Semana agitada tem superquarta e muito mais
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[27/01/25]
… O feriado do Ano Novo Lunar fecha a China por uma semana, em meio aos acenos positivos de Trump, de que não pretende promover uma guerra comercial com Pequim. Já a Colômbia foi punida neste domingo com tarifa de 25%, após recusar voo de imigrantes deportados. Para o México e Canadá, a expectativa é de tarifas a partir de sábado, 1º/2. As incertezas protecionistas, entretanto, não abalam o consenso de que o Fed pausará os cortes do juro na 4ªF e o BCE optará por uma flexibilização de 0,25pp na 5ªF. Nos EUA, a agenda ainda será movimentada pelos balanços de quatro magníficas (Apple, Meta, Microsoft e Tesla), além do PCE de dezembro (6ªF) e PIB/4Tri (5ªF). À espera da semana importante, os futuros das bolsas de NY caíam forte na noite deste domingo. Aqui, Galípolo estreia no comando do Copom, que também se reúne na superquarta, já com alta contratada de mais 1pp na Selic, a 13,25%.
… A dúvida dos investidores é se o BC dará forward guidance para a reunião de maio, diante das pressões fiscais e inflação desancorada, agora em meio à crise dos alimentos. Neste domingo, Lula gravou vídeo para as redes sociais prometendo resolver essa questão.
… “Pode ter certeza de que nós vamos conseguir esse intento de baixar o preço do alimento para você comer mais e melhor.”
… Ao lado da horta da Granja do Torto, o presidente culpou o dólar, as alterações climáticas e o próprio aumento da demanda para explicar a alta dos alimentos. “Já fiz duas reuniões para ver se a gente consegue encontrar uma solução e vou fazer quantas forem necessárias.”
… Lula disse que vai se reunir com atacadistas, produtores e donos de supermercados para que “a comida chegue mais barata à população”.
… Na investida para baixar os preços dos alimentos, o governo anunciou na 6ªF que poderá reduzir as alíquotas de importação dos produtos que estejam mais baratos no exterior. O ministro Carlos Fávaro disse que o milho é um dos produtos que pode ter a alíquota reduzida.
… Essa última iniciativa também não foi bem aceita no mercado financeiro.
… Embora a ameaça de subsídio ou outras medidas “heterodoxas”, como congelamento de preços, tabelamento e fiscalização, tenha sido descartada, a intenção de baixar alíquotas de importação foi considerada uma espécie de interferência e inócua para frear a inflação.
… Economistas dizem que, do ponto de vista fiscal, o impacto é pequeno e não preocupa, mas envia uma sinalização ruim, perseguindo uma linha de ação que tende a se repetir até 2026, com o objetivo de melhorar a popularidade de Lula.
… Além disso, o governo não estaria atacando as verdadeiras raízes do problema dos preços altos.
… “Deveria focar na demanda forte e no efeito do câmbio depreciado, que são o que puxa os alimentos. Se o governo resolvesse a questão fiscal, as expectativas e a inflação cairiam”, defende Sergio Vale, da MB Associados.
… Outra medida em estudo é uma proposta de reformulação do Programa de Alimentação do Trabalhador para reduzir custos das lojas e diminuir a inflação dos alimentos, que está sendo negociada por Alckmin com o presidente da Abras, João Galassi.
… Entre as sugestões, está a criação de um cartão de débito da Caixa, que funcionaria como um cartão alimentação com controle da Receita.
INFLAÇÃO PERSISTE – O choque no preços dos alimentos coincide com pressões inflacionárias renovadas.
… Na 6ªF, o IPCA-15 subiu 0,11% em janeiro, contrariando a aposta de queda de 0,01%. Em 12 meses (4,50%) superou a mediana (4,36%). O grupo Alimentação e bebidas teve uma elevação de 1,06% em janeiro, resultando numa contribuição de 0,23 ponto porcentual.
… A média dos núcleos acelerou de 0,41% para 0,66%.
… Segundo o Barclays, a composição ruim do dado eleva o risco de uma Selic terminal de 15,25% e aumenta a expectativa para o nível de agressividade do comunicado do Copom.
… Em pesquisa Broadcast, as projeções para o juro no fim do ciclo vão de 12,25% a 16,25%, com mediana elevada de 14,75% para 15%.
… Depois da prévia da inflação oficial, o PicPay passou a projetar IPCA de 5,6% este ano, um ajuste de 0,4pp em relação à previsão de dezembro, enquanto a LCA Consultores elevou a sua estimativa de 5,4% para 5,5%.
… Mais pessimista, a Quantitas projeta 6%, mas não descarta 7% caso o núcleo de serviços siga em tendência de alta.
… O JPMorgan acredita que as estimativas do BC para a inflação, que devem ser atualizadas pelo Copom no comunicado, devem permanecer acima do centro da meta de 3% pelo menos até o 3Tri do ano que vem.
… Já o Santander prevê que o pico da inflação deve ser atingido em meados do ano, quando as expectativas da inflação devem piorar ainda mais, incorporando parte da alta das commodities, resultando em uma desaceleração da atividade mais rápida que a esperada.
PETROBRAS – Um potencial reajuste dos preços dos combustíveis para compensar a defasagem com o exterior também estaria no foco de preocupação do governo com a inflação, que estourou o teto da meta no ano passado.
… A reunião da presidente da Petrobras com o presidente Lula nesta tarde (15h) será acompanhada pelo mercado. Participarão do encontro os ministros das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa.
… Em entrevista ao Broadcast, na 6ªF, Chambriard negou congelamento de preços e ingerência política. Disse que a política da empresa está “absolutamente dentro da estratégia”. Há expectativa de que o conselho marque reunião nesta 4ªF para discutir os combustíveis.
VALE – Divulga amanhã (3ªF) o relatório de produção do 4Tri, depois do fechamento dos mercados financeiros.
MAIS AGENDA – Atenção para as contas do governo central na 5ªF. Haddad já antecipou déficit de 0,1% em 2024, dentro da meta estabelecida de déficit zero, com intervalo de tolerância de 0,25pp do PIB para cima ou para baixo.
… Na 6ªF, sai o resultado consolidado do setor público em dezembro e no acumulado do ano passado. Sem data confirmada, os dados da arrecadação federal referentes a dezembro e 2024 são esperados para esta semana.
… Também o emprego está no foco, com Caged (5ªF) e Pnad (6ªF). Do lado da inflação, saem o IGP-M de janeiro (5ªF) e a prévia do IPC-Fipe (hoje, às 5h), antes do Focus (8h25) e dos dados de crédito de dezembro do BC (8h30).
… O mercado de câmbio será influenciado esta semana pela disputa técnica em torno da taxa Ptax (6ªF), enquanto tenta furar novos suportes abaixo de R$ 6, com Trump em clima de lua de mel com a China (leia mais abaixo).
BRASÍLIA – Está marcada para sábado a eleição da nova cúpula da Câmara e do Senado. O deputado Hugo Motta (Republicanos), que costurou uma ampla aliança em torno de sua candidatura, deve suceder a Arthur Lira (PP-AL).
… No Senado, o favorito para assumir o lugar de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) é Davi Alcolumbre (União-AP).
PACOTE FISCAL – A assessoria do Ministério da Fazenda esclareceu neste domingo que não procede a informação de que o ministro Haddad anunciaria nos próximos dias novos medidas de cortes de gastos para acalmar o mercado.
… A nota foi divulgada à imprensa após uma matéria publicada pelo colunista Lauro Jardim (O Globo) apontar que a equipe econômica já teria fechado propostas para apresentar a Lula e reverter a deterioração do quadro fiscal.
… Entre as medidas em estudo pela Fazenda, estaria um pente fino amplo nos programas sociais, como o Bolsa Família, e uma diminuição dos benefícios dos militares, incluindo uma minirreforma da aposentadoria da categoria.
LÁ FORA – Ignorando as pressões de corte de juro por Trump, que não manda na autonomia do Fed, a taxa nos EUA deve ser mantida inalterada na 4ªF no intervalo de 4,25% e 4,5%. A decisão será seguida de coletiva de Powell.
… O que dá jogo no mercado é a aposta sobre quando o BC americano pode retomar o ciclo de cortes e quantas reduções podem ser feitas, se só uma ou duas, com o petróleo agora abaixo de US$ 80 e Trump pegando mais leve.
… Sem que o protecionismo econômico tenha atingido mais diretamente a UE, pelo menos nesta fase inicial do governo de Washington, o BCE deve promover na 5ªF corte adicional da taxa básica de juro, de 3% para 2,75%.
… Às vésperas da decisão, Christine Lagarde participa hoje de dois eventos públicos, às 5h10 e 12h35.
… Ainda na agenda desta 2ªF, a Alemanha divulga o índice Ifo de sentimento das empresas em janeiro (6h). Nos EUA, saem a atividade nacional de dezembro medida pelo Fed/Chicago (10h30) e as vendas de moradias novas (12h).
… Além do Fed, BCE e Copom, Chile (amanhã, 3ªF), Canadá (4ªF) e África do Sul (4ªF) decidem juro na semana.
CHINA HOJE – O PMI composto caiu de 52,2 em dezembro para 50,2 na leitura de janeiro. Apesar da queda, o indicador acima de 50 pontos aponta que a atividade econômica da China continua em expansão.
… Já o PMI industrial recuou de 50,1 para 49,1 no período, em território contracionista e abaixo da aposta dos analistas, que previam manutenção em 50,1. O PMI de serviços caiu de 52,0 para 50,3, acima do esperado (50,1).
BALANÇOS – Apple (5ªF), Meta, Tesla, Microsoft e IBM (4ªF) divulgam seus resultados trimestrais e podem acentuar o brilho das gigantes de tecnologia. Hoje, saem AT&T, antes da abertura, e Western Alliance, após o fechamento.
… Amanhã (3ªF), é a vez da GM e Boeing. Na 5ªF, saem Intel, Visa e Mastercard. Na 6ªF, Exxon e Chevron.
TRUMP DÁ O TROCO – O governo do México impediu no fim de semana o pouso de avião militar dos EUA destinado a deportar imigrantes, aumentando as tensões, às vésperas da ameaça de Trump de impor tarifas, que seriam de 25%, em 1º/fev.
… Já para a Colômbia, que também se recusou a receber ontem voos militares com deportados, a retaliação foi imediata.
NÃO SOU ADIVINHO – Horas após Trump anunciar retaliações contra a Colômbia, o embaixador chinês nos EUA correu às redes sociais para esclarecer que uma entrevista que ele deu ao Em Tiempo – sobre o duelo com os americanos para ampliar a influência na AL – era antiga.
… “Não buscamos desafiar os Estados Unidos nem substituir seu papel no mundo. Diante dos grandes desafios globais, a cooperação e a boa sintonia entre China e Estados Unidos é de uma importância enorme”, escreveu Zhu Jingyang.
… E terminou assim… “Importante esclarecimento: minha entrevista ao El Tiempo foi feita na semana passada, e não tem nada a ver com o que acontece hoje. Eu também NÃO tenho a mágica de adivinhar ou antecipar…”
… Essa preocupação é mais um sinal positivo da disposição da China em se acertar com Trump.
TIKTOK – A Perplexity AI apresentou uma nova proposta, que permitiria ao governo americano possuir até metade da empresa, assim que fizer uma oferta pública inicial de pelo menos US$ 300 bilhões, informou fonte da Associated Press.
O MERCADO 6ªF – Ativo mais favorecido com a posse de Trump, o câmbio continuou se valorizando ante o dólar, que terminou a semana acumulando perda de 2,42%. A moeda americana chegou a cair até R$ 5,8679 na mínima, mas reduziu a queda para o fechamento.
… Tocando máxima na última hora do pregão, o dólar encerrou os negócios na 6ªF a R$ 5,9186 (-0,12%), refletindo uma acomodação após os ganhos com a sinalização de que Trump pegou mais leve com as tarifas, em especial, com a China.
… Além disso, o investidor desvia sua atenção para questões internas, com a inesperada pressão do IPCA-15 às vésperas do Copom, nesta 4ªF, e as preocupações com a nova obsessão do governo Lula de baixar os preços dos alimentos.
… Após a série de confusões com as medidas em debate, a última iniciativa revelada pelo ministro Rui Costa, de baixar as alíquotas para a importação de produtos que estão mais caros aqui do que no exterior, também não foi bem recebida pelo mercado.
… Ainda que o impacto de uma renúncia fiscal seja considerado pequeno pelos economistas, a insistência de Lula em reduzir os preços de um jeito ou de outro sinaliza disposição de interferência.
… Em almoço com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, disse que haveria espaço para uma taxa de câmbio entre R$ 5,40 e R$ 5,50, se não fosse o “barulho interno”.
… Nos juros futuros, o IPCA-15 acima do esperado e os ruídos fiscais puxaram os prêmios dos contratos mais curtos.
… O DI para janeiro de 2026 subiu para 15,140%, de 15,043% no ajuste anterior; DI para janeiro de 2027 avançou a 15,37%, de 15,30%; e o DI para 2029 encerrou estável, em 15,15%. O DI/26 e o DI/27 abriram 23 pontos-base e 20 pontos, respectivamente.
… Já o Ibovespa não teve força para seguir em frente e fechou estável (-0,03%, aos 122.446,94), com giro de apenas R$ 14,6 bilhões.
WALL STREET – O dia também foi negativo para os índices de ações em NY, que fecharam em baixa após os ganhos da semana. O índice Dow Jones caiu 0,32%, aos 44.424,25 pontos; o S&P 500, -0,29%, aos 6.101,24 pontos; e o Nasdaq, -0,50%, aos 19.954,30 pontos.
… Dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos, na 6ªF, mantiveram o dólar e os juros dos Treasuries em baixa.
… O PMI caiu mais que o previsto e a pesquisa da Universidade de Michigan apontou uma piora no sentimento do consumidor e alta nas expectativas de inflação. O juro da T-Note de 10 anos recuou a 4,620% e o do T-Bond de 30 anos, a 4,848%.
… O índice DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de pares fortes, caiu 0,55%, a 107,443 pontos.
… O euro subiu a US$ 1,0492) e a libra esterlina, a US$ 1,2482, com a fraqueza do dólar e os índices PM acima do esperado no Reino Unido e na Alemanha. Já o iene reduziu as perdas ante o dólar após a elevação da taxa de juros pelo BoJ, de 0,25% para 0,50%.
… O petróleo voltou a ser alvo dos comentários de Trump, que defende uma queda de preços pela Opep, mas fechou estável. Brent/abril, que caiu 2,50% na semana, encerrou a US$ 77,50 (-0,01%), e o WTI/março, -3,54% na semana, a US$ 74,66 (-0,05%).
EM TEMPO… ANP determinou a unificação dos campos de Berbigão e Sururu, na Bacia de Santos; PETROBRAS tem fatia de 42,5% nos campos.
ELETROBRAS vai deslistar ações do Latibex, em Madri.
EZTEC. Acionistas controladores atingiram, em 9 de janeiro, participação de 55,006% do capital social da companhia, totalizando 121.556.488 de ações ON…
… Por meio de aquisições subsequentes, passaram a deter 121.611.288 de ações ON, representando 55,030%.
ALGAR TELECOM realizará a sua 15ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 400 milhões.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Lula tem reunião sobre preços dos alimentos
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[24/01/25]
… Índices PMI de serviços e atividade industrial estão na agenda da zona do euro e dos EUA, que têm, ainda, o sentimento do consumidor de Michigan. Em Wall Street, AMEX divulga balanço antes da abertura. Mas o destaque internacional é a decisão do BoJ, que aumentou o juro japonês a 0,50% para enfrentar pressões inflacionárias e fortalecer o iene. Correndo por fora, as falas de Trump sempre podem surpreender e mexer com os mercados. Já aqui, o IPCA-15 de janeiro, às 9h, tem previsão de queda (-0,01%), mas a inflação dos alimentos continua pressionada pela carne. Essa se tornou a principal preocupação do governo e motivo para receio de medidas que podem agravar a percepção de risco do cenário fiscal. Hoje, Lula tem nova reunião para debater o tema com os ministros Haddad e Rui Costa, às 9h30.
… Depois que Costa falou em “intervenção”, e voltou atrás, e que chegou a ser cogitado um prazo mais flexível de validade dos produtos, uma nota da Bloomberg, informando que o governo estuda criar uma rede popular de alimentos, pegou feio, nesta 5ªF.
… A ideia seria fornecer alimentos mais baratos nas periferias de grandes cidades, uma iniciativa que exigiria subsídio. A pressão na curva de juros foi imediata, mesmo com dólar em queda (leia abaixo).
… A boa notícia é que essa fonte admitiu que é preciso buscar a redução dos preços sem gerar gastos extras, considerando o ceticismo do mercado envolvendo o compromisso de Lula com a responsabilidade fiscal.
… No fim da tarde, Haddad classificou como “boataria” a informação sobre um eventual subsídio estatal para interferir no custo dos alimentos e disse que não há espaço fiscal para adotar medidas para baratear os preços.
… De seu lado, Rui Costa afirmou ao blog da jornalista Ana Flor/g1 que o governo descarta criar uma rede popular de alimentos como forma de diminuir o preço da comida e nem vai congelar preços ou criar subsídios.
… O ministro da Casa Civil negou qualquer “medida heterodoxa” na apresentação de hoje a Lula.
… O que parece estar na mesa é o redirecionamento do crédito para os alimentos que mais subiram de preço e uma mudança na taxa dos vales refeição e alimentação – demanda apresentada pelos supermercados alegando que isso reduziria os custos dos alimentos.
… De novo, o governo pode cair na armadilha de atender os empresários acreditando que garantirá benefícios à população. Dilma fez isso quando distribuiu benefícios fiscais em troca de manutenção do emprego e está aí uma “bondade” que ninguém tira mais.
… Além disso, os vales refeição e alimentação atendem apenas os trabalhadores CLT (que nem são a maioria hoje) e servidores públicos.
… O fato é que a alta dos alimentos se tornou uma obsessão para Lula, que não consegue melhorar os seus índices de popularidade. E ele deixou claro que essa é a prioridade do momento do governo na reunião do ministério na Granja do Torto, no início da semana.
… Em 2024, os preços dos alimentos subiram 7,69%, sendo os maiores impactos a carne (21%), café (39%), óleo de soja (29%), leite (18%).
… Para hoje, pesquisa do Broadcast apurou que Alimentação, que subiu 1,47% em dezembro, ainda deve subir 1,44% no IPCA-15.
… A entrada do bônus de Itaipu na tarifa de energia elétrica deve corroborar o recuo do IPCA-15 em janeiro (-0,01% na mediana), entre o piso de -0,12% e alta de 0,24%. Para a inflação em 12 meses, a mediana indica desaceleração de 4,71% para 4,36%.
JURO NA LUA – Os economistas dizem que não há muito o que governo pode fazer para baixar os preços dos alimentos, a não ser torcer por uma safra melhor este ano – o que depende de fatores climáticos – e tomar medidas para baixar os juros e o dólar.
… Mas, embora o dólar tenha voltado à razão (com a ajuda de Trump), os juros continuam escalando.
… O choque no preço dos alimentos e os efeitos do repasse cambial, diante do período de real bastante depreciado, contribuem para a desancoragem das expectativas de inflação e cobram mais do Copom.
… Mais duas doses de alta da Selic, de 1pp cada, estão dadas – a primeira na semana que vem e a próxima em março. Depois disso, as apostas no mercado são variadas para o juro terminal. Na pior hipótese, vai a 16,25%.
… Segundo pesquisa Broadcast, a estimativa intermediária para o juro básico ao final deste ano subiu de 14,75% para 15%. Para o 2Tri de 2026, horizonte relevante da política monetária, avançou de 13% para 13,25%.
MAIS AGENDA – O balanço de pagamentos que o BC divulga às 8h30 deve trazer um déficit de US$ 12,4 bilhões na conta corrente em dezembro, segundo mediana do Broadcast. Em 2024o, o déficit deve chegar a US$ 56,2 bi.
… O IDP deve ficar negativo em US$ 1,1 bilhão no mês e fechar 2024 positivo em US$ 69,3 bilhões.
LÁ FORA – NY segue de olho nos balanços. Além da American Express, antes da abertura, Verizon divulga números depois do fechamento.
… A S&P Global informa a leitura preliminar do PMI composto de janeiro (11h45) dos EUA, que deve cair de 55,4 para 55,2, enfraquecido pelo dado de serviços, enquanto a indústria deve mostrar recuperação.
… Ao meio-dia, saem as vendas de moradias usadas em dezembro (previsão de +1,2%) e o índice de sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, que traz embutido as expectativas de inflação.
… Baker Hughes informa às 15h o número de poços e plataformas de petróleo em operação.
… Christine Lagarde (BCE) faz mais uma participação em debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos (7h).
JAPÃO HOJE – Conforme esperado, o BoJ elevou as taxas de juros de 0,25% para 0,50%, nível mais alto em 17 anos, e sinalizou altas adicionais se a economia e os preços evoluírem de acordo com as perspectivas.
… O BC japonês aumentou a estimativa para a inflação ao consumidor (CPI) deste ano de 1,9% para 2,4%.
… Além da inflação acima da meta e o iene fraco, também os reajustes significativos de salários e a grande diferença dos juros pagos por títulos públicos japoneses e americanos contribuíram para o aperto monetário.
… As taxas de juro vinham inalteradas há três reuniões seguidas, mas agora não deu para segurar mais.
NÃO ENGOLIU BEM – Quando não é Trump, é Lula que vem para adicionar incerteza no mercado, com o rumor de subsídios para baratear os alimentos pondo em xeque o compromisso com a responsabilidade fiscal.
… Coincidindo com a notícia, que estourou na imprensa no meio da tarde, os mercados pioraram na reta final.
… O dólar desacelerou o ritmo de queda e já estava fechado quando veio o desmentido de Haddad (“boataria”), que ainda pegou a curva do DI aberta, mas não impediu as taxas de continuarem rodando na faixa dos 15%.
… Mais cedo, a moeda norte-americana havia conseguido furar os R$ 5,90, com mínima em R$ 5,8745, aliviada por Trump em Davos, que não está barbarizando como prometia em relação à sua política protecionista.
… Mas os afagos à China foram parcialmente ofuscados por aqui na segunda metade do pregão pelas investidas de Lula para recuperar a popularidade, renovando as dúvidas sobre a capacidade de cumprir a meta fiscal.
… O dólar à vista reduziu a intensidade da baixa no fechamento para 0,35%, cotado a R$ 5,9255. Apesar disso, ainda conseguiu emplacar o quarto pregão consecutivo de queda, com recuo acumulado de 2,31% na semana.
… Quem diria que o real, que caiu quase 3% em dezembro, já esteja registrando valorização superior a 4% agora em janeiro e exibindo o melhor desempenho entre as principais divisas globais neste início de ano.
… Famoso pelo otimismo com a moeda brasileira, o economista Robin Brooks, do Brookings Institute, fez ontem postagem na rede social X para dizer que o real “não merece e não pertence” ao nível do dólar acima de R$ 6,00.
… Disse que o “Brasil está longe de ser perfeito e que o atual governo comete erros não forçados”, mas que nada justifica um real 30% mais fraco (como aconteceu em 2024) do que antes da pandemia de covid-19.
… Anos atrás, Brooks se notabilizou por qualificar o Brasil com o status de “Suíça da América Latina”.
… Apesar de Haddad ter assegurado que não se cogita usar espaço fiscal para reduzir os preços de alimentos, a curva do DI não comprou o alívio. Interrompeu a sequência de baixas dos últimos dias e resgatou os 15%.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 15,070% (de 14,920% no fechamento anterior); Jan/27, 15,355% (de 15,165%); Jan/29, 15,205% (de 14,995%); Jan/31, 15,170% (14,960%); e Jan/33, 15,110% (14,880%).
… Em relatório, o Itaú avalia que o governo federal deveria anunciar uma contenção “significativa”, da ordem de R$ 35 bilhões, das despesas discricionárias (não obrigatórias) como forma de cumprir o seu plano fiscal.
… Segundo o banco, o tamanho exato do desafio fiscal este ano dependerá principalmente da evolução do número de beneficiários de programas sociais, que será uma das principais variáveis para se acompanhar.
… Por enquanto, o Itaú duvida do cumprimento da meta fiscal e estima déficit primário de 0,7% do PIB.
… Mas reconhece que os riscos são de um resultado melhor do que o estimado, diante da resiliência da atividade econômica e do esforço contínuo exibido pela equipe econômica na agenda de receitas.
… Semana que vem o Tesouro anuncia o resultado das contas públicas no acumulado do ano passado. Haddad já antecipou déficit de 0,1%, acima da meta de zero, mas dentro do intervalo de tolerância (-0,25%).
AMARGOU – Como os demais ativos domésticos, também o Ibovespa não digeriu bem a história dos subsídios para combater a inflação dos alimentos, que pega mal do ponto de vista fiscal e deixa todo mundo na defensiva.
… Embora negada por Haddad, o estrago da notícia já estava feito. O Ibovespa fechou em baixa de 0,40%, aos 122.483,32 pontos, com volume financeiro que não reage: somou R$ 18,9 bilhões.
… As blue chips de commodities ficaram no vermelho. Petrobras ON caiu 0,92% (R$ 40,75) e PN cedeu 0,70% (R$ 36,83), diante da queda do Brent (-0,76%, a US$ 77,56), após Trump mandar recado para a Opep reduzir os preços.
… Vale (-0,65%; R$ 53,32) ignorou os incentivos da China para o mercado acionário, que fez o minério de ferro subir 0,44% em Dalian.
… O governo chinês disse que continuará a diminuir os requisitos para empresas obterem empréstimos para recompra de ações.
… Bancos não foram poupados do mau humor, com exceção de BB (+2,26%; R$ 26,72). Santander caiu 1,76% (R$ 24,58), Bradesco ON perdeu 1,41% (R$ 10,48), Bradesco PN, -0,78% (R$ 11,39); e Itaú, -0,21% (R$ 32,54).
… Marfrig liderou os ganhos (+4,06%; R$ 15,64) após o Goldman Sachs elevar a estimativa de Ebitda da empresa, com a exclusão dos resultados da BRF.
… Minerva, por outro lado, encerrou na mínima de R$ 4,48 (-6,67%), estendendo as perdas da véspera após rebaixamento pelo Citi. Na semana, ação acumula queda de quase 11%.
… MRV (-5,70%; R$ 5,13) e Grupo Pão de Açúcar (-5,57%; R$ 2,71) também tiveram perdas expressivas.
MEU MALVADO FAVORITO – O discurso de Trump em Davos foi música para os ouvidos de Wall St.
… Em clima best friend com a China, defendeu relação comercial justa com Pequim, garantiu que terá boa relação com Xi Jinping e afirmou que os chineses podem ajudar os EUA a interromper a guerra entre a Rússia e Ucrânia.
… Desafiando a autonomia do Fed, o novo presidente dos EUA afirmou que exigirá queda dos juros, que entende mais disso do que o próprio Fed, que vai conversar com Powell “no momento apropriado” e espera que ele escute.
… O mercado sabe que Trump não pode controlar o Fed nem tem poder para interferência direta, mas “o investidor gosta mesmo assim de ouvir esse tipo de coisa”, como disse Larry Tentarelli (Blue Chip Daily Trend Report), na CNBC.
… Após o discurso em Davos, junho seguiu como mês mais provável para um corte de juro pelo Fed, com 44,9% das apostas, quase sem alteração na comparação com o dia anterior, de 44,7%, segundo a ferramenta do CME Group.
… Nas bolsas, o S&P 500 bateu novo recorde de fechamento (6.118,71 pontos), com alta de 0,53%. As techs se destacaram novamente. Trump assinou ontem uma série de ordens executivas relacionadas à IA e criptomoedas.
… O Nasdaq (+0,22%) fechou na máxima do dia, em 20.053,68 pontos, e o Dow Jones subiu 0,92%, (44.565,07).
… As bolsas de ações anotaram a quarta alta consecutiva. Desde a posse do presidente americano, o mercado ganhou impulso por causa dos potenciais cortes de impostos e desregulamentação.
… Embora o tema das tarifas continue na cabeça de todo mundo, a falta de uma ação formal mantém o otimismo. Para o diretor da Moody’s Analytics, Brendan LaCerda, Trump deve adotar tarifas de 20% sobre importados da China.
… Em seu cenário-base, as tarifas atingirão 10% para o México, 5% ao Canadá, 5% para a União Europeia, 5% para o Brasil e outros países da América Latina, 10% para Vietnã e 2% para o Japão.
… A possibilidade de um recuo mais significativo no preço do petróleo e seu impacto na inflação fez o juro da note de 2 anos ter leve queda, para 4,288% (de 4,292% na sessão anterior). Os demais rendimento dos Treasuries subiram.
… O da note de 10 anos se elevou a 4,646% (de 4,611%) e o do T-Bond de 30 anos avançou a 4,876% (de 4,825%).
… O câmbio colou no tom mais conciliatório de Trump em relação à China. O índice DXY caiu 0,11%, a 108,047 pontos, com destaque para a libra, que subiu 0,30%, a US$ 1,2358.
… O iene subiu 0,27%, a 156,024/US$, na espera pela decisão do BoJ. O euro ficou estável (+0,04%), em US$ 1,0421.
EM TEMPO… VALE comunicou que subsidiária Vale Base Metals iniciou revisão estratégica para explorar e avaliar série de alternativas, incluindo venda de seus ativos de mineração e exploração em Thompson, Manitoba (Canadá)…
… Os ativos incluem duas minas subterrâneas em operação, uma usina adjacente e oportunidades significativas de exploração do cinturão, que tem 135 quilômetros de extensão.
PETROBRAS. A diretora de exploração e produção, Sylvia dos Anjos, disse que espera que a licença para perfurar na Foz do Amazonas saia no fim deste 1Tri…
… O centro de resgate e despetrolização de animais que está sendo construído no Oiapoque deve ser concluído em fevereiro, o que eliminaria a última pendência para a concessão da licença pelo Ibama…
… A companhia informou ter dado início à fase vinculante para venda de participação no Campo de Tartaruga, no município de Pirambu (SE), em águas rasas da Bacia de Sergipe-Alagoas, operado pela SPE Tieta (PetroRecôncavo).
AZUL vai suspender operações em 12 cidades do país por causa do aumento dos custos e baixa demanda…
… São elas: Campos e Cabo Frio (RJ); Correia Pinto (SC); Crateús, São Benedito, Sobral e Iguatú (CE); Mossoró (RN); São Raimundo Nonato e Parnaíba (PI); Rio Verde (GO); e Barreirinha (MA).
PLANO&PLANO aprovou pagamento de R$ 200 milhões em dividendos extras, montante correspondente a R$ 1,006 por ação. Ex em 28 de janeiro.
NUBANK ultrapassou o Itaú em número de clientes no 4Tri24. Segundo dados do BC, o banco digital tinha 100,77 milhões de clientes entre outubro e dezembro, ante 98,5 milhões do Itaú…
… Assim, o Nubank tornou-se o 3º maior banco do Brasil em número de clientes, perdendo apenas para Caixa Econômica Federal (154 milhões) e Bradesco (109 milhões).
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Sem agenda, tarifas de Trump continuam no foco
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[23/01/25]
… A participação virtual de Trump no Fórum de Davos, prevista para 13h (BSB), é o destaque dos mercados, em mais um dia sem agenda. O presidente dos EUA estaria planejando responder a perguntas de executivos europeus, segundo fontes da agência DJ. E é aí que mora o perigo. Ele vai falar de tarifas? Vai continuar brando e estratégico como se mostrou até agora? Trump pegou leve com a China, derrubando o dólar para baixo dos R$ 6, mas já ameaçou o México, o Canadá e agora a Rússia. “Tem que acabar logo com essa guerra ridícula [com a Ucrânia] ou sofrerá sanções e tarifas dos EUA.” O Kremlin não se abalou e disse que não tem pressa. Está todo mundo dizendo que Trump só está blefando e isso não é bom para o jogo. Uma hora dessas, ele pode querer provar que com ele ninguém brinca.
… A percepção de que as coisas vão acontecer de forma mais tranquila no segundo governo de Trump é muito prematura e recomenda um otimismo cauteloso. Os mercados vão vivendo um dia de cada vez, sabendo que enfrentam o risco de volatilidade.
… Análise publicada ontem pela Eurasia aponta que a UE pode propor uma cooperação mais estreita com os EUA contra a China, na tentativa de agradar Trump e evitar as tensões comerciais para o seu lado.
… Para o Brasil, a grande notícia é o cuidado que Trump está mostrando com a China, tanto é que, apesar da queda do minério de ferro e do petróleo, a menção à alíquota de 10% não impediu uma forte correção do câmbio (abaixo).
… Agora é esperar 1º de fevereiro para ver se a ameaça de tarifa de 25% aos produtos importados do Canadá e do México se concretiza.
… Se Trump continuar legal, é possível que a aposta em tarifas mais brandas limite o impacto inflacionário e retome a discussão de que o Fed possa cortar os juros em ritmo menos conservador. Na próxima semana, tem Superquarta, com Fomc e Copom.
… Um dólar mais fraco frente ao real melhora a perspectiva para o resultado da balança comercial brasileira.
… Dados preliminares divulgados ontem pelo BC revelaram que fluxo cambial do Brasil foi negativo em US$ 3,804 bilhões de 1º a 17 de janeiro. O canal financeiro teve saída líquida de US$ 2,127 bilhões e o comercial, saldo negativo de US$ 1,677 bilhão.
… Os números porém, são anteriores à posse de Trump, no dia 20, e podem melhorar daqui para frente.
FORÇANDO A BARRA – De olho na popularidade de Lula em ano pré-eleitoral, o governo já assume abertamente os seus planos, antecipados pelo Valor, de baixar a inflação à força, começando pelos preços dos alimentos.
… O jornal informou que o governo estuda medidas que envolvem corte de taxas de juros cobradas pelas lojas nos cartões de vale-alimentação e venda de remédios em supermercados, para ampliar escala e reduzir custos.
… Segundo a reportagem, em reunião no Palácio do Planalto em novembro, indústrias e varejistas passaram ao presidente Lula um conjunto de sugestões para amenizar as pressões na inflação dos alimentos.
… O ministro Rui Costa (Casa Civil), que agora virou uma espécie de porta-voz da esperança e deu de falar de tudo, confirmou ontem em entrevista que o governo “vai fazer intervenções que barateiem os alimentos”.
… Horas depois, a sua pasta foi obrigada a emitir uma nota para corrigir a trapalhada do tom da declaração, desmentindo que esteja em discussão uma “intervenção de forma artificial” para reduzir os preços dos alimentos.
… À noite, falando à CNN, o ministro consertou as palavras, disse que não haverá “intervenções”, mas “medidas”.
… Só troca seis por meia dúzia, muda para deixar igual, já que a essência é a mesma. A economista Andrea Damico, CEO da consultoria Buysidebrazil, diz ver com muita preocupação a tentativa de baixar a inflação “na marra”.
… “O que funciona para controlar preço, qualquer que seja, para controlar a inflação, é a política monetária. Qualquer outro tipo de medida alheia a essa não funciona, nem empiricamente, nem teoricamente”, acredita.
… Ela reforça que a atribuição de perseguir a meta de inflação se deve exclusivamente ao BC e relembra o case de Dilma Rousseff, que tentou represar os preços de energia e gasolina, e depois viu uma explosão dos administrados.
… Alexandre Maluf, economista da XP, concorda que, historicamente, intervenções contra a inflação não são bem-sucedidas. Andrea Angelo, estrategista da Warren, duvida que as medidas cogitadas reduzam os preços.
… Rui Costa disse que o governo deve fazer nesta semana reuniões com ministérios para afunilar uma proposta para conter a alta do preço dos alimentos e confirmou que a redução da taxa do vale alimentação está em estudo.
… Já a mudança da data de validade dos produtos, proposta pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), dificilmente será adotada, segundo ele, e a venda de remédios em supermercados precisa ser discutida com a Saúde.
MAIS AGENDA – Num dia sem indicadores mais relevantes, NY observa o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA (10h30), que devem aumentar em 2 mil, para 219 mil.
… Os estoques americanos de petróleo devem cair 500 mil barris, no dado que o DoE divulga às 13h. A Comissão Europeia informa o Índice de Confiança do Consumidor de janeiro, que deve ficar em -14, de -14,6 em dezembro.
… O BC da Turquia decide juros (8h), com expectativa de queda a 45% ao ano, contra 47,5% atualmente.
… À noite, o Japão informa o CPI de janeiro (20h30) e os PMIs da indústria, dos serviços e composto medidos pela S&P Global e o Jinbun Bank (21h).
… Por aqui, o presidente Lula se reúne (15h) com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa e Sidônio Palmeira (Secom). A FGV informa o IPC-S da 3ª quadrissemana de janeiro (8h). O CMN se reúne às 9h.
AFTER HOURS – A Alcoa teve lucro e receita acima do esperado no 4Tri24 e guidance positivo, mas a ação recuou 1,37% no after hours de NY, depois de uma reação inicial positiva.
… A companhia teve lucro líquido de US$ 202 milhões no último trimestre do ano passado e lucro por ação ajustado de US$ 1,04, acima da projeção de US$ 0,95.
… A receita foi de US$ 3,5 bilhões no período, também acima do projetado, de US$ 3,3 bilhões.
… A Alcoa espera que a produção total do segmento de alumínio em 2025 fique entre 2,3 e 2,5 milhões de t, mais que em 2024. Os embarques do metal devem variar entre 2,6 e 2,8 milhões de t.
ROUND 6 – A briga em torno do piso psicológico dos R$ 6 foi finalmente vencida, com o dólar à vista furando esta marca e atingindo a menor cotação em quase dois meses. O ímpeto vendedor teve dois drivers: Trump e a taxa Selic.
… A mudança de tom do presidente dos EUA no discurso protecionista, não tão radical na ameaça de aplicação de tarifas aos chineses, repercute bem entre os emergentes, com o risco mais esvaziado de guerra comercial.
… Ainda é cedo para confiar, mas a abordagem bem menos agressiva de Washington traz à tona a esperança de impacto inflacionário menor com as tributações mais leves, abrindo espaço para mais cortes de juro pelo Fed.
… O cenário vai se tornando ideal para o carry trade, com os investidores inclinados a tomar dinheiro emprestado em um país com juros mais baixos (EUA) e investir em outro que ofereça taxas mais altas, como é o nosso caso.
… Nesta mudança de rotação, o capital estrangeiro já tem demonstrado maior interesse em voltar para cá.
… O Copom não pode dar mole, já tem na agulha pelo menos mais duas doses de alta de 1pp da Selic (semana que vem e em março) e o guidance deve continuar conservador, diante da inflação desancorada e todo o ruído fiscal.
… O JPMorgan estima que o próximo comunicado do Copom deve indicar que a porta está aberta para continuar aumentando a Selic até o 2Tri. O banco acredita que o balanço de riscos exige juro básico terminal acima de 15,25%.
… Analistas do JP avaliam que a perspectiva inflacionária para o ano piorou, devido à combinação de PIB acima do potencial, choque no preço dos alimentos, efeitos de repasse cambial de 2024 e impactos de indexação nos preços.
… Em tom menos pessimista, um estudo publicado pela Oxford Economics aponta que, apesar dos temores do mercado financeiro e da recente depreciação do real, o Brasil não entrou num quadro de dominância fiscal.
… Diante da Selic atrativa e de Trump 2, que não tem confirmado sua fama de mau, operadores no Broadcast identificam desmontagem de posição comprada no câmbio futuro por estrangeiros e investidores institucionais.
… Desde novembro, o dólar não atingia um patamar tão baixo de fechamento como o de ontem, a R$ 5,946, em queda firme de 1,40%. Para o economista-chefe do Itaú BBA, Mario Mesquita, o valor justo seria R$ 5,70.
… Ele disse ao Valor que não viu até agora nenhuma manifestação de Galípolo de se desviar das regras do jogo do regime de metas. “A diretoria atual vai continuar perseguindo a meta e isso demanda aperto de juros mais intenso.”
… De um lado, a curva do DI tentou ontem devolver prêmio junto com o alívio no câmbio, mas as taxas mais curtas e médias tiveram menor margem para cair e acabaram fechando perto da estabilidade, porque a Selic ainda vai longe.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,920% (de 14,925% no fechamento anterior); Jan/27, 15,165% (de 15,155%); Jan/29, 14,995% (de 15,020%); Jan/31, 14,960% (de 15,000%); e Jan/33, 14,880% (14,940%).
EFEITO REVERSO – Ao invés de faturar o alívio com o dólar abaixo de R$ 6, o Ibovespa caiu de leve, tendo as forças roubadas pelas empresas exportadoras, que justamente enfrentam perdas quando o real testa uma recuperação.
… Boa parte da produção da Vale é vendida no mercado internacional, o que ajudou a justificar ontem o desempenho bastante negativo do papel (ON, -2,52%, a R$ 52,66), figurando entre as piores perdas do dia.
… Em menor medida, também a queda do minério de ferro (-0,44%) influenciou. Ainda entre as companhias exportadoras, CSN Mineração perdeu 1,33% (R$ 5,19), Suzano caiu 1,60% (R$ 61,40) e Embraer, -2,10% (R$ 61,15).
… Descolado do exterior, o Ibovespa quebrou a sequência de quatro altas consecutivas e caiu 0,30%, abaixo dos 123 mil pontos (122.971,77). O volume financeiro continuou baixo e somou só R$ 19,2 bilhões.
… Em linha com o petróleo, Petrobras ON recuou 1,01% (R$ 41,13), na mínima, e PN caiu 0,56% (R$ 37,09).
… O Brent/março cedeu 0,36%, a US$ 79,00/barril, a 5ª queda seguida, ainda sob o efeito das medidas de Trump para o setor de energia, que podem elevar a oferta.
… Em meio ao recuo do dólar e da cotação do petróleo, a defasagem de preços da Petrobras diminuiu, segundo a Abicom. A do diesel recuou de 28% no pico da semana passada para 24% e a da gasolina, de 13% para 12%.
… Mas não se sabe se isso fará diferença para um potencial reajuste dos combustíveis, que pode ser discutido semana que vem. Ontem, Rui Costa reiterou que a estatal tem autonomia para decidir sobre os preços.
… Bancos fecharam sem direção única. Banco do Brasil subiu 1,83% (R$ 26,13) e Santander ganhou 1,28% (R$ 25,36). Bradesco PN perdeu 1,37% (R$ 11,48), Bradesco ON caiu 1,12% (R$ R$ 10,63) e Itaú desvalorizou 0,37% (R$ 32,61).
… Azul foi a maior alta do pregão, com +6,98% (R$ 4,60), após o anúncio da empresa sobre o encerramento e o resultado das ofertas para troca de notas existentes.
… CVC subiu 6,36% (R$ 1,84) e LWSA ganhou 5,66% (R$ 3,36). No lado negativo, os destaques ficaram com RD Saúde (-4,52%; R$ 20,91), Brava Energia (-4,13%; R$ 23,70) e Minerva (-3,42%; R$ 4,80).
BRILHO TECH – O anúncio do projeto Stargate, de infraestrutura de IA, que envolve investimento de US$ 500 bi, animou Wall Street, que voltou os olhos novamente para as ações de tecnologia.
… Embora a iniciativa anunciada por Trump tenha ganhado críticas de Musk, que disse que as empresas “não têm dinheiro de verdade” para o projeto, o mercado gostou.
… O Nasdaq puxou as altas, subindo 1,28% e reconquistando os 20 mil pontos (20.009,34). Oracle (+6,75%) e SoftBank (+11,37%), envolvidos na iniciativa, foram bem. Entre as big techs, Nvidia (+4,43%) se destacou.
… Netflix também embalou NY. Com mais de 300 milhões de assinantes no mundo no 4tri24, a ação disparou 9,69%.
… O rali nas techs com o otimismo da IA e os balanços levaram o S&P 500 a um novo recorde (6.100 pontos) durante a sessão. O índice fechou perto disso, a 6.086,27 pontos (+0,61%). O Dow Jones subiu 0,30%, a 44.156,73 pontos.
… Mas à CNBC, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse haver sinais de que o mercado de ações está superaquecido. “Os preços dos ativos estão meio inflacionados. Você precisa de resultados muito bons para justificar esses preços”.
… Depois de o S&P 500 subir 24% em 2023 e 23% em 2024, há todo um debate sobre até que ponto o mercado pode ir sem uma correção significativa. Ainda mais porque os ganhos têm se concentrado nas techs.
… Ontem, por exemplo, apenas dois dos 11 setores do índice tiveram alta.
… Em nota, estrategistas do BlackRock Investment Institute disseram que “mesmo com juros mais altos, achamos que as ações podem continuar subindo, desde que os fundamentos permaneçam fortes.”
… Depois de uma sequência de quedas, os rendimentos dos Treasuries se ajustaram em alta. O da note de 2 anos subiu a 4,295% (de 4,274% na sessão anterior) e note de 10 anos avançou a 4,602% (de 4,578%).
… O índice dólar (DXY) mostrou oscilação contida pela segunda sessão seguida, com alta de 0,10%, a 108,167 pontos.
… O euro ficou estável (-0,03%), em US$ 1,0417, e a libra esterlina seguiu o mesmo caminho (-0,09%), a US$ 1,2321. O iene caiu 0,62%, a 156,448/US$.
EM TEMPO… USIMINAS captou US$ 500 milhões em bonds em oferta com demanda superior a US$ 2 bilhões, com taxa de 7,75% e prazo de sete anos, segundo agências de notícias.
LOJAS RENNER. Citi cortou preço-alvo de R$ 18,50 para R$ 17, mantendo recomendação de compra. Na prévia do 4Tri24, estimativa para crescimento de vendas nas mesmas lojas caiu de 12,9% para 10%, segundo o banco.
ALPARGATAS fará o resgate facultativo total das debêntures da 1ª série da 2ª emissão, tendo desembolso total de R$ 566 milhões. Serão resgatadas 550 mil debêntures e o pagamento ocorrerá no dia 30 de janeiro.
XP aprovou 1ª emissão de notas comerciais no valor de R$ 1,1 bilhão. Prazo será de 365 dias após a emissão.
TENDA. Itaú Unibanco reduziu participação acionária na empresa a 4,12%. No último formulário de referência, de 10 de janeiro, a participação do banco era de 7,82% dos papéis ordinários.
TECNISA. Vendas contratadas líquidas caíram 29,5% no 4Tri24, a R$ 138 mi, na comparação com o 4tri23. Valor integral das vendas foi de R$ 232 mi, alta de 3,3% no período. A companhia não realizou lançamentos no 4Tri24.
COSAN fará o resgate antecipado facultativo total da 1ª série da 3ª emissão de debêntures no dia 6 de fevereiro.
AUTOMOB informou que José Cezario Menezes de Barros Sobrinho renunciou ao cargo de diretor de RI. Para ocupar a função, a companhia elegeu Antonio da Silva Barreto Junior.
CCR ROTA SOROCABANA fará a 1ª emissão de debêntures, no valor de R$ 2,05 bilhões. Prazo de vencimento será de 60 dias contados da data de emissão.
PARANAPANEMA destituiu João Nogueira Batista dos cargos de diretor-presidente e de RI. Marcelo Vaz Bonini, atual diretor financeiro, acumulará o cargo de RI e o comando da empresa até a eleição de um novo diretor-presidente.
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