Sessão de vetos no Congresso é nova ameaça

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[17/06/25]

… Confirmando as expectativas, o BoJ manteve hoje o juro japonês em 0,5%, na primeira das sete decisões de política monetária previstas para esta semana. Ainda ontem à noite, o petróleo voltava a subir, após Trump alertar à população para deixar Teerã, antecipando sua volta do Canadá. Na agenda dos EUA, são importantes as vendas no varejo e a produção industrial, embora os dados não devam mudar as expectativas de juro estável no Fomc de amanhã. Aqui, o IBC-Br acima do esperado em abril estimulou apostas em nova alta da Selic no Copom, que fecharam o dia precificadas em 60%. Na Câmara, o governo não conseguiu evitar a aprovação da urgência do PDL que pede a derrubada do IOF, mas ganhou tempo para a análise do mérito. Hoje, a preocupação é com a sessão de vetos do Congresso.

… A aprovação do requerimento de urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar o decreto que aumentou o IOF, ontem à noite, representou uma derrota fragorosa para o Planalto, marcando um placar de 346 votos contra 97.

… Havia a expectativa de a votação ocorrer de forma simbólica, mas a Câmara quis expor toda sua insatisfação com as medidas.

… A boa notícia é que os deputados não avançaram para o mérito, dando tempo ao Planalto para negociar com a liberação de emendas.

… Acordo costurado pelos ministros Rui Costa e Gleisi Hoffmann com os líderes da Câmara deu duas semanas ao governo, antes de levar o PDL à votação. O projeto só deve voltar a ser discutido após os festejos de São João e o Fórum Jurídico de Lisboa.

… No plenário, o presidente da Câmara disse que reforçou a Rui Costa e a Gleisi que o Congresso não vai aceitar alta de impostos, que não defende fazer o ajuste fiscal em cima dos mais pobres, mas também não quer punir “quem produz e gera emprego”.

… Motta também informou aos deputados que o governo se comprometeu a encaminhar um pacote de corte de gastos.

… Hoje, a apreensão é com a sessão do Congresso Nacional, a partir das 12h, que analisará vários vetos do presidente Lula.

… Reportagem do Valor citou as principais preocupações da equipe econômica, que incluem o BPC, reforma tributária, dívida dos Estados, eólicas offshore e até projetos sobre o vírus da Zika e Diabete Mellitus – todos representando alto custo para a União.

… O veto que trata do projeto que regulamenta a produção de energia eólica offshore está sendo monitorado de perto pelo seu impacto fiscal, que pode significar um gasto entre R$ 80 bilhões e R$ 120 bilhões para os cofres públicos nos próximos cinco anos.

… O PL foi vetado em três artigos que previam obrigatoriedade da contratação de usinas térmicas a gás natural com operação mínima de 70% do tempo, prolongamento de contratos de usinas a carvão mineral e aquisição de energia de pequenas centrais elétricas.

… Na lista de hoje, também consta um veto do presidente que exclui pessoas com deficiência leve como elegíveis para receber o BPC, que tem uma trajetória crescente, com 5,7 milhões de beneficiários, e custos que já ultrapassam até mesmo o Bolsa Família.

… Outro tema que causa preocupação são os vetos à pensão vitalícia às vítimas do vírus Zika, no valor de mais de R$ 7,7 mil mensais. Lula vetou ainda um projeto que inclui quem sofre de diabetes mellitus tipo 1 como pessoa com deficiência, portanto, elegível ao BPC.

… Para evitar mais perda de arrecadação, o governo monitora também os vetos do Propag para dispositivos que autorizavam os Estados a reduzirem parcelas de suas dívidas com a União utilizando gastos estratégicos, como obras que cabem ao governo federal.

… Sobre a reforma tributária, o presidente vetou 15 dos 544 artigos da lei que regulamenta o consumo, entre os quais, a isenção de fundos de investimento imobiliário, patrimoniais e do agronegócio de pagar os novos tributos CBS e IBS.

… Lula vetou ainda na reforma tributária, os trechos que incluíam na alíquota reduzida de 60% da CBS e do IBS os serviços de sistemas de segurança, seguro para dispositivos com dados pessoais furtados ou roubados e serviços de ressarcimento de transações bancárias.

CPMI – Na sessão do Congresso, o presidente David Alcolumbre poderá realizar hoje a leitura do requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará as fraudes no INSS – mais uma frente de desgaste ao governo Lula.

FRONT DE GUERRA – Apesar da escalada das tensões entre Israel e o Irã, o impacto nos mercados permaneceu limitado, nesta 2ªF.

… A expectativa de que o conflito venha a ser contido acomodou as reações. O humor do mercado melhorou após o Wall Street Journal informar que o Irã estaria buscando retomar negociações sobre o seu programa nuclear com a Casa Branca.

… A única condição dos aiatolás seria que os Estados Unidos não entrem na guerra.

… Mais tarde, o próprio Trump exaltou o Irã a se apressar nas negociações, “antes que seja tarde demais”, mas em um segundo alerta, ele pediu a todos para abandonarem Teerã, sinalizando que um novo ataque de Israel seria grave e iminente.

… Na sequência, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmava no X que o presidente iria embora da Cúpula do G7, após jantar com chefes de Estado, “devido ao que está acontecendo no Oriente Médio”.

… Segundo informações da Fox News, Trump solicitou que sua equipe do Conselho de Segurança Nacional o aguardasse na Sala de Crise da Casa Branca, onde ele chegará depois de interromper sua participação na Cúpula do G7 devido à situação no Oriente Médio.

… Em entrevista à emissora, o secretário de defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que Trump ainda busca um acordo nuclear com o Irã. “A posição do presidente sobre o objetivo de paz e não envolvimento dos EUA segue inalterada, mas todas as opções estão na mesa.”

… A agência Axios informou que a Casa Branca discute com o Irã a possibilidade de um encontro, ainda nesta semana, entre o enviado americano Steve Witkoff e o ministro do Exterior iraniano, Abbas Araghchi.

… O objetivo seria debater uma iniciativa diplomática sobre o acordo nuclear e o fim do conflito com Israel.

… Para a consultoria Capital Economics, as coisas podem piorar com “alguma disrupção na infraestrutura de exportação de energia”.

… Durante o pregão, quando tudo parecia melhor, impulsionado pelos ganhos em NY, o Ibov reaproximou-se dos 140 mil pontos, o dólar furou os R$ 5,50 e os juros futuros de longo prazo queimaram prêmios, com a menor aversão ao risco no exterior (leia abaixo).

EUA & REINO UNIDO –Ainda em Alberta (Canadá), em entrevista às margens da Cúpula do G7, o presidente Trump e o primeiro-ministro Keir Starmer anunciaram a conclusão do acordo que reduzirá as tarifas sobre produtos dos dois países.

… O compromisso preliminar, fechado em maio, cortou os impostos de importação dos EUA sobre carros, aço e alumínio do Reino Unido em troca de maior acesso ao mercado britânico para produtos americanos, incluindo carne bovina e etanol.

EUA & CANADÁ – Trump e o primeiro-ministro, Mark Carney, concordaram em trabalhar para buscar o fechamento de um acordo comercial entre os dois países em até 30 dias, segundo comunicado do governo canadense.

EUA & UE – Na Reuters, a União Europeia negou rumores de que estaria disposta a aceitar tarifa de 10%.

… Mais cedo, o jornal alemão Handelsblatt afirmou que negociadores de Bruxelas estariam preparados para aceitar essa tarifa fixa para evitar taxação ainda mais elevada sobre carros, medicamentos e eletrônicos europeus.

MAIS AGENDA – O IPC-Fipe semanal abre o dia (5h) e é o único indicador do calendário econômico no Brasil.

… O destaque é o leilão de bloco de petróleo da ANP, entre os quais o da Foz do Amazonas, no 5º Ciclo da Oferta Permanente (10h).

… O presidente Lula participa de reunião do G7, no Canadá, após Trump ter antecipado a viagem de volta aos Estados Unidos. Lula terá reuniões bilaterais com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, às 18h30.

LÁ FORA – Na Zona do Euro, o índice ZEW de sentimento econômico deve melhorar em junho (consenso de 35 no Trading Economics).

… Nos Estados Unidos, as vendas no varejo (9h30) devem recuar 0,7% em maio (após +0,1% em abril) e a produção industrial (10h15), que ficou estável em abril, tem previsão de leve expansão (+0,1%).

… Ainda nos EUA, saem estoques das empresas de abril (11h), com previsão de estabilidade (0,00%), após +0,1% em março.

PETRÓLEO – À primeira hora, a Agência Internacional de Energia (AIE) divulga o seu relatório mensal.

… Nesta 2ªF, relatório da Opep reafirmou sua previsão para o crescimento da demanda global pela commodity este ano em 1,3 milhão de barris por dia (bpd), com previsão de alta de 2,9% do PIB mundial (1,7% nos EUA, 4,6% na China e 1% na Zona do Euro).

… A Opep ainda ampliou sua projeção para a oferta de combustíveis líquidos do Brasil em 2025, esperando a alta de 200 mil barris por dia (bpd), para uma média de 4,4 milhões de bpd. No último relatório, a expectativa era de alta de 165 mil bpd.

TÁTICAS DE GUERRA – O mercado reverteu ontem o estresse com relatos de que o Irã queria retomar a negociação do acordo nuclear, desde que os EUA seguissem de fora do conflito e Israel concordasse com cessar-fogo imediato.

… O recuo estratégico intensificou o ritmo de queda do petróleo, que desde cedo já testava uma correção do salto de mais de 7% no pregão da última 6ªF. Devolvendo uma parte do rali, o Brent/agosto caiu 1,35%, a US$ 73,23.

… Embora a retórica agressiva de parte a parte continue em cena, a percepção ontem do investidor era de que o conflito não extrapolaria para a influência direta dos americanos, esvaziando o risco de escalar a nível crítico.

… Além disso, pelo menos até ontem, as instalações mais importantes do setor de energia estavam poupadas dos ataques e o fluxo de transporte de petróleo seguia normal no Estreito de Ormuz, aliviando a gravidade do ambiente.

… A permanecer um cenário de menores hostilidades e retaliações, não devem prosperar as especulações que correram semana passada nas mesas de negócios de que o barril do petróleo possa investir até a marca dos US$ 80.

… Mas o quadro é imprevisível e a volatilidade impera, haja vista a virada de humor na noite de ontem.

… Seja como for, com o petróleo precipitando alguma realização nesta 2ªF, também Petrobras parou de subir. Mas o ajuste em baixa foi considerado limitado, comparado à força exibida pelos papéis da estatal nos últimos dias.  

… O papel PN caiu 0,98% e fechou cotado a R$ 32,21, enquanto a ação ON perdeu 0,17% (R$ 34,92).

… O sinal negativo da Petrobras não comprometeu o otimismo do Ibov com o maior apetite global ao risco. Na máxima intraday, o índice à vista encostou nos 140 mil pontos (139.998). Fechou em +1,49%, a 139.255,91 pontos.

… Os papéis da Vale (ON, +3,26%, a R$ 53,83) foram embalados pelo rápido avanço das vendas no varejo na China em maio (+6,4%) e pela obtenção de licença prévia pela mineradora para o projeto de cobre Bacaba, no Pará.

… Ganhos firmes foram exibidos pelos bancos. Itaú registrou valorização de 1,82%, a R$ 36,83; Bradesco PN subiu 2,15%, a R$ 16,64; Bradesco ON emplacou alta de 1,84%, a R$ 14,37; e Santander unit avançou 0,97%, a R$ 30,09.

… Na esperança de retomada da rodada de negociações sobre o programa nuclear, o Dow Jones subiu 0,75%, aos 42.515,09 pontos; o S&P 500 ganhou 0,94%, a 6.033,11 pontos; e o Nasdaq avançou 1,52%, a 19.701,21 pontos.

… Sob menor apelo defensivo dos Treasuries, o juro da Note de 2 anos foi a 3,972%, contra 3,952% no fechamento do pregão na última 6ªF. O rendimento da Note de 10 anos registrou alta para 4,456%, de 4,409% na sessão anterior.

COPOM INCLINADO – Entre os traders, o placar das apostas ainda continua bem equilibrado, embora com precificação maior (60%) para um aperto adicional de 0,25pp no ciclo da Selic, contra 40% projetando uma pausa.  

… Ontem, o IBC-Br de abril (+0,20%) veio no dobro do esperado e estimulou posições mais hawkish para a política monetária. Depois do “PIB do BC”, a estimativa do mercado para o crescimento do Brasil este ano subiu levemente.

… A mediana para o PIB de 2025 em pesquisa Broadcast melhorou de 2,2% para 2,3%. Para o 2Tri, seguiu em 0,5%.

… A turbulência geopolítica no Oriente Médio é um fator que não estava no script e pode entrar para o debate do Copom, embora ainda seja muito prematuro avaliar o impacto do conflito em potenciais pressões inflacionárias.

… No boletim Focus, divulgado ontem, a novidade foi a desaceleração expressiva nas projeções de inflação para este ano (de 5,44% para 5,25%), embora as estimativas ainda continuem estourando o teto da meta do BC (4,5%).

… De olho na chance de que o Copom suba a Selic para 15% amanhã, a ponta curta do DI começou a semana exibindo viés de alta, enquanto os vencimentos longos acompanharam o alívio global do risco geopolítico.

… O DI para Jan/26 fechou na máxima do dia (14,880%), contra 14,837% no ajuste da sessão anterior; Jan/27 foi a 14,165% (de 14,161%); Jan/29 caiu a 13,465% (13,520%); Jan/31, 13,610% (13,666%); e Jan/33, 13,670% (13,743%).

… Ainda que o Copom faça a opção por deixar a Selic onde está, sem prosseguir com ciclo de aperto monetário para ancorar a inflação e enfrentar a dinâmica fiscal, o que se comenta é que o carry trade continuará bastante atraente.

… Ou seja, não é daí que promete vir qualquer risco maior para o mercado de câmbio. O dólar continuará sofrendo as influências mais diretas do exterior e dos desdobramentos políticos em torno da situação das contas públicas.  

… Pela primeira vez desde outubro, a moeda americana furou ontem os R$ 5,50. Fechou cotada a R$ 5,4855, em queda consistente de 1,03%, diante da suposta intenção do Irã de sentar à mesa para dialogar com os EUA.

… O fôlego de baixa do dólar aqui foi bem maior do que lá fora, onde o índice DXY caiu 0,19%, a 97,998 pontos. O euro (+0,09%, para US$ 1,1561), e a libra (+0,06%, a US$ 1,3582) fecharam estáveis e o iene caiu para 144,80/US$.

EM TEMPO… PETROBRAS assinou três primeiros contratos, no valor de R$ 4,9 bilhões, com a Consag Engenharia para conclusão da construção do Trem 2 da Rnest, em Pernambuco.

BRF optou por fazer abate preventivo de 74 mil aves em Goiás, no intuito de evitar a contaminação pelo vírus H5N1 da gripe aviária, após a confirmação de um caso da doença em Santo Antônio da Barra (GO) na semana passada…

… Empresa informou que os animais abatidos eram saudáveis e estavam em uma granja no município.

ITAÚSA aprovou a distribuição de R$ 650 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0591 por ação, com pagamento até 29/8.

ALPARGATAS. BlackRock atingiu participação de 4,84% na companhia, passando a deter 16.623.117 de ações PN; conforme dados mais recentes, gestora não detinha participação relevante na empresa.

DIRECIONAL. O conselho de administração aprovou a proposta de distribuição de dividendos intermediários de R$ 346,6 milhões, ao preço de R$ 2 por ação. As ações passam a ser negociadas ex a partir do próximo dia 30.

MOVIDA. A Moody´s atribuiu, pela primeira vez, o rating AA+.br à proposta da 22ª emissão de debêntures a ser emitida pela Movida Participações. A perspectiva é estável. “O rating reflete a nossa visão da qualidade de crédito.”

HAPVIDA. BlackRock reduziu participação na companhia de 5,14% para 4,929%, passando a deter 24.776.232 de ações ON.

TOTVS aprovou a distribuição de R$ 88 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,15 por ação, com pagamento em 7/7; ex em 24/6.

RAÍZEN. Fitch revisou perspectiva para nota de emissor da companhia de estável para negativa, diante do aumento da dívida da empresa e da redução de seu fluxo de caixa…

… Perspectiva para rating nacional foi mantida estável…

… IDR da Raízen e de suas dívidas de longo prazo e em moeda estrangeira e local foi mantido em BB, assim como o rating para as sênior notes com vencimento em 2027, 2034, 2035, 2037 e 2054…

… Agência também manteve o rating de longo prazo da empresa, das debêntures de 2ª e 3ª emissão e das debêntures sem garantia de 4ª e 5ª emissão da Raízen Energia em AAA(bra).

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Semana tem guerra, G7, superquarta, PDL e feriado


Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


[16/06/25]

… A produção industrial e as vendas no varejo da China, ontem à noite, são apenas os primeiros indicadores de uma semana cheia, apesar dos feriados de Corpus Christi e Juneteenth, que fecham os mercados aqui e em NY, na 5ªF. No cenário internacional, permanecem os riscos da política tarifária de Trump, adicionados agora à guerra entre Irã e Israel, que afeta diretamente o petróleo e pode impor pressões inflacionárias às vésperas da Superquarta, quando Fed e Copom decidem sobre juros. Outros BCs têm reuniões de política monetária nos próximos dias, incluindo BoJ, BoE, PBoC e BC turco. A expectativa é de manutenção da taxa por todos eles, à exceção do nosso BC, que ainda pode subir a Selic. Em paralelo, a crise do IOF permanece sem solução, com a ameaça da Câmara de votar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL).

… No sábado, Lula entrou pessoalmente nas negociações, reunindo-se no Palácio do Alvorada com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Haddad não participou.

… O presidente tentou evitar que a Câmara aprove hoje, como está programado, a urgência para um PDL que visa derrubar as medidas que aumentaram o IOF para garantir a arrecadação e o cumprimento do arcabouço fiscal e da meta primária de 2025.

… Como moeda de troca, o Planalto ainda tem a liberação de emendas que estão atrasadas, mas os líderes da Casa estão decididos a não deixar passar as novas propostas apresentadas pela Fazenda, jogando as contas públicas num grande impasse.

… Segundo o Valor, no encontro, Motta transmitiu a Lula a queixa dos parlamentares sobre a demora na execução das emendas, quando Gleisi prometeu que o governo faria o empenho e pagaria uma parte do valor de forma imediata.

… Com a semana mais curta por causa do feriado de Corpus Christi, a votação da urgência deve ocorrer nesta 2ªF, sem tempo para que o governo possa ampliar o diálogo com a Câmara e os líderes partidários. A expectativa é de derrota para o Planalto.

… O melhor que pode acontecer (ou o menos pior) é que a votação se encerre hoje com o requerimento de urgência, sem avançar para o mérito, que anularia o decreto. Mas o placar refletirá o tamanho da base aliada nesse momento de tensão política.

… Na semana passada, a aliança União-Progressistas, que tem 109 deputados e controla quatro ministérios, anunciou que rejeitará a MP de aumento de impostos – LCI, LCA, JCP, Bets – e também votará contra o novo decreto do IOF.

… Nesse cenário de incertezas, o Copom se reúne sem uma referência consistente para a política fiscal, o que pode justificar, senão um ajuste adicional da taxa básica de juro, para 15%, ao menos a manutenção da mensagem de cautela que Galípolo vem adotando.

… Pesquisa do Broadcast com 48 instituições do mercado mostrou o mercado dividido sobre a reunião desta semana: enquanto 27 casas ainda esperam estabilidade da Selic em 14,75% ao ano, 21 apostam em uma alta residual de 25 pontos-base.

… Economistas mais conservadores argumentam que a inflação, principalmente de serviços e serviços subjacentes, continua rodando em patamares elevados. Já os mais otimistas destacam que os efeitos defasados da política monetária ainda devem aparecer.

… Os demais indicadores divulgados recentemente oferecem argumentos para as duas correntes.

… De um lado, o PIB mais fraco no 1Tri, composição mais benigna do IPCA de maio e a perda de força na indústria e no varejo em abril. De outro, o mercado de trabalho ainda forte e o aumento da renda, com estímulos como o FGTS e o crédito consignado.

… Hoje, sustentado pelo emprego e setor agropecuário, o IBC-Br de abril, a prévia do PIB/2Tri, deve avançar 0,1%, desaceleração após a alta de 0,8% em março. As estimativas variam de um recuo de 0,4% a uma alta de 0,4%. O dado será divulgado às 9h.

… Nos EUA, o Fomc deve manter o juro na 4ªF no intervalo entre 4,25% e 4,50%. A expectativa fica para as novas projeções econômicas do Fed e para a entrevista de Powell, que poderá confirmar as apostas do investidor em dois ou três cortes do juro neste ano.

… Na madrugada de 2ªF para 3ªF, o Banco do Japão (BoJ) deve manter o juro em 0,50%, e, na 5ªF, o Banco da Inglaterra (BoE) deve deixar a taxa em 4,25% e o BC turco, em 44,5%. À noite, será a vez da taxa de juros da China, que também tem expectativa de manutenção.

TARIFAS E GUERRA NO G7 – Em meio a elevadas tensões com a escalada do conflito entre Israel e Irã e ameaças de uma guerra comercial global, começou neste domingo, no Canadá, a cúpula dos Sete Países mais ricos do mundo, que terá as presenças de Trump e Lula.

… O presidente brasileiro deve chegar hoje à noite em Kananaskis, Alberta, para participar do encontro, que vai até amanhã (3ªF), ao lado de Austrália, Ucrânia, Coreia do Sul, México e da Índia – também convidados para o G7 neste ano.

… Junto com a crise das tarifas, a renovada tensão no Oriente Médio deve pautar a reunião, com os membros do G7 tentando persuadir Trump a encerrar a guerra. O presidente dos EUA é o único líder com real influência sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

… O fim de semana foi de intensos e ininterruptos ataques de ambos os lados, entre Israel e o Irã, com duas preocupações mais imediatas na evolução do conflito: que os iranianos fechem o Estreito de Ormuz e que os EUA entrem na guerra.

… Com a escalada dos conflitos, os contratos de petróleo abriram a semana com alta superior a 4%, mas no final da noite de ontem desaceleravam a alta para 1%.

… Israel solicitou ao governo americano que se juntasse à guerra contra o Irã para eliminar o programa nuclear de Teerã, e neste domingo, o presidente Trump não descartou a possibilidade. “Não estamos envolvidos, mas é possível que possamos nos envolver”.

… Ao mesmo tempo, o presidente disse a repórteres na Casa Branca que há “grande chance” de um acordo entre Irã e Israel. Sobre tarifas, Trump afirmou que a expectativa é de que acordos comerciais sejam feitos na Cúpula do G7.

… Faltando menos de um mês para o fim da trégua de 90 dias das tarifas “recíprocas” de Washington, esse será um tema dominante.


… Há expectativa de avanço nos acordos entre os EUA e países como Japão e Canadá durante a cúpula. Até o momento, os americanos só fecharam acordo com o Reino Unido e progrediram em tratativas preliminares com a China.

… A União Europeia também participa das reuniões em Alberta, embora não seja membro oficial.

… Em postagem no X no sábado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que teve uma boa conversa com Trump sobre os conflitos no Oriente Médio, na Europa Oriental e as negociações comerciais.

… “Fizemos um balanço das negociações comerciais e reiterei nosso compromisso de chegar a um bom acordo antes de 9 de julho.”

MAIS AGENDA – Antes do IBC-Br (9h), será divulgado o IGP-10 de junho (8h00) e, na sequência, o Boletim Focus (8h25), com a atualização das projeções do mercado para o IPCA deste ano e dos próximos, PIB, Selic e câmbio.

… Para o IGP-10, as projeções são de forte recuo, de 0,92%, em junho (segundo mediana do Broadcast), após a queda de 0,01% em maio. As estimativas são todas de queda, entre -1,15% e -0,44%, com maior deflação dos itens agropecuários.

NO CONGRESSO – A expectativa é de uma semana esvaziada, em razão dos festejos juninos no Norte e Nordeste e das férias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O que tiver que acontecer, como a votação da urgência do PDL, será hoje.

… Antes de sair em férias, Fernando Haddad participou de encontro realizado pelo grupo Prerrogativas, na 6ªF à noite, quando dissociou a questão fiscal do desempenho do governo nas eleições de 2026.

… “Não acho que será o tamanho do déficit que vai determinar a eleição. Se a economia estiver bem, a chance de êxito na eleição será maior”, disse o ministro, acrescentando que o presidente Lula tem orgulho do arcabouço fiscal.

… O mercado gostou da sinalização de apoio de Bolsonaro a Tarcísio, que tem a menor rejeição (15%) no Datafolha.

… Ainda amanhã (3ªF), o presidente do Senado, David Alcolumbre, pode ler o requerimento de criação da CPMI que investigará as fraudes no INSS – um evento que abrirá mais uma frente de desgaste para o governo Lula.

LÁ FORA – Além das seis reuniões de política monetária, são destaques entre os indicadores esta semana as vendas no varejo e produção industrial nos EUA em maio, amanhã, além do índice ZEW na Alemanha, também nesta 3ªF, e da inflação na Zona do Euro (4ªF).

… Ainda nos Estados Unidos, será divulgado hoje (9h30) o índice de atividade industrial Empire State de junho do Fed/NY, com a previsão de melhorar a queda para -5,5 (-9,2 em maio). Já o petróleo espera pelo relatório mensal da Opep, à primeira hora do dia.

CHINA HOJE –A produção industrial desacelerou de 6,1% em abril para 5,8% em maio (base anual), levemente abaixo da expectativa de 5,9% e marcando o crescimento mais lento desde novembro do ano passado.

… Já o fôlego das vendas no varejo surpreendeu. O indicador subiu de 5,1% em abril para 6,4% em maio, bem acima da previsão de 4,3%. Foi o avanço mais rápido registrado pelo indicador desde dezembro de 2023.

EFEITOS COLATERAIS – Analistas já se dedicam a precificar o impacto para o Brasil do conflito deflagrado no Oriente Médio, caso a crise escale para um patamar ainda mais perigoso, com o envolvimento direto dos EUA.

… No salto de nervosismo da 6ªF, o petróleo Brent disparou 7,02%, para US$ 74,23. No Broadcast, profissionais alertam que, se o barril chegar a US$ 80, pode precipitar reajustes nos combustíveis e bater na inflação.

… “A Petrobras consegue segurar os preços até uns 15% de paridade. Se [o petróleo] chegar em US$ 80, a paridade deve alcançar 25% e haverá repasse de custos ao consumidor”, calcula Hugo Queiroz (da L4 Capital).

… A torcida é para os ataques seguirem restritos a Israel e ao Irã, sem a entrada dos EUA (de um lado) e Rússia e a China (do outro), porque neste caso os riscos cresceriam em proporções geométricas. Todo cuidado é pouco.

… No final de semana, o governo iraniano relatou que Israel atacou depósitos de petróleo em Teerã.

… Os bombardeios não atingiram o coração da infraestrutura petrolífera, mas o mercado teme que, em retaliação à pressão ocidental, o Irã ameace fechar o Estreito de Ormuz, ponto de passagem crucial do petróleo.

… Por lá, é transportado mais de um terço de todo o suprimento mundial da commodity.

… O ambiente turbulento abre espaço para o barril bater níveis especulativos, descolados dos fundamentos, neste momento em que os grandes produtores turbinam a oferta, apesar da economia global desaquecida.

… Especificamente para a Petrobras, além do rali do petróleo, as ações também vêm reagindo à possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, mencionada por Haddad como medida alternativa à alta do IOF.

… Desde 4ªF passada, os papéis da Petrobras vêm operando com força total e ganharam gás extra na 6ªF (PN, +2,46%, a R$ 32,53; e ON, +2,13%, a R$ 34,98) com o risco de um conflito mais amplo no Oriente Médio.

… Os ganhos expressivos da estatal ajudaram a amortecer o impacto sobre o Ibovespa da maior investida do Iraque sobre a República Islâmica desde a década de 1980. A bolsa aqui caiu bem menos do que lá fora.

… Fechou em queda de 0,43%, aos 137.213 pontos, enquanto NY acusou o baque com maior intensidade.

… O Dow Jones caiu 1,79%, aos 42.197,79 pontos; o S&P 500 recuou 1,13%, aos 5.976,96 pontos; e o Nasdaq fechou em queda de 1,30%, a 19.406,83 pontos. Termômetro do medo, o índice VIX saltou 18%, a 21,3 pontos.

… Aqui, Vale perdeu 1,33% (R$ 52,13), pior do que o minério (-0,14%). Sinal vermelho também entre a maioria dos bancos: Itaú PN, -1,2%, a R$ 36,17; Bradesco ON, -1,19%, a R$ 14,11; e Bradesco PN, -1,15%, a R$ 16,29.

… Santander (unit, -0,36%, a R$ 29,80) teve as perdas atenuadas pela decisão do BofA de elevar o preço-alvo do papel de R$ 28 para R$ 33 e manter a recomendação neutra. Exceção do setor financeiro, BB ON subiu 0,79%.

… Em sua estreia na Nyse, os ADRs da JBS fecharam em alta firme de 1,61%, Para o Citi, a chegada do papel à bolsa de NY representa um “ponto de inflexão” na estratégia de acesso da companhia a mercados mais líquidos.

… Juntando o pregão de ações na Nyse e os BDRs em SP, as ações da empresa movimentaram US$ 285 milhões no último pregão. O valor corresponde a 4,5 vezes a média do volume da companhia nos últimos 12 meses na B3.

O INESPERADO ACONTECE – Faltando muito pouco para as reuniões do Fed e do BC, a súbita explosão do petróleo para perto dos US$ 75 lança especulações sobre a eventual influência da commodity sobre o balanço de riscos.

… O ING alerta que um agravamento do conflito entre Irã e Israel pode reduzir claramente as chances de o Fed cortar os juros no 3Tri – poucos dias atrás, o mercado precificava três cortes (setembro, outubro e dezembro).

… Para o Copom, de última hora, o petróleo mais caro pode eventualmente adicionar fator de conservadorismo à inclinação hawkish que boa parte dos investidores já vinha identificando nos últimos discursos de Galípolo. 

… Mas o desfecho para a Selic na 4ªF é um mistério, com os economistas divididos entre pausa e alta para 15%.

… Na 6ªF, o BTG Pactual revisou a sua estimativa para cima e agora espera alta do juro (0,25pp) pela última vez no ciclo. O banco reconhece que há argumentos consistentes tanto para a elevação quanto para manutenção.


… “No entanto, avaliamos que o Copom deve aproveitar o momento para reforçar o compromisso com a convergência da inflação à meta e fortalecer a credibilidade da política monetária, realizando ajuste residual.”

… No suspense do que virá, a curva do DI recuou, apesar do clima de tensão no exterior com Israel e o Irã.

… No fechamento, o contrato de juro para Jan/26 caía a 14,840% (contra 14,863% no ajuste anterior); Jan/27, a 14,170% (de 14,215%); Jan/29, a 13,535% (13,557%); Jan/31, 13,680% (13,708%); e Jan/33, 13,740% (13,771%).

… Os vencimentos operaram imunes à pressão das taxas dos Treasuries, que foram impulsionadas pelo petróleo e pela surpresa positiva com o sentimento do consumidor americano, medido pela Universidade de Michigan.

… O dado teve a primeira melhora em seis meses: 52,2 (maio) para 60,5 (junho), superando o consenso de 53.

… O juro da Note-2 anos subiu a 3,952% (de 3,903%) e o de 10 anos, a 4,409% (de 4,354%). Mas é cedo para saber se o Fed mudará o plano de cortes do juro. Está nas mãos de Trump (tarifas) e agora também da guerra.

… Por enquanto, sem qualquer dano mais significativo à infraestrutura de energia do Irã ou bloqueio no trânsito do Estreito de Ormuz, a consultoria Capital Economics acredita que a escalada do petróleo não será duradoura.

… Do mesmo modo, avalia, o dólar deve continuar próximo do pior nível em mais de três anos, apesar de ter operado em alta na 6ªF, diante do cenário de aversão a risco com o conflito desencadeado no Oriente Médio.

… Buscas defensivas levaram o índice DXY a subir de leve (+0,27%), a 98,184 pontos, derrubando o iene (143,90/US$), o euro (-0,40%, para US$ 1,1546) e a libra esterlina, que perdeu 0,39%, cotada a US$ 1,3565.

… Aqui, o real resistiu estável contra o dólar (-0,02%, a R$ 5,5417). Operadores atribuíram o comportamento mais forte à alta do petróleo, que beneficiou também moedas de outros países produtores da commodity.


EM TEMPO Tanure contratou banco de investimento internacional Rothschild para assessorá-lo em proposta que deve levar meses para ser formalizada para aquisição de fatia da Novonor na BRASKEM, apurou o Broadcast.

JBS aprovou a distribuição de R$ 2,2 bilhões em dividendos, o equivalente a R$ 1,00 por ação ON, com pagamento em 17/6.

MINERVA anunciou que a controlada Athn Foods celebrou contrato de venda da uruguaia Establecimientos Colonia para a Allana Magellan, por US$ 48 milhões.

MULTIPLAN pagará R$ 135 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2336 por ação, aprovados em junho de 2024, no próximo dia 20/6; ex a partir de 27/6/24.

EZTEC anunciou lançamento do empreendimento Moved Osasco Residence, com VGV de R$ 218 mi.

INVEPAR confirmou acordo com prefeitura do RJ para manter vigência da concessão da Linha Amarela (Lamsa) até o fim do prazo contratual estabelecido no 11º Termo Aditivo, ou seja, em 2037.

ENERGISA. Opportunity HDF alcançou participação de 3,93%, passando a administrar 17.984.553 de ações ON e 71.938.215 de ações PN; gestora não aparece como acionista no formulário de referência mais recente.

AMERICANAS informou ter firmado termo de transação individual com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) com objetivo de equacionar a totalidade dos débitos fiscais junto ao órgão…

… Valor total dos débitos incluídos no acordo é de R$ 865 milhões, sendo aplicado um desconto de 100% dos juros e multas, limitado a 70% do valor consolidado do débito; somados, os descontos totalizam mais de R$ 500 milhões.

EMBRAER. Subsidiária Eve Air Mobility (Eve), listada na Nyse, assinou um acordo vinculativo com a Revo, operadora de mobilidade aérea urbana (UAM) sediada em São Paulo, e sua controladora, a Omni Helicopters International…

… O contrato de US$ 250 mi (equivalente a R$ 1,35 bi) envolve a compra de até 50 aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL), os chamados carros voadores. A primeira entrega está prevista para o 4Tri de 2027.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

BDM: Semana tem guerra, G7, Superquarta, PDL e feriado

São Paulo, 16/06 – A produção industrial e as vendas no varejo da China, ontem à noite, são apenas os primeiros indicadores de uma semana cheia, apesar dos feriados de Corpus Christi e Juneteenth, que fecham os mercados aqui e em NY, na 5ªF. No cenário internacional, permanecem os riscos da política tarifária de Trump, adicionados agora à guerra entre Irã e Israel, que afeta diretamente o petróleo e pode impor pressões inflacionárias às vésperas da Superquarta, quando Fed e Copom decidem sobre juros. Outros BCs têm reuniões de política monetária nos próximos dias, incluindo BoJ, BoE, PBoC e BC turco. A expectativa é de manutenção da taxa por todos eles, à exceção do nosso BC, que ainda pode subir a Selic. Em paralelo, a crise do IOF permanece sem solução, com a ameaça da Câmara de votar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL).

A coluna Bom Dia Mercado, elaborada pela jornalista Rosa Riscala, pode ser acessada como conteúdo adicional pelos usuários do Valor PRO, a partir das 6h. Solicite uma demonstração ligando para 0800 003 1232.

A coluna Bom Dia Mercado, elaborada pela jornalista Rosa Riscala, está disponível aos usuários do Broadcast a partir das 6h, de 2ªF a 6ªF. Mais informações sobre o acesso ao serviço pelo telefone: 0800 016 1313.

Risco geopolítico domina negócios globais

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[13/06/25]

… O petróleo saltava quasse 10% e os futuros de NY registravam fortes perdas, ontem à noite, após Israel ter lançado ataques em grande escala a instalações nucleares do Irã. Netanyahu disse que as operações continuarão por quantos dias forem necessários. Fontes do governo israelense dizem que esse não é um ataque de um dia só. Investidores corriam para o dólar, iene, Treasuries americanos e títulos do Japão. Comunicado da Casa Branca informou que os EUA não estão envolvidos. Os riscos geopolíticos devem dominar o ambiente dos negócios globais. Na agenda dos indicadores, sai a preliminar de junho do sentimento do consumidor americano de Michigan e, aqui, o volume de serviços, em meio à crise entre governo e Congresso, no confronto aberto.

… Em mais um susto para o Planalto, Hugo Motta foi ao X no final da manhã, após a reunião de líderes, para anunciar a decisão de pautar na 2ªF a urgência de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar o novo pacote do IOF da Fazenda.

… “Conforme tenho dito nos últimos dias, o clima na Câmara não é favorável para o aumento de imposto com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais.” A notícia causou espanto, já que as novas medidas haviam sido combinadas com Haddad.

… Causou espanto e causou confusão também, porque se o Congresso derruba o novo decreto do IOF, publicado na noite de 4ªF, passaria a valer o primeiro decreto, que começou essa briga. Agora, estão vendo um jeito de derrubar os dois decretos de uma vez só.

… O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, está cuidando da logística, afirmando que “pagadores de impostos não podem continuar sendo surrupiados por esse governo irresponsável que não quer conter gastos.” Motta voltou a ceder às pressões.

… Horas antes, Haddad reforçava aos jornalistas que está disponível para discutir com o Congresso as medidas alternativas ao IOF. “Estou 100% disponível para visitar os presidentes [das Casas], os líderes, as bancadas. Quantas horas precisar.”

… O ministro defendeu as medidas do IOF por terem a vantagem de entrar em vigor imediatamente, o que representaria uma salvaguarda das contas públicas. “Óbvio que o IOF tem dimensão regulatória, mas ela tem uma arrecadação importante.”

… Ele considera natural algum tipo de reação negativa, seja de setores, de parlamentares da oposição, afirmando que os lobbies são mais rápidos e atuam com muita força, mas ainda acreditava que, com diálogo, ganharia apoio. Até do agro e da construção civil.

… Rebatendo as críticas à tributação de 5% para LCAs e LCIs, disse que “o agro nunca cresceu tanto como agora, nós vamos para o terceiro plano safra de crescimento”, e que “metade da construção civil é Minha Casa, Minha Vida, que tinha acabado no governo anterior”.

… O ministro citou novas fontes para complementar as receitas com as medidas do atual decreto do IOF e MP, que devem ficar em torno de R$ 10 bilhões este ano, como dividendos extraordinários das estatais, e a venda de petróleo de áreas do pré-sal não contratadas.

… E ainda manifestou a esperança de que as isenções tributárias, estimadas em R$ 800 bilhões, possam ser reduzidas em até 10%.

… Haddad insiste que as medidas da MP não representam aumento de impostos, mas “correção de distorções”, e que, em relação ao setor financeiro, o que está sendo feito é uma equalização da tributação. Mas já era tarde demais para bater na mesma tecla.

… Brasília pegava fogo e, em Mariana (MG), o presidente Lula reconheceu em discurso um “clima muito ruim” na Câmara.

… Respondendo às críticas de que seu governo não faz cortes de gastos, Lula disse que não foi eleito para “fazer benefícios para os ricos”, que “recebem R$ 860 bilhões em isenções fiscais e o Brasil vive uma sina desgraçada de que pobre tem que nascer e morrer pobre”.

… Em Fórum da Fiesp, o presidente Josué Gomes da Silva resumiu o quadro que parece sem saída…

… “Todos entendemos que as contas públicas não podem permanecer como estão, há o consenso do que fazer, mas não há consenso do como fazer. Cada um de nós quer que o ajuste das contas públicas seja feito no vizinho. Ninguém abre mão de nada.”

… O pior desfecho nesse cenário seria uma mudança da meta fiscal, que já começa a ser considerada no mercado.

MUITO POUQUINHO – Estudo da XP aponta que os cortes de gastos propostos na MP, como perícia médica online no INSS, a inclusão do Pé-de-Meia no piso da Educação e o controle no acesso ao Seguro Defeso devem render apenas R$ 2 bilhões em 2025.

… Para 2026, a economia com esses primeiros itens indicados pela Fazenda poderiam ser de R$ 4,8 bilhões.

SACO SEM FUNDO – Ninguém abre mão de nada e, sempre que dá, querem um pouco mais, como a mais nova pressão de parlamentares que decidiram atrelar a isenção do IR ao maior número de deputados na Câmara e à recuperação de verbas do orçamento secreto.

… A Comissão Mista de Orçamento aprovou, nesta 5ªF, um projeto que abre caminho para a aprovação da isenção do IR até R$ 5 mil, mas sem a compensação que deve taxar os mais ricos – conforme proposta do governo – e com os dois “jabutis” incluídos.

… A ideia é que o governo estime no Orçamento de 2025 e nos Orçamentos dos anos seguintes o impacto da criação das novas vagas dos deputados, elevadas de 513 para 531, com um custo de receita de R$ 64,8 milhões ao ano.

… A CMO também alterou o projeto para recuperar R$ 2 bilhões em verbas do orçamento secreto, autorizando que obras com problemas técnicos, como falta de licitação e licenciamento ambiental, e municípios inadimplentes com a União, recebam esse dinheiro.

… Além disso, serão contempladas outras emendas direcionadas por deputados e senadores para seus redutos eleitorais.

LESADOS DO INSS – Governo pediu ao STF autorização para abrir crédito extraordinário para pagar indenizações às vítimas de descontos indevidos do INSS, solicitando que o valor não seja incluído nos limites de gastos nos anos de 2025 e 2026.

MAIS AGENDA – Pesquisa Broadcast aponta alta de 0,2% para o volume de serviços prestados em abril, na mediana das estimativas, após crescimento de 0,3% em março. As estimativas variam de recuo de 1,0% a expansão de 0,8%. O dado será divulgado às 9h.

… Confirmadas as expectativas, este será o terceiro mês consecutivo de expansão, na esteira da recuperação da confiança do consumidor, do mercado de trabalho aquecido e de medidas pontuais de estímulo, como a liberação do FGTS e do crédito consignado privado.

… Nesta 5ªF, a Pesquisa Mensal de Comércio trouxe uma queda nas vendas do varejo ampliado (-1,9%) em abril maior do que a mediana das estimativas (-1,4%). Mas o indicador não foi suficiente para reforçar as apostas em manutenção da Selic.

… Pesquisa da Agência Estado apurou que o mercado está dividido para o Copom da próxima semana, com 27 Casas esperando que o BC mantenha o juro estável em 14,75%, enquanto 21 instituições acreditam em um último ajuste de 25pbs, para 15% (abaixo).

… Nos EUA, a preliminar de junho do sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan sai às 11h, com previsão de que tenha melhorado para 53,5 (de 52,2 em maio). Junto saem também as expectativas inflacionárias para um ano e cinco anos.

… Às 14h, a Baker Hughes informa o número de poços e plataformas de petróleo em operação nos Estados Unidos.

… Na Zona do Euro, dados da balança comercial e da produção industrial abrem o dia (6h), ambas referentes a abril.

GOLPE PELAS COSTAS – A sabotagem de Motta, com a promessa de colocar o decreto do IOF em pauta, quando tudo o que Haddad precisava era de um tempo para negociar alternativas, levou o câmbio para a defensiva.

… Diante do clima pesado em Brasília, o dólar aqui desperdiçou a chance de embarcar na queda firme da moeda americana lá fora, desencadeada pela inflação fraca nos EUA, que projeta até três cortes de juro pelo Fed.

… A virada do dólar no mercado doméstico para alta coincidiu com o momento da postagem do presidente da Câmara, avisando que vai jogar para votação o projeto de decreto legislativo que derruba o aumento do IOF.

… Depois de ter tocado mínima de R$ 5,525 mais cedo, a divisa americana zerou a queda e passou raspando em R$ 5,56 na máxima do dia (R$ 5,5591), antes de fechar perto da estabilidade (+0,07%), cotada a R$ 5,5421.

… Há dificuldade do dólar para furar o piso informal de R$ 5,50, mesmo com o carry trade favorável ao Brasil, por conta da confusão gerada pelas mudanças no IOF, resumiu Eduardo Velho (da Equador) ao Broadcast.

… Em meio aos ruídos domésticos, só restou ao real passar o dia olhando de longe o índice DXY afundar 0,71% em NY e furar a linha dos 98 pontos (97,927), no menor patamar em três anos, de olho na pressão dovish sobre Powell.

… Um dia depois de os preços ao consumidor americano (CPI) terem vindo comportados, o PPI confirmou que está tudo sob controle. A alta de 0,1% da inflação ao produtor em maio contra abril veio abaixo do esperado (0,2%).

… O indicador reforçou a percepção de que a política protecionista dos EUA ainda não atingiu em cheio os custos.

… Mas Trump, que nunca se cansa de aprontar, já veio ontem com o papo de que as tarifas sobre automóveis importados, hoje em 25%, podem subir em breve, em mais uma das ameaças para embolar a guerra comercial.

… O republicano informou ainda que pretende mandar cartas nas próximas duas semanas para os parceiros comerciais dos EUA definindo tarifas unilaterais antes do prazo final de 9 de julho e que é “pegar ou largar”.

… Em entrevista à CNBC, aproveitou também para xingar Powell de “idiota” e insinuar que “talvez eu seja obrigado a tentar alguma coisa” para forçar o Fed a reduzir as taxas de juros, embora tenha descartado demitir Powell.

… O mercado anda tão convencido que a inflação não é obstáculo do Fed, que já se animou a projetar ontem não apenas dois, mas três desapertos monetários, incluindo outubro no cronograma que já previa setembro e dezembro.

… Beneficiado em duas frentes, pela fraqueza do dólar com o Fed mobilizado para cortar o juro no 3Tri e pela sinalização do BCE de que está chegando ao fim de seu ciclo de cortes, o euro subiu 0,79%, para US$ 1,1578.

… Nas máximas, escalou ao pico em quatro anos. A libra ganhou 0,43%, a US$ 1,3602. O iene foi a 143,56/US$.

ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ FOGO – Em um rali impressionante, Petrobras vem exibindo altas expressivas há três pregões e hoje pode completar o seu quarto dia de ganhos, se depender da explosão do petróleo com Israel-Irã.

… Desde 3ªF, vinham rolando rumores no mercado, confirmados ontem por Haddad, sobre uma possível pressão do governo Lula para a distribuição de dividendos extraordinários pelas estatais, nos esforços para mirar a meta fiscal.

… Ao chegar ontem à Fazenda, Haddad mencionou as medidas em estudo para cobrir o rombo das contas públicas.

… Além dos dividendos extraordinários, citou o projeto de lei que autoriza a venda de petróleo de áreas do pré-sal não contratadas adjacentes aos campos de Mero, Atapu e Tupi, enviado no final do mês passado para o Congresso.

… As ações ON da Petrobras subiram 2,76% (R$ 34,25), entre os maiores ganhos do dia, assim como as PN (+2,25%; R$ 31,75), ajudando a embalar o Ibovespa e ofuscar o impacto da investida da Câmara ao decreto do IOF.

… Perto dos 138 mil pontos, o índice à vista da bolsa doméstica subiu 0,49% e fechou aos 137.799,74 pontos, com giro de R$ 28,6 bilhões, acima das médias recentes. Além da Petrobras, os bancos também colaboraram ontem.

… Bradesco liderou o setor, com +1,42% (ON, a R$ 14,28) e +0,98% (PN, a R$ 16,48). Itaú PN subiu 0,77%, para R$ 36,61, e BB ON ficou praticamente estável (+0,09%), a R$ 21,42. Na mão contrária, Santander caiu 0,86% (R$ 29,91).

… Vale perdeu 0,66% (R$ 52,83), seguindo o minério de ferro na China, em leve queda de 0,21%. De seu lado, o petróleo Brent acionou realização de lucro, depois do salto de 4% na véspera, e caiu 0,59%, a US$ 69,36 por barril.

… Mas hoje já é outro dia, com o bombardeio em larga escala lançado por Netanyahu às bases nucleares do Irã.

O RACHA DO COPOM – O duelo das apostas, entre pausa e nova alta de 0,25pp da Selic na semana que vem, continua rolando solto, projetando um resultado imprevisível para a reunião de política monetária da próxima 4ªF.

… De última hora, o Santander mudou ontem o seu call, de manutenção para um aperto adicional. Segundo o banco, embora a inflação venha surpreendendo para baixo, a atividade segue forte, particularmente o mercado de trabalho.

… “Nesse contexto, o BC pareceu desconfortável com o mercado precificando uma certeza de não aumento [do juro] e ativamente direcionou as expectativas para um aperto”, escreveu o economista Marco Antonio Caruso.

… O profissional faz parte da corrente do mercado que leu os últimos comentários de Galípolo pelo viés hawkish.

… A curva do DI operou sob volatilidade ontem, diante da proximidade do Copom e do barulho do IOF, mas os contratos futuros dos juros acabaram fechando perto dos ajustes, devolvendo a pressão observada pela manhã.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,845% (contra 14,890% no pregão anterior); Jan/27, 14,185% (de 14,235%); Jan/29, 13,535% (de 13,570%); Jan/31, 13,690% (de 13,700%); e Jan/33, 13,740% (13,760%).

… Lá fora, as taxas dos Treasuries caíram com a inflação sem sustos do PPI e as novas ameaças tarifárias de Trump, que mantiveram posições defensivas nos títulos do Tesouro, como deve acontecer hoje com o ataque de Israel/Irã.

… O retorno da Note de 2 anos recuou a 3,903%, de 3,942% na véspera, e o de 10 anos, a 4,354%, contra 4,415%.

… Com Trump botando as garras de fora novamente, as bolsas em NY subirem pouco, mas não deixaram de expressar o alívio com o esvaziamento das pressões inflacionárias, que pode contratar ciclo maior de queda do juro.

… O Dow Jones subiu 0,24%, a 42.967,62 pontos; o S&P 500 ganhou 0,38%, a 6.045,25 pontos; e o Nasdaq, +0,24%, para 19.662,48 pontos. Boeing despencou 4,79% com o acidente na Índia que deixou um único sobrevivente.

EM TEMPO… Na Folha, a JBS e seu braço portuário, a JBS Terminais, avaliam colocar de pé o plano para leilão de concessão do novo megaterminal no porto de Santos, o Tecon 10, que deve ocorrer até o final de 2025.

TELEFÔNICA aprovou a distribuição do valor líquido de R$ 170 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0524 por ação, com pagamento até 30/4/26; ex em 24/6.

BANCO MASTER. O BRB entregou ao BC essa semana a documentação completa sobre o escopo da compra da instituição, apurou a Broadcast. Com isso, o prazo de 360 dias para análise da operação começou a correr.

MRV informou que fará a 29ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, no valor de até R$ 750 milhões…

… Ainda segundo a empresa, o Conselho de Administração autorizou a recompra de até 6.082.426 de ações ON da companhia; plano de recompra terá vigência até 12/12/26.

NEOENERGIA aprovou a distribuição de R$ 264 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2174 por ação ON, com pagamento em dezembro; ex em 18/6.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

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AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.