Chegou o grande dia

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[18/09/24]

… A probabilidade de corte de 50pbs do juro pelo Fed (15h) e de alta de 0,25pp da Selic pelo Copom (após as 18h30) é o desfecho mais provável. Mas surpresas não podem ser descartadas, já que até poucos dias atrás a aposta majoritária nos EUA era de uma dose de 25pbs e, aqui, Galípolo desafiava o gradualismo. Não vai faltar emoção. Em termos de ganho de credibilidade, o mais importante é que o placar do BC venha unânime para baixar a volatilidade. Nos EUA, a decisão de política monetária do Fomc será seguida de entrevista coletiva de Powell (15h30), o que deve ajudar a projetar o ciclo total de queda do juro. Por enquanto, o consenso é de redução acumulada de 125pbs.

… No equilíbrio dos riscos, o Fed deve optar por preservar o mercado de trabalho sólido, neste momento em que a taxa de desemprego está em 4,2%, contra 3,7% em 2023, e as pressões inflacionárias parecem mais acomodadas.

… O analista do BMO Capital Markets, Ian Lyngen, diz que “os investidores se tornaram desacostumados ao grau de incerteza apresentado pelo Fed”, visto que as últimas decisões estavam todas telegrafadas um dia antes da decisão.

… Para o ING, a decisão entre cortar os juros mais (50pbs) ou menos (25pbs) será “como um cara ou coroa”.

… A ferramenta do CME Group precifica 65% de chance para um corte mais agressivo, mas gigantes financeiros de Wall Street, como é o caso do Goldman Sachs, BofA, Morgan Stanley e Citi, estão inclinados à opção menos dovish.

… Por aqui, a maioria das apostas, tanto entre economistas como entre traders, é de elevação de 0,25pp da Selic, para 10,75% ao ano. A curva do DI, porém, ainda embute precificação residual (20%) de o BC dar meio ponto.

… Segundo anotou Denise Abarca (Broadcast), o dólar (R$ 5,48) chega ao dia do Copom valendo bem menos do que na última reunião de política monetária (R$ 5,65) e no cenário de referência do comunicado de julho (R$ 5,55).

… O câmbio mais comportado entra como argumento para a avaliação de que a dose menor de alta da Selic pode dar conta do recado neste momento, mesmo porque o corte do juro pelo Fed está contratado e ajuda a aliviar a pressão.

… De qualquer maneira, o BC se vê em corner para retomar o ciclo de aperto, diante do balanço de riscos apresentado pela economia aquecida, pelas expectativas de inflação descoladas da meta e pelo cenário fiscal.

… A seca histórica que atinge o país contamina os preços e entra como fator adicional de cautela às contas públicas.

… Após o sinal verde de Dino, o governo autorizou ontem a abertura de crédito extraordinário de R$ 514 mi com foco na área ambiental e Lula afirmou que eventos climáticos precisam ser levados em consideração no orçamento.

… “A gente não pode continuar com a mesma regra que a gente tinha estabelecido há tantos e tantos anos”, disse o presidente, embora tenha assegurado que nada será executado sem uma discussão prévia com o Parlamento.

… Lula conduziu nesta 3ªF uma reunião no Planalto com os chefes dos três Poderes. Após o encontro, Lira convocou sessão na Câmara para hoje para votar a flexibilização das regras de licitações durante estados de calamidade.

… O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que o Supremo também conceda uma flexibilização orçamentária para o Cerrado. Ele disse já ter abordado o assunto junto ao ministro Flávio Dino.

… Além do crédito extra para combate às queimadas, o governo pode sofrer derrota no STF com impacto fiscal de R$ 132,6 bi em ações que questionam a reforma da Previdência, segundo nota técnica da AGU obtida pelo Broadcast.

… Embora o julgamento das ações na Corte esteja suspenso por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, outros dez ministros já votaram e formaram maioria para derrubar quatro trechos da reforma.

… Em dois deles, a União deve ser impedida de acionar gatilhos que poderiam reduzir o déficit atuarial (desequilíbrio entre os recursos disponíveis) do chamado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) em R$ 126,5 bilhões.

… Também foi formada maioria para derrubar o artigo que cria cálculos diferenciados às alíquotas da contribuição paga por mulheres no regime geral e no regime do serviço público, com risco fiscal estimado em R$ 6,1 bilhões.

… O revés para a reforma da Previdência acontece num momento em que os especialistas já defendem a necessidade de um novo endurecimento das regras das aposentadorias, diante do rombo nas contas previdenciárias.

BETS – O governo pode arrecadar até R$ 3,4 bilhões ainda este ano com a regulamentação de sites de bets, caso os 113 pedidos de outorga recebidos na primeira fase de licenciamento sejam aceitos pela Fazenda.

… O cálculo foi feito pelo secretário de Prêmios e Apostas, Regis Dudena, mas é uma estimativa teto, já que ainda não é possível concluir que todas as empresas que fizeram a solicitação estão cumprindo todas as regras para atuar.

BATE-CABEÇA – A Fazenda corrigiu informações prestadas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) relativas à lei sancionada por Lula que permite ao Tesouro se apropriar do “dinheiro esquecido” em contas bancárias.

… Após repercussão negativa nas redes sociais, a Secom publicou nota em que nega o confisco, afirma que a medida só teria efeito sobre valores esquecidos “por mais de 25 anos” e que não haveria perda de direitos sobre os recursos.

… A Fazenda afirma, no entanto, que há prazos para a recuperação desses valores: 30 dias após a publicação da lei (16 de setembro) ou após a publicação de edital pela Fazenda; e seis meses no caso da via judicial.

MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. No Senado, a expectativa é que seja votado hoje em plenário o projeto de lei do Acredita, programa do governo federal de microcrédito.

LÁ FORA – O dia começa com a inflação ao consumidor na zona do euro em agosto (6h). Nos EUA, saem as construções de moradias iniciadas no mês passado (9h30) e os estoques de petróleo do DoE, às 11h30.

… A Câmara americana vota projeto de gastos provisórios que estende financiamento do governo por seis meses.

ALÍVIO ANTECIPADO – Mesmo sem saber em qual intensidade o Fed vai cortar o juro e o Copom vai subir a Selic, só a convicção de que o diferencial das taxas será ampliado já tem derrubado o dólar por cinco pregões seguidos.

… Com queda acumulada de quase 3% em setembro, a moeda americana furou R$ 5,50 ontem, fechando em baixa de 0,41%, a R$ 5,4882.

… Outras moedas emergentes que apanharam bastante recentemente também se valorizaram, como os pesos mexicano e colombiano e o rand sul-africano.

… A preocupação com o cenário fiscal, diante da MP que vai liberar recursos para o combate das queimadas, não chegou a prejudicar o desempenho do câmbio.

… Mas foi um dos fatores que pesaram nos DIs mais longos, assim como a alta dos rendimentos dos Treasuries, após dados de atividade (indústria e varejo) mais fortes que o esperado nos EUA.

… Já próximos aos 12%, o Jan/29 subiu a 11,965% (de 11,960%) e o Jan/31, a 11,990% (de 11,965%). O Jan/33 avançou a 11,980% (de 11,932%).

… Com ligeira queda, os juros curtos tiveram algum alívio com a queda do dólar. O DI para Jan/26 caiu a 11,780% (de 11,833%) e o Jan/27 cedeu a 11,810% (de 11,859%).

… É possível que neste ano o governo entregue o limite inferior da meta fiscal por causa de receitas extraordinárias e do PIB mais forte, na avaliação do BTG Pactual. Mas os anos seguintes são mais incertos.

… O banco revisou a projeção de resultado primário do governo central para 2024 de déficit de R$ 62 bilhões para R$ 48 bilhões (ou R$ 28 bilhões excluindo os gastos com o socorro ao Rio Grande do Sul, não computados na meta).

… Mas em 2025, o orçamento conta com R$ 178 bilhões em receitas incertas. O déficit primário deve chegar a R$ 110 bilhões em 2025 (ou R$ 66 bilhões se excluídas as despesas com precatórios).

… Incerteza fiscal e atividade também são os motivos que devem levar a Selic a 12% em janeiro de 2025, diz o BTG, que estima crescimento de 3,1% do PIB em 2024.

NA CORDA BAMBA – Não foi nada demais o que caiu o Ibovespa ontem (-0,12%), mas foi o suficiente para entregar os 135 mil pontos (134.960,19), em dia de giro de negócios (R$ 16,2 bi) de novo bem abaixo do que de costume.

… De nada adiantou o petróleo ter voltado à faixa de US$ 73, porque Petrobras ON recuou 0,61% (R$ 40,52) e PN, -0,46% (R$ 37,04). Tampouco a alta firme de 1,38% do minério em Cingapura segurou a Vale (-0,48%; R$ 58,22).

… Os bancos completaram as perdas entre as ações das blue chips. Bradesco ON caiu 0,72% (R$ 13,78); Bradesco PN cedeu 0,65% (R$ 15,33); BB, -0,63% (R$ 28,39); e Itaú, -0,24% (R$ 36,91). Só Santander subiu: +0,10%, a R$ 30,66.

… CSN Mineração também destoou do minério (-2,82%, a R$ 6,90) e liderou as perdas do dia no Ibov, seguida por Braskem (-1,87%; R$ 18,89) e Embraer (-1,61%; R$ 48,39).

… Azul estendeu os ganhos da véspera, com a expectativa por um acordo com credores, e avançou 13,84%, a R$ 6,25. Também se destacaram Petz, com +3,74%, a R$ 4,72, e Cogna, +2,76%, a R$ 1,49.

MUITA CALMA NESSA HORA – S&P 500 e Dow Jones até alcançaram novos recordes intraday ontem, mas no fim das contas os investidores preferiram a cautela antes da decisão do Fed hoje.

… Embora o BC americano esteja com foco no mandato do emprego, dois dados de atividade acima do esperado podem ter deixado o mercado com a pulga atrás da orelha sobre o tamanho do corte do juro americano.

… As vendas do varejo tiveram um crescimento inesperado de 0,1% em agosto ante julho, quando se estimava queda de 0,2%. Na indústria, a produção aumentou 0,8% no mesmo período, quatro vezes mais que o 0,2% esperado.

… Os dados, contudo, não alteraram as apostas majoritárias de corte de 50pbs pelo Fed logo mais à tarde.

… S&P 500 (+0,03%, a 5.634,58 pontos) e Dow Jones (-0,04%, a 41.606,18) ficaram estáveis. O Nasdaq subiu 0,20% (17.628,06 pontos).

… Microsoft ganhou 0,88% após aprovar um novo programa de recompra de US$ 60 bilhões em ações e aumentar seu dividendo trimestral em 10%.

… Intel avançou 2,68%. A empresa anunciou que pretende separar a divisão de fabricação de chips e torná-la uma subsidiária, entre outras medidas para cortar custos.

… O Russell 2000, de small caps, que os investidores veem como uma das maiores beneficiárias do corte de juros, superou os três principais índices, com alta de 0,74%.

… Com a atividade econômica mostrando força, os retornos dos Treasuries avançaram antes do Fed. O movimento também foi influenciado pelo leilão de US$ 13 bilhões em T-Bonds de 20 anos, com demanda abaixo da média.

… O juro da note de 2 anos subiu a 3,598% (de 3,553%), o da note de 10 anos avançou a 3,645% (de 3,619%) e o do T-bond de 30 anos foi a 3,960% (de 3,929%).

… Depois de três quedas consecutivas, o índice DXY subiu 0,13%, a 100,894 pontos, apesar das apostas para o corte de juros hoje.

… O dólar recuperou terreno ante o iene, subindo 1,2%, a 142,357/US$, depois de ter tocado a mínima abaixo de 140 ienes na sessão anterior.

… Na Reuters, o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki afirmou que o governo continuará a avaliar o impacto da valorização da moeda na economia e tomará as medidas necessárias.

… Com queda de 0,39%, a libra respondeu ao aumento das apostas num corte de juros pelo BoE na 5ªF, conforme informou o Financial Times.

… O euro ficou praticamente estável (-0,09%). Dirigentes do BCE (inclusive Lagarde) têm sinalizado que a probabilidade de um corte de juros em outubro é pequena.

EM TEMPO… PETROBRAS assinou dois novos contratos com TechnipFMC, no valor de R$ 2,9 bi, para equipamentos submarinos e dutos flexíveis; contrato busca viabilizar produção de Búzios, Libra, Tupi, Atapu, Sépia e Roncador.

BRASKEM reiterou que não conduz eventuais negociações de acionistas a respeito de suas participações acionárias e esclareceu que não tem conhecimento de que os credores estariam novamente tentando vender a petroquímica…

… Posição respondeu aos questionamentos da CVM sobre notícias de que Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES estariam estudando criar um fundo, no qual os créditos seriam convertidos em ações da empresa.

SANTANDER firmou acordo com o Banco Central após falhas em controles internos de prevenção à lavagem de dinheiro e deverá pagar R$ 19,4 milhões de compensação.

CEMIG aprovou a distribuição de R$ 472,6 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1652 por ação, com pagamento em 2 parcelas (30/6/25 e 30/12/25); ex em 24/9/24.

TIM aprovou a distribuição de R$ 300 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1239 por ação, com pagamento até 23/10; ex em 24/9.

IGUATEMI concluiu a aquisição da participação no Shopping RioSul pela Combrashop, via Parshop…

… Negócio faz parte de acordo firmado em julho entre Iguatemi, que passa a deter 16,6% do empreendimento, e BB Premium Malls (BBIG FII), com 33,3%; Combrashop segue titular, com 50,1%.

IOCHPE-MAXION aprovou a 14ª emissão de debêntures, no valor de R$ 750 milhões.

HYPERA. Capital International Investors reduziu participação na companhia de 9,56% para 5,01%.

Dados reforçam volatilidade em véspera de Fed e Copom

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[17/09/24]

… Os mercados na China seguem fechados para feriado, sinalizando que não é daí que vem o perigo. Na véspera da Superquarta, sem certeza absoluta do que esperar amanhã do Fed e Copom, as especulações sobre os juros continuarão rolando soltas. A agenda dos indicadores pode reforçar o ambiente de volatilidade. Por aqui, sai o IGP-10 de setembro (8h). Nos EUA, o ritmo da atividade em agosto é destaque, com as vendas no varejo (9h30) e a produção industrial (10h15), embora o foco do BC americano esteja concentrado no emprego. As apostas de corte do juro nos EUA, que estavam empatadas entre 25pbs e 50 pbs, inclinam-se agora para a flexibilização mais agressiva, dando um alívio para o dólar em escala global, convergindo aqui para perto da marca de R$ 5,50.

… Em NY, virou majoritária (67%) na ferramenta do CME a precificação de que o juro já vai começar caindo em dose maior (50pbs). Para o ciclo todo, a chance de redução acumulada de 125pb segue como opção mais provável.

… Tem gente querendo exigir até mais do Fed: três senadores democratas enviaram correspondência ontem a Powell pedindo que o BC americano já dê logo um corte de 75pb para não colocar a economia em recessão.

… Para o Copom, um aperto mais brando é consenso no mercado, mas não se descarta zebra. Só o que não pode é um placar rachado, com efeito “desastroso” nas expectativas, alerta o economista André Perfeito ao Broadcast.

… A piora nas expectativas de inflação no boletim Focus deixa algum dúvida no ar sobre a abordagem gradualista adotada por Campos Neto nas falas recentes, quando passou a impressão de alta de 0,25pp da Selic.

… No Focus, subiram as medianas para o IPCA deste ano (4,30% para 4,35%, cada vez mais perto do teto da meta, de 4,50%), para 2025 (de 3,92% para 3,95%) e para 2026 (de 3,60% para 3,61%), que conta como horizonte relevante.

… A estimativa da Selic foi mantida em 11,25% este ano, mas a projeção para 2025 subiu de 10,25% para 10,50%.

… Ajustando-se ao Focus, o Bradesco elevou a previsão para o juro em 2024 de 10,50% para 11,25%.

… Também puxou a estimativa para o PIB deste ano, de 2,3% para 3,0%, agora mais otimista do que o próprio boletim Focus, em que a projeção de crescimento econômico do Brasil saltou de 2,68% para 2,96% em 2024.

… O Bradesco também elevou projeção do IPCA de 4,3% para 4,4% em 2024 e de 3,7% para 3,9% em 2025. Para o dólar em 2024, a instituição financeira subiu a expectativa para R$ 5,40, de R$ 5,30; para 2025, segue em R$ 5,10.

… O Pine aposta que o Copom vai surpreender amanhã com alta de meio ponto do juro. O banco projeta um ajuste total de 1,5pp (três doses de 0,50pp), considerado compatível para acomodar a inflação na meta de 3% em 2026.

… Também a XP aposta em 1,5pp neste ciclo, para 12%, mas começando com 0,25pp. Ainda o BTG Pactual avalia que o BC vai iniciar o processo de aperto de forma menos intensa (0,25pp), mas com comunicação mais dura na 4ªF.

… De acordo com relatório assinado pelo economista Alvaro Frasson, a avaliação considera as surpresas altistas nos dados de atividade, desaceleração marginal na inflação corrente e os efeitos na taxa de câmbio depreciada.

… O cenário-base do BTG é de Selic terminal de 11,75%. “Entendemos, contudo, que uma taxa de câmbio potencialmente mais apreciada (seja pelo carry, seja pelas commodities) possa reduzir o tamanho do ciclo.”

… Diante do PIB aquecido e da piora da percepção de risco quanto à inflação, os juros futuros ignoraram ontem o alívio do dólar (abaixo) e repercutiram ainda com cautela os dribles do governo em relação à meta fiscal.

HADDAD – Em premiação promovida na noite de ontem pelo Valor, o ministro da Fazenda disse que a utilização de créditos extraordinários para enfrentamento de eventos climáticos não enfraquece o arcabouço fiscal.

… Segundo ele, o governo precisará levar cada vez mais as catástrofes climáticas para dentro do orçamento federal. “Em algum momento vai ter que entrar, talvez o extraordinário não seja tão extraordinário daqui para frente.”

… Haddad disse não ter a intenção de mudar meta fiscal do governo e reiterou que a alteração do alvo de resultado primário em 2025, de um superávit de 0,5% do PIB para zero, foi reflexo de uma derrota no Congresso de R$ 40 bi.

… Em agosto do ano passado, a Câmara rejeitou uma emenda parlamentar aprovada pelo Senado que abriria um espaço de R$ 32 bilhões a R$ 40 bilhões no Orçamento para crédito adicional ao governo federal.

… Ainda no evento desta 2ªF, o ministro assegurou o caráter técnico das indicações ao BC e, ao comentar a escolha de Galípolo para o comando do BC a partir de janeiro, disse que ninguém está lá para fazer o que Lula quer.

DESONERAÇÃO DA FOLHA – Lula sancionou com vetos o projeto de lei que mantém a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e municípios este ano e prevê a reoneração gradual a partir de 2025.

… Entre os dispositivos vetados, está o que trata de recursos esquecidos em contas bancárias. O projeto direciona os valores para os cofres públicos, como forma de reforçar o caixa da União, em contabilidade contestada pelo BC.

… O texto original estabelecia dois prazos para que o dinheiro esquecido fosse reclamado: 30 dias após a publicação da lei e 31 de dezembro de 2027. Este segundo prazo, o mais longo, foi vetado, para evitar conflito de data.

… Também foi vetado o item que obriga o Executivo a indicar, em até 90 dias, o responsável pelos custos de desenvolvimento, disponibilização, manutenção, atualização e gestão administrativa de créditos não tributários.

… Para o Palácio do Planalto, esse dispositivo viola a Constituição ao criar tal obrigatoriedade.

… Foi vetado ainda o artigo que definia a destinação à AGU e Fazenda dos recursos prioritários ao desenvolvimento de sistemas de cobrança e de soluções negociáveis de conflitos para a Procuradoria-Geral Federal e Receita.

… “O dispositivo contraria o interesse público, pois restringe a órgãos específicos a destinação de recursos prioritários”, diz a justificativa. Nenhum dos vetos alterou trechos relevantes da proposta sancionada.

MAIS AGENDA – A mediana do mercado em pesquisa Broadcast indica que o IGP-10 (8h) deve desacelerar a 0,10% em setembro, após registrar alta de 0,72% em agosto. As projeções variam de queda de 0,04% a alta de 0,21%.

… Antes, sai a prévia do IPC-Fipe (5h). Alckmin participa do 9º Congresso da Abimaq, em São Paulo, às 8h30.

NOS EUA – As vendas no varejo têm previsão de queda de 0,2% em agosto e a produção industrial deve registrar elevação de 0,2%. Sai ainda o índice NAHB de confiança das construtoras (11h), que deve vir em 41 em setembro.

MENOS É MAIS – Quanto menor o juro ficar nos EUA amanhã, tanto maior a chance de o dólar furar suportes por aqui, como já ensaiou ontem, quando chegou a operar abaixo de R$ 5,50 na mínima intraday, cotado aos R$ 5,4980.

… No Broadcast, um profissional de mercado não descarta que a moeda americana venha abaixo de R$ 5,40 se der a combinação perfeita: corte de 50pb pelo Fed e um “choque de juros” aqui, com uma elevação da Selic em 0,50pp.

… Mas este mesmo executivo (Ricardo Chiumento, superintendente da mesa de derivativos do BS2) alerta que o dólar pode voltar a subir com força caso o Fed não entregue uma queda na intensidade esperada e frustre com 25pb.

… A apreciação do real ontem também esteva atrelada nesta 2ªF à força do petróleo e a relatos de fluxo positivo.

… O dólar à vista fechou em forte baixa de 1,02%, a R$ 5,5106, refletindo também rumores de uma grande operação de emissão de dívida externa a ser fechada e de instituições envolvidas na operação se antecipando nos ingressos.

… Essa nova emissão se somaria ao US$ 1 bilhão anunciado na 6ªF pela Raízen, que emitiu títulos representativos de dívida no mercado internacional.

… A descompressão no dólar não ajudou os DIs, pressionados pela piora nas expectativas de inflação no Focus.

… O cenário fiscal também continuou a pesar sobre as taxas, com a decisão de Dino (STF) autorizando o governo a usar crédito fora da meta fiscal para combater queimadas no país.

… Segundo a CNN Brasil a conta deve ficar em pelo menos R$ 500 milhões.

… O DI para Jan/26 subiu a 11,830% (de 11,815% na sessão anterior); o Jan/27, a 11,855% (de 11,809%); o Jan/29, a 11,970% (de 11,901%); o Jan/31, a 11,970% (de 11,884%); e o Jan/33, a 11,940% (de 11,852%).

PREMIADA – Sob o efeito combinado da alta firme de 1,5% do petróleo e de mais uma melhora de recomendação (desta vez pelo Itaú BBA), as ações da Petrobras brigaram ontem para que o Ibovespa não virasse para queda.

… Em leve alta de 0,18%, o índice à vista conseguiu preservar os 135 mil pontos (135.118,22). O volume financeiro de negócios inexpressivo, de R$ 15,7 bi, praticamente na metade das médias recentes, respondeu aos feriados na Ásia.

… Além do Itaú BBA, mais 11 instituições já recomendaram a petroleira, o que fez a empresa atingir o maior número de chancelas de compra de grandes bancos desde o início do governo Lula, segundo o Broadcast.

… São elas: BofA, Banco do Brasil, BTG Pactual, Bradesco, Goldman Sachs, HSBC, Morgan Stanley, Santander, Scotiabank, UBS e XP Investimentos. Já o Citi, Jefferies, JPMorgan e Safra mantêm classificação neutra.

… Somadas todas as instituições, quase 75% recomendam compra e 25% estão neutras. No início do governo, 67% estavam neutras, 27% indicavam compra e 7%, venda.

… Ainda no Ibov, Vale ficou estável, em R$ 58,50, sem a referência do minério de ferro, com a China em feriado.

… Com exceção do BB, que subiu 0,53%, a R$ 28,57, os principais bancos terminaram no vermelho. Bradesco PN caiu 0,77% (R$ 15,43) e ON, -0,50% (R$ 13,88). Santander cedeu 0,45% (R$ 30,63). Itaú ficou estável (-0,03%), a R$ 37,00.

… Embraer liderou as perdas, com -5,30% (R$ 49,18), em reação ao acordo de arbitragem da companhia com a Boeing, no qual a empresa irá receber US$ 150 milhões da fabricante americana.

… A indenização foi considerada aquém das expectativas por analistas.

… Petz perdeu 4,21% (R$ 4,55) e Brava Energia teve baixa de 3,81% (R$ 21,23). No lado positivo, os destaques foram Azul (+10,91%; 5,49), CSN Mineração (+6,93%; R$ 7,10) e Santos Brasil (+3,94%; R$ 13,71).

ESPERAR PRA VER – Um reforço nas apostas de um corte de juros mais agressivo pelo Fed jogou rendimentos dos Treasuries e dólar para baixo em NY ontem e, com exceção das techs, valorizou as ações.

… No fim da tarde em NY, o juro da note de 2 anos cedia a 3,561%, de 3,585%, e o da note de 10 anos caía a 3,622%, de 3,653%. O do T-bond de 30 anos recuava para 3,933%, de 3,981%.

… Desvalorizando pela terceira sessão seguida na expectativa pelo Fed, o índice DXY caiu 0,35%, a 100,763 pontos. A divergência de política monetária continuou a elevar o iene (+0,13%), que fechou em 140,632/US$.

… O euro subiu 0,45%, a US$ 1,1129, e a libra avançou 0,66%, a US$ 1,3213.

… Nas bolsas, o Nasdaq destoou dos demais, num movimento de realização de lucros nas techs, o setor que mais subiu neste ano. O índice da bolsa eletrônica fechou em queda de 0,52%, a 17.592,13 pontos.

… Apple caiu 2,78%, com vendas menores que a esperada no primeiro fim de semana de venda do iPhone 16.

… “Investidores quiseram levantar dinheiro com a venda de ações muito líquidas como Nvidia, Amazon e Microsoft para ter algum recurso disponível que possa ser colocado para trabalhar após o Fed”, comentou um estrategista.

… Com novo fechamento recorde, o Dow Jones subiu 0,55%, aos 41.622,08 pontos. O S&P 500 ganhou 0,13% (5.633,09 pontos).

EM TEMPO… JBS projetou receita líquida de R$ 409,418 bilhões e Ebitda entre R$ 33,433 bi e R$ 36,233 bi no ano.

ELETROBRAS aprovou a captação de até R$ 5,4 bilhões por meio de três emissões de debêntures…

… Comitê independente especial da Eletropar recomendou troca de 1 ação da empresa por 0,80 ação da Eletrobras em incorporação.

COPEL concluiu venda de participação, correspondente a 51% do total, na Cia Paranaense de Gás (Compagas).

NEOENERGIA COSERN aprovou resgate de 909 mil ações remanescentes de leilão de oferta pública.

ITAÚSA aprovou a distribuição de R$ 500 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0484 por ação, com pagamento até 30/4/25.

LOCALIZA. Conselho de Administração homologou aumento de capital no valor de R$ 359,2 milhões.

IGUATEMI aprovou a 13ª emissão de debêntures, no valor de R$ 300 milhões.

COSAN. Moove protocolou na Nyse pedido para IPO, que será coordenado por JPMorgan, BofA Securities, Citi, Itaú BBA, BTG Pactual e Santander.

INTERCEMENT. Plano de recuperação extrajudicial protocolado pela empresa foi deferido por juiz de São Paulo (fontes do Broadcast)…

… Companhia apresentou plano com passivo total reestruturado de quase R$ 22 bilhões; empresa afirmou à Justiça que teve adesão de 45,67% dos créditos sujeitos…

… Pedido não englobou dívidas da Mover; Mover e Bradesco BBI chegaram a solução consensual envolvendo suas obrigações.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Semana tem foco em juros e fiscal

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[16/09/24]

… Promete muita volatilidade e expectativa a semana dominada pela bateria de reuniões de política monetária do Fed e do Copom, na superquarta, do BoE inglês, na 5ªF, e do BoJ e do PboC chinês, que repercutirão nos mercados na 6ªF. Além disso, o investidor doméstico tem ainda para acompanhar a divulgação do novo relatório bimestral de receitas e despesas do governo federal, na 6ªF, em meio à polêmica de que Dino autorizou o governo a emitir créditos orçamentários fora do arcabouço para combater as queimadas. Quanto às decisões de juros, a única segurança é de que o BoE não vai mexer nas taxas. De resto, o Fed, o Copom e os BCs asiáticos reservam suspense.

… Em uma reviravolta de última hora, na 6ªF, foi colocada em xeque a precificação consolidada de que o BC dos EUA abra o ciclo com um corte de 25pb. Muita gente migrou para as apostas de redução mais agressiva (50pb).

… O estopim para a mudança de lado veio de um artigo no WSJ do jornalista Nick Timiraos, especializado na cobertura de assuntos relacionados ao Fed, revelando que os dirigentes estão indecisos sobre a dose do corte.

… Agora, o cenário se divide meio a meio. A chance de o juro cair 50pb logo de largada praticamente dobrou, de 28% para 50%, disputando neste momento em pé de igualdade com a estimativa de uma queda mais branda.

… Pela reportagem, parte do Fed tem medo de que a manutenção do juro em nível restritivo por tempo demais reduza a chance de um pouso suave e, neste sentido, o melhor seria não economizar no tamanho do corte.

… Também pesa o fato de que vários Fed boys já sinalizaram a intenção de realizar quedas em série do juro, ampliando as esperanças de que o BC americano já possa começar com um passo maior para encurtar o ciclo.

… Na ferramenta das apostas do CME, a chance de redução acumulada de 125 pb até dezembro voltou a ser a mais provável, elevando a expectativa pelo gráfico de pontos do Fed, que será chave para projetar as apostas.

… Na China, a frustração com novos dados atividade divulgados no fim de semana eleva a pressão por estímulos por parte de Pequim, que já na 6ªF renovou o compromisso de baixar juros e custos de empréstimos se preciso.

… A produção industrial chinesa teve alta anualizada de 4,5% em agosto, abaixo do esperado (4,6%). As vendas no varejo avançaram 2,1% na mesma base de comparação, decepcionando o consenso de 2,5%.

… No Japão, dirigentes do BoJ enxergam pouca necessidade de aumento do juro esta semana, segundo a Bloomberg. Mas como o BC japonês já causou uma surpresa hawkish antes, não dá para ter 100% de certeza.

COPOM TAMBÉM É DÚVIDA – Em pesquisa Broadcast, os economistas estão amplamente precificados (53 de 61 instituições) para a retomada gradual do ciclo de aperto (0,25pp). Mas o DI evolui para a ousadia (0,50pp).

… Independente da intensidade do aperto, o BC terá de admitir no comunicado que a estratégia de manter a Selic (10,5%) por um período prolongado não mais assegura a convergência da inflação no horizonte relevante.

… O Copom deve mencionar no documento de 4ªF que novos apertos monetários nas próximas reuniões são prováveis e que a magnitude dependerá da evolução dos principais indicadores para a perspectiva de inflação.

… A perspectiva de retomada do ciclo de alta da Selic ganha força desde julho, como reflexo do descolamento das expectativas de inflação da meta de 3%, do câmbio depreciado (perto de R$ 5,60) e da atividade aquecida.

… Na última 6ªF, o Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção para o IPCA deste e do próximo ano.

… De acordo com a nova grade de parâmetros da Secretaria de Políticas Econômicos (SPE), a estimativa para a inflação em 2024 passou de 3,90% para 4,25%, mais próxima do teto da meta no ano (4,5%) e do Focus (4,3%).

… Para 2025, a projeção foi de 3,30% para 3,40%, mais longe do centro do alvo (3%), com tolerância de 1,5pp.

… Na visão de analistas, a leve revisão para o IPCA do ano que vem não chega a ser irrealista, mas pode estar subestimada, diante da atividade mais forte. A Fazenda subiu a projeção do PIB/24 de 2,5% para 3,2%.

… O consenso entre os economistas aponta para quatro altas consecutivas de 0,25pp na Selic até janeiro, quando a taxa deve atingir 11,50%. Mas tem gente prevendo até 12,00%, como é o caso do Deutsche Bank.

… A avaliação no mercado é que a retomada do ciclo de aperto responde aos fundamentos e, de quebra, significa ganho de credibilidade, neste momento de transição no BC, com Galípolo querendo provar autonomia.

ALERTA FISCAL – O ministro Flávio Dino (STF) autorizou neste domingo a abertura de crédito especial fora do arcabouço e da meta de déficit zero para o combate às queimadas causadas pela crise climática no país.

… A autorização dos gastos vale até o final do ano. “Pode-se dizer que as consequências negativas para a responsabilidade fiscal serão muito maiores devido à erosão das atividades produtivas nas áreas afetadas.”

… A decisão de Dino ocorre após a consultoria jurídica do Ministério do Planejamento alertá-lo para os riscos que a emissão dos créditos extras para os efeitos da seca representaria ao equilíbrio das contas da União.

… Na AGU, a investida de Dino foi elogiada e considerada “corajosa” pelo ministro-chefe, Jorge Messias.

… Em entrevista ao Estadão de domingo, o economista Marcos Lisboa (da Gibraltar Consulting) exibiu pessimismo sobre o rumo das contas públicas. “A criatividade na contabilidade está voltando com força.”

… O economista tem visto com preocupação as medidas que melhoram de forma artificial a política fiscal do governo federal e observa que cumprir a meta não faz diferença se a dívida doméstica continua em alta.

… Embora ele reconheça que o momento da economia “é bom”, como mostram os últimos indicadores do PIB, ele diz que os alertas de especialistas sobre as inconsistências do arcabouço fiscal têm se provado verdadeiros.

… Uma fonte nova de preocupação, afirma, são os chamados “truques fiscais” que voltaram a ser notícia.

… Um deles foi motivo de alerta do próprio BC, que se recusa a contabilizar como receita primária (computada no resultado da meta) a apropriação, por parte do Tesouro, de recursos esquecidos em bancos por correntistas.

… Este dinheiro é uma das compensações para a desoneração da folha de pagamentos neste ano.

… Na avaliação de Lisboa, as metas fiscais do novo arcabouço estão se mostrando pouco eficazes para controlar a dívida pública, porque excluem da conta vários tipos de despesas. “Cumprir a meta assim não diz muita coisa.”

… O mercado transfere agora toda a expectativa para o relatório bimestral de receitas e despesas na 6ªF. O Tesouro não descarta a apresentação no documento de medidas adicionais de receitas para zerar a meta de déficit fiscal.


… As fontes de receitas extraordinárias listadas pela equipe econômica para garantir o cumprimento da meta de déficit zero em 2024 têm gerado uma arrecadação muito menor do que a esperada pelo governo e pelo mercado.

… A quatro meses do fim do ano, as medidas com maior potencial arrecadatório, como a retomada do voto de qualidade do Carf e as transações tributárias, tiveram até agora desempenho bastante decepcionante.

CSLL/JCP – A Febraban pediu na 6ªF ao ministro Padilha que o governo Lula reveja o projeto encaminhado ao Congresso que prevê o aumento de tributos sobre o lucro das empresas e os rendimentos dos acionistas.

… Pelo texto, a alíquotas da CSLL para bancos subiria de 20% para 22% a partir do ano que vem, enquanto as seguradoras teriam aumento de 15% para 16%. Nas demais empresas, a elevação seria de 9% para 10%.

… O projeto também aumenta de 15% para 20% a alíquota de imposto na distribuição de juros sobre capital próprio (JCP). O governo espera obter arrecadação adicional de R$ 32,56 bi com as medidas entre 2025 e 2027.

MAIS AGENDA – Do lado da inflação, saem o IGP-10/set (amanhã) e prévias do IPC-S (hoje, 8h) e IPC-Fipe (3ªF).  

… Haddad participa hoje à noite (19h30), presencialmente, de evento organizado pelo jornal Valor. Lula deve se encontrar com a ministra Marina Silva para tratar de ações para a questão de emergência dos incêndios.

LÁ FORA – Antes da decisão de juro os EUA, na 4ªF, ainda saem dados de atividade nos EUA, embora o mandato duplo do Fed esteja mais focado no emprego. As vendas no varejo e produção industrial de agosto vêm amanhã.

… Hoje, às 9h30, tem a atividade industrial Empire State, que deve ficar em -5,5 em setembro, de -4,7 (agosto).

… Na zona do euro, a inflação ao consumidor de agosto sai na 4ªF. Lagarde participa de painel em Washington na 6ªF, após ter sinalizado que o BCE está aberto a cortes em outubro, mas dezembro é mais provável.

… Os BCS da Turquia e da África do Sul divulgam as decisão de política monetária na 5ªF.

ELEIÇÕES EUA – Cerca de dois meses após Trump ter sido alvo de atentado em comício na Pensilvânia, o FBI apura nova tentativa de assassinato, após tiros próximos a clube de golfe em que o candidato jogava, na Flórida.

… O republicano foi retirado às pressas, depois de os disparos terem sido ouvidos ao local. O ex-presidente não foi ferido e um suspeito fugiu em um carro, mas foi detido logo em seguida em um condado próximo.

… Divulgada no domingo, nova pesquisa da ABC News/Ipsos indicou que Kamala Harris manteve a vantagem de 52% sobre 46% do ex-presidente em intenção de votos após o debate entre os candidatos semana passada.

FÔLEGO NOVO – O aumento das apostas em um corte mais agressivo pelo Fed na 6ªF, após a matéria do WSJ, contratou queda nos DIs e no dólar e fez o Ibovespa resgatar o sinal positivo no ano, perdido no pregão anterior.

… O índice à vista fechou com alta de 0,64%, perto dos 135 mil pontos (134.881,95). Na semana, subiu 0,23%.

… Na contramão do minério (-1,96% em Cingapura), Vale subiu 0,67% (R$ 58,50) e acumulou alta de 3,21% na semana, que também foi decisiva para o ganho do Ibov no período.

… Petrobras, por outro lado, foi mal no dia, pressionada pela queda do petróleo e por declarações do presidente Lula, de que a estatal “não serve apenas para lucrar, mas para beneficiar a população brasileira”.

… As ações da petroleira chegaram a subir 1,8%, mas no fim da sessão o papel ON caiu 0,30% (R$ 40,37) e o ON recuou 0,46% (R$ 36,70).

… Bancos terminaram a sessão em leve alta: Bradesco ON (+0,07%; R$ 13,95), Itaú (+0,11%; R$ 37,01), Santander (+0,39%; R$ 30,77) e Banco do Brasil (+0,67%; R$ 28,42). Apenas Bradesco PN ficou estável, a R$ 15,55.

… Destaque do dia, Azul disparou 22,52%, a R$ 4,95, com a notícia de que a empresa estaria perto de chegar a um acordo para a reestruturação da dívida com os credores.

… CVC avançou 14,29% (R$ 2,08) e Braskem subiu 7,79% (R$ 19,38).

… No lado negativo, Assaí caiu 2,98% (R$ 8,80) e Carrefour perdeu 2,67% (R$ 9,11), depois de o BofA rebaixar as ações das duas empresas de compra para neutro, reduzindo também os seus preços-alvo.

… Seguindo o bom humor externo, o dólar à vista fechou em baixa de 0,91%, a R$ 5,5673. Na semana, a moeda recuou 0,41%.

… O aumento da demanda por risco também reduziu as taxas dos DIs, deixando em segundo plano as preocupações fiscais domésticas e a atividade resiliente, que pode desembocar em mais inflação.

… O IBC-Br mostrou que a economia brasileira encolheu 0,41% em julho ante junho, mas a retração foi menor que o 0,50% esperado. Na comparação com julho passado, o índice cresceu 5,35%, acima da mediana do mercado (4,50%).

… Para analistas, o dado foi mais um a confirmar a resiliência da economia no início do 3Tri e a expectativa de um PIB perto de 3% em 2024.

… Os agentes de mercado continuam a reestimar a Selic para cima. Em revisão de cenário na 6ªF, o Santander revisou a taxa básica de estabilidade (10,50%) para 11,50% ao fim do ciclo de alta, e o Deutsche Bank previu 12%.

… O DI para Jan/26 caiu a 11,785% (de 11,850%); o Jan/27, a 11,785% (de 11,836%); o Jan/29, a 11,885% (de 11,945%); o Jan/31, a 11,870% (de 11,944%); e o Jan/33, a 11,840% (de 11,916%).

GO BIG – Quando tudo parecia consolidar as expectativas em um corte de 25 pb esta semana, Wall Street voltou a viver a esperança de um Fed mais agressivo, num otimismo desencadeado pela matéria do WSJ.

… Um alerta do ex-Fed de NY William Dudley endossou o ajuste. De novo, ele disse haver argumentos “fortes” a favor de um corte de 50 bp.

… Dudley já havia defendido que o corte de juros fosse iniciado em julho. Em sua visão, há risco de haver uma recessão nos EUA.

… S&P 500 e Nasdaq, que vinham de dias positivos depois que CPI e PPI não ameaçaram a possibilidade de corte de juros pelo Fed, fecharam em alta pela quinta sessão, em sua melhor semana desde novembro passado.

… Na agenda do dia, outros dados positivos. O sentimento do consumidor americano medido pela Universidade de Michigan subiu para 69, acima do esperado (68,2).

… Na mesma pesquisa, a expectativa de inflação de um ano caiu de 2,8% para 2,7%, embora a de 5 anos tenha subido de 3,0% para 3,1%.

… O S&P 500 avançou 0,54%, aos 5.626,02 pontos. O Nasdaq ganhou 0,65% (17.683,98) e o Dow Jones subiu 0,72% (41.393,78 pontos). Na semana, os índices acumularam ganhos de respectivamente, 4,02% e 5,95% e 2,60%.

… O otimismo em torno de um Fed mais agressivo foi mais evidente no índice Russell 2000, de small caps, que disparou 2,5%.

… Empresas de pequena capitalização são mais sensíveis à política monetária, já que dependem mais de crédito.

… Os retornos dos Treasuries cederam. O da note de 2 anos caiu a 3,584% (de 3,641% no pregão anterior) e o da note de 10 anos recuou a 3,658% (de 3,674%). O juro do T-bond de 30 anos fechou a 3,985% (de 3,987%).

… A revisão das apostas para o Fed fez o dólar perder terreno ante seus pares, com destaque para o iene, que subiu 0,73%, a 140,812/US$, em meio à perspectiva de maior diferencial de juros entre EUA e Japão.

… Euro (+0,09%, a US$ 1,1079) e libra (+0,06%, a US$ 1,3126) tiveram desempenho mais tímido.

EM TEMPO… VALE informou no sábado, em comunicado ao mercado na CVM, que está conduzindo verificações adicionais na barragem Forquilha 3, na mina de Fábrica, em Ouro Preto (MG), após “trincas superficiais”…

… A barragem está em nível de emergência 3, o mais alto na escala de risco, e precisa ser monitorada de forma permanente. A Vale ressaltou que as condições de estabilidade da estrutura seguiam inalteradas.

AZUL informou neste domingo que ainda não há um acordo firmado com os arrendadores de aeronaves para a otimização de sua estrutura de capital…

… Em reunião com executivos da Azul na 6ªF, Haddad prometeu viabilizar em até dois meses o Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), instrumento de garantia para acesso de crédito com melhores condições. (Broadcast)

CVC informou que a GJP Fundo de Investimento em Ações, por meio de sua gestora Mar Capital Gestão de Recursos, passou a ser titular de 16,32% do capital social total.

BRASKEM. A S&P Global rebaixou a perspectiva dos ratings de crédito do emissor de estável para negativo, indicando que pode reduzir os ratings nos próximos 12 meses.

MARISA LOJAS apresentou prejuízo de R$ 102 milhões no 2Tri, cifra 60,8% pior quando comparada ao resultado negativo de R$ 63,4 milhões apurado no mesmo intervalo de 2023.

… O Ebitda ficou em R$ 5,9 milhões, queda de 87% na comparação anual. Já a receita líquida foi de R$ 320,5 milhões no período de abril a junho, recuo de 34% contra um ano antes.

MULTIPLAN anunciou o lançamento do Lake Eyre, segunda das oito fases do empreendimento residencial Golden Lake, o primeiro bairro privativo de Porto Alegre (RS), cominvestimento previsto deR$ 250 milhões.

TOK&STOK. O BB aprovou o plano de recuperação extrajudicial. Com a adesão do BB, o plano tem 100% de aprovação dos credores com direito a voto, segundo Lauro Jardim/Globo.

ENEVA comunicou aos debenturistas da segunda série da 11ª emissão de debêntures que fará o resgate total antecipado facultativo na próxima 6ªF.

SANTOS BRASIL informou que o crédito referente à redução de capital anunciada um mês atrás será pago no dia 7 de novembro.

ONCOCLÍNICAS pretende captar R$ 190 milhões com debêntures para reforçar caixa.

PLANOS DE SAÚDE. A Prevent Senior está vendendo sua operação no Rio de Janeiro por R$ 1 bilhão. Segundo apurou o Valor, houve conversas informais para sondar o interesse da Hapvida pelo negócio.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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