Lula incentiva importação contra alta de alimentos

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[07/03/25]

… É intensa a agenda dos mercados nesta 6ªF, tanto lá fora, com payroll e uma fala de Powell nos EUA, como no Brasil, com o PIB/4Tri e a repercussão das medidas anunciadas pelo governo Lula para tentar reduzir os preços dos alimentos. Em NY, o relatório de emprego vale a aposta para o Fed, no momento em que crescem as expectativas de queda maior do juro. Uma mensagem mais cautelosa de Powell, no entanto, pode prevalecer. Ontem, o pessimismo de Lagarde/BCE com as incertezas das tarifas de Trump e tensões geopolíticas já mudou a percepção para o juro na zona do euro. Aqui, a economia deve confirmar crescimento de 3,5% em 2024. Mas a primeira reação dos investidores domésticos deve ser à isenção do imposto de importação para uma série de produtos, ainda sem cálculos da renúncia fiscal.

… Coube a Geraldo Alckmin anunciar, no início da noite, a decisão de zerar a alíquota do imposto de importação sobre diversos alimentos, como carne, café, açúcar e milho. A medida deverá passar pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) antes de entrar em vigor.

… O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços admitiu que é “difícil” explicitar o efeito matemático sobre cada item. Mas, segundo ele, não haverá prejuízo aos produtores locais e, sim, benefício aos consumidores.

… “Você reduzir o imposto de importação ajuda a reduzir os preços; você não está substituindo, está complementando”, explicou, citando como exemplos o óleo de palma e o azeite, que têm uma produção nacional muito pequena.

… A lista de produtos que passaram a ter isenção, com alíquota zero, inclui: carne (alíquota era de 10,8%); café (9%); açúcar (14%); milho (7,2%); azeite (9%); óleo de girassol (9%); sardinha (32%); biscoitos (16,2%) e massas alimentícias (14,4%).

… Além disso, Alckmin antecipou que o governo estuda estender ao Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (PRONAMP) os mesmos benefícios direcionados à Agricultura Familiar, priorizando a produção de alimentos da cesta básica no Plano Safra.

… Insumos importantes para a indústria também poderão ser subsidiados, segundo o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

… Outra iniciativa para frear a inflação dos alimentos será fortalecer os estoques reguladores pela Companhia Nacional de Abastecimento. Alckmin garantiu que a Conab terá os recursos necessários para, “no momento certo”, fazer estoques.

… Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o governo vai dar ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM) a responsabilidade pela inspeção de produtos de origem animal (leite e ovos), que concede o selo nacional. A exceção valerá por um ano.

… O governo pretende, ainda, estimular a publicidade sobre os melhores preços, em campanhas com os supermercados, além de acelerar a análise de questões fitossanitárias, abrindo a importação de países que não podem vender ao Brasil.

… Por fim, Alckmin fez um apelo aos governadores para que zerem o ICMS incidente sobre os produtos da cesta básica.

… As medidas foram precedidas por uma reunião de ministros com empresários do setor, ocorrida durante a tarde, mas a reação negativa do agronegócio já está sendo dada como certa, com a piora da relação do setor com o governo Lula.

… Há meses, o presidente fala em fazer alguma coisa para baixar os preços dos alimentos; a demanda ficou mais urgente com a queda da popularidade de seu governo. Zerar o imposto de importação estava na mesa desde sempre e acabou sendo a opção.

… O ministro Fernando Haddad não participou dos debates, enviou o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, para representá-lo. Foi Mello quem disse que as medidas ainda terão impacto fiscal calculado pelos ministérios responsáveis.

… Segundo ele, “a queda na arrecadação não deve ser grande, mas os consumidores sentirão a diferença”.

… Ouvido pelo Broadcast, o economista-chefe da Leme Consultores, José Ronaldo Souza Júnior, prevê impacto modesto das medidas que foram anunciadas. Para ele, o ajuste fiscal seria uma solução mais efetiva contra a inflação dos alimentos.

… No Valor, Sérgio Vale (MB Associados) faz a mesma avaliação, que o corte das alíquotas de importação terá impacto pouco relevante no preço dos alimentos. Já os estoques reguladores da Conab, considera uma medida “antiga” e um “retrocesso”.

… Para ele, as medidas devem aumentar o estresse na relação com o agronegócio. “Vai piorar mais do que ajudar.”

… No mercado, a iniciativa deve ser recebida como uma saída populista e de viés heterodoxo, ampliando as desconfianças de que o governo Lula tende a se tornar, cada vez mais, um risco para a saúde fiscal.

… Já nesta 5ªF, a expectativa com as medidas zerou a queda do dólar, enquanto os juros renovavam máximas (leia abaixo).

AÇO E ALUMÍNIO – Além de protagonizar o anúncio das medidas para tentar conter a alta dos alimentos, Alckmin também esteve à frente de reunião por videoconferência com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

… Em nota divulgada à noite, o MDIC disse acreditar que será possível chegar a um bom entendimento sobre a política tarifária de Trump. Houve convergência sobre os aspectos positivos da relação entre Brasil e EUA, e novas reuniões bilaterais ocorrerão nos próximos dias.

… Na conversa, o vice-presidente lembrou que os dois países têm uma balança comercial de cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os americanos. Além disso, dos dez produtos que o Brasil mais importa dos EUA, em oito a tarifa é zero.

… A tarifa média ponderada efetivamente recolhida é de 2,73%, bem abaixo do que sugerem as tarifas nominais, destacou o MDIC.

… O contato de Alckmin aconteceu enquanto o Brasil busca negociar com os americanos uma forma de escapar da sobretaxa de 25% que os EUA querem cobrar do aço importado, com data prevista para entrar em vigor no dia 12 de abril.

MÉXICO E CANADÁ – Nesta 5ªF, Trump adiou as tarifas sobre a maioria dos produtos do México e do Canadá por um mês, até 2 de abril.

… O presidente americano elogiou sua colega mexicana Claudia Sheinbaum, afirmando que o relacionamento dos dois tem sido positivo e eles estão trabalhando juntos para impedir a entrada do fentanil e de estrangeiros ilegais nos Estados Unidos.

… Também o Canadá foi beneficiado após recuar na segunda imposição de tarifas sobre US$ 125 bilhões em produtos dos Estados Unidos, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, dizer que seu objetivo continua sendo “remover todas as tarifas”.

… Em entrevista no Salão Oval, Trump foi questionado se o mercado financeiro era o motivo do adiamento das tarifas e respondeu que não está “nem olhando para o mercado”. Já criando nova expectativa, disse que “2 de abril será um grande dia para os EUA”.

AGENDA FORTE – Enquanto o governo age contra os sinais de perda de tração da atividade, o PIB do IBGE (9h) deve apontar fôlego menor no 4Tri, de 0,4% na mediana do Broadcast, desacelerando contra o 3Tri (0,9%).

… O intervalo das estimativas na pesquisa vai de 0,2% a 0,8%, ou seja, mesmo no teto, viria abaixo do trimestre anterior. Para o acumulado de 2024, a estimativa é de crescimento de 3,5%. As projeções vão de 3,3% a 3,6%.

… O ritmo do crescimento econômico também poderá ser conferido pelos dados de fevereiro da Fenabrave.

… À tarde (15h), a balança comercial de fevereiro indica superávit de US$ 1,970 bilhão, menos de um terço dos US$ 6,527 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. As estimativas vão de US$ 1,70 bilhão a US$ 4,730 bi.

… Guillen participa, em Lisboa, de dois painéis (13h15 e 13h30) em conferência organizada pelo Banco de Portugal. O ministro Haddad será entrevistado pelo podcast Flow no início da noite (19h).

LÁ FORA – O payroll (10h30) ainda deve vir forte em fevereiro, apontando a criação de 160 mil vagas de emprego, uma aceleração contra janeiro (143 mil). As estimativas vão de 115 mil a 200 mil postos de trabalho.

… A mediana das apostas aponta que o salário médio pago por hora deve avançar 0,3%, abaixo de janeiro (+0,5%). Já na comparação anual, deve mostrar aumento de 4,2%, contra variação de 4,1% na leitura anterior.

… Já a taxa de desemprego nos EUA deve permanecer em 4%, de acordo com as projeções dos analistas.

… Já com o payroll em mãos, Powell fala em evento, às 14h30. Outros três dirigentes do Fed têm discursos programados para hoje: Michelle Bowman (12h15), John Williams (12h45) e Adriana Kluger (14h20).

… Ainda nos EUA, saem os dados de petróleo da Baker Hughes (15h) e o crédito ao consumidor/janeiro (17h). Existe a expectativa de que Trump possa anunciar hoje uma mudança na política das criptomoedas.

… Na zona do euro, tem o PIB/4Tri (7h). Lagarde (BCE) discursa em conferência às 6h30.

CHINA HOJE – As exportações tiveram crescimento anualizado de 2,3% no bimestre de jan/fev, muito abaixo da previsão de 4,5%. As importações caíram 8,4% e contrariaram a previsão de alta de 1,8%.

… O superávit comercial de US$ 170,5 bilhões superou o esperado pelos analistas (US$ 141,9 bilhões).

PERDEU O APETITE – No início da tarde de ontem, a informação de que o governo se reuniria com entidades do setor de alimentos para definir medidas para baixar os preços e conter a inflação levantou a lebre do populismo.

… Descolada da nova onda de enfraquecimento lá fora, o dólar aqui terminou o pregão se protegendo na estabilidade, enquanto os contratos futuros dos juros recuperaram parte dos prêmios perdidos um dia antes.

… Ninguém caiu também no canto da sereia de Trump. Apesar de ele ter voltado atrás e suspendido a cobrança de tarifas sobre os produtos do Canadá e do México até 2 de abril, o mercado sabe que la garantia soy yo.  

… No DI, a ponta longa subiu mais de 10pb, corrigindo parcialmente o alívio de 30pb na véspera. As máximas na curva coincidiram com a notícia de que o governo responderia nesta 5ªF à crise da pressão dos alimentos.

… Antecipando o risco de heterodoxia do governo para recuperar a popularidade, as taxas apararam parte dos exageros de otimismo do pregão anterior, mas continuaram todas abaixo de 15%.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 subiu a 14,815% (de 14,785% um dia antes); Jan/27 avançou a 14,820% (de 14,765%); Jan/29, a 14,880% (14,750%); Jan/31, 14,990% (14,840%); e Jan/33, 14,970% (14,820%).

… O Tesouro não estressou o mercado, optando por atuar de forma mais moderada no leilão de prefixados.

… O risco de novos estímulos fiscais à economia brasileira, diante da queda de popularidade do presidente Lula nas pesquisas, foi consenso entre os economistas do mercado que se reuniram ontem com diretores do BC.

… Com Lula de olho na eleição de 2026, “todos estão muito preocupados com as ações que o governo pode tomar para tentar estimular a economia e evitar uma desaceleração”, relatou um participante ao Broadcast.

… Iniciativas como o novo consignado privado e um eventual impulso nos investimentos por meio de empresas estatais foram citadas como fonte de preocupação generalizada durante o encontro desta 5ªF, em São Paulo.

… No câmbio, o dólar à vista deu um pico até R$ 5,7808 quando estourou na imprensa a declaração do ministro Fávaro de que ontem se bateria o martelo sobre o pacote de enfrentamento à inflação dos alimentos.

… Até o final do pregão, a moeda norte-americana moderou o estresse e voltou para R$ 5,7597 (+0,06%), mas não conseguiu embarcar na queda externa. O índice DXY fechou em baixa de 0,23%, a 104,062 pontos.

… O euro se acomodou na estabilidade (+0,05%, a US$ 1,0793), depois de ter operado fortalecido mais cedo, quando Lagarde alertou para a política tarifária de Trump e as tensões geopolíticas, que isolam a Europa.

… A perspectiva de maiores investimentos da UE em defesa, após os EUA terem suspendido a ajuda militar à Ucrânia, pode impulsionar a inflação, segundo ela. O mercado especula agora sobre os próximos passos do BCE.

… Depois de o juro ter sido cortado ontem, de 2,75% para 2,50%, o ING acredita em pausa em abril e, mais para frente, corte para 2,25%. A Capital Economics aposta em 2% no ano, em vez do 1,5% imaginado anteriormente.

… A libra também fechou estável ontem (-0,02%), a US$ 1,2890, e o iene subiu para 147,83/US$. O peso mexicano (20,2978/US$) e o dólar canadense (1,4310/US$) avançaram com o adiamento das tarifas de Trump.

… Inseguros sobre a política protecionista e no suspense do payroll, os juros dos Treasuries fecharam cada um para um lado. O da Note-2 anos caiu a 3,969%, de 4,001% na véspera, e o de 10 anos subiu a 4,292%, de 4,279%.

… Foi feia a queda nas bolsas em NY, diante do jogo confuso de Trump. Além disso, pesou a notícia de que a chinesa Alibaba apresentou novo modelo de inteligência artificial com desempenho comparável ao DeepSeek.

… As ações da Marvell Technology despencaram 19,81%, após a empresa apresentar projeções consideradas decepcionantes, mesmo com aumento na receita no 4Tri. Os papéis da Nvidia levaram um tombo de 5,74%.

… O Nasdaq afundou 2,61% (18.069,26 pontos); S&P 500, -1,78% (5.738,51 pontos); e Dow Jones, -0,99% (42.579,08 pontos). As montadoras GM (-2,64%), Ford (-0,41%) e Stellantis (-1,01%) devolveram as altas.

… Vale (ON, +1,10%, a R$ 56,20) blindou o Ibov do pessimismo externo, diante da promessa de estímulos pela China, principal parceiro comercial do Brasil e grande comprador de minério de ferro da companhia doméstica.

… “Vale está barata e ainda deve entregar 10% de dividendos no ano”, disse o analista João Abdouni (Levante).

… O Banco do Povo chinês antecipou que cortará as taxas de juros e os compulsórios em momento apropriado, ainda neste ano, e que oferecerá empréstimos subsidiados para impulsionar os gastos dos consumidores.

… Em alta moderada de 0,25%, a 123.357,55 pontos, o Ibov falhou em ir mais longe, porque os bancos fecharam mistos e a Petrobras completou sequência de oito quedas (ON, -0,75%, a R$ 36,97; e PN, -1,04%, a R$ 34,26).

… Apesar de o petróleo ainda seguir abaixo de US$ 70, interrompeu ontem as perdas pesadas dos últimos dias e terminou em leve alta com os estímulos chineses no radar e a esperança de recuo de Trump nas tarifas.

… Referência da Petrobras, o Brent para maio chegou ao final do dia em +0,23%, cotado a US$ 69,46 por barril.

… No setor financeiro, Santander (unit, -0,90%; R$ 25,32) e BB (ON, -0,14%; R$ 27,73) operaram no lado negativo e Bradesco PN (+0,87%; R$ 11,55), Bradesco ON (+0,76%; R$ 10,62) e Itaú (+0,19%; R$ 32,46) subiram.

EM TEMPO… SANTANDER promoveu mudanças na alta cúpula, informa o Broadcast. A principal foi a exoneração de Carlos André, vice-presidente de Wealth Management do banco, aprovada pelo conselho…

… Luis Bittencourt, vice-presidente de Tecnologia e Operações, passará a outra empresa do conglomerado, não informada. No lugar dele, entra Gilberto Duarte de Abreu Filho, hoje vice de Corporate Banking…

… Para o posto hoje ocupado por Abreu Filho, foi promovido o atual diretor do banco André Juaçaba de Almeida. Estas duas últimas mudanças entrarão em vigor em 1º de abril.

ELETROBRAS confirmou a deslistagem das ações ON e PNB na Latibex a partir de ontem.

BRAVA ENERGIA informou que o Goldman Sachs alterou a sua posição referenciada em ações da companhia, passando a deter, de forma agregada, o equivalente a 5,03% do capital social.

SERENA ENERGIA fará 1ª emissão de debêntures no valor de R$ 120 milhões.

HYPERA confirmou que acionistas fizeram contatos preliminares com a Votorantim, na qualidade de acionista relevante, sobre uma possível articulação para a formação de um novo acordo de acionistas…

… No entanto, ainda segundo a companhia, não há, até este momento, “negociação em andamento sobre os termos de eventual acordo de acionistas, nem propostas sobre o tema”.

RUMO MALHA PAULISTA realizará a sua oitava emissão de debêntures simples no valor de R$ 1,8 bilhão.

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Trump mantém mercados no modo “barata voa”

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[06/03/25]

… A disposição dos líderes europeus de ampliar os gastos para reforçar as defesas militares, a partir da percepção de que não devem mais contar com os EUA como aliado da OTAN, eleva as expectativas para o BCE. O consenso para a reunião desta 5ªF (10h15) é de um novo corte do juro na zona do euro (de 2,75% para 2,50%), mas a mensagem na entrevista de Lagarde (10h45) pode ser de maior cautela. Já em NY, às vésperas do payroll, dados mais fracos do relatório ADP estimularam as apostas em uma queda de 75pbs da taxa americana este ano, o que levou o dólar a derreter. Enquanto isso, o jogo de Trump com as tarifas mantém os mercados no modo “barata voa”. Ontem, as incertezas favoreceram o real, com o câmbio negociado na faixa de R$ 5,75, e queimaram prêmio na curva de juros. Hoje, é outro dia.

… A volatilidade virou rotina e ninguém sabe para que lado vai virar no próximo lance do imprevisível presidente dos Estados Unidos.

… A decisão de conceder isenção de um mês às três grandes montadoras (Ford, GM, Stellantis) foi considerada pela Capital Economics um “tanto decepcionante”, já que os sinais dados pelo secretário de comércio, Howard Lutnick, eram de um alívio mais amplo.

… Mais uma vez, o entusiasmo com a medida considera que essa pode não ser a palavra final de Trump, que, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, está “aberto a ouvir sobre isenções adicionais”. Assim, o mercado vai vivendo um dia de cada vez.

… No balanço da maré, resta ao investidor se apegar aos dados econômicos, que são mais confiáveis. E nesta semana, são os números do emprego que estão servindo de bússola para calibrar as expectativas sobre os juros americanos.

… Nesse sentido, o relatório ADP, nesta 5ªF, deu força para quem acredita que o Fed agirá com mais ousadia neste ano, com um corte de 75 pontos-base. A criação de 77 mil vagas no setor privado em fevereiro veio bem abaixo da previsão da FactSet (+143 mil).

… A ferramenta do CME Group projeta a retomada das quedas do juro, que já foi postergada até setembro, no Fomc de junho, em 83%. A probabilidade de manutenção dos juros em 2025, até outro dia no cenário, está agora quase zerada, em apenas 1%.

… A perspectiva de juros mais baixos animou as bolsas em Wall Street, junto com os índices de atividade que tiveram quedas menores do que o esperado, com o PMI de Serviços se mantendo em território de expansão (51 em fevereiro) e o ISM avançando a 53,3.

… Também o Livro Bege, divulgado à tarde, ajudou a sustentar o bom humor, citando leve aumento na atividade em janeiro nos EUA. No pano de fundo, completou o quadro o sentimento de wishful thinking de que Trump ainda estaria blefando com as tarifas.

O BRASIL E AS TARIFAS – A uma semana da data para os EUA efetivarem a sobretaxa de 25% no aço (12/03), o presidente executivo do Instituto Aço Brasil espera que o País consiga recompor o acordo de cotas de exportação fechado em 2018 com os americanos.

… Ao Broadcast, Marco Polo de Mello Lopes manifestou confiança na conversa que o vice Geraldo Alckmin terá hoje com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. A reunião por videoconferência está agendada para o final da tarde (17h30).

… O setor siderúrgico aposta na função estratégica que o aço brasileiro exportado exerce na indústria dos EUA para manter o acordo, que permite a exportação anual de 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado e 687 mil toneladas de laminados, sem sobretaxa.

… No ano passado, das 5,6 milhões de toneladas de placas de aço importadas pelos EUA, 3,4 milhões de toneladas foram do Brasil.

… Como o produto é usado pela indústria americana e, portanto, complementar à produção de lá, o setor acredita que a gestão Trump irá reconhecer a importância econômica de manter o acordo fechado há praticamente oito anos.

… Outra carta na manga é a posição brasileira de grande importador de carvão siderúrgico dos EUA, que somaram US$ 1,4 bilhão no ano passado. No comércio dos principais itens da cadeia do aço, os dois países detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões.

… Segundo o Estadão, o governo Lula avalia que o foco dos EUA para aplicação de tarifas está no etanol e tende a não afetar, no momento, outros produtos agropecuários, como carnes (risco considerado baixo) e café (risco zero).

FRIGORÍFICOS – Já para o Goldman Sachs, uma escalada da guerra comercial entre EUA e China deverá trazer impactos para o setor de proteína animal na América Latina, com as tarifas chinesas sobre a soja americana impulsionando os custos de ração no Brasil.

… Neste caso, haveria um impacto negativo para a BRF. Em relação à JBS, a suspensão temporária das importações de carne bovina pela China representa menos de 5% do seu faturamento, que pode ser compensado redistribuindo as exportações por outras plantas.

… A tensão comercial se intensificou nos últimos dias com o anúncio das tarifas sobre produtos do Canadá, México e China, e a retaliação da China com tarifas entre 10% e 15% sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo soja, carne suína e bovina.

… No caso das tarifas a produtos canadenses e mexicanos, o Goldman avalia que o impacto sobre o mercado de carne bovina americano deve ser limitado, uma vez que apenas 2% da oferta de gado dos EUA vem de fora do país.

… Entretanto, as represálias ainda não detalhadas do México podem afetar as exportações norte-americanas de milho e frango.

… O Canadá poderia potencialmente usar as exportações de petróleo e gás como alavanca nas negociações se as tarifas dos EUA sobre as importações canadenses aumentarem, disse a Ministra das Relações Exteriores canadense, Melanie Joly.

… O país está prometendo impor tarifas sobre importações americanas no valor de 155 bilhões de dólares canadenses, mas até agora não sugeriu que reduziria as exportações de commodities importantes para os EUA ou imporia tarifas sobre elas.

MAIS AGENDA – Dois dados fechados da inflação em fevereiro devem acelerar: o IPC-Fipe (5h), para 0,45%, contra 0,24% em janeiro, e o IPC-S (8h), para 1,21%, de 0,02%, segundo as medianas de pesquisa Broadcast.

… Às 12h30, o BC informa o resultado semanal do fluxo cambial. Os diretores do BC Diogo Guillen e Paulo Picchetti participam a partir das 9h30, em São Paulo, de duas rodadas de reuniões trimestrais com economistas.

… Tesouro faz leilões de venda de títulos prefixados, com oferta de LTN para 1º/10/2025, 1º/4/2027, 1º/1/2029 e 1º/1/2032, e para NTN-F, com vencimentos para 1º/1/2031 e 1º/1/2035. As quantidades serão divulgadas antes dos leilões (11h).

GLEISI – Disse ontem ao G1 que não ingressará no governo Lula para “guerra” e negou que entrará em rota de colisão com a agenda de Haddad. “Fui nomeada para cuidar da articulação política e garantir 2026 [eleição] e não da economia.”

LÁ FORA – Um dia depois da leitura fraca da pesquisa ADP, o auxílio-desemprego nos EUA (10h30) deve registrar queda de 7 mil pedidos, a 235 mil. Saem ainda a balança comercial/janeiro (10h30) e estoques no atacado (12h).

… Dois integrantes do Fed falam em eventos públicos: Christopher Waller (17h30) e Raphael Bostic (21h).

… Depois da coletiva do BCE, Lagarde discursa em vídeo gravado (12h35). O BC da Turquia decide juro às 8h.

LAVOU A ALMA – Quando até Trump ajuda, é grande a chance de dar tudo certo no mercado, que ainda contou ontem com os gatilhos adicionais de otimismo do ciclo de cortes do Fed e da meta ambiciosa do PIB na China.

… A sinalização da Casa Branca de aliviar, ainda que temporariamente (um mês), as tarifas sobre importações de veículos do Canadá e do México, dentro do acordo do USMCA, esvaziou a percepção de risco nos negócios.

… A consolidação da aposta de que o Fed vai retomar em junho o relaxamento monetário e que, no acumulado do ano, poderá cortar os juros em até 75pb também contribuiu para melhorar o clima entre os investidores.

… Para completar, a perspectiva do governo de Pequim de crescimento chinês de 5% este ano animou.

… O dólar voltou do Carnaval derretendo quase 3%, para a faixa de R$ 5,75, e afundando junto a curva do DI.

… Diante do combo positivo do dia, o real foi a moeda que mais subiu ontem no mundo. O dólar à vista fechou em baixa de 2,71%, cotado a R$ 5,7560, devolvendo boa parte de tudo o que avançou semana passada (+3,24%).

… Acompanhou o tombo em escala global. O índice DXY despencou 1,36%, aos 104,353 pontos, com Trump e a ADP. O euro saltou 1,60%, para US$ 1,0798, sob a pressão do aumento dos investimentos em defesa militar.

… A libra esterlina ganhou 0,84%, negociada a US$ 1,2897, e o iene subiu para 148,77/US$. A divisa norte-americana também levou a pior contra o dólar canadense (1,4343/US$) e o peso mexicano (20,3954/US$).

… Desarmados pelo alívio no câmbio, os juros futuros ignoraram o avanço dos rendimentos dos Treasuries e devolveram quase 30pb no trecho longo. O boletim Focus sem novidades nem sustos ajudou no ambiente leve.

… Jan/26 caiu a 14,785% (de 14,980% antes do carnaval). Todas as demais taxas voltaram a furar 15%: Jan/27, 14,765% (de 15,055%); Jan/29, 14,750% (15,045%); Jan/31, 14,840% (15,130%); e Jan/33, 14,820% (15,090%).

… Lá fora, o investidor dispensou o apelo pela proteção dos Treasuries e abriu espaço para as taxas subirem. O yield da Note de 2 anos foi a 4,001%, contra 3,932% na véspera, e o de 10 anos fechou a 4,279% (de 4,202%).

… As montadoras se destacaram nas bolsas em NY com altas expressivas. GM escalou 7,21%; Ford, +5,81%; e Stellantis, +9,24%. Mas o ânimo com o alívio temporário das tarifas nos automóveis pode ser posto à prova.

… Seja como for, na primeira leitura positiva e no impulso da perspectiva do Fed dovish, o Dow Jones subiu 1,14% (43.006,59 pontos), o S&P 500 ganhou 1,12% (5.842,63 pontos) e o Nasdaq, +1,46% (18.552,73 pontos).

… O Ibovespa quis ir no embalo, mas tudo o que conseguiu foi uma alta modesta de 0,19%, aos 123.035 pontos, com giro de R$ 20 bilhões, porque as perdas de quase 2,5% do petróleo roubaram o fôlego da Petrobras.

… Na sétima queda consecutiva, o papel ON desabou 4,61% (R$ 37,25) e PN, -3,65% (R$ 34,62). O Brent/maio caiu 2,44%, a US$ 69,30, com a retomada de produção da Opep+ em abril e os estoques maiores nos EUA.

… Além disso, as negociações para um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia, com a mediação dos EUA, voltaram ao radar após Volodymyr Zelensky indicar disposição de trabalhar sob a “forte liderança” de Trump.

… O recuo consistente da Petrobras ofuscou o bom desempenho da Vale (ON, +0,80%, a R$ 55,59), com a China mirando o alvo de crescimento de 5% este ano, e a performance positiva dos bancos, que subiram em bloco.

… Bradesco PN registrou +2,05% (R$ 11,47); Bradesco ON, +1,83% (R$ 10,55); Banco do Brasil ON, +1,68% (R$ 27,77); Itaú, +1,50% (R$ 32,40); e Santander engatou valorização de 1,43% (R$ 25,55), na máxima do dia.

EM TEMPO… LOJAS RENNER informou que o Grupo Schroders adquiriu 1.673.268 de ações da companhia, passando a deter 53.610.471 de ações ou 5,059% do total.

EZTEC. BlackRock reduziu participação na companhia de 5,18% das ações ON para 3,43% do total, passando a deter 7.582.246 de papéis do tipo.

ENEVA, por meio da Parnaíba II Geração de Energia, recebeu aval para operar comercialmente unidade geradora 3, de 92,25 MW de potência, da usina termelétrica MC2 Nova Venécia 2, em Santo Antônio Lopes, no Maranhão.

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*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Trump brinca de guerra comercial

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[05/03/25]

… Os futuros de NY registraram uma reviravolta positiva ontem à noite após o secretário de comércio dos EUA, Howard Lutnick, dizer que Trump poderá anunciar ainda hoje “algum alívio” nas tarifas para o Canadá e o México, encontrando-se com os parceiros comerciais para chegarem a um “meio-termo”. A mudança de atitude ocorre poucas horas depois que a Casa Branca confirmou as tarifas, inclusive para a China, e levou de volta as respectivas retaliações, com os mercados reagindo aos prováveis impactos para a inflação americana. Trump também jogou duro com Zelensky, suspendendo a ajuda militar à Ucrânia, que agora diz estar pronta para fechar um acordo com a Rússia sob a “forte liderança” dos EUA. Os pregões domésticos reabrem hoje, às 13h, já na onda da volatilidade induzida por Trump.

… A agenda da semana mais curta do Carnaval é importante aqui e lá fora. NY terá payroll, discurso de Powell, Livro Bege. A zona do euro, reunião do BCE. E o Brasil, o PIB/4Tri e as repercussões sobre as últimas novidades do governo Lula.

… A nomeação de Gleisi Hoffmann para a articulação política, no lugar de Alexandre Padilha, gera expectativa e muitas dúvidas quanto ao seu significado. Lula surpreendeu o mercado, que teme por uma guinada (ainda mais) populista para recuperar a popularidade.

… Crítica contumaz do ministro Haddad, Gleisi leva o investidor a redobrar a cautela com a percepção fiscal e a agenda econômica.

… “Gleisi no Palácio é mais um sinal dos descaminhos da política econômica e tender a fragilizar Haddad ainda mais”, avalia Sérgio Vale, da MB Consultoria, lembrando o seu perfil combativo ao controle fiscal e à alta da Selic.

… Na própria 6ªF, atendendo a pedido de Lula, Gleisi ligou para Haddad e também procurou outros ministros e líderes no Congresso para buscar uma aproximação, segundo apurou a Folha. A melhor hipótese é de que ela assuma uma postura mais conciliadora.

… Outro alerta foi a notícia (também da Folha, neste Carnaval) de que Lula cogita nomear Guilherme Boulos (PSOL) como secretário-geral da Presidência, cargo que era cotado para Gleisi e que faz a interlocução com os movimentos sociais.

… Na 6ªF, antes de sair para o Carnaval, o dólar rompeu R$ 5,90 (R$ 5,9163, +1,5%), o DI resgatou as taxas de 15% e o IBOV queimou dois mil pontos (-1,6%, 122.799,09) com o impacto combinado do cenário externo adverso com as incertezas domésticas.

… Trump agiu em dois tempos. Primeiro foi para cima e mostrou que não estava blefando, como muitos queriam acreditar. Anunciou que as tarifas de 25% para o Canadá e o México, e a tarifa adicional de 10% para a China, estavam em vigor desde ontem.

… A retaliação de Pequim foi imediata, com um aumento de 15% na tarifa sobre alimentos e outros produtos agrícolas importados pelos EUA. Além disso, os chineses elevaram as restrições para a exportação a empresas americanas.

… A China também entrou com ação na OMC, alegando descumprimento das regras pelos americanos.

… De seu lado, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou que vai aplicar uma tarifa de 25% sobre os EUA. A cobrança atingirá um total de 155 bilhões de dólares canadenses (US$ 107 bilhões) em mercadorias americanas.

… O processo será realizada em duas etapas: de imediato, a tarifa será aplicada a 30 bilhões de dólares canadenses em importações. Em um segundo momento, daqui a 21 dias, afetará o restante dos produtos dos EUA.

… Trudeau afirmou que as tarifas permanecerão em vigor até que os Estados Unidos removam os 25% para os produtos canadenses, cuja cobrança, segundo ele, é ilegal e será contestada na OMC.

… Trump rebateu em postagem: “Expliquem ao Trudeau que quando ele retaliar elevaremos na mesma proporção.”

… No México, Claudia Sheinbaum prometeu que revidaria os EUA no próximo domingo, em anúncio em praça pública.

… À noite, a conversa virou e veio o secretário de comércio americano para mudar o rumo das coisas. Tudo em menos de 24 horas.

HUMILHAÇÃO, PARTE 2 – Ainda no noticiário do Carnaval, Trump anunciou que estava tirando toda a ajuda dos EUA à Ucrânia, deixando Zelensky sem saída para assinar o acordo que permite aos americanos explorarem minerais em território ucraniano.

… Em seu primeiro discurso do segundo mandato no Congresso, Trump antecipou ontem à noite que anunciará no fim de semana medida para expandir a produção de minerais críticos e a exploração em terras raras nos EUA.

… Disse ainda que fez mais em 43 dias do que outros antecessores fizeram em 4 anos, que está só começando, prometeu derrotar a inflação e equilibrar o orçamento federal em um “futuro próximo”.

… Citou ainda nominalmente o Brasil, além da UE, China, México e Canadá, pela cobrança de tarifas “injustas” dos EUA. Ele repetiu que as tarifas recíprocas serão adotadas no início de abril (dia 2).

MAIS AGENDA – Em meio ao interesse político de que a economia continue aquecida, o IBGE divulga na 6ªF o PIB/4Tri e do acumulado do ano passado. No Broadcast, a mediana indica altas de 0,4% e 3,5%, respectivamente.

… Semana passada, Lula disse que o Brasil cresceu 3,8% no ano passado e vai crescer “um pouco mais de 2,5%” este ano, contrariando o governador Tarcísio (SP), que previu em reunião com prefeitos um recuo de até 2% do PIB.

… Além do PIB, na 6ªF, sai a balança comercial de fevereiro.

… Amanhã (5ªF), dois indicadores de inflação de fevereiro devem acelerar: o IPC-S, de 0,02% em janeiro para 1,21%, e o IPC-Fipe, de 0,24% para 0,45% no mesmo período.

O QUE MAIS VEM AÍ – O governo deixou para depois do Carnaval a definição das medidas para conter os preços dos alimentos. O vice Alckmin assegurou que não haverá “heterodoxia”, como aumento de imposto e criação de cobrança sobre a exportação.

… Também para depois do Carnaval é esperada a MP que melhora o acesso ao crédito consignado privado e o projeto de lei que cria um novo formato para custear o programa Auxílio-Gás dentro das regras do arcabouço fiscal.

… A MP que libera o saque do FGTS para trabalhadores que tiveram o saldo retido por optar pelo saque-aniversário foi publicada na 6ªF em edição extra do Diário Oficial da União. A estimativa é de que R$ 12 bilhões sejam liberados.

… A injeção de dinheiro na economia coloca em xeque o esfriamento da atividade e das pressões inflacionárias.

LÁ FORA – Na 6ªF forte, o payroll de fevereiro e um discurso de Powell em universidade calibram as projeções para a política monetária, neste momento em que cresce a aposta em um corte acumulado de 75pb pelo Fed (leia abaixo).

… Antes do payroll, saem hoje nos EUA o relatório ADP sobre a criação de empregos no setor privado em fevereiro (10h15), o PMI/S&P Global de serviços (11h45), as encomendas à indústria em janeiro (12h) e o Livro Bege (16h).

… Os estoques de petróleo do DoE serão divulgados às 12h30. Durante o carnaval, a Opep e seus aliados decidiram por um aumento “gradual” da produção, de pouco menos de 0,5% ao mês, entre abril deste ano e o final de 2026.

… Os aumentos devem ocorrer na Arábia, Argélia, Casaquistão, Emirados Árabes, Iraque, Kuwait, Omã e Rússia. A previsão é de que os países estejam produzindo 31,650 milhões de bpd no final/2025 e 32,880 milhões no fim/26.

… Diante da retomada da produção pela Opep+ no mês que vem e temores de desaceleração do crescimento global com as tarifas de Trump, o barril do Brent para maio recuou 0,81% ontem, cotado a US$ 71,04 na Ice londrina.

ZONA DO EURO – Na agenda de hoje, a leitura final do PMI de serviços e composto/fev será divulgada na Alemanha (5h55), zona do euro (6h) e Reino Unido (6h30). Às 7h, tem PPI da zona do euro. Bailey (BoE) fala às 11h30.

… Amanhã (5ªF), é amplamente esperado que o BCE corte o juro novamente, de 2,75% para 2,50%. Mas os próximos passos já não são tão claros, diante das pressões da inflação e dúvidas sobre o impacto do protecionismo de Trump.

… Lagarde pode dar alguma pista em coletiva de imprensa amanhã, quando também o BC da Turquia decide juros.

CHINA HOJE – Durante o carnaval, dados da atividade chinesa confirmaram uma melhora. A leitura final do PMI industrial medido pelo setor privado (S&P Global) subiu de 50,1 (jan) para 50,8 (fev) e superou a previsão de 50.

… O indicador oficial passou a apontar expansão. Avançou de 49,1 para 50,2, também acima do esperado (49,9).

… Ontem saiu o PMI/S&P Global composto, que subiu de 51,1 em janeiro para 51,5 em fevereiro, nível mais alto dos últimos três meses. O PMI de serviços registrou crescimento de 51,0 pontos para 51,4 no mesmo intervalo.

… Na virada de 5ªF para 6ªF, será divulgada a balança comercial de janeiro.

… No Congresso Nacional do Povo, que se prolonga até o fim de semana, a China estabeleceu nesta 3ªF uma meta de crescimento do PIB de “cerca de 5%” para 2025, a mesma do ano passado, apesar dos desafios.

… Além das tensões comerciais, preocupam a demanda doméstica fraca e a prolongada desaceleração do mercado imobiliário chinês.

JAPÃO HOJE – O PMI/S&P Global composto subiu de 51,1 pontos em janeiro para 52,0 pontos em fevereiro. O PMI de serviços avançou de 53,0 para 53,7 no mesmo período, também em território de expansão.

FLIGHT TO QUALITY – Preocupações com o impacto das tarifas a produtos de México, Canadá e China sobre a economia dos EUA pesaram sobre as bolsas em NY, que fecharam em baixa forte nesta 3ªF, feriado de Carnaval no Brasil.

… O S&P 500 caiu 1,22%, aos 5.778 pontos, enquanto o Dow Jones caiu 1,55%, aos 42.520 pontos. Só o Nasdaq (-0,35%, 18.285 pontos) foi um pouco melhor com a recuperação de algumas techs, como a Nvidia (+1,69%), que havia sofrido mais em pregões anteriores.

… “A decisão de Trump de avançar com as tarifas, somada a mais dados fracos sobre a economia dos Estados Unidos, resultaram em busca por segurança nos mercados financeiros”, disse Jonas Goltermann, economista da consultoria Capital Economics.

… Mas ele foi um dos que considerou a reação exagerada, prevendo que Trump poderia mudar de ideia a qualquer momento.

… O medo de uma guerra comercial enfraqueceu o dólar. No final do dia em NY, o euro subia para US$ 1,0614, enquanto a libra esterlina avançava a US$ 1,2786. O dólar também caiu em relação ao iene, porém em menor grau (a 149,16 ienes).

… Já em relação ao peso mexicano, o dólar subiu a 20,7009 pesos, avançando ainda sobre o dólar canadense (1,4477 por dólar).

… As taxas dos Treasuries reagiram sem direção única, refletindo as preocupações com o efeito inflacionário das tarifas e os receios com a perda de fôlego da economia americana. Enquanto o yields da Note-2 anos caiu para 3,932%, o da Note-10 anos subiu a 4,202%.

… Apesar do risco de os choques das tarifas evoluírem para inflação mais alta, dados fracos de atividade nos EUA têm aumentado as apostas em uma redução acumulada de 75 pontos-base nos juros pelo Fed neste ano.

… Apesar disso, o Fed boy John William descartou, nesta 3ªF, mudanças nos juros neste momento, ressaltando que é preciso esperar o desdobramento das políticas de Trump sobre a inflação antes de decidir sobre eventuais alterações.

… Impulsionado pelas incertezas com tarifas e tensões geopolíticas, o ouro fechou em alta nesta 3ªF, com o contrato para abril subindo 0,67% na Comex, negociado a US$ 2.920,60/onça-troy. O metal se aproxima do seu recorde histórico de US$ 2.974/onça-troy.

… O ouro é alimentado ainda pelo conflito na Europa Oriental e expectativa de um aumento nas apostas de cortes de juros pelo Fed.

EM TEMPO… PETROBRAS reduziu QAV em 5,9%, o que corresponde a uma redução aproximada de R$ 0,25/litro, informou a estatal. A medida está valendo desde o sábado de Carnaval (1º/3).

PRIO informou que o conselho de administração aprovou o aumento do capital social no valor de R$ 2,8 bilhões e que o Ibama concedeu a licença de perfuração para o campo de Wahoo.

SANTANDER informou a exoneração do diretor vice-presidente executivo Franco Raul Rizza, no cargo desde janeiro de 2024, quando substituiu Antonio Pardo de Santayana Montes…

… Também foi anunciada nomeação interina do atual diretor vice-presidente executivo, Gustavo Alejo Viviani, à função de diretor responsável por gerenciamento de riscos (CRO) do conglomerado prudencial do banco no Brasil…

… Banco relacionou em formulário 20-F como riscos de seu negócio a chance de falha na proteção de informações pessoais, efeitos nocivos do uso da IA e forte ambiente competitivo no mercado de serviços financeiros.

ASSAÍ. Antipodes Partners Limited passou a deter 1.352.215.647 de ações ON, o que representa 5,13% do total.

IGUATEMI. Radar Gestora de Recursos passou a deter 47.285.400 de ações PN, equivalentes a 10,67% do total.

MÉLIUZ informou a renúncia da Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e de Bruno Chamas Alves como membros do conselho de administração…

… Em substituição, foram eleitos Tiago Bortoletto Veloso de Almeida e Guilherme Villela de Viana Bandeira…

… Já no lugar de Ofli Campos Guimarães, que renunciou em novembro, assumiu Roberta Lemos Antunes da Silva. Na posição de Júlio Cezar Tozzo Mendes Pereira, que deixou o conselho em janeiro, entrou Matheus Ferreira.

WEG concluiu a aquisição da Reivax, empresa brasileira no setor de sistemas de controle para geração de energia, anunciada em novembro do ano passado.

AGROGALAXY anunciou que pretende agrupar ações na B3 para atender à exigência de negociação acima de R$ 1; proposta será votada pelos acionistas em 3 de abril; se aprovada, cada 15 ações serão condensadas em uma só.

ENERGISA. Fundos de investimentos geridos pelas Entidades Goldman Sachs realizaram operações que resultaram em posição de derivativos com liquidação física equivalente a 81.126.100 de ações PN de emissão (5,79% do total).

ANEEL anunciou bandeira tarifária verde em março, mencionando o volume de chuvas e as boas condições dos níveis dos reservatórios. É o quarto mês consecutivo em que não há custo adicional na tarifa de energia.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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