EUA e China chegam a acordo preliminar
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[11/06/25]
… As delegações dos EUA e da China anunciaram ontem à noite um acordo para resolver o impasse sobre terras raras – principal interesse de Washington na reaproximação com Pequim. A informação foi confirmada pelos negociadores dos dois países, que levarão as propostas aos seus líderes. Na agenda dos indicadores lá fora, destaque para a inflação americana (CPI), que deve acelerar em maio. Aqui, a maior expectativa é pela participação de Haddad em audiência na Câmara (10h), quando deve defender as medidas alternativas ao IOF. Galípolo também fala em evento (8h30), mas, em período de silêncio para o Copom na próxima 4ªF (18), não terá a chance de corrigir as declarações hawkish que começam a ser questionadas, após o IPCA no piso das projeções resgatar apostas em manutenção da taxa Selic.
… Com investidores à espera de detalhes do acordo preliminar costurado em Londres entre os EUA e a China, as notícias foram recebidas sem grande entusiasmo nos pregões asiáticos e com os futuros de NY em pequenas quedas.
… Na Bloomberg, analistas dizem que o mercado deve acolher com satisfação o progresso, mas prefere esperar pelo aval de Trump e Xi.
… Uns dizem que o “diabo mora nos detalhes”, outros, questionam o restabelecimento da confiança entre Trump e Xi, e ainda há aqueles que notam uma influência valiosa da China sobre as exportações de terras raras para extrair concessões dos EUA.
… Em sua declaração, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, confirmou um acordo para implementar uma estrutura que pode resolver a questão do envio de terras raras e ímãs da China para empresas dos Estados Unidos.
… Pequim havia imposto uma série de controle de exportações a esses produtos, após a aplicação das tarifas recíprocas. A falta de terras raras afeta uma série de cadeias de produção mundiais e o prolongamento do problema pode impactar a economia global.
… Lutnick disse que esse é o primeiro passo para firmar um acordo comercial com a China, “retirando toda a negatividade” em torno da negociações. A informação foi confirmada também pelo principal negociador comercial da China, Li Chengang.
… O secretário do Tesouro, Scott Bessent, que integrava a comitiva americana em Londres, antecipou a volta aos EUA, porque hoje fala na Câmara dos Representantes (11h de Brasília) e no Senado sobre Orçamento fiscal (16h30).
… Ainda ontem à noite, Trump conseguiu mais uma vitória com a decisão do Tribunal de Apelações dos EUA de estender uma prorrogação do prazo para o governo continuar aplicando suas tarifas globais, contestando a decisão de um tribunal que bloqueou as tarifas.
… Já os protestos em Los Angeles se mantêm como a crise da política anti-imigração do presidente americano.
… Ontem à noite, a prefeita Karen Bass decretou toque de recolher no centro da cidade, pedindo a Trump que suspenda as batidas do Ice. As manifestações já duram cinco dias e se espalham para outras cidades, como San Francisco, Chicago, Atlanta e Nova York.
… Na agenda dos indicadores, o CPI deve manter a alta de 0,2% em maio, mas com aceleração na base anual de 2,3% em abril para 2,5%. Para o núcleo, a expectativa é de avanço de 0,2% para 0,3% na base mensal e de 2,8% para 2,9% no acumulado de 12 meses.
… O dado da inflação nos Estados Unidos está previsto para as 9h30 e é importante para a reunião do Fomc, também no dia 18/6.
… Aqui, o IPCA em maio desacelerou a 0,26%, de 0,43% em abril e bem abaixo da mediana de pesquisa Broadcast (0,34%), com surpresas positivas também na abertura dos dados, tirando prêmios dos juros de curto prazo e animando o Ibovespa (leia abaixo).
HADDAD – Ministro esteve duas vezes no Alvorada, nesta 3ªF, para apresentar a Lula o resultado das conversas com líderes do Congresso, no domingo, e as medidas que devem compor a Medida Provisória e que permitirão a revisão do IOF.
… À noite, falando ao Jornal Nacional, Haddad confirmou que o governo abrirá uma discussão com o Congresso para identificar quais são as propostas da agenda estrutural de gastos que contam com apoio entre os parlamentares.
… Ele citou como exemplos projetos que já estão em tramitação, como o que limita os supersalários dos servidores e ainda o que trata da aposentadoria dos militares. “Tem uma série de temas que podem ser resolvidas num prazo muito curto.”
… O ministro rebate, assim, as críticas de que o governo não está preocupado com o corte de gastos, dividindo essa responsabilidade com o Congresso. O próprio Hugo Motta, depois de defender medidas estruturais, pôs em dúvida a agenda difícil.
… “Sentados à mesa”, disse Haddad, “vamos abrir a discussão para saber quais as ideias que têm simpatia do Congresso e que podem ser levadas em frente. Assim que nós tivermos um inventário dessas iniciativas, vamos poder ter mais clareza do que é possível votar.”
… O ministro ainda defendeu as medidas apresentadas como alternativa ao decreto do IOF, afirmando que não representam um aumento de carga tributária. “A vida de quem uma renda mais baixa vai melhorar, nós estamos provocando o morador da cobertura.”
… Mais cedo, aos jornalistas, falou que a Fazenda vai apoiar uma comissão de líderes do Congresso que será formada para avaliar medidas de redução dos gastos primários e que ajudarão a cortar 10% das isenções fiscais – que somam mais de R$ 500 bilhões este ano.
… Sobre uma redução linear do gasto tributário, disse que a Fazenda até gostaria de fazer uma mudança mais ampla, mas houve consenso em tocar a proposta mexendo apenas nos benefícios infraconstitucionais. Isso deixa de fora o Simples e a Zona Franca de Manaus.
… Questionado pelos repórteres, Fernando Haddad minimizou a fala de Hugo Motta de que o Congresso não assumiu o compromisso em aprovar as medidas apresentadas na MP. “É uma fala de prudência”, disse o ministro, voltando ao seu tom habitual.
AS MEDIDAS CONFIRMADAS – O aumento da tributação das Bets, de 12% para 18%, e a taxação de 5% dos títulos de renda fixa isentos, como LCIs e LCAs, “são medidas estruturais e justas do ponto de vista tributário”, segundo o ministro.
… Haddad insistiu que servirão para corrigir distorções e equilibrar a tributação do mercado financeiro. “Vai favorecer a queda do juro, a queda do dólar e vai também garantir a meta fiscal desse ano e a meta de 2026.”
… O ministro confirmou ainda que serão fixadas alíquotas para todas as aplicações financeiras no patamar de 17,5% e que a elevação da alíquota dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%, foi uma sugestão dos parlamentares que estará na MP.
… No meio do pacote, deve entrar a compensação da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mês com a tributação da alta renda, que Haddad sustentou que também vai no sentido de corrigir distorções tributárias.
HOJE – Às 17h, a Secretaria de Política Econômica da Fazenda divulga estudo sobre os impactos da reforma do IRPF.
… Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, inicia às 10h a sua participação em audiência pública conjunta das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.
… Hugo Motta participa junto com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, da abertura do Simpósio Liberdade Econômica, às 8h30.
MAIS AGENDA – O IBGE divulga hoje (9h) os dados regionais da Pesquisa Industrial de abril e o BC, o fluxo cambial semanal (14h30).
… Nos EUA, além do CPI, o DoE divulga os estoques de petróleo (11h30). Na Zona do Euro, não há indicadores previstos.
SUCESSOR DE POWELL – Na Bloomberg, um número crescente de conselheiros dentro e fora do governo Trump tem defendido o nome do secretário do Tesouro, Scott Bessent, para comandar o Fed a partir de maio/26.
… O presidente americano afirmou que anunciará “muito em breve” o substituto no comando do BC.
… A lista restrita de candidatos em análise inclui Kevin Warsh, antigo membro do Fed, que Trump chegou a entrevistar para o cargo de secretário do Tesouro em novembro, segundo fontes próximas às negociações.
ASSIM CAMINHA A UNANIMIDADE – Marcadas por idas e vindas, as apostas para o Copom da semana que vem sofreram nova reviravolta com o IPCA no piso do esperado, que desacelerou de 0,43% (abril) para 0,26% (maio).
… O mercado só não convergiu direto ontem para a precificação de pausa da Selic em 14,75%, por causa das declarações recentes do Galípolo, lidas como conservadoras, e que haviam resgatado as chances de nova alta.
… Como ele agora já entrou em período de silêncio para a próxima reunião de política monetária, não é daí que virão novas pistas para o juro. Mas a agenda dos indicadores ainda tem potencial de agitar os negócios.
… Se mostrarem enfraquecimento, as vendas no varejo em abril, que saem amanhã, e os dados de serviços, na 6ªF, terão tudo para animar ainda mais o sentimento de que o ciclo de aperto da Selic chegou ao fim da linha.
… Para parte dos profissionais, se o BC insistir em continuar subindo a Selic, para 15%, será por pura teimosia, porque, além o IPCA comportado, as expectativas inflacionárias seguiram em queda no Focus desta semana.
… Nem mesmo toda a polêmica do IOF tende a ser considerada agora pelo Copom. Com a taxa básica de juro já em nível suficientemente elevado, dá tempo de o BC esperar para ver a resolução do impasse em Brasília.
… Em meio à mudança de última hora provocada pelo IPCA, na curva a termo, a probabilidade de manutenção da Selic avançou de 36% para 45%, esvaziando as apostas em continuidade do aperto (caíram de 64% para 55%).
… Como se vê, a chance de o Copom seguir contracionista continua majoritária, mas disputa de perto com uma pausa na Selic, sinalizando que uma virada no quadro de apostas não pode ser desconsiderada. Segue o jogo!
… Para o BofA, o BC já pode parar, diante da perda de fôlego de medidas subjacentes de inflação.
… Também a Armor Capital confia que dá para a Selic ficar onde está, diante do alívio com os bens industriais, que registraram alta de apenas 0,06%, além da surpresa baixista observada na alimentação em domicílio.
… Ainda para o Daycoval, que citou a deflação da gasolina, a abordagem hawkish do BC chegou ao limite.
… A inflação de serviços, usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços, desacelera lentamente, de 0,20% em abril para 0,18% em maio, com o mercado de trabalho e a massa salarial aquecidos.
… Considerando apenas meses de maio, o resultado do IPCA foi o mais baixo desde 2023 (elevação de 0,23%). A taxa acumulada em 12 meses arrefeceu depois de três meses seguidos de avanços, de 5,53% para 5,32%.
… Ainda assim, segue bem acima do teto da meta (4,5%), o que leva algumas casas a projetarem política monetária conservadora, caso do Goldman Sachs, que aponta pressões inflacionárias “altas e disseminadas”.
… Apesar de a ASA ter reconhecido que o alívio do IPCA deve implicar viés de baixa na estimativa atual de 5,4% para a inflação do ano, o dado de maio não alterou sua projeção de outra alta de 25 pontos-base para a Selic.
… O PicPay cortou a previsão do IPCA/25 de 5,6% para 5,3%. A Tendências Consultoria reduziu de 5,5% para 5,2% e o UBS BB manteve em 5%, mas admitiu que pode reconsiderar a sua projeção para um nível inferior.
INCLINAÇÃO DOVISH – A recalibragem das expectativas para a inflação e para o próximo Copom imprimiu queda em toda a curva do DI e animou os investidores a voltarem às compras na bolsa doméstica.
… O contrato de juro para Jan/26 recuou para 14,850% (de 14,875% no fechamento anterior); o Jan/27, a 14,155% (de 14,185%); Jan/29, 13,515% (de 13,635%); Jan/31, 13,690% (13,790%); e Jan/33, 13,760% (13,850%).
… O Ibovespa terminou o dia em alta de 0,54%, aos 136.436,07 pontos, com giro financeiro de R$ 20,7 bilhões.
… Chamou a atenção o rali de Petrobras ON (+3,65%, a R$ 32,38) e PN (+3,02%, a R$ 30,05), embalada por rumores de uma possível pressão do governo Lula para a estatal distribuir dividendos extraordinários neste ano.
… Diante da especulação, os papéis ignoraram a virada do petróleo para baixo, que deu sinais de cansaço. O Brent/agosto, que vem de um salto de mais de 6% na semana passada, caiu de leve: -0,25%, a US$ 66,87.
… Vale (+0,68%, a R$ 53,65) operou descolada do minério de ferro (-0,85%), que cai há dois pregões.
… Entre os bancos, o destaque negativo ficou com BB (ON, -0,87%), repercutindo o corte pelos analistas do Itaú BBA do preço-alvo da ação, de R$ 29 para R$ 25. Itaú PN caiu 0,30%, cotado a R$ 36,00 no fechamento.
… Bradesco ON subiu 0,15%, a R$ 13,71; Bradesco PN fechou estável (-0,06%, a R$ 15,83); e Santander, +0,28%.
… No câmbio, o dólar chegou a cair durante o pregão, em linha com o recuo do DI após o IPCA. Mas zerou o movimento, quando o petróleo passou a recuar, enfraquecendo moedas de países produtores da commodity.
… O dólar à vista fechou em leve alta de 0,14%, a R$ 5,5704, acompanhando a tendência externa. Na torcida pelo desfecho positivo das negociações comerciais entre os EUA e a China, o DXY subiu 0,16%, a 99,098 pontos.
… O euro operou estável (+0,04%, a US$ 1,1434) e a libra caiu 0,35%, a US$ 1,3505, com a alta no desemprego e queda nos salários do Reino Unido em abril reforçando a aposta de novos cortes de juro pelo BC inglês (BoE).
… De seu lado, o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, antecipou em fala no Parlamento japonês que a política monetária deve ser mantida semana que vem, adiando o início do ciclo de alta. O iene recuou a 144,83/US$.
… O otimismo despertado pelos comentários do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, de que as conversas entre os governos de Washington e Pequim estavam “indo bem”, estimulou ganhos nas bolsas em NY.
… O índice Dow Jones fechou em alta de 0,25%, aos 42.866,87 pontos. O S&P 500 ganhou 0,55%, aos 6.038,80 pontos, enquanto o índice eletrônico Nasdaq terminou com avanço de 0,63%, aos 19.714,99 pontos.
… Em clima de esperar para ver o CPI, os juros dos Treasuries oscilaram em intervalos estreitos e sem tendência única. A taxa da Note-2 anos subiu a 4,011%, de 4,009% na véspera, e a de 10 anos caiu a 4,467%, de 4,486%.
EM TEMPO… Magda Chambriard disse, em evento da Firjan, que a Petrobras quer aumentar o seu poder de gestão na BRASKEM, mas não quer estatizar a petroquímica, da qual a estatal é sócia com a Novonor…
… Os ADRs da Braskem exibiram pouca reação às declarações no after hours: subiram só 0,26%, após terem disparado 5,52% no pregão regular em NY. Já no Ibovespa, as ações PNA da Braskem saltaram 4,67% ontem.
VIBRA ENERGIA. Conselho de Administração aprovou a reeleição de vice-presidentes da companhia, considerando a recomendação favorável do comitê de governança, pessoas e remuneração…
… Com prazo de dois anos, seguirão nos cargos Augusto Ribeiro Junior (Vice-presidente Executivo Financeiro e RI)…
… Clarissa Della Nina Sadock Accorsi (Vice-presidente Executiva de Energia Renovável) e Marcelo Fernandes Bragança (Vice-presidente Executivo de Operações da Vibra Energia S.A.).
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IPCA e medidas da Fazenda dividem atenção
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[10/06/25]
… Na agenda vazia de indicadores lá fora, o destaque é para o segundo dia de reuniões entre os EUA e a China, que acontece em Londres. Representantes dos dois países voltam a se sentar à mesa a partir das 6h da manhã (hora de Brasília). A expectativa é positiva nos mercados. Embora Trump tenha dito que a China “não é um país fácil”, revelou que as negociações estão “indo bem”. Aqui, é dia do IPCA de maio, que deve desacelerar para 0,34% (mediana do Broadcast), de 0,43% em abril, com uma desaceleração ainda mais importante da média dos núcleos, como consequência do recuo dos preços dos alimentos e da deflação das passagens aéreas. Em Brasília, a espera é pelos detalhes do novo IOF e das novas propostas da MP da Fazenda, que deverão ser levadas hoje por Haddad a Lula, de volta da França.
… O mercado teve uma reação em dois tempos às medidas anunciadas parcialmente após a reunião de domingo na residência oficial da Câmara. Primeiro, prevaleceu o mau humor, porque nenhuma medida estrutural foi assumida pelo ministro, Motta ou Alcolumbre.
… Depois, desconfiou que toda essa conversa de enfrentar os temas que fazem o Orçamento insustentável não passava de retórica. E no período da tarde, já tinha certeza de que foi um jogo jogado e que vai ser muito difícil ver um corte de gastos em ano pré-eleitoral.
… Então os ânimos se acalmaram, porque o que não tem remédio, remediado está, e os juros e o dólar caíram (abaixo).
… No Estadão, foi o recuo no IOF que reduziu a pressão do setor privado com a decisão de zerar a alíquota fixa do risco sacado e permitiu que Haddad ganhasse tempo com a MP para negociar com o Congresso as alternativas para ampliar a arrecadação.
… A MP terá prazo de 120 dias, enquanto o ministro tenta reforçar os argumentos para repor os R$ 20 bilhões perdidos no IOF. Ao final do prazo, alguns pontos devem deixar de vigorar, como, por exemplo, a tributação sobre as LCAs e LCIs, que deu tanta gritaria.
… Fora que essas medidas não entrarão em vigor de imediato, por questões de noventena. É, portanto, uma espécie de saída contábil. O ministro finge que está cumprindo o arcabouço e o Congresso finge que acredita. Daqui a quatro meses, arranjam-se outras soluções.
… Quanto às medidas estruturais, o relato obtido pelo jornal é que os parlamentares do PT e aliados foram os primeiros a se opor a cortes de gastos e medidas para limitar o crescimento dos gastos com saúde e educação e a desvinculação do salário-mínimo do INSS.
… Nas apurações de bastidores da mídia sobre a reunião de domingo, todo mundo saiu dizendo que essas medidas não vão acontecer.
… O próprio presidente da Câmara, Hugo Motta, disse isso em outras palavras em evento do Valor, Globo e CNN, nesta 2ªF.
… Segundo ele, o Congresso se comprometeu a avaliar as medidas da MP, mas não se comprometeu em aprová-las, admitindo que pode haver um “descasamento” com as propostas apresentadas pela Fazenda como alternativa para “recalibrar” o IOF.
… O presidente da Câmara disse ainda que os gastos com Fundeb e BPC foram “pouco tratados” na reunião de domingo, assim como as emendas parlamentares e os fundos de participação de Estados e municípios (FPE e FPM).
… Haddad revelou na reunião que os custos que o governo tem com o Fundeb estão caminhando para algo em torno de R$ 70 bilhões, e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) poderá representar um gasto maior do que o Bolsa Família, em dois ou três anos.
… As desonerações podem chegar a R$ 800 bilhões e cortar 10% dessa renúncia fiscal, como pediu Haddad, daria uma folga e tanto.
… O governo sabe que é necessário entrar nesse debate, disse Motta, “mas tem receio, porque se preocupa com a questão eleitoral, e os deputados que vão disputar a eleição no ano que vem também não querem assumir o ônus dessas medidas”.
… Para além das questões eleitorais, o presidente da Câmara descreveu o jogo de empurra que pode travar tudo.
… “O cara que tem um incentivo não quer deixar de ter. Quem está ali ganhando salário acima do teto não quer deixar de ganhar o salário acima do teto. O Parlamento não quer discutir corte de emendas. E o governo não quer ir contra a sua base eleitoral.”
… Resumindo, a agenda estrutural não foi destacada, porque não houve acordo sobre as medidas que todo mundo sabe quais são, que têm um diagnóstico praticamente unânime, um prognóstico consensual, mas que ninguém está disposto a enfrentar.
… A novidade é a postura dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, que surpreenderam ao abrir o diálogo sobre temas intocáveis. Pode-se dar o benefício da dúvida se foi pura retórica. Mas o que eles queriam, derrubar o IOF, já levaram.
AS NOVAS MEDIDAS – A decisão de Haddad de taxar em 5% as LCAs e as LCIs, antecipadas já na saída da reunião de domingo, gerou forte repercussão negativa nos setores imobiliário e do agronegócio, nesta 2ªF.
… Para a Abecip, o fim da isenção das Letras de Crédito Imobiliárias vai encarecer os financiamentos habitacionais, já que o instrumento é uma das principais fontes de recursos para o setor, representando cerca de 17%, contra 27% do FGTS e 32% da poupança.
… Também a Frente Parlamentar da Agropecuária disse que “a gente simplesmente não pode aceitar” a taxação das Letras de Crédito do Agronegócio, porque elas são hoje a principal fonte de recursos livres direcionados à concessão de crédito rural.
… A tributação de título de renda fixa isentos é uma das propostas que deve estar na MP anunciada por Haddad, junto com o aumento de taxação sobre as bets, de 12% para 18%, e alíquotas mais elevadas para as Fintechs, igualando a CSLL às dos bancos.
… Haddad pensa também incluir na MP um projeto para a JCP que está na Câmara e ainda não foi votado. Para marcar posição.
MAIS AGENDA – Antes do IPCA (9h), duas prévias de inflação serão divulgadas hoje: a primeira quadrissemana de junho do IPC-Fipe (5h) e o primeiro decêndio do IGP-M (8h). Para o IPCA, a mediana das estimativas aponta para 0,34% em maio (de 0,43%).
… Às 10h, a ABCR divulga o fluxo em estradas pedagiadas no mês de maio.
… Às 10h, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, abre o Tech 2025 da Febraban, que deve render muito noticiário, já que contará com a participação de vários banqueiros, entre os quais, Milton Maluhy Filho (Itaú), Marcelo Noronha (Bradesco) e Mario Leão (Santander).
… O evento, no Transamerica Expo Center, é aberto à imprensa e será transmitido por YouTube.
… Às 13h30, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, participa de audiência pública na Comissão Especial sobre Inteligência Artificial e, às 14h, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, participa de audiência pública na Câmara.
… Às 16h, o secretário-executivo do BC, Rogerio Antonio Lucca, palestra sobre o Drex no Febraban Tech 2025.
LOS ANGELES – Em meio aos protestos violentos contra as políticas de imigração, Trump ordenou o envio para a cidade de 700 fuzileiros navais, em uma disputa de força particular com o governador da Califórnia, Gavin Newsom.
… A insistência do presidente norte-americano em assumir o comando da repressão às manifestações é vista como uma violação da Constituição pelo governo estadual, que entrou com processo contra Trump nesta 2ªF.
… “Esta é uma crise fabricada para permitir que ele [Trump] assuma o comando de uma milícia estadual”, disse o governador californiano, apontando o uso inconstitucional do poder executivo para usurpar a autoridade do estado.
JOGO DE CENA – Quando o mercado sacou que a MP da Fazenda não vai valer e que as medidas devem parar de vigorar ao fim da vigência de 120 dias, em outubro, dando tempo para Haddad negociar, o estresse baixou.
… O dólar caiu 0,14%, cotado a R$ 5,5619, depois de ter quase raspado em R$ 5,60 na máxima (R$ 5,5988).
… Junto com o câmbio, o DI aliviou prêmio de risco: Jan/26, a 14,850% (de 14,905% no pregão anterior); Jan/27, a 14,185% (de 14,290%); Jan/29, 13,635% (13,710%); Jan/31, 13,790% (13,830%); e Jan/33, 13,850% (13,870%).
… Ao Broadcast, o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, observou que, à medida que sai de cena a ajuda do IOF no efeito desacelerador da economia, aumenta a necessidade de o Copom subir o juro.
… Galípolo tem insistido que as opções estão todas em aberto para a reunião de política monetária da semana que vem, mas o investidor tem notado inclinação mais hawkish em muitos de seus comentários recentes.
… Na prática, o recuo no IOF aumenta a pressão para a Selic continuar subindo e alcançar 15%.
… O Ibov reproduziu até o fechamento dos negócios o incômodo com a proposta alternativa da Fazenda ao IOF, mas à tarde se afastou bastante da mínima do dia (134.119), embora tenha fechado abaixo dos 136 mil pontos.
… O índice à vista fechou em queda de 0,30%, a 135.699,38 pontos. O recuo foi limitado pela alta moderada de 0,59% da Vale, que fechou na máxima do dia (R$ 53,29), em direção contrária ao minério de ferro (-0,71%).
… Temendo pelo impacto na rentabilidade, os bancos não gostaram da história da alíquota da CSLL. Mas as ações têm espaço de recuperação, agora que o investidor se deu conta que nada deve sair do papel.
… Itaú PN registrou desvalorização de 0,52% (R$ 36,39), Bradesco PN perdeu 0,75% (R$ 15,84) e Bradesco ON, -0,65% (R$ 13,69). Já Santander unit (+0,07%; R$ 28,75) e BB ON (+0,09%; R$ 21,73) ficaram estáveis.
… Petrobras PN caiu 1,55% (R$ 29,17) e ON recuou 1,05% (R$ 31,24), na contramão do petróleo. Confiante no progresso das negociações comerciais entre EUA e China, o Brent para agosto subiu 0,86%, a US$ 65,29.
CLIMA DE SUSPENSE – Em NY, as bolsas exibiram fôlego reduzido, à espera da rodada de conversas em Londres.
… O Dow Jones ficou estável, a 42.761,76 pontos, assim como o S&P 500 (+0,09%), a 6.005,88 pontos. O Nasdaq subiu pouco, só 0,31%, em 19.591,24 pontos. Os desdobramentos entre Washington e Pequim serão decisivos.
… Dia morno também nos Treasuries, enquanto as conversas com os chineses se estendem. O juro da Note de 2 anos caiu a 4,009%, contra 4,038% na véspera, e o rendimento do título de 10 anos recuou a 4,486%, de 4,505%.
… O investidor assume alguma cautela antes do anúncio da inflação do CPI de maio, amanhã, depois de o último payroll forte ter animado uma briga nas apostas para o Fed em setembro, entre estabilidade e queda do juro.
… De olho no que sairá da mesa de negociações comerciais, o índice DXY cedeu 0,25%, a 98,939 pontos. O iene subiu para 144,56/US$, o euro avançou 0,27%, para US$ 1,1428, e a libra ganhou 0,23%, cotada a US$ 1,3560.
EM TEMPO… Conselho de Administração da EQUATORIAL aprovou proposta de aumento de capital social da companhia em R$ 12,56 milhões; assim, capital social da empresa passará a ser de R$ 12,63 bi…
… Serão emitidas 700.253 novas ações ON, com o total de papéis chegando a 1.254.548.088 de ações ON; preço de emissão dos novos papéis foi definido em R$ 17,94.
TOTVS. Controlada Dimensa fechou contrato de R$ 260 milhões para a aquisição da totalidade da plataforma do setor de seguros Agger.
AGROGALAXY reduziu em 38,8% o prejuízo líquido ajustado no 1Tri de 2025, para R$ 153 milhões, contra R$ 250 milhões no mesmo período de 2024…
… O Ebitda ajustado permaneceu negativo em R$ 58,8 milhões, mas apresentou melhora comparado aos R$ 70 milhões negativos de um ano antes.
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*com a colaboração da equipe do BDM Online
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Fechado o acordo para rever o IOF
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[09/06/25]
… Um final de semana de protestos em Los Angeles, com manifestantes ateando fogo em veículos contra a política de imigração, é a nova crise de Trump, que ainda tem pela frente hoje a reunião entre representantes americanos e chineses, em Londres. Os interesses dos EUA sobre minerais raros e as restrições de Washington à venda de softwares chineses compõem uma pauta difícil, sem garantia de acordo. A China também abre o noticiário desta 2ªF com os dados da balança comercial em maio, que confirmou a desaceleração das exportações e a queda das importações, em meio ao impasse tarifário. Aqui, investidores repercutem as medidas apresentadas ontem à noite pela Fazenda aos líderes do Congresso, que devem agradar ao mercado financeiro, com revisão do decreto do IOF e previsão de propostas estruturais.
… Era quase meia-noite quando o ministro Haddad, rodeado pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, e líderes de partidos da base aliada começou a entrevista aos jornalistas que esperavam o fim da reunião de mais de quatro horas.
… O decreto do IOF será recalibrado, com uma redução “significativa” das alíquotas inicialmente propostas. Não houve a antecipação dos detalhes, mas, questionado sobre o risco sacado, Haddad admitiu que será um dos itens mais alterados na revisão.
… O segundo ponto de consenso: o governo editará uma Medida Provisória para disciplinar a arrecadação e corrigir distorções de crédito, títulos e temas afins, que deixarão de ser isentos, mas com uma alíquota “bastante incentivada”, de 5%.
… Haddad explicou que a isenção desses títulos está causando distorções, “inclusive para o Tesouro Nacional”. Entre esses papéis estão as Letras de Crédito Agrícola e Letras de Crédito Imobiliário, cuja tributação ajudará a fechar as contas de 2025.
… O ministro confirmou, ainda, que a MP incluirá a taxação das Bets, conforme proposta feita pelos parlamentares.
… O terceiro ponto acertado na reunião diz respeito aos gastos tributários, para o enfrentamento do crescente volume das isenções fiscais, que podem chegar a R$ 800 bilhões, segundo cálculos da equipe econômica. Haddad quer cortar em, pelo menos, 10%.
… Finalmente, o quarto ponto atinge os gastos primários, ou discricionários (obrigatórios). Haddad disse que, nesse quesito, devem entrar alguns projetos que já tramitam ou tramitaram no Congresso, como a aposentadoria dos militares e os supersalários dos servidores.
… Em sua fala, Motta informou que apresentará a reforma administrativa no início de julho, mas todos eles concordaram que, antes, deve ser apurada a viabilidade política de cada matéria. Uma nova reunião será marcada para discutir essa questão em específico.
… As medidas devem ser apresentadas ao presidente Lula na volta de sua viagem, já na 3ªF pela manhã, quando deverão ser decididos os textos do novo decreto do IOF e da Medida Provisória – ambos para ajudar no cumprimento do déficit primário zero deste ano.
… Em suma, quatro pontos foram acertados: 1) recalibragem do IOF, 2) MP, 3) gastos tributários, e 4) gastos primários.
… Na sequência de Haddad, falou Hugo Motta, demonstrando grande alinhamento com a Fazenda e com David Alcolumbre. Disse que essa foi uma “reunião histórica que inaugurou o debate das isenções fiscais, que estão em níveis insuportavelmente altos”.
… Segundo o presidente da Câmara, o Congresso vai atacar os cortes infraconstitucionais, mais fáceis de serem aprovados.
… Também Alcolumbre falou, encerrando a entrevista, quando afirmou que estão “todos juntos” para buscar uma solução estrutural para as contas públicas do Brasil. “O Congresso não se furtará de debater todos os temas, mesmo os mais espinhosos.”
NO GUARUJÁ – Já no sábado, em evento do Grupo Esfera no Guarujá, o presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que a decisão do governo de, mais uma vez, anunciar aumento de impostos, “empurrou” o País para uma agenda que tem que ser discutida.
… Segundo ele, a situação atual pela qual o Brasil passa preocupa a todos. “Esse é um sentimento que deve ser, com certeza, se não a unanimidade, mas de uma grande maioria nessa plateia que tem uma importância significativa para o nosso País.”
… Convidando a todos para assumir um pouco da responsabilidade na construção dessa agenda, defendeu que “se tivermos a capacidade de encarar a realidade nua e crua, vamos perceber que não temos mais tempo para adiar, porque o que está em jogo é nosso futuro”.
… Ao contrário da expectativa geral no Fórum, Hugo Motta não antecipou as medidas que esperava receber de Haddad no domingo, mas insistiu em decisões “estruturantes”. Aos jornalistas, disse que “chegou a hora de [o Congresso] tomar decisões importantes”.
… Políticos e banqueiros presentes também foram unânimes em defender que o País deve encaminhar uma agenda fiscal focada em cortes de gastos. “Se não for por bem, terá de ser por mal”, advertiu Isaac Sidney (Febraban), em tom de confronto.
… Ainda o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, disse ser preciso coragem para enfrentar o engessamento do Orçamento e cobrou o debate das medidas estruturantes para a estabilidade do endividamento público.
GALÍPOLO HAWKISH – Também presente ao fórum da Esfera, no Guarujá (SP), o presidente do BC voltou a assumir tom mais conservador. Agora tudo o que ele diz é interpretado pelo mercado sob o viés hawkish, de que o Copom vai defender Selic de 15% ou mais.
… Evitando guidance, ele repetiu que a comunicação do BC tem se pautado por “flexibilidade e cautela”.
… Flexibilidade, segundo Galípolo, significa que as opções do Copom para a reunião da semana que vem (dias 17 e 18) estão todas em aberto. Já cautela, disse, denota o ambiente de elevada incerteza no mundo e no Brasil.
… O comentário de que o BC “já fez um grande esforço” do ponto de vista de colocar a política monetária num “patamar que é, com alguma segurança, contracionista” poderia até ser lido como sinal de que o ciclo acabou.
… “Neste ambiente (de elevada incerteza), não é esperado que se façam movimentos bruscos”. Poderia estar se referindo a uma nova alta da Selic, ou apenas descartando o meio ponto, mantendo o 0,25pp no páreo.
… Em outra pista de conservadorismo, Galípolo disse que o BC está “muito insatisfeito” com a inflação fora da meta (3%) e reiterou o compromisso de perseguir o target obstinadamente, fazendo o “que tiver que ser feito”.
… O jogo ainda está sendo jogado e o Copom, como todo mundo, ainda tem que ver como é que a polêmica do IOF vai ser endereçada por aqui e se, lá fora, Trump vai parar de fabricar crises e desistir da guerra comercial.
… Mas, se Galípolo quisesse realmente corrigir a aposta hawk assumida pelo mercado, estaria pegando bem mais leve nos comentários.
… O BTG Pactual saiu do painel no Guarujá com a convicção de que o discurso do presidente do BC não é compatível com uma pausa no processo de aperto monetário e que o juro vai subir 0,25pp este mês.
… Amanhã (3ªF), o presidente do BC, Gabriel Galípolo, faz discurso na Febraban Tech, em São Paulo.
SERÁ QUE VAI? – Reportagem no Washington Post, no fim de semana, coloca em dúvida o fim do impasse entre EUA e a China, prevendo novo acirramento das tensões comerciais pela disputa do controle sobre as chamadas terras raras.
… A China produz mais de 70% desse grupo de elementos químicos, que são difíceis de extrair e possuem enorme importância no setor de tecnologia. O país é responsável pelo processamento de 90% dos produtos no mundo inteiro. Não vai querer abrir mão desse monopólio.
… Já o Wall Street Journal informa que o controle dos minerais raros deve ser o principal tema das negociações desta 2ªF, em Londres.
… Trump deve pressionar Pequim a acelerar as exportações de terras raras e ímãs, como foi acordado em Genebra, enquanto os chineses pedirão o fim das restrições impostas por Washington à venda de motores a jato, softwares e outros produtos tecnológicos.
… No sábado, o Ministério do Comércio da China, em gesto de boa vontade, anunciou a aprovação de licenças de exportação a produtos ligados a minerais raros, citando demanda crescente nos setores de robótica e veículos de nova geração.
TRUMP & MUSK – Alarmado, o Partido Republicano alerta que o rompimento entre os dois ex-aliados ameaça desviar a atenção da agenda do Congresso e inviabilizar o “grande e belo” pacote orçamentário do presidente.
… Bombeiros de plantão tentam salvar o pacote, que ainda precisa ser votado no Senado. Apesar da preocupação de que o bate-boca público respingue no cenário político, Musk faz gestos de reconciliação.
CONFLITOS EM LOS ANGELES – Em resposta aos protestos contra a deportação nos EUA, Trump mandou 2 mil soldados para as ruas e deixou os Marines em alerta, inflamando ainda mais o clima de tensão nas ruas.
CHINA HOJE – Anunciou aumento do superávit comercial de US$ 96,1 bilhões em abril para US$ 103,22 bilhões em maio, com a desaceleração das exportações, que cresceram 4,8% (de 8,1% no mês anterior), e queda de 3,4% das importações (de -0,2%).
… Pouco antes, no final da noite de domingo, foi anunciada também a inflação do CPI de maio na China, que recuou 0,1% na base anualizada, e a inflação do PPI, que aprofundou a queda anual de 2,7% para 3,3%.
… Ainda na Ásia, o Japão divulgou a leitura final do PIB/1Tri, que registrou estabilidade em relação ao trimestre anterior, após ter subido 0,6% nos três últimos meses de 2024 em relação aos três meses anteriores.
MAIS AGENDA – Entre os indicadores da semana, destaque para a inflação em vários países, inclusive no Brasil, com o IPCA de maio, nesta 3ªF (amanhã), com expectativa de desaceleração, em função do recuo dos preços dos alimentos e deflação de passagens aéreas.
… Pesquisa Broadcast apurou que o índice deve arrefecer de 0,43% em abril para 0,34% (mediana), entre 0,26% e 0,43%. Para 12 meses, a mediana indica taxa de 5,40% em maio, desacelerando em relação aos 5,53% de abril.
… Nos EUA, a inflação ao consumidor de maio sai na 4ªF e o índice de preços ao produtor, na 5ªF, ambos com expectativas de aceleração sobre abril, quando o CPI cheio ficou em 2,3% e o núcleo, em 0,2% na base mensal e em 2,8% no acumulado em 12 meses.
… Na 6ªF, sai a preliminar de junho da Confiança do Consumidor de Michigan, com as expectativas de inflação para um ano e cinco anos.
… Nesta semana, não haverá discursos das autoridades do Fed, que estão em período de silêncio para a reunião do Fomc do dia 18.
… Ainda no Brasil, são importantes as vendas no varejo (5ªF) e o volume de serviços (6ªF) – os dois de abril. A estimativa do UBS é de recuo de 0,6% na base mensal para as vendas no varejo e de alta de 0,2% para os serviços.
HOJE – O mercado confere mais uma pesquisa Focus (8h25), com a atualização do IPCA, Selic, PIB e câmbio, enquanto nos Estados Unidos saem estoques e vendas no atacado (11h) referentes ao mês de abril.
… Ainda nesta 2ªF, mais uma Agenda Brasil promovida pelo Valor, Globo e CBN discute Reforma Administrativa, Ajuste Fiscal, Orçamento da União, Medidas Fiscais e Parafiscais, Renúncias e Isenções Fiscais, Benefícios, Custo e Efetividade.
… Estão confirmados o presidente da Câmara, Hugo Motta, o economista-chefe da ARX, Gabriel Leal de Barros, economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, economista-chefe da SulAmérica, Natalie Victal, e o Ministro do TCU, Bruno Dantas.
… A transmissão ao vivo será realizada pelas redes sociais e pelo YouTube do jornal O Globo.
DORMIU VENDIDO – Escolhendo correr o risco de ficar a descoberto antes da reunião deste domingo do IOF, o dólar saiu para o final de semana em queda e renovou a menor cotação em oito meses, na faixa de R$ 5,56.
… O investidor resolveu apostar em um desfecho positivo para a disputa travada entre o governo e o Congresso.
… Além disso, o alívio no câmbio respondeu às esperanças na nova rodada de negociações entre os EUA e a China marcada para hoje em Londres. Ainda a reprecificação das apostas para aperto adicional da Selic fortalece o real.
… O dólar à vista fechou em baixa de 0,26%, a R$ 5,5698, descolado da alta externa, depois de a surpresa com os dados fortes do mercado de trabalho nos EUA (payroll) ter esvaziado as preocupações com uma recessão.
… Prova de como o ambiente de negócios e a percepção de risco melhorou nos últimos dias, a moeda americana recuou 2,62% na semana passada na comparação com o real, acumulando perda de quase 10% (-9,88%) no ano.
… À espera da solução para o IOF e para a guerra comercial de Trump, os juros futuros compraram a expectativa de que poderá dar tudo certo e devolveram na 6ªF parte dos prêmios acumulados ao longo dos pregões recentes.
… A exceção foi a ponta curta da curva, que ficou praticamente estável, com investidores consolidando a aposta de que vem aí a nova alta de 0,25pp na Selic, se o mercado estiver decifrando certo a comunicação de Galípolo.
… O DI para janeiro de 2026 marcou 14,905% (de 14,910% no fechamento anterior). Já o Jan/27 caiu a 14,290% (de 14,365%); Jan/29, a 13,710% (de 13,790%); Jan/31, a 13,830% (de 13,930%); e Jan/33, 13,870% (13,970%).
… Os juros futuros contrariaram o salto das taxas dos Treasuries provocado pelo payroll melhor que o consenso.
A VOZ DA EXPERIÊNCIA – Se Powell já estava sem pressa de cortar o juro, ganhou mais tempo na 6ªF com a força do relatório de emprego nos EUA – um argumento de alto calibre para reforçar a tese de que o Fed pode ir devagar.
… Temendo pelo pior, por causa dos indicadores fracos do mercado de trabalho americano divulgados 48h antes do payroll (ADP e auxílio-desemprego), o mercado acabou surpreendido por um dado favorável.
… A criação de 139 mil vagas em maio superou a estimativa de 125 mil e o salário por hora cresceu 0,42%, também acima do esperado (+0,30%), contando uma história que NY queria ouvir sobre a saúde da economia.
… Sem querer perder a pose para Powell, mesmo com o indicador positivo, Trump foi às redes sociais cobrar de novo o Fed: “a Europa teve 10 cortes de juros, nós não tivemos nenhum. Vamos para 1pp inteiro”, escreveu.
… Mas, no mercado, depois do payroll, as apostas de que os juros possam ser mantidos em setembro cresceram, de 25,7% para 39,2%, embora a chance de corte ainda continue majoritária (diminuiu de 54,3% para 51,8%).
… Resistente, o dado de emprego acionou uma disparada nas taxas dos Treasuries. A da Note-10 anos voltou a rodar acima do patamar de 4,50%, em 4,505%, de 4,395% na véspera. A de 2 anos saltou a 4,038%, de 3,929%.
NÃO QUER PERDER A MAJESTADE – Somando-se ao sinal de que o mercado de trabalho americano segue aquecido, a aproximação entre os EUA e a China ajudou a recuperar parte do terreno perdido pelo dólar.
… Termômetro do fôlego da moeda norte-americana, o índice DXY subiu 0,45%, para 99,190 pontos. Caíram o iene japonês (144,82/US$), o euro (-0,44%, para US$ 1,1401) e a libra esterlina (-0,34%, a US$ 1,3529).
… Embalado pelo payroll forte e pela torcida para Pequim e Washington se entenderem, o S&P 500 resgatou os 6 mil pontos. Sem guerra comercial, o perigo de a economia descambar para o pior cenário diminui bastante.
… O S&P 500 avançou 1,31%, a 6.000,36 pontos; o Dow Jones subiu 1,05%, a 42.762,87 pontos; e o Nasdaq teve alta de 1,20%, a 19.529,95 pontos. Tesla (+3,82%) corrigiu uma pequena parte do tombo de 14% da véspera.
… Depois da troca de ofensas públicas com Trump, Elon Musk sinaliza que pretende baixar a temperatura.
… Alheio ao otimismo nas bolsas em NY e ao alívio do dólar, o Ibovespa não conseguiu relaxar na 6ªF, porque está tendo que lidar com a frustração de que o ciclo de aperto monetário pode não ter terminado ainda.
… Na ponta negativa do índice à vista, alguns papéis mais diretamente ligados ao consumo registraram perdas expressivas, como foi o caso de Magazine Luiza (-5,57%), Lojas Renner (-4,67%), Assaí (-2,94%) e Vivara (-2,42%).
… De qualquer maneira, o tom de cautela do Ibov (-0,10%, aos 136.102,10 pontos) foi limitado pela reação das ações da Petrobras, depois da instabilidade recente com as mudanças cogitadas no setor para compensar o IOF.
… Petrobras ON subiu 1,19% (R$ 31,57) e Petrobras PN ganhou 0,92% (R$ 29,63), alinhadas ao petróleo, que subiu com o payroll e já estava fechado quando saiu a boa notícia de que os EUA e China vão se reunir hoje.
… O contrato do Brent para agosto avançou 1,73%, para US$ 66,47, e acumulou um rali semanal de 6,15%.
… O minério subiu 0,86% na 6ªF, sem empolgar a Vale (+0,13%, a R$ 52,98). Entre os bancos, BB caiu 2,38% (R$ 21,71); e Santander, -0,73% (R$ 28,73). Bradesco ficou estável (ON, -0,07%, a R$ 13,78; e PN, -0,06%, R$ 15,96).
… A exceção no setor financeiro foram os papéis do Itaú, que fecharam em leve alta de 0,25%, a R$ 36,58.
JBS – Na despedida, as ações da JBS avançaram 1,93% (R$ 39,03). Hoje, passam a ser negociadas na B3 por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs), sob o código JBSS32 – um avanço significativo na estratégia de dupla listagem da companhia.
… Para cada duas ações ordinárias da JBS, os acionistas receberão um BDR, que corresponderá a uma Class A Share. Para os detentores de ADRs da JBS S.A., a relação de troca será de 1:1, ou seja, cada ADR será convertido em uma Class A Share.
… A negociação das ações da JBS na Bolsa de Nova York terá início na próxima 5ªF, dia 12 de junho.
… “Com a dupla listagem, buscamos uma estrutura que reflita a nossa presença global e as nossas operações internacionais diversificadas, além de facilitar a implementação da nossa estratégia de crescimento e agregação de valor”, disse o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti.
… Segundo ele, a medida deve destravar ainda mais valor da JBS, com maior acesso a investidores e juros mais competitivos, para ampliar a capacidade de financiar o crescimento a um menor custo, acelerando a estratégia de diversificação.
EM TEMPO… GOL comunicou que concluiu com “êxito” sua reestruturação financeira e de suas controladas, nos termos do Chapter 11 do U.S. Bankruptcy Code, encerrando o procedimento judicial nos EUA…
… De acordo com a companhia, a partir de 12 de junho, as ações de emissão da empresa passarão a ser negociadas na B3 com novo fator de cotação (R$ por 1.000 ações) e novo lote padrão de negociação (1.000 ações)…
… Além disso, serão adotados novos códigos de negociação: GOLL53 para ações ON e GOLL54 para ações PN…
… Companhia também comunicou que o conselho determinou que o aumento de capital da empresa será de R$ 12.029.337.733,91, por meio da emissão de 8.193.921.300.487 de ações ON e de 968.821.806.468 de ações PN…
… Capital social passará de R$ 4.202.543.932,30 para R$ 4.203.543.932,30, dividido em 9.165.945.383.790 de ações (8.196.784.982.987 ON e 969.160.400.803 PN)…
… Abra Group passa a ser titular direta ou indiretamente de 80% das ações ON e PN.
… Ricardo Constantino e Paul Stewart Aronzon renunciaram aos postos no Conselho de Administração; Manuel José Irarrázaval Aldunate foi nomeado membro do Conselho; Antonio Kandir assumiu a vice-presidência do colegiado.
PETRORECÔNCAVO teve produção média de 27,4 mil boed em maio, queda de 1,7% em relação a abril, segundo dados operacionais.
VALE. O CEO, Gustavo Pimenta, disse em evento da Esfera que a guerra tarifária gera incertezas nos negócios da mineradora, sobretudo pelo impacto nas cotações das commodities de um arrefecimento da economia global…
… Ele frisou, no entanto, que está otimista em relação ao potencial da companhia de liderar a produção de minerais críticos na transição energética e na revolução tecnológica.
AURA MINERALS. Mineradora canadense de ouro e cobre, com operações no Brasil e papéis na B3, anunciou pedido de registro para fazer uma possível oferta de ações nos EUA para listagem na Nasdaq.
OI vai submeter propostas ao conselho com o objetivo de enquadrar a cotação de suas ações ON em patamar igual ou superior a R$ 1 por papel, conforme determinado pela B3; reenquadramento deve ocorrer até 19 de novembro.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
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