IPCA e payroll ocupam a semana

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[06/01/25]

… A perspectiva de menos cortes de juros nos EUA este ano, com Trump de volta ao poder, será testada esta semana pelo payroll de dezembro (6ªF) e a ata do Fed (4ªF). Em respeito ao dia nacional de luto pela morte de Jimmy Carter, as bolsas em NY não abrirão na 5ªF e os Treasuries terão pregão mais curto. Por aqui, com as apostas de Selic a 15% correndo soltas, diante da inflação desancorada, atividade e emprego aquecidos e fiscal fragilizado, o investidor confere esta semana o IPCA de dezembro (6ªF), além dos resultados de novembro da produção industrial (4ªF) e vendas no varejo (5ªF). Após semanas afastado por recomendação médica, Lula volta a despachar do Planalto hoje, onde se reúne com Haddad (10h) e enfrenta a pressão pela reforma ministerial e o impasse envolvendo as emendas.

… O momento de desgaste político continua sendo embutido pelos ativos domésticos, na crise que ameaça colocar a relação entre o governo e o Congresso em situação de pé de guerra, com alto custo para a governabilidade este ano.

… O estresse estendido nos negócios responde ainda à turbulência fiscal. No Estadão de sábado, o governo Lula assinou portaria definindo valores do Fundeb/25 sem incorporar as mudanças feitas pelo pacote de corte de gastos.

… Na prática, isso pode comprometer a economia anunciada com a medida. O Ministério da Educação afirmou que não houve “tempo hábil” para realizar as alterações, mas que as mudanças serão feitas, embora sem prazo definido.

… Pesquisador do Ipea, o economista Camillo Bassi disse ao jornal que o Fundeb, estruturado à revelia do pacote fiscal, é o maior “equívoco contábil” das medidas propostas pelo governo federal para enxugar as despesas.

… “Vai ser preciso um ajuste de contas. Se forem mantidos os valores estabelecidos na portaria, a PEC [de corte de gastos] é uma mentira e o valor que o governo federal divulgou de espaço fiscal foi um engodo”, classificou ele. 

… Na última 6ªF, reportagem da Folha havia apontado que o governo recorreu a manobras para ampliar gastos.

… Na reta final de 2024, liberou recursos fora das regras fiscais e adiou repasses e transferências de recursos fora do Orçamento para financiar políticas públicas, segundo a matéria. O Executivo defende a legalidade das medidas.

… Mas técnicos do próprio governo ouvidos pela jornalista Idiana Tomazelli avaliam que, no conjunto, as iniciativas podem gerar ruído adicional, neste momento em que a credibilidade da política fiscal já está em xeque.

… Em dezembro, o governo editou MP para liberar R$ 6,5 bilhões de forma imediata à reconstrução no RS.

…  As obras só serão executadas nos próximos anos, mas o governo federal quis garantir o repasse ainda sob a vigência do estado de calamidade pública, que autoriza a exclusão desses gastos das regras fiscais.

… Em outra manobra para ampliar despesas ou evitar a necessidade de conter gastos na reta final do ano, adiou repasses de incentivo à cultura previstos na Lei Aldir Blanc, evitando um bloqueio maior no Orçamento de 2024.

… Sob o efeito combinado dos riscos fiscais, Selic elevada e impacto no Brasil do protecionismo econômico de Trump, profissionais ouvidos pelo Broadcast acreditam que o investidor estrangeiro deve se manter afastado da B3.

… Em 2024, os gringos sacaram R$ 32,1 bilhões da bolsa brasileira, maior fuga de capital desde 2020, primeiro ano da pandemia da covid, quando houve saída líquida de R$ 40,1 bilhões em k externo das ações listadas na B3.

… Na última 6ªF, o Ibov perdeu os 119 mil pontos e revisitou os piores níveis em mais de dois anos, desde nov/23.

… Não repercutiu bem no humor dos players (leia mais abaixo) a decisão do HSBC de rebaixar a recomendação das ações brasileiras de neutra para underweight (desempenho abaixo da média, equivalente a venda).

… Em relatório enviado a clientes, o banco apontou que a “decepção dos investidores com o pacote de corte de gastos do governo criou um ciclo vicioso de taxas de juros mais altas, real mais fraco e inflação mais elevada”.

MAIS AGENDA – Bate sempre um nervosismo em dia de Focus (hoje, às 8h25), que tem apontado piora sistemática nas medianas de inflação, Selic e câmbio. Na última 6ªF, o C6 Bank foi mais um a revisar o seu cenário para pior.

… A equipe econômica do banco acredita que a taxa básica de juro subirá até o pico de 15% em junho. Mesmo considerando este acréscimo de 2,75pp sobre a Selic atual, o C6 elevou a previsão para o IPCA/25 de 5,3% para 5,7%.

… A explicação é a perspectiva de dólar forte no ano (a aposta subiu de R$ 6,00 a R$ 6,30) – diante da tendência de aumento da dívida pública brasileira – e previsão de emprego aquecido e piora das expectativas de inflação.

… Além do IPCA de dezembro (6ªF), a semana reserva os dados fechados de dezembro do IGI-DI e IPC-Fipe, amanhã.

… Do lado da atividade econômica, saem a produção industrial (4ªF) e as vendas no varejo em novembro (5ªF).

… Hoje, às 15h, é dia de balança comercial. A mediana das estimativas do mercado indica superávit de US$ 3,4 bilhões em dezembro, o triplo de um ano antes. Em 2024, o saldo deve fechar positivo em US$ 73,550 bilhões.

LÁ FORA – No “esquenta” para o payroll de 6ªF, tem a pesquisa ADP de empregos no setor privado na 4ªF. Hoje, saem a leitura final de dezembro do PMI/S&P Global composto (11h45) e encomendas à indústria em nov (12h).

… Diretora do Fed, Lisa Cook participa de evento às 11h15. Neste domingo, duas integrantes do Fed disseram que a luta contra a inflação ainda não foi vencida. “Ninguém está abrindo champanhe”, afirmou Adriana Kugler.

… Mary Daly afirmou ver os preços americanos ainda “desconfortavelmente” acima da meta de 2%.

… O PMI/S&P Global composto sai hoje na Alemanha (5h55), zona do euro (6h) e Reino Unido (6h30).

CHINA HOJE – O PMI de serviços medido pelo setor privado (S&P Global em parceria com Caixin) avançou para 52,2 em dezembro, contra 51,5 em novembro, acima do previsto pelos analistas de mercado 51,7.

… Já o PMI composto chinês, que engloba serviços e indústria, recuou de 52,3 em novembro para 51,4 em dezembro. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade econômica.

… Na noite de 4ªF, saem a inflação ao consumidor (CPI) e produtor (PPI) chinês de dezembro.

JAPÃO HOJE – O PMI/S&P Global de serviços subiu de 50,5 em novembro para 50,9 em dezembro.

POÇO SEM FUNDO – O clichê da tempestade perfeita tem se aplicado bem ao Ibov. O cenário conta com falta de confiança na política fiscal, inflação e juros sob pressão da ameaça de Trump 2 mais protecionista e China em apuros.

… Em meio ao pessimismo, como se viu, o HSBC rebaixou na 6ªF a bolsa de neutra para underweight. Poucos meses antes, em novembro do ano passado, o Morgan Stanley e o JPMorgan já haviam feito o mesmo movimento.

… O HSBC descreveu a bolsa brasileira como uma “armadilha clássica de valor”: as ações estão baratas com um preço sobre lucro projetado para 12 meses em 6,6 vezes, mas não valem o investimento.

…É “improvável”, diz o banco, que haja uma reavaliação até uma queda da Selic, o que pode não ocorrer antes do segundo semestre de 2025.

… Sob pressão de Vale e Petrobras, que juntas carregam 25% do Ibovespa, bancos e outros setores, o Ibovespa desceu aos 118.532 pontos (-1,33%) na 6ªF, no menor nível desde 6 de novembro de 2023.

… Análise do Itaú BBA destacou que a perda do suporte dos 118.600 pontos no Ibovespa abriu “mais uma janela de baixa” e que o próximo suporte importante está em 111.500 pontos.

… Além das blue chips, faltou ajuda de praticamente todos os setores no pregão de 6ªF. Das 83 ações do índice, 73 fecharam em baixa. Nos três pregões da semana encurtada pelo Ano Novo, a perda acumulada foi de 1,44%.

… Acompanhando a forte queda de 2,18% no minério de ferro em Dalian, Vale recuou 1,86% (R$ 53,24). Petrobras operou na contramão do petróleo e devolveu os ganhos da véspera: ON, -0,35% (R$ 40,38; e PN, -1,06% (R$ 36,38).

… A cotação do barril do Brent subiu em meio a vários sinais de estímulo na China. O PBoC, BC local, reiterou a promessa de cortar juros e compulsórios bancários em 2025.

… Por meio de uma operação de swap, a autoridade monetária concluiu na 5ªF a injeção 55 bilhões de yuans (US$ 7,5 bi) para 20 instituições financeiras, entre elas seguradoras, fundos e corretoras.

… O governo chinês ainda disse que vai expandir o programa de subsídios ao consumidor para incluir smartphones, tablets e smartwatches, que será financiado com o aumento na emissão de títulos ultralongos.

… Ainda no Ibov, os bancos caíram em bloco. Itaú registrou -2,45% (R$ 29,82), na mínima; Bradesco PN, -1,58% (R$ 11,20); Bradesco ON, -1,43% (R$ 10,32); Santander, -1,39% (R$ 23,42); e Banco do Brasil, -0,75% (R$ 23,74).

… Ainda no campo negativo, vieram Usiminas (-6,01%; R$ 4,85), IRB (-5,55%; R$ 42,05) e Yduqs (-5,08%; R$ 8,04).

… Em recuperação das perdas do pregão anterior, Eneva avançou 5,45%, a R$ 10,07, e liderou o ranking positivo. Foi acompanhada por São Martinho, com +5,17%, a R$ 24,20, e Azul, com +3,02%, a R$ 3,75.

PARA A SURPRESA DE NINGUÉM – O dia de fuga do risco na bolsa e queda do minério (-2,18%) pressionaram o dólar, que chegou a bater nos R$ 6,20, e fechou um pouco abaixo, em R$ 6,1821 (+0,32%), na contramão do exterior.

… Na semana, a moeda ficou de lado, com queda marginal de 0,18%. Na prática, o dólar está praticamente no mesmo nível de antes do recesso de Natal, contra uma expectativa geral de valorização ao longo de 2025.

… Sem noticiário e indicadores, a curva do DI fugiu à regra dos ativos domésticos. Continuou a queimar os excessos do fim de 2024, embora o movimento tenha sido limitado pelo cenário fiscal e a alta das taxas dos Treasuries.

… Na comparação com a 6ªF anterior, as taxas curtas e as intermediárias cederam perto de 40 pontos-base; as longas, 30 pontos. 

… O DI para janeiro de 2026 caiu a 15,060%, na mínima do dia (de 15,145% na sessão anterior); Jan/27, a 15,500% (15,610%); Jan/29, a 15,320% (15,385%); Jan/31, a 15,030% (15,060%); e Jan/33, 14,780% (14,810%).

SALDÃO DE NATAL – Investidores foram às compras, aproveitando as cinco quedas consecutivas das bolsas em NY, movimento que frustrou o tradicional rali de Natal em Wall Street.

… Os índices atingiram as máximas da sessão na parte da tarde, quando já estava encaminhada a reeleição do republicano Mike Johson para presidente da Câmara dos EUA.

… Aliado de Donald Trump, ele deve unir a Câmara em torno da agenda do presidente eleito, que inclui, além de cortes nos impostos corporativos, desregulamentação e tarifas, ao gosto dos investidores de ações.

… Por outro lado, a mesma agenda deve pressionar a inflação, o que afeta os Treasuries.

… Impulsionado por papéis como Super Micro Computer (+10,9%), Tesla (+8,22%) e Nvidia (+4,73%), o Nasdaq liderou as altas, com +1,77%, aos 19.621,68 pontos.

… Microsoft subiu 1,1% depois de anunciar investimento de US$ 80 bilhões em data centers de IA.

… O Dow Jones subiu 0,80%, aos 42.732,13 pontos, e o S&P500 ganhou 1,26% (5.942,47).

… O forte desempenho da 6ªF não impediu um recuo na semana. No período, os índices acumularam perdas de, respectivamente, 0,51%, 0,61% e 0,48%, respectivamente.

… US Steel recuou 6,5% depois que o presidente Joe Biden proibiu a venda da histórica siderúrgica americana para a Nippon Steel, um negócio de US$ 14,1 bilhões.

… Nos Treasuries, os juros subiram após o PMI industrial dos EUA medido pelo ISM ficar acima do esperado e de o presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, dizer que prefere manter o juro restritivo por mais tempo.

… Segundo o ISM, a atividade industrial americana subiu para 49,3 em dezembro, ante expectativa de manutenção em 48,4, a leitura de novembro. O dado ainda está abaixo do limite que indica expansão, 50, mas melhorou.

… Enquanto isso, o retorno da note de 2 anos subiu a 4,277%, de 4,253% na sessão anterior, e o da note de 10 anos avançou a 4,598% (de 4,563%). O do T-Bond de 30 anos cresceu a 4,817% (de 4,788%)

… Depois do tombo da véspera, libra e euro tiveram um dia de recuperação na 6ªF. Assim, o índice dólar (DXY) fechou em baixa de 0,40%, aos 108,952 pontos, mas acumulou alta de quase 1% na semana.

… O euro subiu 0,38%, a US$ 1,0305, e a libra avançou 0,37%, a US$ 1,2428. O iene perdeu 0,10%, a 157,305/US$.

EM TEMPO… Capital Research Global Investors (CRGI) elevou fatia na JBS, passando de 110.584.046 ações ON, correspondentes a 4,99% do total de ações emitidas, para 111.572.477 ações, que representam 5,03% do total.

GOL registrou prejuízo líquido de R$ 176 milhões em novembro, com receita de R$ 1,74 bilhão, segundo prévia; Ebitda somou R$ 448 milhões e margem Ebitda foi de 26%; Ebit ficou em R$ 278 milhões, com margem Ebit de 16%…

… Dívida líquida chegou a R$ 31,02 bilhões, ao passo que as contas a receber ficaram em R$ 3,67 bilhões e o caixa total foi de R$ 2,02 bilhões em novembro.

AZUL confirmou ter firmado acordo com Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e Secretaria Especial da Receita Federal com objetivo reestruturar seu passivo fiscal.

PRIO. Goldman Sachs atingiu participação acionária de 4,95%, o equivalente a 44,1 milhões de papéis ON.

BRMALLS vai emitir até R$ 625 milhões em debêntures. Oferta inicial será de R$ 500 milhões, mas montante poderá ser elevado em 25%, a depender da demanda.

JHSF vendeu fatia restante de 18% no shopping Ponta Negra, de Manaus (AM), por R$ 82 milhões.

ENEVA informou ao mercado na noite deste domingo que seu conselho de administração aprovou um programa de recompra de suas ações. Serão adquiridas no máximo 50 milhões de ações ordinárias…

… O volume é equivalente a 2,587% das ações totais emitidas pela companhia e 2,593% do total em circulação…

… Ainda no noticiário sobre a empresa, foi retomada a operação de gás natural após troca de tubulação do Hub Sergipe, na região metropolitana de Aracaju. Falha na tubulação foi identificada em outubro de 2024.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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Mercado cumpre tabela em dia fraco

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[03/01/25]

… Só NY tem agenda hoje, com o PMI industrial medido pelo ISM (12h), que tem previsão de 48,4 e, quanto maior vier, mais deve reforçar a percepção de um Fed menos inclinado a cortar os juros este ano. Ainda nos EUA, o Fed boy Tom Barkin discursa em fórum (13h) e saem os dados da Baker Hughes sobre os poços e plataformas em operação (15h), sem potencial de influenciar o petróleo. Aqui, no pregão morto, não há nenhum indicador econômico relevante para ser divulgado. Brasília está no recesso, mas a novela das emendas não sairá tão cedo do radar.  

… Na manchete do Estadão, parlamentares veem nos bastidores o governo Lula se ancorando em Dino para cortar emendas sem o aval do Congresso, cumprir o arcabouço e recuperar parte do poder perdido sobre o orçamento.

… O jornal informa que o valor das emendas, calculadas em R$ 50,5 bilhões este ano, pode cair perto de R$ 5 bi.

… Lula vetou na virada do ano um dispositivo da LDO de 2025, que havia sido proposto pelo próprio governo, que livrava as emendas impositivas (obrigatórias) de bloqueios no Orçamento e contrariava decisão do STF.

… Com a permissão de Dino, o Executivo se vê desobrigado a pagar a qualquer custo emendas já aprovadas.

… O jogo é perigoso e o atraso na votação da peça orçamentária de 2025 parece ser só o primeiro sinal de rebelião do Parlamento ao entendimento do governo federal de que pode cortar emendas ou mesmo deixar de pagá-las.

… A sucessão aos comandos da Câmara e Senado acontecerá no mês que vem sob a tensão entre os Três Poderes.

… Pacheco marcou a eleição no Senado para o dia 1º de fevereiro, um sábado. Davi Alcolumbre é o grande favorito. Entre os deputados, a disputa acontecerá no dia 3/2, com Hugo Motta (Republicanos) como único candidato.

… O clima pesado no Congresso, de ameaças à governabilidade, soma-se aos ruídos fiscais e tende a continuar mantendo os mercados domésticos na defensiva nos próximos tempos e exigindo esforços contra a volatilidade.

… Em mudança de estratégia, o Tesouro atendeu ao desejo dos investidores e alterou o cronograma dos leilões de títulos públicos para 2025 para o formato trimestral, em vez da periodicidade anual que prevaleceu em 2024.

… Dada a alta volatilidade do mercado de juros, intervalos mais curtos dão margem de segurança para o Tesouro eventualmente adaptar prazos e frequência se necessário, sem as amarras de um cronograma anual.

… No câmbio, passado o período de remessas de fim de ano ao exterior, a dúvida é se o BC eventualmente  identificará disfuncionalidades para responder com novas intervenções à pressão do dólar acima de R$ 6.

GASTOU MUNIÇÃO – Dados do BC divulgados ontem deram a medida do tamanho da queima das reservas internacionais na reta final de 2024, diante do arsenal usado para limitar o impacto da saída em massa de dólares.

… As reservas encolheram 8,46% em dezembro, maior queda mensal da série histórica. Em valores nominais, passaram de US$ 363,003 bilhões para US$ 332,306 bilhões, o menor nível desde fevereiro de 2023.

… Até agora, a maior redução mensal nas reservas, de 5,32%, havia acontecido em março de 2020, no início da pandemia. A queda refletiu a injeção de US$ 21,575 bi do BC no mercado por meio de leilões à vista em dezembro.

… Em outro termômetro da fuga de dólares, números preliminares apontam fluxo cambial negativo em US$ 24,314 bi em dezembro, até o dia 27. No acumulado de 2024, a saída de US$ 15,918 bi é a terceira maior da série histórica.

… Ontem, o dólar chegou momentaneamente a ter um pico de estresse, a R$ 6,2267 na máxima intraday, enquanto acompanhava a escalada externa, diante da percepção de que o Fed será bem menos dovish ao longo deste ano.

… Mas a pressão foi contornada e a moeda americana virou, para fechar em baixa moderada de 0,29%, a R$ 6,1625.

… Sincronizados ao movimento no câmbio, os juros futuros subiram primeiro e aliviaram depois. Sem novidades no noticiário, o movimento foi interpretado pelos operadores como uma correção natural dos lucros recentes.

… Apesar do ajuste em queda dos contratos, o miolo e a ponta longa da curva do DI ainda não devolveram nem metade do que andaram subindo nos quatro pregões anteriores. Prêmios de risco ainda seguem no radar.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 15,145% (de 15,370% no fechamento anterior); Jan/27 caía a 15,610% (de 15,890%); Jan/29, 15,385% (de 15,705%); Jan/31, 15,060% (de 15,420%); e Jan/33, 14,810% (15,140%).

“A BOLSA ESTÁ BARATA, MAS O BRASIL ESTÁ CARO” – A frase ao Broadcast do economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, resume em poucas palavras a razão da atratividade reduzida do investidor pelo Ibov.

… “À medida que aumenta a relação dívida/PIB, a capacidade do BC de controlar a inflação diminui, deixando-o com menor poder de fogo. A tendência é o mercado pedir mais prêmio de risco”, batendo em todos os ativos, explicou.

… A fragilidade fiscal doméstica, as expectativas de inflação desancoradas e o risco de uma pancada da Selic a 15% (ou até mais) compõem o cenário complicado para a economia brasileira disputar o apetite do fluxo estrangeiro.

… “A prancha está quebrada e o Brasil não está surfando a onda global”, ilustra Daniel Celano (da Schroders Brasil).

… No Broadcast, profissionais da Faria Lima projetam mais um ano sem IPOs na B3, na maior seca em mais de 25 anos. “Taxa de juros para cima e IPO são duas coisas que não combinam”, explica Leonardo Cabral (do Santander).

… Segundo apurou a reportagem, com o Brasil fora da rota de interesse, há relatos de sondagens de empresas para tentar estrear no mercado de capitais com ofertas públicas de ações lá fora, possivelmente nas bolsas de NY.

… A medida do desinteresse pelo Brasil também se vê no fluxo negativo na B3. Investidores estrangeiros retiraram R$ 58,842 milhões no último dia 30.

… Embora em dezembro o saldo tenha se mantido positivo (R$ 2,144 bi), no ano, a conta foi negativa: R$ 31,669 bi.

… No primeiro pregão de 2025, o Ibovespa exibiu leve queda de 0,13%, mas ainda segurou os 120 mil pontos (120.125,39). Petrobras seguiu a alta do petróleo e limitou as perdas do índice.

… O papel ON registrou +2,82% (R$ 40,52) e o PN, +1,60% (R$ 36,77). O Brent/mar avançou 1,73%, a US$ 75,93.

… A cotação da commodity reagiu à promessa de novos estímulos econômicos pela China e à informação de que Biden deve proibir permanentemente novos projetos de petróleo e gás offshore em algumas águas costeiras.

… Vale caiu 0,55%, a R$ 54,25, a despeito da alta de 1,56% do minério em Dalian. CSN cedeu 4,97% (R$ 8,42).

… Eneva perdeu 9,31%, a R$ 9,55, após portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) com regras para um leilão de capacidade para térmicas e hidrelétricas indicar que a companhia ficará de fora do certame.

… Entre as altas, os destaques foram CVC (+8,70%; R$ 1,50), IRB (+4,88%; R$ 44,52) e Braskem (+3,37%; R$ 11,97).

… Bancos ficaram mistos. Bradesco ON subiu 0,67% (R$ 10,48) e Bradesco PN ganhou 0,80% (R$ 11,40). Por outro lado, Banco do Brasil caiu 1,03% (R$ 23,92), Itaú cedeu 0,46% (R$ 30,57) e Santander baixou 0,29% (R$ 23,75).

… A B3 divulgou ontem a 3ª e última prévia do Ibovespa, com entrada de Marcopolo e Porto e saída de Eztec e Alpargatas. A carteira teórica será válida para o período entre janeiro e abril deste ano.

PÉ ESQUERDO – As bolsas em NY entraram em 2025 em baixa, com S&P 500 e Nasdaq anotando a quinta sessão de quedas consecutivas, período em que as ações perderam US$ 1 trilhão em capitalização, segundo a Bloomberg.

… Os índices iniciaram o dia em alta, mas dados que mostram uma economia resiliente nos EUA, reduzindo expectativas por cortes de juros pelo Fed, ativaram o sentimento de risco.

… Os pedidos de auxílio-desemprego surpreenderam ao cair 9 mil, para 211 mil, menos que os 225 mil previstos por analistas. O PMI industrial caiu a 49,4 na leitura final da S&P Global, recuo menor que os 48,3 esperados.

… O Dow Jones caiu 0,36%, aos 42.392,27 pontos; o S&P 500 cedeu 0,22% (5.868,55) e o Nasdaq teve queda de 0,16% (19.280,79).

… Tesla (-6,08%) pesou sobre os índices depois de informar que as vendas de 2024 caíram 1%, para 1,79 milhão de veículos. Foi o 1º recuo em mais de uma década.

… A concorrente chinesa BYD anunciou que registrou um novo recorde ao vender 4,25 milhões de carros no período.

… Apple recuou 2,62%, após o banco suíço UBS rebaixar estimativas para as vendas do iPhone em 2025. Boeing caiu 2,90%, ainda sob pressão após acidentes envolvendo aviões 737 na Coreia do Sul e na Noruega.

… Os juros dos Treasuries passaram a subir após o dado de auxílio-desemprego, mas fecharam mistos. O retorno da note de 2 anos subiu a 4,244%, de 4,242% na sessão anterior.

… O da note de 10 anos caiu a 4,560% (de 4,572%) e o do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,780% (de 4,782%).

… Na contramão dos EUA, PMIs fracos na zona do euro e no Reino Unido enfraqueceram as moedas dessas regiões. Na mínima do dia (US$ 1,0223), o euro marcou o menor nível em mais de dois anos. Caiu 0,95%, a US$ 1,0266.

… Em discurso ontem, Christine Lagarde disse esperar que 2025 seja o ano em que a inflação chegará à meta de 2% na zona do euro, “conforme esperado e planejado em nossa estratégia”, afirmou.

… Na libra, a queda foi ainda mais acentuada, de 1,13%, a US$ 1,2382. O iene recuou 1,6%, a 157,462/US$. O índice DXY fechou em alta de 0,84%, aos 109,394 pontos, no maior nível desde o fim de 2022.

EM TEMPO… PETROBRAS confirmou a assinatura de acordo para que a Prio use o seu Sistema Integrado de Escoamento de gás natural da Bacia de Campos (SIE-BC) e a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB)…

… Prio utilizará malha de gasodutos para escoar e processar o gás natural proveniente dos campos de Frade, onde a empresa detém 100% de participação, e Albacora Leste, com 90% de participação, localizados na Bacia de Campos…

… Ainda ontem, a Petrobras confirmou reajuste de 7% no litro do querosene de aviação (QAV), em vigor desde 4ªF.

GOL e AZUL fecharam acordos com o governo e vão reduzir em cerca de R$ 5,8 bilhões suas dívidas com a União, segundo a GloboNews. Juntas, as dívidas somavam R$ 7,8 bilhões, mas as empresas devem pagar cerca de R$ 2 bi…

… A Gol contava com uma dívida de cerca de R$ 5 bilhões na Receita Federal. Com o acordo firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a companhia aérea pagará R$ 880 milhões, em até 120 prestações…

… Azul tinha dívida de R$ 2,8 bilhões com o governo e pagará R$ 1,1 bilhão, também em até 120 vezes. A companhia aérea deverá depositar de forma imediata R$ 36 milhões. A PGFN fechou os acordos em 31 de dezembro de 2024.

BR PARTNERS passará a integrar o Índice Small Caps (SMLL) e o Índice Dividendos (IDIV) da B3, a partir de 2ªF.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Ano começa com desafio da governabilidade

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[02/01/25]

… Indicadores de atividade industrial em dezembro abrem hoje a agenda internacional, no ano que terá como foco a disposição de Trump em cumprir as ameaças protecionistas. As promessas de campanha do republicano de corte de impostos e imposição de tarifas a países vistos como desleais no comércio internacional contratam potencial inflacionário e serão observadas muito de perto não só pela China, como pelo Brasil, já com o dólar e juros futuros na lua. Além da pressão externa, que tem detonado uma fuga em massa de capital por aqui, o ambiente doméstico continuará sendo testado pela frustração com a dinâmica fiscal e pela crise das emendas parlamentares. O impasse com o Congresso ameaça inviabilizar, no pior dos mundos, a governabilidade de Lula em ano pré-eleitoral.

… De seu lado, Haddad terá que exibir todo o capital político para emplacar uma agenda fiscal consistente, capaz de reverter a crise de confiança em que o mercado anda mergulhado e que tem exigido um choque do Copom na Selic.

… “Menino de ouro” de Lula, Galípolo estreia no comando do BC tentando assegurar a autonomia na condução da política monetária, já com mais duas elevações da taxa básica de juro contratadas para as duas próximas reuniões.

… Na melhor das hipóteses, a Selic vai a 14,25%, mas a ousadia continua correndo solta no mercado, com apostas próximas de 16%, diante da desancoragem das expectativas de inflação e insustentabilidade da dívida pública.

… O ano virou com o investidor disposto a seguir cobrando mudanças no rumo da política fiscal e atento à crise arrastada das emendas, que piora o clima no Legislativo/Executivo e ameaça a votação do Orçamento em fevereiro.

… Investidores antecipam que o Congresso dará o troco em Lula este ano depois da interferência sobre as emendas.

… A liberação parcial das emendas pelo ministro Flávio Dino, nos recursos já haviam sido empenhados antes da decisão que suspendeu os repasses, não foi suficiente no pregão da última 2ªF para aplacar o estresse (abaixo).

… Caiu mal para os mercados o parecer divulgado pela AGU orientando o governo a não autorizar até nova decisão judicial os repasses das emendas parlamentares, que são um instrumento importante de negociação no Congresso.

… Além da aprovação da peça orçamentária na volta do recesso, daqui a um mês, a articulação política do governo terá que botar o time em campo para o Parlamento encampar novas medidas fiscais que devem ser adotadas.

… O atraso da votação da LOA (fevereiro) coincide com a crise das emendas e precede a reforma ministerial. O PSD, partido de Pacheco (que deixa o comando do Senado mês que vem), é cotado para ganhar espaço na Esplanada.

… O governo também discute estratégias para seduzir Lira, de saída da Câmara, mas que segue como figura-chave.

… Em entrevista recente à CartaCapital, o vice-presidente do PT, Washington Quaquá, defendeu abertamente a participação do Centrão no governo para estabilizar uma base sólida que permita a Lula governar com tranquilidade.

… Ele defendeu o diálogo com Lira, Pacheco e seus prováveis sucessores: Hugo Motta (Republicanos) na Câmara e Davi Alcolumbre (União) no Senado, na tentativa de evitar o “efeito Dilma” e descambar para uma crise institucional.

… Além da fragilidade do governo no Congresso, o investidor também deve medir este ano os possíveis impactos dos episódios relacionados à saúde do presidente Lula na definição de sua eventual candidatura ao Planalto em 2026.

… Ele repetiu na última 3ªF exame de imagem e, de acordo com boletim médico divulgado pelo hospital Sírio Libanês, a tomografia mostrou melhora progressiva condizente com o “ótimo estado” do presidente da República.

… Pesquisa Datafolha divulgada ontem revelou pessimismo com o governo. Para 61% dos brasileiros, a economia está no rumo errado. Apenas 32% dos entrevistados acreditam que a condução econômica anda no caminho certo.

… A sondagem mostrou também que o otimismo do brasileiro com o ano novo caiu ao menor patamar desde 2020.

… Pela primeira vez em cinco levantamentos, menos da metade dos entrevistados (47%) afirma que a população terá uma situação melhor. Os números são acompanhados de uma expectativa de que a inflação vai subir ainda mais.

… Pouco mais de um ano atrás, em dezembro de 2023, o otimismo alcançava 61%, similar (60%) ao registrado no fim de 2022, logo após a eleição de Lula. Mesmo em 2020, ano mais afetado pela covid, 58% previam situação melhor.

REAJUSTE DO FUNCIONALISMO – O governo editou na 3ªF uma MP que concede aumento para os servidores públicos em duas etapas: agora em janeiro e em abril de 2026, com impacto de quase R$ 17,9 bilhões este ano.

… O valor já está previsto no PLOA. No ano que vem, o impacto calculado é de mais R$ 8,5 bilhões.

… O presidente Lula também assinou o decreto do novo salário mínimo, de R$ 1.518, em vigor desde ontem.

COMBUSTÍVEIS – Em balanço ao Estadão de 3ªF, o diretor financeiro e de RI da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou que os reajustes dos combustíveis não estão nos planos de curto prazo. “Não tem essa correria”.

… Segundo ele, se por um lado, o dólar sobe em relação ao real e pressiona por uma elevação dos preços, por outro, o valor do petróleo Brent (referência no Brasil) tem caído e não é preciso “correr para dar um reajuste”.

… A estatal não reajusta o diesel há mais de um ano e a gasolina desde julho. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula defasagem média de 15% para o diesel e de 7% para a gasolina.

MAIS AGENDA – Neste primeiro pregão do ano, o BC solta o fluxo cambial/dezembro (14h30). Do lado da inflação, o IPC-S sai às 8h e deve subir 0,27% em dezembro (mediana do Broadcast), após recuo de 0,13% em novembro.

LÁ FORA – A leitura final de dezembro do PMI/S&P Global industrial será divulgada hoje na Alemanha (5h55), zona do euro (6h) e Reino Unido (6h30). Nos EUA, saem o auxílio-desemprego (10h30) e estoques de petróleo (13h).

… Daqui a uma semana (dia 9), as bolsas em NY ficarão fechadas e os Treasuries terão pregão mais curto, até as 14h, em manifestação de respeito ao dia nacional de luto pela morte do ex-presidente americano Jimmy Carter.

CHINA – Em discurso na conferência para o Ano Novo, Xi Jinping reforçou a expectativa de que o PIB cumpra a meta oficial de crescimento de cerca de 5% em 2024 e reiterou a promessa de recuperação sustentada da atividade.

… Divulgado na noite de ontem, o PMI industrial medido pelo setor privado (Caixin) recuou para 50,5 em dezembro, de 51,5 em novembro, frustrando a previsão dos analistas de melhora para 51,7.

… Apesar da desaceleração, o indicador permaneceu acima dos 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo.

… Dois dias antes, também o dado oficial do PMI composto chinês apontou que a atividade econômica continua em expansão. O indicador avançou de 50,8 em novembro para 52,2 em dezembro.

… O PMI de serviços melhorou para 52,2 em dezembro, de 50,0 em novembro, acima da previsão (50,2). Já o PMI industrial caiu de 50,3 para 50,1 no período. O dado veio abaixo das expectativas dos analistas, que previam 50,2.

JÁ VAI TARDE – 2024 não deixou saudades. O dólar cravou marcas inéditas acima da casa de R$ 6 e o BC teve que entrar pesado nos últimos dois meses no câmbio, torrando mais de US$ 30 bilhões das reservas para segurar a onda.

… A maior intervenção da história do regime cambial flutuante, superando até mesmo o pico da pandemia, deu a medida da persistente desconfiança com o cenário fiscal e dos ruídos na relação entre o Planalto, Congresso e STF.

… Para completar, o exterior não ajudou, com o dólar em alta lá fora, diante de uma economia americana mais forte que a esperada, a eleição de Trump e menos cortes de juros pelo Fed à vista.

… Na última sessão de 2024, a moeda americana saltou a R$ 6,2426 (+0,8%) na máxima do dia, em meio à briga da ptax e ruídos sobre as emendas, fazendo o BC chamar um leilão à vista para injetar mais US$ 1,815 bi no mercado.

… Foi a 9ª intervenção desse tipo feita pelo BC no mês, abrindo espaço para que o dólar à vista fechasse em baixa de 0,21%, a R$ 6,1802. Em 2024, acumulou ganho de 27,34%, maior variação desde 2020, quando subiu 29,34%.

… Na esteira dos mesmos motivos que dispararam o dólar, os DIs terminaram o ano nas alturas. Na 2ªF, a piora das expectativas no Focus também ajudou a azedar o clima.

… O boletim do BC mostrou que a mediana suavizada para o IPCA de 12 meses à frente avançou de 4,89% para 4,94%. A projeção de 2025 saltou de 4,84% para 4,96%.

… A expectativa para Selic no fim de 2025 seguiu em 14,75%, mas em 2026, subiu de 11,75% para 12%.

… O clima piorou à tarde com o parecer da AGU orientando o governo a não autorizar os repasses de parte dos R$ 4,2 bilhões em emendas bloqueadas e depois liberadas parcialmente por Dino.

… A Secretaria das Relações Institucionais se apressou a informar que o governo empenhou R$ 1,775 bilhão dos R$ 4,2 bilhões. Mas o estrago estava feito.

… O DI para janeiro de 2026 marcou 15,370% (de 15,435% no fechamento anterior); Jan/27 foi a 15,890% (de 15,855%); Jan/29, a 15,705% (de 15,625%); Jan/31, a 15,420% (de 15,370%); e Jan/33, a 15,140% (de 15,110%).

… No ano, os juros futuros dos DIs saltaram em torno de 500 pb.

… Luciano Costa (Monte Bravo) avaliou que a curva precifica Selic em 16,9%. “Estamos no meio de um ciclo de aperto e o mercado vai continuar pedindo prêmio porque tem o complicador da questão fiscal”, disse ao Broadcast.

PRA ESQUECER – No ponto final de 2024, o Ibovespa fechou estável (+0,01%), aos 120.283,40 pontos, mas amargou perda de 4,28% em dezembro e de 10,36% do ano.

… Foi um final melancólico para um ano em que o índice à vista começou em 134 mil pontos e chegou a bater nos 137 mil, em agosto. De lá para cá, foi só ladeira abaixo, marcando o pior desempenho do índice desde 2021.

… Na véspera de ano novo, o Ibov se segurou na alta de Petrobras, na esteira dos ganhos no petróleo e de declarações de Magda Chambriard defendendo a exploração na Margem Equatorial.

… Ela se disse otimista em conseguir a licença do Ibama para perfurar o poço FZA-M-59.

… Petrobras ON subiu 1,47% (R$ 39,41) e PN, +1,49% (R$ 36,19). Não foi por culpa da Petrobras que o Ibov não engrenou em 2024. As ações subiram 21,2% e 17,9%, respectivamente.

… Já Vale atuou de vilã no ano, com queda acumulada de 23,3%. Na última 2ªF, perdeu 0,35% (R$ 54,55).

… Bancos ficaram mistos na 2ªF, com Santander em alta de 0,80% (R$ 23,82); Bradesco PN, +0,09% (R$ 11,56); e BB, +0,25% (R$ 24,17). Bradesco ON (-0,09%; R$ 10,64) e Itaú (-0,16%; R$ 30,73) fecharam nas mínimas do dia.

… Esses quatro bancos perderam R$ 122 bilhões em valor de mercado ao longo de 2024.

… As maiores perdas da sessão de 2ªF, última de 2024, foram de Automob, com -2,86%, a R$ 0,34; Ambev, com -2,73%, a R$ 11,74; e IRB, com -2,08%, a R$ 42,45.

ANO ESTELAR SÓ EM NY – Num dia de liquidez reduzida, as bolsas em Wall Street, que ainda funcionaram na 3ªF, fecharam em baixa, mas terminaram 2024 com ganhos expressivos, puxados pelas techs, em meio à febre da IA.

… O S&P 500 caiu 0,43%, a 5.881,63 pontos, na quarta baixa seguida, a pior sequência de fim de ano desde 1966. Mas em 2024 avançou 23,31%. O ganho acumulado em 2023/24, de 53,19%, foi o maior desde o biênio 1997-1998.

… O Nasdaq encerrou o dia em baixa de 0,90% (19.310,79 pontos), mas teve a melhor performance de 2024 entre os principais índices (+28,64%). O Dow Jones (-0,07% na 3ªF) registrou salto anual de 12,88%, aos 42.544,22 pontos.

… Tradicionalmente, as bolsas têm bom desempenho nas sessões finais do ano, mas em 2024 a expectativa de menos cortes de juros e políticas protecionistas sob Trump 2 deixaram investidores com o pé atrás.

… Em dezembro, o Dow Jones fechou com queda de 5,3%, o S&P 500 recuou 2,5% e o Nasdaq teve pequeno ganho de 0,5%.

… Esses mesmos fatores (juros e Trump), além de uma atividade mais forte que o esperado nos EUA, em contraste com a desaceleração da Europa, levantou o dólar.

… O índice DXY avançou 0,33% na 3ªF, a 108,487 pontos, com alta de 2,59% em dezembro. No ano, subiu 7,06%, maior ganho anual desde 2015.

… Na última sessão de 2024, o euro caiu 0,40%, a US$ 1,0364, e a libra cedeu 0,23%, a US$ 1,2523. O iene recuou 0,18%, a 157,207/US$.

… Entre os Treasuries, o retorno da note de 2 anos ficou estável no ano, a 4,340%. O da note de 10 anos, que havia terminado o ano de 2023 abaixo de 4%, em 3,879%, fechou 2024 bem mais alto, a 4,541%.

… No T-Bond de 30 anos, o juro ficou em 4,760%, acima dos 4,034% do fim do ano anterior.

… O petróleo Brent para março fechou o ano a US$ 74,64 o barril, com alta de 3,9% em dezembro, mas queda de 3,12% no ano, com a desaceleração econômica na China, maior importadora global, falando mais alto.

EM TEMPO… VALE firmou com Ministério dos Transportes repactuação das concessões de ferrovias; empresa se comprometeu com aporte global máximo de cerca de R$ 11 bi; acordo eleva em R$ 1,7 bi provisão para concessões.

EMBRAER vendeu quatro aeronaves de ataque leve e treinamento avançado A-29 Super Tucano para um cliente não revelado na África. O contrato de venda foi assinado no último dia do ano…

… As aeronaves realizarão uma ampla gama de missões, como vigilância de fronteiras, inteligência, vigilância etc.

PRIO. Conselho de Administração aprovou aumento de capital social de R$ 3 bilhões, mediante capitalização de recursos alocados na reserva de lucros estatutária da companhia.

BRAVA ENERGIA concluiu aquisição da participação de 23% detida pela QatarEnergy Brasil nos campos de petróleo de Abalone, Ostra e Argonauta, que formam o Parque das Conchas na Bacia de Campos…

… O valor da transação, desconsiderando os ajustes, é de US$ 150 milhões.

GERDAU e controlada Gerdau Aços Longos celebraram termo de acordo com o Cade em um processo administrativo que apurava uma suposta prática de infração à ordem econômica no mercado de produção de vergalhões de aço…

… A empresa se comprometeu a pagar R$ 256 milhões à vista ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos…

… Companhia ressaltou que acordo não deve ser interpretado como admissão pela Gerdau de qualquer irregularidade ou ilicitude em supostas condutas objeto do processo administrativo mencionado.

CSN celebrou contrato de compra e venda de ações e outras avenças com os acionistas da holding de logística Estrela para aquisição de 70% do capital social da empresa; negociação foi fechada por R$ 742,5 milhões.

ASSAÍ distribuirá R$ 125 milhões em JCP, ou R$ 0,0927 brutos por ON; ex 07/01; pagamento em 28/02.

TOTVS finalizou o contrato para aquisição total da empresa VarejOnline, pelo valor de R$ 49 milhões.

AUTOMOB. A incorporação pela Automob Participações (atual denominação da Vamos Comércio de Máquinas Linha Amarela) foi concluída…

… Com isso, a Automob foi extinta, enquanto a Automob Participações ficou com todos os seus direitos e obrigações.

HERINGER. CFO e diretor de RI, Pérsio Pimentel Pinto Ravena, renunciou aos cargos, por motivos pessoais. Para o posto, a companhia indicou interinamente Gustavo Bastide Horbach, atual diretor presidente…

… O presidente do conselho de administração Donal Mathews Lambert também deixará o posto. O substituto será indicado pelo colegiado nos próximos dias.

EQUATORIAL distribuirá R$ 111,1 milhões em JCP, ou R$ 0,0891 brutos por ação; ex 14/01; pagamento será feito até o fim de 2025.

RAÍZEN. Norges Bank atingiu participação acionária de 5,001%, passando a deter 67.962.400 de papéis PN.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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