Morning Call

Petróleo afunda em semana do Fed e Copom

Atualizado 05/05/2025 às 00:35:14

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[05/05/25]

… A possibilidade de um acordo entre EUA e China e a decisão da Opep+ de aumentar a produção em 411 mil bpd, que afunda os preços do petróleo, trazem alívio ao cenário global de fundo na semana em que o Fomc e o Copom decidem sobre juros. Em NY, é unânime a expectativa de manutenção das taxas dos Fed Funds entre 4,25% e 4,5%, nesta superquarta, transferindo o suspense para a entrevista de Powell. Aqui, o BC volta a subir a Selic, em ajuste de menor magnitude já contratado. A dose do aumento não é consenso, embora a maioria acredite em meio ponto, com a taxa básica elevada a 14,75%. Outra dúvida é se o Copom vai sinalizar, ou não, o encerramento do ciclo de aperto. Na B3, ganha ritmo a temporada de balanços do 1Tri, com destaque esta semana para Itaú, Bradesco e Ambev.

… Em reunião antecipada para sábado, estava marcada para hoje, a Opep e aliados concordaram com um outro aumento significativo na produção, em meio a preocupações com o excesso da oferta e a demanda enfraquecida pela guerra comercial de Trump.

… Nos primeiros negócios, o petróleo de referência global Brent afundava perto de 4%, a US$ 58, enquanto o WTI se aproximava de US$ 56 e os futuros da bolsas de NY caíam acentuadamente.

… O aumento da produção em mais de 400.000 barris por dia surpreendeu o mercado pela magnitude, com o cartel triplicando o volume planejado para maio. Além disso, a Arábia Saudita alertou que novos aumentos de proporção semelhante podem ocorrer.

… Líderes do grupo, que tem à frente a Arábia Saudita e a Rússia, buscam punir os membros superprodutores, incluindo Cazaquistão, em uma mudança de estratégia que vem revertendo as restrições à produção e já havia provocado a queda dos preços.

… A nova política da Opep+ tornou o petróleo uma das commodities com pior desempenho em 2025.

… Na Bloomberg, Ajay Parmar, diretor de análise de petróleo da ICIS, disse que o aumento “simplesmente não pode ser absorvido”, que o crescimento da demanda está fraco, principalmente com a recente imposição de tarifas, tornando inevitável os preços mais baixos.

… Após a decisão da Opep+, o Morgan Stanley reduziu as previsões de preço para o barril do Brent para US$ 62,50 no 3Tri e no 4Tri/2025, US$ 5 abaixo da projeção anterior. “A oferta adicional aumenta o excedente de mercado que já modelamos”, disseram analistas.

… Trump, que tem viagem marcada ao Oriente Médio ainda este mês, pediu à Opep+ que aumente a produção e ajude a reduzir os preços da energia, enquanto a Arábia Saudita conta com o apoio de Washington para negociar um pacto nuclear com o Irã.

… A queda nos custos de energia, se sustentada, pode ser bem recebida pelos banqueiros centrais, incluindo o Fed, já que o petróleo mais barato reduzirá os preços do diesel e da gasolina, podendo compensar parte do impacto inflacionário esperado das tarifas.

… Neste domingo, em entrevista à NBC News, Trump voltou a pressionar para uma queda dos juros, mas descartou a intenção de demitir Powell. “Não, não, não. Por que eu faria isso? Eu terei a oportunidade de substituir essa pessoa em um curto período de tempo.”

… O presidente não perdeu a chance de dizer que Powell é um “completo teimoso” e só não reduz os juros porque “não é meu fã”.

… Sobre a China, Trump disse que está disposto a reduzir as tarifas “em algum momento”, porque as alíquotas estão tão altas que os dois países praticamente pararam de fazer negócios. Trump impôs tarifas de até 145% sobre a China e a Xi retaliou com tarifas de 125%.

… Na 6ªF, a China disse que avalia negociar a proposta dos EUA, mas exige “respeito e sinceridade”.

… Outra exigência de Pequim é que os Estados Unidos retirem as tarifas “unilaterais” implementadas, o que parece ser mais difícil, já que Trump não quer admitir que deu o primeiro passo ou foi quem cedeu na guerra comercial travada com os chineses.

… Ainda na entrevista, Trump reconheceu que foi “muito duro com a China”, mas disse que Pequim agora quer chegar a um acordo. “Eles querem muito fechar um acordo. Vamos ver como tudo isso vai acabar, mas tem que ser um acordo justo.”

… A Casa Branca está negociando acordos comerciais com mais de 15 países e afirma que o primeiro desses acordos deve sair em breve.

… A boa vontade em relação a um acordo com a China e a ajuda da Opep podem levar Powell a um discurso mais flexível, embora, na 6ªF, os dados ainda fortes do payroll (abaixo) tenham afastado as chances de uma queda do juro ser antecipada para junho.

… Powell havia telegrafado que o Fed agiria mais cedo se houvesse uma deterioração rápida do emprego, o que ainda não aconteceu.

… Aqui, o BC enfrenta o desafio da desancoragem das expectativas de inflação, da inflação vigente acima da meta e de um mercado de trabalho aquecido, em meio a medidas fiscais expansionistas do governo Lula, que ameaçam o esforço da política monetária.

… Alguns diretores do Copom sinalizaram a perspectiva do fim das altas da Selic, mas Gabriel Galípolo manteve o tom duro em sua última fala, afirmando que a expectativa de inflação no horizonte relevante (3Tri/26) ainda está bem longe do centro da meta.

MAIS AGENDA – A semana começa os índices do gerente de compras (PMIs) de Serviços e Compostos de abril. Hoje, nos EUA (10h45) e na China (22h45). Amanhã: Reino Unido, Zona do Euro, Alemanha, Japão e Brasil. Ainda nos EUA, sai hoje o ISM de Serviços (11h).

… Amanhã (3ªF), sai a balança comercial dos EUA em março, com interesse especial nas importações, que derrubaram o PIB no 1Tri.

… Na 4ªF, antes do Fed e do Copom, saem no Brasil os dados da produção industrial de março e a balança comercial de abril.

… Na 5ªF, é a vez do BoE da Inglaterra decidir sobre a taxa de juros, com a expectativa de corte pelo mercado. No Brasil, serão divulgados o IGP-DI de abril, o IPP de março e dados de produção e vendas de veículos da Anfavea de abril.

… Já na 6ªF, a China divulga os dados do comércio exterior no primeiro minuto do dia e da inflação no final da noite, enquanto aqui sairá o IPCA de abril. Nos EUA, seis Fed boys têm falas públicas agendadas, dois dias após a decisão do Fomc.

… Ainda hoje, o IPC-Fipe de abril (5h) e a pesquisa Focus (8h25), com as atualizações de IPCA, PIB, Selic e câmbio, abrem a agenda do dia.

HADDAD – O ministro da Fazenda cumpre agenda no exterior, em viagem aos EUA e ao México, reunindo-se com representantes do setor de tecnologia para apresentar a política brasileira de data centers. A volta ao Brasil está prevista para 5ªF, dia 8.

… Neste domingo, Haddad reuniu-se com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, mas a Fazenda não deu detalhes dos temas tratados.

… O ministro está na Califórnia, onde deverá visitar empresas de tecnologia nos próximos dias, entre elas, Google, Nvidia e Amazon. Uma das prioridades do governo federal para este ano é a implantação de uma política de atração de datacenters para o Brasil.

BRASÍLIA – Comissão especial sobre a isenção do IR será instalada esta semana, quando o relator Arthur Lira deve apresentar o calendário de trabalhos. O presidente da Câmara, Hugo Motta, no entanto, avalia que o projeto só deve ser votado no segundo semestre.

… A possibilidade de instalação de CPI na Câmara para investigar o escândalo de corrupção no INSS está na pauta política, assim como as negociações do PL da Anistia e o julgamento de mais um núcleo de envolvidos na trama golpista de 8 de janeiro, no STF.

… No Senado, a CCJ deve realizar amanhã (3ªF) uma audiência pública sobre o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária do consumo, que trata das competências e da estrutura organizacional do Comitê Gestor do IBS.

… Também na 3ªF, a CAE do Senado vota o projeto de lei complementar que limita o comprometimento dos municípios com o pagamento de encargos da dívida com a União a 30% da sua receita anual, incluindo os repasses do governo federal ao município.

LULA VIAJA – O presidente viaja para a Rússia na 5ªF, onde tem compromissos até sábado, a poucas semanas da cúpula do BRICS. No fim de semana, Lula segue para a China, onde participará do IV Fórum China-CELAC na semana que vem.

BALANÇOS DA SEMANA – Estão previstos para hoje os resultados de TIM, CCR. Aura Minerals, Tegma, Hidrovias do Brasil, Pão de Açúcar, Pague Menos, Grupo Mateus, Profarma e, em Nova York, Ford Motor e Tyson Foods.

… Na 3ªF: Embraer, Raia Drogasil, Vibra, Odontoprev, Vamos, Vulcabras, Blau Farmacêutica, JSL, e, em NY, AMD e Super Micro Computers.

… Na 4ªF: Rede D’Or, Klabin, Ultrapar, Carrefour, Banco Inter, Engie Brasil, Auren, Fras-Le, Vivara, Dexco, Eletromídia, Guararapes, C&A, Mills, Minerva, Lavvi, Valid, Iochpe-Maxion, Espaço Laser, Desktop, Grupo Multi, CSU, Estapar, Quero-quero, Aeris e Walt Disney (NY).

Itaú e Ambev vêm na 5ªF, junto com CSN Mineração, B3, Suzano, Localiza, Rumo, Copel, Energisa, Totvs, Hapvida, Renner, Cemig, Smartfit, Assaí, CSN, GPS, Alupar, Sanepar, Unipar, Três Tentos, Fleury, Magazine Luiza, Azzas, Grendene, Alpargatas, Cogna…

… E ainda na 5ªF: Intelbras, Simpar, Ecorodovias, Petrorecôncavo, JHSF, MRV, Randon, CBA, Plano&Plano, LWSA, Petz, Tenda, Mater Dei, BR Partners, Camil, Ânima, Wiz, Zamp, Mitre Realty, HBR, IMC, Lopes Brasil e, lá fora, Levetch e Mercado Livre.

… Na 6ªF, fechando a semana, Banco ABC Brasil, Banco Pan e Braskem.

FERIADOS – Hoje, 2ªF, estão fechados os mercados no Japão (Dia das Crianças), China (Dia do Trabalho) e no Reino Unido (bancário).

SO FAR, SO GOOD – O relatório do payroll bombou contra as previsões, na 6ªF, com a criação de 177 mil vagas em abril superando o teto esperado (175 mil). A taxa de desemprego nos EUA ficou em 4,2%, no consenso do mercado.

… Embora mais fraco do que no mês anterior, o número não ficou tão longe das vagas abertas em março (185 mil).

… A surpresa positiva com o indicador forte provocou ajustes nas apostas para o Fed, lançando especulações de juros elevados por mais tempo, com o primeiro corte projetado majoritariamente só para a reunião de julho.

… Esta precificação, que antes do payroll era de 44%, subiu a 56%. A chance de manutenção está em menos de 20%.

… Já para o encontro de junho, a maioria espera agora que o juro fique estável (65,8% x 41,8% antes) e foram esvaziadas as estimativas de que o Fed alivie a política monetária no mês que vem (esta chance caiu de 55% para 33%).

… Se de um lado o payroll abalou a expectativa de relaxamento antecipado do juro, de outro, foi muito positiva a percepção de que os EUA não estão à beira do precipício de uma recessão, apesar da guerra comercial de Trump.

… A potencial chance de o Fed adiar um corte para o 3Tri puxou os rendimentos dos Treasuries. O yield da Note de 2 anos, que reflete a política monetária, subiu para 3,834%, de 3,709% do pregão anterior, e o retorno de 10 anos foi de 4,221% para 4,311%.

… Simultaneamente aos sinais de que a economia americana não está entrando em colapso, as notícias de que a China está disposta a negociar com Washington sobre a política protecionista injetaram otimismo em Wall Street.

… Pela primeira vez em quase 20 anos, o S&P 500 completou um rali de nove altas consecutivas. No intervalo de um mês, desde que Trump anunciou as tarifas recíprocas, as bolsas americanas vêm protagonizando uma rápida recuperação.

… Na 6ªF, o S&P 500 avançou 1,47%, a 5.686,61 pontos; o Dow Jones subiu 1,38%, a 41.316,75 pontos; e o Nasdaq ganhou 1,50%, a 17.977,72. Meta (+4,34%) continuou repercutindo os bons resultados trimestrais da companhia.

… O alívio do resultado do payroll, combinado aos possíveis progressos sobre as tarifas, levou os investidores a desarmarem posições defensivas no câmbio, derrubando o índice DXY do dólar (-0,21%) para 100,030 pontos.

… Subiram o iene (a 145/US$), o euro (+0,13%, a US$ 1,1308), a libra esterlina (US$ 1,3281) e, aqui, o real, com o dólar em baixa de 0,38%, negociado no mercado à vista a R$ 5,6549 no fechamento. Fica a expectativa de furar R$ 5,60, se a sorte continuar virando em NY.

… Com os EUA aparentemente mais longe do perigo de uma recessão, o Copom pode ganhar de última hora um argumento forte para ser mais conservador (como Galípolo andou sinalizando) e subir a Selic em mais 0,50pp na 4ªF. As apostas em 0,25pp perderam força.

… Os contratos futuros dos juros subiram em toda a curva do DI na 6ªF, com o Jan/26, a 14,670% (contra 14,662% no pregão anterior); o Jan/27, a 13,950% (13,877%); Jan/29, a 13,585% (13,510%); e Jan/31, a 13,800% (13,770%).

… Sem conseguir acompanhar o entusiasmo das bolsas em NY, o Ibovespa fechou estável (+0,05%, aos 135.133,88 pontos), com volume financeiro de R$ 24,2 bilhões. Mas não está longe de renovar o seu topo histórico (137.343 pontos).

… Vale operou fraca (ON, -0,11%, a R$ 52,80) e ainda os bancos ficaram no vermelho: Santander (-2,24%; R$ 28,86), Bradesco PN (-2,11%; R$ 13,44); Bradesco ON (-1,55%; R$ 12,04); Itaú (-0,25%; R$ 35,47); e BB (-0,10%; R$ 28,90).

… Já Petrobras exibiu fôlego (ON registrou +2,0%, a R$ 32,69; e PN, +2,73%, a R$ 30,81), contrariando a queda do petróleo Brent, que caiu 1,35% (a US$ 61,29 por barril), antecipando o novo aumento da produção confirmado pela Opep+.

EM TEMPO… M. DIAS BRANCO teve lucro líquido de R$ 69,4 milhões no 1TRI25, queda de 55,2% s/ 1TRI24; Ebitda recuou 42%, para R$ 160,9 milhões; receita líquida subiu 3,2%, para R$ 2,208 bilhões.

BUFFET. Megainvestidor anunciou no sábado a sua aposentadoria, aos 94 anos, que deve acontecer no final deste ano…

… Diante de milhares de investidores da Berkshire Hathaway, Warren Buffet indicou o vice-presidente, Greg Abel, como seu sucessor.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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