Indústria confirma desaceleração
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[05/02/25]
… Após uma semana fora do mercado, os chineses voltaram da Golden Week reagindo em queda no final da noite de ontem à guerra de tarifas entre Washington e Pequim. Mas investidores ainda acreditam em um acordo, como aconteceu com México e Canadá. No after hours em NY, Alphabet levou um tombo de 7%, enquanto Trump assustava dizendo que quer se apropriar de Gaza. Na agenda, se a pesquisa de emprego ADP indicar que o mercado de trabalho americano começa a perder força, pode abrir espaço para apostas em cortes do juro pelo Fed. Ainda hoje, saem índices de serviços nos EUA e zona do euro. Aqui, vêm os balanços de Santander, antes da abertura, e de Itaú, após o fechamento. Às 9h, a produção industrial de dezembro deve acelerar a queda para 1,2%, na mediana apurada pelo Broadcast, com crescimento de 2,9% em 2024.
… O resultado no ano ainda é positivo, com um crescimento disseminado pelas categorias, principalmente puxadas por bens de capital e bens duráveis, que estão ligadas ao acesso ao crédito. Mas agora deve ser registrada a terceira queda consecutiva da indústria.
… Essa perspectiva é consenso, corroborada por indicadores antecedentes do setor e queda difusa entre as atividades.
… “Vemos uma desaceleração da indústria e geral da atividade nesse último trimestre de 2024, como apontado pelas pesquisas setoriais do IBGE em novembro”, disse o economista João Carmo (MCM 4intelligence), que projeta queda de 1,5% em dezembro.
… Ele atribui a projeção ao recuo de 1,2% na margem no fluxo total de veículos em estradas pedagiadas, segundo a ABCR, e à retração de 1,1% na produção de papelão ondulado na base anual, de acordo com a Empapel.
… Já o economista da Terra Investimentos Homero Guizzo prevê queda ainda maior em dezembro para a produção industrial, de 2,2%, no piso das estimativas. A projeção, afirma, vai em linha com os dados apontados por indicadores coincidentes no mês.
… Os sinais de moderação da atividade econômica foram tratados como “incipientes” pela ata do Copom, divulgada nesta 3ªF, mas o BC teve o cuidado de observar que “não são conclusivos”, buscando corrigir uma leitura dovish do comunicado.
… Dessa forma, a ata respondeu às críticas de boa parte do mercado de que o comunicado deu peso maior do que o projetado para uma eventual desaceleração, que foi incluída como fator baixista da inflação no balanço de riscos.
… Já o segundo fator baixista que gerou confusão no comunicado, ao apontar “um cenário menos inflacionário a economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional”, foi descrito como possibilidade de não se concretizar o cenário-base atual.
… A ata também aumentou o tom com relação às expectativas de inflação, mencionando que se elevaram de forma significativa em todos os prazos e destacando que a desancoragem aumenta o custo de desinflação em termos de atividade.
… A frase da ata de dezembro, que admite a desancoragem das expectativas como um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê, foi repetida no texto de janeiro, com a observação de que deve ser combatida.
… Para o estrategista-chefe da Warren, Sérgio Goldenstein, deixou claro que o cenário de inflação ficou mais incerto para o Copom, o que referenda o modo data dependent e a decisão de deixar em aberto os passos posteriores a março e a magnitude total do ciclo.
… O mercado se deu por satisfeito com as explicações, reconheceu que o tom da ata foi mais hawkish e puxou os juros curtos (abaixo).
ALERTA FISCAL – Estudo assinado pelo ex-secretário de Orçamento Federal Paulo Bijos e por Dayson Almeida, consultores da Câmara, indica pressão adicional de R$ 22,8 bilhões nas despesas para o Orçamento deste ano.
… O valor resulta de um forte aumento nas despesas obrigatórias, que podem subir R$ 45,6 bilhões, e de uma eventual economia mais fraca em função do pacote fiscal desidratado aprovado pelo Congresso ao fim de 2024.
… Com uma maior pressão nas despesas, principalmente nas obrigatórias, o governo é forçado a ampliar o montante bloqueado bimestralmente. O Orçamento deste ano deve ser discutido pelos parlamentares só depois do carnaval.
TRIBUTAÇÃO DOS FUNDOS – Deputados se articulam para derrubar o veto de Lula na reforma tributária ao dispositivo que isentava os fundos de investimentos imobiliários e Fiagros (Cadeias Produtivas Agroindustriais).
… Bancadas que representam o setor industrial na Câmara rejeitaram as duas opções apresentadas por Haddad para resolver o impasse: 1) novo projeto de lei; ou 2) inserir modificação no texto que já tramita no Senado.
TRUMP CAUSANDO – Num arroubo geopolítico, o presidente americano afirmou ontem à noite que pretende assumir o controle da Faixa de Gaza “por um longo período de tempo”.
… Falando durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump sugeriu que está aberto a enviar tropas para a região, dizendo que “fará o que for necessário”.
… “Se pudermos resolver situação sem guerra, será ótimo”, disse ele, numa declaração também endereçada ao Irã. Acrescentou que vê a presença dos EUA na região como uma “posição de propriedade de longo prazo”.
… Ele repetiu a afirmação de que palestinos devem deixar a região “permanentemente”, mas evitou responder qual seria a alternativa para a população de Gaza.
… Netanyahu não chegou a endossar a proposta, que, se for adotada, representará uma nova e dramática intervenção dos EUA no Oriente Médio e derrubaria décadas de doutrina de política externa.
… Bibi descreveu a proposta de Trump como “uma ideia diferente” da sua, mas “que vale a pena prestar atenção”.
… Os índices futuros das bolsas de NY caíam moderadamente no fim da noite de ontem após a declaração de Trump.
MAIS AGENDA – O lucro do Itaú no 4Tri deve ficar em R$ 10,840 bilhões, alta de 15,3% em relação ao mesmo intervalo de 2023, segundo pesquisa Broadcast. Para o Santander, é esperado lucro 68,2% maior, para R$ 3,709 bi.
… Às 14h30, o BC divulga o fluxo cambial semanal. Lula concede entrevista às 7h30 a rádios mineiras e, às 10h, tem reunião com os bancos públicos. Esther Dweck será entrevistada às 8h30 no programa Bom Dia, Ministra.
LÁ FORA – Às vésperas do payroll e com NY reanimando as apostas de dois cortes de juros este ano, a pesquisa ADP (10h15) deve apontar a criação de 153 mil vagas de empregos no setor privado, contra 122 mil em dezembro.
… Também os discursos dos Fed boys continuam no radar para projetar o ciclo monetário. Hoje falam Thomas Barkin (10h), Austan Goolsbee (16h30), Michelle Bowman (17h) e Philip Jefferson (21h30), que defende pausa no juro.
… Em palestra, ele disse que não há pressa em mudar a posição de política monetária e que o BC deve continuar cauteloso sobre novos ajustes nas taxas de juros, uma vez que a economia e o mercado de trabalho seguem fortes.
… Além da pesquisa ADP, o dia nos EUA reserva a leitura de janeiro do PMI/S&P Global composto (11h45), a balança comercial de dezembro (10h30) e os estoques de petróleo do DoE (12h30), com previsão de +1,3 milhão de barris.
… O PMI/S&P Global composto também será divulgado na zona do euro (6h), Alemanha (5h55) e Reino Unido (6h30).
… Antes da abertura dos mercados, Walt Disney divulga balanço. Após o fechamento, saem Qualcomm e Ford.
AFTER HOURS – Alphabet levou um tombo de 7,5%, frustrada pelas receitas consolidadas no 4Tri, que registraram aumento anualizado de 11,7%, para US$ 96,47 bilhões, mas vieram abaixo da estimativa de US$ 96,7 bilhões.
… Já o lucro por ação, de US$ 2,15, ficou levemente acima da estimativa de consenso, de US$ 2,13.
… Outra decepção no after market veio das ações da AMD, que despencaram quase 9%. O lucro líquido de US$ 482 milhões no último trimestre do ano passado registrou queda de 28% contra o mesmo intervalo de 2023.
CHINA HOJE – A atividade do setor serviços do país continuou a crescer em janeiro, mas em ritmo menor do que em dezembro. O PMI/S&P Global caiu a 51,0, de 52,2 no mês anterior. A previsão era de queda a 52.
… O PMI composto, que inclui serviços e indústria, diminuiu de 51,4 em dezembro para 51,1 em janeiro. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.
SEM ESCALAS – O dólar já não sabe o que é subir há 12 pregões, na maior sequência de quedas desde o lançamento do real, em julho de 1994. Somente neste ano, a moeda norte-americana já derreteu 6,6%.
… Atropelando uma correção, ontem foi a vez de furar o suporte psicológico de R$ 5,80, para terminar o dia em baixa firme de 0,75%, cotada a R$ 5,7724. Contou com o alívio externo do índice DXY, abaixo dos 108 pontos.
… A trégua de um mês nas tarifas ao Canadá e México e o aceno de Trump em conversar com a China ajudam na onda de desvalorização do dólar em escala global, desarmando parte da tensão com uma guerra comercial.
… Além do recuo estratégico do presidente americano, a escalada do real tem nome e sobrenome: Selic alta.
… Apesar de os fundamentos domésticos não serem dos melhores, o Brasil desponta como opção interessante entre os mercados emergentes em termos de rentabilidade para o capital estrangeiro de curto prazo.
… Ao Broadcast, o economista Fábio Astrauskas (CEO da Siegen) resume a surpresa de vários profissionais com a queda rápida do dólar neste início de ano. “Esperava-se um capítulo mais sangrento com relação ao câmbio.”
… A leitura mais hawkish da ata do Copom, que sugere Selic acima de 15% no fim do ciclo e um carry trade ainda mais favorável nos próximos meses, entrou na conta ontem do real, que não quebra por nada o jejum de baixa.
… Entre os grandes bancos, o Bradesco está com Selic terminal de 15,25%; o Santander, de 15,50%; e o Itaú, de 15,75%, depois de a ata ter dado ênfase maior à desancoragem das expectativas de inflação e ao cenário fiscal.
… Na mediana de pesquisa Broadcast, a aposta é de alta de meio ponto do juro na reunião de maio (sem guidance do Copom), para 14,75%. Ainda de acordo com o levantamento, a Selic deve encerrar o ano em 15%.
… A interpretação entre os traders de que a ata procurou incorporar um tom mais conservador levou a ponta curta do DI a ignorar o alívio do dólar para se ajustar em alta moderada à comunicação assumida pelo BC.
… O Copom repetiu que o ciclo da Selic será ditado pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Disse ainda que o mercado de trabalho robusto, fiscal expansionista e o vigor no crédito apoiam o consumo.
… A ata destacou preocupação com os preços dos alimentos e seu potencial de disseminação e reconheceu que as projeções no cenário de referência indicam o estouro da meta contínua do IPCA no curto prazo, em junho.
… O C6 Bank revisou ontem em alta, de 5,7% para 5,9%, a previsão para a inflação deste ano, diante da perspectiva de cotações de commodities elevadas, alta nos preços de atacados, além das passagens aéreas e diesel mais caros.
… O miolo e a ponta longa da curva chegaram a cair pela manhã, acompanhando o alívio no câmbio, mas viraram de tarde, com o detalhamento do PAF de 2025, que prevê um estoque da dívida entre R$ 8,1 tri e R$ 8,5 tri neste ano.
… Questionado sobre o aumento do peso das LFTs na dívida e seu eventual impacto na condução da política monetária, o subsecretário da Dívida Pública, Daniel Leal, comentou que tem escutado especulações sobre o tema.
… Mas disse que não sabe se existe algum estudo sobre qual nível de LFTs na dívida atrapalharia a política monetária. “Em conversas com o Banco Central, eles não cravam, não comentam isso.”
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,920% (de 14,865% na sessão anterior); Jan/27, 14,880% (de 14,825%); Jan/29, 14,470% (de 14,445%); Jan/31, 14,410% (de 14,390%); e Jan/33, 14,340% (de 14,350%).
NÃO VEM PARA FICAR? – Assustado com a fuga de mais de R$ 30 bilhões em capital estrangeiro da B3 no acumulado do ano passado, o Brasil observa com mais conforto a entrada de R$ 6,824 bilhões em janeiro.
… A má notícia é que o fluxo positivo pode ser pontual, resultado de operações específicas (venda da fatia da Cosan na Vale). No Broadcast, especialistas dizem que a volta decisiva do k externo deve ficar só para o 2º semestre.
… A escalada da Selic tem sido um importante cartão de visita para os gringos, mas as incertezas fiscais domésticas e a instabilidade em relação às políticas protecionistas dos EUA ainda não dão segurança para apetite maior na B3.
… Apesar de Trump vir amolecendo o coração, no jogo que faz parte da negociação para obter acordos mais vantajosos, o Ibovespa operou descolado ontem da melhora de humor observada em NY e no câmbio doméstico.
… O índice fechou em baixa de 0,65%, aos 125.147,42 pontos, com volume financeiro de R$ 19,8 bilhões.
… Petrobras repercutiu negativamente o relatório de produção do 4Tri, operando na contramão do petróleo. A ação ON perdeu 1,26% (R$ 40,62) e a PN, -0,99% (R$ 37,13).
… Na ICE, o Brent/abr subiu 0,32%, a US$ 76,20 por barril. Foi sustentado pela ameaça de Trump de elevar a pressão política sobre o Irã.
… Vale caiu 0,35%, a R$ 54,02, com investidores cautelosos antes da volta dos chineses do feriado da Golden Week.
… Na véspera de seus respectivos balanços, Itaú subiu 0,36% (R$ 33,60) e Santander perdeu 1,28% (R$ 25,50). BB ganhou 0,58% (R$ 27,77). Bradesco, que informa resultado na 6ªF, caiu 0,45% (ON, R$ 10,95) e 0,17% (PN, R$ 12,03).
… Braskem subiu 3,89% (R$ 13,62), depois de relatório da Fitch dizer que o aumento da provisão referente ao caso do afundamento do solo em Alagoas não compromete as métricas de crédito da empresa.
… Natura ganhou 2,83% (R$ 13,08) e, Sabesp, +1,46% (R$ 97,59). Os destaques negativos do pregão foram Automob (-6,25%; R$ 0,30), Suzano (-4,05%; R$ 59,92) e Azul (-3,92%; R$ 4,17).
PAUSA PARA RESPIRAR – A suspensão por 30 dias nas tarifas contra México e Canadá abriu espaço para alta moderada nas bolsas em NY, mas o mercado segue atento a novos movimentos na guerra comercial.
… Trump não conversou ontem com Xi Jinping, sua contraparte chinesa, que anunciou tarifas sobre 80 produtos dos EUA e ainda abriu investigação contra o Google.
… Carvão e gás liquefeito dos EUA serão taxados em 15%, enquanto petróleo, máquinas agrícolas e veículos de grande potência terão tarifas de 10%.
… A Fitch alertou que o impacto inflacionário das tarifas contra o México e o Canadá, se efetivadas após a pausa de um mês, e uma possível escalada nas restrições contra a China, podem retardar ainda mais os cortes de juros do Fed.
… Pregando cautela, Mary Daly (Fed/San Francisco) defendeu que é preciso esperar para ver os efeitos reais das tarifas sobre a economia e que BC dos EUA pode ser paciente, já que a política monetária está “em boa posição”.
… Mas indicadores mais fracos que o esperado divulgados no dia aumentaram a aposta para corte de juros no ano pelo Fed e derrubaram os rendimentos dos Treasuries.
… O relatório Jolts mostrou que o número de vagas que estavam abertas nos EUA em dezembro caiu para 7,6 milhões, de 8,156 milhões em novembro. Bem abaixo do 8,02 milhões esperados.
… Em outro dado, as encomendas à indústria tiveram queda de 0,9% em dezembro ante novembro, contra expectativa de -0,8%.
… Depois dos dados, a ferramenta do FedWatch, do CME Group, passou a mostrar ligeiro aumento, de 30,8% para 32%, nas apostas de corte de 50pb pelo Fed este ano, que passaram a ser majoritárias.
… Após duas sessões em queda, o Dow Jones subiu 0,30%, a 44.556,04 pontos. O S&P 500 ganhou 0,72% (6.037,88).
… Destaque do dia, o Nasdaq avançou 1,35% (19.654,02) influenciado pelo salto de 24% da Palantir Technologies, que puxou outras techs.
… A Palantir previu receita e lucro no ano acima das estimativas dos analistas, com o CEO Alex Karp antecipando “crescimento orgânico indomado” na demanda por seu software de IA. Em 2024, as ações saltaram 340%.
… No campo negativo, as ações da Pepsico baixaram 4,51%, com os investidores decepcionados com as receitas reportadas pela companhia no 4Tri, apesar do crescimento do lucro no período.
… No mercado de títulos, o juro da note de 2 anos recuou a 4,214%, de 4,257% na sessão anterior. O da note de 10 anos cedeu a 4,513% (de 4,559%) e do T-Bond de 30 anos caiu a 4,747% (de 4,795%).
… No câmbio, em forte queda (-0,89%) após a pausa nas tarifas, o índice DXY perdeu os 108 pontos (107,96).
… O euro se recuperou da forte queda da véspera, com avanço de 0,83%, a US$ 1,0385. A libra subiu 0,64%, a US$ 1,2485, e o iene, +0,32%, a 154,319/US$.
EM TEMPO… PETROBRAS terá novo contrato com a Bharat Petroleum, da Índia, para venda de 24 milhões de barris de petróleo bruto, segundo o diretor de logística e comercialização, Claudio Schlosser…
… A companhia já tem contrato de fornecimento com a Indian Oil Corporation (IOC), assinado ainda em setembro de 2022 para envio de até 12 milhões de barris de petróleo.
PRIO. Produção total de petróleo atinge 114.454 boepd em janeiro, ante 106.270 boepd em dezembro, alta de 7,7% na comparação mensal, segundo dados operacionais.
IGUATEMI. Conselho de Administração aprovou novo programa de recompra de até 7,51milhões de ações ON ou units da companhia…
… A empresa estima o valor do programa, que vigora até 31 de julho de 2026, em aproximadamente R$ 140,2 mi.
AMERICANAS. A Justiça do RJ reconheceu como “legítima” a pretensão de um dos sócios minoritários da Americanas de processar a PwC e a KPMG, auditoras da varejista, segundo Lauro Jardim/O Globo…
… O colegiado deu aval para que avance a ação movida pelo acionista, sob a alegação de que responsáveis por fiscalizar as finanças da Americanas teriam sido negligentes ao não identificar a fraude que veio à tona há dois anos.
DASA. Conselho aprovou um aditamento para alterar o valor da dívida líquida da Ímpar Serviços Hospitalares de R$ 3,85 bilhões para R$ 3,5 bilhões, no fechamento da combinação de negócios entre Dasa e Amil…
… O objetivo é tornar a Ímpar com participações iguais de 50% do capital votante entre Amil e Dasa, e controle compartilhado.
ELETROBRAS entregou o 1º grupo de novos bancos de capacitores das linhas de 765 kV Foz do Iguaçu-Ivaiporã e Ivaiporã-Itaberá, que transmitem a energia gerada pela Usina de Itaipu aos principais centros de consumo do país…
… Os equipamentos foram instalados nas subestações Ivaiporã (PR) e Itaberá (SP), num investimento de R$ 370 milhões. A empresa terá direito a uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 65 milhões.
ENGIE. Fitch afirmou os IDRs de longo prazo em moeda estrangeira e em moeda local em BB+ e BBB-, respectivamente…
… Agência também afirmou o rating nacional de longo prazo da empresa e suas emissões de debêntures seniores sem garantia em AAA(bra). Perspectiva dos IDRs é estável.
WEG comprou a parcela remanescente de ações da V2COM, empresa especializada em IoT (Internet of Things). Em 2019, a empresa tinha adquirido uma participação de 51%.
CAIXA SEGURIDADE reiterou em fato relevante que a Caixa está realizando os trabalhos preparatórios para uma eventual oferta pública secundária subsequente de ações ON da companhia, sem alteração no controle.
AGRONEGÓCIO. Bancada do agro reage e quer derrubar decreto do governo que dá poder de polícia à Funai em terras indígenas e em áreas de restrição…
… Deputados alegam que, com a medida, a Funai terá a prerrogativa para atuar e aplicar sanções em áreas com processos de demarcação ainda em fase de análise.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
O tira-teima da ata
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[04/02/25]
… Os mercados estavam fechados quando Trump confirmou uma pausa de 30 dias na adoção de tarifas para o Canadá, como já havia feito mais cedo com o México. A expectativa agora é para um acordo com a China, após a ameaça do presidente americano de elevar “substancialmente” as tarifas a Pequim, se não houver entendimento. Trump quer conversar com Xi Jinping nas próximas horas. O caso da China, que promete retaliar, pode ser mais difícil. Também a UE avisou que responderá “de maneira decisiva” se for alvo das tarifas de Trump. O risco de uma escalada da guerra comercial não está descartado e deve continuar a orientar os mercados de câmbio. Na agenda, destaque para o relatório Jolts e o balanço da Alphabet nos EUA e aqui, para a ata do Copom, daqui a pouco (8h).
… A maior expectativa é para mais detalhes sobre o balanço de riscos, após o comunicado ter colocado a desaceleração da atividade como fator baixista para a inflação. Esse foi um dos pontos mais citados por quem considerou a mensagem dovish.
… O Copom manteve o balanço de riscos com assimetria altista, mas alterou os dois riscos de baixa para a inflação.
… No comunicado de dezembro, pontuou uma desaceleração da atividade global maior que a esperada e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes que o esperado.
… Já no comunicado de janeiro, introduziu uma eventual desaceleração da atividade mais acentuada que a projetada e um cenário menos inflacionário para as economias emergentes, como reflexo de choques sobre o comércio internacional.
… Os economistas do mercado também esperam mais considerações do BC sobre a trajetória de elevação da taxa Selic, se há limites para combater a desancoragem das expectativas por meio dos juros e se há preocupações adicionais do Comitê.
… “O mercado quer ver se o Copom segue preocupado em combater a aceleração na inflação e a desancoragem das expectativas ou se há novos pontos de preocupação que justificariam um BC menos duro daqui para frente”, disse Danilo Passos (WHG) ao Broadcast.
… O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal, também espera mais detalhes sobre os novos pontos de atenção do BC, em especial, sobre o impacto que o nível elevado de juros pode ter sobre a atividade econômica.
… Já para Alvaro Frasson (BTG) seria importante o Banco Central corrigir na ata o pouco destaque que o comunicado deu à deterioração das expectativas de inflação, que continuaram piorando na pesquisa Focus desta 2ªF (leia abaixo).
… Após o Copom de janeiro, a ampla maioria do mercado espera mais uma elevação da Selic na reunião de março, com alta de 1,00 ponto porcentual, para 14,25%, em linha com o guidance do BC. Este é o cenário base de todas as 49 casas consultadas pela AE.
… A mediana indica a taxa a 14,75% na reunião de maio, encontro que permanece sem indicações futuras da autoridade monetária, e a estimativa intermediária para junho subiu de 15% para 15,25%, mesma estimativa para a reunião de julho.
… A estimativa intermediária para o juro básico ao final de 2025 manteve-se em 15% e as projeções variam de 12,25% a 16,25%.
… Já a mediana para o 3Tri/2026, atual horizonte relevante da política monetária, subiu para 13,13%, entre 10,75% e 15,25%.
PETROBRAS – Os ADRs da estatal exibiram leve alta de 0,20% após o fechamento, apesar de o relatório do 4Tri ter apontado nova queda relevante, de 10,5%, na produção de óleo e gás na comparação com um ano antes.
… O volume médio produzido foi de 2,628 milhões de barris diários (boed) de óleo equivalente.
… Na comparação com o 3Tri, a queda foi de 2,1%, devido ao maior número de paradas de manutenção, que foram compensadas apenas em parte pela entrada em operação de novos navios-plataforma no pré-sal.
… Apesar dos números frustrantes, a piora nas receitas da Petrobras, a ser divulgada dentro do balanço trimestral no fim do mês (dia 26), será atenuada pela melhora na venda de derivados, especialmente gasolina.
… O volume total de vendas de derivados no mercado interno registrou alta anualizada de 1,4% no 4Tri, para 1,758 milhões de barris por dia (Mbpd), com crescimento de 6,1% na gasolina, para 432 mil bpd.
… Embora o relatório da noite de ontem não tenha empolgado, a Petrobras atingiu dois recordes em 2024.
… A produção total operada no pré-sal atingiu 3,23 milhões de boed, superando a marca de 3,15 milhões de boed de 2023. Além disso, a produção própria no pré-sal também foi recorde: 2,19 milhões de boed.
… Outro assunto que está no radar do investidor em relação à Petrobras é a indicação de Lula, feita ontem a Alcolumbre, de que o governo deve destravar em breve estudos sobre exploração na Margem Equatorial.
… A notícia, ainda não oficial, foi antecipada por Lauro Jardim/O Globo.
… O Amapá, Estado de Alcolumbre, é um dos principais beneficiados com a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Rio Amazonas. O senador já declarou em diversas oportunidades o desejo de ver avançar o projeto.
MAIS AGENDA – O dia começa com o IPC-Fipe (5h), que deve desacelerar para 0,28% em janeiro, contra 0,34% em dezembro, segundo a mediana de pesquisa Broadcast. Sem horário, saem os dados de janeiro da Fenabrave.
… À tarde (15h30), o Tesouro publica o Relatório da Dívida de 2024 e o Plano Anual de Financiamento de 2025.
LÁ FORA – Na preparação para o payroll, na 6ªF, o relatório Jolts de vagas abertas nos EUA em dezembro (12h) deve mostrar um recuo discreto, a 8,02 milhões de postos, contra 8,09 milhões em novembro.
… As encomendas à indústria (12h) devem reduzir o ritmo de queda à metade, para 0,2% em dezembro, de 0,4% em novembro. Três Fed boys falam: Raphael Bostic (13h), Mary Daly (16h30) e Philip Jefferson (21h30).
… Após o fechamento, Austan Goolsbee disse que as políticas de Trump podem desacelerar os cortes de juros.
… “Agora temos de ser um pouco mais cuidadosos e prudentes com relação à velocidade com que as taxas do Fed podem cair, porque há riscos de que a inflação comece a subir novamente”, alertou em programa de rádio.
ARRIBA! – Sem parada para tomar fôlego, o real completou ontem onze pregões consecutivos em alta, na sequência de valorização mais longa em 20 anos, diante da tática de negociação de Trump de dar mais tempo ao México.
… Poupado até agora do protecionismo de Washington, o Brasil surge como opção para quem foge da instabilidade do peso mexicano e ainda tem tido a oportunidade de ampliar vendas à China, que já é nosso maior parceiro.
… Mais do que tudo isso, o alívio do dólar por aqui tem respondido ao fluxo positivo de capital estrangeiro, tanto em direção a ativos considerados baratos na bolsa doméstica, como atraído pelas taxas elevadas da renda fixa.
… Desde que o ano começou, a moeda americana já caiu quase 6%, consolidando-se abaixo dos R$ 6.
… Num primeiro momento, os ruídos de Trump sobre a imposição das tarifas pelos EUA sobre importações do Canadá, México e China levaram pressão ao dólar, até R$ 5,9053 na máxima intraday, antes de a poeira baixar.
… A pausa de 30 dias acertada com o governo mexicano aliviou e a moeda americana fechou a R$ 5,8160 (-0,35%).
… Juntou o dólar mais barato com a queda das taxas dos Treasuries e o caminho ficou livre para a curva do DI queimar prêmio de risco, especialmente no miolo e na ponta longa. A curta caiu menos, inibida pelo boletim Focus.
… Em nova rodada de piora nas expectativas de inflação, a mediana para o IPCA 12 meses à frente subiu de 5,64% para 5,74%. Esta medida ganhou importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta contínua.
… Ainda no levantamento, as apostas para o IPCA deste ano tiveram alta marginal (5,50% para 5,51%), mas seguem firmes e fortes acima do teto da meta, de 4,50%. A estimativa para o IPCA/26 passou de 4,22% para 4,28%.
… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 caía para 14,865% (de 14,940% no pregão anterior); Jan/27 recuava a 14,825% (de 15,035%); Jan/29, a 14,445% (de 14,775%); Jan/31, a 14,390% (14,720%); e Jan/33, 14,350% (14,670%).
… Nesta 2ªF, ainda o tom conciliatório das declarações do presidente Lula após reunião com os novos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, ajudou a melhorar a percepção de risco doméstica.
… Lula disse que não mandará nenhum projeto às duas Casas sem anuência dos líderes e da cúpula do Congresso, e assegurou uma relação política harmônica entre os Poderes, enquanto Alcolumbre mandava recado ao STF.
… “A recente controvérsia sobre emendas parlamentares ao Orçamento ilustra a necessidade de respeito mútuo e diálogo contínuo. É indispensável garantir que este Parlamento não seja cerceado em sua função de legislar.”
A COR DO DINHEIRO – Sai hoje o informe da B3 sobre o fluxo de capital estrangeiro em janeiro, que já beira R$ 7 bilhões, marcando uma reviravolta em relação ao ano passado, lembrado pela falta de apetite do k externo.
… Em boa parte, o retorno do interesse neste início de 2025 se deve à movimentação desencadeada pela Cosan com a venda da fatia na Vale. Mas, além disso, a maior simpatia dos gringos pelo Brasil reflete o carry trade.
… Apesar da instabilidade fiscal doméstica, a melhor perspectiva de rentabilidade com a Selic alta tem feito a diferença e pode melhorar ainda mais se Trump aliviar a sua retórica protecionista e facilitar a vida do Fed.
… Ontem, diante da pausa de um mês na imposição das tarifas pelos EUA, o Ibovespa operou flat, em leve queda de 0,13%, aos 125.970,46 pontos e com volume financeiro de R$ 19,5 bilhões.
… Petrobras contrariou a alta do petróleo, com a ação ON em queda de 1,22% (R$ 41,14) e a PN, -0,50% (R$ 37,50). Os papéis podem ter operado em stand-by antes do relatório de produção e vendas, divulgado após o fechamento.
… Na ICE, o Brent/abril subiu 0,38%, a US$ 75,96 por barril, longe da máxima do dia (+3%) depois que a aplicação de tarifas dos EUA sobre o México foi adiada.
… Ontem, a Opep+ decidiu manter a política de aumentar gradualmente a produção a partir de abril.
… Vale inverteu o sinal e zerou as perdas (+0,07%; R$ 54,21), após queda de quase 1% no início da tarde.
… Para analistas ouvidos pelo Broadcast, não há risco direto de a política comercial dos EUA afetar a mineradora, já que a pressão tarifária de Trump pesa mais contra o aço.
… Nos bancos, a contagem regressiva pelos balanços já garante uma dose extra de volatilidade. Ontem, o setor fechou no vermelho. Itaú caiu 0,92%, a R$ 33,48, e Santander, -0,50% (R$ 25,83). Ambos soltam resultados amanhã.
… Bradesco PN registrou -0,17% (R$ 12,07) e Bradesco ON, -0,09% (R$ 11,01). O banco traz seus dados trimestrais na 6ªF. Banco do Brasil perdeu 0,25%, a R$ 27,61.
… A sessão foi favorável para algumas cíclicas por causa do alívio nos juros futuros. Automob liderou as altas, com +3,23% (R$ 0,32). Carrefour subiu 2,75% (R$ 6,36) e Hypera ganhou 2,57% (R$ 18,75).
… Na ponta oposta, Azul afundou 5,65%, a R$ 4,34; Braskem (-5,07%; R$ 13,11) e Marfrig (-4,97%; R$ 15,10).
PASSO ATRÁS – As bolsas em NY voltaram a cair em meio à escalada tarifária de Trump, mas fecharam longe das fortes perdas iniciais depois que o presidente dos EUA adiou a imposição de tarifas sobre o México por 30 dias.
… O Dow Jones caiu 0,27% (44.422,31 pontos); S&P 500 recuou 0,76% (5.994,65); e Nasdaq, -1,20% (19.391,96).
… Apesar da retórica incendiária de Trump, a pausa das tarifas sobre o México e Canadá reforçou a visão de alguns analistas de que está é uma ferramenta de negociação e que os investidores não deveriam reagir exageradamente.
… De forma geral, os profissionais não creem em tarifas duradouras.
… “Não acreditamos em tarifas permanentes sobre aliados dos EUA”, disse Thierry Wizman (Macquarie) à CNBC. “Fazer concessões é uma maneira mais fácil de lidar com Trump, que gosta de fazer acordos”, afirmou.
… Para Wizman, a pressão política e do mercado também deve pesar sobre as decisões do governo, como ocorreu em 2018.
… Seja como for, entre as grandes incertezas da guerra comercial, está a dúvida sobre como a economia dos EUA vai se comportar se esse cenário de materializar.
… Isso se refletiu nos Treasuries, com o juro curto em alta, enquanto os demais caíam.
… O da note de 2 anos subiu a 4,251% (de 4,207% na sessão anterior) e o da note de 10 anos caiu a 4,532% (de 4,536%). O do T-bond de 30 anos cedeu a 4,759% (de 4,788%).
… Para o JPMorgan, uma guerra comercial poderia adicionar 1pp, ou mais, à inflação americana. O Morgan Stanley calcula um aumento de 0,3 a 0,6pp, mais redução no PIB de 0,7 a 1,1 ponto percentual.
… Em relatório, a corretora Charles Schwab disse que, segundo o modelo do Fed, o núcleo de inflação pode ter uma alta adicional de 0,7pp.
… Susan Collins, do Fed/Boston, disse ontem que há risco inflacionário. “Tarifas de base ampla como as anunciadas não provocariam apenas aumento nos preços dos bens finais, mas também nos bens intermediários”, disse.
… Raphael Bostic, do Fed/Atlanta, revelou que empresas consultadas sobre eventuais impactos de tarifas têm afirmado que repassarão 100% dos custos para seus clientes.
… A cautela nos Treasuries longos se sobrepôs aos PMIs, que indicaram recuperação na indústria dos EUA.
… O indicador medido pelo ISM subiu de 49,2 em dezembro para 50,9 em janeiro, de uma expectativa de 49,5. O número da S&P Global avançou a 51,2, de 49,4, e previsão de 50. Foi a primeira expansão em sete meses.
… O dólar reduziu a alta após a trégua entre México e EUA. O índice DXY chegou a bater em 109,881 pontos, mas fechou em 108,99 pontos, ainda com ganho expressiva de 0,57%.
… Com a UE na mira de Trump, o euro caiu 0,81%, a US$ 1,0299, a despeito da aceleração do CPI de janeiro no bloco para 2,5% (preliminar), de 2,4% em dezembro.
… Já a libra ficou estável (-0,04%), a US$ 1,2405, em meio a negociações mais amigáveis entre EUA e Reino Unido. Visto como ativo de segurança, o iene subiu 0,25%, a 154,817/US$.
… O dólar canadense fechou estável (+0,08%), a 1,441/US$, enquanto o peso mexicano subiu 1,64%, a 20,339/US$.
EM TEMPO… PETROBRAS recebeu o pagamento contingente (earnout) de R$ 2,161 bilhões dos parceiros nos blocos de Sépia e Atapu. Também recebeu R$ 516 milhões da Karoon Petróleo & Gás referente à venda do campo de Baúna.
MOVIDA cancelou o registro de companhia aberta da Movida Locação. O cancelamento foi aprovado pela CVM.
RUMO. Citi rebaixou a ação de compra para neutro e reduziu o preço alvo de R$ 22,50 para R$ 19,50. Perspectiva para transporte de soja é positiva, mas para o transporte de milho “não é tão promissora”, diz o banco.
KLABIN recebeu primeira parcela, de R$ 800 milhões, prevista em acordo com a Timo. O aporte da segunda parcela de R$ 1,0 bilhão, sujeito a eventuais ajustes, segue previsto para o segundo trimestre.
COPEL. Mercado do segmento de distribuição cresceu 4,7% no 4Tri24 sobre o 4Tri23, para 9.226 GWh…
… O volume é composto pelo mercado cativo, pelo suprimento a concessionárias e permissionárias e pela totalidade dos consumidores livres…
… Segundo a empresa, o crescimento reflete, principalmente, o aumento da atividade econômica e o padrão de consumo mais elevado da base de clientes.
CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL aprovou a 2ª emissão de debêntures, no valor de R$ 300 milhões. O vencimento é em 5 de fevereiro de 2030.
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Escalada tarifária de Trump renova tensão
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[03/02/25]
… As tarifas de 25% impostas pelos EUA ao México e Canadá, e de 10% à China –oficializadas no sábado– afundavam os futuros das bolsas de NY e disparavam o petróleo no pregão asiático. Depois de um início de governo mais amigável, Trump está vindo com tudo. Já ameaçou taxar também os produtos importados da União Europeia, “em breve”. A crise ganha dimensão na semana de agenda movimentada, com a volta dos mercados chineses do feriado do Ano Novo Lunar (na 4ªF), o payroll de janeiro (6ªF) e os balanços de mais duas magníficas: Alphabet e Amazon. Aqui, Petrobras divulga hoje à noite o relatório de produção e vendas do 4Tri. A temporada de resultados começa com os grandes bancos: Santander e Itaú (4ªF) e Bradesco (6ªF). Além disso, a ata do Copom (amanhã) reserva bastante expectativa.
… O BC optou por não se comprometer com um novo guidance e deixou maio em aberto, ganhando liberdade para operar as incertezas da conjuntura externa e do cenário doméstico, com a inflação desancorada, o esfriamento da atividade e as desconfianças fiscais.
… Lá fora, a guerra comercial armada por Trump pede cautela e já leva a contra-ataques, potencializando os riscos.
… As tarifas ao Canadá, México e China entrarão em vigor a partir de amanhã (3ªF).
… O governo de Trudeau já revidou no próprio sábado, impondo também 25% sobre produtos americanos. De um total de US$ 155 bilhões, US$ 30 bilhões entrarão em vigor amanhã (3ªF) e US$ 125 bilhões em 21 dias.
… Em conversa com repórteres na noite deste domingo, Trump alertou que, se o Canadá retaliar, Washington pode colocar novas tarifas sobre o país. Ele vai conversar hoje de manhã com o primeiro-ministro canadense.
… Em entrevista à ABC News neste domingo, a embaixadora do Canadá nos EUA, Kirsten Hillman, disse que o governo ainda tem esperança de que as tarifas americanas contra o país não entrem em vigor amanhã.
… “Estamos prontos para continuar conversando com o governo Trump sobre isso”, declarou, assegurando que o governo canadense não está interessado em uma escalada na política protecionista contra os EUA.
… Segundo ela, os canadenses estão “perplexos e chocados” com as tarifas impostas pelos EUA.
… Trump também informou que vai se reunir hoje com o governo do México, que havia prometido para esta 2ªF as primeiras medidas contra as tarifas, enquanto a China anunciou que processará os EUA na OMC.
… A UE também não deve escapar das garras de Trump, que ameaça com “algo substancial em breve”. A Comissão Europeia promete dar o troco e responder “firmemente a tarifas injustas ou arbitrárias”.
… Trump ainda prometeu taxar chips e disse que as tarifas sobre o petróleo, gás, aço, alumínio e cobre deverão ser aplicadas até dia 18.
… Diante da artilharia de Trump, o Goldman Sachs enviou relatório para clientes neste domingo em que reconheceu que “o panorama é incerto”, mas avaliou que provavelmente as tarifas impostas serão temporárias.
… Reportagem da Reuters aponta para o risco de um novo abalo no humor do mercado hoje, diante dos riscos que as investidas de Trump representam para as pressões inflacionárias e menor crescimento econômico global.
… No câmbio, o dólar subia ante rivais, com o índice DXY em alta de 1,21%, acima de 109 pontos, e frente às moedas dos emergentes, com destaque para a desvalorização do dólar canadense e do peso mexicano, os primeiros atingidos pelas tarifas.
MAIS AGENDA – A troca de chumbo de Trump eleva as incertezas sobre os próximos passos do Copom, que já contratou nova alta de 1pp da Selic em março, mas ainda tem bastante tempo para decidir o que fazer até maio.
… Parte do mercado passou a especular com a chance de o ciclo de aperto terminar ainda neste primeiro semestre, porque o BC citou a desaceleração da atividade e não se comprometeu com novo guidance, apesar da inflação alta.
… O investidor vai tentar ler na ata se o BC foi mesmo dovish no comunicado ou só mais cuidadoso nas palavras. Além disso, o mercado ficará de olho em Galípolo, que deve palestrar na 5ªF em evento do BIS na Cidade do México.
… No calendário dos indicadores domésticos, destaque para a produção industrial de dezembro (4ªF), neste momento em que uma série de dados já aponta para uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia.
… Do lado da inflação, saem os resultados fechados de janeiro do IGP-DI (6ªF), IPC-Fipe (3ªF) e IPC-S, hoje (8h), quando deve aliviar para 0,06% (mediana de pesquisa Broadcast), contra alta de 0,31% em dezembro.
… Na última 6ªF, diante da volta da cobrança do ICMS pelos Estados, a Petrobras confirmou um reajuste de 6,3% no preço do diesel. Economistas projetam impacto praticamente nulo sobre o IPCA deste ano (+0,01 pp).
… Porém o impacto indireto sobre alimentos, transportes e energia pode provocar o espalhamento da inflação.
… Os dados fechados da balança comercial de janeiro estão programados para 6ªF. Hoje é dia de Focus (8h25).
EM BRASÍLIA – Lula recebe hoje, às 10h, os presidentes eleitos da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. A nova cúpula do Congresso indica que pretende seguir um caminho conciliatório.
… Analistas ouvidos pelo Broadcast apostam que o comando de Motta, que assumiu falando em responsabilidade fiscal e defendendo as emendas, tende a ser mais favorável à agenda de Lula e de Haddad.
… O deputado possui boa relação política com Padilha, responsável pela articulação do governo no Congresso.
… “Mas não será um mar de rosas. Lula tem que manter o esquema das emendas parlamentares funcionando”, como resumiu o cientista político e professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV, Eduardo Grin.
… Lula parabenizou Motta e Alcolumbre e falou em ampliar a parceria “exitosa” entre Executivo e Legislativo.
… Hoje à tarde (14h), o presidente e Haddad participam da sessão solene de abertura do Ano Judiciário, no STF. Na sequência (16h), o ministro da Fazenda vai à sessão conjunta do Congresso que inaugura o ano legislativo.
… Em meio à crise de popularidade do governo, sai hoje nova pesquisa presidencial Genial/Quaest.
… Segundo Lauro Jardim (O Globo), o presidente Lula continua muito competitivo, mesmo com a piora na avaliação do governo, depois que a reprovação ultrapassou a aprovação no levantamento anterior.
… A pesquisa de hoje testará pela 1ª vez Gusttavo Lima e Eduardo Bolsonaro como opções da direita.
FISCAL SEMPRE EM ALERTA – Reportagem do Estadão de domingo aponta que os gastos não incluídos no Orçamento/25 pelo governo podem diminuir ou até mesmo anular os efeitos do pacote fiscal aprovado.
… O Orçamento, enviado em agosto do ano passado pelo Poder Executivo, ainda não foi aprovado pelo Legislativo, porque a crise das emendas atrasou a votação, que só deve ser retomada após o carnaval.
LÁ FORA – O BC inglês (BoE) divulga decisão de política monetária na 5ªF. No mesmo dia, o México decide juro.
… Nos EUA, além dos balanços de Alphabet (3ªF) e Amazon (5ªF), o emprego disputa atenção na agenda. Antes do payroll de janeiro (6ªF), saem o relatório Jolts (3ªF) e pesquisa ADP do setor privado (4ªF).
… Hoje, saem o PMI industrial medido pela S&P Global (11h45) e ISM (12h) em janeiro, além dos investimentos em construção em dezembro (12h). O Tesouro divulga às 17h as estimativas trimestrais de empréstimo federal.
… Entre os Fed boys, Raphael Bostic (14h30) e Alberto Musalem (20h30) participam de eventos nesta 2ªF.
… A Opep se reúne hoje para revisar as restrições de fornecimento.
… Ainda nesta 2ªF, o PMI industrial será divulgado na zona do euro (6h), Alemanha (5h55) e Reino Unido (6h30). O CPI da zona do euro sai às 7h.
CHINA HOJE – O PMI/S&P Global industrial caiu a 50,1 em janeiro (final), de 50,5 em dezembro. Amanhã (3ªF) à noite, sai o PMI/S&P Global composto de janeiro. No sábado, tem inflação na China.
JAPÃO HOJE – O PMI industrial recuou a 48,7 em janeiro, contra 49,6 em dezembro. Foi o sétimo mês consecutivo de queda na atividade do setor e o ritmo de contração mais intenso desde março do ano passado.
NÃO SE ABALOU – O dólar chegou à décima queda seguida na 6ªF, na onda do carry trade, atraente para o investidor gringo, e na contramão da moeda no exterior, que subiu após o tarifaço de Trump.
… Na mínima do dia, o dólar por aqui desceu a R$ 5,81 (-0,70%).
… Houve certa volatilidade antes da formação da Ptax, mas a queda se manteve à tarde, com a moeda fechando em baixa de 0,28%, a R$ 5,8366. Na semana, caiu 1,39%; no mês, o recuo foi de 5,56%, o maior desde junho/23 (-5,59%).
… O otimismo de janeiro se estendeu aos juros, que caíram cerca de 100pb, e à bolsa, que teve o primeiro mês positivo após quatro no vermelho.
… Matéria da repórter Aline Bronzati/Broadcast, na 6ªF, mostrou que investidores estrangeiros começam a enxergar um ponto de entrada em determinados ativos brasileiros, apesar do fiscal.
… No momento, o interesse beneficia ativos menos arriscados, mas pode aumentar se houver medidas que contenham o crescimento da dívida e deem mais clareza sobre a trajetória fiscal, segundo banqueiros e executivos.
… Em novo sinal de desaquecimento da economia, a taxa de desemprego no 4Tri24 ficou acima (6,2%) do esperado (6,0%), a 1ª alta após oito quedas seguidas.
… Nos juros, a ponta curta reagiu ao estresse nos Treasuries depois de confirmadas as tarifas dos EUA sobre México, Canadá (25%) e China (10%) e ao reajuste de 6,3% no preço do diesel pela Petrobras.
… Os DIs médios e longos encontraram apoio na queda do dólar e caíram. Também foram amparados pelo déficit um pouco menor do setor público consolidado em 2024, de R$ 47,5 bilhões, contra expectativa de R$ 48,8 bilhões.
… O DI para janeiro de 2026 subiu a 14,940% (de 14,855% no fechamento anterior) e o Jan/27 avançou a 15,035% (14,980%). Já o Jan/29 caiu a 14,775% (14,865%); Jan/31, a 14,720% (14,870%); e Jan/33, a 14,670% (14,850%).
SEM ÍMPETO – Tudo ia bem no Ibov até o meio da tarde, quando Trump confirmou as tarifas sobre seus principais parceiros comerciais. O anúncio dragou as bolsas de NY e levou junto o índice brasileiro.
… Nem Petrobras, em alta após o reajuste do diesel, salvou o dia.
… O Ibov encerrou em baixa de 0,61%, aos 126.134,94 pontos e giro de R$ 21,6 bilhões. Mas na semana subiu 3,01% e, em janeiro, acumulou ganho de 4,86%, a primeira valorização mensal desde agosto passado.
… Petrobras ON subiu 0,68% (R$ 41,65) e PN teve alta de 0,80% (R$ 37,69), após aumentar em R$ 0,22 o litro (+6,3%) do diesel nas refinarias.
… O combustível estava sem reajuste havia 401 dias. Segundo o Citi, a defasagem ante o mercado internacional caiu de 11% para 4%. Nas contas do BTG, recuou de 10% para 3%.
… Ação da petroleira foi na contramão do Brent/abr, que recuou 0,28%, a US$ 75,67.
… Vale, por sua vez, afetada pela tarifa contra a China, cedeu 1,56%, a R$ 54,17.
… Bancos ficaram mistos. Itaú fechou na mínima, em R$ 33,81 (-0,65%). Bradesco PN caiu 0,41% (R$ 12,09) e Bradesco ON perdeu 0,27% (R$ 11,02). Santander ganhou 0,89% (R$ 25,96) e Banco do Brasil subiu 0,14% (R$ 27,68).
… No topo do ranking positivo, Totvs avançou 4,45% (R$ 34,06). Na outra ponta, Vibra Energia caiu 5,07% (R$ 16,86), após rebaixamento pelo Goldman Sachs, de compra para neutro.
COLOCOU NO PREÇO – A confirmação de que os EUA iriam impor tarifas de importação sobre México, Canadá e China no sábado acabou com a festa dos mercados em NY na 6ªF.
… Os ativos iniciaram o dia bem, mas o caráter imprevisível de uma eventual guerra comercial provocou fuga do risco na segunda metade do pregão.
… As bolsas caíram, o dólar e os juros dos Treasuries subiram, com a note de 10 anos firme acima dos 4,5%.
… No fechamento de NY, o Dow Jones caiu 0,75%, aos 44.544,66 pontos; o S&P 500 cedeu 0,50% (6.040,53) e o Nasdaq perdeu 0,28% (19.627,44). Na semana, o Dow subiu 0,27%, o S&P 500 baixou 1,00% e Nasdaq, -1,64%.
… No mês, as bolsas subiram de forma expressiva, puxada por dados que reforçam a solidez da economia americana e um início de governo Trump menos turbulento que o esperado (agora desandou).
… O Dow subiu 4,70%, o S&P 500, +2,70% e o Nasdaq, +1,64%.
… Na 6ªF, as declarações de Trump acabaram deixando em segundo plano os dados que mostraram aceleração menor que a esperada no custo de mão de obra e a inflação em linha com o previsto nos EUA, embora mais alta.
… O PCE, o índice preferido do Fed, acelerou para 0,3% em dezembro, de 0,1% em novembro, mas ficou dentro do esperado. O mesmo na comparação anual. Subiu de 2,4% para 2,6%, dentro do previsto.
… O núcleo do índice também não trouxe surpresas. Avançou a 0,2%, de 0,1% em novembro, e no confrontou anual repetiu a taxa de 2,8%.
… Os gastos com consumo subiram 0,7% no mês, acima da previsão de 0,5% e da taxa de 0,4% em novembro. A renda pessoal cresceu 0,4%, dentro do esperado, e acima do 0,3% de um mês antes.
… De uma forma geral, os que reforçaram a postura do Fed de não ter pressa em cortar o juro.
… Na esteira das políticas protecionistas de Trump, que podem estimular a inflação, o juro da note de 10 anos subiu a 4,551% (de 4,515%) e o do T-Bond de 30 anos foi a 4,803% (de 4,761%). O da note de 2 anos ficou estável (4,203%).
… O índice DXY subiu 0,53%, a 108,356. O euro caiu 0,26%, a US$ 1,0383. A libra cedeu 0,18%, a US$ 1,2410. O iene recuou 0,63%, a 155,202/US$, devolvendo o ganho da véspera.
… Apesar do aumento da aversão ao risco, o peso mexicano teve leve apreciação, enquanto o dólar canadense apresentou um pequeno recuo.
EM TEMPO… PETROBRAS recebeu R$ 1,025 bi da Prio por pagamento contingente (“earnout”) do preço do petróleo de 2024; pagamento corresponde à última parcela recebida pela venda de Albacora Leste.
JBS. Itaú BBA projetou Ebitda ajustado de R$ 9,7 bilhões no 4TRI da companhia, o que posicionará a empresa no topo do seu guidance para 2024.
NATURA informou que seu acionista fundador, Guilherme Peirão Leal, reduziu sua participação na empresa de 7,166% para 4,166%…
… A redução, quando efetivada, será por meio da doação de ações ON a seus filhos, com reserva do usufruto vitalício da integralidade dos respectivos direitos políticos e econômicos; cada um dos donatários passa a deter 1%…
… Leal tem ainda o usufruto político e econômico de 6,54% das ações cuja propriedade é de seus filhos Felipe e Ricardo, totalizando uma fatia de 13,1%.
EZTEC acertou capitalização de R$ 130 milhões em troca de 47% da Adolpho Lindenberg.
TENDA. JPMorgan atingiu participação de 5,03% das ações ON.
ALLOS fará resgate antecipado de debêntures da 5ª emissão no dia 14/2.
CAIXA SEGURIDADE. Oferta de ações deve ser lançada este mês, de acordo com fontes do Broadcast. A ideia é levar a operação a mercado após a publicação do balanço da companhia, prevista para a segunda semana de fevereiro.
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