IBC-Br e varejo conferem recuo da atividade aqui e nos EUA

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[16/01/25]

… Balanços do BofA e do Morgan Stanley (antes da abertura) podem manter o entusiasmo do setor financeiro em Wall Street – onde tudo deu certo, nesta 4ªF. A grande notícia foi a desaceleração da inflação nos EUA, que reanimou as apostas de que os juros voltarão a cair neste ano, em uma notícia muito positiva para os emergentes. Hoje são importantes os dados do varejo americano (10h30), que tendem a reforçar a expectativa com um Fed mais dovish se confirmarem o recuo esperado. É claro que, a dois pregões da posse de Trump, as incertezas sobre as suas políticas tarifárias continuam sendo uma ameaça, e ninguém está autorizado a relaxar a guarda. Também aqui, os investidores monitoram os sinais de esfriamento da economia, que dão alívio adicional aos juros. Na agenda, o IBC-Br é destaque (9h).

… Depois de três meses consecutivos de crescimento, o “PIB do BC” deve voltar ao terreno negativo em novembro (-0,1%), na mediana do Broadcast. As estimativas variam de recuo de 1,2% a expansão de 0,3%.

… Na base anualizada, o indicador deve desacelerar fortemente contra a leitura de outubro, de 7,3% para 4,3%.

… O que se nota é que a perda de ritmo esperada para o dado não é isolada. No intervalo de pouco mais de uma semana, este já seria o quarto referencial da atividade econômica que apontaria para uma perda de dinamismo.

… Primeiro, foi a produção industrial de novembro (-0,6%). Em seguida, as vendas no varejo registradas no período vieram fracas (-0,4%) e, ontem, o volume do setor de serviços (-0,9%) veio pior que o esperado (-0,5%).

… Os números combinados levantam suspeitas de que a economia começou a perder pique no último trimestre do ano passado, ainda que não haja consenso se este já é um reflexo direto do ciclo de aperto monetário.

… Os sintomas de um processo de esfriamento justificaram ontem um novo ajuste em queda na curva de juros e podem trazer à tona a discussão de uma Selic terminal abaixo da marca de 15% exibida pelo boletim Focus.

… O Safra projeta um pico de 14,75% da taxa básica em maio e desaceleração para 13,75% no final do ciclo.

… O banco reduziu a aposta do PIB do ano de 2,5% para 1,5%, projetando avanço menor no consumo das famílias e nos investimentos corporativos, diante do aperto monetário mais forte e ausência de impulso fiscal.

PASSOU RECIBO – Após a onda de fake news, o governo recuou e revogou norma da Receita que ampliava a fiscalização em transações financeiras, incluindo o Pix, de operações acima de R$ 5 mil (PF) e R$ 15 mil (PJ).

… O governo decidiu ainda publicar uma medida provisória para reforçar que não haverá taxação de transações feitas pelo meio de pagamento instantâneo, depois de a oposição ter espalhado as informações falsas.

… A AGU pediu à PF abertura de inquérito para identificar autores que disseminaram informações distorcidas. O recuo do governo foi mal visto de todos os lados, por especialistas no Broadcast e dentro do próprio PT.

… No momento em que volta atrás na instrução normativa da Receita, o governo oferece de bandeja aos opositores a sinalização de que eles venceram, que a pressão deu certo e que a intenção era mesmo taxar o PIX.

… Não adianta trocar ministro da comunicação e continuar comunicando mal. Também de pouco adianta nessa guerra de narrativas e fake news apelar à PF. Melhor seria Lula ter convocado rede nacional para desmentir.

… Teria matado logo o assunto, evitando a proporção que a polêmica ganhou depois de o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) sobre o tema ter viralizado e capitalizado a vitória do desgaste do governo.

… Na opinião do professor Paulo Niccoli Ramirez (ESPM), a gestão petista vem sendo desestabilizada pelo uso mais eficaz pela direita das redes sociais, com poder de persuasão muito maior e mais atraente aos algoritmos.

… Tivesse o governo usado de uma estratégia articulada, não perderia tanto tempo em correr atrás do prejuízo.

REFORMA MINISTERIAL – Reportagem no Estadão aponta que a cúpula do PT está preocupada com a desidratação que o partido, que comanda 11 ministérios, deve sofrer com as mudanças no Esplanada.

… Dirigentes petistas defendem nos bastidores que o União Brasil, que não entrega os votos correspondentes a seu tamanho, deveria perder lugar na dança das cadeiras para atrair o PP, expoente do Centrão e sigla de Lira.

… De saída do cargo, o presidente da Câmara é sido cobiçado por parte dos petistas para ingressar no governo e dar palanque a Lula na disputa à reeleição no ano que vem. Se Lira topar, ganharia a pasta da Agricultura.

… Já a chance de Rodrigo Pacheco integrar a equipe de Lula desagrada ao PT, que não enxerga no presidente do Senado uma figura capaz de ter articulação decisiva junto ao Congresso para apagar os incêndios de crise.

… As eleições que renovarão os comandos da Câmara e do Senado estão marcadas para 1.° de fevereiro.

… Indicado por Lira, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) é o favorito para ocupar sua cadeira. No Senado, Rodrigo Pacheco deverá passar o bastão para Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

AZUL NO AFTER HOURS – O ADR da companhia aérea disparou quase 5%, no entusiasmo da notícia de que assinou com a Abra, dona da Gol, memorando de entendimentos para explorar uma combinação de negócios.

… O CEO da Azul, John Rodgerson, disse ao Broadcast que a fusão tem chance de ser concluída até o fim do ano.

… O acordo prevê que a companhia combinada, que deve criar uma gigante no setor de aviação, converterá as suas ações preferenciais em circulação em ON, que serão listadas no Novo Mercado da B3 e na Nyse.

MAIS AGENDA – A FGV divulga a segunda prévia do IPC-S de janeiro (8h). Lula e Haddad participam, às 15h, de cerimônia de sanção do projeto que regulamenta a reforma tributária. A expectativa é que o texto tenha vetos.

… Lá fora, o crescimento das vendas do varejo dos EUA (10h30) deve desacelerar a 0,6% em dezembro, de 0,7% em novembro, mas ainda se mantendo num nível forte.

… Já no mercado de trabalho, contrariando a força do payroll, os pedidos de auxílio-desemprego (10h30) devem registrar alta de 13 mil, para 214 mil. A Nahb informa a confiança das construtoras em janeiro (12h).

… Na zona do euro, o BCE divulga a ata da reunião do dia 12 de dezembro, em que reduziu o juro em 25pb, para 3% ao ano.

… Ontem, o vice-presidente do BC europeu, Luis de Guindos, avisou que o foco da política monetária mudou da inflação para o crescimento.

… Embora sem se comprometer com uma direção para os juros, disse que, se os próximos dados confirmarem as projeções do BCE, a trajetória da política monetária é “clara”: “espero continuar reduzindo o aperto das taxas”.

TÃO LONGE, TÃO PERTO – Devagar, o dólar vai tentando voltar aos R$ 6, mas ainda encontra piso por aí, diante dos receios sobre a política expansionista e protecionista de Trump 2, além de toda a incerteza fiscal doméstica.

… Para quem aposta contra o dólar, toda a torcida é para que, na posse de 2ªF, o presidente eleito dos EUA venha o menos provocativo que conseguir, esvaziando o risco de uma guerra de tarifas e optando pela elevação gradual.

… Neste caso, quem sabe o investidor possa sonhar com a moeda americana furando o suporte que está tão difícil de quebrar. Ontem, o dólar seguiu o alívio em escala global com o CPI e completou três pregões seguidos em queda.

… Fechou em baixa moderada de 0,35%, cotado a R$ 6,0252, tendo chegado a R$ 6,0119 na mínima intraday.

… Na cola do câmbio e do fôlego de baixa das taxas dos Treasuries com os dados mais fracos nos EUA, o DI partiu para mais uma rodada de devolução de prêmios de risco. Muito esticada, a curva tem aproveitado para voltar.

… Outros dois fatores colaboraram ontem para os juros futuros desarmarem ainda mais a pressão recente: a queda do volume do setor de serviços, que sugere atividade menos aquecida, e o déficit fiscal menor que o esperado.

… Em novembro, as contas do Governo Central vieram deficitárias em R$ 4,515 bi, melhor que a aposta de -R$ 6,5 bi dos economistas. O secretário Rogério Ceron (Tesouro) traçou expectativa mais positiva para o acumulado de 2024.

… Embora tenha reconhecido que houve algumas perdas de receitas no final do ano passado, declarou que, não fosse isso, o resultado primário em 2024 teria chance de ficar quase no centro da meta definida no arcabouço fiscal.

… Disse ainda que a relação despesa/PIB voltará a um dos menores patamares da década.

… Outra boa notícia foi que o Tesouro identificou um erro na contabilização de receitas que melhora o resultado primário em R$ 2 bi nos últimos dois anos. Em 2023, o déficit de R$ 230,5 bilhões caiu para R$ 228,5 bilhões.

… Já em 2024, o resultado até outubro passou de déficit de R$ 64,3 bilhões para R$ 62,3 bilhões.

… Com a respirada no DI, as taxas voltaram a rodar abaixo de 15%: Jan/26 a 14,815% (de 14,865% na véspera); Jan/27, a 14,995% (15,140%); Jan/29, 14,830% (15,060%); Jan/31, 14,720% (14,950%); e Jan/33, 14,580% (14,820%).

DEU SHOW – O Ibov se convidou para a festa de NY com a inflação comportada e esteve a um triz de tocar os 123 mil pontos na máxima do dia (122.987,84). Turbinado, saltou 2,81%, a 122.650,20 pontos, com só duas ações em queda.

… Foi o maior ganho porcentual em um ano e meio, ajudando a devolver o índice à vista ao positivo no acumulado do ano (+1,97%). O giro extraordinário de R$ 70,3 bi foi potencializado pelo vencimento de opções sobre o Ibov.

… Amanhã, tem game de novo na bolsa, com o exercício das opções sobre ações, concentrado nas blue chips.

… Bancos contribuíram para a deslanchada do Ibovespa. Em dia de atratividade da bolsa, costumam ser os primeiros a responder.

… Itaú puxou a valorização do setor, com +4,34% (R$ 32,22). Santander subiu 3,53% (R$ 24,95); Bradesco ON, +3,51% (R$ 10,92); Bradesco PN, +3,50% (R$ 11,83); e Banco do Brasil, +2,52% (R$ 25,27).

… Vale ganhou 1,45% (R$ 52,60), na esteira da alta do minério de ferro em Dalian (+0,71%).

… Petrobras ON (+1,31%, a R$ 41,66) fechou na máxima e PN subiu 1,28% (R$ 37,29), de olho na alta do Brent/março, de 2,64%, a US$ 82,03 por barril.

… Ficou em segundo plano apara o petróleo a confirmação do cessar-fogo na Faixa de Gaza a partir de domingo, já que o mercado tinha antecipado o acordo na véspera.

… A cotação do barril foi embalada pela queda do dólar, pelo recuo maior que o esperado nos estoques nos EUA e pela manutenção da previsão de aumento da demanda global pela Opep em 2025 (+1,45 milhão de bpd).

… Hapvida deu um salto de 10,45%, a R$ 2,43, apoiada também pela definição da ANS em relação às datas das audiências públicas sobre política de preços e reajustes dos planos de saúde.

… Vamos subiu 9,44% (R$ 4,87) e Yduqs teve alta de 8,37% (R$ 9,19). Apenas Marfrig (-1,76%; R$ 16,22) e Klabin (-0,51%; R$ 21,58) ficaram no vermelho.

… Depois do Itaú BBA, foi a vez de o Safra reduzir o preço-alvo para o Ibovespa no fim de 2025. O banco espera que o índice chegue a 141,5 mil, ante 165 mil previstos antes.

… Aumento do protecionismo sob o governo Trump 2, menos espaço para corte de juros nos EUA, incertezas fiscais domésticas, alta da Selic e desancoragem de expectativas de inflação justificaram a reavaliação do banco.

ALÍVIO – A desaceleração do núcleo do CPI pela primeira vez em seis meses recuperou a percepção de que o progresso da inflação americana em direção à meta foi retomado, desencadeando a onda global de apetite por risco.

… Para completar, a temporada de balanços começou bem em Wall Street. Os resultados trimestrais de Wells Fargo (+6,69%), Citigroup (+6,49%), Goldman Sachs (+6,02%) e JPMorgan (+1,97%) agradaram ao mercado.

… Embora a meta de inflação está esteja longe de ser atingida, os dados do CPI aliviaram as tensões depois de um payroll muito mais forte que o esperado, que levou parte do mercado a falar até na possibilidade de alta de juro.

… O mercado voltou a apostar mais fortemente em pelo menos mais um corte do juro no ano. Na ferramenta do CME, junho aparece como o mês mais provável (65,8%, de 57,3%) para a retomada da flexibilização pelo Fed.

… O núcleo do CPI – que exclui alimentos e energia – cedeu para 0,2% em dezembro, de 0,3% em novembro, em linha com o esperado. Na leitura anual, desacelerou de 3,3% para 3,2%. A expectativa era de manutenção em 3,3%.

… O CPI cheio acelerou de 0,3% em novembro para 0,4% em dezembro, puxado pelos preços da energia. No ano, subiu de 2,7% para 2,9%. Analistas esperavam alta de 0,3% e 2,9%, respectivamente.

… Os Fed boys gostaram do que viram. Austan Goolsbee, do Fed Chicago, disse que o CPI reflete um “quadro encorajador” no processo de desinflação.

… Seu colega de Richmond, Tom Barkin, disse que novos dados mostram progresso na inflação, mas que os juros devem seguir restritivos. John Williams (NY) vê a inflação diminuindo gradualmente em direção à meta de 2%.  

… “Os números não mudaram a expectativa para uma pausa no corte de juros este mês, mas devem limitar as conversas sobre um aumento de taxas”, disse Ellen Zentner (Morgan Stanley WM) na BBG.

… O Wells Fargo reduziu a expectativa de três cortes de juros para dois em 2025. O banco reconheceu o alívio no núcleo do CPI, mas disse que o progresso tem sido vagaroso.

… Ainda assim, um senso de alívio tomou NY depois de meses de dados de inflação estagnada.

… O juro da note de 10 anos, que vinha muito pressionado, caiu 14pb, de 4,788% para 4,648%. O da note de 2 anos recuou a 4,264% (de 4,375%) e o do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,871% (de 4,977%).

… As ações do setor de tecnologia aproveitaram a onda de otimismo e o alívio dos rendimentos dos Treasuries, fazendo o Nasdaq avançar 2,45%, aos 19.511,23 pontos.

… Tesla (+8,0%), Meta (+3,8%) e Nvidia (+3,3%) recuperaram terreno na sessão.

… O S&P 500 ganhou 1,83% (5.949,91 pontos) e o Dow Jones subiu 1,65% (43.221,55 pontos).

… O dólar cedeu ante alguns pares, com o índice DXY em queda de 0,17%, a 109,09 pontos.

… A libra esterlina subiu 0,29%, a US$ 1,2242, apesar de a inesperada desaceleração do CPI no Reino Unido na base anualizada em dezembro (2,5%) ter impulsionado as chances de cortes de juros pelo BC inglês (BoE).

… O euro ficou estável (-0,09%), em US$ 1,0298. O iene avançou 1,02%, a 156,363/US$, após comentários do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, ampliarem expectativas por alta de juros no país.

… Ele disse que as taxas continuarão subindo a economia e os preços melhorarem.

EM TEMPO… CYRELA registrou alta de 146%, para R$ 6,737 bilhões, nos lançamentos do 4Tri24 sobre o 4Tri23. No ano, o valor geral de vendas (VGV) de lançamentos somou R$ 13,021 bilhões, 33% maior que em 2023.

PLANO&PLANO registrou R$ 1,3 bilhão em valor geral de venda (VGV) lançado no 4Tri24, queda de 9,2% sobre o mesmo período de 2023. No ano, os lançamentos somaram R$ 3,7 bilhões, crescimento de 26,2%.

CURY atingiu R$ 1,06 bilhão em valor geral de venda (VGV) nos seus lançamentos do 4tri24, alta de 23,9% sobre o 4tri23. As vendas líquidas somaram R$ 1,2 bilhão, alta de 38,5% no mesmo intervalo.

EVEN registrou vendas líquidas de R$ 369 mi no 4tri24, queda de 29,4% ante igual período/23. Velocidade de vendas sobre oferta (VSO) consolidada foi de 12% e as vendas de estoques somaram R$ 212 mi.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Foco no CPI hoje

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[15/01/25]

… Antes de falar da agenda carregada do dia, o investidor acompanha nas agências internacionais as informações de que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Gaza, está próximo e pode ser alcançado nas próximas horas ou até o fim da semana, aliviando a pressão do petróleo. Aqui, os primeiros sinais de perda de fôlego da atividade econômica já começam a aparecer na indústria e no varejo e podem ser reforçados hoje pelo volume de serviços em novembro. O dado será divulgado às 9h pelo IBGE e tem aposta de queda. Com vários dias de atraso, o Tesouro informa às 14h30 as contas do Governo Central em novembro. Mas são os EUA que roubam a cena hoje, com a abertura da temporada dos balanços pelos bancos e a inflação ao consumidor americano em dezembro medida pelo CPI (10h30).

… Embora este não seja o indicador de preços olhado mais de perto pelo PCE, que prefere o PCE, nem por isso o dado é menos importante, especialmente agora que as apostas para o ciclo do Fed andam tão embaralhadas.

… Um CPI forte entraria na conta do risco de o Fomc eliminar a chance de um corte de juro este ano e até deixar a porta aberta para um aperto, o que até bem pouco tempo atrás nem era cogitado, mas foi despertado pelo payroll.

… Já uma inflação mais comportada viria a calhar para acalmar os nervos dos investidores, diante do choque de tensão com o protecionismo tarifário de Trump, embora venha crescendo a expectativa de uma política gradual.

… Ontem, além da esperança de que o presidente eleito possa pegar mais leve, também a desaceleração inesperada do PPI em dezembro (abaixo) ajudou as taxas de curto prazo dos Treasuries a pausarem a escalada recente.

… Mas a cautela se renova hoje, pela importância redobrada que o CPI ganha no contexto de pressões inflacionárias. Analistas estimam que os preços ao consumidor repitam o ritmo de novembro, com alta de 0,3% em dezembro.

… No comparativo anual, devem acelerar de 2,7% para 2,9%. O núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve subir 0,20%, menos que em novembro (0,3%). Na base anualizada, +3,30% (igual ao mês anterior).

… Em paralelo ao CPI, o investidor também dedicará atenção à safra dos resultados corporativos, que já começa com quatro gigantes do setor financeiro: JPMorgan, Goldman Sachs, Citi e Wells Fargo, todos antes da abertura.

… Ainda na agenda dos EUA, saem o Livro Bege (16h) e o Empire State, de atividade industrial em NY/jan (10h30). Quatro Fed boys falam: Tom Barkin (10h/11h20), Neel Kashkari (12h), John Williams (13h) e Austan Goolsbee (14h).

… Além de estar de olho no cessar-fogo em Gaza, o petróleo acompanha os relatórios mensais da AIE (6h) e Opep (sem horário confirmado), além dos estoques do DoE (11h30), que têm previsão de queda de 1,1 milhão de barris.

AQUI – Após dois meses consecutivos de expansão (1,1% em outubro e 1,0% em setembro), o volume de serviços prestados em novembro deve cair 0,5%. No Broadcast, as estimativas variam de queda de 1,6% a avanço de 0,9%.

… Nos últimos dias, os dados de novembro da produção industrial (-0,6%) e das vendas no varejo (-0,4%) já indicaram que a atividade econômica começa a desaquecer, como potencial reflexo da Selic que roda alta.

… No campo fiscal, o mercado projeta déficit primário de R$ 6,50 bi (mediana) para o Governo Central/novembro, após saldo positivo de R$ 40,811 bi em outubro. As projeções, todas de déficit, vão de R$ 30,4 bi a R$ 4,50 bi.

… Em relatório, o Itaú disse ontem que o arcabouço perdeu credibilidade como âncora para a evolução das contas públicas e, mesmo se cumprido estritamente, não é capaz de gerar trajetórias fiscais sustentáveis no médio prazo.

… A não ser que, pontuou o banco, haja uma alta ainda mais significativa das receitas.

… Segundo o documento, assinado por Thales Guimarães e Pedro Schneider, até agora, o governo só tem atuado para diminuir os riscos de cenários extremos de descumprimento do limite de despesas do arcabouço até 2026.

… Na avaliação dos analistas do Itaú, uma melhora sustentada das condições financeiras domésticas apenas seria possível caso se concretizasse uma perspectiva de trajetória mais equilibrada da dívida à frente.

… “Uma iniciativa viável nessa direção seria reduzir no ano o limite superior do crescimento real anual das despesas primárias, de 2,5% para 1,5%, e anunciar medidas complementares que deem consistência ao anúncio.”

MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. Lula se reúne pela manhã (9h30) com ministro para tratar dos vetos que devem ser feitos ao projeto que regulamenta a reforma tributária.

APROVEITOU A DEIXA – Antes que, eventualmente, o CPI nos EUA e o radicalismo de Trump possam reverter a trégua nos mercados, o dólar não perdeu a chance de furar R$ 6,05 e, de carona no alívio, o DI queimou prêmio.

… O PPI abaixo do esperado, que reacendeu a esperança de o Fed cortar os juros pelo menos uma vez este ano, e a sinalização na imprensa de que o tarifaço de Trump será gradual atuaram em dobradinha ontem para o otimismo.

… O real foi beneficiado ainda pela nova alta do minério de ferro na China, diante dos novos empréstimos acima do esperado no país em dezembro. A força do metal ajudou a fortalecer as divisas de países produtores da commodity.

… O dólar à vista fechou em baixa de 0,85%, a R$ 6,0464, próximo da mínima intraday, quando bateu R$ 6,0410.

… Sem desperdiçar a onda positiva no câmbio, os juros futuros continuaram devolvendo pressão e, na reta final, testaram mínimas, antecipando que a pesquisa de serviços do IBGE em novembro confirmará a perda de dinamismo.  

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 caiu a 14,865%, piso do dia, contra 14,955% no fechamento anterior; Jan/27, a 15,140% (15,315%); Jan/29, 15,060% (15,340%); Jan/31, 14,950% (15,240%); e Jan/33, 14,820% (15,100%).

… O desafio da curva é conseguir se consolidar abaixo do patamar de 15%. Mas, para isso acontecer, a percepção de risco fiscal vai ter que se acomodar e, no exterior, o mercado terá que contar com a sorte de um Trump mais light.

ENGESSADO – Faz dias que o Ibovespa anda preso, oscilando em faixas estreitas, no comportamento travado pelas incertezas fiscais domésticas e o suspense pelo que Trump pode aprontar em relação à sua política de tarifas.

… Levantando preocupações sobre o cenário macroeconômico, o Itaú BBA reduziu a estimativa para o preço-alvo do índice à vista da bolsa no fim deste ano de 165 mil pontos para 145 mil pontos, ainda bem acima do patamar atual.

… Ontem, o Ibovespa fechou em 119.298,67 pontos, com alta de 0,25% e giro de R$ 19,2 bilhões.

… A segunda valorização seguida do índice ocorreu na esteira de um alívio nos ativos domésticos, após um PPI abaixo do esperado nos EUA e notícia de que Trump deve subir as tarifas de importação de forma gradual.

… Bem descontada, Vale subiu 0,66% (R$ 51,85), sem a mesma intensidade do minério de ferro em Dalian (+2,2%).

… Bradesco avançou forte (ON, +2,13%, a R$ 10,55; e PN ,+1,87%, a R$ 11,43), após levantar US$ 750 milhões em títulos de 5 anos no exterior, com retorno de 6,7%, abaixo dos 7% esperados, por causa da forte demanda.

… Banco do Brasil ganhou 1,82%, a R$ 24,65; Santander, +0,92% (R$ 24,10); e Itaú estável (+0,06%), em R$ 30,88.

… Petrobras fechou mista: ON em alta de 0,42% (R$ 41,12) e PN com queda de 0,67% (R$ 36,82), em dia de baixa de 1,34% do Brent/mar, a US$ 79,92 o barril, com perspectiva de um cessar-fogo em Gaza.

… O Goldman Sachs reiterou a recomendação de compra para as ações da Petrobras, dizendo que os elevados preços do petróleo compensam margens de refino menores em um ambiente de preços domésticos estáveis.

… Já o BTG disse esperar elevação de um dígito nos preços de gasolina e diesel pela petroleira, se o Brent e o câmbio continuarem nos níveis atuais.

… Petz teve a maior valorização do dia, com +4,88% (R$ 4,30), beneficiada pela expectativa em torno da fusão com a Cobasi, após notícia de que o Cade deve dar o aval para a combinação de negócios ainda neste trimestre.

… Marcopolo (+4,12%; R$ 7,59) e Iguatemi (+3,60%; R$ 17,25) completaram a trinca de maiores altas. Já as piores perdas do pregão foram de Eneva (-2,80%; R$ 10,75), CSN (-2,47%; R$ 7,49) e Marfrig (-2,31%; R$ 16,51).

PÉ ATRÁS – Houve certo alívio nas bolsas de NY após a divulgação do PPI nos EUA abaixo do esperado. Mas o indicador não motivou grandes apostas dos investidores, que preferiram ver o CPI hoje.

… Os índices de ações em Wall Street fecharam com variação tímida. Com big techs novamente sob pressão, o Nasdaq caiu 0,23%, a 19.044,39 pontos. S&P 500 subiu 0,11% (5.842,91) e o Dow Jones avançou 0,52% (42.518,28).

… Em clima de esperar para ver o CPI, os rendimentos dos Treasuries permaneceram em níveis elevados, com o rendimento da note de 10 anos estável em 4,784%, próximo da máxima de 14 meses alcançada na 2ªF.

… O juro do T-bond de 30 anos voltou a tocar os 5% e fechou em 4,970%, de 4,952% na sessão anterior. Afetado pelo PPI, o da T-Note de 2 anos caiu a 4,362% (de 4,385%).

… Puxado pela queda em alimentos, o PPI desacelerou a 0,2% em dezembro, de 0,4% em novembro, abaixo do 0,3% esperado. Na comparação anual, subiu 3,3%, mais que os 3% de novembro, mas menos do que a previsão de 3,4%.

… O núcleo ficou estável no mês, inferior à estimativa de +0,2%. No ano, subiu 3,5%, aquém da projeção de 3,8%.

… Vários dos componentes do PPI que alimentam a medida de inflação preferida do Fed — o PCE — foram mistos em dezembro.

… “Isso significa que o Fed e os mercados não se beneficiarão de componentes do PPI no PCE, como foi o caso em novembro”, disse Krishna Guha (Evercore) para a BBG. “Isso deixa o mercado mais exposto ao CPI”.

… No câmbio, o dólar teve um recuo importante, depois que reportagem da BBG informou que o governo Trump estuda aumentar tarifas de importação de forma gradual, o que evitaria um pico de inflação.

… Jeff Schmid, presidente do Fed de Kansas City, disse que o impacto das políticas de Trump é uma “conversa ativa” no Fed, e que o BC americano vai responder a isso se as metas de inflação ou emprego forem desviadas do curso.

… O índice DXY caiu 0,62%, a 109,273 pontos. O euro subiu 0,86%, a US$ 1,0307; a libra ganhou 0,24% (US$ 1,2206).

… Na contramão, o iene caiu 0,44%, a 157,97/US$. Na madrugada, a moeda chegou a subir depois de o vice do BoJ, Ryozo Himino, dizer que há possibilidade de o BC elevar o juro. A alta da divisa japonesa, contudo, não se sustentou.

EM TEMPO… GOL ampliará para três os voos semanais entre Salvador e Buenos Aires a partir de abril. O trecho será operado com as aeronaves Boeing 737, com capacidade para até 186 passageiros.

TENDA. Lançamentos alcançaram valor geral de vendas de R$ 1,6 bilhão no 4Tri24, alta anual de 39,8%. As vendas líquidas aumentaram 16,9% no período e os distratos subiram 10,2%.

MARCOPOLO. O Citi iniciou a cobertura da empresa com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10, o que representa um potencial de alta de 31,7% em relação ao fechamento de ontem…

… O banco considerou que a empresa opera com uma margem resiliente, após a racionalização da capacidade do setor, com fechamento de fábricas.

RANDON concluiu a aquisição da Dacomsa por R$ 2,2 bilhões.

IOCHPE-MAXION fará a 15ª emissão de debêntures simples no valor total de R$ 500 milhões. O prazo de vencimento será de cinco anos contados da data de emissão, vencendo no dia 5 de fevereiro de 2030.

B3 informou que o volume médio diário do mercado de ações cresceu 18,8% em dez/24, ante dez/23, para R$ 30,037 bilhões. Ante novembro, o resultado foi 13,6% maior.

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PPI serve como primeiro teste

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[13/01/25]

… A escalada do petróleo acima de US$ 80 e os juros dos Treasuries perto de 5% mantêm dois focos de pressão nos negócios globais. Dentro de um ambiente inflacionário, o índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA em dezembro ganha atenção redobrada hoje (10h30), na véspera do CPI, indicador econômico mais importante da semana. Dados fortes, na sequência do payroll, devem reforçar a expectativa de menos cortes do Fed no ano ou mesmo de nenhuma flexibilização ou quem sabe até de um aperto, nas especulações mais agressivas. A atividade e inflação aquecidas nos EUA coincidem com o medo do tarifaço de Trump, embora ninguém ainda esteja seguro do que virá.

… NY já estava fechada ontem, quando reportagem da Bloomberg apontou que integrantes da equipe econômica do presidente americano eleito discutem promover um aumento gradual das tarifas sobre as importações, mês a mês.

… Uma abordagem gradativa fortaleceria a posição dos EUA nas negociações e, ao mesmo tempo, ajudaria a evitar um repique na inflação, de acordo com as fontes. Pelo cronograma, as tarifas subiriam cerca de 2% a 5% ao mês.

… Também dependeriam de autoridades executivas sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.

… As informações não chegam a ser novidade. Pouco mais de uma semana atrás, matéria do Washington Post havia indicado que as tarifas comerciais serão mais “seletivas e brandas” que o esperado, com foco em setor específicos.

… Naquele dia, Trump se apressou a fazer postagem em rede social dizendo que tudo não passa de fake news da imprensa. O mercado está acostumado às bravatas, mas continua inseguro sobre a concretização das ameaças.

… Quanto menos pesado o novo governo de Washington pegar em sua política tarifária e tanto menor forem as extravagâncias fiscais, melhor, para não deflagrar um horizonte ainda mais carregado de pressões para o Fed.

… A dinâmica exterior continua sendo observada muito de perto pelos mercados domésticos, que ainda têm que administrar os seus próprios dilemas. Ontem, porém, houve espaço de alívio (abaixo), com Guillen e Durigan.

… Entrevistado pelo jornal O Globo, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, afirmou que o governo “naturalmente” cogita novas medidas de cortes de despesas este ano para garantir a preservação do arcabouço.

… Segundo ele, a equipe econômica deve voltar a insistir em impor limites aos “supersalários”, porque a revisão de gastos deve atingir “o andar de cima”. Também a questão da idade mínima para militares voltará à agenda.

… Durigan disse que as novas propostas podem diminuir as frustrações dos investidores com o pacote aprovado em 2024 e devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento/25, prevista para fevereiro.

… Nos bastidores de Brasília, o Palácio do Planalto rejeita um novo ajuste fiscal antes de abril.

… Auxiliares próximos ao presidente Lula ouvidos pelo Valor não admitem medidas extras tão cedo, defendendo ser preciso esperar pelo menos três meses para avaliar se a situação das contas públicas registrou uma melhora.

… O governo, que em março fará um pente-fino no relatório de receitas e despesas, vai tentando ganhar tempo.

… Em evento da Bradesco Asset, ontem, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a meta fiscal do ano tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro ainda demanda atenção.

… Agradaram as suas declarações de que, “dada a política fiscal, vamos atuar para trazer a inflação para a meta” e de que “meta só existe uma: não é nem centro da meta, é a meta”, de 3% como alvo a ser perseguido pelo BC.

DÍVIDAS DOS ESTADOS – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicou apoio aos vetos que o presidente Lula deve fazer no projeto de renegociação da dívida dos Estados, segundo o Broadcast.

… Semana passada, Haddad disse que o governo deve vetar todos os pontos do PL que afetem o resultado primário. Pacheco se reuniu ontem com Haddad, Rui Costa (Casa Civil) e Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso.

… Na conversa, os integrantes do governo disseram que o essencial do projeto aprovado na Casa no ano passado será mantido, como a redução dos juros, alongamento da dívida e uso dos ativos para o abatimento da dívida.

MAIS AGENDA – A Anfavea divulga às 10h os dados de produção e venda de veículos em dezembro. Às 11h, o publicitário Sidônio Palmeira toma posse como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom).

NOS EUA – A aposta para a inflação ao produtor (PPI) é de desaceleração para 0,3% em dezembro, contra 0,4% em novembro. O núcleo deve permanecer em 0,2%. Na base anual, o dado cheio deve vir em 3% e o núcleo, em 3,8%.

… Dois integrantes do Fed participam hoje de eventos públicos: Jeffrey Schmid, ao meio-dia, e John Williams, às 17h.

JAPÃO HOJE – O BoJ elevará o juro semana que vem se a inflação se comportar segundo as previsões, disse o vice-presidente do BC japonês, Ryozo Himino. Ele afirmou que os preços estão no caminho certo para a meta.

… No mercado, a perspectiva é de que o BoJ aperte as taxas em um futuro próximo, mas o momento ainda não está claro, porque as tendências salariais no Japão e as políticas econômicas de Trump têm de ser avaliadas.

… Alguns economistas esperam que o BoJ tome medidas neste mês e outros acham que pode esperar até março.

SENTIU FIRMEZA – Os comentários de Guillen sobre o esforço do BC para mirar o alvo do IPCA, combinados à sinalização de Durigan sobre novos de cortes de despesas no ano, descolaram o DI do rali dos juros dos Treasuries.

… A curva aqui também conseguiu descontar a piora na Focus. O documento mostrou que a mediana para a inflação suavizada dos próximos 12 meses subiu de 4,96% para 5,01%, desgarrando-se cada vez mais do centro da meta (3%).

… Para a taxa Selic, o boletim trouxe manutenção da mediana de 2025 em 15% e também para 2026, em 12%.

… Os contratos futuros dos juros conseguiram corrigir parte da pressão desencadeada na última 6ªF pelo payroll e IPCA de dezembro. Mas os longos fecharam perto da estabilidade, com a queda limitada pelas taxas dos Treasuries.

… O DI para janeiro de 2026 caiu a 14,955% (de 15,095% na sessão anterior); Jan/27 recuou para 15,315% (de 15,465%); e Jan/29, a 15,340% (de 15,400%). Já o Jan/31 pagou 15,240% (de 15,230%); e Jan/33, 15,100% (15,070%).

… No câmbio, a força das commodities, diante das novas sanções dos EUA contra Rússia e a balança comercial chinesa melhor que o esperada, blindou o real do impacto da valorização externa do dólar com Trump e o Fed.

… Mas, se não subiu, tampouco a moeda americana efetivamente conseguiu cair, fechando estável (-0,06%, a R$ 6,0985). O viés contratado ainda é de alta, com o investidor na contagem regressiva para a inflação nos EUA.

… Além disso, o alívio cauteloso responde à proximidade da posse de Trump (2ªF), que promete chegar chegando na Casa Branca, com decretos de impacto logo que assumir, contratando pressões nas expectativas inflacionárias.  

EM CÓRNER – Acima de US$ 80, o petróleo redobra a pressão para a Petrobras reajustar os combustíveis e reduzir a defasagem contra os preços praticados lá fora, que já chega a 22% no caso do diesel e em 13% na gasolina (Abicom).

… O preço do diesel não sofre alteração há 383 dias nas refinarias da estatal e a gasolina está estável há 188 dias.

… Em resposta a questionamento do Broadcast sobre o impacto da alta do Brent, a empresa informou que evita o repasse da volatilidade externa para os preços internos, conferindo assim períodos de estabilidade para os clientes.

… No fim/24, Magda Chambriard descartou intenção de mexer na tabela, já que a Petrobras estava ganhando dinheiro mesmo com os preços “abrasileirados”. O diretor Fernando Melgarejo rejeitou uma “correria” para reajuste.

… A diferença de lá para cá é que o petróleo ainda não havia batido os US$ 80, o que pode fechar o cerco. Em agosto de 2023, quando o Brent bateu no patamar atual, a companhia reajustou o diesel em 25% e a gasolina em 16%.

… Sérgio Rodrigues, presidente da Abicom, diz que a Petrobras não precisa trabalhar com uma defasagem de preços tão grande. “Prejudica não só importadores como produtores de etanol”, disse.

… Segundo ele, se a petroleira praticar um preço “só um pouco abaixo da defasagem já ganha muito dinheiro”.

… Para André Braz, coordenador do IPC-S na FGV, o reajuste deve vir em breve, o que vai pesar no IPCA de janeiro e, principalmente, fevereiro. Só a gasolina compromete 5% do orçamento familiar no país, afirmou.

… Ontem, Petrobras acompanhou de longe a alta do Brent (+1,56%; US$ 81,01), mas ajudou a amparar a pequena alta de 0,13% do Ibov, que voltou aos 109 mil pontos (119.006,93), novamente com giro muito baixo, de R$ 16,7 bi.

… O papel PN subiu 0,35% (R$ 37,07) e ON ficou estável (+0,07%), em R$ 40,95. O Brent voltou a repercutir as sanções dos EUA ao petróleo da Rússia, que devem afetar radicalmente o fornecimento do país para China e Índia.

… Vale ficou estável (-0,02%), em R$ 51,51, mesmo com a forte alta de 1,92% do minério de ferro em Dalian.

… Entre os bancos, Bradesco chegou a recuar, pressionado pelo rebaixamento da recomendação de compra para neutra pelo Itaú BBA. Mas reagiu com a notícia de que iniciou conversas com investidores para emissão externa.

… O banco pode emitir ao menos US$ 500 milhões em bonds de 5 anos. Na bolsa, o papel PN subiu 0,36% (R$ 11,22) e o ON avançou 0,19% (R$ 10,33).

… Itaú teve alta de 0,72% (R$ 30,86), Santander subiu 0,29% (R$ 23,88) e Banco do Brasil ficou estável, em R$ 24,21.

… Os destaques positivos do Ibov foram IRB (+4,60%; R$ 48,20), Eneva (+3,46%; R$ 11,06) e BTG (+2,13%; R$ 28,32).

… Minerva liderou o ranking negativo, com -5,31% (R$ 4,81). Grupo Pão de Açúcar, que teve recomendação e preço-alvo rebaixados pelo BofA, recuou 4,71% (R$ 2,63) e Carrefour perdeu 4,37% (R$ 5,25).

ROTINA DE ALTA – O juro da note-10 anos avançou um pouco mais e bateu em 4,8% pela primeira vez desde nov/23, em meio à economia que mostra força nos EUA, o suspense com o CPI e a cautela com as políticas de Trump 2.

… A taxa do título fechou um pouco abaixo da máxima do dia, em 4,79% (de 4,764% na sessão anterior). A marcha em direção aos 5% pesou sobre as ações de tecnologia. O Nasdaq cedeu 0,38%, aos 19.088,10 pontos.

… Na note de 2 anos, o juro subiu a 4,394% (de 4,379%) e, no T-bond de 30 anos, a 4,965% (de 4,944%).

… O noticiário também pressionou as techs. Nvidia (-1,97%) e Micron Tech (-4,31%) cederam após o governo dos EUA dizer que vai restringir ainda mais as exportações de chips e tecnologia de IA.

… S&P 500 chegou a cair à mínima de dois meses durante a sessão (5.773 pontos), mas fechou com leve alta de 0,16% (5.836,22), sustentado pelo setor de energia (acompanhando o petróleo) e bancos (à espera dos balanços).

… Dow Jones se beneficiou da rotação de posições para fora das techs em direção ao setor financeiro, como JPMorgan, e outros papéis, como Caterpillar e UnitedHealth. Subiu 0,86% (42.297,12 pontos).

… A perspectiva de um Fed menos dovish seguiu pressionando o dólar e o índice DXY subiu 0,28%, a 109,956 pontos.

… Ninguém quer apostar contra o dólar forte às vésperas da posse de Trump, diz o ING, mesmo com a taxa de câmbio ajustada à inflação no maior nível desde 1985, segundo cálculo do banco.

… O próximo presidente americano, lembra o ING, promete tarifas, controles de imigração, estímulo fiscal e flexibilização regulatória, o que, além de uma economia forte dos EUA, pode pressionar ainda mais a inflação.

… Enquanto isso, a libra se enfraquece em meio à preocupação com o Orçamento no Reino Unido. Ontem, a moeda caiu 0,25%, a US$ 1,2177. O euro cedeu 0,24%, a US$ 1,0219. Na contramão, o iene subiu 0,29% (157,26/US$).

EM TEMPO… PETROBRAS informou não ter sido notificada pelo TCU e que não tem conhecimento dos termos da apuração sigilosa sobre o procedimento licitatório para construção e afretamento de 12 embarcações do tipo PSV…

… O posicionamento atendeu à solicitação de esclarecimentos da CVM. A concorrência foi vencida pela Bram Offshore e Starnav e contestada pela Associação Brasileira dos Usuários dos Portos, de Transportes e da Logística.

B3 encerrou programa de recompra de ações, após atingir a quantidade máxima de 340 milhões de papéis recomprados, equivalentes a 6% do capital social.

SABESP. Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) obteve liminar que impede a empresa de saneamento de rescindir os contratos com os associados da entidade, que garantem condições de tarifa mais favoráveis…

… No fim de outubro, a Sabesp anunciou a grandes consumidores que rescindiria os contratos com os clientes de maior porte. A empresa rompeu 555 contratos.

MRV. Lançamentos somaram R$ 2,935 bilhões no 4Tri24, alta de 50,8% sobre o 4Tri23. O Valor Geral de Vendas cresceu 19,2%, para R$ 2,611 bilhões, na comparação anual.

AZUL elegeu Daniel Tkacz para o cargo de diretor vice-presidente de operações da companhia…

… Também foram reeleitos o diretor-presidente, John Peter Rodgerson, o diretor de RI, Alexandre Wagner Malfitan, e o diretor vice-presidente de receitas, Abhi Manoj Shah.

CCR. Bradesco BBI, um dos principais credores do grupo Mover, tenta assumir as ações da companhia no grupo CCR, que informou ter recebido uma cópia de notificação do banco…

… O Bradesco diz que pediu para consolidar a propriedade fiduciária sobre 281,5 milhões ações da CCR, praticamente toda a participação da antiga empreiteira, dadas em garantia de dívidas do grupo Mover.

ELETROBRAS iniciará 2ª fase do plano de gestão de provisões relativas ao empréstimo compulsório criado em 1960, com o objetivo de reduzir a carteira de processos, focando nas ações judiciais de valor menor do que na 1ª fase…

… Em dois anos, a companhia reduziu em 55,8% o estoque de provisões, caindo de R$ 25,8 bilhões em setembro de 2022 para R$ 14,4 bilhões em setembro de 2024.

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