Crise é monitorada, mas não afeta ativos
… Mais um dado do emprego nos EUA será divulgado hoje: a pesquisa ADP com as vagas no setor privado (9h15), em meio às expectativas pelo payroll (amanhã), que pode ajustar as apostas ao juro. Nesta 3ªF, números fortes do relatório Jolts e do PMI industrial esvaziaram qualquer reação a Powell, que admitiu em Sintra uma ação do Fed “em algum momento”. Os indicadores positivos e a aprovação do pacote fiscal de Trump puxaram as taxas dos Treasuries. Aqui, a produção industrial (9h) é destaque da agenda, com previsão de queda de 0,5%, enquanto a decisão do governo de recorrer ao STF para manter o aumento do IOF teve pouca influência nos ativos, apesar de render grande espaço no noticiário político. O mercado monitora o embate sem saber no que vai dar. A única certeza é que antecipou a campanha eleitoral de 2026.
… Em que pesem preocupações sobre a pauta econômica no Congresso, governistas sustentam que o Planalto ficou sem alternativa após o presidente da Câmara, Hugo Motta, romper o acordo com a Fazenda e aprovar de surpresa o Projeto de Decreto Legislativo (PDL).
… Se Lula não respondesse, dizem os aliados, estaria jogando fora o último ano do seu mandato, ficando ainda mais (do que já está) refém do Legislativo. O presidente foi para o jogo desafiado pelo Congresso, o primeiro a radicalizar.
… O discurso do “nós contra eles”, recuperado por Lula e Haddad, antecipa a mensagem do PT para a disputa do ano que vem.
… A partir de agora, é ver como as coisas evoluem, se para uma crise crônica ou para uma acomodação, que não pode ser descartada em se tratando de política, onde o desenho das nuvens muda a todo instante.
… Como reação inicial, parlamentares ameaçam atrapalhar a votação do projeto de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil/mês. A apresentação do parecer do deputado Arthur Lira, prevista para a última 6ªF, foi adiada em acordo com a Fazenda.
… Deputados avisam que dificilmente o texto será votado antes do recesso parlamentar, marcado para começar em 18 de julho, e líderes dizem, nos bastidores, que a crise afetará toda a agenda do governo no Legislativo.
… A MP com novas medidas de arrecadação, entre elas a taxação de aplicações financeiras e de bets, também estaria ameaçada, assim como o projeto que visa a financiar o programa Tarifa Social, para isentar a população de baixa renda das contas de luz.
… Parlamentares também estão irritados com o tom de campanha e com vídeos que circulam nas redes sociais, que pintam o Congresso como “inimigo do Brasil” ou ilustram um cabo de guerra entre a classe média (“atraso”) e o trabalhador (“avanço”).
… No Estadão, irritados com o Planalto, deputados dizem que as retaliações podem aumentar mais, pois há na sala de espera Propostas de Emenda à Constituição para proibir o Executivo de aumentar impostos por MP e até para extinguir o IOF.
… A decisão de recorrer ao STF foi anunciada em entrevista do Advogado Geral da União, Jorge Messias, pela manhã, argumentando que a derrubada do decreto que aumentou o IOF pelo Congresso viola o princípio da separação dos poderes.
… A ação está com o ministro Alexandre de Moraes, que trabalha no recesso do Judiciário e pode dar uma liminar a qualquer momento.
… Haddad disse que para fechar o orçamento de 2026 com cumprimento da meta de superávit de 0,25% do PIB precisa do IOF, além de corte de R$ 15 bilhões em benefícios tributários e dos efeitos da MP com elevação de impostos sobre bets e aplicações financeiras.
NÃO É BEM ASSIM – Apesar do acirramento do ambiente político, o Senado aprovou ontem à noite a MP do Fundo Social, incluindo a permissão para o leilão de petróleo e gás excedentes do pré-sal, e que pode arrecadar até R$ 20 bilhões ao governo.
… O texto, que havia sido aprovado pela Câmara, precisa ser sancionado até amanhã, 5ªF, para não perder a validade.
MAIS AGENDA – A retração de 0,50% para a produção industrial em maio (9h), segundo a mediana do Broadcast, após alta de 0,10% em abril, já deve refletir a perspectiva de acomodação da atividade no segundo trimestre, pelo efeito do juro elevado.
… Segundo economistas, a despeito da expectativa de queda, a indústria extrativa ainda deve apresentar bom desempenho no mês.
… Antes (8h), sai o IPC-S Capitais e, à primeira hora do dia (5h), o IPC-Fipe de junho.
… Estão ainda na agenda o emplacamento de veículos em junho, da Fenabrave, e o fluxo cambial semanal do BC (14h30).
… Às 12h30, o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, participa de conferência do Citi em São Paulo, e, às 13h30, o diretor de regulação do Banco Central, Gilneu Vivan, participa de evento da ABBC.
LÁ FORA – O relatório ADP de criação de empregos no setor privado (9h15) é o dado mais relevante, com previsão de ter aberto 103 mil vagas em junho, contra apenas 37 mil em maio. Ontem, o Jolts já veio forte, superando as estimativas.
… A pesquisa mostrou abertura de 7,769 milhões de postos de trabalho em maio, contra projeção de 7,3 milhões. A grande expectativa é pela divulgação do payroll de junho, cuja divulgação será antecipada para amanhã (5ªF), em virtude do feriado de 4 de Julho.
… Às 11h30, o DoE divulga os estoques de petróleo nos Estados Unidos, que, na semana anterior, caíram 5,8 milhões de barris.
… Na Zona do Euro, a Eurostat divulga a taxa de desemprego em maio (6h) e dois dirigentes do BCE falam: Luis Guindos (5h) e Philip Lane (7h30). A presidente do banco, Christine Lagarde, volta a discursar hoje (11h15).
CHINA – Divulga no final da noite (22h45) o PMI/Caixin do setor de serviços em junho.
O LINDO PROJETO – O presidente da Câmara dos Estados Unidos, Mike Johnson, afirmou que os republicanos irão trabalhar rapidamente para aprovar até o dia 4 de julho o texto do projeto de lei orçamentário de Trump, que passou ontem no Senado.
AFTER HOURS – Tranquilizados por terem passado nos testes de estresse do Fed, o JPMorgan e Morgan Stanley anunciaram aumento de dividendos após o fechamento, mas terminaram o pregão estendido com altas moderadas.
… Os papéis do JPMorgan subiram 0,29% e as ações do Morgan Stanley avançaram 0,33%.
VEIO A CALHAR – Vindo de três pregões de alívio firme, o dólar estava só precisando de uma justificativa para desencadear uma correção e, neste contexto, a decisão do governo de judicializar o IOF caiu como uma luva.
… Também para a curva do DI, que havia queimado bastante prêmio no dia anterior, a crise em Brasília atuou no pano de fundo para facilitar uma realização natural de lucro, puxada ainda pela alta dos juros dos Treasuries.
… Na parada estratégica, depois de ter caído quase 5% no acumulado de junho, o dólar à vista fechou em alta de 0,50%, a R$ 5,4612. Mas pode permanecer abaixo de R$ 5,50, se der tudo certo com o payroll e com as tarifas.
… Além disso, o câmbio tem a Selic altamente atrativa, a 15%, como trunfo para manter o real apreciado.
… Para a Genial Investimentos, embora a dinâmica de preços esteja mais construtiva no curto prazo e o Caged de maio tenha indicado atividade mais fraca, o ciclo de cortes do juro pelo BC só deve começar no 2Tri do ano que vem.
… Segundo a casa, a conjuntura de expansionismo fiscal e as expectativas inflacionárias ainda desancoradas devem levar o BC a manter a Selic no nível atual por um período “bastante prolongado”, como o Copom já prometeu.
… Quebrando o efeito positivo da recente rodada de indicadores inflacionários, que mostraram perda de fôlego dos preços, causou surpresa ontem o reajuste médio de 13,94% das tarifas de energia elétrica da Enel em SP.
… O porcentual veio quase no triplo do esperado pela gestora de investimento ASA, que esperava 5% e elevou a projeção para o IPCA de junho de 0,12% a 0,21%, avisando que a aposta para o ano (5,2%) também deve subir.
… Um dia depois de terem derretido, os juros futuros ensaiaram uma acomodação, com o IOF e o aumento das taxas dos Treasuries no radar. Os contratos fecharam com sinais mistos, mas todos pertos dos ajustes.
… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,915%, na mínima do dia (de 14,928% no ajuste anterior); Jan/27, 14,105% (de 14,090%); Jan/29, 13,080% (de 13,068%); Jan/31, 13,160% (de 13,184%); e Jan/33, 13,230% (13,285%).
… Lá fora, os rendimentos dos Treasuries foram pressionados pelo pacote orçamentário de Trump, que passou raspando no Senado (51 x 50) e pode acentuar o déficit fiscal. Além disso, os indicadores econômicos exibiram força.
… Às vésperas do payroll, o relatório de emprego Jolts mostrou resultado melhor que o consenso, como se viu.
… No termômetro da atividade econômica, o PMI/ISM subiu de 48,5 em maio para 49 em julho (projeção: 49,1). Também o PMI medido pela S&P Global avançou no período, de 52 para 52,9, contra aposta de manutenção.
… Os indicadores reforçaram a percepção de que o tarifaço ainda não custou danos maiores à economia americana.
… A Note de 2 anos pagou 3,774%, contra 3,722%, e o retorno da Note-10 anos subiu a 4,247%, de 4,237%, apesar de Powell não ter descartado corte de juro já este mês, embora tenha recomendado esperar pelos próximos dados.
DIVISOR DE ÁGUAS – Como disse um economista do BofA às agências internacionais, estranhamente, os mercados ignoraram o comentário de Powell, no fórum em Sintra, de que “julho não é cedo demais para cortar os juros”.
… “Eu não tiraria nenhuma reunião da pauta, depende dos indicadores”, foi o que ele disse, deslocando toda a expectativa para o payroll de amanhã, que, se vier bem ruim, aí sim pode animar as apostas de corte antecipado.
… Até aqui, o placar do CME dá muito mais chance de o juro cair em setembro (91%) do que em julho (21%).
… Já no clima de esperar para ver como virá o relatório do emprego, o índice DXY do dólar não quis se arriscar e rondou próximo da estabilidade (-0,06%, a 96,819 pontos), anulando a alta exibida mais cedo com o “beautiful bill”.
… Às custas de um rombo no déficit público, o projeto de impostos e gastos de Trump promete turbinar a economia americana, neste momento em que o dólar vem tão desprestigiado pelos impactos da guerra das políticas tarifárias.
… O tombo de quase 11% do DXY no primeiro semestre dá a medida do estrago causado pelo protecionismo.
… As oscilações ontem no câmbio foram limitadas, na contagem regressiva para o indicador decisivo da semana. O euro avançou 0,11%, a US$ 1,1788, a libra esterlina ficou em US$ 1,3740 (+0,06%) e o iene subiu para 143,79/US$.
… Em Sintra, saiu fortalecida a aposta de que o BoJ deve manter o juro na reunião do final do mês (dias 30 e 31).
… Depois das marcas históricas renovadas na véspera, o S&P 500 (-0,11%, aos 6.198,01 pontos) e o Nasdaq (-0,82%, aos 20.202,89 pontos) pararam para tomar fôlego antes do payroll. Só o Dow Jones subiu: 0,91% (44.495,06 pontos.
… Quem também está flertando com recordes inéditos é o Ibov (+0,5%), que ontem superou os 139 mil pontos e marcou o terceiro melhor fechamento de todos os tempos (139.549,43 pontos), só perdendo para os picos de maio.
… Pouco mais de 500 pontos separam o índice à vista de seu recorde histórico (140.109,63). A XP mantém a aposta de que a bolsa não só cruzará este nível, como fechará o ano em 150 mil pontos, de olho nos cortes da Selic.
… Depois de uma curta realização de lucro de um dia apenas, Vale voltou a subir forte (ON, +1,35%, a R$ 53,36), animada pelo PMI industrial da China, medido pelo setor privado, que voltou ao território de expansão em junho.
… De olho na demanda chinesa, o petróleo Brent para setembro avançou 0,55%, a US$ 67,11 o barril, e motivou a Petrobras, ajudando a sustentar o Ibovespa. O papel ON ganhou 0,41%, a R$ 34,23, e PN, +0,35%, a R$ 31,49.
… Entre os papéis dos bancos, só BB ON caiu (-0,81%, a R$ 21,91). Já Itaú registrou valorização de 0,46% (R$ 37,10), Bradesco PN (+0,91%, a R$ 16,68), Bradesco ON (+0,48%, a R$ 14,35); e Santander unit (+2,02%, a R$ 30,29).
… Na liderança do ranking de altas, Embraer (+4,42%) anunciou pedido de US$ 4 bi da Scandinavian Airlines (SAS).
EM TEMPO… As empresas listadas no NOVO MERCADO rejeitaram a proposta da B3 de mudanças no regulamento…
… No total, 152 empresas do segmento votaram: 74 contra todas as propostas, 8 a favor de todas e 70 a favor de algumas propostas. Como mais de 1/3 das companhias foi contrária, as alterações não serão implementadas.
BANCO MASTER. O Banco de Brasília (BRB) informou que ainda não recebeu nenhuma comunicação por parte do BC sobre irregularidades na venda de ativos do Master, o que poderia inviabilizar a negociação de compra de 58%.
MINERVA aprovou 17ª emissão de debêntures simples, de R$ 2,5 bi, com opção de exercício de lote adicional…
… Recursos serão utilizados para investir nas atividades industriais e relações com produtores rurais, como compra e venda de gado.
IGUATEMI iniciou ciclo de administração do shopping Pátio Paulista, localizado no bairro da Bela Vista, em SP…
… Em abril, companhia anunciou que havia sido concluída a compra de participações majoritárias no Pátio Higienópolis e no Pátio Paulista, em parceria com um grupo de sócios, pelo total de R$ 2,58 bilhões.
LOCALIZA. Conselho decidiu propor em AGE incorporação da sua subsidiária integral Locamerica, como parte da estratégia de simplificação societária e ganho de eficiência operacional; assembleia está marcada para 1º/8.
TELEFÔNICA informou a aprovação da incorporação da TLF IoT pela T.Cloud Brasil, ambas sociedades controladas pela companhia.
GOL registrou prejuízo líquido de R$ 1,42 bilhão em maio, com receitas de R$ 1,54 bilhão, segundo prévia operacional divulgada ao tribunal dos EUA, como parte de seu processo de recuperação judicial (“chapter 11”)…
… Companhia destacou que prejuízo exclui o resultado negativo de R$ 271 milhões de variação cambial e resultado negativo de R$ 588 milhões referente à marcação à mercado do SN28.
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