Copom em setembro – Destaque PicPay
Por Ariane Benedito, Economista-Chefe do PicPay
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 15,00% ao ano. A comunicação adotou um tom cauteloso e vigilante, reforçando a necessidade de juros elevados por período prolongado diante de expectativas desancoradas e da persistência de pressões inflacionárias. O Banco Central reconhece que a atividade econômica doméstica mostra sinais de moderação, mas o mercado de trabalho segue aquecido, o que mantém a inflação de serviços resiliente.
No cenário externo, o Comitê destacou a incerteza relacionada à política econômica dos Estados Unidos e às tensões geopolíticas, fatores que aumentam a volatilidade dos ativos e exigem maior prudência de países emergentes. No campo interno, o Copom alertou que a inflação medida e as expectativas seguem acima da meta: a Focus projeta 4,8% para 2025 e 4,3% para 2026, enquanto a estimativa do Banco Central para o primeiro trimestre de 2027 está em 3,4%.
O balanço de riscos continua assimétrico. Entre os riscos de alta, o Copom citou a possibilidade de desancoragem mais prolongada das expectativas, a resiliência da inflação de serviços e a pressão de políticas econômicas que levem a um câmbio mais depreciado. Já entre os riscos de baixa, mencionou uma desaceleração mais forte da atividade doméstica, um enfraquecimento global mais intenso e eventual queda de commodities.
O Comitê ainda acompanha os efeitos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, assim como os desdobramentos da política fiscal interna. Diante desse quadro, reforçou que a Selic em patamar contracionista é condição necessária para assegurar a convergência da inflação à meta. Além disso, deixou claro que está pronto para retomar o ciclo de aperto, caso julgue necessário.
À frente, nossa expectativa é de que o Banco Central mantenha a estratégia contracionista, preservando a Selic em 15% até o fim de 2025. Entendemos que um ciclo de afrouxamento monetário só deve ocorrer quando houver maior clareza sobre a materialização dos riscos de baixa, o que traria confiança na convergência das condições financeiras. Nesse contexto, a avaliação dos próximos indicadores domésticos, bem como da trajetória de juros nos Estados Unidos, será determinante para definir se o BC terá espaço para iniciar cortes já a partir de janeiro de 2026.