BCE deve reduzir juro na zona do euro para 3,5%

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[12/09/24]

… O BCE deve anunciar nesta 5ªF (9h15) um corte de 25pbs do juro na zona do euro, para 3,5%, mas Lagarde não deve dar pistas sobre os próximos passos na entrevista que concederá às 9h45. Nos EUA, após o núcleo do CPI vir acima do previsto e consolidar as apostas de queda de 25pbs no Fomc do dia 18, que subiram para 85%, hoje sai a inflação ao produtor, o PPI (9h30). No mesmo horário, o balanço dos pedidos de auxílio-desemprego confere o mercado de trabalho. Aqui, as vendas do varejo restrito em julho (9h) devem reagir à queda de 1% em junho, mostrando expansão de 0,50%, na mediana de pesquisa do Broadcast. O mercado ainda repercute o alívio com a aprovação do projeto de desoneração da folha, ontem à noite, na Câmara, com medidas para compensar o impacto fiscal do benefício.

… A novela da desoneração finalmente chegou ao fim, sem que o governo tivesse de recorrer ao STF pedindo prazo maior para o acordo entre Legislativo e Executivo, em relação às fontes de recursos para cobrir os custos da isenção tributária a empresas e municípios.

… O acerto veio no final do dia quando o ministro Fernando Haddad conseguiu “contornar”, nas palavras do líder do governo na Câmara, José Guimarães, as ponderações feitas pelo Banco Central sobre os recursos esquecidos.

… A saída foi a apresentação de emenda de redação para resolver as dúvidas jurídicas apresentadas pelo BC.

… A relatora do projeto de lei da desoneração, deputada Any Ortiz (Cidadania), trocou o trecho sobre como serão usados os recursos esquecidos em instituições financeiras.

… O ajuste foi feito de utilização das verbas “para todos os fins das estatísticas fiscais” para “fins de verificação do cumprimento da meta de resultado primário prevista na respectiva lei de diretrizes orçamentárias”.

… A mudança foi feita porque o BC não considera as verbas como receita primária, mas como receita financeira.

… A emenda de redação incluída pela relatora no texto corrigiu a preocupação do BC sem alterar o conteúdo e, portanto, sem a necessidade de o texto voltar ao Senado, indo direto para a sanção presidencial.

… Pouco mais de meia hora depois de incluir os ajustes no texto, Any Ortiz desistiu da relatoria do texto e fez críticas na tribuna do plenário ao governo, por ter recorrido ao STF para colocar fim à desoneração da folha.

… José Guimarães foi designado novo relator do projeto, aprovado por 253 votos a favor e 67 contrários, três minutos antes da meia-noite, quando vencia o deadline determinado pelo STF para um acordo sobre a matéria.

… A votação dos destaques, contudo, ultrapassou o limite do prazo e se estendeu pela madrugada, o que levou a AGU a pedir uma prorrogação de três dias para a conclusão do acordo sobre a desoneração da folha.

DÍVIDA DOS ESTADOS – O projeto de lei de renegociação só será votado pela Câmara depois do primeiro turno da eleição municipal, em outubro, porque o governador do Rio, Claudio Castro (PL), pediu alterações no texto.

TCU – Pouco antes, Fernando Haddad havia saído de uma reunião com o Tribunal de Contas da União, que tem feito alertas sobre o risco de o governo mirar o limite inferior da meta fiscal como referência para o resultado primário.

… À saída, o ministro disse aos jornalistas que mirar o centro da meta fiscal de déficit zero não depende apenas do esforço do Executivo.

… “É a mesma coisa quando o CMN pede ao Banco Central mirar o centro da meta de inflação. O BC busca o centro da banda. Mas você deve ouvir que não depende apenas do Executivo o cumprimento da meta, e sim de uma série de considerações.”

… Haddad disse ainda que, no encontro com o TCU, a equipe econômica traçou um plano de voo aos técnicos, envolvendo sobretudo as discussões em torno da compensação da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos.

… Já o presidente do Tribunal, Bruno Dantas, reforçou que “a única certeza que nós temos é que a equipe econômica atua com firmeza e com muita boa fé e está em busca de cumprir o arcabouço fiscal, a meta definida e está aberta para fazer os ajustes necessários”.

… No último relatório que analisa o PLDO de 2025, o TCU concluiu que as projeções do governo para a meta fiscal de 2025, de déficit zero, apresentam “duplo risco”, devido à possibilidade de frustrações de receitas e aumento das despesas obrigatórias.

… Segundo apurou o Estadão, no encontro com Bruno Dantas, Haddad disse ao TCU que vai revisar a projeção de arrecadação com Carf, após a entrada frustrando de receitas – menos de R$ 90 milhões. A Fazenda ainda está recalculando os novos números.

EMENDAS SEM CONSENSO – Congresso e Planalto continuam sem se entender em relação à distribuição das emendas parlamentares no ano que vem. Deputados e senadores não aceitam as sugestões feitas pelo governo – e vice-versa, segundo o Broadcast Político.

MAIS AGENDA – A expansão do crédito e o recuo na inflação dos alimentos em julho devem puxar a alta do varejo restrito.

… O economista da Pezco Helcio Takeda estimou ao Broadcast alta de 0,4%, afirmando que o desempenho deve refletir a recuperação no desempenho da abertura de supermercados e hipermercados em relação a junho, quando houve recuo de 2,1% na margem.

… Takeda também aguarda nova expansão na venda de artigos farmacêuticos e, por outro lado, perspectiva de queda para a venda de combustíveis, que tende a moderar o desempenho do varejo como um todo em julho.

… A mediana da pesquisa (0,50%) foi obtida a partir de estimativas de queda de 0,8% a expansão de 1,1%.

HADDAD – Será entrevistado (8h) no programa “Bom dia, ministro”, transmitido pelo canal do governo no YouTube. Às 11h, o ministro da Fazenda tem reunião virtual com vice-presidente da Moody´s, Samar Maziad.

… Haddad disse que a revisão do crescimento do PIB neste ano deve prever uma taxa de 3% ou “talvez até um pouco mais”. A nova projeção deve ser divulgada nesta semana pela Secretaria de Política Econômica (SPE).

… Segundo ele, a revisão do crescimento tem impacto em arrecadação, com aumento além do esperado.

EM NY – O PPI de agosto tem previsão de +0,2% para o núcleo, levando a inflação em 12 meses nessa medida a subir de 2,4% para 2,5%. Também o índice cheio deve ter alta de 0,2% e, neste caso, com recuo da base anual de 2,2% para 1,8%.

… Para a gestora Navellier, os dados da inflação ao produtor dos EUA devem sinalizar progresso no processo desinflacionário, visto que os serviços de atacado e os custos de bens “têm sido particularmente fracos”.

… Nesta 4ªF, o núcleo do CPI, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3% em agosto, acima do esperado (0,2%), reduzindo significativamente a parcela dos investidores que ainda aguardavam o dado para apostar em um corte maior do juro.

… “A conclusão mais relevante foi que o ritmo do núcleo da inflação não parece estar desacelerando muito rapidamente e, portanto, não requer urgência por parte dos formuladores de políticas monetárias para retornar ao juro neutro”, avaliou o BMO Capital Markets.

… Após a leitura, as chances de uma redução de 25 pontos-base pelo Fed na próxima semana saltaram da casa de 70% para mais de 80%, segundo monitoramento do CME FedWatch (85% no final do dia), enquanto as chances de 50pbs caíram para 14%.

… A consolidação das apostas por cortes de juros menos agressivos pelo Fed impulsionou a ponta curta dos rendimentos dos Treasuries (leia abaixo).

… Ainda na agenda externa, a AIE divulga, às 5h, relatório mensal de petróleo. À noite (20h), o Peru decide juro.

JAPÃO HOJE – O conselheiro do BoJ Naoki Tamura acredita que é necessário elevar os juros para a taxa neutra de 1% gradualmente, porque o BC japonês tem preocupação com efeitos dos riscos de alta nos preços.

GRADUALISMO DÁ CONTA – Depois do PIBão do 2Tri, mais um indicador veio provar a resiliência da atividade econômica doméstica, embora não tenha mudado a aposta de que a Selic deve subir 0,25pp, ao invés de 0,50pp.

… Divulgado pelo IBGE, o resultado de serviços de julho (+1,2%) superou o teto das previsões (1,1%), devido a um ruído na captação de dados, com correção para cima nas receitas de um grande participante da pesquisa.

… O BC tem estado especialmente sensível à inflação do setor de serviços e, por isso, o indicador chegou a desencadear pressão na curva do DI pela manhã, ainda que depois as taxas tenham abandonado as máximas.

… A avaliação dominante entre os operadores ainda é de que o ajuste gradual da Selic sinalizado recentemente por Campos Neto e Guillen dará conta do recado. Começou ontem o período de silêncio do Copom.

… Embora o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, ainda não tenha mexido na previsão de Selic estável (10,50%), admite que o risco é de elevação do juro e que a revisão de cenário deve ser feita nos próximos dias.

… Ele aponta que a maior preocupação não é com a inflação corrente, mas sim com a “decolagem” das expectativas do mercado sobre o comportamento dos preços, que aproximam o BC de um ciclo de aperto.

… Para Mesquita, existe uma “chance razoável” de o Copom subir os juros “no futuro não muito distante”, não apenas porque as expectativas estão subindo, mas também porque o mercado de trabalho segue apertado.

… Além disso, a taxa de câmbio está pressionada e a economia doméstica está crescendo acima do potencial.

… Em encontro com jornalistas nesta 4ªF, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, disse que se estivesse sentado numa cadeira do Copom neste momento, optaria por um início mais rápido do ciclo de alta da Selic.

… “Se vai ser mais curto ou não vai, vai respondendo ao longo do processo [de aperto]”, afirmou.

… No fechamento dos negócios, as taxas dos DIs operavam perto da estabilidade, com viés de alta, depois do indicador de serviços do IBGE e do CPI nos EUA, que reforçou as apostas de corte menor (25pb) do juro pelo Fed.

… O contrato de DI para Jan/26 subiu a 10,790% (de 10,761% na véspera); o Jan/27, a 11,755% (de 11,731%); o Jan/29, a 11,835% (de 11,812%); o Jan/31, a 11,810% (de 11,802%); e o Jan/33, a 11,790%, de 11,761%.

… No câmbio, depois do salto de 1,32% da véspera, o dólar fechou de lado (-0,10%) e continuou colado a R$ 5,65, em R$ 5,6498, diante da avaliação de que o Fed comece o ciclo promovendo uma redução mais moderada.

… O real não conseguiu faturar a alta de 2% do petróleo, que pode não vir para ficar, com a China fraquejando.

… O BC informou que o fluxo cambial na semana passada ficou negativo em US$ 1,010 bi, com saída de US$ 451 mi pela conta comercial e fuga de US$ 559 mi pela via financeira. No ano, o fluxo está positivo em US$ 9,814 bi.

JANELA DE OPORTUNIDADE – Sob o inferno astral da China, que tem deixado muito a desejar no ritmo de crescimento, o minério de ferro segue abaixo de US$ 100 a tonelada. Mas ontem testou reação e ajudou a Vale.

… Em ajuste a perdas recentes, o metal avançou quase 2,5% em Cingapura e pouco mais de 1% em Dalian. A mineradora brasileira não desperdiçou a chance de recuperação e saltou 2,95%, à máxima do dia (R$ 57,65). 

… Diante da ofensiva de alta, em 24h, o papel reduziu quase à metade as perdas acumuladas no mês, de 6% para 3,24%. Além da ajuda do minério, a ação contou com a estimativa de melhora da produção pela empresa.

… A companhia atualizou para cima o guidance de produção de minério este ano, para uma faixa entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas, na comparação com o intervalo anterior de 310 milhões a 320 milhões de t.

… O bom desempenho da Vale garantiu alta moderada para o Ibovespa (+0,27%), aos 134.676,75 pontos, e com volume financeiro de R$ 18,7 bilhões.

… Petrobras foi mista. O papel PN caiu 0,11% (R$ 37,29) e o ON subiu 0,44% (R$ 40,97), mas longe da alta de 2,05% do Brent (US$ 70,61), que reagiu ao furacão Francine no Golfo do México.

… A tormenta, que passou de tempestade tropical para furacão de categoria 1, atingiu as principais zonas produtoras de petróleo da região, que teve 25% da produção interrompida.

… Bancos também fecharam sem direção única. Bradesco ON caiu 1,54% (R$ 14,03) e o PN cedeu 1,14% (R$ 15,62). Santander perdeu 0,90% (R$ 30,95). Banco do Brasil ficou estável (+0,03%; R$ 28,71) e Itaú subiu 0,19% (R$ 37,38).

… Educação liderou as altas do Ibov ontem. Yduqs subiu 8,03% (R$ 10,49) e Cogna ganhou 6,72% (R$ 1,43).

… IRB recuou 4,61% (R$ 45,98), após o JPMorgan rebaixar a recomendação do ativo de neutra para underweight (equivalente a venda). BRF (-2,68%; R$ 23,97) e Caixa Seguridade (-2,58%; R$ 15,12) também foram mal.

25 PB CRAVADOS – As techs salvaram o dia pela segunda sessão seguida em NY, tirando as bolsas do vermelho depois de certa decepção com o núcleo do CPI em agosto.

… Acima do esperado (0,3% contra 0,2%), o núcleo da inflação americana consolidou as apostas em um corte de 25pb pelo Fed na semana que vem, que chegaram a 85%, segundo o FedWatch do CME.

… Não interessou tanto que o CPI cheio anual (2,5%), abaixo do esperado (2,6%), tenha sido o menor desde fevereiro de 2021. O mensal ficou dentro da expectativa, de 0,2%.

… Para analistas, os dados em si não foram terríveis, mas o mercado não queria ver um núcleo mais salgado.

… O Citi, que vinha mantendo uma previsão de -50pb, mudou a aposta para -25pb após a divulgação do indicador. A resiliência nas métricas de habitação foi citada como outro dos motivos.

… Mesmo assim, o banco ainda prevê que o mercado de trabalho seguirá no foco do Fed e, por isso, espera uma baixa acumulada de 125 pontos-base nos juros em 2024.

… O balde de água fria do CPI derrubou as bolsas, antes que elas entrassem numa recuperação comandada pela Nvidia, que saltou 8%, com rumores de que os EUA podem facilitar a venda de chips avançados da empresa à Arábia.

… A afirmação do CEO, Jensen Huang, de que a demanda por chips da companhia segue alta e que há “uma fila de clientes”, também ajudou.

… No S&P 500, o setor de tecnologia avançou 3,25%, puxando a alta de 1,07% no índice, a 5.554,13 pontos. O Nasdaq disparou 2,17% (17.395,53) e o Dow Jones subiu 0,31% (40.861,71).

… Com a perspectiva de um corte menos agressivo pelo Fed, o juro dos Treasuries de curto prazo subiu. O da note de 2 anos avançou a 3,646%, de 3,598% na véspera.

… Menos pressionado, o retorno da note de 10 anos aumentou a 3,654% (de 3,646%). O do T-bond de 30 anos caiu a 3,963% (de 3,967%).

… Logo depois do CPI, o dólar engatou uma alta ante seus pares, mas o fator eleição americana também pesou.

… Pela manhã, o ING antecipava que o resultado do debate Kamala Harris/Donald Trump na noite anterior, com vitória da democrata, limitaria o ímpeto da moeda.

… “No câmbio, uma vitória de Trump [na eleição] está associada a um dólar mais forte”, disse a instituição.

… No fim da sessão, o índice DXY ficou estável (+0,05%), em 101,684 pontos. Também fecharam perto da estabilidade o iene (+0,07%; 142,318/US$) e o euro (-0,08%; US$ 1,1020), na véspera da decisão do BCE.

… A expectativa dos analistas é de que Lagarde insistirá que a política monetária continua “dependente de dados”.

… A libra recuou 0,35%, a US$ 1,3042, em meio ao resultado ruim da produção industrial britânica, que caiu 0,8% em julho/junho, ante expectativa de alta de 0,3%.

EM TEMPO… VALE informou que negociações para acordo de Mariana estão avançadas, com previsão de acordo para outubro…

… Ativa tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 75; avaliação é de que a evolução das operações no Pará será a chave para a companhia elevar projeções.

USIMINAS. Fitch reafirmou rating da companhia em BB, com perspectiva estável.

B3 informou que Câmara Baixa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) proferiu decisão “parcialmente favorável” à companhia…

… Órgão exonerou empresa de multas de R$ 268 mi, no mérito de auto de infração da Receita que questionou amortização de 2017, para fins fiscais, do ágio gerado em 2008 por incorporação de ações da Bovespa Holding…

… Por outro lado, pelo voto de qualidade, Carf manteve o questionamento do saldo de prejuízos fiscais no valor de R$ 782 milhões, na data-base de 30 de junho de 2024, em decisão não definitiva…

… Sobre a exoneração das multas, a Procuradoria Geral da Fazenda poderá submeter Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais do Carf; quanto ao mérito, a B3 disse que apresentará recurso no prazo regulamentar…

… Volume médio do mercado de ações cresceu 10,9% em agosto, na comparação anual, para R$ 28,191 bilhões…

… Citi tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 12,50; banco considerou que o volume diário médio negociado em agosto mostra mais um mês de receitas sólidas da companhia.

ELETROBRAS vai pedir nova prorrogação ao STF, contada a partir de 16/9, para negociações da participação da União na empresa…

… Empresas informou que foram liquidados os US$ 750 milhões em títulos (bonds) emitidos no mercado internacional; recursos serão utilizados para o refinanciamento de dívidas da companhia; taxa de retorno foi 6,75%.

COPEL aprovou a distribuição de R$ 485,1 milhões em proventos intercalares (extras), com pagamento em 29/11…

… Serão R$ 202,1 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,06 por ação ON e R$ 0,07 por PN, e R$ 283 milhões em JCP, ou R$ 0,09 por ação ON e R$ 0,10 por PN.

MRV aprovou a emissão de R$ 221 milhões em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) da classe sênior.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Inflação nos EUA é destaque da agenda

… O tombo do petróleo, refletindo a demanda fraca na China e as dúvidas sobre a força da economia nos EUA, somou-se às fortes quedas das ações dos bancos americanos, diante das dificuldades de mutuários, para conduzir um pregão de aversão ao risco em NY, nesta 3ªF, voltando a levantar a lebre da recessão. O mau humor com o setor financeiro prevaleceu mesmo após o Fed moderar o plano de tornar as regras de capital mais duras. Hoje, é importante que o CPI de agosto (9h30) venha sem surpresas, confirmando a expectativa de queda de 25pbs do juro no Fomc, do mesmo modo que a deflação do IPCA não mudou as apostas de ajuste gradual da Selic. Na agenda, os serviços (9h) têm previsão de estabilidade, enquanto o mercado repercute o esforço do governo para aprovar a desoneração na Câmara.

… Deputados entraram na noite para destravar a proposta que prevê a compensação do benefício fiscal às empresas e municípios e tentar votar a proposta hoje, quando acaba o prazo dado pelo STF para um acordo.

… O governo não deve pedir ao Supremo uma prorrogação no deadline para que o Congresso e o Poder Executivo cheguem a uma solução consensual sobre a desoneração da folha, segundo apurou o Broadcast.

… Caso a Câmara não aprove o projeto até hoje, volta a valer a decisão de Zanin, de retomada da reoneração.

… Entre os indicadores, a inflação ao consumidor nos EUA é o destaque, embora o Fed já tenha dado essa luta por superada, elegendo o mercado de trabalho como seu mandato principal. O resultado tem que vir muito diferente do consenso para causar impacto.

… A mediana das projeções é de uma alta de 0,2% para o CPI de agosto (na margem) tanto para o índice cheio como para o núcleo.

… No CME FedWatch, investidores estão firmes na aposta de um corte de 25pbs (70%) do juro, com a queda de 50pbs projetando 30%.

… Ainda lá fora, os estoques semanais de petróleo do DoE (11h30) serão monitorados, após o Brent ter caído abaixo de US$ 70 por barril, castigando o câmbio dos países ligados às commodities, como o Brasil, onde o dólar disparou para R$ 5,65 (abaixo).

… Um mix de fatores contribuiu para o tombo de quase 4% do petróleo, entre os quais, o recuo nas importações da China, as previsões de PIB chinês mais fraco pela Fitch (4,5%) e o relatório da Opep, que reduziu a sua projeção para a demanda.

… Em NY, o alerta do JP Morgan contra “previsões otimistas” para seus resultados piorou o clima de incertezas sobre a economia global.

… A nova proposta de regulação bancária apresentada pelo vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr, que aumenta o capital de grandes bancos em cerca de 9%, foi recebida com desconfiança de que pode não ser suficiente para segurar os choques.

… Já aqui, a pesquisa mensal de serviços deve mostrar desaceleração em julho, com mediana em 0,0%, após expansão de 1,3% em junho.

… Nesta 3ªF, economistas foram unânimes em destacar os dados melhores do IPCA de agosto (-0,02%), mas ninguém mudou a posição ao Copom. A curva de juros precifica alta de 25pbs para a Selic em 80%, além de 60% de mais 25pbs em novembro e dezembro.

… Às 14h30, o Banco Central divulga os dados semanais do fluxo cambial, que, no último balanço, ficou positivo em US$ 839 milhões.

COBERTOR CURTO – As fontes de receitas extraordinárias listadas pela equipe econômica para garantir o cumprimento da meta de déficit zero em 2024 têm gerado uma arrecadação muito menor do que a esperada.

… A quatro meses do fim do ano, as medidas com maior potencial arrecadatório, como a retomada do voto de qualidade do Carf e as transações tributárias, tiveram desempenho muito aquém do projetado, cerca de R$ 2 bi.

… Ao Estadão, integrantes da equipe econômica reconhecem que os resultados poderiam ser melhores.

… Mas dizem que há fatores novos que compensam essas frustrações, como os R$ 10 bi em dividendos extraordinários do BNDES, que serão incluídos no próximo relatório bimestral de receitas e despesas, dia 22.

… O pacote aprovado pelo Congresso no ano passado para reforçar o caixa do governo federal previa a arrecadação de R$ 168,3 bilhões em 2024, valor que vem sendo revisto por frustração de receitas.

… A equipe econômica previa arrecadar R$ 55,647 bilhões neste ano com os acordos feitos com os contribuintes derrotados no Carf. Porém, até o dia 21 de agosto, segundo dados da Receita, a União arrecadou só R$ 87 mi.

… Apesar disso, ofício obtido pelo Valor via Lei de Acesso à Informação (LAI) indica que o governo não vai rever para baixo no relatório bimestral da semana que vem a estimativa de arrecadação esperada com o Carf.

… O governo deve apenas redistribuir a previsão inicial de arrecadação para os meses restantes do ano.

… Com as transações tributárias concluídas no âmbito da Receita, foi arrecadado somente R$ 1,96 bilhão, de um total previsto de R$ 31 bilhões para o ano.

… Por outro lado, as transações conduzidas pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) atingiram a meta colocada no PLOA, de arrecadar R$ 12,2 bilhões.

KAMALA X TRUMP – No primeiro e possivelmente único debate da disputa à Casa Branca, os dois candidatos trocaram farpas sobre a economia, imigração e aborto, na tentativa de convencimento dos eleitores indecisos.

… O republicano disse que o governo Biden levou à “pior inflação da história” dos EUA. A democrata rebateu, acusando o ex-presidente de ter deixado o país com a “pior crise econômica desde a Grande Depressão”.

… Segundo ela, Trump quer dar isenções tributárias a milionários que vão “explodir o déficit público em US$ 5 trilhões” e deseja elevar as tarifas de importação, que aumentarão as despesas das famílias em US$ 4 mil/ano.

O ÓLEO DERRAMADO – O tombo de quase 4% do petróleo Brent, que tem tudo a ver com a pisada de freio na demanda da China, e o estresse dos bancos nos EUA voltaram a despertar os mercados para o medo de recessão.

… Considerados os ativos mais seguros do mundo, os Treasuries dispararam, com respectivo tombo das taxas às mínimas do ano. Por aqui, em instinto de defesa, o dólar subiu para a máxima em um mês, acima de R$ 5,65.

… A pressão no câmbio freou a queda dos juros futuros, apesar do IPCA comportado, enquanto na bolsa as duas principais blue chips ligadas às commodities (Petrobras e Vale) sentiram o drama da desaceleração chinesa.

… Nem a perspectiva de que a Selic suba menos, reforçada pelo IPCA de agosto, conseguiu motivar o Ibovespa, que fechou com queda de 0,31%, aos 134.319,58 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 18,9 bilhões.

… Entre as maiores baixas, Petrobras ON caiu 2,14% (R$ 40,79) e ação PN recuou 1,66% (R$ 37,33).

… Revisões para baixo nas projeções de demanda da Opep em 2024 e 2025 e de preços pelo DoE derrubaram o preço do Brent/nov abaixo dos US$ 70 por barril (-3,69%, a US$ 69,19, na ICE).

… O cartel agora espera que o consumo cresça em 2 milhões de bpd em 2024, ou 80 mil bpd abaixo da estimativa anterior. Em 2025, a demanda deve crescer 1,7 milhão de bpd, queda de 40 mil bpd.

… Já o DoE reduziu a previsão de preço médio do barril do Brent em 2024, de US$ 84,44 para US$ 82,80, e do WTI, de US$ 80,21 para US$ 78,80.

… A ameaça de que a tempestade Francine, no Golfo do México, vire um furacão ficou em segundo plano.

… Ainda no Ibov, sem ajuda do minério de ferro (-0,84% em Cingapura, para US$ 91,00, menor valor do ano), Vale caiu 1,20% (R$ 56,00), aprofundando para 6% as perdas do mês.

… Também pesou a negativa da Justiça ao pedido da mineradora para suspender a anulação de audiências públicas do projeto Apolo, de R$ 1,3 bilhão. Ontem, a Justiça deu 15 dias para o Instituto Guaicuy se manifestar.

… Bancos ficaram sem direção única. BB caiu 1,48%, a R$ 28,70. Santander teve leve queda de 0,19%, a 31,23. Na outra ponta, Bradesco ON registrou +0,28% (R$ 14,25) e PN, +0,32% (R$ 15,80). Itaú fechou estável, a R$ 37,31.

BARRIL DE PÓLVORA – O mergulho do petróleo, diante de todas as evidências de que o consumo da China está enfraquecendo, cobrou ontem o seu preço do real, que teve o pior desempenho entre as moedas emergentes.

… O dólar escalou 1,32%, cotado a R$ 5,6553, no pico em mais de um mês. Além da perda de ritmo da economia chinesa, também estão pegando no câmbio os ruídos fiscais e a precificação de um Copom mais gradualista.

… A perspectiva de que a Selic suba só 0,25pp daqui a uma semana, ao invés de meio ponto, reduz parte da atratividade do carry trade para o investidor estrangeiro, apesar do corte de juro contratado pelo Fed.

… A deflação de -0,02% registrada pelo IPCA de agosto causou surpresa no mercado, que projetava um número ainda levemente positivo (0,02%). Mas não foi suficiente para resgatar a esperança de manutenção da Selic.

… No PicPay, o economista Igor Cadilhac manteve a previsão de 4,4% de inflação no ano, “com alguns riscos”. Christian Thorgaard (Skopos) apontou ameaça de choque em energia, mas considerou o IPCA comportado.

… Do lado da atividade econômica, a Fitch elevou a projeção de crescimento do Brasil de 1,7% para 2,8% em 2024, acompanhando as estimativas do mercado, próximas de 3%, depois do dado forte do PIB/2Tri.

… A aversão ao risco no exterior, que disparou o dólar, limitou a reação positiva da curva do DI ao IPCA.

… No fechamento, o DI para Jan/25 caiu a 10,920% (de 10,930% na véspera); Jan/26 recuou a 11,745% (de 11,760%); Jan/27 subiu a 11,725% (de 11,700%); Jan/29, a 11,810% (de 11,778%); e Jan/31, 11,790% (11,765%).

… Segundo matéria da Bloomberg, três das principais gestoras do Brasil (Verde Asset, Kapitalo Investimentos e Ibiuna) estão pessimistas com o mercado doméstico e montando posições compradas nos juros futuros.

… Às vésperas do provável aumento da Selic, as três casas, que têm em conjunto R$ 66 bilhões sob gestão, assumem posicionamento defensivo no DI, diante do crescente temor sobre as contas públicas domésticas.

… “Não vemos o Brasil bem posicionado para se beneficiar da mudança de postura pelo Fed”, disse a Ibiuna.

SINAIS DE ALERTA – Investidores tomaram um susto com os alertas sobre as perspectivas de grandes bancos dos EUA, que derrubaram as ações do setor em NY e abriram novo capítulo na narrativa de desaceleração da economia.

… É um cenário turbinado pelos problemas com a economia da China, que estão por trás da derrocada do petróleo nas últimas semanas. Os papéis do setor de energia também estiveram entre os grandes perdedores no dia.

… Ainda na noite de 2ªF, o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, disse que a receita da divisão de trading pode cair 10% neste trimestre.

… Depois, o JPMorgan reduziu as expectativas para a renda líquida de juros do ano que vem, enquanto a grande financiadora de automóveis Ally Financial Inc. sinalizou deterioração do crédito ao consumidor.

… O BofA, por sua vez, disse que os resultados do banco de investimento serão menores do que alguns analistas em Wall Street esperam.

… Nasdaq (+0,84%; 17.025 pontos) e S&P 500 (+0,45%; 5.495 pontos) acabaram sendo salvos pelo forte desempenho das ações de tecnologia.

… Mas com Goldman Sachs (-4,39%) e JPMorgan (-5,19%) tendo peso relevante no índice, o Dow Jones caiu 0,23% (40.736 pontos).

… Na Bloomberg, as perspectivas pessimistas dos bancos são o motivo do passo atrás dado pelo Fed quanto às novas regras de requisito mínimo de capital, que também têm o dedo de uma feroz campanha de lobby pelo setor.

… Michael Barr, vice de supervisão do Fed, revelou durante um evento que vai ser reduzido para menos da metade (20% para 9%) o aumento de capital proposto em meados de 2023 para os oito maiores bancos dos EUA.

… Os bancos argumentaram que regras mais onerosas prejudicariam a economia e colocariam instituições dos EUA numa posição mais fraca ante rivais internacionais e aos credores não bancários.

… Fato é que os alertas dos bancos acabaram ofuscando o que foi considerado uma vitória de Wall Street sobre os reguladores americanos.

… “As notícias do JPMorgan, Goldman Sachs e Ally roubaram a cena porque eles estão dizendo que seus negócios estão desacelerando”, disse à Reuters Lindsey Bell (248 Ventures).

… “Há sinais de que o crescimento desacelera no mundo todo e isso eleva a angústia, quando já existe tanta incerteza com o ciclo eleitoral”, disse a estrategista, sugerindo que setembro/out podem ser meses fracos às ações.

… No clima de aversão a risco, os retornos dos Treasuries baixaram a novas mínimas. O da note de 2 anos bateu em 3,600%, nível mais baixo desde setembro de 2022, e o da note de 10 anos cedeu a 3,641%, menor desde junho/2023.

… O juro do T-bond de 30 ficou abaixo de 4% (3,959%). Um leilão de US$ 58 bilhões em notes de 3 anos teve demanda acima da média.

… No câmbio, a moeda americana voltou a recuar (-0,52%) ante o iene, a 142,426/US$, apesar da notícia, via Bloomberg, de que o BoJ vê pouca necessidade de elevar juro na semana que vem.

… Na noite de ontem, porém, o integrante do BC japonês Junko Nakagawa reafirmou a chance de aumentos da taxa de juros se a economia avançar como o esperado, com os lucros das empresas em níveis “historicamente altos”.

… Ele acrescentou, no entanto, que antes de tomar outras medidas, o BoJ examinará cuidadosamente os movimentos do mercado e os impactos nas perspectivas para a economia e os preços

… O euro caiu 0,13%, a US$ 1,1029, e a libra ficou praticamente estável (+0,07%), em US$ 1,3088. O índice DXY ficou perto da estabilidade (+0,08%), em 101,630 pontos.

EM TEMPO… BRAVA ENERGIA (fusão da 3R Petroleum com a Enauta) registrou produção média diária de 56.625 barris de óleo equivalente (boe) em agosto, alta mensal de 3,16%.

PETZ. Acionista Sergio Zimerman passou a deter 154.415.975 de ações ON da companhia, representando 33,4% do seu capital social, sendo 30,8% detidos diretamente e 2,6% indiretamente, via fundo Platina 55 FIM.

ASSAÍ aprovou a 11ª emissão de debêntures, no valor de R$ 2,8 bilhões.

VIVARA abriu 4 lojas em julho e agosto, sendo 3 unidades de sua linha Life, expandindo sua rede para 429 operações.

IGUATEMI concluiu as vendas de 50% do Shopping Iguatemi São Carlos, representando a totalidade de sua participação no ativo, e de 18% do Shopping Iguatemi Alphaville; valor total da transação foi de R$ 205 milhões.

YDUQS. SPX Gestão passou a deter 16.029.263 de ações ON da empresa, o que corresponde a 5,19% do capital social da companhia.

CCR. Tráfego de veículos nas rodovias subiu 3,6% em agosto na comparação anual.

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IPCA deve reforçar aposta em ajuste gradual da Selic

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[10/09/24]

… Balança comercial da China, nesta 3ªF, veio acima das expectativas, registrando crescimento de 8,7% das exportações em agosto, mas desaceleração expressiva das importações para +0,5% (+7,2% em julho). O petróleo aguarda hoje o relatório mensal da Opep, após ter ensaiado recuperação com o risco de a tempestade Francine virar um furacão e ameaçar as operações no Golfo do México. Em NY, os investidores mantêm a expectativa majoritária de um corte de 25pbs no juro, sem poder contar mais com os Fed boys, que entraram em período de silêncio para o Fomc do dia 18. Aqui, corroborando o ajuste nas apostas para o Copom, com a curva do DI projetando uma alta mais moderada da Selic, o IPCA de agosto (9h) deve desacelerar para próximo de zero: 0,02% na mediana do Broadcast, após 0,38% em julho.

… As projeções vão de queda de 0,07% a expansão de 0,13%; para 12 meses, a mediana indica arrefecimento de 4,50% para 4,28%.

… A desaceleração esperada nas tarifas de energia elétrica, gasolina e alimentos deve contribuir para o alívio do IPCA em agosto, avaliam economistas. A mudança da bandeira amarela para verde na conta de luz deve garantir deflação importante para Habitação.

… Também devem recuar Transportes, Despesas Pessoais e Comunicação, refletindo o recuo de passagens aéreas e a desaceleração de combustíveis, arrefecimento em recreação e alívio nos serviços de streaming, além de Alimentação, embora menos que em julho.

… O mercado também prevê desaceleração da média dos núcleos, de 0,43% para 0,27%, e dos preços administrados (1,08% para 0,03%), serviços (0,75% para 0,26%), serviços subjacentes (0,63% para 0,34%) e bens industriais (0,33% para 0,23%).

… Devem registrar deflação os preços livres (de 0,13% para -0,01%) e alimentação no domicílio (-0,72% para -1,00%).

… Para o IPCA de 2024, a mediana indica alta de 4,30%: só quatro de 39 instituições esperam inflação acima do teto da meta (4,5%). Para 2025, 3,92%, e para o 1Tri/2026, horizonte relevante mencionado pelo BC, a mediana indica inflação de 3,70%.

… Um resultado do IPCA dentro do esperado pode reforçar a expectativa de uma alta mais gradual da Selic, sinalizada pelo presidente do BC, Campos Neto, e pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, em declarações recentes.

… Nesta 2ªF, finalmente o boletim Focus ajustou-se às apostas do mercado de juros, elevando a mediana para a Selic em 2024 de 10,50% para 11,25%, após 11 semanas de estabilidade. A projeção para 2025 também avançou, de 10% para 10,25%.

… Já a mediana do IPCA/24 voltou a subir, de 4,26% para 4,30%, enquanto para 2025 e 2026 permaneceu em 3,92% e 3,60%, respectivamente.

O RISCO DA META – A área técnica do Tribunal de Contas da União prepara uma nota com alerta ao governo do presidente Lula para o risco de descumprimento da meta fiscal de déficit zero neste ano, apurou a jornalista Adriana Fernandes, da Folha.

… A incerteza sobre a arrecadação decorrente da negociação especial de contribuintes derrotados nos julgamentos do Carf é o motivo.

… O alerta deverá ter como alvo o fato de o governo ter incluído no terceiro relatório bimestral de avaliação de receitas do Orçamento a previsão de uma entrada de R$ 37,7 bilhões nos cofres do governo, mesmo diante da baixa arrecadação até aquele momento.

… Principal medida de arrecadação para 2024, as receitas com o Carf não estavam desempenhando como o governo havia previsto.

… Até maio, não havia ingressado nenhum valor e, mesmo assim, o governo insistiu com previsões elevadas. A estimativa inicial era de um ingresso de R$ 55 bilhões no ano. Trata-se do maior valor entre as medidas adotadas pela equipe econômica para elevar as receitas.

… Também o Estadão apurou que o compilado de receitas extraordinárias previsto pela equipe econômica para garantir o déficit zero em 2024 tem frustrado as expectativas e arrecadado muito menos do que o esperado originalmente.

… O pacote arrecadatório aprovado pelo Congresso no ano passado previa uma arrecadação de R$ 168,3 bilhões ao longo de 2024. O voto de qualidade do Carf arrecadou até agora apenas R$ 83,4 milhões.

… Transações tributárias concluídas no âmbito da Receita, com previsão de R$ 31 bilhões neste ano, só arrecadaram R$ 1,961 bilhão.

… Fontes da Fazenda têm expectativa de desempenho melhor no segundo semestre e alegam existirem fatores novos que compensam essas frustrações, como os R$ 10 bilhões em dividendos extraordinários do BNDES que entrarão no próximo Relatório Bimestral.

… No Globo, uma das principais apostas da equipe econômica para equilibrar as contas públicas, a revisão de gastos com programas do governo anda a passos lentos neste ano. Em 2024, a previsão é poupar R$ 10 bilhões, principalmente com gastos do INSS.

… Mas, segundo o jornal, a quatro meses do fim do ano, a economia alcançada com os benefícios previdenciários é de 40% do total.

… Já no ano que vem, o governo conta com a redução de R$ 25,9 bilhões em gastos obrigatórios com essa iniciativa, focada novamente no INSS. Entre analistas em contas públicas, há dúvidas se essas medidas serão suficientes.

DESONERAÇÃO – A Câmara aprovou na noite de ontem requerimento de urgência e deve votar a desoneração da folha de pagamento e a renegociação da dívida dos Estados com a União no plenário a partir de hoje.

… Os deputados realizam nesta semana o último esforço concentrado de votações no período das eleições.

… O prazo dado pelo STF para a solução consensual sobre a desoneração termina amanhã.

MANDATO TAMPÃO – Com a provável aprovação de Galípolo na sabatina no Senado para a presidência do BC, seu sucessor na diretoria de política monetária deverá só completar o mandato, que termina em fevereiro/2027.

… Dessa forma, quem ocupar a vaga não terá o mandato completo de quatro anos, segundo a lei de autonomia.

MAIS AGENDA – Além do IPCA, saem as primeiras prévias do IPC-Fipe (5h) e do IGP-M (8h). Do lado da atividade econômica, tem para conferir às 10h o dado do fluxo nas estradas pedagiadas em agosto.

… Nos EUA, Kamala Harris e Donald Trump participam esta noite (22h) de debate promovido pela ABC News.

AFTER HOURS – As ações da Oracle dispararam 8,5% no pregão estendido em NY, após reportar balanço que superou as expectativas e uma parceria estratégica com a rival de serviços em nuvem Amazon Web Services.

… No trimestre fiscal encerrado em agosto, a Oracle obteve um lucro ajustado de US$ 1,39 por ação e vendas de US$ 13,3 bilhões. Em média, os analistas projetavam lucro ajustado de US$ 1,33 e vendas de US$ 13,2 bilhões.

REALISMO OU EXAGERO? – Mais conservador do que o Focus, o BofA elevou ontem a projeção para a Selic do ano de 10,50% para 11,75%, argumentando que a postura mais agressiva deve reforçar a credibilidade do BC.

… No DI, porém, as taxas rondaram os ajustes, com volume de negócios menor que o de costume, à espera do IPCA e em meio à onda de acomodação, diante das apostas mais amenas para a alta da Selic (0,25pp) este mês.

… No fechamento, o DI para Jan/25 subiu a 10,925% (de 10,918% no pregão anterior); o Jan/26, a 11,755% (de 11,732%); o Jan/27, a 11,715% (de 11,694%); Jan/29, a 11,805% (de 11,789%); e Jan/31, a 11,800%, de 11,783%.

… No câmbio, em dia de valorização das matérias-primas importantes à balança brasileira (petróleo e minério de ferro), o dólar conseguiu se descolar do exterior e fechar abaixo de R$ 5,60, em leve queda, de 0,15%, a R$ 5,5817.

… Também favoreceu o real a expectativa de alta da Selic pelo Copom semana que vem, ainda que mais gradual.

… O Morgan Stanley informou que abriu posições compradas na moeda brasileira contra o peso colombiano, diante do provável aumento do diferencial de juro aqui e nos EUA e apesar dos ruídos fiscais domésticos.

MODERADOR DE APETITE – Chama a atenção que, em duas avaliações econômicas bem diferentes no mercado sobre o panorama do Ibovespa, o risco fiscal ainda esteja sendo apontado como o grande ponto fraco.

… Na visão mais otimista, a Monte Bravo acredita que o índice à vista tenha potencial para ganhar perto de 10 mil pontos até o final do ano, podendo superar os 145 mil, diante da retomada do ingresso de capital estrangeiro.

… Mas ressalta que risco fiscal doméstico permanece como um limitador para a bolsa conquistar terreno.

… Do lado pessimista, a Verde Asset Management zerou posições no Ibovespa e, em carta a clientes, citou “fundamentos preocupantes”, referindo-se às contas públicas. “Voltamos à era da política fora do Orçamento.”

… Ontem, a força do petróleo autorizou leve alta de 0,12% ao Ibovespa, aos 134.737,21 pontos, com giro de só R$ 16,1 bilhões. A valorização discreta da bolsa foi garantida pela performance das ações da Petrobras.

… O papel ON da estatal subiu 1,34% (R$ 41,68) e o PN avançou 1,09% (R$ 37,96). Foram puxados pela alta de 1,09% no Brent/nov, a US$ 71,84 por barril.

… A commodity teve uma recuperação técnica após perder 8% na semana passada. Também subiu com a ameaça de furacão no Golfo do México, que fez Shell e Exxon suspenderem parte das operações na região.

… Também a alta em bloco dos bancões ajudou o Ibov: Itaú subiu 0,97% (R$ 37,31); BB ON ganhou 1,25%, a R$ 29,13; Bradesco ON avançou 0,28% (R$ 14,21); Bradesco PN, +0,32% (R$ 15,75); e Santander, +0,10% (R$ 31,29).

… Em meio à alta moderada de 0,44% do minério de ferro na China, as ações das metálicas tiveram desempenho misto. Vale ficou estável, a R$ 56,68, enquanto CSN Mineração esteve entre as maiores perdas: -4,37% (R$ 5,91).

… Metalúrgica Gerdau, com +2,19%, a R$ 10,71, e Gerdau, com +1,82%, a R$ 18,50, foram melhores. Ultrapar liderou as altas (+3,34%; R$ 23,79) com a mudança de recomendação, de neutra para compra, pelo Santander.

… Azul liderou as perdas, com -8,33% (R$ 4,07). A empresa atingiu o menor valor de mercado (R$ 1,37 bilhão) desde o IPO, em 2017, voltando a precificar os riscos financeiros e uma possível recuperação judicial nos EUA.

HORA DA PECHINCHA – Depois de amargarem a pior primeira semana de setembro desde 1953, segundo a research Bespoke, as bolsas de NY viram uma onda de compras na baixa, que elevou os índices em mais de 1%.

… Nvidia (+3,54%) e Tesla (+2,63%) lideraram os ganhos ontem entre as megacaps, depois de terem liderado as perdas na semana passada.

… Apple apresentou o iPhone 16, mas não animou. A ação ficou estável (+0,04%), depois de ter caído quase 2% ao longo da apresentação dos novos gadgets da empresa.

… Nasdaq subiu 1,16%, aos 16.884,60 pontos, mesma variação do S&P 500 (5.471,05 pontos). O Dow Jones avançou 1,20% (40.829,59).

… Os indicadores divulgados no dia não fizeram preço. Os estoques no atacado cresceram 0,2% em julho, ante junho, um pouco abaixo da previsão de 0,3%.

… E a expectativa de inflação dos consumidores dos EUA, medida pelo Fed de NY, se manteve em 3% no horizonte de um ano e 2,8% no de cinco anos.

… Nos Treasuries, tanto a alta dos retornos de curto prazo quanto a baixa dos de longo prazo foram discretas.

… Não mudou o fato de que a note de 2 anos continua oscilando no nível mais baixo em dois anos, mesmo tendo subido ontem a 3,681%, de 3,646% na 6ªF.

… O retorno da note de 10 anos está no mesmo nível de junho de 2023. Ontem, recuou a 3,705% (de 3,708%).

… A aposta majoritária num corte de 25pb manteve o dólar em alta, com o índice DXY (+0,37%) em 101,552 pontos.

… O euro ainda teve como fator baixista a expectativa pelo corte de juro do BCE nesta semana. A moeda caiu 0,43%, a US$ 1,1043. Com perda de 0,43%, a libra foi cotada em US$ 1,3078.

… O dólar recuperou 0,61% ante o iene, a 143,165/US$, depois de a moeda japonesa ter alcançado a maior alta em um mês na 6ªF. O PIB do Japão do 2Tri foi revisado de alta, de 0,8% para 0,7% ante o 1Tri.

EM TEMPO… PETROBRAS e GERDAU formalizaram acordo, com vigência de 2 anos, para avaliar oportunidades comerciais e potenciais parcerias em projetos de descarbonização e combustíveis de baixo carbono.

VALE. Justiça Federal de MG deu ao Instituto Guaicuy prazo de 15 dias para se manifestar antes de decidir sobre pedido da mineradora para que suspenda anulação das audiências públicas realizadas pela empresa…

… O processo se refere a licenciamento ambiental do Projeto Apolo, na região metropolitana de BH.

ANGLO AMERICAN deu início à venda de ativos de níquel no Brasil; presidente da companhia no País, Ana Sanches, disse que ativos serão apresentados para uma série de empresas em nível global neste mês. (Valor)

AZUL estimou receita de R$ 20 bi em 2024 e manteve projeção de crescimento da oferta de 7%; empresa conservou a projeção de Ebitda acima de R$ 6 bilhões em 2024 e alavancagem de 4,2 vezes.

EMBRAER. Moody’s reiterou rating da empresa em Ba1 e elevou perspectiva para positiva.

SANTANDER fará resgate de instrumento de dívida emitido em 2018, que atualmente integra capital de Nível I do patrimônio de referência do banco.

DASA anunciou aumento de capital por emissão de ações de até R$ 1,9 bilhão.

CURY encerrou programa de recompra de até 10 milhões de ações sem adquirir os papéis.

AMERICANAS informou a conclusão da venda das ações ordinárias e bônus de subscrição.

LIGHT. Credores aguardam pela divulgação, até 18/9, da lista de quem aderiu à proposta para conversão de créditos no plano de recuperação judicial da empresa.

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