Fiscal ganha destaque com relatório bimestral

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[20/09/24]

… O BC chinês (PBoC) manteve inalteradas as taxas básicas de empréstimos (LPRs) de 1 ano (3,35%) e 5 anos (3,85%) e também o BoJ optou por deixar o juro estável, em 0,25%, preferindo adiar um aperto monetário. Do lado do BCE, Lagarde participa de painel em Washington (12h), depois de ter sinalizado que um corte do juro em dezembro é mais provável. Nos EUA, é dia de vencimento triplo nas bolsas em NY (triple witching), o que deve acentuar a volatilidade, em meio à euforia com o Fed. Aqui, o DI pressiona o Copom a acelerar a dose de aperto da Selic para enfrentar a inflação desancorada e ruídos fiscais. O governo divulga hoje o quarto relatório bimestral de receitas e despesas.

… Ao Broadcast, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o documento consolidará “de vez” o cenário de cumprimento da meta fiscal, “ainda que mais próximo do limite inferior” (tolerância de 0,25 pp em relação ao PIB).

… Questionado sobre como as frustrações com as receitas do Carf serão cobertas, ele manteve o suspense e afirmou que as explicações serão dadas pela equipe econômica hoje de forma “serena” na divulgação do relatório.

… Disse também que mantém a “aposta” de que não há no horizonte uma pressão de despesas obrigatórias (como aposentadorias) tão relevante que obrigue o governo a bloquear um valor expressivo do orçamento neste momento.

… “[Valor] Não elevado significa algo mais próximo de R$ 5 bilhões do que de R$ 10 bilhões”, explicou.

… Ceron disse que a publicação vai incorporar a compensação recém aprovada para desoneração da folha (cuja renúncia já estava integralizada no relatório de julho) e a revisão para cima no PIB do ano pela Fazenda (para 3,2%).

… “Há outras medidas que podem ser incluídas aí [no relatório bimestral], como dividendos. Tem um pacote lá.”

… Dias atrás, integrantes da equipe econômica anteciparam ao Estadão que fatores novos podem compensar as frustrações e que R$ 10 bilhões em dividendos extraordinários do BNDES seriam incluídos no relatório bimestral.

… Há pouco mais de uma semana, Ceron também havia dito que, se fosse necessário para fins de cumprimento da meta de resultado primário, o governo apresentaria medidas adicionais de receitas no novo relatório bimestral.

 … O mercado suspeita que o cobertor é curto e que as fontes de receitas extraordinárias listadas pela equipe econômica para garantir o cumprimento do déficit zero têm gerado arrecadação muito menor do que a esperada.

… A quatro meses do fim do ano, as medidas com maior potencial arrecadatório, como a retomada do voto de qualidade do Carf e as transações tributárias, tiveram desempenho muito inferior ao que era projetado.

… Segundo o Infomoney, o governo já precifica nova negociação com Congresso sobre as desonerações da folha em 2025, já que as medidas de compensação aprovadas não representam o “pacote dos sonhos” da equipe econômica.

… O governo entende que o nível de arrecadação não responderá como espera o Congresso em 2025 e 2026.

… A avaliação é de que há grandes chances de frustração de receitas com medidas como a nova rodada de repatriação de recursos mantidos no exterior e a própria regularização de bens imobiliários.

… O acordo celebrado entre o governo Lula e o Congresso sobre a desoneração da folha de pagamento tem sido tratado por integrantes da equipe econômica como o entendimento “possível”.

… Internamente, a avaliação é de que a sanção com vetos das novas regras, com medidas de compensação para a renúncia de receitas, não evitará a necessidade de novas negociações em um futuro próximo.

ABRIU A PORTEIRA – Em meio ao quadro de fragilidade fiscal, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que novos créditos extraordinários serão liberados pelo governo federal para auxiliar o combate aos incêndios nos Estados.

… Em um primeiro momento, o governo federal já liberou R$ 514 milhões para o combate às queimadas.

… Questionado sobre qual seria o valor dos próximos créditos, o ministro respondeu que depende da demanda dos governadores, mas sinalizou a intenção do governo de atender aos pedidos. “Tudo que for necessário será liberado.”

… Os créditos extraordinários podem ser abertos para demandas consideradas urgentes e imprevisíveis e ficam fora da meta fiscal, por autorização do ministro Flavio Dino (STF), e fora do limite de gastos do novo arcabouço fiscal.

HORÁRIO DE VERÃO – Em meio à seca de proporções históricas no Brasil, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendou nesta 5ªF ao Ministério de Minas e Energia (MME) a volta do horário de verão.

… A orientação agora será debatida por outros órgãos do governo, mas se for implementada, não virá antes das eleições (27/10). O ministro Alexandra Silveira disse que um definição deve sair em dez dias. Depende de Lula.

… Pelos cálculos do MME, a economia potencial com o eventual retorno do horário de verão seria de R$ 400 mi.

MAIS AGENDA – Já com o mercado fechado, Haddad palestra (18h30) na USP sobre desafios da economia. Nos EUA, o Fed boy Patrick Harker fala em evento (15h). Baker Hughes informa às 14h os poços de petróleo em operação.

VAI PRA CIMA – O mercado nem quis saber de esperar a ata do Copom (3ªF) para já ir colocando o BC na parede para uma aceleração do ritmo de cortes da Selic daqui para frente. Meio ponto em novembro vira piso na curva.

… Esta probabilidade já está mais do que consolidada (80%) e divide espaço agora com a dose de 0,75 pp (20%), diante da percepção entre os investidores de um ciclo total de 2pp de alta da Selic para acomodar a inflação.

… Com o comunicado do Copom, que não aliviou a barra, os juros futuros superaram os 12% ontem em toda a extensão do DI, que ignorou o alívio do dólar e ainda embutiu certa cautela antes do relatório fiscal da Fazenda.

… O DI Jan26 deu um salto de 280pb, a 12,050% (de 11,769% na véspera), enquanto os mais longos subiram menos. Jan27 foi a 12,010% (11,816%); Jan29, 12,080% (11,958%); Jan31, 12,090% (11,982%); e Jan33, a 12,060% (11,967%).

… Pesquisa feita pelo Broadcast mostrou que, depois do comunicado hawk do Copom, a maioria – 23, ou 56%, de 41 instituições – espera alta de 50pb do juro em novembro.

… Outras 18 casas (44%) preveem 25pb na próxima reunião. Já a mediana para a Selic no fim deste ano caminhou de 11,25% para 11,75%. Para o fim de 2025, a mediana se manteve em 10,50%.

… No primeiro trimestre de 2026 – horizonte relevante do BC – a mediana do juro básico passou de 9,75% para 10%.

… Para o JPMorgan, o Copom vai elevar a Selic em 25pb por reunião até atingir 11,50%, mas a depender dos próximos IPCAs, o aperto pode ser maior.

… O banco nota que o câmbio e gestão da política fiscal serão cruciais para o balanço de riscos e apostas de inflação.

… Logo no início dos negócios ontem, o dólar à vista tocou a mínima na casa dos R$ 5,39 (em R$ 5,3958), já que era mesmo esperada uma apreciação do câmbio depois dos movimentos de Fed e Copom.

… Ao longo da sessão, a moeda se recompôs parcialmente, mas ainda fechou com baixa de 0,69%, a R$ 5,4242, na sétima sessão consecutiva de valorização do real.

… Marcelo Vieira, head da mesa de renda variável da Ville Capital, vê o dólar caindo a R$ 5,30/5,20 por causa do diferencial entre juros brasileiros e americanos, que deve atrair fluxo gringo.

… Mas as contas públicas desafiadoras podem atrapalhar a festa, diz ele. “A questão fiscal vem mostrando desdobramentos preocupantes com práticas obscuras por parte do governo”, disse Vieira ao Broadcast.

… Até por isso, a arrecadação federal recorde em agosto (R$ 201,6 bilhões) não fez preço ontem.

O COPOM MEIO VAZIO – Apesar da promessa de que a Selic em patamares competitivos fique atraente ao k estrangeiro, trazendo dinheiro para cá, o Ibov sentiu o baque da pressão dos juros futuros no day after do Copom.

… Assim, nem as altas firmes do minério de ferro (+1,69%) e petróleo (Brent/nov, +1,67%, a US$ 74,88) conseguiram impedir que o índice à vista da bolsa doméstica registrasse a terceira queda seguida, descolado da euforia em NY.

… O Ibovespa caiu 0,47%, a 133.122,67 pontos, na mínima do dia, com volume de R$ 21,9 bilhões. Hoje, o giro de negócios pode ser reforçado pela volatilidade entre comprados e vendidos no exercício das opções sobre ações.

… Bancos caíram em bloco: Bradesco PN (-1,38%; R$ 15,03), Bradesco ON (-1,03%; R$ 13,48), Banco do Brasil (-1,20%; R$ 27,91), Santander (-0,72%; R$ 30,18) e Itaú (-0,27%; R$ 36,60).

… Vale subiu 1,20% (R$ 58,23). Acionista da companhia, Bradespar registrou +0,81% (R$ 18,70). Outras metálicas também foram bem, na esteira do minério: CSN Mineração, +1,26% (R$ 6,41); e CSN, +1,35% (R$ 12,05).

… Petrobras ficou sem direção, com o papel ON em queda de 0,30%, a R$ 39,70, e o PN em alta de 0,33%, a R$ 36,27. Prio teve a terceira maior valorização da sessão, com +1,90%, a R$ 44,01.

… Brava Energia recuou 9,40%, a R$ 18,89, reagindo ao anúncio da companhia de que a retomada da produção no campo de Papa Terra só deve ocorrer em dezembro.

EUFORIA – Um dia depois da reação morna ao corte de 50pb nos juros, o mercado resolveu surfar na postura agressiva do Fed, na expectativa de que o BC americano vai ser capaz de induzir um pouso suave da economia.

… O recado de Powell na 4ªF dizendo que os 50pb não são tendência continuou a ser desafiado pelas apostas no FedWatch, que apontam um orçamento total de -125pb em 2024.

… Contribuiu para animação do dia a inesperada queda nos pedidos de auxílio-desemprego, para o menor nível desde maio, sinalizando que o mercado de trabalho continua saudável, apesar da desaceleração nas contratações.

… Foram 219 mil pedidos, 12 mil a menos que na semana anterior e abaixo dos 230 mil estimados. Com o mercado de trabalho no foco do Fed, os números de emprego continuarão a calibrar as expectativas para os fed funds.

… Em dia de altas expressivas, o Dow Jones alcançou pela primeira vez os 42 mil pontos (+1,26%, aos 42.025,45) e o S&P 500 estreou os 5.700 (+1,70%, aos 5.713,67), marcando o 39º recorde de fechamento em 2024.

… De novo, as techs lideraram e o Nasdaq (+2,51%) voltou à marca de 18 mil pontos (18.013,98). Tesla disparou 7%, Apple, Meta e Nvidia subiram em torno de 4%, AMD saltou 6% e Alphabet, 1,5%.

… Historicamente, o mercado de ações tem boa performance em períodos posteriores a corte de juros e numa economia sem recessão. “Desta vez não deve ser diferente”, disse Solita Marcelli (UBS Global WM) à Bloomberg.

… O cenário base do UBS WM é que o S&P 500 alcance 5.900 pontos até o fim deste ano e avance a 6.200 até junho de 2025. As techs devem continuar a liderar o índice.

… Ainda sob o peso da decisão do Fed, o retorno da note de 2 anos caiu a 3,587% (de 3,6192% na véspera). Mas os Treasuries longos avançaram.

… O juro da note de 10 anos subiu a 3,721% (de 3,701%) e o do T-bond de 30 anos avançou a 4,054% (4,024%), de olho nos dados do auxílio-desemprego.

… No câmbio, o dólar ganhou terreno ante o iene (142,644/US$) antes da decisão do BoJ. A libra avançou bem  (+0,76%, a US$ 1,3280), depois de o BoE manter o juro em 5%, como esperado.

… No comunicado da decisão, o BC britânico avisou que a taxa básica deve seguir restritiva por “tempo suficientemente longo”, até que a inflação dê mostras que vai chegar à meta de 2%.

… Cauteloso, Andrew Bailey disse que o BoE não pode cortar o juro rápido demais.

… O euro também subiu (+0,55%), a US$ 1,1164. O DXY ficou praticamente estável (+0,04%), a 100,639 pontos.

EM TEMPO… VALE confirmou que negociações sobre acordo para compensação do desastre de Mariana estão avançadas e espera chegar ao fim do processo de mediação em outubro.

BRADESCO aprovou a distribuição de R$ 2 bilhões em JCP intermediários, o equivalente a R$ 0,1795 por ação ON e R$ 0,1975 por ação PN, com pagamento até 30/4/25; ex em 1º/10…

… O vice de tecnologia do banco, Rogério Câmara, vai para conselho do banco; Câmara substituirá Milton Matsumoto, que se aposenta após 67 anos.

B3 aprovou a distribuição de R$ 326 milhões em JCP (R$ 0,0512 por ação) e de R$ 190 milhões em dividendos (R$ 0,0351 por ação), com pagamento em 7/12; ex em 25/9.

LOJAS RENNER aprovou a distribuição de R$ 161,3 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1687 por ação, com pagamento em 8/10; ex em 25/9.

MULTIPLAN informou que venda de 18,52% da participação da Ontario (OTPP) no capital social vai à AGE em 21/10.

FRIGORÍFICOS. JPMorgan revisou as estimativas de Ebitda para BRF e JBS em 2024; banco citou a expectativa positiva em relação ao desempenho no 2º semestre, especialmente no 3TRI…

… Estimativa para o Ebitda da BRF em 2024 foi elevada em 6%, para R$ 11 bilhões; com isso, o preço-alvo para dezembro de 2025 foi ajustado para R$ 30 por ação…

… No caso da JBS, a estimativa subiu para R$ 35,5 bilhões, 8% acima do consenso do mercado; banco manteve o preço-alvo de R$ 43 por ação para dezembro de 2025.

AGROGALAXY informou em fato relevante que foi suspenso o segredo de justiça no âmbito da recuperação judicial.

EQUATORIAL. Conselho de Administração elegeu ontem Eduardo Parente Menezes para assumir a presidência do colegiado, após a renúncia de Carlos Augusto Leone Piani, que agora é diretor-presidente da Sabesp.

ENERGISA. Consumo de energia subiu para 3.430 GWh em agosto, aumento de 4% ante o mesmo mês de 2023.

COPEL. Copel Geração e Transmissão fará a 9ª emissão de debêntures, no valor de R$ 1,6 bilhão.

VIBRA ENERGIA corrigiu valor a ser pago por ação na distribuição de JCP anunciada ontem; valor passou de R$ 0,2341 para R$ 0,2349; total permanece em R$ 262 milhões; pagamento será realizado até 30/12/25.

BRAVA ENERGIA. Citi tem recomendação de compra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 50; banco disse que foi exagerada a reação negativa do mercado por conta da interrupção na produção no campo Papa Terra.

GRUPO MATEUS vendeu quatro imóveis para o fundo de investimentos imobiliários TRX Real Estate por R$ 122,8 milhões; imóveis estão localizados em Russas (CE), São Luís (MA), Ananindeua (PA) e Marituba (PA).

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

BoE decide juro no day after do Fed e Copom

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[19/09/24]

… O consenso é que o BC inglês (BoE) não seguirá hoje (8h) os passos do Fed e optará por manter os juros em 5%, deixando eventualmente para cortar a taxa básica na reunião de novembro. À noite, os BCs da China (22h30) e do Japão (1h) também têm decisões de política monetária. O pregão desta 5ªF continua reservado às repercussões do Fed e do Copom, que seguiram o script esperado, com corte de 50 pb logo de largada nos EUA e alta de 0,25 pp da Selic por aqui, mas vieram com abordagens mais cautelosas para as duas últimas reuniões do ano (novembro e dezembro). Tanto aqui como lá, no entanto, a percepção majoritária é de que as próximas decisões estão em aberto.

… A Selic passou de 10,50% para 10,75% ao ano, em decisão unânime, com Galípolo e Campos Neto votando juntos.

… No comunicado, o Copom disse que a alta da Selic é resultado de um cenário marcado por resiliência na atividade econômica doméstica, por pressões no mercado de trabalho e expectativas “desancoradas” para a inflação.

… Mais uma vez, o BC não se comprometeu com guidance, indicando que o pace dependerá da dinâmica inflacionária. Alguns disseram que o comunicado foi tão duro, que valeria até para justificar aperto de meio ponto.

… O mercado vai agora buscar na ata, na próxima 3ªF, se o Copom pretende aumentar a dosagem de alta do juro.

… As grandes novidades reveladas pelo comunicado foram o reconhecimento pelo BC de que o balanço de riscos para a inflação agora é assimétrico para cima e que o hiato do produto saiu de perto da neutralidade para positivo.

… Esta sugestão de que a economia doméstica está crescendo acima do seu potencial já estava contratada, em grande medida, depois do PIBão de 1,4% no 2Tri, que projeta expectativas de crescimento de 3% no ano.

… O hiato agora positivo parece ter sido determinante para uma outra surpresa embutida do comunicado:

… Os dirigentes optaram por elevar a projeção de inflação para o 1Tri de 2026, atual horizonte relevante da política monetária, para 3,5% no cenário de referência, agora 0,5 ponto porcentual descolada do centro da meta (3%).

… “Os 3,5% de inflação projetados demandariam um ciclo total de altas até maior que 2 pp [da Selic], mas há alguns atenuantes que são importantes de ser contemplados”, observa o economista Marco Antonio Caruso (Santander).

… Segundo ele, nas reuniões de novembro e dezembro, o Copom vai passar a olhar o 2Tri de 2026. “Suponho que o BC tenha estimativa de inflação menor do que esses 3,5% para lá, o que já pode reduzir o ciclo total projetado.”

… Além disso, até lá, o Copom também ganha tempo para avaliar o câmbio e o impacto do Fed no dólar.

… “O BC rodou os modelos com o câmbio a R$ 5,60. Hoje está em R$ 5,45. Imagino que o câmbio, a partir daqui, vai gostar da combinação de um tom hawk do nosso Banco Central e um Fed que começou com 50”, avalia Caruso.

… Até pouco tempo atrás um aliado improvável do Copom, o câmbio desponta como gatilho de alívio para enfrentar as pressões do ritmo aquecido da atividade doméstica. A briga do Copom promete estar entre estes dois polos.

FED – Confirmando as apostas de um corte mais agressivo, que começaram a rolar no mercado no final da semana passada, o BC americano reduziu a taxa em 50 pb, para a faixa de 4,75%-5,00%, em decisão praticamente unânime.

… Só a dirigente Michelle Bowman votou por redução menor, de 25 pb. Segundo o gráfico de pontos, uma quantidade considerável de integrantes do Fed (sete) espera que a taxa seja reduzida em mais 50 pb até dezembro.

… Mas o mercado “peita” o Fed e pede uma flexibilização maior, apesar de Powell já ter dado o seu recado de que pode não entregar tudo o que Wall St deseja (abaixo) e que os passos futuros estão condicionados aos indicadores.

… A opção pelo “choque” inicial de queda do juro foi vista por analistas como uma estratégia do Fomc para turbinar o mercado de trabalho, que confirma neste momento o seu protagonismo para as decisões de política monetária.

… “Powell anunciou que a luta contra a inflação foi finalmente vencida. Isto significa que o Fed vê agora margem para garantir que o mandato de pleno emprego também seja alcançado”, escreveu um analista do Commerzbank.

… Pelas projeções do Fed, a taxa de desemprego deve continuar subindo, do nível de 4,2% para 4,4% até dezembro. Já a inflação do PCE deve cair do patamar de 2,5% em agosto para 2,3% até o final do ano, perto da meta de 2%.

BANDEIRA TARIFÁRIA – O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que a tendência é de que a bandeira amarela ou vermelha seja mantida até o final do ano, adiando o retorno da bandeira verde em 2024.

… Já a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta acionamento da bandeira vermelha patamar 2 (o mais elevado) em outubro, o que levaria a cobrança adicional nas tarifas de energia de R$ 7,877 a cada 100 kWh.

… O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresenta hoje o “plano antiapagão”. O ministro Alexandre Silveira havia determinado a apresentação do plano para assegurar o abastecimento até o final do governo Lula.

MAIS AGENDA – Aqui, saem a segunda prévia do IGP-M (8h) e a arrecadação federal (10h30), que deve atingir R$ 201,200 bilhões em agosto, segundo a mediana de pesquisa Broadcast, após R$ 231,044 bilhões em julho.

… As estimativas para esta leitura variam de R$ 193,1 bilhões a R$ 246,115 bilhões. A mediana representa um ganho real de 11,75% em comparação com um na antes. A Receita comenta os números em entrevista coletiva às 11h.

… O ministro Rui Costa se reúne, às 15h, com governadores para discutir a crise climática e o combate aos incêndios. Ontem, a Câmara aprovou o PL que dispensa as licitações para contratos em situações de calamidade.

LÁ FORA – Além do BoE, também os BCs da Turquia (8h) e África do Sul (10h) divulgam decisões de juros. Nos EUA, saem o auxílio-desemprego (9h30), com previsão de estabilidade, e as vendas de moradias usadas em agosto (11h).

MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA – Apontado pelos analistas de mercado como um fator bastante relevante para definir a extensão do ciclo de aperto da Selic, o câmbio vem se apreciando há seis pregões consecutivos.

… Na euforia instantânea à decisão agressiva do Fed de já iniciar o relaxamento monetário com 50 pb, o dólar tocou R$ 5,4130 na mínima intraday e só moderou o ritmo de queda até o fechamento, porque Powell não pegou leve.

… No fim do dia, valia R$ 5,4617 (-0,48%), com o presidente do Fed dizendo que o BC americano não necessariamente adotará o mesmo ritmo de desaperto do juro e que as decisões serão tomadas a cada reunião.

… Diante do diferencial de juros entre o Brasil e EUA, a estrategista de moedas emergentes do Goldman Sachs, Teresa Alves, acredita que a moeda brasileira pode recuperar parte do espaço perdido nos últimos meses.

… O valor do real contra o dólar, diz, está cerca de 8% abaixo do “nível justo”. Seja como for, ela alerta que só o compromisso sério com a âncora fiscal será capaz de garantir a apreciação sustentada da moeda doméstica.

… Na curva do DI, durou pouco o ânimo com o Fed. Os juros futuros chegaram a cair 10 pb logo após a decisão, mas voltaram e terminaram de lado, diante da sinalização de Powell de que os cortes nos EUA podem ser graduais.

… O DI Jan25 fechou a 10,940% (contra 10,945% no pregão da véspera); Jan26 terminou em 11,765% (de 11,780%); Jan27, a 11,800% (de 11,810%); Jan29, 11,960% (11,965%); Jan31, 12,000% (11,990%); e Jan33, 11,970% (11,980%).

NÃO É ÓTIMO, MAS É BOM – Em termos de atratividade de k estrangeiro, o melhor dos mundos seria o Copom ter dado um aperto de meio ponto, para abrir ainda mais o diferencial de juro com o Fed, que mandou bala no corte.

… Mas o quadro não deixa de estar mais vantajoso agora e deve ser capitalizado pelo investidor externo na B3.

… Ontem, o Ibovespa foi derrubado (-0,90%, aos 133.747,69 pontos) pelas blue chips das commodities, em meio aos ruídos sobre a política de preços da Petrobras e o tombo de mais de 4% do minério na volta do feriado na China.

… O metal opera agora no pior nível em quase dois anos, desde novembro de 2022, e pesa à Vale (-1,17%; R$ 57,54).

… Petrobras ON caiu 1,73% (R$ 39,82) e Petrobras PN cedeu 2,40% (R$ 36,15, mínima do dia), reagindo menos ao petróleo, que caiu pouco, e mais intensamente ao rumor, negado pela estatal, de queda no preço dos combustíveis.

… Faltando 1h para a bolsa fechar, a Petrobras desmentiu a notícia veiculada mais cedo pela imprensa de alteração em sua tabela e disse que eventuais ajustes são divulgados imediatamente aos seus clientes nos canais corporativos.

… Ainda segundo a empresa, mudanças são realizadas no curso normal de negócios sem periodicidade definida.

… Mais cedo, fontes informaram ao Valor que a Petrobras estuda reduzir o preço dos combustíveis nos próximos dias para alinhar os valores aos preços internacionais, que estão mais baixos que os praticados pela companhia.

… De acordo com o jornal, os cálculos já estariam sendo feitos e a ideia é que a medida de alívio tenha efeito na inflação calculada pelo IPCA deste ano, que continua próxima do teto da meta do BC, estabelecido em 4,5%.

… A cotação do petróleo Brent (-0,11%, a US$ 69,88), que serve de referência à Petrobras, acumula desvalorização de cerca de 4,50% só em setembro. O último reajuste promovido pela estatal nos combustíveis foi em 9 de julho.

… CSN Mineração teve forte baixa de 8,26%, a R$ 6,33. Usiminas (+2,79%; R$ 6,26) destoou.

… Os bancos ficaram no vermelho: Bradesco ON (-1,16%; R$ 13,62), Santander (-0,85%; R$ 30,40), Bradesco PN (-0,59%; R$ 15,24), Itaú (-0,57%; R$ 36,70) e Banco do Brasil (-0,49%; R$ 28,25).

… Frigoríficos também se destacaram no lado negativo, influenciados pela desvalorização do dólar. Marfrig registrou -5,44% (R$ 13,90); JBS, -4,19% (R$ 32,70); BRF, -3,88% (R$ 24,04); e Minerva, -3,74% (R$ 6,69).

… Liderando as perdas do Ibov, Azul caiu 10,08%, a R$ 5,62. Braskem subiu 4,76% (R$ 19,79), após o UBS BB ter elevado a recomendação do papel de neutra para compra.

CORTOU O BARATO – Como se viu, o Fed decidiu cumprir o roteiro esperado e ser agressivo em seu primeiro corte de juros em quatro anos. Mas Powell não demorou a dar um jeito de telegrafar que este não será o novo normal.

… Apesar de ele ter reconhecido que a dose inicial do ciclo de queda foi “um movimento forte”, alertou que a intensidade da alta não deve ser interpretada como tendência e que as próximas decisões dependem dos dados.

… O gráfico de pontos sinaliza que a maioria do Fed espera queda acumulada de 50pb até o fim do ano, mas o mercado entra na briga e pede que o Fed entregue mais (75pb), segundo a ferramenta de apostas do CME Group.

… Confirmando as evidências de que o BC americano está mais focado agora no emprego do que nos preços, o Fed justificou o corte de ontem alegando estar seguro sobre o processo de desinflação em direção à meta de 2%.

… Sinal de que o mercado de trabalho continuará como o fiel da balança para as reuniões de novembro e dezembro.

… Na reação imediata ao Fed, os mercados em NY assumiram uma carga de ânimo, contida em seguida por Powell.

… O “corte hawkish” reverteu a queda inicial dos juros dos Treasuries, que viraram para alta durante a entrevista de Powell. A taxa da Note de dois anos subiu de 3,615% para 3,629% e a de dez anos avançou de 3,659% para 3,712%.

… Também as bolsas em NY zeraram o otimismo, depois de o presidente do Fed ter melado as esperanças de que o corte de 50pb possa virar padrão e ter sinalizado que não há tanta pressa para buscar o juro neutro nos EUA.

… Mas as quedas foram discretas em Wall Street. O índice Dow Jones cai 0,25%, aos 41.503,10 pontos, o S&P 500 recuou 0,29%, encerrando em 5.618,26 pontos e o Nasdaq marcou baixa de 0,31%, aos 17.573,30 pontos.

… Em meio à notícia de que a gestora de recursos BlackRock vai lançar um fundo de investimento em inteligência artificial de mais de US$ 30 bilhões com a Microsoft, as ações da empresa de Bill Gates cederam 1,00%.

… No câmbio, o dólar tocou as mínimas do pregão assim que o Fed cortou o juro, mas devolveu as perdas contra o iene e o euro depois que Powell falou. Já a libra subiu 0,29%, a US$ 1,3180, porque o BoE não deve seguir o Fed hoje.

… O iene caiu 0,12%, para 142,65/US$, diante das expectativas de que o BoJ traia as esperanças mais hawkish e mantenha os juros nesta madrugada em 0,25% ao ano. O euro fechou praticamente estável (-0,04%), a US$ 1,1103.

… O índice DXY, termômetro do dólar contra outras moedas fortes, fechou com baixa de 0,30%, a 100,596 pontos.

EM TEMPO… ITAÚ emitiu R$ 1 bilhão em letras financeiras subordinadas perpétuas, com opção de recompra a partir de 2029 sujeita à prévia autorização do BC.

VIBRA ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 262 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2341 por ação, com pagamento até 30/12/25; ex em 24/9/24.

HYPERA aprovou a distribuição de R$ 123,6 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1953 por ação; ex em 24/9; pagamento será feito até o fim do exercício social de 2025, em data a ser definida.

SANEPAR. Ministro do STF Flávio Dino revogou decisão liminar, concedida por ele mesmo, que barrava a licitação de três Parcerias Público-Privadas (PPPs) da companhia; leilão estava marcado para 22 de maio…

… Após a decisão, a empresa anunciou a retomada da licitação, que será realizada amanhã.

AGROGALAXY. Conselho da empresa autorizou entrada com urgência de pedido de recuperação judicial…

… Diretor-presidente, Axel Jorge Labourt, e cinco membros do conselho renunciaram aos cargos; diretor financeiro, Eron Martins, assumirá como CEO.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Chegou o grande dia

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[18/09/24]

… A probabilidade de corte de 50pbs do juro pelo Fed (15h) e de alta de 0,25pp da Selic pelo Copom (após as 18h30) é o desfecho mais provável. Mas surpresas não podem ser descartadas, já que até poucos dias atrás a aposta majoritária nos EUA era de uma dose de 25pbs e, aqui, Galípolo desafiava o gradualismo. Não vai faltar emoção. Em termos de ganho de credibilidade, o mais importante é que o placar do BC venha unânime para baixar a volatilidade. Nos EUA, a decisão de política monetária do Fomc será seguida de entrevista coletiva de Powell (15h30), o que deve ajudar a projetar o ciclo total de queda do juro. Por enquanto, o consenso é de redução acumulada de 125pbs.

… No equilíbrio dos riscos, o Fed deve optar por preservar o mercado de trabalho sólido, neste momento em que a taxa de desemprego está em 4,2%, contra 3,7% em 2023, e as pressões inflacionárias parecem mais acomodadas.

… O analista do BMO Capital Markets, Ian Lyngen, diz que “os investidores se tornaram desacostumados ao grau de incerteza apresentado pelo Fed”, visto que as últimas decisões estavam todas telegrafadas um dia antes da decisão.

… Para o ING, a decisão entre cortar os juros mais (50pbs) ou menos (25pbs) será “como um cara ou coroa”.

… A ferramenta do CME Group precifica 65% de chance para um corte mais agressivo, mas gigantes financeiros de Wall Street, como é o caso do Goldman Sachs, BofA, Morgan Stanley e Citi, estão inclinados à opção menos dovish.

… Por aqui, a maioria das apostas, tanto entre economistas como entre traders, é de elevação de 0,25pp da Selic, para 10,75% ao ano. A curva do DI, porém, ainda embute precificação residual (20%) de o BC dar meio ponto.

… Segundo anotou Denise Abarca (Broadcast), o dólar (R$ 5,48) chega ao dia do Copom valendo bem menos do que na última reunião de política monetária (R$ 5,65) e no cenário de referência do comunicado de julho (R$ 5,55).

… O câmbio mais comportado entra como argumento para a avaliação de que a dose menor de alta da Selic pode dar conta do recado neste momento, mesmo porque o corte do juro pelo Fed está contratado e ajuda a aliviar a pressão.

… De qualquer maneira, o BC se vê em corner para retomar o ciclo de aperto, diante do balanço de riscos apresentado pela economia aquecida, pelas expectativas de inflação descoladas da meta e pelo cenário fiscal.

… A seca histórica que atinge o país contamina os preços e entra como fator adicional de cautela às contas públicas.

… Após o sinal verde de Dino, o governo autorizou ontem a abertura de crédito extraordinário de R$ 514 mi com foco na área ambiental e Lula afirmou que eventos climáticos precisam ser levados em consideração no orçamento.

… “A gente não pode continuar com a mesma regra que a gente tinha estabelecido há tantos e tantos anos”, disse o presidente, embora tenha assegurado que nada será executado sem uma discussão prévia com o Parlamento.

… Lula conduziu nesta 3ªF uma reunião no Planalto com os chefes dos três Poderes. Após o encontro, Lira convocou sessão na Câmara para hoje para votar a flexibilização das regras de licitações durante estados de calamidade.

… O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que o Supremo também conceda uma flexibilização orçamentária para o Cerrado. Ele disse já ter abordado o assunto junto ao ministro Flávio Dino.

… Além do crédito extra para combate às queimadas, o governo pode sofrer derrota no STF com impacto fiscal de R$ 132,6 bi em ações que questionam a reforma da Previdência, segundo nota técnica da AGU obtida pelo Broadcast.

… Embora o julgamento das ações na Corte esteja suspenso por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, outros dez ministros já votaram e formaram maioria para derrubar quatro trechos da reforma.

… Em dois deles, a União deve ser impedida de acionar gatilhos que poderiam reduzir o déficit atuarial (desequilíbrio entre os recursos disponíveis) do chamado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) em R$ 126,5 bilhões.

… Também foi formada maioria para derrubar o artigo que cria cálculos diferenciados às alíquotas da contribuição paga por mulheres no regime geral e no regime do serviço público, com risco fiscal estimado em R$ 6,1 bilhões.

… O revés para a reforma da Previdência acontece num momento em que os especialistas já defendem a necessidade de um novo endurecimento das regras das aposentadorias, diante do rombo nas contas previdenciárias.

BETS – O governo pode arrecadar até R$ 3,4 bilhões ainda este ano com a regulamentação de sites de bets, caso os 113 pedidos de outorga recebidos na primeira fase de licenciamento sejam aceitos pela Fazenda.

… O cálculo foi feito pelo secretário de Prêmios e Apostas, Regis Dudena, mas é uma estimativa teto, já que ainda não é possível concluir que todas as empresas que fizeram a solicitação estão cumprindo todas as regras para atuar.

BATE-CABEÇA – A Fazenda corrigiu informações prestadas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) relativas à lei sancionada por Lula que permite ao Tesouro se apropriar do “dinheiro esquecido” em contas bancárias.

… Após repercussão negativa nas redes sociais, a Secom publicou nota em que nega o confisco, afirma que a medida só teria efeito sobre valores esquecidos “por mais de 25 anos” e que não haveria perda de direitos sobre os recursos.

… A Fazenda afirma, no entanto, que há prazos para a recuperação desses valores: 30 dias após a publicação da lei (16 de setembro) ou após a publicação de edital pela Fazenda; e seis meses no caso da via judicial.

MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. No Senado, a expectativa é que seja votado hoje em plenário o projeto de lei do Acredita, programa do governo federal de microcrédito.

LÁ FORA – O dia começa com a inflação ao consumidor na zona do euro em agosto (6h). Nos EUA, saem as construções de moradias iniciadas no mês passado (9h30) e os estoques de petróleo do DoE, às 11h30.

… A Câmara americana vota projeto de gastos provisórios que estende financiamento do governo por seis meses.

ALÍVIO ANTECIPADO – Mesmo sem saber em qual intensidade o Fed vai cortar o juro e o Copom vai subir a Selic, só a convicção de que o diferencial das taxas será ampliado já tem derrubado o dólar por cinco pregões seguidos.

… Com queda acumulada de quase 3% em setembro, a moeda americana furou R$ 5,50 ontem, fechando em baixa de 0,41%, a R$ 5,4882.

… Outras moedas emergentes que apanharam bastante recentemente também se valorizaram, como os pesos mexicano e colombiano e o rand sul-africano.

… A preocupação com o cenário fiscal, diante da MP que vai liberar recursos para o combate das queimadas, não chegou a prejudicar o desempenho do câmbio.

… Mas foi um dos fatores que pesaram nos DIs mais longos, assim como a alta dos rendimentos dos Treasuries, após dados de atividade (indústria e varejo) mais fortes que o esperado nos EUA.

… Já próximos aos 12%, o Jan/29 subiu a 11,965% (de 11,960%) e o Jan/31, a 11,990% (de 11,965%). O Jan/33 avançou a 11,980% (de 11,932%).

… Com ligeira queda, os juros curtos tiveram algum alívio com a queda do dólar. O DI para Jan/26 caiu a 11,780% (de 11,833%) e o Jan/27 cedeu a 11,810% (de 11,859%).

… É possível que neste ano o governo entregue o limite inferior da meta fiscal por causa de receitas extraordinárias e do PIB mais forte, na avaliação do BTG Pactual. Mas os anos seguintes são mais incertos.

… O banco revisou a projeção de resultado primário do governo central para 2024 de déficit de R$ 62 bilhões para R$ 48 bilhões (ou R$ 28 bilhões excluindo os gastos com o socorro ao Rio Grande do Sul, não computados na meta).

… Mas em 2025, o orçamento conta com R$ 178 bilhões em receitas incertas. O déficit primário deve chegar a R$ 110 bilhões em 2025 (ou R$ 66 bilhões se excluídas as despesas com precatórios).

… Incerteza fiscal e atividade também são os motivos que devem levar a Selic a 12% em janeiro de 2025, diz o BTG, que estima crescimento de 3,1% do PIB em 2024.

NA CORDA BAMBA – Não foi nada demais o que caiu o Ibovespa ontem (-0,12%), mas foi o suficiente para entregar os 135 mil pontos (134.960,19), em dia de giro de negócios (R$ 16,2 bi) de novo bem abaixo do que de costume.

… De nada adiantou o petróleo ter voltado à faixa de US$ 73, porque Petrobras ON recuou 0,61% (R$ 40,52) e PN, -0,46% (R$ 37,04). Tampouco a alta firme de 1,38% do minério em Cingapura segurou a Vale (-0,48%; R$ 58,22).

… Os bancos completaram as perdas entre as ações das blue chips. Bradesco ON caiu 0,72% (R$ 13,78); Bradesco PN cedeu 0,65% (R$ 15,33); BB, -0,63% (R$ 28,39); e Itaú, -0,24% (R$ 36,91). Só Santander subiu: +0,10%, a R$ 30,66.

… CSN Mineração também destoou do minério (-2,82%, a R$ 6,90) e liderou as perdas do dia no Ibov, seguida por Braskem (-1,87%; R$ 18,89) e Embraer (-1,61%; R$ 48,39).

… Azul estendeu os ganhos da véspera, com a expectativa por um acordo com credores, e avançou 13,84%, a R$ 6,25. Também se destacaram Petz, com +3,74%, a R$ 4,72, e Cogna, +2,76%, a R$ 1,49.

MUITA CALMA NESSA HORA – S&P 500 e Dow Jones até alcançaram novos recordes intraday ontem, mas no fim das contas os investidores preferiram a cautela antes da decisão do Fed hoje.

… Embora o BC americano esteja com foco no mandato do emprego, dois dados de atividade acima do esperado podem ter deixado o mercado com a pulga atrás da orelha sobre o tamanho do corte do juro americano.

… As vendas do varejo tiveram um crescimento inesperado de 0,1% em agosto ante julho, quando se estimava queda de 0,2%. Na indústria, a produção aumentou 0,8% no mesmo período, quatro vezes mais que o 0,2% esperado.

… Os dados, contudo, não alteraram as apostas majoritárias de corte de 50pbs pelo Fed logo mais à tarde.

… S&P 500 (+0,03%, a 5.634,58 pontos) e Dow Jones (-0,04%, a 41.606,18) ficaram estáveis. O Nasdaq subiu 0,20% (17.628,06 pontos).

… Microsoft ganhou 0,88% após aprovar um novo programa de recompra de US$ 60 bilhões em ações e aumentar seu dividendo trimestral em 10%.

… Intel avançou 2,68%. A empresa anunciou que pretende separar a divisão de fabricação de chips e torná-la uma subsidiária, entre outras medidas para cortar custos.

… O Russell 2000, de small caps, que os investidores veem como uma das maiores beneficiárias do corte de juros, superou os três principais índices, com alta de 0,74%.

… Com a atividade econômica mostrando força, os retornos dos Treasuries avançaram antes do Fed. O movimento também foi influenciado pelo leilão de US$ 13 bilhões em T-Bonds de 20 anos, com demanda abaixo da média.

… O juro da note de 2 anos subiu a 3,598% (de 3,553%), o da note de 10 anos avançou a 3,645% (de 3,619%) e o do T-bond de 30 anos foi a 3,960% (de 3,929%).

… Depois de três quedas consecutivas, o índice DXY subiu 0,13%, a 100,894 pontos, apesar das apostas para o corte de juros hoje.

… O dólar recuperou terreno ante o iene, subindo 1,2%, a 142,357/US$, depois de ter tocado a mínima abaixo de 140 ienes na sessão anterior.

… Na Reuters, o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki afirmou que o governo continuará a avaliar o impacto da valorização da moeda na economia e tomará as medidas necessárias.

… Com queda de 0,39%, a libra respondeu ao aumento das apostas num corte de juros pelo BoE na 5ªF, conforme informou o Financial Times.

… O euro ficou praticamente estável (-0,09%). Dirigentes do BCE (inclusive Lagarde) têm sinalizado que a probabilidade de um corte de juros em outubro é pequena.

EM TEMPO… PETROBRAS assinou dois novos contratos com TechnipFMC, no valor de R$ 2,9 bi, para equipamentos submarinos e dutos flexíveis; contrato busca viabilizar produção de Búzios, Libra, Tupi, Atapu, Sépia e Roncador.

BRASKEM reiterou que não conduz eventuais negociações de acionistas a respeito de suas participações acionárias e esclareceu que não tem conhecimento de que os credores estariam novamente tentando vender a petroquímica…

… Posição respondeu aos questionamentos da CVM sobre notícias de que Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES estariam estudando criar um fundo, no qual os créditos seriam convertidos em ações da empresa.

SANTANDER firmou acordo com o Banco Central após falhas em controles internos de prevenção à lavagem de dinheiro e deverá pagar R$ 19,4 milhões de compensação.

CEMIG aprovou a distribuição de R$ 472,6 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1652 por ação, com pagamento em 2 parcelas (30/6/25 e 30/12/25); ex em 24/9/24.

TIM aprovou a distribuição de R$ 300 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1239 por ação, com pagamento até 23/10; ex em 24/9.

IGUATEMI concluiu a aquisição da participação no Shopping RioSul pela Combrashop, via Parshop…

… Negócio faz parte de acordo firmado em julho entre Iguatemi, que passa a deter 16,6% do empreendimento, e BB Premium Malls (BBIG FII), com 33,3%; Combrashop segue titular, com 50,1%.

IOCHPE-MAXION aprovou a 14ª emissão de debêntures, no valor de R$ 750 milhões.

HYPERA. Capital International Investors reduziu participação na companhia de 9,56% para 5,01%.