MP alternativa ao IOF já nasce condenada
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[12/06/25]
… Depois do CPI abaixo do esperado nos EUA, que resgatou a expectativa de dois cortes do juro neste ano, hoje será divulgado o índice de preços do produtor (PPI), que pode confirmar a inflação comportada. O cenário lá fora ainda é influenciado pelo progresso nas negociações de Washington com Pequim, enquanto dificuldades para um acordo com o Irã pressionam o petróleo e os protestos crescentes de imigrantes reforçam os ruídos políticos para o governo Trump. Aqui, saem as vendas no varejo, que devem recuar em abril. Mas as atenções do mercado estão todas voltadas para a MP da Fazenda, publicada ontem à noite, com as medidas alternativas para substituir o decreto do IOF, que já sofrem forte resistência do Congresso, adicionando incertezas à política fiscal do governo Lula.
… O novo pacote não trouxe novidades, confirmando as propostas que foram antecipadas pelo ministro Fernando Haddad.
… Entre os pontos centrais, a alíquota fixa do IOF aplicável ao crédito à pessoa jurídica cai de 0,95% para 0,38%. O IOF sobre a operação de crédito conhecida como risco sacado não tem mais alíquota fixa, apenas a diária, de 0,0082%.
… Isso significa redução de 80% na tributação do risco sacado, a medida do decreto do IOF que mais havia recebido críticas.
… O governo também reduziu a tributação sobre seguros do tipo VGBL (previdência), criando uma regra de transição.
… A partir de 2026, os aportes de até R$ 600 mil por ano feitos por PF estarão isentos de IOF. Acima desse valor, incidirá uma alíquota de 5% sobre o excedente, considerando a soma de todos os planos do titular, mesmo que em seguradoras diferentes.
… Para este ano, o limite de isenção será de R$ 300 mil, mas apenas para aportes realizados em uma mesma seguradora, no período entre 11 de junho e 31 de dezembro. Acima disso, aplica-se a mesma alíquota de 5% sobre o valor excedente.
… No caso dos FIDCs, haverá cobrança do IOF de 0,38% para aquisição primária de cotas, toda vez que for feito um aporte. Para o câmbio, fica zerada a alíquota para operações de retorno de recursos aplicados por estrangeiro em participações societárias no País.
… Já as medidas para compensar a arrecadação incluem maior tributação sobre apostas esportivas (bets), de 12% para 18%.
… Ganhos e rendimentos com ativos virtuais, como criptomoedas, serão tributados no Brasil. Pessoas físicas e pessoas jurídicas isentas ou optantes pelo Simples Nacional pagarão 17,5% de IR, podendo deduzir custos e compensar perdas dentro de certos limites.
… Para empresas do lucro real, presumido ou arbitrado, os ganhos líquidos nas operações com ativos virtuais integram a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, vedada a dedução de perdas. A retenção de imposto na fonte e compensação de perdas terão restrições a partir de 2026.
… A MP confirma a taxação de 5% das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito Agropecuário (LCA), antes isentas, mas essas alíquotas passarão a valer apenas a partir de janeiro de 2026. Já o aumento de tributação para as bets entra em vigor imediatamente.
… Além das LCIs e das LCAs, serão afetadas as Letras Hipotecárias, CRI, CDA, WA, CDCA, CRA, CPR, FII, FIAGRO, LIG e LCD.
… A alíquota de 9% de CSLL das instituições financeiras, restritas às Fintechs, foi eliminada, permanecendo apenas as faixas de 15% e 20%, válida hoje para os bancos. Também foi elevada a alíquota do Juros sobre Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%.
… O pacote também traz uniformização da alíquota do IR em 17,5% sobre todas as aplicações financeiras de pessoas físicas residentes no País, a partir de 2026, e confirma a Isenção de IOF para o retorno de investimentos estrangeiros diretos.
… A medida define ainda que os lucros obtidos em operações na bolsa e no mercado de balcão organizado no Brasil são tributados pelo IR de 17,5% para PF e algumas PJ. Ganhos no mercado à vista ficam isentos se as vendas no trimestre não passarem de R$ 60 mil.
… A MP amplia a possibilidade de compensação de ganhos e perdas em operações no mercado financeiro. Hoje, essa possibilidade existe apenas para renda variável. A mudança vai permitir que o rendimento de renda fixa possa compensar perdas da renda variável.
… Outra proposta confirmada é a intenção de reduzir o gasto tributário (isenções fiscais) em “pelo menos 10%”, além da discussão de uma agenda para redução dos gastos primários que a Fazenda pretende tocar em conjunto com o Congresso.
… A MP traz uma ação regulatória para coibir compensações consideradas abusivas de crédito tributário, considerando indevidas aquelas feitas com documento de arrecadação inexistente e crédito de PIS/Cofins que não tenha relação com a atividade do contribuinte.
DESPESAS PÚBLICAS – A MP também incluiu o programa Pé-de-Meia no piso constitucional da Educação, mudanças nas regras do serviço digital do INSS para solicitar benefícios por incapacidade temporária e novos critérios de acesso ao Seguro Defeso.
… Além disso, estabelece que o dinheiro usado para equilibrar as contas entre o Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e os regimes de previdência dos servidores públicos só poderá ser pago se houver recursos previstos no Orçamento.
… Sobre o Pé-de-Meia, os recursos destinados ao programa passam a ser contabilizados como parcela mínima obrigatória que o governo deve investir no setor. Hoje, a Constituição exige que a União aplique 18% da receita líquida de impostos em Educação.
… Já os gastos com benefícios por incapacidade temporária no INSS podem ser controlados com a permissão para que as perícias médicas sejam feitas por telemedicina ou apenas por análise documental, limitando a concessão nesses casos a até 30 dias.
… Por fim, a concessão do Seguro Defeso passa a estar sujeita à disponibilidade de recursos orçamentários específicos.
NÃO VAI VINGAR – Entre as medidas do novo pacote de Haddad, a taxação de 5% das LCIs e LCAs – que afeta diretamente o crédito para os setores do agronegócio e imobiliário – não parece ter nenhuma chance de passar. Ou chance de valer um dia.
… Essa medida não tem validade imediata na MP e nem deve entrar em vigor em janeiro de 2026, para quando está programada.
… O pacote todo sofre forte resistência do Congresso, embora tenha sido negociado por Haddad com os presidentes da Casa, Hugo Motta e David Alcolumbre, naquela reunião de cinco horas no domingo passado, quando todos eles saíram falando em acordo.
… Não levou 24 horas para Motta tirar o corpo fora e dizer que não se comprometia com as novas medidas alternativas da Fazenda, e o que se pode inferir disso tudo é que a retórica apenas servirá para o governo ganhar o tempo de validade da MP.
… É só segurar a votação que as medidas mais polêmicas ficarão postergadas para daqui a quatro meses, quando uma nova crise já está contratada. O mercado deve esperar os impactos das novas medidas que não foram ainda calculados, ou divulgados.
… Segundo fontes da equipe econômica ouvidas pelo Estadão, a MP alternativa ao IOF prevê arrecadação de R$ 10 bilhões este ano e de R$ 20 bilhões em 2026, sendo que não incluem as receitas com o pretendido corte de 10% dos gastos tributários.
… Mas, mesmo após as estimativas oficiais, a MP não deve trazer tranquilidade às contas públicas, porque já nasceu condenada.
AGENDA – Em mais um indicador importante da atividade para as expectativas da política monetária, a mediana do mercado indica recuo de 0,7% para as vendas do varejo restrito em abril, na margem, após alta de 0,8% em março. O dado será divulgado às 9h.
… Segundo pesquisa do Broadcast, após três crescimentos mensais consecutivos, o varejo restrito deve recuar, como reflexo das pressões inflacionárias sobre supermercado e farmácia e em linha com a perda de tração da atividade aguardada para o segundo trimestre.
LULA – Em Minas hoje, o presidente participa (10h) da Cerimônia de Apresentação dos Avanços do Acordo Rio Doce, em Mariana, e, às 13h, da entrega de equipamentos agrícolas a municípios mineiros no Ceasa, em Contagem.
GALÍPOLO – Às 19 horas, o presidente do Banco Central participa da Cerimônia alusiva ao Dia da Marinha e de Imposição das Condecorações da Ordem do Mérito Naval e da Medalha Mérito Tamandaré.
LÁ FORA – O núcleo da inflação ao produtor (PPI) dos EUA em maio deve desacelerar na comparação anual de 3,1% para 1,7%, embora a estimativa seja de alta na margem, para 0,3%, contra queda de 0,4% em abril.
… O índice cheio tem previsão de +0,2%, contra -0,5% no mês anterior, e +2,6% na base anualizada, de 2,4%.
… O indicador sai às 9h30, mesmo horário dos pedidos de auxílio-desemprego, que devem vir estáveis.
… À noite (20h), o BC do Peru anuncia decisão de política monetária.
METAMORFOSE AMBULANTE – Não está dado o Copom da semana que vem, na agitação das apostas ao sabor das novidades de cada dia: ontem foi o IOF, hoje são as vendas no varejo e amanhã pode ser o dado de serviços.
… Antes de entrar em período de silêncio, Galípolo recorreu à estratégia clássica de todo presidente do BC de não se comprometer com guidance e sinalizar que as opções para a Selic estão em aberto. Faz parte do hedge.
… Seus comentários recentes, porém, foram lidos como hawkish. A última vez em que ele falou foi sábado, no Guarujá. No curto espaço de tempo de lá para cá, o mercado já foi e já voltou na reprecificação da Selic.
… Para dar a medida de como tudo está dinâmico, ontem, as apostas estavam bem diferentes da véspera.
… Apenas um dia depois de o IPCA no piso em maio ter recuperado as chances de juro estável na próxima 4ªF, o mercado voltou a mudar de ideia, de olho nas resistências políticas às soluções alternativas ao aumento do IOF.
… No momento, a chance de alta de 0,25pp da Selic está vencendo no placar na curva a termo. Subiu de 56% para 68% nas últimas 24h, enquanto a probabilidade de manutenção da taxa básica diminuiu de 44% para 32%.
… Mas hoje já é outro dia e uma nova reversão nas apostas não surpreenderia, sob a volatilidade máxima.
… Na véspera do resultado das vendas no varejo, a consultoria MCM revisou ontem em alta a previsão para o PIB do ano, de 1,7% para 2,2%, diante do mercado de trabalho robusto, que deve manter a demanda aquecida.
… Existe um duelo de forças hoje para o Copom avaliar: de um lado, o crescimento econômico ainda a todo vapor, enquanto a inflação corrente começa a dar sinais de acomodação e suaviza as expectativas para o ano.
… Depois do IPCA comportado de maio, o Citi acredita em pausa da Selic em 14,75%, sem que necessariamente isso signifique o fim do ciclo, segundo o banco, porque o BC tem que continuar perseguindo a meta da inflação.
… Ontem, a recalibragem das apostas para o Copom, para alta do juro, puxou a ponta curta e média do DI, enquanto o trecho longo terminou perto da estabilidade, de olho na inflação abaixo do esperado nos EUA.
… O contrato de juro para Jan/26 subiu a 14,890% (de 14,850% no pregão anterior); Jan/27 avançou a 14,235% (de 14,155%); e Jan/29, a 13,570% (13,515%). Jan/31 fechou a 13,700% (13,690%); e Jan/33, estável, a 13,760%.
DESCONTOU O RISCO – A bolsa não costuma ser amiga de juros altos, mas driblou ontem a retomada da aposta de que a Selic pode ir a 15%, preferindo se concentrar em outros gatilhos para recuperar os 137 mil pontos.
… Os motores de alta vieram da Petrobras e dos bancos. A estatal colou no rali do petróleo, e o setor financeiro foi embalado pelo jogo duro do Congresso contra as mudanças de tributação pretendidas pelo governo.
… Os papéis operaram na esperança de que a equipe econômica não consiga aprovar o aumento do imposto do JCP e as mudanças nas alíquotas de investimentos no agronegócio e no setor imobiliário, que hoje são isentos.
… Bradesco PN (+3,10%, a R$ 16,32), Bradesco ON (+2,70%, a R$ 14,08) e Itaú (+1,17%, a R$ 36,42) engataram altas firmes. Santander unit (+4,65%, a R$ 30,17) liderou o ranking de valorizações do Ibovespa nesta 4ªF.
… A instituição repercutiu a melhora da recomendação de suas ações pelo UBS BB, para compra, assim como do preço-alvo, de R$ 30 para R$ 38. Exceção entre os bancos ontem, BB virou na reta final (-0,65%, a R$ 21,40).
… Parte do fôlego do Ibov foi limitado pela decisão do BofA de rebaixar as ações brasileiras (neutro, de compra) pela primeira vez em três anos, citando visão cautelosa para as commodities, ruído político e deterioração fiscal.
… Ainda assim, o índice à vista segurou uma alta de 0,51%, aos 137.128 pontos, com giro de R$ 21,6 bilhões.
… Além dos bancos, a bolsa contou na retaguarda com a força da Petrobras, que emplacou altas próximas de 3% pelo segundo pregão consecutivo: os papéis PN subiram 3,33% (R$ 31,05) e os ON avançaram 2,93%, a R$ 33,33.
… Pegaram carona na tensão do petróleo com a ameaça do Irã de atacar bases americanas no Oriente Médio, caso os EUA não cheguem a um acordo sobre o programa nuclear esta semana, na sexta rodada de negociações.
… A reação veio horas depois de Trump ter dito que estava “perdendo a confiança” em um consenso.
… As agências internacionais noticiaram que os EUA estariam evacuando a embaixada americana no Iraque por riscos à segurança. No salto de nervosismo, o barril do Brent para agosto escalou 4,33%, cotado a US$ 69,77.
… Ainda no Ibov, Vale ON caiu 0,88% (R$ 53,18), na direção oposta ao minério (+1%). Braskem PNA (-3,07%) devolveu ganho da véspera com o interesse declarado da Petrobras em elevar poder de gestão na petroquímica.
SO FAR, SO GOOD – As tarifas de Trump ainda não abalaram a inflação americana e, embora persista a incerteza da política protecionista, o mercado pede cortes de juro pelo Fed em setembro e dezembro (25pb cada um).
… Trump cobrou mais (1pb) ontem, depois de o índice de preços ao consumidor (CPI) subir 0,1% em maio contra abril e 2,4% na comparação anual, ambos abaixo das previsões de altas de 0,2% e 2,5%, respectivamente.
… Para a Pantheon, o indicador mostra que o impacto tarifário “permanece microscópico por enquanto”. O ING acredita que o efeito sobre os custos só deve ser sentido em julho, três meses depois da sua imposição.
… Também a Oxford Economics alerta que o impulso ainda aparecerá mais para frente. Mas os juros dos Treasuries caíram nesta 4ªF, porque pelo menos até aqui a onda protecionista ainda não bateu forte nos preços.
… A taxa da Note-2 anos furou 4%, a 3,942%, de 4,011% na véspera, e a de 10 anos foi a 4,415%, de 4,467%.
… Aliviado pelo CPI, o índice DXY do dólar caiu 0,47%, a 98,631 pontos, dando espaço adicional ao euro (+0,49%, a US$ 1,1485), apesar de o BCE vir antecipando novos cortes do juro. A libra esterlina subiu 0,33%, a US$ 1,3541.
… O iene avançou 144,61/US$ e o real também foi bem contra a moeda americana, que caiu 0,59%, a R$ 5,5376, com a inflação mais fraca nos EUA e o acordo preliminar com a China sobre tarifas comerciais e terras raras.
… No WSJ, Pequim está impondo limite de seis meses às licenças de exportação de terras raras às montadoras e fabricantes dos EUA, levantando suspeitas de que os chineses estejam levando vantagem na negociação.
… A cautela com os detalhes do acordo, combinada à escalada da tensão geopolítica com o Irã, em meio à evacuação dos embaixadores no Iraque, anulou o otimismo das bolsas em NY com a inflação sob controle.
… No fechamento, o índice Dow Jones operava estável, aos 42.865,77 pontos, o S&P 500 registrava leve queda de 0,27%, aos 6.022,30 pontos, enquanto o Nasdaq exibia desvalorização de 0,50%, aos 19.615,88 pontos.
EM TEMPO… JBS comunicou que início de negociação das ações Class A na Nyse, previsto para ocorrer hoje, foi adiado em um dia, para amanhã…
… Alteração, segundo a companhia, foi em razão da impossibilidade de conclusão de procedimentos operacionais, que envolvem uma série de diferentes prestadores de serviços no Brasil e no exterior…
… Adicionalmente, data prevista para pagamento de dividendos, que era 16 de junho, será postergada para 17 de junho, quando também tem início leilão de frações de ações.
PETRORECONCAVO informou que, por determinação da ANP, será paralisadas, de forma imediata, duas estações de produção da companhia no campo de Cassarongongo (Ativo Bahia)…
… A decisão foi tomada após a Superintendência de Segurança Operacional (SSO) identificar problemas “no sistema de combate a incêndio por espuma” e “em tubulações e vasos de pressão”.
LOJAS MARISA. B3 aprovou a extensão de prazo para enquadramento do percentual mínimo de ações em circulação (free float) da empresa de 31/01/26 para 31/12/26.
FLEURY comprou a rede de laboratórios mineira Hemolab por R$ 39,5 milhões.
REDE D’OR aprovou a distribuição de R$ 450 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2039 por ação ON, com pagamento em 1º/7; ex em 17/6.
CEMIG vai realizar no dia 30/6 pagamento da 1ª parcela de proventos referentes ao exercício de 2024, no valor bruto de R$ 1,86 bilhão (R$ 0,6727 por ação).
ALLOS aprovou a distribuição de R$ 153 milhões em dividendos intermediários e intercalares…
… Dividendos intermediários serão pagos em duas parcelas iguais de R$ 51 milhões, equivalentes a R$ 0,1019 por ação ON, em 2/7 e 4/8…
… Dividendos intercalares serão pagos em parcela única de R$ 51 milhões, também equivalente a R$ 0,1019 por ação, em 2/9.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
EUA e China chegam a acordo preliminar
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[11/06/25]
… As delegações dos EUA e da China anunciaram ontem à noite um acordo para resolver o impasse sobre terras raras – principal interesse de Washington na reaproximação com Pequim. A informação foi confirmada pelos negociadores dos dois países, que levarão as propostas aos seus líderes. Na agenda dos indicadores lá fora, destaque para a inflação americana (CPI), que deve acelerar em maio. Aqui, a maior expectativa é pela participação de Haddad em audiência na Câmara (10h), quando deve defender as medidas alternativas ao IOF. Galípolo também fala em evento (8h30), mas, em período de silêncio para o Copom na próxima 4ªF (18), não terá a chance de corrigir as declarações hawkish que começam a ser questionadas, após o IPCA no piso das projeções resgatar apostas em manutenção da taxa Selic.
… Com investidores à espera de detalhes do acordo preliminar costurado em Londres entre os EUA e a China, as notícias foram recebidas sem grande entusiasmo nos pregões asiáticos e com os futuros de NY em pequenas quedas.
… Na Bloomberg, analistas dizem que o mercado deve acolher com satisfação o progresso, mas prefere esperar pelo aval de Trump e Xi.
… Uns dizem que o “diabo mora nos detalhes”, outros, questionam o restabelecimento da confiança entre Trump e Xi, e ainda há aqueles que notam uma influência valiosa da China sobre as exportações de terras raras para extrair concessões dos EUA.
… Em sua declaração, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, confirmou um acordo para implementar uma estrutura que pode resolver a questão do envio de terras raras e ímãs da China para empresas dos Estados Unidos.
… Pequim havia imposto uma série de controle de exportações a esses produtos, após a aplicação das tarifas recíprocas. A falta de terras raras afeta uma série de cadeias de produção mundiais e o prolongamento do problema pode impactar a economia global.
… Lutnick disse que esse é o primeiro passo para firmar um acordo comercial com a China, “retirando toda a negatividade” em torno da negociações. A informação foi confirmada também pelo principal negociador comercial da China, Li Chengang.
… O secretário do Tesouro, Scott Bessent, que integrava a comitiva americana em Londres, antecipou a volta aos EUA, porque hoje fala na Câmara dos Representantes (11h de Brasília) e no Senado sobre Orçamento fiscal (16h30).
… Ainda ontem à noite, Trump conseguiu mais uma vitória com a decisão do Tribunal de Apelações dos EUA de estender uma prorrogação do prazo para o governo continuar aplicando suas tarifas globais, contestando a decisão de um tribunal que bloqueou as tarifas.
… Já os protestos em Los Angeles se mantêm como a crise da política anti-imigração do presidente americano.
… Ontem à noite, a prefeita Karen Bass decretou toque de recolher no centro da cidade, pedindo a Trump que suspenda as batidas do Ice. As manifestações já duram cinco dias e se espalham para outras cidades, como San Francisco, Chicago, Atlanta e Nova York.
… Na agenda dos indicadores, o CPI deve manter a alta de 0,2% em maio, mas com aceleração na base anual de 2,3% em abril para 2,5%. Para o núcleo, a expectativa é de avanço de 0,2% para 0,3% na base mensal e de 2,8% para 2,9% no acumulado de 12 meses.
… O dado da inflação nos Estados Unidos está previsto para as 9h30 e é importante para a reunião do Fomc, também no dia 18/6.
… Aqui, o IPCA em maio desacelerou a 0,26%, de 0,43% em abril e bem abaixo da mediana de pesquisa Broadcast (0,34%), com surpresas positivas também na abertura dos dados, tirando prêmios dos juros de curto prazo e animando o Ibovespa (leia abaixo).
HADDAD – Ministro esteve duas vezes no Alvorada, nesta 3ªF, para apresentar a Lula o resultado das conversas com líderes do Congresso, no domingo, e as medidas que devem compor a Medida Provisória e que permitirão a revisão do IOF.
… À noite, falando ao Jornal Nacional, Haddad confirmou que o governo abrirá uma discussão com o Congresso para identificar quais são as propostas da agenda estrutural de gastos que contam com apoio entre os parlamentares.
… Ele citou como exemplos projetos que já estão em tramitação, como o que limita os supersalários dos servidores e ainda o que trata da aposentadoria dos militares. “Tem uma série de temas que podem ser resolvidas num prazo muito curto.”
… O ministro rebate, assim, as críticas de que o governo não está preocupado com o corte de gastos, dividindo essa responsabilidade com o Congresso. O próprio Hugo Motta, depois de defender medidas estruturais, pôs em dúvida a agenda difícil.
… “Sentados à mesa”, disse Haddad, “vamos abrir a discussão para saber quais as ideias que têm simpatia do Congresso e que podem ser levadas em frente. Assim que nós tivermos um inventário dessas iniciativas, vamos poder ter mais clareza do que é possível votar.”
… O ministro ainda defendeu as medidas apresentadas como alternativa ao decreto do IOF, afirmando que não representam um aumento de carga tributária. “A vida de quem uma renda mais baixa vai melhorar, nós estamos provocando o morador da cobertura.”
… Mais cedo, aos jornalistas, falou que a Fazenda vai apoiar uma comissão de líderes do Congresso que será formada para avaliar medidas de redução dos gastos primários e que ajudarão a cortar 10% das isenções fiscais – que somam mais de R$ 500 bilhões este ano.
… Sobre uma redução linear do gasto tributário, disse que a Fazenda até gostaria de fazer uma mudança mais ampla, mas houve consenso em tocar a proposta mexendo apenas nos benefícios infraconstitucionais. Isso deixa de fora o Simples e a Zona Franca de Manaus.
… Questionado pelos repórteres, Fernando Haddad minimizou a fala de Hugo Motta de que o Congresso não assumiu o compromisso em aprovar as medidas apresentadas na MP. “É uma fala de prudência”, disse o ministro, voltando ao seu tom habitual.
AS MEDIDAS CONFIRMADAS – O aumento da tributação das Bets, de 12% para 18%, e a taxação de 5% dos títulos de renda fixa isentos, como LCIs e LCAs, “são medidas estruturais e justas do ponto de vista tributário”, segundo o ministro.
… Haddad insistiu que servirão para corrigir distorções e equilibrar a tributação do mercado financeiro. “Vai favorecer a queda do juro, a queda do dólar e vai também garantir a meta fiscal desse ano e a meta de 2026.”
… O ministro confirmou ainda que serão fixadas alíquotas para todas as aplicações financeiras no patamar de 17,5% e que a elevação da alíquota dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%, foi uma sugestão dos parlamentares que estará na MP.
… No meio do pacote, deve entrar a compensação da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mês com a tributação da alta renda, que Haddad sustentou que também vai no sentido de corrigir distorções tributárias.
HOJE – Às 17h, a Secretaria de Política Econômica da Fazenda divulga estudo sobre os impactos da reforma do IRPF.
… Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, inicia às 10h a sua participação em audiência pública conjunta das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.
… Hugo Motta participa junto com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, da abertura do Simpósio Liberdade Econômica, às 8h30.
MAIS AGENDA – O IBGE divulga hoje (9h) os dados regionais da Pesquisa Industrial de abril e o BC, o fluxo cambial semanal (14h30).
… Nos EUA, além do CPI, o DoE divulga os estoques de petróleo (11h30). Na Zona do Euro, não há indicadores previstos.
SUCESSOR DE POWELL – Na Bloomberg, um número crescente de conselheiros dentro e fora do governo Trump tem defendido o nome do secretário do Tesouro, Scott Bessent, para comandar o Fed a partir de maio/26.
… O presidente americano afirmou que anunciará “muito em breve” o substituto no comando do BC.
… A lista restrita de candidatos em análise inclui Kevin Warsh, antigo membro do Fed, que Trump chegou a entrevistar para o cargo de secretário do Tesouro em novembro, segundo fontes próximas às negociações.
ASSIM CAMINHA A UNANIMIDADE – Marcadas por idas e vindas, as apostas para o Copom da semana que vem sofreram nova reviravolta com o IPCA no piso do esperado, que desacelerou de 0,43% (abril) para 0,26% (maio).
… O mercado só não convergiu direto ontem para a precificação de pausa da Selic em 14,75%, por causa das declarações recentes do Galípolo, lidas como conservadoras, e que haviam resgatado as chances de nova alta.
… Como ele agora já entrou em período de silêncio para a próxima reunião de política monetária, não é daí que virão novas pistas para o juro. Mas a agenda dos indicadores ainda tem potencial de agitar os negócios.
… Se mostrarem enfraquecimento, as vendas no varejo em abril, que saem amanhã, e os dados de serviços, na 6ªF, terão tudo para animar ainda mais o sentimento de que o ciclo de aperto da Selic chegou ao fim da linha.
… Para parte dos profissionais, se o BC insistir em continuar subindo a Selic, para 15%, será por pura teimosia, porque, além o IPCA comportado, as expectativas inflacionárias seguiram em queda no Focus desta semana.
… Nem mesmo toda a polêmica do IOF tende a ser considerada agora pelo Copom. Com a taxa básica de juro já em nível suficientemente elevado, dá tempo de o BC esperar para ver a resolução do impasse em Brasília.
… Em meio à mudança de última hora provocada pelo IPCA, na curva a termo, a probabilidade de manutenção da Selic avançou de 36% para 45%, esvaziando as apostas em continuidade do aperto (caíram de 64% para 55%).
… Como se vê, a chance de o Copom seguir contracionista continua majoritária, mas disputa de perto com uma pausa na Selic, sinalizando que uma virada no quadro de apostas não pode ser desconsiderada. Segue o jogo!
… Para o BofA, o BC já pode parar, diante da perda de fôlego de medidas subjacentes de inflação.
… Também a Armor Capital confia que dá para a Selic ficar onde está, diante do alívio com os bens industriais, que registraram alta de apenas 0,06%, além da surpresa baixista observada na alimentação em domicílio.
… Ainda para o Daycoval, que citou a deflação da gasolina, a abordagem hawkish do BC chegou ao limite.
… A inflação de serviços, usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços, desacelera lentamente, de 0,20% em abril para 0,18% em maio, com o mercado de trabalho e a massa salarial aquecidos.
… Considerando apenas meses de maio, o resultado do IPCA foi o mais baixo desde 2023 (elevação de 0,23%). A taxa acumulada em 12 meses arrefeceu depois de três meses seguidos de avanços, de 5,53% para 5,32%.
… Ainda assim, segue bem acima do teto da meta (4,5%), o que leva algumas casas a projetarem política monetária conservadora, caso do Goldman Sachs, que aponta pressões inflacionárias “altas e disseminadas”.
… Apesar de a ASA ter reconhecido que o alívio do IPCA deve implicar viés de baixa na estimativa atual de 5,4% para a inflação do ano, o dado de maio não alterou sua projeção de outra alta de 25 pontos-base para a Selic.
… O PicPay cortou a previsão do IPCA/25 de 5,6% para 5,3%. A Tendências Consultoria reduziu de 5,5% para 5,2% e o UBS BB manteve em 5%, mas admitiu que pode reconsiderar a sua projeção para um nível inferior.
INCLINAÇÃO DOVISH – A recalibragem das expectativas para a inflação e para o próximo Copom imprimiu queda em toda a curva do DI e animou os investidores a voltarem às compras na bolsa doméstica.
… O contrato de juro para Jan/26 recuou para 14,850% (de 14,875% no fechamento anterior); o Jan/27, a 14,155% (de 14,185%); Jan/29, 13,515% (de 13,635%); Jan/31, 13,690% (13,790%); e Jan/33, 13,760% (13,850%).
… O Ibovespa terminou o dia em alta de 0,54%, aos 136.436,07 pontos, com giro financeiro de R$ 20,7 bilhões.
… Chamou a atenção o rali de Petrobras ON (+3,65%, a R$ 32,38) e PN (+3,02%, a R$ 30,05), embalada por rumores de uma possível pressão do governo Lula para a estatal distribuir dividendos extraordinários neste ano.
… Diante da especulação, os papéis ignoraram a virada do petróleo para baixo, que deu sinais de cansaço. O Brent/agosto, que vem de um salto de mais de 6% na semana passada, caiu de leve: -0,25%, a US$ 66,87.
… Vale (+0,68%, a R$ 53,65) operou descolada do minério de ferro (-0,85%), que cai há dois pregões.
… Entre os bancos, o destaque negativo ficou com BB (ON, -0,87%), repercutindo o corte pelos analistas do Itaú BBA do preço-alvo da ação, de R$ 29 para R$ 25. Itaú PN caiu 0,30%, cotado a R$ 36,00 no fechamento.
… Bradesco ON subiu 0,15%, a R$ 13,71; Bradesco PN fechou estável (-0,06%, a R$ 15,83); e Santander, +0,28%.
… No câmbio, o dólar chegou a cair durante o pregão, em linha com o recuo do DI após o IPCA. Mas zerou o movimento, quando o petróleo passou a recuar, enfraquecendo moedas de países produtores da commodity.
… O dólar à vista fechou em leve alta de 0,14%, a R$ 5,5704, acompanhando a tendência externa. Na torcida pelo desfecho positivo das negociações comerciais entre os EUA e a China, o DXY subiu 0,16%, a 99,098 pontos.
… O euro operou estável (+0,04%, a US$ 1,1434) e a libra caiu 0,35%, a US$ 1,3505, com a alta no desemprego e queda nos salários do Reino Unido em abril reforçando a aposta de novos cortes de juro pelo BC inglês (BoE).
… De seu lado, o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, antecipou em fala no Parlamento japonês que a política monetária deve ser mantida semana que vem, adiando o início do ciclo de alta. O iene recuou a 144,83/US$.
… O otimismo despertado pelos comentários do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, de que as conversas entre os governos de Washington e Pequim estavam “indo bem”, estimulou ganhos nas bolsas em NY.
… O índice Dow Jones fechou em alta de 0,25%, aos 42.866,87 pontos. O S&P 500 ganhou 0,55%, aos 6.038,80 pontos, enquanto o índice eletrônico Nasdaq terminou com avanço de 0,63%, aos 19.714,99 pontos.
… Em clima de esperar para ver o CPI, os juros dos Treasuries oscilaram em intervalos estreitos e sem tendência única. A taxa da Note-2 anos subiu a 4,011%, de 4,009% na véspera, e a de 10 anos caiu a 4,467%, de 4,486%.
EM TEMPO… Magda Chambriard disse, em evento da Firjan, que a Petrobras quer aumentar o seu poder de gestão na BRASKEM, mas não quer estatizar a petroquímica, da qual a estatal é sócia com a Novonor…
… Os ADRs da Braskem exibiram pouca reação às declarações no after hours: subiram só 0,26%, após terem disparado 5,52% no pregão regular em NY. Já no Ibovespa, as ações PNA da Braskem saltaram 4,67% ontem.
VIBRA ENERGIA. Conselho de Administração aprovou a reeleição de vice-presidentes da companhia, considerando a recomendação favorável do comitê de governança, pessoas e remuneração…
… Com prazo de dois anos, seguirão nos cargos Augusto Ribeiro Junior (Vice-presidente Executivo Financeiro e RI)…
… Clarissa Della Nina Sadock Accorsi (Vice-presidente Executiva de Energia Renovável) e Marcelo Fernandes Bragança (Vice-presidente Executivo de Operações da Vibra Energia S.A.).
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IPCA e medidas da Fazenda dividem atenção
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[10/06/25]
… Na agenda vazia de indicadores lá fora, o destaque é para o segundo dia de reuniões entre os EUA e a China, que acontece em Londres. Representantes dos dois países voltam a se sentar à mesa a partir das 6h da manhã (hora de Brasília). A expectativa é positiva nos mercados. Embora Trump tenha dito que a China “não é um país fácil”, revelou que as negociações estão “indo bem”. Aqui, é dia do IPCA de maio, que deve desacelerar para 0,34% (mediana do Broadcast), de 0,43% em abril, com uma desaceleração ainda mais importante da média dos núcleos, como consequência do recuo dos preços dos alimentos e da deflação das passagens aéreas. Em Brasília, a espera é pelos detalhes do novo IOF e das novas propostas da MP da Fazenda, que deverão ser levadas hoje por Haddad a Lula, de volta da França.
… O mercado teve uma reação em dois tempos às medidas anunciadas parcialmente após a reunião de domingo na residência oficial da Câmara. Primeiro, prevaleceu o mau humor, porque nenhuma medida estrutural foi assumida pelo ministro, Motta ou Alcolumbre.
… Depois, desconfiou que toda essa conversa de enfrentar os temas que fazem o Orçamento insustentável não passava de retórica. E no período da tarde, já tinha certeza de que foi um jogo jogado e que vai ser muito difícil ver um corte de gastos em ano pré-eleitoral.
… Então os ânimos se acalmaram, porque o que não tem remédio, remediado está, e os juros e o dólar caíram (abaixo).
… No Estadão, foi o recuo no IOF que reduziu a pressão do setor privado com a decisão de zerar a alíquota fixa do risco sacado e permitiu que Haddad ganhasse tempo com a MP para negociar com o Congresso as alternativas para ampliar a arrecadação.
… A MP terá prazo de 120 dias, enquanto o ministro tenta reforçar os argumentos para repor os R$ 20 bilhões perdidos no IOF. Ao final do prazo, alguns pontos devem deixar de vigorar, como, por exemplo, a tributação sobre as LCAs e LCIs, que deu tanta gritaria.
… Fora que essas medidas não entrarão em vigor de imediato, por questões de noventena. É, portanto, uma espécie de saída contábil. O ministro finge que está cumprindo o arcabouço e o Congresso finge que acredita. Daqui a quatro meses, arranjam-se outras soluções.
… Quanto às medidas estruturais, o relato obtido pelo jornal é que os parlamentares do PT e aliados foram os primeiros a se opor a cortes de gastos e medidas para limitar o crescimento dos gastos com saúde e educação e a desvinculação do salário-mínimo do INSS.
… Nas apurações de bastidores da mídia sobre a reunião de domingo, todo mundo saiu dizendo que essas medidas não vão acontecer.
… O próprio presidente da Câmara, Hugo Motta, disse isso em outras palavras em evento do Valor, Globo e CNN, nesta 2ªF.
… Segundo ele, o Congresso se comprometeu a avaliar as medidas da MP, mas não se comprometeu em aprová-las, admitindo que pode haver um “descasamento” com as propostas apresentadas pela Fazenda como alternativa para “recalibrar” o IOF.
… O presidente da Câmara disse ainda que os gastos com Fundeb e BPC foram “pouco tratados” na reunião de domingo, assim como as emendas parlamentares e os fundos de participação de Estados e municípios (FPE e FPM).
… Haddad revelou na reunião que os custos que o governo tem com o Fundeb estão caminhando para algo em torno de R$ 70 bilhões, e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) poderá representar um gasto maior do que o Bolsa Família, em dois ou três anos.
… As desonerações podem chegar a R$ 800 bilhões e cortar 10% dessa renúncia fiscal, como pediu Haddad, daria uma folga e tanto.
… O governo sabe que é necessário entrar nesse debate, disse Motta, “mas tem receio, porque se preocupa com a questão eleitoral, e os deputados que vão disputar a eleição no ano que vem também não querem assumir o ônus dessas medidas”.
… Para além das questões eleitorais, o presidente da Câmara descreveu o jogo de empurra que pode travar tudo.
… “O cara que tem um incentivo não quer deixar de ter. Quem está ali ganhando salário acima do teto não quer deixar de ganhar o salário acima do teto. O Parlamento não quer discutir corte de emendas. E o governo não quer ir contra a sua base eleitoral.”
… Resumindo, a agenda estrutural não foi destacada, porque não houve acordo sobre as medidas que todo mundo sabe quais são, que têm um diagnóstico praticamente unânime, um prognóstico consensual, mas que ninguém está disposto a enfrentar.
… A novidade é a postura dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, que surpreenderam ao abrir o diálogo sobre temas intocáveis. Pode-se dar o benefício da dúvida se foi pura retórica. Mas o que eles queriam, derrubar o IOF, já levaram.
AS NOVAS MEDIDAS – A decisão de Haddad de taxar em 5% as LCAs e as LCIs, antecipadas já na saída da reunião de domingo, gerou forte repercussão negativa nos setores imobiliário e do agronegócio, nesta 2ªF.
… Para a Abecip, o fim da isenção das Letras de Crédito Imobiliárias vai encarecer os financiamentos habitacionais, já que o instrumento é uma das principais fontes de recursos para o setor, representando cerca de 17%, contra 27% do FGTS e 32% da poupança.
… Também a Frente Parlamentar da Agropecuária disse que “a gente simplesmente não pode aceitar” a taxação das Letras de Crédito do Agronegócio, porque elas são hoje a principal fonte de recursos livres direcionados à concessão de crédito rural.
… A tributação de título de renda fixa isentos é uma das propostas que deve estar na MP anunciada por Haddad, junto com o aumento de taxação sobre as bets, de 12% para 18%, e alíquotas mais elevadas para as Fintechs, igualando a CSLL às dos bancos.
… Haddad pensa também incluir na MP um projeto para a JCP que está na Câmara e ainda não foi votado. Para marcar posição.
MAIS AGENDA – Antes do IPCA (9h), duas prévias de inflação serão divulgadas hoje: a primeira quadrissemana de junho do IPC-Fipe (5h) e o primeiro decêndio do IGP-M (8h). Para o IPCA, a mediana das estimativas aponta para 0,34% em maio (de 0,43%).
… Às 10h, a ABCR divulga o fluxo em estradas pedagiadas no mês de maio.
… Às 10h, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, abre o Tech 2025 da Febraban, que deve render muito noticiário, já que contará com a participação de vários banqueiros, entre os quais, Milton Maluhy Filho (Itaú), Marcelo Noronha (Bradesco) e Mario Leão (Santander).
… O evento, no Transamerica Expo Center, é aberto à imprensa e será transmitido por YouTube.
… Às 13h30, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, participa de audiência pública na Comissão Especial sobre Inteligência Artificial e, às 14h, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, participa de audiência pública na Câmara.
… Às 16h, o secretário-executivo do BC, Rogerio Antonio Lucca, palestra sobre o Drex no Febraban Tech 2025.
LOS ANGELES – Em meio aos protestos violentos contra as políticas de imigração, Trump ordenou o envio para a cidade de 700 fuzileiros navais, em uma disputa de força particular com o governador da Califórnia, Gavin Newsom.
… A insistência do presidente norte-americano em assumir o comando da repressão às manifestações é vista como uma violação da Constituição pelo governo estadual, que entrou com processo contra Trump nesta 2ªF.
… “Esta é uma crise fabricada para permitir que ele [Trump] assuma o comando de uma milícia estadual”, disse o governador californiano, apontando o uso inconstitucional do poder executivo para usurpar a autoridade do estado.
JOGO DE CENA – Quando o mercado sacou que a MP da Fazenda não vai valer e que as medidas devem parar de vigorar ao fim da vigência de 120 dias, em outubro, dando tempo para Haddad negociar, o estresse baixou.
… O dólar caiu 0,14%, cotado a R$ 5,5619, depois de ter quase raspado em R$ 5,60 na máxima (R$ 5,5988).
… Junto com o câmbio, o DI aliviou prêmio de risco: Jan/26, a 14,850% (de 14,905% no pregão anterior); Jan/27, a 14,185% (de 14,290%); Jan/29, 13,635% (13,710%); Jan/31, 13,790% (13,830%); e Jan/33, 13,850% (13,870%).
… Ao Broadcast, o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, observou que, à medida que sai de cena a ajuda do IOF no efeito desacelerador da economia, aumenta a necessidade de o Copom subir o juro.
… Galípolo tem insistido que as opções estão todas em aberto para a reunião de política monetária da semana que vem, mas o investidor tem notado inclinação mais hawkish em muitos de seus comentários recentes.
… Na prática, o recuo no IOF aumenta a pressão para a Selic continuar subindo e alcançar 15%.
… O Ibov reproduziu até o fechamento dos negócios o incômodo com a proposta alternativa da Fazenda ao IOF, mas à tarde se afastou bastante da mínima do dia (134.119), embora tenha fechado abaixo dos 136 mil pontos.
… O índice à vista fechou em queda de 0,30%, a 135.699,38 pontos. O recuo foi limitado pela alta moderada de 0,59% da Vale, que fechou na máxima do dia (R$ 53,29), em direção contrária ao minério de ferro (-0,71%).
… Temendo pelo impacto na rentabilidade, os bancos não gostaram da história da alíquota da CSLL. Mas as ações têm espaço de recuperação, agora que o investidor se deu conta que nada deve sair do papel.
… Itaú PN registrou desvalorização de 0,52% (R$ 36,39), Bradesco PN perdeu 0,75% (R$ 15,84) e Bradesco ON, -0,65% (R$ 13,69). Já Santander unit (+0,07%; R$ 28,75) e BB ON (+0,09%; R$ 21,73) ficaram estáveis.
… Petrobras PN caiu 1,55% (R$ 29,17) e ON recuou 1,05% (R$ 31,24), na contramão do petróleo. Confiante no progresso das negociações comerciais entre EUA e China, o Brent para agosto subiu 0,86%, a US$ 65,29.
CLIMA DE SUSPENSE – Em NY, as bolsas exibiram fôlego reduzido, à espera da rodada de conversas em Londres.
… O Dow Jones ficou estável, a 42.761,76 pontos, assim como o S&P 500 (+0,09%), a 6.005,88 pontos. O Nasdaq subiu pouco, só 0,31%, em 19.591,24 pontos. Os desdobramentos entre Washington e Pequim serão decisivos.
… Dia morno também nos Treasuries, enquanto as conversas com os chineses se estendem. O juro da Note de 2 anos caiu a 4,009%, contra 4,038% na véspera, e o rendimento do título de 10 anos recuou a 4,486%, de 4,505%.
… O investidor assume alguma cautela antes do anúncio da inflação do CPI de maio, amanhã, depois de o último payroll forte ter animado uma briga nas apostas para o Fed em setembro, entre estabilidade e queda do juro.
… De olho no que sairá da mesa de negociações comerciais, o índice DXY cedeu 0,25%, a 98,939 pontos. O iene subiu para 144,56/US$, o euro avançou 0,27%, para US$ 1,1428, e a libra ganhou 0,23%, cotada a US$ 1,3560.
EM TEMPO… Conselho de Administração da EQUATORIAL aprovou proposta de aumento de capital social da companhia em R$ 12,56 milhões; assim, capital social da empresa passará a ser de R$ 12,63 bi…
… Serão emitidas 700.253 novas ações ON, com o total de papéis chegando a 1.254.548.088 de ações ON; preço de emissão dos novos papéis foi definido em R$ 17,94.
TOTVS. Controlada Dimensa fechou contrato de R$ 260 milhões para a aquisição da totalidade da plataforma do setor de seguros Agger.
AGROGALAXY reduziu em 38,8% o prejuízo líquido ajustado no 1Tri de 2025, para R$ 153 milhões, contra R$ 250 milhões no mesmo período de 2024…
… O Ebitda ajustado permaneceu negativo em R$ 58,8 milhões, mas apresentou melhora comparado aos R$ 70 milhões negativos de um ano antes.
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