Haddad e Campos Neto falam em evento do BTG Pactual
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[20/08/24]
… O banco central da China (PBOC) manteve os juros das LPRs de 1 anos e 5 anos estáveis em 3,35% e 3,85%, respectivamente, nesta 3ªF, em meio à grande expectativa de que Powell confirme em Jackson Hole a inflexão da política monetária nos EUA, na 6ªF. O mercado já antecipa a aposta de uma sinalização mais firme do primeiro corte em setembro derrubando o dólar em escala global. Aqui, as chances de alta da Selic, novamente admitidas por Galípolo, ampliaram a atratividade do carry trade, provocando forte apreciação do real. O dólar chegou a furar R$ 5,40 no intraday, enquanto a curva de juros perdia inclinação e o Ibov marcava recorde histórico, a um triz de vencer os 136 mil pontos. Em dia sem indicadores importantes, o Macro Day do BTG Pactual movimenta hoje os mercados.
… O evento terá a participação de Fernando Haddad (9h10), Campos Neto (10h) e do presidente da Câmara, Arthur Lira (17h20).
… No exterior, as atenções se voltam para as declarações do dirigente do Fed/Atlanta, Raphael Bostic (14h35). Mais cedo, a zona do euro divulga a inflação do consumidor de julho (6h) e o BC da Turquia anuncia decisão sobre juros (8h).
… Em discurso à noite em NY, o presidente do BC finlandês, Olli Rehn, destacou o aumento dos riscos de retração da economia na zona do euro para defender que reforçam o argumento da favor de um corte nas taxas de juro do BCE em setembro.
… Os mercados globais iniciaram a semana no pico de animação, na contagem regressiva para Jackson Hole, que tradicionalmente é palco do anúncio de mudanças na política do Fed. As pistas já estão dadas, mas a mensagem de Powell fará toda a diferença.
… Depois das ondas de estresse e volatilidade diante dos riscos de um hard landing, os investidores já acreditam em um pouso suave, com um processo tranquilo de queda dos juros, acompanhado de desinflação. Esse também é o melhor cenário para os emergentes.
… Um quadro de recessão da economia americana, que exigiria mão mais pesada do Fed, seria muito negativo para o resto do mundo.
… Na ferramenta do CME, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base do juro nos EUA em setembro passa dos 70%, enquanto menos de 30% ainda acreditam em uma queda maior, de 50 pontos. Powell deve ajustar as apostas até o fim do ano.
… No Brasil, o cenário externo mais favorável soma-se à confiança recuperada na condução da política monetária do novo Banco Central a partir de janeiro para projetar a continuidade da valorização do real. Galípolo deu conta desse primeiro desafio.
… Cotado para ser o substituto de Campos Neto, o diretor de Política Monetária endureceu suas falas nas últimas semanas, convencendo o mercado de que não haverá concessões políticas e nem cavalo de pau em sua provável gestão.
… Galípolo voltou a dizer que, na opinião dele, o balanço de riscos está assimétrico, com mais riscos pendentes para a alta da inflação, mas insistiu que isso não pode ser tomado como um guidance, que o BC está dependente de dados e todas as opções estão na mesa.
… A mensagem já começou a ter efeitos nas expectativas de inflação de 2025, que voltaram a ser reduzidas na pesquisa Focus, de 3,97% a 3,91%, embora ainda estejam acima da meta de 3%. Além disso, o expurgo da pressão cambial é outra boa notícia.
… Resta saber se, para o Copom, esses alívios serão suficientes para manter a Selic estável em 10,5%, quando a curva do DI ainda precifica aumentos de 50 pontos-base nas três últimas reuniões deste ano, já a partir de setembro.
… Também algumas casas, como o BTG Pactual, revisam em alta a sua projeção para os juros, passando a esperar aumento inicial de 25pbs em setembro, seguido de duas altas de 50pbs em novembro e dezembro, além de mais 25pbs em janeiro, com a Selic a 12%.
CHÁ DE CADEIRA – Após uma série de desentendimentos com Haddad, Pacheco descarta realizar a análise do escolhido pelo presidente Lula ao comando do BC antes das eleições municipais, em outubro, segundo apuração do Valor, nos bastidores.
… O Palácio do Planalto planeja fazer a indicação nas próximas duas semanas e Lula já vinha dizendo que, antes, teria de negociar com o presidente do Senado para incluir a sabatina e votação no próximo período de esforço concentrado, no início de setembro.
… Segundo aliados de Pacheco, no entanto, Haddad merece um “chá de cadeira” diante do desgaste na relação por causa do projeto de renegociação da dívida dos Estados, de autoria do presidente do Senado e rejeitado pela Fazenda em muitos pontos.
DESONERAÇÃO – O Senado deve votar hoje o parecer de Jaques Wagner sobre o projeto da desoneração da folha de pagamentos.
… A proposta prevê a reoneração progressiva para as empresas dos 17 setores da economia até 2027. Durante a transição, a alíquota seguirá zerada este ano, passando a 5% em 2025, 10% em 2026, 15% em 2027, chegando ao patamar de 20% em 2028.
… Já os municípios seguirão com a cobrança de 8% em 2024, 12% em 2025, 16% em 2026 e 20% em 2027.
… O relator incluiu no parecer uma série de medidas de compensação, sendo a principal delas o aumento da taxação do JCP de 15% para 20%, a pedido da Fazenda. A expectativa de arrecadação não foi informada nem por Wagner, nem pela equipe econômica.
… O texto prevê a atualização do valor dos bens imóveis, com a tributação incidindo sobre a diferença entre o valor de mercado e o custo de aquisição, com alíquota de 4% no caso das pessoas físicas e, para as empresas, de 6% de IR e 4% de CSLL.
REVISÃO DE GASTOS – O secretário-executivo do Planejamento, Gustavo Guimarães, disse que, se não houver uma decisão do Congresso sobre a compensação da desoneração até o envio do PLOA (30/8), a equipe econômica trabalhará com o cenário “prudente”.
… Isso significa que será considerada uma compensação não suficiente para cobrir o rombo fiscal.
… Em live promovida pelo Bradesco Asset, explicou que o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025 vai trazer um anexo específico para detalhar a agenda de revisão de gastos, de modo a dar maior transparência e mostrar o tamanho do esforço fiscal do governo.
… Guimarães citou três eixos da agenda de revisão de gastos: um vertical, que avalia as fraudes e usos indevidos de benefícios e propõe a redução nas distorções; um mais estrutural, que busca modernizar as vinculações no Orçamento; e outro com foco nos subsídios.
… O secretário defendeu ainda a redução do gasto com precatórios até 2027, quando a despesa precisará ser acomodada no Orçamento.
STF – Luiz Roberto Barroso reúne-se hoje com Lira e Pacheco para buscar acordo sobre a execução das emendas impositivas, suspensas por decisão do ministro Flávio Dino e referendada de forma unânime pela Corte.
… Encontro terá a presença de outros ministros do Supremo Tribunal Federal e dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jorge Messias (AGU).
AGENDA FRACA – A segunda prévia do IGP-M é o único destaque doméstico desta 3ªF.
O BODE FORA DA SALA – Em um ganho importante de credibilidade e reputação do novo BC, os comentários conservadores de Galípolo têm agradado pelo senso técnico. O mercado está gostando de ver a política fora dessa.
… A sinalização de que, se preciso, o Copom será mais duro no curto prazo para aliviar as coisas lá na frente, já tem surtido efeito nas expectativas de inflação e ontem provocou queda no juros futuros de médio e longo prazo.
… Só a ponta curta teve alta isolada, porque é a reação natural e esperada, diante de uma alta da Selic na mesa.
… Faltando quatro semanas para o próximo Copom, Galípolo lembrou ontem que todas as opções estão no radar do BC, porque ainda há indicadores de inflação e de emprego para sair na agenda doméstica, além do Fed lá fora.
… No fechamento, o DI para Jan/25 subiu para 10,845% (de 10,839% no pregão anterior). Já o Jan/26 caiu a 11,580% (de 11,650%); Jan/27, a 11,410% (de 11,560%); Jan/29, a 11,380% (de 11,500%); e Jan/31, a 11,370% (de 11,490%).
… Segundo pesquisa do Broadcast, a mediana do mercado continua a indicar Selic estável, em 10,50%, no final do ano, mas cresceu de 2% no início do mês para 42% agora a expectativa de uma retomada do aperto monetário.
… Entre 61 instituições consultadas, 25 (ou 41%) anteveem uma elevação da taxa de juro já no próximo Copom, em setembro. Para a maioria (36 casas, ou 59%) porém, o colegiado deve manter juro inalterado no próximo encontro.
… Influenciado pela expectativa de Selic alta por mais tempo e pela fraqueza global do dólar antes de Jackson Hole, o real ostentou ontem o segundo melhor desempenho entre as moedas latinas, atrás apenas do peso chileno.
… O dólar operou abaixo de R$ 5,40 na mínima intraday (R$ 5,3770). Fechou em queda firme de 1,02%, a R$ 5,4120. Desde o auge do nervosismo no início do mês, quando quase bateu R$ 5,75, a moeda já devolveu 5,73%.
… Nem a alta expressiva do iene nesta 2ªF, que poderia influenciar o câmbio, conseguiu melar o avanço do dólar.
IBOV GRITA GOL – Desbancando o recorde do fim do ano passado, o índice à vista da bolsa doméstica estabeleceu a mais nova máxima de todos os tempos, perto da marca dos 136 mil pontos: subiu 1,36%, a 135.777,98 pontos.
… Também renovou o pico histórico intraday, os 136.179,21 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,5 bilhões na sessão. Desde que o mês começou, o Ibovespa acumula ganho de 6,37% e já virou para o positivo no ano (+1,19%).
… Embalado pelo bom humor externo e pelo esvaziamento da percepção de que o novo Copom será politizado, quase 90% da carteira teórica do Ibov fechou no azul. Só não foi ainda melhor, porque Petrobras sentiu o petróleo.
… Petrobras ON cedeu 0,77% (R$ 41,24), na mínima do dia, e PN caiu 0,16% (R$ 38,44). Os papéis registraram queda mais limitada do que o Brent para outubro (-2,54%), a US$ 77,66, que reagiu às negociações de cessar-fogo em Gaza.
… O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que Israel aceitou a proposta de paz. Porém, ainda não está claro se os líderes do Hamas concordarão com o acordo para impedir a escalada dos conflitos no Oriente Médio.
… Ainda entre as commodities, o minério deu um tempo nas baixas em série e teve uma recuperação parcial (+0,71%), animando a Vale (ON, +1,60%, a R$ 56,98), Usiminas (PNA, +6,91%), CSN (ON +6,19%) e Gerdau (+2,50%).
… Sinal positivo também entre os bancos. Bradesco puxou os ganhos no setor, com salto de 5,62% (ON; R$ 14,09) e de 4,48% (PN; R$ 15,64), depois de o Goldman Sachs ter elevado a recomendação dos papéis de neutro para compra.
… Itaú ganhou 0,60%, a R$ 36,96, Santander teve elevação de 1,69% (R$ 30,75) e BB ON subiu 2,68%, a R$ 29,13.
… Petz disparou 23,87%, a R$ 23,87, ainda repercutindo a conclusão da combinação de negócios com a Cobasi. Em seguida, Marfrig avançou 13,19% (R$ 14,58), beneficiada pela elevação do preço-alvo do papel pelo BofA.
… Com o alívio dos juros futuros em grande parte da curva do DI, ações cíclicas se destacaram no ranking positivo, como foi o caso de LWSA (+12,74%; R$ 5,22%), CVC (+12,04%; R$ 2,14) e Magazine Luiza (+10,65%; R$ 13,92).
SUAVE NA NAVE – Os números não mentem sobre a melhora da percepção de risco em NY, reforçada ontem pela esperança de cessar-fogo em Gaza e expectativa de que Powell confirme o início dos cortes de juros em setembro.
… Contando os dias para Jackson Hole, o Nasdaq e o S&P 500 completaram oito pregões consecutivos de alta, na melhor sequência do ano, e o índice DXY, que mede o apelo defensivo pelo dólar, caiu à mínima desde janeiro.
… O mercado também vai monitorar a participação do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, em Jackson Hole, já que o grande desmonte das operações de carry trade após a alta surpresa do juro do Japão em julho continua a repercutir.
… O diferencial da política monetária entre as economias americana e japonesa favorece o iene, que continuará ganhando terreno no curto prazo, acredita a Capital Economics. Ontem, a moeda asiática subiu 0,68%, a 146,62/US$.
… Com a guerra que pode acabar e Powell que tem tudo para vir dovish, o investidor saiu das posições de proteção no dólar, beneficiando o euro (+0,52%), que chegou a US$ 1,1084, e a libra esterlina (+0,36%, cotada a US$ 1,2994).
… O índice DXY, que compara o dólar a outras seis divisas fortes, caiu 0,56% e furou os 102 pontos (101,886).
… Diante da menor procura pela segurança dos Treasuries de curto prazo, o juro da Note-2 anos subiu de 4,058% para 4,069%. Já o de 10 anos caiu de 3,885% para 3,867% e o do T-Bond de 30 anos recuou de 4,141% para 4,117%.
… Em Wall Street, as bolsas pegaram ritmo. O índice Dow Jones subiu 0,58%, aos 40.896,53 pontos; o S&P 500 avançou 0,97%, aos 5.608,25 pontos; e o Nasdaq fechou em alta firme de 1,39%, aos 17.876,77 pontos.
… AMD (+4,52%) se sobressaiu no campo positivo, após anunciar a aquisição da fabricante de servidores ZT Systems.
… O Goldman Sachs reduziu a estimativa de recessão nos EUA de 25% para 20%, à medida que novos dados do mercado de trabalho e de vendas no varejo provocaram uma mudança recente de humor para melhor.
… Economistas do banco observam que várias economias menores, incluindo o Canadá, tiveram aumentos consideráveis na taxa de desemprego no ciclo atual sem embarcar em um processos recessivo.
… De seu lado, o Wells Fargo reconhece o risco de recessão nos EUA, mas ainda espera um cenário de pouso suave e projeta um relaxamento monetário mais agressivo do Fed, com corte de 50pb nos juros em setembro e novembro.
EM TEMPO… MINERVA anunciou a aquisição de 98% das ações ON da Irapuru II Energia S.A., subsidiária da Elera Energia S.A; valor da compra é de R$ 20 milhões…
… Com a transação, a companhia visa implementar um projeto de autoprodução de energia por fonte fotovoltaica na cidade de Janaúba (MG).
BRASKEM. Citi elevou recomendação da ação da companhia para compra/alto risco e reduziu preço-alvo de R$ 23,50 para R$ 22,50; revisão ocorreu após dados do 2TRI da empresa virem ligeiramente acima das estimativas do banco.
ENERGISA. Controladas de Mato Grosso, Paraíba, Sul-Sudeste e Mato Grosso do Sul aprovaram a realização de novas emissões de debêntures, que totalizam R$ 680 milhões.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Semana é de Powell em Jackson Hole
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[19/08/24]
… Sem segurança total, ainda, se a economia americana conseguirá escapar de um hard landing, investidores globais querem ouvir Powell no simpósio de Jackson Hole, na 6ªF. Antes, será divulgada a ata do Fed (4ªF). Ainda na pauta internacional, a China decide juro no final da noite (22h15). Em Brasília, o relator do projeto de lei da desoneração, senador Jaques Wagner (PT), promete apresentar hoje uma nova versão do texto para tentar votar amanhã. A agenda econômica doméstica é fraca e conta apenas com as prévias do IPC-Fipe (hoje, às 5h), além do IPC-S (6ªF). Mas o mercado testa as chances de o Copom voltar a subir o juro, depois da surpresa com o salto do IBC-Br de junho, que desencadeou uma série de revisões em alta para o PIB deste ano e, em alguns casos, para a Selic.
… Causou um choque na 6ªF a força do IBC-Br de junho (+1,37%), perto do teto de 1,4% e bem acima da mediana (0,5%) das estimativas. O ritmo acelerado da atividade econômica corrobora o tom duro das últimas mensagens do BC.
… Em evento do Barclays, Campos Neto repetiu que, se o Copom tiver que subir o juro para levar a inflação à meta, fará isso. RCN disse ainda que o BC está “muito incomodado” com a desancoragem das expectativas [do IPCA].
… “Temos alguns sinais um pouco preocupantes na inflação de serviços, mas preferimos não conceder guidance [à Selic]”, disse, enquanto o presidente Lula cobrava queda do juro em evento no RS. “Não tem explicação para o atual patamar.”
… Às vésperas da indicação do novo presidente do BC, esperada para a semana que vem, Lula disse que o escolhido “vai ter que ter coragem para dizer que vai reduzir o juro, vai ter que ter compromisso com o povo brasileiro”.
… Mas em reunião dos diretores do BC, na 6ªF, a maioria dos economistas mencionou que elevar o juro é o melhor caminho. A avaliação é de que a economia continua mais forte, com um mercado de trabalho aquecido.
… Soma-se a isso o temor de que a política fiscal continue expansionista, em meio às já desancoradas expectativas de inflação do mercado. Ao menos um participante mencionou a necessidade de subir a Selic em até 200 pontos-base.
… Quem considera um ajuste deste tamanho um exagero, lembra que o Fed tem o corte de juro praticamente contratado para setembro e que o dólar roda agora abaixo de R$ 5,50, em dois importantes drivers de alívio.
… Seja como for, na reação imediata ao IBC-Br forte, pelo menos três casas que previam Selic estável (10,50%) puxaram suas previsões: ABC Brasil, (11,25%), ASA (11,75%) e Legacy (12,00%). A mediana no mercado para o PIB/24 subiu de 2,2% para 2,4% (pesquisa Broadcast).
… Nos EUA, os indicadores divulgados na 6ªF não alteraram a aposta majoritária (74,5%) de corte de 25pb pelo Fed em setembro. Para o ciclo total, no entanto, o mercado está bem dividido entre 75pb (43,9%) e 100pb (41,8%).
… A melhora no sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan (abaixo) esvaziou parte da cautela observada com o tombo nas construções de moradias em julho (-6,8%), muito pior que a previsão de -0,6%.
… Mas o mercado não se sentiu seguro nem para comprar risco (ações) nem tampouco para vender proteção (Treasuries, iene e ouro). O metal precioso renovou o recorde acima de US$ 2.500 a onça-troy.
… O Fed boy Goolsbee também causou preocupação ao dizer que alguns indicadores antecedentes dão sinais de alerta de recessão. Segundo ele, o mercado de trabalho está esfriando e “queremos estabilizá-lo no pleno emprego”.
… No fim de semana, em entrevista à CBS, Goolsbee voltou a indicar preocupações com uma recessão. “Se você mantiver a política muito apertada por muito tempo, você terá problemas no lado do emprego do mandato do Fed.”
… Também a presidente do Fed/São Francisco, Mary Daly, deu declarações no domingo, admitindo que é hora de considerar um corte do juro, mas defendeu uma abordagem “gradual”. Hoje, Christopher Waller discursa na abertura de workshop em Washington (10h15).
… Entre os indicadores da semana, vale o destaque para o PMI/S&P Global de agosto nos EUA e na zona do euro, ambos na 5ªF.
… O presidente do BC inglês (BoE), Andrew Bailey, discursa na 6ªF em painel de Jackson Hole, horas após Powell (11h). Amanhã (3ªF), sai o CPI de julho na zona do euro e o BC da Turquia divulga decisão de política monetária.
GEOPOLÍTICA – Biden disse neste domingo que as negociações pelo cessar-fogo em Gaza seguem em andamento, apesar das sinalizações divergentes de Israel e do Hamas. “Não desistimos, ainda é possível”, disse o presidente ao desembarcar na base aérea Andrews.
… As discussões são intermediadas por EUA, Egito e Catar, que relatam conversas “sérias e construtivas”, mas o Hamas rejeitou a última proposta e acusou Netanyahu de impedir o fechamento de um acordo.
… O secretário de Estado americano, Antony Blinken, iniciou neste domingo mais uma missão diplomática ao Oriente Médio. Horas antes, Israel realizou novos ataques em Gaza que mataram 19 pessoas, incluindo uma mulher e seus seis filhos.
… Já a Ucrânia destruiu uma ponte importante na região russa de Kursk e atingiu outra, seguindo com a incursão em território russo, além de ter atacado com drones uma instalação de armazenamento de petróleo na região de Rostov, causando grande incêndio.
VENEZUELA – Milhares de pessoas voltaram a tomar as ruas de Caracas neste sábado em protesto para rejeitar a reeleição de Maduro.
X – Anunciou no sábado o fechamento do escritório no Brasil, alegando ameaças e censura por parte do ministro Alexandre de Moraes (STF), que conduz inquéritos sobre a atuação de Elon Musk em campanhas de desinformação contra instituições brasileiras.
… O antigo Twitter pode, no entanto, continuar operando aqui, já que não há previsão expressa que obrigue as redes sociais a terem representantes no País. Mas a plataforma continua obrigada a seguir a legislação brasileira, segundo o Marco Civil da Internet.
… A expectativa agora é pela reação de Alexandre de Moraes, que decretou a prisão da representante legal da rede social, Rachel de Oliveira Villa Nova, por ter agido de má-fé para evitar intimação judicial, e aplicou multa de R$ 20 mil por dia à empresa.
DESONERAÇÃO – O mercado espera pelo novo relatório de Jaques Wagner, hoje, com possíveis mudanças.
… Há dois pontos polêmicos na proposta atual: o aumento de 15% para 20% na cobrança de IR de Juros sobre Capital Próprio (JCP) e a obrigação de as empresas assinarem compromisso para manter o número de funcionários.
… Na Folha, duas medidas para facilitar e agilizar o resgate de precatórios abandonados e outros depósitos judiciais podem garantir até R$ 20 bilhões em receitas para o governo e permitir o cumprimento da meta de déficit zero.
… As propostas foram incluídas por Jaques Wagner no projeto de desoneração.
… Integrante do governo que participou das negociações do parecer disse à jornalista Adriana Fernandes que é possível operacionalizar as medidas ainda este ano, dando tempo de as receitas entrarem no caixa do Tesouro.
… A primeira medida vai destravar a transferência dos depósitos que estão na Caixa para a Conta Única do Tesouro, onde fica depositado o dinheiro da União. São R$ 14,2 bilhões que ficaram indevidamente retidos.
… A segunda medida altera o prazo de resgate de valores abandonados, entre eles, garantias e precatórios.
… Nas ações em âmbito federal, o prazo caiu de 25 anos para dois anos. Após esse período estipulado, se o titular dos valores não sacar os recursos, a União poderá reivindicar o repasse para o seu caixa.
LULA – Reúne-se hoje com ministros da área econômica e política, além de líderes do governo no Congresso, em meio a pendências entre o Executivo e o Legislativo na reta final das negociações para a votação do projeto de desoneração da folha de pagamentos.
… Segundo a Coluna do Broadcast, na reunião, o governo quer negociar o fim das emendas parlamentares de comissão em troca das emendas Pix, que caem na conta de prefeituras e governos estaduais.
… Mas o presidente Lula cobra a vinculação dos repasses a políticas públicas do Executivo.
… A proposta em debate no Planalto prevê um modelo no qual deputados e senadores possam indicar recursos a seus redutos, desde que priorizem obras de programas federais, sobretudo do PAC e de saúde e educação.
… Continua em Brasília o barulho em torno da decisão do ministro Flávio Dino (STF) de suspender as emendas impositivas, até que o Congresso adote medidas de transparência para justificar os gastos.
… Em uma dupla derrota aos parlamentares, o ministro Luís Roberto Barroso negou pedido do Congresso para derrubar a decisão de Dino e o STF votou, por placar unânime, para manter a liminar contra as emendas.
… Em retaliação, Lira enviou à CCJ duas PECs que limitam o poder do STF: uma contra as decisões monocráticas do STF e outra permitindo que o Legislativo suste decisões da Corte pelo voto de 2/3 da Câmara e Senado.
… A crise deflagrada entre os Poderes ameaça travar o andamento de agendas importantes do governo.
… Em paralelo, indignado com as manobras para a retirada do regime de urgência da segunda parte da regulamentação da reforma tributária no Senado, Lira atrasa a votação dos destaques do texto pelos deputados.
… Dono da pauta, o presidente da Câmara diz que as coisas só vão andar quando este impasse for resolvido.
DI TEM GUIDANCE – Se depender do que a curva a termo está mostrando, a Selic tem quase 90% de chance de alta de 0,25pp em setembro e já aparecem até apostas mais isoladas (12%) de um aperto de meio ponto.
… O combustível das apostas conservadoras partiu do IBC-Br aquecido e, mais do que isso, dos comentários de Campos Neto de que o BC “está muito incomodado com a desancoragem das expectativas de inflação”.
… Antes de RCN, Galípolo já havia dito que um aumento da Selic está sobre a mesa do Copom, admitindo que as expectativas são uma forte preocupação. Hoje, é importante a atualização da pesquisa Focus (8h25).
… Na 6ªF, foi Campos Neto falar para os juros curtos e o miolo da curva zerarem a queda e virarem para o positivo, no movimento que coincidiu com a redução do ritmo de baixa lá fora das taxas dos Treasuries. Só a ponta longa do DI caiu.
… No fechamento, o DI para Jan/25 estava em 10,840% (contra 10,797% no pregão anterior); Jan/26, a 11,635% (de 11,545%); Jan/27, a 11,540% (de 11,512%); Jan/29, a 11,505% (de 11,534%); e Jan/31, a 11,490% (11,520%).
… Boa para o carry trade, a combinação da perspectiva de Selic mais alta e corte do Fed levou o dólar a fechar em queda de 0,29%, a R$ 5,4678. Só não caiu mais porque o iene subiu bastante (mais de 1%) no exterior.
… Além disso, a valorização do real foi limitada pela baixa das commodities, na esteira da fraqueza da China.
… A pergunta que fica é: se o dólar seguir acompanhando por aqui a tendência de enfraquecimento no exterior com o Fed dovish e chegar a R$ 5,40 ou menos, o Copom pode se valer do câmbio para manter a Selic estável?
BATEU NA TRAVE – Sabotado pelo recado de Campos Neto de que a alta da Selic não está fora do radar, o Ibovespa cansou depois de oito pregões seguidos no azul e ficou devendo um novo recorde histórico de fechamento.
… Antes de perder força, o índice à vista ainda teve tempo de renovar pela manhã a máxima histórica intraday (134.781,44 pontos). Mas depois se afastou do pico e perdeu os 134 mil pontos no final dos negócios (133.953,25).
… Encerrou o pregão em leve queda de 0,15%, com volume financeiro de R$ 28,5 bilhões, em dia de exercício de opções.
… Profissionais comentam no Broadcast que a bolsa está em uma região de resistência técnica. Mas o BBA não descarta um contra-ataque do Ibov, mirando os 137 mil pontos primeiro, depois os 141 mil, até bater 150 mil.
… O efeito RCN afetou papéis mais sensíveis ao ciclo econômico. Magalu liderou o ranking negativo, caindo 5,34%, a R$ 12,58. Em seguida, Azzas recuou 5,27% (R$ 51,10).
… Os bancos ficaram sem direção única. No lado negativo, Bradesco ON registrou -1,62% (R$ 13,34), Bradesco PN, -1,25% (R$ 14,97) e Itaú, -0,84% (R$ 36,74). Já BB subiu 0,78% (R$ 28,37) e Santander, +0,70% (R$ 30,24).
… Com possível atuação dos comprados no game das opções, Petrobras desafiou a queda do petróleo e subiu 0,39% (ON, a R$ 41,56) e 0,42% (PN, a R$ 38,50), enquanto o Brent para outubro caiu 1,68%, a US$ 79,68.
… O barril sentiu a incerteza sobre a demanda global, depois de Goolsbee (Fed) ter expressado a preocupação em relação a sinais de recessão nos EUA e reiterado a cautela com o crescimento da taxa de desemprego.
… Em má fase, o minério de ferro engatou nova queda (-0,99%) e pesou para a Vale (ON, -0,27%, a R$ 56,08).
… A maior valorização do dia foi de Petz (+9,28%; R$ 3,77), depois de anunciar a conclusão da fusão com a Cobasi.
… Dexco foi excluída da 2ª prévia da carteira teórica do Ibov. Entraram Auren, Caixa Seguridade e Santos Brasil.
DORME DE OLHO ABERTO – Com leituras divergentes, os indicadores dos EUA divulgados na 6ªF não afetaram a aposta de corte de 25pb pelo Fed em setembro. Mas não deu para relaxar totalmente a guarda nos negócios.
… A queda de 6,8% nas moradias iniciadas nos EUA (um recuo 11 vezes maior que o esperado), os alertas de recessão de Goolsbee e a cautela com as tensões no Oriente Médio provocaram algum apelo defensivo.
… Na busca da proteção dos Treasuries, o rendimento da Note-10 anos recuou de 3,914% para 3,885% e o do T-Bond de 30 anos, de 4,175% para 4,141%. O juro da Note-2 anos caiu a 4,058%, contra 4,095% na véspera.
… Investidores ainda recorreram ao status de segurança do iene (147,71/US$), que subiu mais de 1% e ajudou a explicar a queda de 0,50% do índice DXY do dólar, para 102,463 pontos. O euro (US$ 1,1026) retomou US$ 1,10.
… Já as bolsas em NY, depois de uma abertura negativa com os dados fracos do setor imobiliário nos EUA, conseguiram reverter as perdas e operar levemente no positivo com a confiança do consumidor (Michigan).
… O indicador subiu pela primeira vez em cinco meses, para 67,8 em agosto, superando a previsão de 67,0. As expectativas de inflação se mantiveram estabilizadas no horizonte de 12 meses (em 2,9%) e cinco anos (em 3%).
… O Dow Jones subiu 0,24%, a 40.659,76 pontos; o S&P 500 avançou 0,20%, a 5.554,25 pontos, e registrou a melhor semana do ano, com ganho acumulado de 4%; e o Nasdaq teve alta de 0,21% na 6ªF (17.631,72 pontos).
… Agora, é esperar por Powell em Jackson Hole para calibrar cada vez melhor a aposta para o Fed de setembro.
EM TEMPO… Ministro dos Transportes, Renan Filho, disse em entrevista no domingo à CNN que o valor do acordo entre o governo e a VALE sobre o pagamento de concessões ferroviárias exploradas pela mineradora será “muito superior ao de acordos anteriores”…
… “Não posso dizer exatamente o valor, porque isso está em negociação, mas posso garantir que é várias vezes superior aos outros dois acordos. Não é uma vez ou duas vezes, é várias vezes superior”, afirmou.
MARFRIG aprovou a 17ª emissão de debêntures, no valor de R$ 500 milhões.
BRADESCO E ITAÚ anunciaram parcerias com grandes gestoras de recursos da China; movimento vai permitir que brasileiros invistam no país asiático e vice-versa.
CIELO comunicou o encerramento do seu programa de ADRs, após o leilão da oferta pública de aquisição de ações (OPA) da empresa nesta semana.
3R PETROLEUM registrou produção média diária de 54.911 boe em julho, alta mensal de 6%, segundo prévia operacional.
ENERGISA registrou aumento no consumo de energia elétrica em suas áreas de concessão no mês de julho de 11,9%, na comparação anual, alcançando 3.349 gigawatts-hora (GWh)…
… Esse volume representa a maior taxa de aumento em 18 anos.
FLEURY abriu programa de recompra de até 1,3 milhão de ações a partir de 19 de agosto.
REDE D’OR. No início do mês, fez proposta aos controladores da Dasa, ofertando R$ 1 bilhão, para cancelar a fusão com os hospitais da Amil, anunciada há dois meses. A proposta foi recusada. (Lauro Jardim, Globo).
AZZAS. Citi tem recomendação de compra para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 72,00…
… Banco participou do Investor Day da Azzas, quando a empresa divulgou pela primeira vez seu plano de integração, e disse ter ficado “positivamente surpreso”.
COGNA recebeu autorização do MEC para oferecer curso de medicina na Faculdade Anhanguera São Luís (MA).
EZTEC informou que “não há negociação” ou “intenção” de realizar combinação de negócios com a Construtora Adolpho Lindenberg (CAL)…
… Segundo a companhia, a relação com a CAL, já divulgada, inclui a constituição da Ezcal Participações, parceria firmada em maio de 2022.
QXO. O trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira comprou 10% da empresa de soluções tecnológicas, que busca se tornar líder no setor de distribuição de material de construção nos EUA, informou Lauro Jardim (Globo) no fim de semana.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Dia tem IBC-Br, dados em NY e chance de recorde no Ibov
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[16/08/24]
… Cada vez mais fechado para a aposta de que o Fed vai estrear o ciclo com corte menor no juro (25pb), o mercado confere hoje a pesquisa da Universidade de Michigan sobre as expectativas de inflação dos consumidores (11h), além das construções de moradias iniciadas em julho (9h30). Semana que vem (6ªF), Powell fala em Jackson Hole. Em meio ao otimismo em NY, o Ibovespa está a um triz de renovar sua máxima histórica. Na agenda doméstica, o IBC-Br (9h) deve acelerar a alta em junho e pode reforçar o risco de retomada de um aperto da Selic, que já vem sendo ventilado pelas mensagens dos integrantes do Copom. Campos Neto palestra, às 10h, no evento aberto Barclays Day, em SP, e o governo tenta apressar a indicação do novo presidente do BC.
… Galípolo será indicado em duas semanas para comandar o BC, segundo fontes de Gerson Camarotti. No blog do g1, as falas recentes do diretor do BC endurecendo o tom da política monetária têm o aval do Planalto.
… No jogo combinado, Lula entende ser preciso dar musculatura e credibilidade para Galípolo assumir o cargo.
… O governo vê uma brecha no Congresso para indicar o novo presidente do BC ainda agora em agosto e aproveitar o esforço concentrado dos parlamentares antes das eleições municipais para votar a nomeação.
… A imprensa apurou que Lula avalia um anúncio em bloco dos novos nomes para o BC, além de Galípolo. O presidente avalia enviar, de uma vez só, nas próximas semanas, todas as próximas quatro indicações à diretoria.
… Caso aprovadas pelo Senado, Lula passará a ter maioria de sete indicados no Copom, que tem nove membros.
… Para o lugar de Galípolo na diretoria de Política Monetária, um nome considerado é o do economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, que tem bom trânsito na Fazenda e entre líderes do governo, apurou a Reuters.
… Marcelo Kayath, sócio da QMS Capital e ex-diretor do Credit Suisse no País, foi sondado, mas teria declinado.
… Para a diretoria de Regulação, ocupada por Otávio Damaso, um candidato é Gilneu Vivan, atual chefe do Depto de Regulação. Para a diretoria de Relacionamento, Juliana Mozachi pode substituir Carolina Barros.
… A indicação conjunta dos nomes agilizaria o processo de sabatina e votação no plenário do Senado.
… No caso de Galípolo, a indicação antecipada (o mandato de Campos Neto só termina em dezembro) evitaria surpresas e daria mais tempo para o mercado absorver a transição, num cálculo econômico importante.
… De quebra, ainda diminuiria o poder de RCN, o que, de certa forma, já vem acontecendo. Galípolo tem roubado a cena e os elogios da Faria Lima, ao vestir o figurino de falcão, duro na queda contra a inflação.
DESONERAÇÃO – Pacheco adiou de ontem para a próxima 3ªF a votação do projeto de lei da desoneração da folha de pagamentos. Segundo ele, os partidos apresentaram uma “quantidade considerável” de emendas.
… Relator do projeto na Casa, o senador Jaques Wagner reconheceu que há dois pontos polêmicos no relatório já apresentado: aumento para 20% da alíquota do IR sobre JCP e a regra para empresas manterem emprego.
… Senadores da oposição apresentaram destaque para retirar ambos os trechos do texto final. Jaques Wagner se comprometeu a apresentar na 2ªF uma nova versão de seu relatório para tentar vencer as resistências.
… A aprovação das medidas compensatórias à desoneração é observada de perto pelo mercado, diante das dificuldades fiscais enfrentadas, com frustração das receitas para cobrir o rombo das contas públicas.
… No cálculo da Instituição Fiscal Independente (IFI), o governo precisa gerar superávit primário de R$ 36 bi até dezembro para chegar ao limite inferior da meta fiscal do ano: déficit de R$ 28,8 bi, equivalente a 0,25% do PIB.
… Reportagem do Broadcast informa que, até o momento, a Receita conseguiu a adesão de só 17 contribuintes às condições especiais de pagamento introduzidas na lei do Carf, que devem gerar R$ 87 milhões ao cofres.
… O resultado frustra a Fazenda, que esperava número maior de adesões para ampliar as receitas e atingir as metas. Já nesta 5ªF, operadores identificaram algum desconforto nos negócios com os ruídos fiscais (abaixo).
DINO X CONGRESSO – Aguerra entre os Poderes ameaça travar o ritmo do andamento de agendas importantes do governo, segundo o Broadcast Político, e pode jogar a regulamentação da reforma tributária para 2025.
… A Câmara, Senado e 11 partidos (PT, PL, União Brasil, PP, PSD, PSB, Republicanos, PSDB, PDT, Solidariedade e MDB) recorreram ao STF para suspender a liminar de Dino que interrompe a execução de emendas impositivas.
… A intenção é pressionar Luis Roberto Barroso para se manifestar a respeito do que consideram abuso de prerrogativa de Dino, que exige “eficiência, transparência e rastreabilidade” aos repasses do Congresso.
… O pedido do Congresso e dos partidos para que Barroso casse as liminares de Dino foi feito um dia antes do início do julgamento pelo STF das decisões monocráticas de Dino no plenário virtual, que começou à meia-noite.
… Como relator, Dino foi o primeiro a votar e defendeu a manutenção de sua decisão liminar. Os demais ministros vão votar na plataforma online, em uma sessão extraordinária que terá duração de 24 horas.
REFORMA TRIBUTÁRIA – O pedido do relator Eduardo Braga a Haddad para que a regulamentação do texto não seja apressada no Senado abriu crise com Lira, que não aceita tratamento diferente do dispensado à Câmara.
… A matéria foi votada pelos deputados sob regime de urgência e Lira exige celeridade também no Senado.
… Ele argumenta que um atraso na tramitação pode fazer com que lobbies econômicos provoquem mudanças no texto aprovado na Câmara. O impasse contamina a votação do segundo texto da regulamentação da reforma.
… A apreciação dos destaques estava prevista acontecer na última 4ªF, mas Lira segurou a pauta e sinalizou que a votação só vai andar quando se dissolver o impasse sobre a tramitação da reforma tributária no Senado.
MAIS AGENDA – O crescimento da produção industrial e do volume de serviços em junho deve sustentar a terceira alta consecutiva do IBC-Br, para 0,50% em junho (mediana do Broadcast), contra 0,25% em maio.
… As estimativas, todas positivas, vão de 0,20% a 1,40%. Na comparação anualizada, o “PIB do BC” deve crescer 2,50%, acelerando em relação à alta anterior, de 1,30% em maio. O piso projetado é de 0,20% e o teto, 4,10%.
… Antes do IBC-Br, saem dois dados de inflação, às 8h: a prévia do IPC-S e o IGP-10 de agosto, que deve acelerar para 0,70% em agosto, após subir 0,45% em julho. As projeções são todas positivas e variam de 0,35% a 0,95%.
… Às 9h30, os diretores do BC Diogo Guillen e Paulo Picchetti participam de reunião com economistas. Otavio Ribeiro Damaso profere palestra à tarde (16h) sobre “Inovação e Tecnologia”, no Voga Conference 2024.
NOS EUA – Às 14h25, Goolsbee (Fed) fala em evento. Às 14h, saem os dados de petróleo da Baker Hughes.
TÃO LONGE, TÃO PERTO – Quem sabe hoje, se os comprados derem uma força no exercício das opções, o Ibov consiga vencer a curtíssima distância (só 40 pontos) até o recorde de todos os tempos (134.193,71 pontos).
… Em sinal de que quer igualar o topo e ir além, o índice à vista estabeleceu ontem o seu mais novo pico intraday, aos 134.574,50 pontos, desbancando o recorde anterior de 134.391,67 pontos, que havia sido batido em dezembro.
… Mas alguma fadiga chamou uma mini-realização de lucro e, assim, ainda não foi desta vez que a bolsa partiu para a façanha de uma nova máxima histórica de fechamento. Mas bancou a 8ª alta seguida e se firmou acima dos 134 mil.
… Fechou em alta de 0,63%, aos 134.153,42 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 27,2 bilhões. Influenciado pelo bom humor externo, o desempenho dos papéis da Petrobras e dos bancos ajudou a dar impulso ao Ibovespa.
… Itaú subiu 1,59% (R$ 37,05), Bradesco ON ganhou 1,27% (R$ 13,56), Bradesco PN avançou 1,00% (R$ 15,16) e Banco do Brasil teve elevação de 0,79% (R$ 28,15). Isolado, só Santander fechou estável (-0,03%, a R$ 30,03).
… Colada ao petróleo, Petrobras ON registrou +1,02% (R$ 41,40) e Petrobras PN, +1,54% (R$ 38,34). Lá fora, dados fortes nos EUA (abaixo) ofuscaram os temores persistentes sobre o enfraquecimento da demanda na China.
… Além disso, a cotação do barril foi influenciada pela geopolítica. O mercado aguarda potencial ataque a Israel por parte do Irã, em reação ao assassinato do líder político do Hamas. O Brent/out subiu 1,60%, a US$ 81,04.
… Vale interrompeu três pregões em queda e subiu 0,41%, para R$ 56,23, conseguindo se desvencilhar da espiral de baixa do minério de ferro (-2%), na quarta baixa consecutiva, para o menor nível em quase dois anos.
… Na liderança do ranking positivo do Ibovespa, IRB disparou 30,66% (R$ 42,49), após reportar um salto de 224,6% no lucro líquido do 2TRI. Em seguida na lista, Alpargatas avançou 4,83% e Magalu subiu 4,32%.
… Na ponta negativa, Petz recuou 9,69%, a R$ 3,45, após registrar queda de 79,8% no lucro líquido do trimestre. Outros destaques entre as maiores perdas foram Natura (-5,76%; R$ 13,90) e Cemig (-3,84%; R$ 11,51).
PRESSÃO DUPLA – Dois fatores colocaram o dólar ontem novamente perto da marca dos R$ 5,50: a alta da moeda em escala global com os dados fortes nos EUA e os ruídos políticos e fiscais em Brasília.
… Não tem sido tranquila a volta do Congresso do recesso, com a demora na regulamentação da reforma tributária e na votação da desoneração, sem falar no desconforto deflagrado pela crise das emendas de Dino.
… Em recomposição parcial das posições defensivas, o real não conseguiu desfrutar do tombo de mais de 1% do iene (favorável ao carry trade) e tampouco faturou a alta do petróleo (favorável aos países produtores).
… Após tocar a mínima de R$ 5,4513 pela manhã, o dólar virou. Mas fechou comportado, em alta moderada de 0,27%, cotado a R$ 5,4838. Ainda cai 0,57% na semana e acumula desvalorização de 3,03% em agosto.
… A percepção consolidada de que o Fed pode ser mais econômico na dose de corte do juro em setembro (25pb) puxou as taxas dos Treasuries e, por aqui, os juros futuros acompanharam a pressão externa.
… Também a virada do dólar para o positivo contribuiu para recompor prêmio de risco na curva do DI.
… No fechamento, o DI para Jan/25 estava em 10,785% (contra 10,753% no pregão anterior); Jan/26, 11,530% (de 11,411%); Jan/27, 11,490% (de 11,350%); Jan/29, 11,470% (de 11,399%); e Jan/31, estável, 11,430%.
GOOD NEWS IS GOOD NEWS – “Estamos de volta a um ambiente em que boas notícias são boas notícias em NY”, resumiu Bret Kenwell (eToro). “Investidores querem que a inflação caia, mas não às custas da economia.”
… Os comentários ilustram o sentimento de alívio dos mercados nesta 5ªF com a nova rodada de dados fortes de atividade nos EUA, que repercutiram muito bem, depois do pesadelo de recessão despertado pelo payroll.
… As vendas no varejo em julho (1%) cresceram mais do que o triplo do previsto (+0,3%), depois de terem ficado estáveis em junho, em uma sinalização importante do consumo, que representa cerca de 2/3 do PIB dos EUA.
… Além disso, o número de americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego caiu semana passada (-7 mil, a 227 mil, abaixo do consenso de 233 mil), indicando que o mercado de trabalho não está tão fraco.
… Alberto Musalem (Fed) disse que a mão de obra apertada já não representa risco ascendente claro à inflação.
… Ainda ontem, a produção industrial recuou 0,6% ante junho, pior que a previsão (-0,3%). Mas a consultoria Capital Economics ressalvou que o dado refletiu interrupções temporárias, que devem ser revertidas em agosto.
… Com os indicadores apontando para uma economia aquecida, cresceu ainda mais a chance de o Fed abrir o ciclo de cortes do juro com uma dose menos agressiva, de 25pb (74,5% no CME), contra 25,5% de redução de 50pb.
… As apostas em um Fed mais conservador dispararam as taxas dos Treasuries, sustentaram o dólar e derrubaram o índice de volatilidade VIX abaixo dos 15 pontos, voltando ao nível da pré-turbulência do payroll.
… Mesmo com a precificação de um Fed menos dovish, as bolsas em Wall Street deslancharam, porque tudo o que ninguém quer é ter que administrar o perigo de um hard landing na economia norte-americana.
… O S&P 500 avançou 1,61%, a 5.543,22 pontos, e zerou as perdas acumuladas em agosto. Nasdaq ganhou 2,34%, a 17.594,50 pontos, e também está quase virando para o positivo no mês. Dow subiu 1,39% (40.563,06).
… No ajuste à chance de corte menor do juro do Fed em setembro, o juro da Note de 2 anos subiu de 3,957% para 4,095%. A taxa do título de 10 anos avançou de 3,832% para 3,914%, mas ainda seguiu abaixo de 4%.
… Com a tese esvaziada de pouso forçado nos EUA, o índice DXY, que mede a força do dólar, avançou 0,40%, para quase 103 pontos (102,977). O euro caiu 0,35%, a US$ 1,0977, e o iene derreteu 1,42%, para 149,00/US$.
… O tombo foi provocado pelo alívio de que um megaterremoto alertado no Japão não deve ocorrer.
… Só a libra esterlina subiu (+0,24%), a US$ 1,2855, com dados fortes de atividade no Reino Unido. O PIB/2Tri (+0,9% na comparação anual) e a produção industrial (+0,8%) superaram o esperado (0,6% e 0,3%, pela ordem).
EM TEMPO… BTG concluiu aquisição do controle acionário do Banco Nacional e submeterá no prazo legal à CVM pedido de registro de oferta pública unificada de aquisição de até a totalidade das ações remanescentes de emissão.
ELETROBRAS lançou programa de demissão consensual incentivada. Em março, na teleconferência de resultados, o presidente da empresa, Ivan Monteiro, afirmou que não era esperado o anúncio de novos PDVs.
GERDAU informou que a Addiante, joint-venture da Gerdau Next com a Randon, celebrou contrato de locação de equipamentos com a Ambipar…
… Negócio prevê a compra de 1.607 veículos pela Addiante, que deverão ser substituídos por nova frota em até 24 meses; após a substituição de cada veículo por um novo, Ambipar deverá locá-los por período mínimo de 60 meses.
SABESP. BB Investimentos elevou preço-alvo da ação de R$ 76,50 para R$ 101, mantendo recomendação neutra; mudança ocorreu após revisão do modelo, devido à “excelente performance operacional” da companhia no 2TRI.
RUMO fará 7ª emissão de debêntures no valor de R$ 800 milhões.
SUZANO concluiu programa de recompra de ações, iniciado em janeiro, após adquirir 40 milhões de papéis em pregão; ativos foram recomprados ao preço médio de R$ 54,81 cada, resultando em R$ 2,19 bi gastos no programa…
… Agora, a companhia detém 13,7 milhões de ações em tesouraria.
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