Os olhos do mundo estão em Washington
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[20/01/25]
… A China manteve os juros, horas antes da posse de Trump, a partir das 13h30, que coincide com o feriado de Martin Luther King. Os mercados em NY ficam fechados. Apesar da liquidez reduzida prevista para o dia, o BC chamou para hoje dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra (de linha), às 10h20 e 10h40, no total de US$ 2 bilhões. Em compasso de espera pela largada do novo governo dos EUA, o BoJ decide juro na 6ªF, inclinado a subir a taxa para 0,50%. A semana tem ainda como destaques o balanço da Netflix, amanhã, e o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Haddad não vai, ocupado pelas pressões fiscais, desgaste do PIX e reforma ministerial. Aqui, o único indicador mais relevante da agenda é o IPCA-15 de janeiro, que sai 6ªF. A partir de agora, os olhos do mundo estão em Washington.
… Os investidores globais não duvidam de decretos de impacto logo na estreia de Trump 2 para concretizar as promessas de aumento de tarifas de importação, expansionismo fiscal e políticas de imigração mais rígidas.
… Esperadas com muita expectativa, as medidas e as ameaças alardeadas na campanha eleitoral têm potencial de sobra para sacudir o comércio mundial, pressionar a inflação americana e encurtar o ciclo de afrouxamento monetário do Fed.
… Em discurso neste domingo no ginásio Capital One Arena, em Washington, Trump prometeu assinar ainda hoje “muitas, muitas” ordens executivas, impondo tarifas comerciais para levar as indústrias de volta aos Estados Unidos.
… “Vamos cortar impostos, vamos acabar com a inflação, vamos reduzir os preços, aumentar os salários e trazer milhares de fábricas de volta, vamos construir aqui, vamos contratar americanos e comprar produtos americanos. Isso será feito através de tarifas.”
… Trump não detalhou as medidas econômicas que pretende adotar, mas sinalizou que elas devem ser anunciadas já nesta 2ªF, por meio de ordens executivas, que equivalem a medidas provisórias no Brasil. “Vamos assinar tudo amanhã (hoje).”
… O presidente eleito também citou medidas para desregulamentar as aéreas ambiental, que, segundo ele, “atrapalham os negócios”, e de energia, para incentivar as empresas de petróleo a aumentarem a produção e reduzir os preços dos combustíveis.
… Também existe a expectativa de medidas de desregulamentação no setor financeiro para reduzir os custos de financiamentos a empresas e famílias, o que inclusive conta com o apoio de políticos democratas.
… O governo planeja ainda iniciar amanhã (3ªF) as deportações em larga escala, com uma grande operação em Chicago.
… Não se descarta que, só nesta primeira semana de governo, 100 decretos possam ser assinados por Trump.
… No contexto geopolítico, Trump vem manifestando o interesse em tomar o controle da Groenlândia e do Canal do Panamá.
TIKTOK – Em seu primeiro ato, Trump antecipou neste domingo que planeja dar mais tempo ao TikTok, baseado na China, para encontrar um comprador. “Estou aprovando a volta do TikTok em nome dos EUA. Eu gosto do TikTok.”
… Mais cedo, Trump já havia feito uma postagem defendendo a rede social, que voltou após breve tempo fora do ar.
… Na 6ªF, causaram surpresa os relatos de que, em telefonema, Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, adotaram uma conversa amigável, o que ajudou no movimento de recuperação das bolsas (abaixo).
… O republicano manifestou a assessores o seu interesse em visitar a China ainda nos primeiros 100 dias no cargo, segundo a agência Dow Jones, em uma tentativa de aprofundar o seu relacionamento com Xi Jinping.
… Embora tenha elogiado o líder chinês, qualificando-o de “poderoso e brilhante”, Trump prometeu impor tarifas massivas à China quando era candidato, de até 60%, sobre uma ampla gama de produtos.
… A torcida, no entanto, é para que a política a ser adotada possa ser bem menos agressiva.
TARIFAS – Na semana passada, o futuro secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, minimizou as pressões inflacionárias, dizendo que, “mesmo com 10% de tarifas”, o governo de Pequim ainda exportará com redução de custos.
… Ouvido pelo Broadcast, o economista-chefe para os EUA do Deutsche Bank, Matthew Luzzetti, projeta que serão implementadas 20% de tarifas à China (10% neste primeiro semestre e 10% na segunda metade do ano).
… No caso da Europa, acredita Luzzetti, serão cobrados 7,5% de tarifas somente sobre os carros importados.
… Os europeus querem evitar uma guerra comercial em grande escala, já que os EUA são o maior parceiro comercial da UE, com as duas economias movimentando aproximadamente US$ 8,7 trilhões entre si.
… Um cenário de tarifas mais altas do governo norte-americano impostas sobre a China poderia redirecionar produtos baratos para a Europa, criando um golpe duplo para os fabricantes do bloco.
… Os representantes da UE esperam neutralizar algumas dessas ameaças com propostas que podem incluir compromissos para comprar mais gás natural liquefeito e suprimentos de defesa americanos.
… Além disso, podem colocar na mesa de negociação uma oferta de se aliar a Trump no enfrentamento à China.
… Em relação ao México e Canadá, cresceu nas últimas semanas a chance de as exportações sofrerem impostos adicionais de 25% para ingressar no mercado americano até que haja controle da imigração e fluxo de drogas.
… Mas ainda é possível que estes dois países não sejam taxados imediatamente, porque fazem parte de um grande acordo comercial com o governo dos EUA firmado ainda no primeiro mandato de Trump.
A POSSE – A agenda de Trump começa hoje com uma missa na St. John’s Church. Em seguida, vai à Casa Branca, onde ele e sua esposa, Melania Trump, serão recebidos para tomar chá com Biden e a primeira-dama, Jill Biden.
… A cerimônia de posse começará às 13h30 (de Brasília). O juramento será feito primeiro pelo vice-presidente eleito, J.D. Vance, e, na sequência, por Trump, quando oficialmente inicia seu segundo mandato nos EUA.
… Devido ao frio intenso a ser registrado hoje Washington, Trump fará o discurso de posse em ambiente fechado, na Rotunda do Capitólio, facilitando a segurança do serviço secreto, após as tentativas de assassinato.
… Após a posse, ele participa do desfile presidencial que vai do Congresso à Pennsylvania Avenue, com revista de tropas. Em seguida, participa na Casa Branca de uma cerimônia para assinatura de atos oficiais no Salão Oval.
… À noite, está previsto que o presidente eleito participe de três bailes da posse, com show do Village People.
… Pela primeira vez na história dos EUA, um presidente eleito receberá líderes estrangeiros em sua posse. Conservadores como Milei (Argentina) e a premiê italiana, Giorgia Meloni, marcarão presença no evento.
… Xi Jinping vai enviar o vice-presidente, Han Zheng, como seu representante. Impedido de viajar pelo ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro mandou a mulher, Michele, e os filhos Eduardo e Flavio para a posse de Trump.
… Cerca de 20 parlamentares da oposição também devem ir, incluindo as deputadas Bia Kicis e Carla Zambelli.
TIME IS MONEY – Três dias antes de sua posse, o novo presidente dos EUA lançou na 6ªF a sua própria criptomoeda, a $TRUMP. O lançamento foi um estouro, com a moeda saltando mais de 1.200% até domingo.
… O republicano disponibilizou a venda de 200 milhões de tokens da $TRUMP. A empresa do presidente responsável por gerir o ativo ficará com outras 800 milhões, o que pode garantir um retorno colossal a Trump.
… Em redes sociais, alguns especialistas no tema criticaram o movimento de Trump.
… “Trump possuir 80% e anunciar o lançamento horas antes da posse é predatório”, disse um investidor de risco. Outro alertava: “Agora, qualquer pessoa no mundo pode depositar dinheiro na conta bancária do presidente com alguns cliques”.
PAZ EM GAZA – A libertação dos primeiros reféns consolidou o acordo de paz entre Israel e o Hamas, iniciado neste domingo.
… Na Carolina do Sul, Joe Biden falou sobre o cessar-fogo em seu último discurso como presidente dos EUA, dizendo que foi uma das mais difíceis negociações que já fez, mas não há dúvidas de que este é um mérito de Donald Trump.
… Era uma promessa de campanha do presidente eleito “acabar com essa guerra em um dia” e ele agiu para isso.
… No comício deste domingo, Trump disse que o cessar-fogo em Gaza foi “resultado de nossa vitória” e prometeu também acabar com a guerra na Ucrânia, o caos no Oriente Médio e impedir a Terceira Guerra Mundial.
… Em entrevista à CNN, o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Michael Waltz, afirmou que o acordo de cessar-fogo só aconteceu graças à eleição de Trump, mostrou aos líderes do Hamas que eles poderiam ser derrotados como o Hezbollah.
… Waltz reafirmou que os EUA não aceitarão que o Hamas governe Gaza, acrescentando incertezas sobre a duração do armistício.
… Em Israel, também o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, afirmou que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, influenciou na última semana para o acordo de cessar-fogo que entrou em vigor neste domingo.
… Saar reforçou que Trump não os forçou a nada, apenas ajudou, e repetiu que Israel não aceitará que o Hamas governe a Faixa de Gaza.
… As negociações para a segunda fase do acordo entre Israel e o Hamas estão previstas para começar somente no dia 4 de fevereiro.
MAIS AGENDA – A decisão final de política monetária desta semana no Japão pode depender dos comentários e medidas de Trump nos primeiros dias do governo, mas a maioria do BoJ deve apoiar um aumento, segundo a agência Nikkei.
… Na semana passada, o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, afirmou que haverá um aperto se os indicadores econômicos continuarem melhorando e os salários continuarem em trajetória positiva.
… De seu lado, o vice-presidente do BC japonês, Ryozo Himino, disse que a inflação está no caminho da meta.
… Na 5ªF, Trump participará virtualmente do Fórum Econômico Mundial em Davos. Mais de 60 chefes de Estado e de governo estarão presentes no evento, que será realizado de hoje até 6ªF nos Alpes Suíços.
… Lagarde fala em Davos duas vezes esta semana (4ªF e 6ªF), às vésperas da decisão do BCE (dia 30). A expectativa na zona do euro é de continuidade do ciclo de flexibilização, com o quinto corte do juro a caminho.
… O BC da Turquia faz reunião de política monetária na 5ªF. Hoje, na Alemanha, sai o PPI de dezembro (4h).
CHINA HOJE – Os bancos comerciais mantiveram as taxas de juros básicas (LPRs), que balizam os empréstimos. A LPR de um ano foi mantida em 3,1%, enquanto a LPR de cinco anos permaneceu em 3,6%, anunciou o BC chinês.
… Esse foi o terceiro mês consecutivo em que as taxas de juros referenciais ficaram inalteradas, depois que o governo de Pequim fez um corte em outubro para impulsionar a demanda doméstica.
… A administração Trump 2 e a volatilidade do yuan e dos títulos do governo chinês podem influenciar o momento de uma flexibilização mais significativa da política monetária.
AQUI – Fora o IPCA-15 de janeiro (6ªF), a semana tem poucos destaques: as prévias do IPC-Fipe (hoje, às 5h) e do IPC-S (5ªF), além dos dados de transações correntes e IDP em dezembro, que serão divulgados também na 6ªF.
… Hoje (8h25) tem Focus. Na edição da semana passada, a projeção de inflação acumulada em 12 meses até o horizonte relevante da política monetária (2Tri de 2026) estava em 4,45%, colada ao teto da meta, de 4,50%.
… Como observou ao Broadcast o economista Alexandre Lohmann (Constância Investimentos), a desancoragem das expectativas sugere que o forward guidance deixado pelo Copom (1pp + 1pp) já está “atrás da curva”.
… Preocupa que a escalada das expectativas esteja ocorrendo simultaneamente à alta das projeções para a taxa Selic.
… Em reunião na 6ªF com os diretores do BC, economistas reforçaram a preocupação com o fiscal. Os cenários de todos os analistas no encontro corroboraram a necessidade de continuar aumentando a Selic para até 15%.
… Os profissionais esperam que o IPCA deste ano fique entre 5% e 5,50%, estourando de novo o teto da meta.
… Entrevistado pela CNN Brasil, Haddad descartou na 6ªF o risco de dominância fiscal, manifestou confiança na política monetária para conter a inflação, mas reconheceu estar preocupado com a trajetória da dívida pública.
… Questionado sobre o atual patamar do câmbio, o ministro disse que “não compraria dólar acima de R$ 5,70, porque é caro para os fundamentos brasileiros”, mas disse não saber onde a moeda vai parar.
… A caminho de Davos, o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, cobrou menos despesas do governo para um maior equilíbrio fiscal. Para ele, o BC não pode agir sozinho na luta pela reancoragem das expectativas.
… Em entrevista ao Estadão de hoje, o executivo disse ainda que o crédito vai pisar no freio este ano, diante da Selic alta.
… No front político, Lula encontra com ministros hoje e deve cobrar resultados, na ressaca da crise do PIX.
… Na Folha, o presidente prevê mais duas semanas para desenhar a reforma ministerial. A expectativa é de que as mudanças do primeiro escalão estejam traçadas após as eleições para as presidências da Câmara e Senado.
NA VÉSPERA DE TRUMP – Os dados da China, com o PIB/4Tri, produção industrial e as vendas no varejo acima do esperado em dezembro, impulsionaram o minério e deram força à Vale e ao Ibov, que teve o melhor desempenho semanal desde agosto/24, na 6ªF.
… O ambiente positivo contou, ainda, com os ganhos em Wall Street, que driblou a cautela no último pregão antes da posse de Trump, e registrou alta do S&P 500 (+1%, 5.996,66 pontos), Dow Jones (+0,78%, 43.487,73 pontos) e Nasdaq (+1,51%, 19.630,20).
… Aqui, o Ibovespa subiu 0,92% (122.350,38 pontos), mas com giro baixo para um dia de vencimento de opções sobre ações (R$ 22,6 bi). O ganho na semana foi de 2,94%, elevando o avanço no mês de janeiro até o dia 17 para 1,72%.
… As metálicas foram destaques, com Vale fechando o pregão na máxima (+3,46%, a R$ 54,49), Usiminas, +3,51%, CSN, +4,10% e CSN Mineração no topo da lista (+5,13%). Já Petrobras PN subiu 0,40% (R$ 37,20) e ON ficou negativa (-0,07%, R$ 41,60).
… Outro destaque de alta, IRB subiu 4,21%. Já a ação de Yduqs, que teve a classificação do papel rebaixada de overweight (equivalente a compra) para neutro pelo JPMorgan, caiu 5,71%. Em seguida, Hapvida perdeu 5,49% e Cosan, -4,98%.
… Entre os principais bancos, só Itaú ficou no azul (+0,72%, a R$ 32,35), após ter sua recomendação elevada para compra pelo UBS BB. Em realização, Bradesco ON caiu 1,30% (R$ 10,65), Bradesco PN, -1,19% (R$ 11,59), Santander, -0,68%, e Banco do Brasil, -0,12%.
… Em NY, o cessar-fogo entre Israel e o Hamas ajudou a manter o otimismo, junto com alguns sinais de que Trump poderá pegar mais leve do que ameaçou em suas políticas tarifárias, especialmente com a China, após a conversa amigável com Xi Jinping.
… Além da alta das bolsas, o alívio nos rendimentos dos Treasuries se manteve, em resposta às apostas de que o Fed pode voltar a cortar os juros este ano. As apostas para uma redução de 25pbs em junho bateram em 45% na ferramenta do CME Group.
… O retorno da T-note de 2 anos subia a 4,275% no final da tarde em NY, o da T-note de 10 anos cedia a 4,612% e o do T-bond de 30 anos recuava a 4,848%. Mas até Trump esclarecer suas decisões para as tarifas de importados, a volatilidade tende a se manter.
… Na B3, prevaleceu a cautela antes de Trump, com os juros futuros retomando a alta para o fechamento, principalmente os mais longos.
… O DI para janeiro de 2026 encerrou em 14,96%, de 14,91% no ajuste da véspera, enquanto a do DI para janeiro de 2027 passou de 15,17% no ajuste para 15,25%. O DI para janeiro de 2029 terminou a sessão com taxa a 15,19%, de 15,05%.
… A fala de Haddad, em entrevista à CNN Brasil durante a tarde, não conseguiu tranquilizar o mercado sobre o aspecto fiscal.
… O ministro pareceu mais irritado do que de costume com as desconfianças do mercado sobre a política para as contas públicas e insistiu que o governo tem feitos importantes que deveriam ser reconhecidos.
… No câmbio, apesar dos bons dados da China, o dólar subiu 0,20%, a R$ 6,0656, com mínima a R$ 6,0290 e máxima a R$ 6,0904.
… Lá fora, o novo cenário nos EUA com Trump no comando da Casa Branca ajuda a sustentar o dólar forte. O índice DXY fechou em alta de 0,36%, a 109,347 pontos. Já o euro e a libra se desvalorizavam a US$ 1,0278 e US$ 1,2170, respectivamente.
… No petróleo, após os avanços da semana, a paz em Gaza colocou os contratos futuros para baixo. O WTI/março fechou em queda de 0,59%, a US$ 77,39 o barril, enquanto o Brent para mesmo mês recuou 0,61%, a US$ 80,79 o barril.
EM TEMPO… PETROBRAS. Conselho de administração reúne-se em 10 dias para discutir os reajustes dos preços dos combustíveis…
… Segundo Lauro Jardim/O Globo, o colegiado fará a avaliação anual do cumprimento da política de preços pela diretoria da estatal, que, de acordo com a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis, estão defasados em 13% na gasolina e 22% no diesel.
DASA. Ainda no Globo, agora que o Cade deu o ok para a fusão das áreas de hospitais de Amil e Dasa, será retomada uma outra negociação que ficou paralisada e que tem na outra ponta a Oncoclínicas, de Bruno Ferrari…
… A área oncológica da Amil/Dasa poderá ser transferida para a Oncoclínicas e as partes podem promover uma troca de ações.
RAÍZEN. Anunciou na 6ªF que vai parar sua produção de etanol de segunda geração (E2G) na Usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP)…
… A planta, a primeira de produção de etanol celulósico do grupo, será dedicada a partir de agora apenas para testes e “futuros desenvolvimentos” do biocombustível, segundo comunicado da empresa ao mercado.
HYPERA. Fará a amortização antecipada facultativa parcial das debêntures da 11ª emissão da companhia…
… A empresa pagará, em 29 de janeiro, o valor da parcela, mais remuneração e um prêmio de 0,40%, o que totalizará R$ 581,883 milhões.
SANTANDER. Está iniciando discussão sobre uma possível venda de sua operação no Reino Unido por conta de retornos mais baixos que em outros mercados. Não há informações sobre quem seriam os interessados na compra (Financial Times).
EZTEC. Lançamentos no 4TRI24 somaram R$ 262 milhões em valor geral de vendas (VGV), queda de 12,7% na comparação anual, segundo prévia operacional.
MOVIDA aprovou em AGE realizada nesta 6ªF (17) o cancelamento do registro de companhia aberta da sua subsidiária Movida Locação, na categoria “B”, perante a CVM…
… A Movida seguirá sendo uma companhia aberta na categoria “A” perante a CVM e com ações listadas na B3 sob o ticker MOVI3.
VIBRA ENERGIA aumentou o capital social da Comerc em R$ 1,5 bilhão, mediante a emissão de 161.985.792 ações ON; ações foram subscritas nesta 6ªF (17) e serão integralizadas pela companhia até o dia 30 deste mês.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
IBC-Br e varejo conferem recuo da atividade aqui e nos EUA
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[16/01/25]
… Balanços do BofA e do Morgan Stanley (antes da abertura) podem manter o entusiasmo do setor financeiro em Wall Street – onde tudo deu certo, nesta 4ªF. A grande notícia foi a desaceleração da inflação nos EUA, que reanimou as apostas de que os juros voltarão a cair neste ano, em uma notícia muito positiva para os emergentes. Hoje são importantes os dados do varejo americano (10h30), que tendem a reforçar a expectativa com um Fed mais dovish se confirmarem o recuo esperado. É claro que, a dois pregões da posse de Trump, as incertezas sobre as suas políticas tarifárias continuam sendo uma ameaça, e ninguém está autorizado a relaxar a guarda. Também aqui, os investidores monitoram os sinais de esfriamento da economia, que dão alívio adicional aos juros. Na agenda, o IBC-Br é destaque (9h).
… Depois de três meses consecutivos de crescimento, o “PIB do BC” deve voltar ao terreno negativo em novembro (-0,1%), na mediana do Broadcast. As estimativas variam de recuo de 1,2% a expansão de 0,3%.
… Na base anualizada, o indicador deve desacelerar fortemente contra a leitura de outubro, de 7,3% para 4,3%.
… O que se nota é que a perda de ritmo esperada para o dado não é isolada. No intervalo de pouco mais de uma semana, este já seria o quarto referencial da atividade econômica que apontaria para uma perda de dinamismo.
… Primeiro, foi a produção industrial de novembro (-0,6%). Em seguida, as vendas no varejo registradas no período vieram fracas (-0,4%) e, ontem, o volume do setor de serviços (-0,9%) veio pior que o esperado (-0,5%).
… Os números combinados levantam suspeitas de que a economia começou a perder pique no último trimestre do ano passado, ainda que não haja consenso se este já é um reflexo direto do ciclo de aperto monetário.
… Os sintomas de um processo de esfriamento justificaram ontem um novo ajuste em queda na curva de juros e podem trazer à tona a discussão de uma Selic terminal abaixo da marca de 15% exibida pelo boletim Focus.
… O Safra projeta um pico de 14,75% da taxa básica em maio e desaceleração para 13,75% no final do ciclo.
… O banco reduziu a aposta do PIB do ano de 2,5% para 1,5%, projetando avanço menor no consumo das famílias e nos investimentos corporativos, diante do aperto monetário mais forte e ausência de impulso fiscal.
PASSOU RECIBO – Após a onda de fake news, o governo recuou e revogou norma da Receita que ampliava a fiscalização em transações financeiras, incluindo o Pix, de operações acima de R$ 5 mil (PF) e R$ 15 mil (PJ).
… O governo decidiu ainda publicar uma medida provisória para reforçar que não haverá taxação de transações feitas pelo meio de pagamento instantâneo, depois de a oposição ter espalhado as informações falsas.
… A AGU pediu à PF abertura de inquérito para identificar autores que disseminaram informações distorcidas. O recuo do governo foi mal visto de todos os lados, por especialistas no Broadcast e dentro do próprio PT.
… No momento em que volta atrás na instrução normativa da Receita, o governo oferece de bandeja aos opositores a sinalização de que eles venceram, que a pressão deu certo e que a intenção era mesmo taxar o PIX.
… Não adianta trocar ministro da comunicação e continuar comunicando mal. Também de pouco adianta nessa guerra de narrativas e fake news apelar à PF. Melhor seria Lula ter convocado rede nacional para desmentir.
… Teria matado logo o assunto, evitando a proporção que a polêmica ganhou depois de o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) sobre o tema ter viralizado e capitalizado a vitória do desgaste do governo.
… Na opinião do professor Paulo Niccoli Ramirez (ESPM), a gestão petista vem sendo desestabilizada pelo uso mais eficaz pela direita das redes sociais, com poder de persuasão muito maior e mais atraente aos algoritmos.
… Tivesse o governo usado de uma estratégia articulada, não perderia tanto tempo em correr atrás do prejuízo.
REFORMA MINISTERIAL – Reportagem no Estadão aponta que a cúpula do PT está preocupada com a desidratação que o partido, que comanda 11 ministérios, deve sofrer com as mudanças no Esplanada.
… Dirigentes petistas defendem nos bastidores que o União Brasil, que não entrega os votos correspondentes a seu tamanho, deveria perder lugar na dança das cadeiras para atrair o PP, expoente do Centrão e sigla de Lira.
… De saída do cargo, o presidente da Câmara é sido cobiçado por parte dos petistas para ingressar no governo e dar palanque a Lula na disputa à reeleição no ano que vem. Se Lira topar, ganharia a pasta da Agricultura.
… Já a chance de Rodrigo Pacheco integrar a equipe de Lula desagrada ao PT, que não enxerga no presidente do Senado uma figura capaz de ter articulação decisiva junto ao Congresso para apagar os incêndios de crise.
… As eleições que renovarão os comandos da Câmara e do Senado estão marcadas para 1.° de fevereiro.
… Indicado por Lira, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) é o favorito para ocupar sua cadeira. No Senado, Rodrigo Pacheco deverá passar o bastão para Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
AZUL NO AFTER HOURS – O ADR da companhia aérea disparou quase 5%, no entusiasmo da notícia de que assinou com a Abra, dona da Gol, memorando de entendimentos para explorar uma combinação de negócios.
… O CEO da Azul, John Rodgerson, disse ao Broadcast que a fusão tem chance de ser concluída até o fim do ano.
… O acordo prevê que a companhia combinada, que deve criar uma gigante no setor de aviação, converterá as suas ações preferenciais em circulação em ON, que serão listadas no Novo Mercado da B3 e na Nyse.
MAIS AGENDA – A FGV divulga a segunda prévia do IPC-S de janeiro (8h). Lula e Haddad participam, às 15h, de cerimônia de sanção do projeto que regulamenta a reforma tributária. A expectativa é que o texto tenha vetos.
… Lá fora, o crescimento das vendas do varejo dos EUA (10h30) deve desacelerar a 0,6% em dezembro, de 0,7% em novembro, mas ainda se mantendo num nível forte.
… Já no mercado de trabalho, contrariando a força do payroll, os pedidos de auxílio-desemprego (10h30) devem registrar alta de 13 mil, para 214 mil. A Nahb informa a confiança das construtoras em janeiro (12h).
… Na zona do euro, o BCE divulga a ata da reunião do dia 12 de dezembro, em que reduziu o juro em 25pb, para 3% ao ano.
… Ontem, o vice-presidente do BC europeu, Luis de Guindos, avisou que o foco da política monetária mudou da inflação para o crescimento.
… Embora sem se comprometer com uma direção para os juros, disse que, se os próximos dados confirmarem as projeções do BCE, a trajetória da política monetária é “clara”: “espero continuar reduzindo o aperto das taxas”.
TÃO LONGE, TÃO PERTO – Devagar, o dólar vai tentando voltar aos R$ 6, mas ainda encontra piso por aí, diante dos receios sobre a política expansionista e protecionista de Trump 2, além de toda a incerteza fiscal doméstica.
… Para quem aposta contra o dólar, toda a torcida é para que, na posse de 2ªF, o presidente eleito dos EUA venha o menos provocativo que conseguir, esvaziando o risco de uma guerra de tarifas e optando pela elevação gradual.
… Neste caso, quem sabe o investidor possa sonhar com a moeda americana furando o suporte que está tão difícil de quebrar. Ontem, o dólar seguiu o alívio em escala global com o CPI e completou três pregões seguidos em queda.
… Fechou em baixa moderada de 0,35%, cotado a R$ 6,0252, tendo chegado a R$ 6,0119 na mínima intraday.
… Na cola do câmbio e do fôlego de baixa das taxas dos Treasuries com os dados mais fracos nos EUA, o DI partiu para mais uma rodada de devolução de prêmios de risco. Muito esticada, a curva tem aproveitado para voltar.
… Outros dois fatores colaboraram ontem para os juros futuros desarmarem ainda mais a pressão recente: a queda do volume do setor de serviços, que sugere atividade menos aquecida, e o déficit fiscal menor que o esperado.
… Em novembro, as contas do Governo Central vieram deficitárias em R$ 4,515 bi, melhor que a aposta de -R$ 6,5 bi dos economistas. O secretário Rogério Ceron (Tesouro) traçou expectativa mais positiva para o acumulado de 2024.
… Embora tenha reconhecido que houve algumas perdas de receitas no final do ano passado, declarou que, não fosse isso, o resultado primário em 2024 teria chance de ficar quase no centro da meta definida no arcabouço fiscal.
… Disse ainda que a relação despesa/PIB voltará a um dos menores patamares da década.
… Outra boa notícia foi que o Tesouro identificou um erro na contabilização de receitas que melhora o resultado primário em R$ 2 bi nos últimos dois anos. Em 2023, o déficit de R$ 230,5 bilhões caiu para R$ 228,5 bilhões.
… Já em 2024, o resultado até outubro passou de déficit de R$ 64,3 bilhões para R$ 62,3 bilhões.
… Com a respirada no DI, as taxas voltaram a rodar abaixo de 15%: Jan/26 a 14,815% (de 14,865% na véspera); Jan/27, a 14,995% (15,140%); Jan/29, 14,830% (15,060%); Jan/31, 14,720% (14,950%); e Jan/33, 14,580% (14,820%).
DEU SHOW – O Ibov se convidou para a festa de NY com a inflação comportada e esteve a um triz de tocar os 123 mil pontos na máxima do dia (122.987,84). Turbinado, saltou 2,81%, a 122.650,20 pontos, com só duas ações em queda.
… Foi o maior ganho porcentual em um ano e meio, ajudando a devolver o índice à vista ao positivo no acumulado do ano (+1,97%). O giro extraordinário de R$ 70,3 bi foi potencializado pelo vencimento de opções sobre o Ibov.
… Amanhã, tem game de novo na bolsa, com o exercício das opções sobre ações, concentrado nas blue chips.
… Bancos contribuíram para a deslanchada do Ibovespa. Em dia de atratividade da bolsa, costumam ser os primeiros a responder.
… Itaú puxou a valorização do setor, com +4,34% (R$ 32,22). Santander subiu 3,53% (R$ 24,95); Bradesco ON, +3,51% (R$ 10,92); Bradesco PN, +3,50% (R$ 11,83); e Banco do Brasil, +2,52% (R$ 25,27).
… Vale ganhou 1,45% (R$ 52,60), na esteira da alta do minério de ferro em Dalian (+0,71%).
… Petrobras ON (+1,31%, a R$ 41,66) fechou na máxima e PN subiu 1,28% (R$ 37,29), de olho na alta do Brent/março, de 2,64%, a US$ 82,03 por barril.
… Ficou em segundo plano apara o petróleo a confirmação do cessar-fogo na Faixa de Gaza a partir de domingo, já que o mercado tinha antecipado o acordo na véspera.
… A cotação do barril foi embalada pela queda do dólar, pelo recuo maior que o esperado nos estoques nos EUA e pela manutenção da previsão de aumento da demanda global pela Opep em 2025 (+1,45 milhão de bpd).
… Hapvida deu um salto de 10,45%, a R$ 2,43, apoiada também pela definição da ANS em relação às datas das audiências públicas sobre política de preços e reajustes dos planos de saúde.
… Vamos subiu 9,44% (R$ 4,87) e Yduqs teve alta de 8,37% (R$ 9,19). Apenas Marfrig (-1,76%; R$ 16,22) e Klabin (-0,51%; R$ 21,58) ficaram no vermelho.
… Depois do Itaú BBA, foi a vez de o Safra reduzir o preço-alvo para o Ibovespa no fim de 2025. O banco espera que o índice chegue a 141,5 mil, ante 165 mil previstos antes.
… Aumento do protecionismo sob o governo Trump 2, menos espaço para corte de juros nos EUA, incertezas fiscais domésticas, alta da Selic e desancoragem de expectativas de inflação justificaram a reavaliação do banco.
ALÍVIO – A desaceleração do núcleo do CPI pela primeira vez em seis meses recuperou a percepção de que o progresso da inflação americana em direção à meta foi retomado, desencadeando a onda global de apetite por risco.
… Para completar, a temporada de balanços começou bem em Wall Street. Os resultados trimestrais de Wells Fargo (+6,69%), Citigroup (+6,49%), Goldman Sachs (+6,02%) e JPMorgan (+1,97%) agradaram ao mercado.
… Embora a meta de inflação está esteja longe de ser atingida, os dados do CPI aliviaram as tensões depois de um payroll muito mais forte que o esperado, que levou parte do mercado a falar até na possibilidade de alta de juro.
… O mercado voltou a apostar mais fortemente em pelo menos mais um corte do juro no ano. Na ferramenta do CME, junho aparece como o mês mais provável (65,8%, de 57,3%) para a retomada da flexibilização pelo Fed.
… O núcleo do CPI – que exclui alimentos e energia – cedeu para 0,2% em dezembro, de 0,3% em novembro, em linha com o esperado. Na leitura anual, desacelerou de 3,3% para 3,2%. A expectativa era de manutenção em 3,3%.
… O CPI cheio acelerou de 0,3% em novembro para 0,4% em dezembro, puxado pelos preços da energia. No ano, subiu de 2,7% para 2,9%. Analistas esperavam alta de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
… Os Fed boys gostaram do que viram. Austan Goolsbee, do Fed Chicago, disse que o CPI reflete um “quadro encorajador” no processo de desinflação.
… Seu colega de Richmond, Tom Barkin, disse que novos dados mostram progresso na inflação, mas que os juros devem seguir restritivos. John Williams (NY) vê a inflação diminuindo gradualmente em direção à meta de 2%.
… “Os números não mudaram a expectativa para uma pausa no corte de juros este mês, mas devem limitar as conversas sobre um aumento de taxas”, disse Ellen Zentner (Morgan Stanley WM) na BBG.
… O Wells Fargo reduziu a expectativa de três cortes de juros para dois em 2025. O banco reconheceu o alívio no núcleo do CPI, mas disse que o progresso tem sido vagaroso.
… Ainda assim, um senso de alívio tomou NY depois de meses de dados de inflação estagnada.
… O juro da note de 10 anos, que vinha muito pressionado, caiu 14pb, de 4,788% para 4,648%. O da note de 2 anos recuou a 4,264% (de 4,375%) e o do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,871% (de 4,977%).
… As ações do setor de tecnologia aproveitaram a onda de otimismo e o alívio dos rendimentos dos Treasuries, fazendo o Nasdaq avançar 2,45%, aos 19.511,23 pontos.
… Tesla (+8,0%), Meta (+3,8%) e Nvidia (+3,3%) recuperaram terreno na sessão.
… O S&P 500 ganhou 1,83% (5.949,91 pontos) e o Dow Jones subiu 1,65% (43.221,55 pontos).
… O dólar cedeu ante alguns pares, com o índice DXY em queda de 0,17%, a 109,09 pontos.
… A libra esterlina subiu 0,29%, a US$ 1,2242, apesar de a inesperada desaceleração do CPI no Reino Unido na base anualizada em dezembro (2,5%) ter impulsionado as chances de cortes de juros pelo BC inglês (BoE).
… O euro ficou estável (-0,09%), em US$ 1,0298. O iene avançou 1,02%, a 156,363/US$, após comentários do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, ampliarem expectativas por alta de juros no país.
… Ele disse que as taxas continuarão subindo a economia e os preços melhorarem.
EM TEMPO… CYRELA registrou alta de 146%, para R$ 6,737 bilhões, nos lançamentos do 4Tri24 sobre o 4Tri23. No ano, o valor geral de vendas (VGV) de lançamentos somou R$ 13,021 bilhões, 33% maior que em 2023.
PLANO&PLANO registrou R$ 1,3 bilhão em valor geral de venda (VGV) lançado no 4Tri24, queda de 9,2% sobre o mesmo período de 2023. No ano, os lançamentos somaram R$ 3,7 bilhões, crescimento de 26,2%.
CURY atingiu R$ 1,06 bilhão em valor geral de venda (VGV) nos seus lançamentos do 4tri24, alta de 23,9% sobre o 4tri23. As vendas líquidas somaram R$ 1,2 bilhão, alta de 38,5% no mesmo intervalo.
EVEN registrou vendas líquidas de R$ 369 mi no 4tri24, queda de 29,4% ante igual período/23. Velocidade de vendas sobre oferta (VSO) consolidada foi de 12% e as vendas de estoques somaram R$ 212 mi.
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Foco no CPI hoje
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[15/01/25]
… Antes de falar da agenda carregada do dia, o investidor acompanha nas agências internacionais as informações de que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Gaza, está próximo e pode ser alcançado nas próximas horas ou até o fim da semana, aliviando a pressão do petróleo. Aqui, os primeiros sinais de perda de fôlego da atividade econômica já começam a aparecer na indústria e no varejo e podem ser reforçados hoje pelo volume de serviços em novembro. O dado será divulgado às 9h pelo IBGE e tem aposta de queda. Com vários dias de atraso, o Tesouro informa às 14h30 as contas do Governo Central em novembro. Mas são os EUA que roubam a cena hoje, com a abertura da temporada dos balanços pelos bancos e a inflação ao consumidor americano em dezembro medida pelo CPI (10h30).
… Embora este não seja o indicador de preços olhado mais de perto pelo PCE, que prefere o PCE, nem por isso o dado é menos importante, especialmente agora que as apostas para o ciclo do Fed andam tão embaralhadas.
… Um CPI forte entraria na conta do risco de o Fomc eliminar a chance de um corte de juro este ano e até deixar a porta aberta para um aperto, o que até bem pouco tempo atrás nem era cogitado, mas foi despertado pelo payroll.
… Já uma inflação mais comportada viria a calhar para acalmar os nervos dos investidores, diante do choque de tensão com o protecionismo tarifário de Trump, embora venha crescendo a expectativa de uma política gradual.
… Ontem, além da esperança de que o presidente eleito possa pegar mais leve, também a desaceleração inesperada do PPI em dezembro (abaixo) ajudou as taxas de curto prazo dos Treasuries a pausarem a escalada recente.
… Mas a cautela se renova hoje, pela importância redobrada que o CPI ganha no contexto de pressões inflacionárias. Analistas estimam que os preços ao consumidor repitam o ritmo de novembro, com alta de 0,3% em dezembro.
… No comparativo anual, devem acelerar de 2,7% para 2,9%. O núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve subir 0,20%, menos que em novembro (0,3%). Na base anualizada, +3,30% (igual ao mês anterior).
… Em paralelo ao CPI, o investidor também dedicará atenção à safra dos resultados corporativos, que já começa com quatro gigantes do setor financeiro: JPMorgan, Goldman Sachs, Citi e Wells Fargo, todos antes da abertura.
… Ainda na agenda dos EUA, saem o Livro Bege (16h) e o Empire State, de atividade industrial em NY/jan (10h30). Quatro Fed boys falam: Tom Barkin (10h/11h20), Neel Kashkari (12h), John Williams (13h) e Austan Goolsbee (14h).
… Além de estar de olho no cessar-fogo em Gaza, o petróleo acompanha os relatórios mensais da AIE (6h) e Opep (sem horário confirmado), além dos estoques do DoE (11h30), que têm previsão de queda de 1,1 milhão de barris.
AQUI – Após dois meses consecutivos de expansão (1,1% em outubro e 1,0% em setembro), o volume de serviços prestados em novembro deve cair 0,5%. No Broadcast, as estimativas variam de queda de 1,6% a avanço de 0,9%.
… Nos últimos dias, os dados de novembro da produção industrial (-0,6%) e das vendas no varejo (-0,4%) já indicaram que a atividade econômica começa a desaquecer, como potencial reflexo da Selic que roda alta.
… No campo fiscal, o mercado projeta déficit primário de R$ 6,50 bi (mediana) para o Governo Central/novembro, após saldo positivo de R$ 40,811 bi em outubro. As projeções, todas de déficit, vão de R$ 30,4 bi a R$ 4,50 bi.
… Em relatório, o Itaú disse ontem que o arcabouço perdeu credibilidade como âncora para a evolução das contas públicas e, mesmo se cumprido estritamente, não é capaz de gerar trajetórias fiscais sustentáveis no médio prazo.
… A não ser que, pontuou o banco, haja uma alta ainda mais significativa das receitas.
… Segundo o documento, assinado por Thales Guimarães e Pedro Schneider, até agora, o governo só tem atuado para diminuir os riscos de cenários extremos de descumprimento do limite de despesas do arcabouço até 2026.
… Na avaliação dos analistas do Itaú, uma melhora sustentada das condições financeiras domésticas apenas seria possível caso se concretizasse uma perspectiva de trajetória mais equilibrada da dívida à frente.
… “Uma iniciativa viável nessa direção seria reduzir no ano o limite superior do crescimento real anual das despesas primárias, de 2,5% para 1,5%, e anunciar medidas complementares que deem consistência ao anúncio.”
MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. Lula se reúne pela manhã (9h30) com ministro para tratar dos vetos que devem ser feitos ao projeto que regulamenta a reforma tributária.
APROVEITOU A DEIXA – Antes que, eventualmente, o CPI nos EUA e o radicalismo de Trump possam reverter a trégua nos mercados, o dólar não perdeu a chance de furar R$ 6,05 e, de carona no alívio, o DI queimou prêmio.
… O PPI abaixo do esperado, que reacendeu a esperança de o Fed cortar os juros pelo menos uma vez este ano, e a sinalização na imprensa de que o tarifaço de Trump será gradual atuaram em dobradinha ontem para o otimismo.
… O real foi beneficiado ainda pela nova alta do minério de ferro na China, diante dos novos empréstimos acima do esperado no país em dezembro. A força do metal ajudou a fortalecer as divisas de países produtores da commodity.
… O dólar à vista fechou em baixa de 0,85%, a R$ 6,0464, próximo da mínima intraday, quando bateu R$ 6,0410.
… Sem desperdiçar a onda positiva no câmbio, os juros futuros continuaram devolvendo pressão e, na reta final, testaram mínimas, antecipando que a pesquisa de serviços do IBGE em novembro confirmará a perda de dinamismo.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 caiu a 14,865%, piso do dia, contra 14,955% no fechamento anterior; Jan/27, a 15,140% (15,315%); Jan/29, 15,060% (15,340%); Jan/31, 14,950% (15,240%); e Jan/33, 14,820% (15,100%).
… O desafio da curva é conseguir se consolidar abaixo do patamar de 15%. Mas, para isso acontecer, a percepção de risco fiscal vai ter que se acomodar e, no exterior, o mercado terá que contar com a sorte de um Trump mais light.
ENGESSADO – Faz dias que o Ibovespa anda preso, oscilando em faixas estreitas, no comportamento travado pelas incertezas fiscais domésticas e o suspense pelo que Trump pode aprontar em relação à sua política de tarifas.
… Levantando preocupações sobre o cenário macroeconômico, o Itaú BBA reduziu a estimativa para o preço-alvo do índice à vista da bolsa no fim deste ano de 165 mil pontos para 145 mil pontos, ainda bem acima do patamar atual.
… Ontem, o Ibovespa fechou em 119.298,67 pontos, com alta de 0,25% e giro de R$ 19,2 bilhões.
… A segunda valorização seguida do índice ocorreu na esteira de um alívio nos ativos domésticos, após um PPI abaixo do esperado nos EUA e notícia de que Trump deve subir as tarifas de importação de forma gradual.
… Bem descontada, Vale subiu 0,66% (R$ 51,85), sem a mesma intensidade do minério de ferro em Dalian (+2,2%).
… Bradesco avançou forte (ON, +2,13%, a R$ 10,55; e PN ,+1,87%, a R$ 11,43), após levantar US$ 750 milhões em títulos de 5 anos no exterior, com retorno de 6,7%, abaixo dos 7% esperados, por causa da forte demanda.
… Banco do Brasil ganhou 1,82%, a R$ 24,65; Santander, +0,92% (R$ 24,10); e Itaú estável (+0,06%), em R$ 30,88.
… Petrobras fechou mista: ON em alta de 0,42% (R$ 41,12) e PN com queda de 0,67% (R$ 36,82), em dia de baixa de 1,34% do Brent/mar, a US$ 79,92 o barril, com perspectiva de um cessar-fogo em Gaza.
… O Goldman Sachs reiterou a recomendação de compra para as ações da Petrobras, dizendo que os elevados preços do petróleo compensam margens de refino menores em um ambiente de preços domésticos estáveis.
… Já o BTG disse esperar elevação de um dígito nos preços de gasolina e diesel pela petroleira, se o Brent e o câmbio continuarem nos níveis atuais.
… Petz teve a maior valorização do dia, com +4,88% (R$ 4,30), beneficiada pela expectativa em torno da fusão com a Cobasi, após notícia de que o Cade deve dar o aval para a combinação de negócios ainda neste trimestre.
… Marcopolo (+4,12%; R$ 7,59) e Iguatemi (+3,60%; R$ 17,25) completaram a trinca de maiores altas. Já as piores perdas do pregão foram de Eneva (-2,80%; R$ 10,75), CSN (-2,47%; R$ 7,49) e Marfrig (-2,31%; R$ 16,51).
PÉ ATRÁS – Houve certo alívio nas bolsas de NY após a divulgação do PPI nos EUA abaixo do esperado. Mas o indicador não motivou grandes apostas dos investidores, que preferiram ver o CPI hoje.
… Os índices de ações em Wall Street fecharam com variação tímida. Com big techs novamente sob pressão, o Nasdaq caiu 0,23%, a 19.044,39 pontos. S&P 500 subiu 0,11% (5.842,91) e o Dow Jones avançou 0,52% (42.518,28).
… Em clima de esperar para ver o CPI, os rendimentos dos Treasuries permaneceram em níveis elevados, com o rendimento da note de 10 anos estável em 4,784%, próximo da máxima de 14 meses alcançada na 2ªF.
… O juro do T-bond de 30 anos voltou a tocar os 5% e fechou em 4,970%, de 4,952% na sessão anterior. Afetado pelo PPI, o da T-Note de 2 anos caiu a 4,362% (de 4,385%).
… Puxado pela queda em alimentos, o PPI desacelerou a 0,2% em dezembro, de 0,4% em novembro, abaixo do 0,3% esperado. Na comparação anual, subiu 3,3%, mais que os 3% de novembro, mas menos do que a previsão de 3,4%.
… O núcleo ficou estável no mês, inferior à estimativa de +0,2%. No ano, subiu 3,5%, aquém da projeção de 3,8%.
… Vários dos componentes do PPI que alimentam a medida de inflação preferida do Fed — o PCE — foram mistos em dezembro.
… “Isso significa que o Fed e os mercados não se beneficiarão de componentes do PPI no PCE, como foi o caso em novembro”, disse Krishna Guha (Evercore) para a BBG. “Isso deixa o mercado mais exposto ao CPI”.
… No câmbio, o dólar teve um recuo importante, depois que reportagem da BBG informou que o governo Trump estuda aumentar tarifas de importação de forma gradual, o que evitaria um pico de inflação.
… Jeff Schmid, presidente do Fed de Kansas City, disse que o impacto das políticas de Trump é uma “conversa ativa” no Fed, e que o BC americano vai responder a isso se as metas de inflação ou emprego forem desviadas do curso.
… O índice DXY caiu 0,62%, a 109,273 pontos. O euro subiu 0,86%, a US$ 1,0307; a libra ganhou 0,24% (US$ 1,2206).
… Na contramão, o iene caiu 0,44%, a 157,97/US$. Na madrugada, a moeda chegou a subir depois de o vice do BoJ, Ryozo Himino, dizer que há possibilidade de o BC elevar o juro. A alta da divisa japonesa, contudo, não se sustentou.
EM TEMPO… GOL ampliará para três os voos semanais entre Salvador e Buenos Aires a partir de abril. O trecho será operado com as aeronaves Boeing 737, com capacidade para até 186 passageiros.
TENDA. Lançamentos alcançaram valor geral de vendas de R$ 1,6 bilhão no 4Tri24, alta anual de 39,8%. As vendas líquidas aumentaram 16,9% no período e os distratos subiram 10,2%.
MARCOPOLO. O Citi iniciou a cobertura da empresa com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10, o que representa um potencial de alta de 31,7% em relação ao fechamento de ontem…
… O banco considerou que a empresa opera com uma margem resiliente, após a racionalização da capacidade do setor, com fechamento de fábricas.
RANDON concluiu a aquisição da Dacomsa por R$ 2,2 bilhões.
IOCHPE-MAXION fará a 15ª emissão de debêntures simples no valor total de R$ 500 milhões. O prazo de vencimento será de cinco anos contados da data de emissão, vencendo no dia 5 de fevereiro de 2030.
B3 informou que o volume médio diário do mercado de ações cresceu 18,8% em dez/24, ante dez/23, para R$ 30,037 bilhões. Ante novembro, o resultado foi 13,6% maior.
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AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.