24]

… Novas evidências de desaceleração da economia dos EUA, com dados muito fracos da atividade e da construção, resgataram o medo de recessão e elevaram a expectativa para o payroll, na 6ªF, que deverá ser decisivo para o tamanho do corte de juro pelo Fed. Hoje, o relatório Jolts (11h), com a abertura de vagas de emprego, já pode dar uma ideia do mercado de trabalho. Às 15h, o Livro Bege também é importante. Enquanto em NY cresceram as apostas em queda de 50pbs em setembro, aqui o PIB acima do esperado levou o mercado a reforçar sua perspectiva de alta mais forte da Selic. Na agenda, a produção industrial de julho (9h) é o destaque, com estimativa de recuo de 0,9% na mediana de pesquisa Broadcast. Logo cedo, Fernando Haddad concede entrevista ao vivo à GloboNews (8h30).

… O ministro deve abordar o crescimento surpreendente do PIB/2Tri, de 1,4%, bem acima do consenso (+0,9%), com um plus adicional na revisão do 1Tri, de 0,8% para 1%. O resultado desencadeou uma série de revisões no mercado, com o PIB do ano perto de 3%.

… A mediana para 2024 subiu de 2,5% para 2,8%, em comparação ao levantamento antes do dado, com projeções entre 2,4% e 3,3%.

… Após a divulgação do IBGE, diversos bancos e instituições revisaram para cima suas estimativas para o PIB/2024, como Goldman Sachs (de 2,5% para 3%), Citi (de 2% para 3%), Barclays (2,7% para 2,9%), Bradesco (2,3% para 2,6%) e BTG Pactual (de 2,4% para 2,7%).

… Em novo levantamento após o PIB, o Broadcast apurou que a mediana para 2024 avançou de 2,5% para 2,8%.

… Também o governo vai revisar sua projeção para o PIB deste ano, que está em 2,5%. À CNN, Haddad disse que, “muito provavelmente”, a projeção será reestimada – “para algo próximo dos 2,9%”, segundo Dario Durigan, secretário-executivo da Fazenda.

… “A atividade se consolidou ainda mais no 2Tri, impulsionada pela demanda interna final robusta, sustentada pelo aumento da renda das famílias e pelos fluxos de crédito mais firmes”, disse Alberto Ramos (Goldman Sachs), em relatório aos clientes.

… A expectativa do banco é que a atividade continue se beneficiando dos estímulos fiscais, aumento do salário mínimo, virada no ciclo de crédito e crescimento da renda real. Contudo, diz ele, a demanda mais forte elevou significativamente as chances de alta de Selic.

… Ramos cita clara deterioração do cenário inflacionário e, ainda, o mercado de trabalho apertado, o hiato do produto positivo, a política fiscal e parafiscal expansionista e o real pressionado para reforçar a cautela do Copom nas próximas decisões.

… Já o Citi avalia que a força da demanda segue como principal motor da economia no ano. “No geral, o PIB do segundo trimestre de 2024 reforçou a visão de um descompasso entre a expansão da demanda e da oferta”, destacam seus analistas.

… No seu relatório, o banco prevê que o Copom deve iniciar um ciclo de aperto da Selic em 25 pontos-base nas próximas quatro reuniões.

… Ainda a economista e coordenadora do boletim macro do Ibre-FGV, Silvia Matos, elevou a sua projeção para o PIB do ano, de 2,3% para 2,7%, afirmando que a economia brasileira tem crescido acima do seu potencial, o que tende a gerar pressão inflacionária.

… Já o Itaú adicionou um viés de alta à projeção de 2,5% do PIB/24, mas, embora o banco tenha mantido a previsão da Selic em 10,5% até o fim do ano, a economista Julia Gottlieb reconhece a possibilidade de uma eventual alta nos juros.

… Na curva dos juros, o PIB/2Tri levou o mercado a reforçar as apostas em uma elevação de 50pbs da Selic em setembro, com chances em 80%, seguida de altas da mesma magnitude em novembro e dezembro, além de um último ajuste de 25pbs em janeiro (abaixo).

MAIS AGENDA – Às 14h30, o BC divulga os dados semanais do fluxo cambial e o Tesouro faz uma divulgação referente ao Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2024, seguido de entrevista coletiva à imprensa, às 15h.

… Analistas consideram que o PAF possa ser revisado, tirando o pé das LFTs, diante da potencial alta da Selic.

LÁ FORA – Nos EUA, além do relatório Jolts e do Livro Bege, saem a balança comercial de julho (9h30), que deve aprofundar o déficit para US$ 78,5 bilhões, e as encomendas à indústria (11h), com previsão de alta de 4,8%.

… Na zona do euro, saem o PPI de julho e a leitura final de agosto do PMI/S&P Global composto (5h), que será divulgada também na Alemanha (4h55) e no Reino Unido (5h30). O BC do Canadá decide juro às 10h45.

CHINA HOJE – A leitura final do PMI de serviços medido pelo setor privado (S&P Global/Caixin) recuou de 52,1 em julho para 51,6 em agosto. O indicador veio abaixo do projetado pela FactSet, que era de 51,8.

… O PMI composto chinês, que engloba serviços e indústria, permaneceu em 51,2. As leituras acima do nível de 50 indicam que a atividade econômica da China segue em território de expansão.

O CALL DO CONSERVADORISMO – A surpresa com o “Pibão” veio se juntar às expectativas de inflação desancoradas e desprestígio da política fiscal para jogar para 80% na curva a termo a aposta de alta de 0,5pp da Selic em setembro.

… O DI, como se viu, precifica ainda mais duas doses de meio ponto de aperto monetário nas reuniões seguintes (novembro e dezembro) e elevação adicional de 0,25pp no primeiro encontro do Copom do ano que vem (janeiro).

… Assim, os contratos futuros dos juros curtos se mantiveram ontem perto dos ajustes da véspera, enquanto os longos caíram, dentro da interpretação de que, se o BC for mais agressivo agora, pode aliviar a barra lá na frente.

… No fechamento, o DI para Jan/25 ficou em 10,975% (de 10,998% no pregão anterior); Jan/26 subiu a 11,925% (de 11,886%); Jan/27 cedeu a 11,960% (de 11,977%); Jan/29, a 12,130% (de 12,166%); e Jan/31, a 12,120% (de 12,159%).

… No câmbio, as apostas consolidadas pelo PIB/2Tri de que o ciclo de alta da Selic será retomado chegaram a atrair capital estrangeiro, derrubando o dólar na primeira reação. Mas, à tarde, a moeda norte-americana virou para alta.

… O movimento acompanhou a trajetória externa, diante do apelo defensivo provocado pelos dados fracos nos EUA.

… A liquidação das commodities também colaborou nesta 3ªF para depreciar as moedas de países produtores, caso do real. No fechamento, o dólar à vista exibia alta de 0,46%, cotado a R$ 5,6404, perto do nível técnico de R$ 5,65.

REALIZA NO HIGH –Hoje faz uma semana que o Ibovespa estabeleceu seu recorde de fechamento de todos os tempos (137.343,96 pontos) e, de lá para cá, dá para dizer que a bolsa está dando demonstrações de resistência.

… Sem queimar etapas, a correção natural das máximas históricas tem acontecido e o índice à vista completou ontem o quarto pregão consecutivo de queda. Mas o que se vê é que o processo de ajuste tem sido moderado.

… Ontem, apesar de NY ter exibido picos de estresse, de o dólar ter continuado próximo da faixa de R$ 5,65, de o minério ter levado um tombo de 3% e o petróleo ter derretido quase 5%, o Ibovespa manteve o sangue-frio.

… Limitou a queda a 0,41% e conseguiu preservar os 134 mil pontos (134.353,48). A alta firme das ações dos grandes bancos com o PIB refreou parte do impacto da derrocada dos papéis diretamente ligados às commodities.

… Vale figurou entre as maiores quedas do dia (ON, -3,73%, a R$ 56,55), acompanhando o tombo de 4,7% no preço do minério de ferro em Dalian (China). Acionista da companhia, Bradespar caiu 3,86% (R$ 18,42).

… Petrobras ON cedeu 1,05% (R$ 42,31) e PN perdeu 1,21% (R$ 38,53), com o Brent afundando 4,7%, a US$ 73,75 por barril, diante da perspectiva de uma demanda global morna e aumento de oferta da Opep.

… Petroleiras juniores afundaram: 3R Petroleum (-5,28%; R$ 25,47) e Prio (-5,16%; R$ 44,30).

… Na outra ponta, o Itaú subiu 1,62%, a R$ 36,98. Bradesco ON avançou 1,43% (R$ 14,21) e Bradesco PN valorizou 1,09% (R$ 15,75). Banco do Brasil subiu 0,91% (R$ 28,68) e Santander teve alta de 0,19% (R$ 31,46).

… Azul disparou 10,20% (R$ 4,86) com a notícia de que a empresa iniciou rodada de conversas com bondholders para captar recursos.

BACK TO BLUE – A expectativa pelo início do ciclo de queda dos juros nos EUA e de uma bem-sucedida temporada de balanços no 3Tri tem consolidado o retorno do fluxo gringo à B3.

… Dados divulgados ontem pela bolsa mostraram entrada de R$ 10,013 bilhões no acumulado de agosto, reduzindo o saldo negativo de 2024 a R$ 26,557 bilhões.

… Foi o segundo mês positivo no ano. Em julho, entraram R$ 3,552 bilhões. Para analistas, a tendência é de o fluxo externo continuar chegando ao Brasil.

… Segundo o Itaú BBA, a bolsa brasileira está com ‘valuations’ atraentes. O banco prevê o Ibovespa saltando de 145 mil no fim deste ano para 165 mil no fim de 2025, ou um potencial retorno de 27% em relação ao atual nível.

… Na média, o potencial de crescimento do lucro por ação é de 12% ao ano entre o período de 2023 a 2025, com quase 10% em 2024 e avanço de dois dígitos em 2025.

DÉJÀ VU – O mercado em NY voltou do feriado com o pé esquerdo e reviveu os piores momentos do início de agosto, quando um payroll ruim derrubou as bolsas.

… Desta vez, indicadores fracos de atividade nos EUA pesaram sobre o sentimento dos investidores e ativaram a busca por ativos considerados seguros, como Treasuries e dólar.

… Assim como no “crash” do mês passado, as techs tiveram o pior desempenho entre os setores, seguidas por ações de energia, que reagiram ao tombo do petróleo.

… Da mesma forma que há um mês, o Vix, índice do medo, saltou 33,2%, para 20,72 pontos, a maior alta porcentual e o maior nível desde 5 de agosto.

… O índice Philadelphia SE Semiconductor, que reúne ações de empresas de fabricantes de chips, despencou 7,8%.

… Uma dessas companhia é a Nvidia, que caiu quase 10%, perdendo US$ 279 bilhões em capitalização de mercado. Foi o maior declínio em capitalização num só dia para uma companhia americana.

… Suas companheiras no grupo das sete magníficas também foram mal: Alphabet (-3,6%), Apple (-2,7%), Microsoft (-1,8%), Meta (-1,8%), Tesla (-1,6%) e Amazon (-1,3%).

… Como resultado, o Nasdaq levou um tombo de 3,26% (17.136,30 pontos) ontem. Também dragado pelas techs, o S&P 500 recuou 2,11% (5.529,06). O Dow Jones caiu 1,51% (40.936,93).

… Nada fora do script já que, historicamente, setembro costuma ser um dos piores meses para as bolsas.

… Dado responsável por reacender as preocupações em torno da desaceleração do crescimento na economia dos EUA, o PMI industrial medido pelo ISM subiu para 47,2 em agosto, ante 46,8 em julho.

… Mas o resultado, além de continuar indicando contração da indústria, ficou abaixo da previsão de 47,5.

… Outro PMI industrial, medido pela S&P Global, caiu de 49,6 em julho para 47,9 (agosto), abaixo dos 48 esperados.

… Para completar a lista de indicadores negativos, os investimentos em construção nos EUA caíram 0,3% em julho ante junho, quando se esperava alta de 0,2%.

… O conjunto de dados do dia ampliou as apostas de corte de 50 pb nos juros pelo Fed daqui a duas semanas, de 30% para 39%, mas as chances de 25 pb ainda são majoritárias – caíram de 71% para 60%, segundo o CME.

… Os juros dos Treasuries cederam, com a note-2 anos abaixo dos 3,90% (em 3,868%, contra 3,926% antes do Labor Day). O retorno da note-10 anos caiu a 3,833% (de 3,906%) e o do T-bond-30 anos recuou a 4,125% (de 4,193%).

… No câmbio, sinalizações de altas de juros pelo BoJ fizeram o iene avançar 1% sobre o dólar, a 145,448/US$.

… Kazuo Ueda, presidente do BC japonês, reiterou durante encontro de autoridades do governo, que a autoridade monetária deve continuar aumentando juros se a economia evoluir conforme o esperado.

… Euro (-0,30%, a US$ 1,1043) e libra (-0,30%, US$ 1,13109) fecharam com queda e puxaram o índice dólar para cima. O DXY subiu 0,17%, a 101,825 pontos.

EM TEMPO… PETROBRAS confirmou emissão de bonds de 10 anos no valor de US$ 1 bilhão.

CPFL. Cinco empresas do grupo devem emitir nas próximas semanas debêntures que totalizam mais de R$ 2,6 bilhões. (Valor)

LIGHT. AGE aprovou aumento de limite de capital autorizado para 1,648 bilhão de ações ON.

LOJAS RENNER. Morgan Stanley atingiu participação de 7,2% das ações ON da companhia.

AMERICANAS informou ao mercado que seus acionistas de referência e afiliados passarão a deter ações de emissão da companhia representativas de um percentual superior a 50% do capital social e votante.

IGUATEMI aprovou o 5º programa de contratos de swap, no valor de até R$ 120 milhões.

RUMO. BlackRock reduziu participação de 5,89% para 4,92%, passando a deter 91.317.192 de ações ON.

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PIB/2Tri no Brasil é destaque na agenda

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[03/09/24]

… NY volta do feriado devolvendo liquidez aos mercados domésticos, com dois indicadores de atividade industrial em agosto: o PMI da S&P Global (10h45) e o PMI medido pelo ISM (11h). A expectativa pelo payroll (6ªF), no entanto, já deve movimentar os negócios como o principal driver da semana. Ainda no exterior, o BC do Chile divulga decisão sobre juros (19h). Aqui, em meio às dúvidas sobre a capacidade de o governo cumprir as metas fiscais, que pressionam o câmbio e os juros futuros, o PIB do 2Tri é o destaque de hoje (9h). Pesquisa do Broadcast junto a economistas aponta para um crescimento de 0,90% na mediana, com estimativas entre 0,4% e 1,6%, após a expansão de 0,8% no 1Tri. Já para 2024, a projeção subiu de 2,4% para 2,5%, enquanto a mediana para 2025 é de um PIB de 1,9%, entre 1,5% e 2,8%.

… O efeito das cheias no Rio Grande do Sul chegou a colocar em xeque a continuidade do dinamismo da atividade, mas o cenário foi sendo revisado pelo mercado financeiro à medida que os indicadores surpreendiam.

… Além da rápida recuperação no Sul, os analistas apontam a expansão fiscal do governo e o mercado de trabalho robusto para explicar o crescimento disseminado entre os setores da economia, resultado do ganho de renda da população.

… O economista do Banco BV Christian Meduna também cita uma “injeção de recursos muito grande” na economia, devido ao pagamento de precatórios da União no período e à regra do reajuste real do salário mínimo.

… Segundo ele, o ganho real de renda da população atingiu cerca de 6% no primeiro semestre deste ano, impulsionando o consumo das famílias, com performances positivas, principalmente, nos serviços e no varejo.

… Já o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Sousa Leal, prevê crescimento de 1% do PIB no segundo trimestre e 2,5% no ano, destacando que “esta é uma projeção conservadora”, porque, até hoje, não houve quedas significativas no mercado de crédito.

… Uma alta da Selic, como o mercado espera, deve contribuir para a desaceleração da atividade à frente, de acordo com Leal. “Se [a taxa de juros] não atrapalhar o segundo semestre, certamente vai atrapalhar o início de 2025.”

… A atividade forte é um dos fatores citados pelos economistas, junto com a recuperação do emprego, a desancoragem das expectativas inflacionárias e os riscos fiscais para justificar a aposta em aumento dos juros, como precifica a curva do DI (leia abaixo).

QUEDA DE BRAÇO – Nesta 2ªF, economistas do mercado que se reuniram com diretores do Banco Central criticaram as comunicações recentes de membros do Copom, avaliando que as falas públicas precisam de “maior alinhamento”.

… “O tom geral foi de muita crítica à comunicação do BC”, disse um dos participantes em relato à Agência Estado, cobrando a diferença de tom entre a ata hawkish e declarações de Galípolo e os recados mais “suaves” de Campos Neto, que estariam gerando “confusão”.

… Na última semana, RCN praticamente enterrou as chances de uma alta de 50pbs da Selic, ao defender um ajuste “gradual”, mas ele não conseguiu reverter as apostas mais agressivas para o Copom de setembro na curva de juros.

… Apesar das reclamações, os economistas estão divididos entre a manutenção do juro em 10,5% e uma alta entre 1,5pp e 2pp, avaliando que houve evolução benigna no cenário externo, com a queda de juros contratada para setembro nos EUA.

… Entre aqueles que projetam alta da taxa básica, a avaliação é que a necessidade seria de um ciclo “não tão longo” de aperto monetário, mas o suficiente para melhorar as expectativas de inflação, que estão desancoradas.

… Havia entre os presentes mais de um cenário em que o teto da meta de inflação, de 4,5%, não será cumprido neste ano.

NÃO CONVENCEU – O detalhamento do PLOA/25 acentuou as dúvidas do mercado sobre o cumprimento das metas fiscais.

… Ao Estadão, a diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) Vilma da Conceição Pinto considera que o Orçamento de 2025 “não está muito realista” e alerta para problemas na sua execução no próximo ano.

… A economista destaca projeções para PIB e inflação mais otimistas que as do mercado, além de incertezas geradas pelo alto volume de receitas extraordinárias e por despesas subestimadas na Previdência Social.

… Vilma também lembra que R$ 245 bilhões em gastos correntes estão condicionados à aprovação, pelo Congresso. Nesse valor estão incluídos, por exemplo, R$ 40,7 bilhões do Bolsa Família e R$ 180,7 bilhões da Previdência.

… Segundo ela, essa conjunção de fatores deve gerar a necessidade de novos bloqueios e contingenciamentos ao longo do próximo ano.

… Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, a meta fiscal dependerá da concretização de receitas novas, como da alta das alíquotas da CSLL e do JCP. Além disso, diz ele, a PLOA inclui estimativas de R$ 168,3 bilhões em receitas incertas.

… “O projeto confirma um quadro fiscal bastante desafiador. Será muito difícil diminuir o déficit público entre 2024 e 2025”, disse Salto.

… Também Rafaela Vitória (Inter) considera o PLOA “desafiador”, já que depende da aprovação de novas medidas para fechar a conta. Ela estima que o governo entregará um déficit de R$ 110 bilhões, ou 0,9% do PIB, em 2025, com um resultado “pior que o de 2024”.

… Desafiadora foi igualmente a expressão de Italo Franca (Santander) para a estimativa de chegar a 19% do PIB em receita líquida, com o PIB superestimado. Na sua projeção, o déficit do ano que vem deve atingir R$ 70 bilhões.

… Ítalo Faviano (BuysideBrazil) prevê déficit de R$ 55 bilhões em 2025 e adverte que “o PLOA confirma risco ao arcabouço fiscal”.

… O menor déficit previsto para o ano que vem é da Tendências Consultoria, R$ 32 bilhões, desconsiderando os precatórios.

STARLINK – Pode perder a autorização para prestar serviço no Brasil se não cumprir ordem de bloquear acesso ao X, disse o presidente da Anatel, Carlos Baigorri. A empresa informou que não cumpriria a decisão do STF até suas contas serem desbloqueadas pela Justiça.

… Nesta 2ªF, a Primeira Turma do STF confirmou por unanimidade a suspensão do X decidida por Alexandre de Moraes.

GALÍPOLO – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), devem se reunir hoje para discutir a data da sabatina de Gabriel Galípolo, indicado à presidência do BC.

… A tendência é que os parlamentares concordem em realizar a sabatina na CAE e a apreciação no plenário no dia 10.

MAIS AGENDA – O IPC-Fipe de agosto abre a agenda doméstica (5h). Sem horário confirmado, a Fenabrave divulga as vendas de veículos em agosto. Tebet defende hoje (15h30) junto ao Congresso a proposta de Orçamento de 2025.

NÃO HÁ MÁGICA – O viés de alta dos juros futuros longos e o dólar ainda em patamar elevado, apesar de ter caído ontem, dão a medida das desconfianças e dos desafios que cercam o ambiente fiscal doméstico.

… De forma geral, analistas não escondem o medo de que a conta não feche. O mercado avalia que o PLOA/2025 veio ambicioso, com receitas superestimadas e despesas subestimadas, em especial da Previdência.

… Outro ponto fraco é o grande volume de arrecadação que depende do Congresso, o que deve exigir grande habilidade do governo em construir consenso, para o projeto de lei não ganhar o carimbo de peça de ficção.

… A espada fiscal sobre a cabeça da equipe econômica potencializa o risco de conservadorismo do Copom, no ambiente já composto pela atividade econômica aquecida, mercado de trabalho apertado e o perigo da inflação.

… No Focus, houve queda apenas marginal na expectativa de inflação para 2025, de 3,93% para 3,92%, enquanto a mediana do IPCA/24 subiu pela sétima semana seguida (4,25% para 4,26%), aproximando-se do teto da meta (4,5%).

… O levantamento continua projetando a chance de a Selic ficar estável e confronta-se com as apostas dos traders na curva do DI, onde a chance de o juro subir meio ponto em setembro, para 11,00%, continua majoritária (60%).

… O descompasso sobre o que se espera do Copom é justificado, em parte, pelos sinais trocados apontados pelo mercado na comunicação interna do BC, diante da falta de sincronia nos recados de Campos Neto e Galípolo.

… A rigor, a adoção pela Aneel da bandeira vermelha patamar 2 em setembro para as contas de luz adiciona nova pressão inflacionária à Selic, mas o mercado ainda conserva a esperança de aumento das chuvas no final do ano.

… Só por isso é que o impacto da energia elétrica mais cara ficou ontem em segundo plano nos negócios.

… Na curva do DI, como se viu, a queda discreta dos contratos de curto prazo não limpou as apostas de aperto da Selic, enquanto os vencimentos mais longos exibiram os ruídos fiscais e inflacionários difíceis de se dissiparem.

… No fechamento, o DI para Jan/25 ficou em 10,985% (de 10,999% no pregão anterior); Jan/26, 11,895% (de 11,851%); Jan/27, 11,980% (de 11,927%); Jan/29 subiu a 12,150% (de 12,089%); e Jan/31, a 12,140% (de 12,096%).

… Diante do fato de que o mercado continua colocando à prova a capacidade de a meta fiscal ser cumprida, o dólar limitou o espaço de correção e se manteve acima da marca de R$ 5,60. Caiu apenas 0,36%, negociado a R$ 5,6148.

… Só conseguiu fechar em queda, porque vinha de cinco altas seguidas, com alta acumulada de quase 3%.

… Lá fora, em meio ao volume de negócios reduzido pelo feriado nos EUA, o índice DXY fechou praticamente estável (-0,05%), em 101,653 pontos.

… PMIs industriais melhores que o esperado na zona do euro e no Reino Unido valorizaram o euro (+0,22%, a US$ 1,1076) e a libra (+0,18%, a US$ 1,3149). Já o iene caiu 0,11%, a 146,92/US$.

PESO DOBRADO – Juntou o tombo de mais de 4% do minério, induzido pela fraqueza da China, com a pressão da ponta longa do DI, sensível à percepção de risco fiscal, e não teve jeito de o Ibovespa bancar os 135 mil pontos.

… Num pregão de baixa liquidez por causa do feriado do Dia do Trabalho nos EUA, o índice à vista abriu setembro com baixa de 0,81%, aos 134.906,07 pontos, e apenas R$ 14 bilhões em negócios.

… Maior peso do Ibovespa, Vale (-1,41%; R$ R$ 58,74) puxou as perdas entre as metálicas com o minério de ferro abaixo de US$ 100/t em Cingapura.

… CSN caiu 0,93% (R$ 11,759), seguida por Usiminas PNA (-1,12%; R$ 6,16) e Metalúrgica Gerdau (-0,57%; R$ 10,43).

… Ainda entre as blue chips, Petrobras ON recuou 0,42% (R$ 42,76) e PN cedeu 0,94% (R$ 39,00), apesar da alta do Brent (+0,77%, US$ 77,52), que reagiu à notícia da Reuters apontando redução na oferta da Opep+ em agosto.

… Azul liderou as baixas, com -18,18% (R$ 4,41), ainda refletindo as dúvidas em relação à situação financeira. Outras quedas fortes foram de BRF (-6,02%; R$ 24,65), Marfrig (-4,26%; R$ 13,94) e Minerva (-3,34%; R$ 7,24).

… Bancos fecharam sem direção única. Bradesco ON caiu 0,85% (R$ 14,02), Bradesco PN perdeu 0,26% (R$ 15,60) e Itaú baixou 0,79% (R$ 36,39). Santander ficou estável, a R$ 31,40, e Banco do Brasil avançou 1,07% (R$ 28,42).

… Assaí subiu 2,40%, a R$ 9,80, em meio à notícia de que o Grupo Mateus planeja fazer uma oferta aos acionistas de referência pelo controle da empresa. Mas ambas as companhias negaram a informação.

ABRINDO OS TRABALHOS – Eletrobras ON (+0,36%, R$ 41,90) vai captar entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão com títulos de dívida no exterior nesta semana, a primeira da fila de emissões de setembro.

… Segundo o Broadcast, a expectativa é de que a operação seja levada ao mercado para precificação na 5ªF. As conversas com investidores começaram ontem em Londres.

… Segundo a Moody’s, que atribuiu nota ‘Ba2’ aos títulos, os recursos servirão para a Eletrobras pagar antecipadamente parte de um empréstimo de R$ 4 bi com um sindicato de bancos e notas comerciais de R$ 2 bi.

… Setembro deve ser a segunda janela mais movimentada do mercado de dívida externo no ano, após janeiro.

… É o retorno das férias no Hemisfério Norte e mais empresas brasileiras devem anunciar emissões após a decisão de juros do Fed, no dia 18.

… Especialistas esperam o anúncio de quatro a seis operações de companhias brasileiras até meados de outubro, com captações de até US$ 4 bilhões.

EM TEMPO… VALE reiterou que segue buscando potenciais parceiros para a Aliança Geração de Energia…

… Segundo a companhia, neste momento, não há qualquer instrumento vinculante ou decisão tomada a respeito de quem será o potencial parceiro ou sua estrutura de capital.

AZUL inicia hoje diversas rodadas de conversas com bondholders (detentores de dívida no exterior) para tentar captar mais recursos no mercado usando sua subsidiária de logística, a Azul Cargo, como garantia, segundo o Valor

… As conversas vão acontecer durante toda a semana. Entre os grupos agendados, estão detentores de dívidas de 2028, 2029 e 2030…

… A S&P Global rebaixou rating da companhia de B- para CCC+, com perspectiva negativa.

ITAÚ fez a 1ª emissão de certificado de operações estruturadas (COE) referenciado em risco de crédito, no valor de R$ 500 mil.

ASSAÍ. Conselho de Administração aprovou, por unanimidade, a eleição de José Roberto Müssnich, ex-CEO do Atacadão, para membro independente do colegiado; executivo entrou na vaga de Luiz Nelson Guedes de Carvalho…

… Müssnich ainda será membro de dois comitês: financeiro e de investimentos, e de gente, cultura e remuneração.

AMERICANAS informou que, a partir desta 2ªF (2), o executivo Fernando Dias Soares assumiu o cargo de vice-presidente de Operações (COO) da companhia…

… Dias fez carreira na Ambev, onde foi presidente da divisão de bebidas não alcoólicas e liderou unidades de negócio na Colômbia, Peru e México; em 2020, ele assumiu a posição de CEO da Domino´s Pizza.

WEG fechou acordo de R$ 630 milhões com a Kroma Energia para a construção de um complexo de geração de energia por meio de painéis solares no parque Arapuá, localizado no município Jaguaruna (CE)…

… Operação, que tem previsão para começar no primeiro semestre de 2026, terá capacidade instalada de 250 megawatts-pico (MWp) e produção anual estimada de 537 gigawatts-hora (GWh).

VAMOS realizará a 2ª emissão de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) em até duas séries, para distribuição pública, no valor de, inicialmente, R$ 685 milhões.

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