Mercado volta a apostar em alta maior da Selic
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[13/09/24]
… Universidade de Michigan divulga (11h) sua leitura preliminar do índice de sentimento do consumidor em setembro nos EUA, que deve subir para 68,2 (67,9 em agosto), além das expectativas de inflação em 1 ano e 5 anos, que estavam em 2,8% e 3% no mês anterior. No final da noite, a expectativa pelos dados de vendas no varejo e produção industrial da China pode mexer com as commodities. Ainda hoje, o BC da Rússia decide sobre juros (7h30). Aqui, o IBC-Br de julho (9h) tem previsão de recuo e pode aliviar os indicadores fortes da atividade, como comércio, serviços e o PIB/2Tri, que entram no balanço de riscos para justificar a alta da Selic, no Copom da próxima 4ªF. Enquanto economistas esperam um aumento de 25pbs, a curva de juros evoluiu nas apostas para um ajuste maior.
… Na B3, os negócios com o DI futuro fecharam o dia projetando 72% de chances de um ajuste inicial de 50pb contra 28% de uma alta de 25pbs, segundo cálculos do estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, ao Broadcast.
… Para o fim deste ano, a curva precificava a taxa Selic em 11,71% (leia abaixo).
… O crescimento das apostas em um Copom mais agressivo, no entanto, não evitou a inclinação da curva, em meio ao pessimismo fiscal e às desconfianças sobre o potencial de receitas com as quais o governo conta para cumprir os objetivos do arcabouço.
… A notícia de que o governo estuda criar um auxílio emergencial para pescadores atingidos pela seca, que já traz risco para os preços de alimentos, também entrou no radar fiscal do mercado, esvaziando qualquer impacto positivo da aprovação do PL da desoneração.
… Nesta 5ªF, o Itaú anunciou revisão para cima em sua projeção de Selic, de 10,50% para 12%, considerando um ciclo total de 1,50 ponto: 25pbs agora, mais duas altas de 50pbs ainda em 2024 (fechando o ano em 11,75%) e um ajuste final de 25pbs em janeiro.
… Analistas do Itaú argumentaram que, considerando um câmbio de R$ 5,60 e alguma revisão no hiato do produto à frente, o modelo do Copom indicaria uma inflação de 3,4% no horizonte relevante da política monetária, o que justifica o aperto monetário agora.
… Também o BTG Pactual prevê Selic de 12% no final do ciclo, com 25pbs na semana que vem, altas de 50pbs em novembro e dezembro e 25 pbs em janeiro, considerando a atividade forte com o impulso fiscal, o mercado de trabalho resiliente e a depreciação do câmbio.
… Nova pesquisa da Agência Estado realizada ontem apurou que a ampla maioria dos economistas de mercado (53 de 61 casas) espera a retomada do ciclo de altas na reunião do dia 18 de setembro do Copom, com um ajuste de 25pbs.
… A mediana para a Selic no fim de 2024 passou de 10,50% para 11,25%, na comparação com levantamento realizado em 19 de agosto.
… Nos EUA, os investidores mantêm acima de 80% as chances de um corte de 25pbs do juro na próxima superquarta (CME FedWatch). Os dados divulgados nessa 5ªF – a inflação ao produtor e auxílio-desemprego – não alteraram o cenário para o Fomc.
EXAGERO – A Fazenda vê um pessimismo exagerado do mercado e das agências de rating com o fiscal e promete cobrar uma melhora das notas a partir do ano que vem, quando, segundo técnicos da Pasta, o resultado das contas públicas de 2024 terá “surpreendido”.
… Segundo a jornalista Célia Froufe (Estadão), o assunto surgiu em videoconferência de representantes da Moody’s com integrantes do Ministério, incluindo o ministro Fernando Haddad, enquanto a Fitch comandava um evento sobre o tema em São Paulo.
… No evento aberto, a agência disse que seu cenário base não indica aumento de nota para o Brasil, afirmando que o que pode melhorar as expectativas seria a entrega de um resultado primário robusto, mas o que ela espera é um aumento da dívida nos próximos anos.
… Apesar dos discursos otimistas do governo, para a Fitch, o País não será capaz de entregar a meta de déficit de 0,25% do PIB em 2024. A sua expectativa é de um rombo de 0,70% nas contas deste ano, acima da projeção da pesquisa Focus (mediana de 0,60%).
… Além da Fitch, também a Moody’s e a S&P reconhecem a surpresa com o PIB, mas apontam a área fiscal como a pedra no sapato.
MAIS AGENDA – O recuo da produção industrial deve provocar queda de 0,5% para o IBC-Br em julho, após alta de 1,37% em junho. As estimativas em pesquisa Broadcast vão de um baixa de 1,70% a crescimento de 0,40%.
… Na base anualizada, porém, o IBC-Br deve acelerar de 3,18% para 4,45%, segundo as previsões do mercado.
… O ritmo da atividade econômica ainda será testado pelos dados regionais da produção industrial/julho (9h).
… Às 10h, sai o boletim Prisma Fiscal, com as previsões do mercado para as contas públicas.
… Às 14h, a Fazenda solta o Boletim Macrofiscal e grade de parâmetros macroeconômicos, com projeções que vão nortear o próximo relatório bimestral de receitas e despesas, em meio ao receio de arrecadação frustrante.
… A Secretaria de Política Econômica (SPE) divulga hoje a nova estimativa para o PIB do ano. Haddad antecipou esta semana uma taxa de 3% ou “talvez até um pouco mais”. Ontem, o Itaú subiu a previsão de 2,5% para 3,0%.
LÁ FORA – Saem a produção industrial (julho) da zona do euro (6h) e dados de petróleo da Baker Hughes (14h).
ELEIÇÃO NOS EUA – Trump descartou participar de outro debate com a rival Kamala Harris, eliminando a possibilidade de um segundo encontro entre os dois candidatos antes do dia da eleição, em 5 de novembro.
… Pesquisa Ipsos/Reuters mostra a democrata com 47% das intenções de voto contra 42% de Trump.
NÃO ESTÁ PARA PEIXE – Combinada à atividade econômica forte, a história de que o governo quer criar o auxílio emergencial a pescadores atingidos pela seca, na mais nova pressão fiscal, sinalizou Copom com emoção.
… A conta do benefício, que funciona como uma parcela extra do Seguro Defeso, pago a pescadores quando a prática é proibida por questões de preservação ambiental, pode chegar a R$ 430 milhões, segundo o Poder360.
… A piora da percepção fiscal pressionou a ponta longa do DI, enquanto os demais contratos embutiram prêmio de risco com a alta das taxas dos Treasuries e a força da economia doméstica, endossada por mais um indicador.
… As vendas do varejo restrito subiram 0,6% em julho e superaram a mediana das apostas (+0,5%). O varejo ampliado contrariou a previsão de queda de 0,4% na comparação com junho e registrou crescimento de 0,1%.
… Às vésperas do Copom, traders abriram nova onda de especulação e resgataram a aposta de meio ponto de alta da Selic semana que vem, diante da pressão tripla: fiscal + atividade + expectativa de inflação desancorada.
… No fechamento, o DI para Jan/26 subiu a 11,880% (de 11,781% na véspera); Jan/27 avançou a 11,860% (de 11,727%); Jan/29, a 11,960% (de 11,787%); Jan/31, a 11,970% (de 11,764%); e Jan/33, a 11,940% (de 11,736%).
… No câmbio, o real conseguiu cavar espaço de recuperação, diante da queda externa do dólar em escala global com o BCE cauteloso e as altas expressivas das commodities, que favorecem as moedas de países exportadores.
… Mas a piora na percepção de risco fiscal limitou a valorização da divisa brasileira, que não conseguiu competir em pé de igualdade com outras moedas latinas, como o peso mexicano e chileno, que subiram mais de 1%.
… O dólar à vista fechou em baixa de 0,56%, a R$ 5,6182. Apesar do alívio, a persistência da taxa de câmbio acima da linha de R$ 5,60 dá a medida sobre as desconfianças que cercam o mercado sobre a disciplina fiscal.
… “O mercado já sabe que o governo não cumprirá as metas fiscais. Com esse quadro, o dólar só cairá de forma sustentável se o BC der um choque nos juros (até 0,75pp), o que não vai ocorrer”, diz Eduardo Velho (JF Trust).
… Em evento da Fitch, o economista-chefe do BTG , Mansueto Almeida, disse que o governo Lula terá déficits até o fim do mandato, mas se demonstrar compromisso fiscal, poderá cortar juros já no 1º semestre/25.
… “As expectativas de inflação se afastaram das metas e é difícil saber se este vai ser um ciclo de 1,5 ponto ou de 2 pontos de alta da Selic. Devemos ter altas de juros em setembro, novembro, dezembro e janeiro”, afirmou.
EFEITO COLATERAL – A perspectiva de Selic maior e o desconforto com a gastança do dinheiro público, reforçado pela potencial criação do auxílio emergencial aos pescadores, também não poupou o Ibov, descolado da alta em NY.
… O índice à vista fechou em queda de 0,48% e esteve a um triz de perder os 134 mil pontos (134.029,43), com giro de R$ 16,5 bilhões. No acumulado do ano, zerou os ganhos e voltou ao vermelho (-0,12%).
… O rali de quase 4% do minério de ferro na China deu gás à Vale (ON, +0,90%; R$ 58,11). Na mesma linha, CSN Mineração subiu 3,27% (R$ 6,31)
… Mas o impulso foi insuficiente para sustentar a bolsa, porque as demais blue chips não esconderam a cautela.
… Petrobras ignorou a alta de quase 2% do Brent (a US$ 71,97/barril), provocada pela tempestade Francine no Golfo do México. O papel ON caiu 1,17% (R$ 40,49) e o PN, -1,13% (R$ 36,87).
… Logo pela manhã, as ações bateram nas mínimas, depois que o Goldman Sachs cortou o preço-alvo para os ADRs da estatal, de US$ 18,10 para US$ 15,40, mas a recomendação de compra foi mantida.
… Para os papéis ON, o valor caiu de R$ 48,30 para R$ 43,40 e, para os PN, de R$ 41,90 para R$ 39,40. O banco avalia que a queda acumulada de 20% nos preços do petróleo desde junho vai ter efeitos negativos para a companhia.
… Também no início da sessão, a negociação das ações da petroleira foi suspensa para divulgação de fato relevante. A empresa teve sentença favorável em processo que tramita na Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM), da B3.
… Com peso importante no Ibov, o setor bancário foi mal: Banco do Brasil (-1,12%; R$ 28,23), Itaú (-1,10%; R$ 36,97), Santander (-0,97%; R$ 30,65), Bradesco ON (-0,64%; R$ 13,94) e Bradesco PN (-0,45%; R$ 15,55).
… Raízen avançou 2,34% (R$ 3,06) após emitir US$ 1 bilhão em bonds sustentáveis de 10 anos.
… Natura, na contramão da maioria das varejistas, liderou as altas: 3,65% (R$ 14,47). Analistas apontaram otimismo com o processo de recuperação judicial nos EUA da Avon e alguma melhora da operação após venda de ativos.
CICLO FECHADO – Divulgado o último dado de inflação antes do Fomc, investidores consolidaram as apostas de corte de 25pb na próxima semana e foram às compras em NY.
… Novamente liderado pelas techs, o S&P 500 subiu pela 4ª sessão consecutiva. Ganhou 0,75%, aos 5.595,76 pontos. O Nasdaq avançou 1,00% (17.569,68) e o Dow Jones ganhou 0,58% (41.096,77).
… Warner Bros (+10,37%) foi o destaque positivo do dia com a renovação do acordo de distribuição com a Charter Communications. Moderna, por outro lado, despencou 12% depois de anunciar corte de investimentos em pesquisa.
… Números do varejo e da produção industrial dos EUA em agosto ainda serão divulgados na 3ªF, primeiro dia de reunião do Fed, mas não devem mexer com as expectativas para o BC americano, focado no mandato do emprego.
… Ontem, o PPI cheio de agosto veio dentro do esperado, com alta de 0,2%, mas o núcleo, com variação +0,3%, superou a expectativa de 0,2%, o que acabou pressionando os retornos dos Treasuries.
… Para a corretora Stifel, o dado se junta ao núcleo do CPI também acima do esperado para transmitir a necessidade de uma abordagem gradual no corte de juros pelo Fed.
… Segundo economistas, os componentes do PPI usados para o cálculo do PCE vieram neutros. O índice preferido do Fed só sai dia 27.
… No fim do dia em NY, o juro da T-note de 2 anos subiu a 3,653% (de 3,639%) e o da note de 10 anos aumentou a 3,680% (de 3,653%). O do T-bond de 30 anos avançou a 3,993% (de 3,967%).
… Outro indicador da 5ªF, os pedidos de auxílio-desemprego não surpreenderam, com 230 mil solicitações na semana passada. A chance de o Fed cortar o juro em 25pb foi a 85% no FedWatch, do CME, após o PPI e o auxílio.
… No câmbio, o dia foi de euro forte depois que o BCE cortou a taxa de depósitos em 25pb, para 3,50% ao ano.
… Após a decisão, Christine Lagarde reiterou a postura cautelosa do BC europeu ao alertar sobre um possível repique da inflação no final do ano.
… Ela espera juro em 2% só no 2º semestre de 2025 e não deu pistas sobre qual poderia ser o próximo passo do BCE.
… Ao fim da sessão em NY, o euro subia 0,45%, a US$ 1,1069. A libra avançava 0,58%, a US$ 1,3117, e o iene registrava valorização de 0,33%, a 141,846/US$.
EM TEMPO… PETROBRAS vai renomear o Polo Gaslub como Complexo de Energias Boaventura e vai inaugurar a unidade hoje, com visita do presidente Lula.
PRIO. Goldman Sachs atingiu participação acionária de 5,01%, passando a deter 44.6999.422 de papéis ON.
BRASKEM convocou AGE para 3/10 para votar a substituição de Paulo Roberto Britto Guimarães, membro efetivo do Conselho de Administração indicado pela Petrobras, por Olavo Bentes David, também indicado pela estatal.
VALE reiterou que mantém discussões com o Ministério dos Transportes sobre condições gerais para otimizar planos de investimentos nos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás e da Estrada de Ferro Vitória a Minas.
RAÍZEN confirmou emissão de US$ 1 bilhão em títulos representativos de dívida no mercado internacional (green notes); segundo a companhia, os bonds têm vencimento em janeiro de 2035 e taxa de juros de 5,70% ao ano.
GPA realizou operação de aquisição facultativa de debêntures da 1ª série da 18ª emissão, com vencimento programado em duas parcelas, a 1ª em maio de 2025 e a 2ª em maio de 2026, seguindo preços de mercado…
… Preço de aquisição foi inferior ao valor nominal unitário atualizado da emissão, desembolso total foi de R$ 101 milhões para a aquisição de 100.000 debêntures, equivalente ao valor nominal total atualizado de R$ 104 milhões…
… Aquisição representa 6,8% das debêntures em circulação desta emissão.
AZUL inicia hoje a operação do avião A330-200, mais recente aeronave incorporada à frota da companhia, em voos para EUA e Europa.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
BCE deve reduzir juro na zona do euro para 3,5%
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[12/09/24]
… O BCE deve anunciar nesta 5ªF (9h15) um corte de 25pbs do juro na zona do euro, para 3,5%, mas Lagarde não deve dar pistas sobre os próximos passos na entrevista que concederá às 9h45. Nos EUA, após o núcleo do CPI vir acima do previsto e consolidar as apostas de queda de 25pbs no Fomc do dia 18, que subiram para 85%, hoje sai a inflação ao produtor, o PPI (9h30). No mesmo horário, o balanço dos pedidos de auxílio-desemprego confere o mercado de trabalho. Aqui, as vendas do varejo restrito em julho (9h) devem reagir à queda de 1% em junho, mostrando expansão de 0,50%, na mediana de pesquisa do Broadcast. O mercado ainda repercute o alívio com a aprovação do projeto de desoneração da folha, ontem à noite, na Câmara, com medidas para compensar o impacto fiscal do benefício.
… A novela da desoneração finalmente chegou ao fim, sem que o governo tivesse de recorrer ao STF pedindo prazo maior para o acordo entre Legislativo e Executivo, em relação às fontes de recursos para cobrir os custos da isenção tributária a empresas e municípios.
… O acerto veio no final do dia quando o ministro Fernando Haddad conseguiu “contornar”, nas palavras do líder do governo na Câmara, José Guimarães, as ponderações feitas pelo Banco Central sobre os recursos esquecidos.
… A saída foi a apresentação de emenda de redação para resolver as dúvidas jurídicas apresentadas pelo BC.
… A relatora do projeto de lei da desoneração, deputada Any Ortiz (Cidadania), trocou o trecho sobre como serão usados os recursos esquecidos em instituições financeiras.
… O ajuste foi feito de utilização das verbas “para todos os fins das estatísticas fiscais” para “fins de verificação do cumprimento da meta de resultado primário prevista na respectiva lei de diretrizes orçamentárias”.
… A mudança foi feita porque o BC não considera as verbas como receita primária, mas como receita financeira.
… A emenda de redação incluída pela relatora no texto corrigiu a preocupação do BC sem alterar o conteúdo e, portanto, sem a necessidade de o texto voltar ao Senado, indo direto para a sanção presidencial.
… Pouco mais de meia hora depois de incluir os ajustes no texto, Any Ortiz desistiu da relatoria do texto e fez críticas na tribuna do plenário ao governo, por ter recorrido ao STF para colocar fim à desoneração da folha.
… José Guimarães foi designado novo relator do projeto, aprovado por 253 votos a favor e 67 contrários, três minutos antes da meia-noite, quando vencia o deadline determinado pelo STF para um acordo sobre a matéria.
… A votação dos destaques, contudo, ultrapassou o limite do prazo e se estendeu pela madrugada, o que levou a AGU a pedir uma prorrogação de três dias para a conclusão do acordo sobre a desoneração da folha.
DÍVIDA DOS ESTADOS – O projeto de lei de renegociação só será votado pela Câmara depois do primeiro turno da eleição municipal, em outubro, porque o governador do Rio, Claudio Castro (PL), pediu alterações no texto.
TCU – Pouco antes, Fernando Haddad havia saído de uma reunião com o Tribunal de Contas da União, que tem feito alertas sobre o risco de o governo mirar o limite inferior da meta fiscal como referência para o resultado primário.
… À saída, o ministro disse aos jornalistas que mirar o centro da meta fiscal de déficit zero não depende apenas do esforço do Executivo.
… “É a mesma coisa quando o CMN pede ao Banco Central mirar o centro da meta de inflação. O BC busca o centro da banda. Mas você deve ouvir que não depende apenas do Executivo o cumprimento da meta, e sim de uma série de considerações.”
… Haddad disse ainda que, no encontro com o TCU, a equipe econômica traçou um plano de voo aos técnicos, envolvendo sobretudo as discussões em torno da compensação da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos.
… Já o presidente do Tribunal, Bruno Dantas, reforçou que “a única certeza que nós temos é que a equipe econômica atua com firmeza e com muita boa fé e está em busca de cumprir o arcabouço fiscal, a meta definida e está aberta para fazer os ajustes necessários”.
… No último relatório que analisa o PLDO de 2025, o TCU concluiu que as projeções do governo para a meta fiscal de 2025, de déficit zero, apresentam “duplo risco”, devido à possibilidade de frustrações de receitas e aumento das despesas obrigatórias.
… Segundo apurou o Estadão, no encontro com Bruno Dantas, Haddad disse ao TCU que vai revisar a projeção de arrecadação com Carf, após a entrada frustrando de receitas – menos de R$ 90 milhões. A Fazenda ainda está recalculando os novos números.
EMENDAS SEM CONSENSO – Congresso e Planalto continuam sem se entender em relação à distribuição das emendas parlamentares no ano que vem. Deputados e senadores não aceitam as sugestões feitas pelo governo – e vice-versa, segundo o Broadcast Político.
MAIS AGENDA – A expansão do crédito e o recuo na inflação dos alimentos em julho devem puxar a alta do varejo restrito.
… O economista da Pezco Helcio Takeda estimou ao Broadcast alta de 0,4%, afirmando que o desempenho deve refletir a recuperação no desempenho da abertura de supermercados e hipermercados em relação a junho, quando houve recuo de 2,1% na margem.
… Takeda também aguarda nova expansão na venda de artigos farmacêuticos e, por outro lado, perspectiva de queda para a venda de combustíveis, que tende a moderar o desempenho do varejo como um todo em julho.
… A mediana da pesquisa (0,50%) foi obtida a partir de estimativas de queda de 0,8% a expansão de 1,1%.
HADDAD – Será entrevistado (8h) no programa “Bom dia, ministro”, transmitido pelo canal do governo no YouTube. Às 11h, o ministro da Fazenda tem reunião virtual com vice-presidente da Moody´s, Samar Maziad.
… Haddad disse que a revisão do crescimento do PIB neste ano deve prever uma taxa de 3% ou “talvez até um pouco mais”. A nova projeção deve ser divulgada nesta semana pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
… Segundo ele, a revisão do crescimento tem impacto em arrecadação, com aumento além do esperado.
EM NY – O PPI de agosto tem previsão de +0,2% para o núcleo, levando a inflação em 12 meses nessa medida a subir de 2,4% para 2,5%. Também o índice cheio deve ter alta de 0,2% e, neste caso, com recuo da base anual de 2,2% para 1,8%.
… Para a gestora Navellier, os dados da inflação ao produtor dos EUA devem sinalizar progresso no processo desinflacionário, visto que os serviços de atacado e os custos de bens “têm sido particularmente fracos”.
… Nesta 4ªF, o núcleo do CPI, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3% em agosto, acima do esperado (0,2%), reduzindo significativamente a parcela dos investidores que ainda aguardavam o dado para apostar em um corte maior do juro.
… “A conclusão mais relevante foi que o ritmo do núcleo da inflação não parece estar desacelerando muito rapidamente e, portanto, não requer urgência por parte dos formuladores de políticas monetárias para retornar ao juro neutro”, avaliou o BMO Capital Markets.
… Após a leitura, as chances de uma redução de 25 pontos-base pelo Fed na próxima semana saltaram da casa de 70% para mais de 80%, segundo monitoramento do CME FedWatch (85% no final do dia), enquanto as chances de 50pbs caíram para 14%.
… A consolidação das apostas por cortes de juros menos agressivos pelo Fed impulsionou a ponta curta dos rendimentos dos Treasuries (leia abaixo).
… Ainda na agenda externa, a AIE divulga, às 5h, relatório mensal de petróleo. À noite (20h), o Peru decide juro.
JAPÃO HOJE – O conselheiro do BoJ Naoki Tamura acredita que é necessário elevar os juros para a taxa neutra de 1% gradualmente, porque o BC japonês tem preocupação com efeitos dos riscos de alta nos preços.
GRADUALISMO DÁ CONTA – Depois do PIBão do 2Tri, mais um indicador veio provar a resiliência da atividade econômica doméstica, embora não tenha mudado a aposta de que a Selic deve subir 0,25pp, ao invés de 0,50pp.
… Divulgado pelo IBGE, o resultado de serviços de julho (+1,2%) superou o teto das previsões (1,1%), devido a um ruído na captação de dados, com correção para cima nas receitas de um grande participante da pesquisa.
… O BC tem estado especialmente sensível à inflação do setor de serviços e, por isso, o indicador chegou a desencadear pressão na curva do DI pela manhã, ainda que depois as taxas tenham abandonado as máximas.
… A avaliação dominante entre os operadores ainda é de que o ajuste gradual da Selic sinalizado recentemente por Campos Neto e Guillen dará conta do recado. Começou ontem o período de silêncio do Copom.
… Embora o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, ainda não tenha mexido na previsão de Selic estável (10,50%), admite que o risco é de elevação do juro e que a revisão de cenário deve ser feita nos próximos dias.
… Ele aponta que a maior preocupação não é com a inflação corrente, mas sim com a “decolagem” das expectativas do mercado sobre o comportamento dos preços, que aproximam o BC de um ciclo de aperto.
… Para Mesquita, existe uma “chance razoável” de o Copom subir os juros “no futuro não muito distante”, não apenas porque as expectativas estão subindo, mas também porque o mercado de trabalho segue apertado.
… Além disso, a taxa de câmbio está pressionada e a economia doméstica está crescendo acima do potencial.
… Em encontro com jornalistas nesta 4ªF, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, disse que se estivesse sentado numa cadeira do Copom neste momento, optaria por um início mais rápido do ciclo de alta da Selic.
… “Se vai ser mais curto ou não vai, vai respondendo ao longo do processo [de aperto]”, afirmou.
… No fechamento dos negócios, as taxas dos DIs operavam perto da estabilidade, com viés de alta, depois do indicador de serviços do IBGE e do CPI nos EUA, que reforçou as apostas de corte menor (25pb) do juro pelo Fed.
… O contrato de DI para Jan/26 subiu a 10,790% (de 10,761% na véspera); o Jan/27, a 11,755% (de 11,731%); o Jan/29, a 11,835% (de 11,812%); o Jan/31, a 11,810% (de 11,802%); e o Jan/33, a 11,790%, de 11,761%.
… No câmbio, depois do salto de 1,32% da véspera, o dólar fechou de lado (-0,10%) e continuou colado a R$ 5,65, em R$ 5,6498, diante da avaliação de que o Fed comece o ciclo promovendo uma redução mais moderada.
… O real não conseguiu faturar a alta de 2% do petróleo, que pode não vir para ficar, com a China fraquejando.
… O BC informou que o fluxo cambial na semana passada ficou negativo em US$ 1,010 bi, com saída de US$ 451 mi pela conta comercial e fuga de US$ 559 mi pela via financeira. No ano, o fluxo está positivo em US$ 9,814 bi.
JANELA DE OPORTUNIDADE – Sob o inferno astral da China, que tem deixado muito a desejar no ritmo de crescimento, o minério de ferro segue abaixo de US$ 100 a tonelada. Mas ontem testou reação e ajudou a Vale.
… Em ajuste a perdas recentes, o metal avançou quase 2,5% em Cingapura e pouco mais de 1% em Dalian. A mineradora brasileira não desperdiçou a chance de recuperação e saltou 2,95%, à máxima do dia (R$ 57,65).
… Diante da ofensiva de alta, em 24h, o papel reduziu quase à metade as perdas acumuladas no mês, de 6% para 3,24%. Além da ajuda do minério, a ação contou com a estimativa de melhora da produção pela empresa.
… A companhia atualizou para cima o guidance de produção de minério este ano, para uma faixa entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas, na comparação com o intervalo anterior de 310 milhões a 320 milhões de t.
… O bom desempenho da Vale garantiu alta moderada para o Ibovespa (+0,27%), aos 134.676,75 pontos, e com volume financeiro de R$ 18,7 bilhões.
… Petrobras foi mista. O papel PN caiu 0,11% (R$ 37,29) e o ON subiu 0,44% (R$ 40,97), mas longe da alta de 2,05% do Brent (US$ 70,61), que reagiu ao furacão Francine no Golfo do México.
… A tormenta, que passou de tempestade tropical para furacão de categoria 1, atingiu as principais zonas produtoras de petróleo da região, que teve 25% da produção interrompida.
… Bancos também fecharam sem direção única. Bradesco ON caiu 1,54% (R$ 14,03) e o PN cedeu 1,14% (R$ 15,62). Santander perdeu 0,90% (R$ 30,95). Banco do Brasil ficou estável (+0,03%; R$ 28,71) e Itaú subiu 0,19% (R$ 37,38).
… Educação liderou as altas do Ibov ontem. Yduqs subiu 8,03% (R$ 10,49) e Cogna ganhou 6,72% (R$ 1,43).
… IRB recuou 4,61% (R$ 45,98), após o JPMorgan rebaixar a recomendação do ativo de neutra para underweight (equivalente a venda). BRF (-2,68%; R$ 23,97) e Caixa Seguridade (-2,58%; R$ 15,12) também foram mal.
25 PB CRAVADOS – As techs salvaram o dia pela segunda sessão seguida em NY, tirando as bolsas do vermelho depois de certa decepção com o núcleo do CPI em agosto.
… Acima do esperado (0,3% contra 0,2%), o núcleo da inflação americana consolidou as apostas em um corte de 25pb pelo Fed na semana que vem, que chegaram a 85%, segundo o FedWatch do CME.
… Não interessou tanto que o CPI cheio anual (2,5%), abaixo do esperado (2,6%), tenha sido o menor desde fevereiro de 2021. O mensal ficou dentro da expectativa, de 0,2%.
… Para analistas, os dados em si não foram terríveis, mas o mercado não queria ver um núcleo mais salgado.
… O Citi, que vinha mantendo uma previsão de -50pb, mudou a aposta para -25pb após a divulgação do indicador. A resiliência nas métricas de habitação foi citada como outro dos motivos.
… Mesmo assim, o banco ainda prevê que o mercado de trabalho seguirá no foco do Fed e, por isso, espera uma baixa acumulada de 125 pontos-base nos juros em 2024.
… O balde de água fria do CPI derrubou as bolsas, antes que elas entrassem numa recuperação comandada pela Nvidia, que saltou 8%, com rumores de que os EUA podem facilitar a venda de chips avançados da empresa à Arábia.
… A afirmação do CEO, Jensen Huang, de que a demanda por chips da companhia segue alta e que há “uma fila de clientes”, também ajudou.
… No S&P 500, o setor de tecnologia avançou 3,25%, puxando a alta de 1,07% no índice, a 5.554,13 pontos. O Nasdaq disparou 2,17% (17.395,53) e o Dow Jones subiu 0,31% (40.861,71).
… Com a perspectiva de um corte menos agressivo pelo Fed, o juro dos Treasuries de curto prazo subiu. O da note de 2 anos avançou a 3,646%, de 3,598% na véspera.
… Menos pressionado, o retorno da note de 10 anos aumentou a 3,654% (de 3,646%). O do T-bond de 30 anos caiu a 3,963% (de 3,967%).
… Logo depois do CPI, o dólar engatou uma alta ante seus pares, mas o fator eleição americana também pesou.
… Pela manhã, o ING antecipava que o resultado do debate Kamala Harris/Donald Trump na noite anterior, com vitória da democrata, limitaria o ímpeto da moeda.
… “No câmbio, uma vitória de Trump [na eleição] está associada a um dólar mais forte”, disse a instituição.
… No fim da sessão, o índice DXY ficou estável (+0,05%), em 101,684 pontos. Também fecharam perto da estabilidade o iene (+0,07%; 142,318/US$) e o euro (-0,08%; US$ 1,1020), na véspera da decisão do BCE.
… A expectativa dos analistas é de que Lagarde insistirá que a política monetária continua “dependente de dados”.
… A libra recuou 0,35%, a US$ 1,3042, em meio ao resultado ruim da produção industrial britânica, que caiu 0,8% em julho/junho, ante expectativa de alta de 0,3%.
EM TEMPO… VALE informou que negociações para acordo de Mariana estão avançadas, com previsão de acordo para outubro…
… Ativa tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 75; avaliação é de que a evolução das operações no Pará será a chave para a companhia elevar projeções.
USIMINAS. Fitch reafirmou rating da companhia em BB, com perspectiva estável.
B3 informou que Câmara Baixa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) proferiu decisão “parcialmente favorável” à companhia…
… Órgão exonerou empresa de multas de R$ 268 mi, no mérito de auto de infração da Receita que questionou amortização de 2017, para fins fiscais, do ágio gerado em 2008 por incorporação de ações da Bovespa Holding…
… Por outro lado, pelo voto de qualidade, Carf manteve o questionamento do saldo de prejuízos fiscais no valor de R$ 782 milhões, na data-base de 30 de junho de 2024, em decisão não definitiva…
… Sobre a exoneração das multas, a Procuradoria Geral da Fazenda poderá submeter Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais do Carf; quanto ao mérito, a B3 disse que apresentará recurso no prazo regulamentar…
… Volume médio do mercado de ações cresceu 10,9% em agosto, na comparação anual, para R$ 28,191 bilhões…
… Citi tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 12,50; banco considerou que o volume diário médio negociado em agosto mostra mais um mês de receitas sólidas da companhia.
ELETROBRAS vai pedir nova prorrogação ao STF, contada a partir de 16/9, para negociações da participação da União na empresa…
… Empresas informou que foram liquidados os US$ 750 milhões em títulos (bonds) emitidos no mercado internacional; recursos serão utilizados para o refinanciamento de dívidas da companhia; taxa de retorno foi 6,75%.
COPEL aprovou a distribuição de R$ 485,1 milhões em proventos intercalares (extras), com pagamento em 29/11…
… Serão R$ 202,1 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,06 por ação ON e R$ 0,07 por PN, e R$ 283 milhões em JCP, ou R$ 0,09 por ação ON e R$ 0,10 por PN.
MRV aprovou a emissão de R$ 221 milhões em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) da classe sênior.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
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Inflação nos EUA é destaque da agenda
… O tombo do petróleo, refletindo a demanda fraca na China e as dúvidas sobre a força da economia nos EUA, somou-se às fortes quedas das ações dos bancos americanos, diante das dificuldades de mutuários, para conduzir um pregão de aversão ao risco em NY, nesta 3ªF, voltando a levantar a lebre da recessão. O mau humor com o setor financeiro prevaleceu mesmo após o Fed moderar o plano de tornar as regras de capital mais duras. Hoje, é importante que o CPI de agosto (9h30) venha sem surpresas, confirmando a expectativa de queda de 25pbs do juro no Fomc, do mesmo modo que a deflação do IPCA não mudou as apostas de ajuste gradual da Selic. Na agenda, os serviços (9h) têm previsão de estabilidade, enquanto o mercado repercute o esforço do governo para aprovar a desoneração na Câmara.
… Deputados entraram na noite para destravar a proposta que prevê a compensação do benefício fiscal às empresas e municípios e tentar votar a proposta hoje, quando acaba o prazo dado pelo STF para um acordo.
… O governo não deve pedir ao Supremo uma prorrogação no deadline para que o Congresso e o Poder Executivo cheguem a uma solução consensual sobre a desoneração da folha, segundo apurou o Broadcast.
… Caso a Câmara não aprove o projeto até hoje, volta a valer a decisão de Zanin, de retomada da reoneração.
… Entre os indicadores, a inflação ao consumidor nos EUA é o destaque, embora o Fed já tenha dado essa luta por superada, elegendo o mercado de trabalho como seu mandato principal. O resultado tem que vir muito diferente do consenso para causar impacto.
… A mediana das projeções é de uma alta de 0,2% para o CPI de agosto (na margem) tanto para o índice cheio como para o núcleo.
… No CME FedWatch, investidores estão firmes na aposta de um corte de 25pbs (70%) do juro, com a queda de 50pbs projetando 30%.
… Ainda lá fora, os estoques semanais de petróleo do DoE (11h30) serão monitorados, após o Brent ter caído abaixo de US$ 70 por barril, castigando o câmbio dos países ligados às commodities, como o Brasil, onde o dólar disparou para R$ 5,65 (abaixo).
… Um mix de fatores contribuiu para o tombo de quase 4% do petróleo, entre os quais, o recuo nas importações da China, as previsões de PIB chinês mais fraco pela Fitch (4,5%) e o relatório da Opep, que reduziu a sua projeção para a demanda.
… Em NY, o alerta do JP Morgan contra “previsões otimistas” para seus resultados piorou o clima de incertezas sobre a economia global.
… A nova proposta de regulação bancária apresentada pelo vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr, que aumenta o capital de grandes bancos em cerca de 9%, foi recebida com desconfiança de que pode não ser suficiente para segurar os choques.
… Já aqui, a pesquisa mensal de serviços deve mostrar desaceleração em julho, com mediana em 0,0%, após expansão de 1,3% em junho.
… Nesta 3ªF, economistas foram unânimes em destacar os dados melhores do IPCA de agosto (-0,02%), mas ninguém mudou a posição ao Copom. A curva de juros precifica alta de 25pbs para a Selic em 80%, além de 60% de mais 25pbs em novembro e dezembro.
… Às 14h30, o Banco Central divulga os dados semanais do fluxo cambial, que, no último balanço, ficou positivo em US$ 839 milhões.
COBERTOR CURTO – As fontes de receitas extraordinárias listadas pela equipe econômica para garantir o cumprimento da meta de déficit zero em 2024 têm gerado uma arrecadação muito menor do que a esperada.
… A quatro meses do fim do ano, as medidas com maior potencial arrecadatório, como a retomada do voto de qualidade do Carf e as transações tributárias, tiveram desempenho muito aquém do projetado, cerca de R$ 2 bi.
… Ao Estadão, integrantes da equipe econômica reconhecem que os resultados poderiam ser melhores.
… Mas dizem que há fatores novos que compensam essas frustrações, como os R$ 10 bi em dividendos extraordinários do BNDES, que serão incluídos no próximo relatório bimestral de receitas e despesas, dia 22.
… O pacote aprovado pelo Congresso no ano passado para reforçar o caixa do governo federal previa a arrecadação de R$ 168,3 bilhões em 2024, valor que vem sendo revisto por frustração de receitas.
… A equipe econômica previa arrecadar R$ 55,647 bilhões neste ano com os acordos feitos com os contribuintes derrotados no Carf. Porém, até o dia 21 de agosto, segundo dados da Receita, a União arrecadou só R$ 87 mi.
… Apesar disso, ofício obtido pelo Valor via Lei de Acesso à Informação (LAI) indica que o governo não vai rever para baixo no relatório bimestral da semana que vem a estimativa de arrecadação esperada com o Carf.
… O governo deve apenas redistribuir a previsão inicial de arrecadação para os meses restantes do ano.
… Com as transações tributárias concluídas no âmbito da Receita, foi arrecadado somente R$ 1,96 bilhão, de um total previsto de R$ 31 bilhões para o ano.
… Por outro lado, as transações conduzidas pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) atingiram a meta colocada no PLOA, de arrecadar R$ 12,2 bilhões.
KAMALA X TRUMP – No primeiro e possivelmente único debate da disputa à Casa Branca, os dois candidatos trocaram farpas sobre a economia, imigração e aborto, na tentativa de convencimento dos eleitores indecisos.
… O republicano disse que o governo Biden levou à “pior inflação da história” dos EUA. A democrata rebateu, acusando o ex-presidente de ter deixado o país com a “pior crise econômica desde a Grande Depressão”.
… Segundo ela, Trump quer dar isenções tributárias a milionários que vão “explodir o déficit público em US$ 5 trilhões” e deseja elevar as tarifas de importação, que aumentarão as despesas das famílias em US$ 4 mil/ano.
O ÓLEO DERRAMADO – O tombo de quase 4% do petróleo Brent, que tem tudo a ver com a pisada de freio na demanda da China, e o estresse dos bancos nos EUA voltaram a despertar os mercados para o medo de recessão.
… Considerados os ativos mais seguros do mundo, os Treasuries dispararam, com respectivo tombo das taxas às mínimas do ano. Por aqui, em instinto de defesa, o dólar subiu para a máxima em um mês, acima de R$ 5,65.
… A pressão no câmbio freou a queda dos juros futuros, apesar do IPCA comportado, enquanto na bolsa as duas principais blue chips ligadas às commodities (Petrobras e Vale) sentiram o drama da desaceleração chinesa.
… Nem a perspectiva de que a Selic suba menos, reforçada pelo IPCA de agosto, conseguiu motivar o Ibovespa, que fechou com queda de 0,31%, aos 134.319,58 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 18,9 bilhões.
… Entre as maiores baixas, Petrobras ON caiu 2,14% (R$ 40,79) e ação PN recuou 1,66% (R$ 37,33).
… Revisões para baixo nas projeções de demanda da Opep em 2024 e 2025 e de preços pelo DoE derrubaram o preço do Brent/nov abaixo dos US$ 70 por barril (-3,69%, a US$ 69,19, na ICE).
… O cartel agora espera que o consumo cresça em 2 milhões de bpd em 2024, ou 80 mil bpd abaixo da estimativa anterior. Em 2025, a demanda deve crescer 1,7 milhão de bpd, queda de 40 mil bpd.
… Já o DoE reduziu a previsão de preço médio do barril do Brent em 2024, de US$ 84,44 para US$ 82,80, e do WTI, de US$ 80,21 para US$ 78,80.
… A ameaça de que a tempestade Francine, no Golfo do México, vire um furacão ficou em segundo plano.
… Ainda no Ibov, sem ajuda do minério de ferro (-0,84% em Cingapura, para US$ 91,00, menor valor do ano), Vale caiu 1,20% (R$ 56,00), aprofundando para 6% as perdas do mês.
… Também pesou a negativa da Justiça ao pedido da mineradora para suspender a anulação de audiências públicas do projeto Apolo, de R$ 1,3 bilhão. Ontem, a Justiça deu 15 dias para o Instituto Guaicuy se manifestar.
… Bancos ficaram sem direção única. BB caiu 1,48%, a R$ 28,70. Santander teve leve queda de 0,19%, a 31,23. Na outra ponta, Bradesco ON registrou +0,28% (R$ 14,25) e PN, +0,32% (R$ 15,80). Itaú fechou estável, a R$ 37,31.
BARRIL DE PÓLVORA – O mergulho do petróleo, diante de todas as evidências de que o consumo da China está enfraquecendo, cobrou ontem o seu preço do real, que teve o pior desempenho entre as moedas emergentes.
… O dólar escalou 1,32%, cotado a R$ 5,6553, no pico em mais de um mês. Além da perda de ritmo da economia chinesa, também estão pegando no câmbio os ruídos fiscais e a precificação de um Copom mais gradualista.
… A perspectiva de que a Selic suba só 0,25pp daqui a uma semana, ao invés de meio ponto, reduz parte da atratividade do carry trade para o investidor estrangeiro, apesar do corte de juro contratado pelo Fed.
… A deflação de -0,02% registrada pelo IPCA de agosto causou surpresa no mercado, que projetava um número ainda levemente positivo (0,02%). Mas não foi suficiente para resgatar a esperança de manutenção da Selic.
… No PicPay, o economista Igor Cadilhac manteve a previsão de 4,4% de inflação no ano, “com alguns riscos”. Christian Thorgaard (Skopos) apontou ameaça de choque em energia, mas considerou o IPCA comportado.
… Do lado da atividade econômica, a Fitch elevou a projeção de crescimento do Brasil de 1,7% para 2,8% em 2024, acompanhando as estimativas do mercado, próximas de 3%, depois do dado forte do PIB/2Tri.
… A aversão ao risco no exterior, que disparou o dólar, limitou a reação positiva da curva do DI ao IPCA.
… No fechamento, o DI para Jan/25 caiu a 10,920% (de 10,930% na véspera); Jan/26 recuou a 11,745% (de 11,760%); Jan/27 subiu a 11,725% (de 11,700%); Jan/29, a 11,810% (de 11,778%); e Jan/31, 11,790% (11,765%).
… Segundo matéria da Bloomberg, três das principais gestoras do Brasil (Verde Asset, Kapitalo Investimentos e Ibiuna) estão pessimistas com o mercado doméstico e montando posições compradas nos juros futuros.
… Às vésperas do provável aumento da Selic, as três casas, que têm em conjunto R$ 66 bilhões sob gestão, assumem posicionamento defensivo no DI, diante do crescente temor sobre as contas públicas domésticas.
… “Não vemos o Brasil bem posicionado para se beneficiar da mudança de postura pelo Fed”, disse a Ibiuna.
SINAIS DE ALERTA – Investidores tomaram um susto com os alertas sobre as perspectivas de grandes bancos dos EUA, que derrubaram as ações do setor em NY e abriram novo capítulo na narrativa de desaceleração da economia.
… É um cenário turbinado pelos problemas com a economia da China, que estão por trás da derrocada do petróleo nas últimas semanas. Os papéis do setor de energia também estiveram entre os grandes perdedores no dia.
… Ainda na noite de 2ªF, o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, disse que a receita da divisão de trading pode cair 10% neste trimestre.
… Depois, o JPMorgan reduziu as expectativas para a renda líquida de juros do ano que vem, enquanto a grande financiadora de automóveis Ally Financial Inc. sinalizou deterioração do crédito ao consumidor.
… O BofA, por sua vez, disse que os resultados do banco de investimento serão menores do que alguns analistas em Wall Street esperam.
… Nasdaq (+0,84%; 17.025 pontos) e S&P 500 (+0,45%; 5.495 pontos) acabaram sendo salvos pelo forte desempenho das ações de tecnologia.
… Mas com Goldman Sachs (-4,39%) e JPMorgan (-5,19%) tendo peso relevante no índice, o Dow Jones caiu 0,23% (40.736 pontos).
… Na Bloomberg, as perspectivas pessimistas dos bancos são o motivo do passo atrás dado pelo Fed quanto às novas regras de requisito mínimo de capital, que também têm o dedo de uma feroz campanha de lobby pelo setor.
… Michael Barr, vice de supervisão do Fed, revelou durante um evento que vai ser reduzido para menos da metade (20% para 9%) o aumento de capital proposto em meados de 2023 para os oito maiores bancos dos EUA.
… Os bancos argumentaram que regras mais onerosas prejudicariam a economia e colocariam instituições dos EUA numa posição mais fraca ante rivais internacionais e aos credores não bancários.
… Fato é que os alertas dos bancos acabaram ofuscando o que foi considerado uma vitória de Wall Street sobre os reguladores americanos.
… “As notícias do JPMorgan, Goldman Sachs e Ally roubaram a cena porque eles estão dizendo que seus negócios estão desacelerando”, disse à Reuters Lindsey Bell (248 Ventures).
… “Há sinais de que o crescimento desacelera no mundo todo e isso eleva a angústia, quando já existe tanta incerteza com o ciclo eleitoral”, disse a estrategista, sugerindo que setembro/out podem ser meses fracos às ações.
… No clima de aversão a risco, os retornos dos Treasuries baixaram a novas mínimas. O da note de 2 anos bateu em 3,600%, nível mais baixo desde setembro de 2022, e o da note de 10 anos cedeu a 3,641%, menor desde junho/2023.
… O juro do T-bond de 30 ficou abaixo de 4% (3,959%). Um leilão de US$ 58 bilhões em notes de 3 anos teve demanda acima da média.
… No câmbio, a moeda americana voltou a recuar (-0,52%) ante o iene, a 142,426/US$, apesar da notícia, via Bloomberg, de que o BoJ vê pouca necessidade de elevar juro na semana que vem.
… Na noite de ontem, porém, o integrante do BC japonês Junko Nakagawa reafirmou a chance de aumentos da taxa de juros se a economia avançar como o esperado, com os lucros das empresas em níveis “historicamente altos”.
… Ele acrescentou, no entanto, que antes de tomar outras medidas, o BoJ examinará cuidadosamente os movimentos do mercado e os impactos nas perspectivas para a economia e os preços
… O euro caiu 0,13%, a US$ 1,1029, e a libra ficou praticamente estável (+0,07%), em US$ 1,3088. O índice DXY ficou perto da estabilidade (+0,08%), em 101,630 pontos.
EM TEMPO… BRAVA ENERGIA (fusão da 3R Petroleum com a Enauta) registrou produção média diária de 56.625 barris de óleo equivalente (boe) em agosto, alta mensal de 3,16%.
PETZ. Acionista Sergio Zimerman passou a deter 154.415.975 de ações ON da companhia, representando 33,4% do seu capital social, sendo 30,8% detidos diretamente e 2,6% indiretamente, via fundo Platina 55 FIM.
ASSAÍ aprovou a 11ª emissão de debêntures, no valor de R$ 2,8 bilhões.
VIVARA abriu 4 lojas em julho e agosto, sendo 3 unidades de sua linha Life, expandindo sua rede para 429 operações.
IGUATEMI concluiu as vendas de 50% do Shopping Iguatemi São Carlos, representando a totalidade de sua participação no ativo, e de 18% do Shopping Iguatemi Alphaville; valor total da transação foi de R$ 205 milhões.
YDUQS. SPX Gestão passou a deter 16.029.263 de ações ON da empresa, o que corresponde a 5,19% do capital social da companhia.
CCR. Tráfego de veículos nas rodovias subiu 3,6% em agosto na comparação anual.
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