Semana carregada aqui e lá fora
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[23/09/24]
… Depois de o Fed ter deixado em aberto os próximos passos, já sai esta semana a primeira rodada de indicadores importantes, com a inflação do PCE de agosto (6ªF) e a leitura final do PIB/2Tri (5ªF). Tem também que ouvir um discurso de Powell pré-gravado para um evento nos EUA na 5ªF. Por aqui, o investidor terá a oportunidade de buscar uma sinalização mais explícita para a Selic na ata do Copom (amanhã) e RTI (5ªF). Além disso, dados de emprego e inflação ajudam a calibrar as expectativas. Hoje, o fiscal domina a cena doméstica, com a entrevista coletiva de imprensa (11h) do Planejamento sobre o relatório bimestral de receitas e despesas, apresentado na noite na 6ªF e que já repercutirá nos negócios nesta 2ªF sob uma chuva de críticas de economistas de redução do esforço fiscal.
… O bloqueio de só R$ 2,1 bilhões anunciado nos gastos (R$ 11,2 bi em julho para R$ 13,3 bi) foi considerado muito tímido e longe do ideal. Além disso, a equipe econômica reverteu o contingenciamento de R$ 3,8 bi feito em julho.
… Como o bloqueio adicional foi inferior à reversão do contingenciamento, o esforço fiscal para 2024 foi afrouxado em R$ 1,7 bi, enquanto economistas e agentes do mercado financeiro esperavam aumento entre R$ 5 bi e R$ 10 bi.
… Indignados com a “matemágica fiscal”, profissionais criticaram a baixa sensibilidade do governo na revisão das contas públicas, que deve exigir um bloqueio mais forte no último relatório de receitas e despesas do ano (22/11).
… “Está ainda muito aquém daquilo que seria necessário. Vemos a necessidade de o governo reconhecer pelo menos mais uns R$ 5 bilhões e despesas adicionais em previdência neste ano”, disse o economista Tiago Sbardelotto, da XP.
… O governo Lula decidiu rever o contingenciamento (congela despesas quando há frustração de receitas), após projetar uma melhora na arrecadação do ano, mesmo com frustrações na entrada de receitas extraordinárias.
… Haddad dourou em pílula em palestra na USP, na 6ªF. “Notícias são boas: contingenciamento menor é porque estamos performando melhor, arrecadação federal continua vindo e despesas estão acomodadas no teto”.
… Neste domingo, o ministro insistiu que “só temos boas notícias de receita e despesa” e se queixou que o mercado “nem esperou” as explicações que serão dadas na coletiva hoje sobre a queda no volume congelado no orçamento.
… A melhora na receita levou o governo a diminuir a projeção de déficit para 2024, para dentro da banda permitida.
… A estimativa para as contas públicas passou de um rombo de R$ 32,6 bilhões para R$ 28,3 bilhões, cerca de R$ 500 milhões menor do que o limite inferior da meta (R$ 28,8 bilhões) e, portanto, dentro do intervalo de tolerância.
… O governo federal espera arrecadar R$ 33,740 bilhões de setembro a dezembro deste ano com o pacote das medidas arrecadatórias aprovadas no Congresso no ano passado. O Planejamento conta com R$ 847 mi do Carf.
… Na 6ªF, horas antes da divulgação pela equipe econômica do relatório bimestral de gastos e receitas, os mercados domésticos correram para posições mais defensivas, diante das desconfianças de leniência fiscal (abaixo).
… Comenta-se que a reação do mercado pode piorar hoje com as surpresas negativas trazidas pelo relatório.
… Na manchete do Estadão de hoje, o governo tem ampliado o uso de fundos públicos e privados para turbinar a concessão de crédito mais barato e elevar os gastos, driblando as limitações impostas pelo arcabouço fiscal.
… Na semana passada, a Câmara aprovou projeto de lei, motivado pela calamidade no RS, que autoriza a União a aumentar em até R$ 4,5 bilhões a sua participação no Fundo de Garantia de Operações (FGO).
… Trata-se de fundo privado, atrelado ao BB, que garante eventuais inadimplências em crédito a setores específicos, como pequenos negócios. Na pandemia, os aportes no FGO também se deram fora das regras fiscais.
… À época, o compromisso era de que os valores retornariam aos cofres do Tesouro Nacional após um determinado período. Mas os prazos foram sendo renovados pelo Congresso e o dinheiro jamais retornou.
AUXÍLIO-GÁS – O projeto de lei que o governo enviou ao Congresso para ampliar o auxílio-gás será modificado, devido aos altos custos projetados para o programa, informou o colunista Lauro Jardim (O Globo) no domingo.
… Hoje, o programa custa R$ 3,4 bi e o valor deve aumentar para R$ 5 bi no ano que vem e R$ 13,6 bilhões em 2026.
… Segundo a matéria, Haddad teria convencido Lula de que as consequências no Orçamento seriam desastrosas se o texto fosse mantido no modelo atual e já teria o OK do presidente para encontrar solução que corrija a proposta.
ATA DO COPOM – Partindo para cima, o mercado pressiona o BC a acelerar a dose de aperto da Selic em novembro.
… Todo mundo quer ver na ata os detalhes que levaram o BC a revisar o hiato do produto de “próximo à neutralidade” para positivo e ter passado a considerar o balanço de riscos para a inflação “assimétrico para cima”.
… No último parágrafo do comunicado, o Copom escreveu que o ritmo de ajuste e a magnitude total do ciclo dependerão da dinâmica da inflação, “em especial dos componentes mais sensíveis à atividade e política monetária”.
… Só faltou especificar que componentes são estes, abrindo margens para especulações e dúvidas nos negócios.
… Será muito importante tentar descobrir que variáveis podem pesar mais para o Copom na próxima reunião, se a atividade econômica aquecida (que pressiona a inflação) ou o alívio do dólar, na queda de braço que dá jogo no DI.
LULA NA ONU – Como de costume, o Brasil será o primeiro a discursar na 79ª Assembleia Geral da ONU, que começa amanhã. O presidente está acompanhado em NY do ministro Haddad, que mantém o seu discurso de otimismo.
… Em conversa com jornalistas neste domingo, Haddad reafirmou que espera que o Brasil avance mais um degrau em 2025 em seu rating pelas agências de classificação de risco, na busca pela retomada do grau de investimento.
… O País está a dois patamares de distância de recuperar o selo de bom pagador pela Moody´s, S&P e Fitch Ratings.
… Integrantes da Fazenda avaliam que a viagem do ministro aos EUA ganha força com o corte de juro do Fed.
… O início do ciclo de desaperto nos EUA coloca o Brasil em situação atrativa para o fluxo externo e vem a calhar para Haddad apresentar o cenário macroeconômico brasileiro e reforçar as entregas feitas pelo atual governo.
HORÁRIO DE VERÃO – Governo decide esta semana ou, no máximo, na próxima se adota a medida recomendada pelo ONS, diante da gravidade da situação hídrica, com o menor índice de chuvas para o período seco desde 1950.
MAIS AGENDA – O ritmo aquecido do mercado de trabalho no Brasil, que pressiona a atividade econômica e a inflação, poderá ser confirmado esta semana pelos dados de agosto do Caged (5ªF) e da Pnad contínua (6ªF).
… O investidor também estará de olho no IPCA-15 de setembro (4ªF). Saem ainda o IGP-M de agosto (6ªF) e as prévias do IPC-S (hoje, às 8h) e do IPC-Fipe (4ªF). Do lado fiscal, a 6ªF reserva as contas do Governo Central (agosto).
… O câmbio confere na 4ªF os dados das transações em conta corrente e IDP em agosto.
LÁ FORA – Três Fed boys falam hoje: Raphael Bostic (9h), Austan Goolsbee (11h15) e Neel Kashkari (14h).
… Entre os indicadores econômicos, saem nesta 2ªF nos EUA o índice de atividade nacional de agosto medido pelo Fed de Chicago (9h30), além da leitura preliminar de setembro do PMI/S&P Global composto (10h45).
… Este mesmo dado também será conhecido na Alemanha (4h30), zona do euro (5h) e Reino Unido (5h30).
… Ainda entre os destaques da semana, na 5ªF, Lagarde discursa em conferência e o BC do México decide juro.
CHINA HOJE – O BC China surpreendeu neste domingo ao reduzir a sua taxa de recompra de 14 dias em 10 pontos base, poucos dias depois de ter frustrado os investidores ao não cortar as taxas de juro de longo prazo.
DEBANDADA – O fim de uma semana difícil aos mercados domésticos foi marcado pela fuga do risco provocada por motivos internos e externos. Lá fora, a 6ªF foi de alguma realização de lucro e cautela com os novos passos do Fed.
… Aqui, gerou apreensão o rumor de que a equipe econômica anunciaria um bloqueio inferior a R$ 5 bilhões no Orçamento. Resultado: juros e dólar em disparada e Ibovespa tocando os 130 mil pontos na mínima do dia.
… Nos juros, a zeragem de posições aplicadas de estrangeiros elevou os vencimentos longos em mais de 20pb. Na máxima do dia, chegaram a abrir 30pb. A ponta curta seguiu se ajustando à expectativa de um aperto maior da Selic.
… No fechamento, o DI Jan25 subiu a 11,025% (de 10,984% no dia anterior), o DI Jan26, a 12,155% (12,044%); Jan27, a 12,210% (12,014%); Jan29, a 12,310% (12,092%); Jan31, a 12,330% (11,098%); e Jan33, a 12,310% (12,070%).
… Na semana, os vencimentos a partir do Jan27 acumularam alta de mais de 40pb.
… Fator a estressar a curva, o dólar superou os R$ 5,50, encerrando a sequência de sete baixas consecutivas.
… Além dos perrengues domésticos, o mercado cambial absorveu as decisões de política monetária do BC chinês, que não mexeu nos juros, frustrando as esperanças de que Pequim anunciasse algum estímulo à economia.
… No mercado à vista, a moeda subiu 1,78%, a R$ 5,5209, mas na semana ainda acumulou baixa de 0,83%.
… Já o Ibovespa baixou 1,55%, aos 131.065,44 pontos. Na semana, o recuo foi de 2,83%. O volume financeiro foi mais robusto, R$ 33,1 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações.
… Nenhum setor se salvou no dia e nem ações defensivas foram bem, como as do setor financeiro, que costumam ter bom desempenho em momentos de aperto monetário.
… Santander (-2,15%; R$ 29,53), Bradesco ON (-1,71%; R$ 13,25), Bradesco PN (-1,86%; R$ 14,75), Banco do Brasil (-1,47%; R$ 27,50) e Itaú (-1,21%; R$ 35,93) ficaram no vermelho.
… Papéis sensíveis ao ciclo econômico, como Magazine Luiza (-7,26%; R$ 10,35) e CVC (-6,97% R$ 1,87), também foram destaques negativos.
… Metálicas recuaram, em linha com o minério de ferro (-1,21% em Cingapura). Vale caiu 1,51%, a R$ 57,35. Maior desvalorização do pregão, CSN registrou -7,63%, a R$ 11,13.
… Petrobras ON fechou estável em R$ 39,70 e Petrobras PN (-0,03%) em R$ 36,26, melhores que a queda de 0,52% no Brent/nov, a US$ 74,49.
… Entre as poucas altas do dia estiveram Raízen (+2,28%), Embraer (+1,60%) e TIM (+1,30%).
RECALIBRAGEM – Numa 6ªF de agenda vazia, investidores em NY realizaram algum lucro depois do rali pós-Fed. Visões divergentes de dois membros do Fomc contribuíram para a dose de cautela sobre os próximos passos.
… Enquanto Christopher Waller deu indicações dovish, Michelle Bowman, única dissidente da decisão de 4ªF passada que chancelou o corte ‘jumbo’ de juros e se disse desconfortável com a postura agressiva do Fed.
… Em entrevista à CNBC, Waller afirmou que foram os dados favoráveis de inflação que o convenceram a apoiar a decisão de uma baixa de 50pb nos fed funds.
… Disse ainda que se a economia se deteriorar, ou a inflação cair mais rapidamente, ficará confortável com mais um relaxamento monetário mais agressivo.
… Já Bowman acha que há risco de que a ação mais recente do Fed possa ser interpretada como uma declaração prematura de vitória no mandato de estabilidade de preços. A inflação, disse ela, ainda é uma preocupação.
… Patrick Harker (Filadélfia), que não vota no Fomc, reiterou que o próximo movimento dependerá da evolução dos dados, mas alertou que o Fed não vai reagir a leituras individuais de indicadores.
… Ainda há a questão do pouso suave, que segue gerando dúvidas. Cético em relação a essa possibilidade, o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, vê muita incerteza pela frente, inclusive sobre as eleições nos EUA.
… Seja como for, a ferramenta FedWatch, da CME, indicava 51,4% no fim da tarde de 6ªF chances de um corte de 50pb pelo Fed em novembro.
… Único a fechar positivo, o Dow Jones subiu 0,09%, aos 42.063,36 pontos, o suficiente para renovar pelo segundo dia seguido o recorde de fechamento.
… S&P 500 recuou 0,19% (5.702,55) e Nasdaq caiu 0,36% (17.948,32). Houve volatilidade acima do normal por causa do “quadruple witching”: vencimento de opções de ações, opções de índices, futuros de índices e futuros de ações.
… Na semana, os índices acumularam ganhos de, respectivamente, 1,62%, 1,36% e 1,49%.
… No mercado de Treasuries, os retornos ficaram sem direção única. O da note de 2 anos, mais influenciado pelas decisões de política monetária, teve uma baixa bem discreta, a 3,584% (de 3,581% no dia anterior).
… O da note de 10 anos avançou a 3,731% (de 3,711%) e o do T-bond de 30 anos subiu a 4,078% (de 4,047%).
… Entre as moedas, o euro ficou estável (+0,02%), em US$ 1,1167, e a libra subiu 0,29%, a US$ 1,3319.
… Mas o dólar avançou forte sobre o iene (-0,88%, a 143,911/US$), após Kazuo Ueda dizer que não tem pressa para elevar mais o juro. É preciso mais tempo para observar como a economia vai absorver o aperto já feito, disse ele.
… Com isso, o índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de pares, fechou em alta de 0,11%, a 100,723 pontos. Mas na semana teve baixa de 0,39%.
EM TEMPO… VALE informou, por fato relevante, que o Conselho de Administração aprovou a data de 1º de outubro para início do mandato do próximo presidente, Gustavo Pimenta…
… Dessa forma, o mandato de Eduardo Bartolomeo será encerrado no próximo dia 30 de setembro…
… Colegiado também aprovou a nomeação, em caráter interino, de Murilo Muller, atual diretor global de Controladoria, para a posição de vice-presidente executivo responsável pelas áreas de Finanças e RI…
… Ainda foram aprovadas as indicações de dois executivos para os assentos vagos no conselho: os economistas Heloisa Belotti Bedicks e Reinaldo Castanheira Filho…
… Mineradora, BHP, Samarco, juntamente com entes públicos, pediram que a Justiça suspendesse todas as ações coletivas relacionadas ao desastre de Mariana (MG), em sinalização de que um acordo está perto de se concretizar…
… O juiz federal substituto Vinicius Cobucci, da 4ª Vara Federal Cível e Agrária de Belo Horizonte, analisou quatro ações “guarda-chuva” e concordou com a suspensão de duas delas.
PETROBRAS. Magda Chambriard se reuniu com o ministro de Petróleo e Gás Natural da Índia, Hardeep Singh Puri, e sua comitiva para discutir possibilidades de cooperação entre as empresas, mas nenhuma decisão foi tomada…
… Ainda no noticiário da estatal, uma plataforma da companhia localizada na Bacia de Campos (RJ) sofreu uma inclinação acidental durante a realização de uma manobra de estabilidade, no início da tarde do sábado…
… Petroleira informou que a estrutura está estável e em segurança, que não houve feridos e que uma comissão foi instalada para investigar as causas da ocorrência.
BANCO DO BRASIL está levantando em torno de R$ 5 bilhões em uma nova rodada de captações em NY para financiar a agenda de sustentabilidade no Brasil (Estadão)…
… Dos recursos levantados, US$ 800 milhões serão captados junto à Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA), do Banco Mundial; recursos devem ser destinados ao financiamento climático.
… BB também levantou US$ 50 milhões com o Citi, em NY, para emprestar para projetos sustentáveis no Brasil…
… É a primeira vez que dois bancos, um americano e um brasileiro, se unem em linha de financiamento que prevê juros menores caso compromissos da agenda ESG sejam alcançados…
… No mercado de capitais, essa operação é chamada de “sustainability linked loans”.
BRASKEM informou que o leilão a ser realizado até o fim desse mês envolve ativos mapeados em 2018 e 2019 que foram descomissionados…
… Trata-se de equipamentos que não estão sendo usados em função de modificações de projeto que otimizaram as operações da companhia.
AZUL. Moody’s rebaixou rating da empresa para Caa2; perspectiva mudou para negativa.
EMBRAER. Fitch elevou a empresa de BB+ para BBB-, primeira nota da escala de grau de investimento…
… Gestora Brandes reduziu participação na companhia de 14,96% para 9,99% do capital social.
SANEPAR. Acciona, Iguá e Saneamento Consultoria (grupo formado por Aegea, Perfin e Kinea) foram os vencedores dos três lotes ofertados no 2º leilão de parcerias público-privada (PPP) para serviços de esgotamento sanitário…
… Além das vencedoras, os consórcios GS Inima-Traçado e Sacyr-Cembra Águas do Paraná participaram das disputas.
GAFISA. M Asset elevou participação na companhia de 9,52% para 16,49% do capital social.
HYPERA. Capital Research and Management reduziu participação na companhia de 5,24% para 4,99% do capital social, passando a deter 31.570.147 de ações ON.
LOCALIZA aprovou a distribuição de R$ 423,8 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,3995 por ação, com pagamento em 14/11; ex em 26/9.
XP. AGE aprovou a prestação de aval para a 4ª emissão de notas comerciais escriturais, em série única, no valor de R$ 1 bilhão.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Fiscal ganha destaque com relatório bimestral
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[20/09/24]
… O BC chinês (PBoC) manteve inalteradas as taxas básicas de empréstimos (LPRs) de 1 ano (3,35%) e 5 anos (3,85%) e também o BoJ optou por deixar o juro estável, em 0,25%, preferindo adiar um aperto monetário. Do lado do BCE, Lagarde participa de painel em Washington (12h), depois de ter sinalizado que um corte do juro em dezembro é mais provável. Nos EUA, é dia de vencimento triplo nas bolsas em NY (triple witching), o que deve acentuar a volatilidade, em meio à euforia com o Fed. Aqui, o DI pressiona o Copom a acelerar a dose de aperto da Selic para enfrentar a inflação desancorada e ruídos fiscais. O governo divulga hoje o quarto relatório bimestral de receitas e despesas.
… Ao Broadcast, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o documento consolidará “de vez” o cenário de cumprimento da meta fiscal, “ainda que mais próximo do limite inferior” (tolerância de 0,25 pp em relação ao PIB).
… Questionado sobre como as frustrações com as receitas do Carf serão cobertas, ele manteve o suspense e afirmou que as explicações serão dadas pela equipe econômica hoje de forma “serena” na divulgação do relatório.
… Disse também que mantém a “aposta” de que não há no horizonte uma pressão de despesas obrigatórias (como aposentadorias) tão relevante que obrigue o governo a bloquear um valor expressivo do orçamento neste momento.
… “[Valor] Não elevado significa algo mais próximo de R$ 5 bilhões do que de R$ 10 bilhões”, explicou.
… Ceron disse que a publicação vai incorporar a compensação recém aprovada para desoneração da folha (cuja renúncia já estava integralizada no relatório de julho) e a revisão para cima no PIB do ano pela Fazenda (para 3,2%).
… “Há outras medidas que podem ser incluídas aí [no relatório bimestral], como dividendos. Tem um pacote lá.”
… Dias atrás, integrantes da equipe econômica anteciparam ao Estadão que fatores novos podem compensar as frustrações e que R$ 10 bilhões em dividendos extraordinários do BNDES seriam incluídos no relatório bimestral.
… Há pouco mais de uma semana, Ceron também havia dito que, se fosse necessário para fins de cumprimento da meta de resultado primário, o governo apresentaria medidas adicionais de receitas no novo relatório bimestral.
… O mercado suspeita que o cobertor é curto e que as fontes de receitas extraordinárias listadas pela equipe econômica para garantir o cumprimento do déficit zero têm gerado arrecadação muito menor do que a esperada.
… A quatro meses do fim do ano, as medidas com maior potencial arrecadatório, como a retomada do voto de qualidade do Carf e as transações tributárias, tiveram desempenho muito inferior ao que era projetado.
… Segundo o Infomoney, o governo já precifica nova negociação com Congresso sobre as desonerações da folha em 2025, já que as medidas de compensação aprovadas não representam o “pacote dos sonhos” da equipe econômica.
… O governo entende que o nível de arrecadação não responderá como espera o Congresso em 2025 e 2026.
… A avaliação é de que há grandes chances de frustração de receitas com medidas como a nova rodada de repatriação de recursos mantidos no exterior e a própria regularização de bens imobiliários.
… O acordo celebrado entre o governo Lula e o Congresso sobre a desoneração da folha de pagamento tem sido tratado por integrantes da equipe econômica como o entendimento “possível”.
… Internamente, a avaliação é de que a sanção com vetos das novas regras, com medidas de compensação para a renúncia de receitas, não evitará a necessidade de novas negociações em um futuro próximo.
ABRIU A PORTEIRA – Em meio ao quadro de fragilidade fiscal, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que novos créditos extraordinários serão liberados pelo governo federal para auxiliar o combate aos incêndios nos Estados.
… Em um primeiro momento, o governo federal já liberou R$ 514 milhões para o combate às queimadas.
… Questionado sobre qual seria o valor dos próximos créditos, o ministro respondeu que depende da demanda dos governadores, mas sinalizou a intenção do governo de atender aos pedidos. “Tudo que for necessário será liberado.”
… Os créditos extraordinários podem ser abertos para demandas consideradas urgentes e imprevisíveis e ficam fora da meta fiscal, por autorização do ministro Flavio Dino (STF), e fora do limite de gastos do novo arcabouço fiscal.
HORÁRIO DE VERÃO – Em meio à seca de proporções históricas no Brasil, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendou nesta 5ªF ao Ministério de Minas e Energia (MME) a volta do horário de verão.
… A orientação agora será debatida por outros órgãos do governo, mas se for implementada, não virá antes das eleições (27/10). O ministro Alexandra Silveira disse que um definição deve sair em dez dias. Depende de Lula.
… Pelos cálculos do MME, a economia potencial com o eventual retorno do horário de verão seria de R$ 400 mi.
MAIS AGENDA – Já com o mercado fechado, Haddad palestra (18h30) na USP sobre desafios da economia. Nos EUA, o Fed boy Patrick Harker fala em evento (15h). Baker Hughes informa às 14h os poços de petróleo em operação.
VAI PRA CIMA – O mercado nem quis saber de esperar a ata do Copom (3ªF) para já ir colocando o BC na parede para uma aceleração do ritmo de cortes da Selic daqui para frente. Meio ponto em novembro vira piso na curva.
… Esta probabilidade já está mais do que consolidada (80%) e divide espaço agora com a dose de 0,75 pp (20%), diante da percepção entre os investidores de um ciclo total de 2pp de alta da Selic para acomodar a inflação.
… Com o comunicado do Copom, que não aliviou a barra, os juros futuros superaram os 12% ontem em toda a extensão do DI, que ignorou o alívio do dólar e ainda embutiu certa cautela antes do relatório fiscal da Fazenda.
… O DI Jan26 deu um salto de 280pb, a 12,050% (de 11,769% na véspera), enquanto os mais longos subiram menos. Jan27 foi a 12,010% (11,816%); Jan29, 12,080% (11,958%); Jan31, 12,090% (11,982%); e Jan33, a 12,060% (11,967%).
… Pesquisa feita pelo Broadcast mostrou que, depois do comunicado hawk do Copom, a maioria – 23, ou 56%, de 41 instituições – espera alta de 50pb do juro em novembro.
… Outras 18 casas (44%) preveem 25pb na próxima reunião. Já a mediana para a Selic no fim deste ano caminhou de 11,25% para 11,75%. Para o fim de 2025, a mediana se manteve em 10,50%.
… No primeiro trimestre de 2026 – horizonte relevante do BC – a mediana do juro básico passou de 9,75% para 10%.
… Para o JPMorgan, o Copom vai elevar a Selic em 25pb por reunião até atingir 11,50%, mas a depender dos próximos IPCAs, o aperto pode ser maior.
… O banco nota que o câmbio e gestão da política fiscal serão cruciais para o balanço de riscos e apostas de inflação.
… Logo no início dos negócios ontem, o dólar à vista tocou a mínima na casa dos R$ 5,39 (em R$ 5,3958), já que era mesmo esperada uma apreciação do câmbio depois dos movimentos de Fed e Copom.
… Ao longo da sessão, a moeda se recompôs parcialmente, mas ainda fechou com baixa de 0,69%, a R$ 5,4242, na sétima sessão consecutiva de valorização do real.
… Marcelo Vieira, head da mesa de renda variável da Ville Capital, vê o dólar caindo a R$ 5,30/5,20 por causa do diferencial entre juros brasileiros e americanos, que deve atrair fluxo gringo.
… Mas as contas públicas desafiadoras podem atrapalhar a festa, diz ele. “A questão fiscal vem mostrando desdobramentos preocupantes com práticas obscuras por parte do governo”, disse Vieira ao Broadcast.
… Até por isso, a arrecadação federal recorde em agosto (R$ 201,6 bilhões) não fez preço ontem.
O COPOM MEIO VAZIO – Apesar da promessa de que a Selic em patamares competitivos fique atraente ao k estrangeiro, trazendo dinheiro para cá, o Ibov sentiu o baque da pressão dos juros futuros no day after do Copom.
… Assim, nem as altas firmes do minério de ferro (+1,69%) e petróleo (Brent/nov, +1,67%, a US$ 74,88) conseguiram impedir que o índice à vista da bolsa doméstica registrasse a terceira queda seguida, descolado da euforia em NY.
… O Ibovespa caiu 0,47%, a 133.122,67 pontos, na mínima do dia, com volume de R$ 21,9 bilhões. Hoje, o giro de negócios pode ser reforçado pela volatilidade entre comprados e vendidos no exercício das opções sobre ações.
… Bancos caíram em bloco: Bradesco PN (-1,38%; R$ 15,03), Bradesco ON (-1,03%; R$ 13,48), Banco do Brasil (-1,20%; R$ 27,91), Santander (-0,72%; R$ 30,18) e Itaú (-0,27%; R$ 36,60).
… Vale subiu 1,20% (R$ 58,23). Acionista da companhia, Bradespar registrou +0,81% (R$ 18,70). Outras metálicas também foram bem, na esteira do minério: CSN Mineração, +1,26% (R$ 6,41); e CSN, +1,35% (R$ 12,05).
… Petrobras ficou sem direção, com o papel ON em queda de 0,30%, a R$ 39,70, e o PN em alta de 0,33%, a R$ 36,27. Prio teve a terceira maior valorização da sessão, com +1,90%, a R$ 44,01.
… Brava Energia recuou 9,40%, a R$ 18,89, reagindo ao anúncio da companhia de que a retomada da produção no campo de Papa Terra só deve ocorrer em dezembro.
EUFORIA – Um dia depois da reação morna ao corte de 50pb nos juros, o mercado resolveu surfar na postura agressiva do Fed, na expectativa de que o BC americano vai ser capaz de induzir um pouso suave da economia.
… O recado de Powell na 4ªF dizendo que os 50pb não são tendência continuou a ser desafiado pelas apostas no FedWatch, que apontam um orçamento total de -125pb em 2024.
… Contribuiu para animação do dia a inesperada queda nos pedidos de auxílio-desemprego, para o menor nível desde maio, sinalizando que o mercado de trabalho continua saudável, apesar da desaceleração nas contratações.
… Foram 219 mil pedidos, 12 mil a menos que na semana anterior e abaixo dos 230 mil estimados. Com o mercado de trabalho no foco do Fed, os números de emprego continuarão a calibrar as expectativas para os fed funds.
… Em dia de altas expressivas, o Dow Jones alcançou pela primeira vez os 42 mil pontos (+1,26%, aos 42.025,45) e o S&P 500 estreou os 5.700 (+1,70%, aos 5.713,67), marcando o 39º recorde de fechamento em 2024.
… De novo, as techs lideraram e o Nasdaq (+2,51%) voltou à marca de 18 mil pontos (18.013,98). Tesla disparou 7%, Apple, Meta e Nvidia subiram em torno de 4%, AMD saltou 6% e Alphabet, 1,5%.
… Historicamente, o mercado de ações tem boa performance em períodos posteriores a corte de juros e numa economia sem recessão. “Desta vez não deve ser diferente”, disse Solita Marcelli (UBS Global WM) à Bloomberg.
… O cenário base do UBS WM é que o S&P 500 alcance 5.900 pontos até o fim deste ano e avance a 6.200 até junho de 2025. As techs devem continuar a liderar o índice.
… Ainda sob o peso da decisão do Fed, o retorno da note de 2 anos caiu a 3,587% (de 3,6192% na véspera). Mas os Treasuries longos avançaram.
… O juro da note de 10 anos subiu a 3,721% (de 3,701%) e o do T-bond de 30 anos avançou a 4,054% (4,024%), de olho nos dados do auxílio-desemprego.
… No câmbio, o dólar ganhou terreno ante o iene (142,644/US$) antes da decisão do BoJ. A libra avançou bem (+0,76%, a US$ 1,3280), depois de o BoE manter o juro em 5%, como esperado.
… No comunicado da decisão, o BC britânico avisou que a taxa básica deve seguir restritiva por “tempo suficientemente longo”, até que a inflação dê mostras que vai chegar à meta de 2%.
… Cauteloso, Andrew Bailey disse que o BoE não pode cortar o juro rápido demais.
… O euro também subiu (+0,55%), a US$ 1,1164. O DXY ficou praticamente estável (+0,04%), a 100,639 pontos.
EM TEMPO… VALE confirmou que negociações sobre acordo para compensação do desastre de Mariana estão avançadas e espera chegar ao fim do processo de mediação em outubro.
BRADESCO aprovou a distribuição de R$ 2 bilhões em JCP intermediários, o equivalente a R$ 0,1795 por ação ON e R$ 0,1975 por ação PN, com pagamento até 30/4/25; ex em 1º/10…
… O vice de tecnologia do banco, Rogério Câmara, vai para conselho do banco; Câmara substituirá Milton Matsumoto, que se aposenta após 67 anos.
B3 aprovou a distribuição de R$ 326 milhões em JCP (R$ 0,0512 por ação) e de R$ 190 milhões em dividendos (R$ 0,0351 por ação), com pagamento em 7/12; ex em 25/9.
LOJAS RENNER aprovou a distribuição de R$ 161,3 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1687 por ação, com pagamento em 8/10; ex em 25/9.
MULTIPLAN informou que venda de 18,52% da participação da Ontario (OTPP) no capital social vai à AGE em 21/10.
FRIGORÍFICOS. JPMorgan revisou as estimativas de Ebitda para BRF e JBS em 2024; banco citou a expectativa positiva em relação ao desempenho no 2º semestre, especialmente no 3TRI…
… Estimativa para o Ebitda da BRF em 2024 foi elevada em 6%, para R$ 11 bilhões; com isso, o preço-alvo para dezembro de 2025 foi ajustado para R$ 30 por ação…
… No caso da JBS, a estimativa subiu para R$ 35,5 bilhões, 8% acima do consenso do mercado; banco manteve o preço-alvo de R$ 43 por ação para dezembro de 2025.
AGROGALAXY informou em fato relevante que foi suspenso o segredo de justiça no âmbito da recuperação judicial.
EQUATORIAL. Conselho de Administração elegeu ontem Eduardo Parente Menezes para assumir a presidência do colegiado, após a renúncia de Carlos Augusto Leone Piani, que agora é diretor-presidente da Sabesp.
ENERGISA. Consumo de energia subiu para 3.430 GWh em agosto, aumento de 4% ante o mesmo mês de 2023.
COPEL. Copel Geração e Transmissão fará a 9ª emissão de debêntures, no valor de R$ 1,6 bilhão.
VIBRA ENERGIA corrigiu valor a ser pago por ação na distribuição de JCP anunciada ontem; valor passou de R$ 0,2341 para R$ 0,2349; total permanece em R$ 262 milhões; pagamento será realizado até 30/12/25.
BRAVA ENERGIA. Citi tem recomendação de compra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 50; banco disse que foi exagerada a reação negativa do mercado por conta da interrupção na produção no campo Papa Terra.
GRUPO MATEUS vendeu quatro imóveis para o fundo de investimentos imobiliários TRX Real Estate por R$ 122,8 milhões; imóveis estão localizados em Russas (CE), São Luís (MA), Ananindeua (PA) e Marituba (PA).
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BoE decide juro no day after do Fed e Copom
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[19/09/24]
… O consenso é que o BC inglês (BoE) não seguirá hoje (8h) os passos do Fed e optará por manter os juros em 5%, deixando eventualmente para cortar a taxa básica na reunião de novembro. À noite, os BCs da China (22h30) e do Japão (1h) também têm decisões de política monetária. O pregão desta 5ªF continua reservado às repercussões do Fed e do Copom, que seguiram o script esperado, com corte de 50 pb logo de largada nos EUA e alta de 0,25 pp da Selic por aqui, mas vieram com abordagens mais cautelosas para as duas últimas reuniões do ano (novembro e dezembro). Tanto aqui como lá, no entanto, a percepção majoritária é de que as próximas decisões estão em aberto.
… A Selic passou de 10,50% para 10,75% ao ano, em decisão unânime, com Galípolo e Campos Neto votando juntos.
… No comunicado, o Copom disse que a alta da Selic é resultado de um cenário marcado por resiliência na atividade econômica doméstica, por pressões no mercado de trabalho e expectativas “desancoradas” para a inflação.
… Mais uma vez, o BC não se comprometeu com guidance, indicando que o pace dependerá da dinâmica inflacionária. Alguns disseram que o comunicado foi tão duro, que valeria até para justificar aperto de meio ponto.
… O mercado vai agora buscar na ata, na próxima 3ªF, se o Copom pretende aumentar a dosagem de alta do juro.
… As grandes novidades reveladas pelo comunicado foram o reconhecimento pelo BC de que o balanço de riscos para a inflação agora é assimétrico para cima e que o hiato do produto saiu de perto da neutralidade para positivo.
… Esta sugestão de que a economia doméstica está crescendo acima do seu potencial já estava contratada, em grande medida, depois do PIBão de 1,4% no 2Tri, que projeta expectativas de crescimento de 3% no ano.
… O hiato agora positivo parece ter sido determinante para uma outra surpresa embutida do comunicado:
… Os dirigentes optaram por elevar a projeção de inflação para o 1Tri de 2026, atual horizonte relevante da política monetária, para 3,5% no cenário de referência, agora 0,5 ponto porcentual descolada do centro da meta (3%).
… “Os 3,5% de inflação projetados demandariam um ciclo total de altas até maior que 2 pp [da Selic], mas há alguns atenuantes que são importantes de ser contemplados”, observa o economista Marco Antonio Caruso (Santander).
… Segundo ele, nas reuniões de novembro e dezembro, o Copom vai passar a olhar o 2Tri de 2026. “Suponho que o BC tenha estimativa de inflação menor do que esses 3,5% para lá, o que já pode reduzir o ciclo total projetado.”
… Além disso, até lá, o Copom também ganha tempo para avaliar o câmbio e o impacto do Fed no dólar.
… “O BC rodou os modelos com o câmbio a R$ 5,60. Hoje está em R$ 5,45. Imagino que o câmbio, a partir daqui, vai gostar da combinação de um tom hawk do nosso Banco Central e um Fed que começou com 50”, avalia Caruso.
… Até pouco tempo atrás um aliado improvável do Copom, o câmbio desponta como gatilho de alívio para enfrentar as pressões do ritmo aquecido da atividade doméstica. A briga do Copom promete estar entre estes dois polos.
FED – Confirmando as apostas de um corte mais agressivo, que começaram a rolar no mercado no final da semana passada, o BC americano reduziu a taxa em 50 pb, para a faixa de 4,75%-5,00%, em decisão praticamente unânime.
… Só a dirigente Michelle Bowman votou por redução menor, de 25 pb. Segundo o gráfico de pontos, uma quantidade considerável de integrantes do Fed (sete) espera que a taxa seja reduzida em mais 50 pb até dezembro.
… Mas o mercado “peita” o Fed e pede uma flexibilização maior, apesar de Powell já ter dado o seu recado de que pode não entregar tudo o que Wall St deseja (abaixo) e que os passos futuros estão condicionados aos indicadores.
… A opção pelo “choque” inicial de queda do juro foi vista por analistas como uma estratégia do Fomc para turbinar o mercado de trabalho, que confirma neste momento o seu protagonismo para as decisões de política monetária.
… “Powell anunciou que a luta contra a inflação foi finalmente vencida. Isto significa que o Fed vê agora margem para garantir que o mandato de pleno emprego também seja alcançado”, escreveu um analista do Commerzbank.
… Pelas projeções do Fed, a taxa de desemprego deve continuar subindo, do nível de 4,2% para 4,4% até dezembro. Já a inflação do PCE deve cair do patamar de 2,5% em agosto para 2,3% até o final do ano, perto da meta de 2%.
BANDEIRA TARIFÁRIA – O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que a tendência é de que a bandeira amarela ou vermelha seja mantida até o final do ano, adiando o retorno da bandeira verde em 2024.
… Já a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta acionamento da bandeira vermelha patamar 2 (o mais elevado) em outubro, o que levaria a cobrança adicional nas tarifas de energia de R$ 7,877 a cada 100 kWh.
… O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresenta hoje o “plano antiapagão”. O ministro Alexandre Silveira havia determinado a apresentação do plano para assegurar o abastecimento até o final do governo Lula.
MAIS AGENDA – Aqui, saem a segunda prévia do IGP-M (8h) e a arrecadação federal (10h30), que deve atingir R$ 201,200 bilhões em agosto, segundo a mediana de pesquisa Broadcast, após R$ 231,044 bilhões em julho.
… As estimativas para esta leitura variam de R$ 193,1 bilhões a R$ 246,115 bilhões. A mediana representa um ganho real de 11,75% em comparação com um na antes. A Receita comenta os números em entrevista coletiva às 11h.
… O ministro Rui Costa se reúne, às 15h, com governadores para discutir a crise climática e o combate aos incêndios. Ontem, a Câmara aprovou o PL que dispensa as licitações para contratos em situações de calamidade.
LÁ FORA – Além do BoE, também os BCs da Turquia (8h) e África do Sul (10h) divulgam decisões de juros. Nos EUA, saem o auxílio-desemprego (9h30), com previsão de estabilidade, e as vendas de moradias usadas em agosto (11h).
MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA – Apontado pelos analistas de mercado como um fator bastante relevante para definir a extensão do ciclo de aperto da Selic, o câmbio vem se apreciando há seis pregões consecutivos.
… Na euforia instantânea à decisão agressiva do Fed de já iniciar o relaxamento monetário com 50 pb, o dólar tocou R$ 5,4130 na mínima intraday e só moderou o ritmo de queda até o fechamento, porque Powell não pegou leve.
… No fim do dia, valia R$ 5,4617 (-0,48%), com o presidente do Fed dizendo que o BC americano não necessariamente adotará o mesmo ritmo de desaperto do juro e que as decisões serão tomadas a cada reunião.
… Diante do diferencial de juros entre o Brasil e EUA, a estrategista de moedas emergentes do Goldman Sachs, Teresa Alves, acredita que a moeda brasileira pode recuperar parte do espaço perdido nos últimos meses.
… O valor do real contra o dólar, diz, está cerca de 8% abaixo do “nível justo”. Seja como for, ela alerta que só o compromisso sério com a âncora fiscal será capaz de garantir a apreciação sustentada da moeda doméstica.
… Na curva do DI, durou pouco o ânimo com o Fed. Os juros futuros chegaram a cair 10 pb logo após a decisão, mas voltaram e terminaram de lado, diante da sinalização de Powell de que os cortes nos EUA podem ser graduais.
… O DI Jan25 fechou a 10,940% (contra 10,945% no pregão da véspera); Jan26 terminou em 11,765% (de 11,780%); Jan27, a 11,800% (de 11,810%); Jan29, 11,960% (11,965%); Jan31, 12,000% (11,990%); e Jan33, 11,970% (11,980%).
NÃO É ÓTIMO, MAS É BOM – Em termos de atratividade de k estrangeiro, o melhor dos mundos seria o Copom ter dado um aperto de meio ponto, para abrir ainda mais o diferencial de juro com o Fed, que mandou bala no corte.
… Mas o quadro não deixa de estar mais vantajoso agora e deve ser capitalizado pelo investidor externo na B3.
… Ontem, o Ibovespa foi derrubado (-0,90%, aos 133.747,69 pontos) pelas blue chips das commodities, em meio aos ruídos sobre a política de preços da Petrobras e o tombo de mais de 4% do minério na volta do feriado na China.
… O metal opera agora no pior nível em quase dois anos, desde novembro de 2022, e pesa à Vale (-1,17%; R$ 57,54).
… Petrobras ON caiu 1,73% (R$ 39,82) e Petrobras PN cedeu 2,40% (R$ 36,15, mínima do dia), reagindo menos ao petróleo, que caiu pouco, e mais intensamente ao rumor, negado pela estatal, de queda no preço dos combustíveis.
… Faltando 1h para a bolsa fechar, a Petrobras desmentiu a notícia veiculada mais cedo pela imprensa de alteração em sua tabela e disse que eventuais ajustes são divulgados imediatamente aos seus clientes nos canais corporativos.
… Ainda segundo a empresa, mudanças são realizadas no curso normal de negócios sem periodicidade definida.
… Mais cedo, fontes informaram ao Valor que a Petrobras estuda reduzir o preço dos combustíveis nos próximos dias para alinhar os valores aos preços internacionais, que estão mais baixos que os praticados pela companhia.
… De acordo com o jornal, os cálculos já estariam sendo feitos e a ideia é que a medida de alívio tenha efeito na inflação calculada pelo IPCA deste ano, que continua próxima do teto da meta do BC, estabelecido em 4,5%.
… A cotação do petróleo Brent (-0,11%, a US$ 69,88), que serve de referência à Petrobras, acumula desvalorização de cerca de 4,50% só em setembro. O último reajuste promovido pela estatal nos combustíveis foi em 9 de julho.
… CSN Mineração teve forte baixa de 8,26%, a R$ 6,33. Usiminas (+2,79%; R$ 6,26) destoou.
… Os bancos ficaram no vermelho: Bradesco ON (-1,16%; R$ 13,62), Santander (-0,85%; R$ 30,40), Bradesco PN (-0,59%; R$ 15,24), Itaú (-0,57%; R$ 36,70) e Banco do Brasil (-0,49%; R$ 28,25).
… Frigoríficos também se destacaram no lado negativo, influenciados pela desvalorização do dólar. Marfrig registrou -5,44% (R$ 13,90); JBS, -4,19% (R$ 32,70); BRF, -3,88% (R$ 24,04); e Minerva, -3,74% (R$ 6,69).
… Liderando as perdas do Ibov, Azul caiu 10,08%, a R$ 5,62. Braskem subiu 4,76% (R$ 19,79), após o UBS BB ter elevado a recomendação do papel de neutra para compra.
CORTOU O BARATO – Como se viu, o Fed decidiu cumprir o roteiro esperado e ser agressivo em seu primeiro corte de juros em quatro anos. Mas Powell não demorou a dar um jeito de telegrafar que este não será o novo normal.
… Apesar de ele ter reconhecido que a dose inicial do ciclo de queda foi “um movimento forte”, alertou que a intensidade da alta não deve ser interpretada como tendência e que as próximas decisões dependem dos dados.
… O gráfico de pontos sinaliza que a maioria do Fed espera queda acumulada de 50pb até o fim do ano, mas o mercado entra na briga e pede que o Fed entregue mais (75pb), segundo a ferramenta de apostas do CME Group.
… Confirmando as evidências de que o BC americano está mais focado agora no emprego do que nos preços, o Fed justificou o corte de ontem alegando estar seguro sobre o processo de desinflação em direção à meta de 2%.
… Sinal de que o mercado de trabalho continuará como o fiel da balança para as reuniões de novembro e dezembro.
… Na reação imediata ao Fed, os mercados em NY assumiram uma carga de ânimo, contida em seguida por Powell.
… O “corte hawkish” reverteu a queda inicial dos juros dos Treasuries, que viraram para alta durante a entrevista de Powell. A taxa da Note de dois anos subiu de 3,615% para 3,629% e a de dez anos avançou de 3,659% para 3,712%.
… Também as bolsas em NY zeraram o otimismo, depois de o presidente do Fed ter melado as esperanças de que o corte de 50pb possa virar padrão e ter sinalizado que não há tanta pressa para buscar o juro neutro nos EUA.
… Mas as quedas foram discretas em Wall Street. O índice Dow Jones cai 0,25%, aos 41.503,10 pontos, o S&P 500 recuou 0,29%, encerrando em 5.618,26 pontos e o Nasdaq marcou baixa de 0,31%, aos 17.573,30 pontos.
… Em meio à notícia de que a gestora de recursos BlackRock vai lançar um fundo de investimento em inteligência artificial de mais de US$ 30 bilhões com a Microsoft, as ações da empresa de Bill Gates cederam 1,00%.
… No câmbio, o dólar tocou as mínimas do pregão assim que o Fed cortou o juro, mas devolveu as perdas contra o iene e o euro depois que Powell falou. Já a libra subiu 0,29%, a US$ 1,3180, porque o BoE não deve seguir o Fed hoje.
… O iene caiu 0,12%, para 142,65/US$, diante das expectativas de que o BoJ traia as esperanças mais hawkish e mantenha os juros nesta madrugada em 0,25% ao ano. O euro fechou praticamente estável (-0,04%), a US$ 1,1103.
… O índice DXY, termômetro do dólar contra outras moedas fortes, fechou com baixa de 0,30%, a 100,596 pontos.
EM TEMPO… ITAÚ emitiu R$ 1 bilhão em letras financeiras subordinadas perpétuas, com opção de recompra a partir de 2029 sujeita à prévia autorização do BC.
VIBRA ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 262 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2341 por ação, com pagamento até 30/12/25; ex em 24/9/24.
HYPERA aprovou a distribuição de R$ 123,6 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1953 por ação; ex em 24/9; pagamento será feito até o fim do exercício social de 2025, em data a ser definida.
SANEPAR. Ministro do STF Flávio Dino revogou decisão liminar, concedida por ele mesmo, que barrava a licitação de três Parcerias Público-Privadas (PPPs) da companhia; leilão estava marcado para 22 de maio…
… Após a decisão, a empresa anunciou a retomada da licitação, que será realizada amanhã.
AGROGALAXY. Conselho da empresa autorizou entrada com urgência de pedido de recuperação judicial…
… Diretor-presidente, Axel Jorge Labourt, e cinco membros do conselho renunciaram aos cargos; diretor financeiro, Eron Martins, assumirá como CEO.
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