Semana tem agenda forte em NY

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[28/04/25]

… Vários indicadores do mercado de trabalho nos EUA podem ajustar as expectativas para o Fed, após Jay Powell ter citado o impacto das tarifas sobre o emprego como a principal variável para decidir uma queda dos juros. O payroll de abril (6ªF) é a maior expectativa, mas antes são importantes o relatório Jolts e a pesquisa ADP. A agenda forte em NY inclui, também, a preliminar do PIB/1Tri e o PCE de março, a medida preferida de inflação do Fomc. No calendário de balanços, destaque para Microsoft, Meta, Apple, Amazon. O feriado de 1º de maio (5ªF) fecha os mercados no Brasil e em alguns países da Europa, mas não em Wall Street. A temporada de resultados ganha ritmo na B3 e, entre os indicadores, atenção para os dados de emprego do IBGE e do Caged, que podem influenciar as apostas ao Copom.

… Na guerra comercial, o fim de semana não trouxe novidades, depois de Trump dizer que será “razoável” com as tarifas, garantindo um fechamento positivo dos mercados na 6ªF, com investidores preferindo ignorar as notícias negativas da China (abaixo).

… Trump continua afirmando que está conversando com Pequim e Pequim continua dizendo que Trump está divulgando “fake news”.

… Mas o fato de o presidente Trump adotar tom conciliador, verdadeiro ou não, é visto como um sinal de que não pretende surpreender com novas medidas contra os chineses, o que já é alguma coisa, em meio às tensões que o mundo viveu nas últimas semanas.

… Relatos de que a China isentou as tarifas para alguns semicondutores fabricados nos Estados Unidos contribuíram para o alívio, embora isso seja mais uma tentativa de proteger suas empresas de tecnologia do que um recuo no confronto com Trump.

… Dois importadores confirmaram ao Washington Post que certos semicondutores estão isentos de tarifas, enquanto o site chinês Caijing publicou que tarifas sobre “pelo menos oito microchips fabricados nos EUA foram reduzidos a zero”.

… A China depende de chips avançados projetados por empresas americanas, como a Nvidia, a Qualcomm e a AMD.

… Questionado sobre as isenções, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que não estava ciente do assunto.

… Ao mesmo tempo, a China, que absorve 60% da soja exportada pelos EUA, reduziu suas compras, o que pode impactar nos preços.

… No fim de semana, a secretária de Agricultura americana, Brooke Rollins, disse em entrevista à CNN que já procura novos mercados para as commodities agrícolas e citou a Argentina e o Brasil, como opções para as dificuldades no comércio com a China.

… Rollins confirmou que os Estados Unidos estavam tendo conversas diárias com a China a respeito desse assunto.

… Em outra entrevista, à TV ABC, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou no domingo que interagiu com o representante da China durante encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, mas que eles não discutiram as tarifas.

… Questionado sobre as declarações de Trump, saiu pela tangente: “Eu não sei se o presidente Trump conversou com Xi (Jinping).”

FMI –Em comunicado divulgado após a 51ª Reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional, o Fundo Monetário Internacional avaliou que a economia global atravessa um “momento pivotal”, marcado pela intensificação das tensões comerciais.

… “Esse momento tem gerado incerteza elevada, volatilidade nos mercados e riscos ao crescimento e à estabilidade financeira”, alerta o texto, que projeta uma desaceleração do crescimento mundial no curto prazo, com riscos negativos em ascensão.

… Como resposta aos riscos, o grupo defendeu reformas fiscais e estruturais que estimulem o crescimento liderado pelo setor privado.

… Na 6ªF, o diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo, Rodrigo Valdés, afirmou que o Brasil tem um “desafio fiscal muito forte” e que um ponto central é se o governo do presidente Lula apresentará novas medidas para conter o crescimento da dívida pública.

… O FMI estima que o peso da dívida pública no PIB brasileiro deve aumentar de 87,3%, em 2024, para 92% neste ano. Ao fim do governo Lula, o organismo estima piora de mais de 12 pontos porcentuais, para 96% em 2026, nível mais elevado desde 2020.

BRICS – Ministros de Relações Exteriores dos 11 países que integram o grupo reúnem-se hoje e amanhã, no Rio de Janeiro, para debater temas mudança do clima, paz e segurança e comércio exterior, em meio à guerra tarifária imposta por Trump.

… A expectativa é de uma declaração conjunta crítica às “medidas unilaterais” adotadas pelos EUA e a favor da OMC, já no primeiro dia.

… O texto do comunicado foi elaborado pelos sherpas, como são chamados os negociadores dos países membros, e vai ser apresentado aos chanceleres para que seja discutido. Se houver consenso, como esperado, será publicado ainda hoje.

EM BAIXA – Nova pesquisa NYT/Siena apontou que 54% dos eleitores americanos acreditam que o presidente Trump está exagerando em seus esforços agressivos para expandir o Poder Executivo e têm profundas dúvidas sobre os pontos principais de sua agenda.

… Os primeiros meses do governo Trump são vistos como “caóticos” e “assustadores” pela maioria.

… O índice de aprovação de Trump é de 42% e a busca do presidente por tarifas generalizadas foi contestada por 55% dos eleitores.

… Os eleitores disseram que ele havia “ido longe demais” em uma questão após a outra — suas tarifas, sua fiscalização da imigração, seus cortes na força de trabalho federal. Entre eleitores independentes, sua aprovação caiu para apenas 29%.

… Nesse domingo, Trump voltou a prometer corte de impostos, à medida que perde o apoio público, escrevendo em sua rede social que “quando as tarifas forem reduzidas, o IR de muitas pessoas será substancialmente reduzido, talvez até mesmo eliminado”.

… Trump prometeu aos americanos um “boom sem precedentes”, mas o desempenho do mercado de ações durante seus primeiros 100 dias no governo foi um “boom” que os investidores não esperavam, enquanto a economia tem projeções negativas.

… Apesar da alta da semana passada, o S&P 500 caiu cerca de 8% desde sua posse e caminha para sua pior sequência nos primeiros 100 dias de um presidente desde Gerald Ford em 1974, após a renúncia de Richard Nixon.

… As quedas, combinadas com a pressão agressiva para deportar trabalhadores ilegais e as demissões em massa de funcionários federais, deixaram os investidores nervosos e fizeram o S&P 500 cair em sua sétima correção mais rápida desde 1929.

… Na Bloomberg, Mark Malek (Siebert) resumiu: “A volatilidade foi diferente de tudo que já vivemos no passado e se espalhou por todos os setores e classes de ativos como um incêndio, alimentada por informações aleatórias e mudanças nas políticas”.

UCRÂNIA – Ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, disse no domingo que a Ucrânia não deveria concordar com a última proposta feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de ceder partes de seu território em troca de um cessar-fogo com a Rússia.

… “A Ucrânia poderia ter chegado a um acordo como esse proposto por Trump há um ano, ele é equivalente a uma capitulação.”

… Neste domingo, em entrevista à NBC, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse que o acordo de paz precisa acontecer “em breve” e que Washington avalia se “vale a pena” continuar atuando como mediador entre Rússia e Ucrânia.

… Já Trump foi à sua rede Truth Social para dizer que “Putin, talvez, não queira a paz e precise ser tratado de forma diferente”. O recado acontece após a conversa do presidente dos Estados Unidos com Zelensky nos funerais do Papa Francisco, em Roma.

GAZA – Ainda no domingo, o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse que um acordo entre Israel e Hamas para encerrar a guerra na Faixa de Gaza continua sendo “ilusório”, apesar de alguns poucos progressos.

AGENDA FORTE – Nos EUA, o payroll de abril (6ªF) é a maior expectativa, mas antes são importantes o relatório Jolts (amanhã, 3ªF) e a pesquisa ADP (4ªF). Vários índices da atividade americana também estão previstos para esta semana.

… A primeira prévia do PIB/1Tri sai na 4ªF, junto com a inflação mensal do PCE, a medida preferida do Fomc para monitorar os preços ao consumidor. No mesmo dia, saem os balanços de Microsoft e Meta. Apple e Amazon vêm na 5ªF (feriado no Brasil).

… Ainda lá fora, também serão divulgados o PIB e a inflação preliminar de abril da Zona do Euro, enquanto o BoJ decide sobre juros (5ªF).

… Na 5ªF, 1º de maio, também ficam fechados os mercados na Alemanha, França e Argentina. Na China, o feriado se estende até 6ªF.

BRASIL – Aqui, a semana começa com o Boletim Focus (8h25) e dados das Transações Correntes e Investimento Estrangeiro Direto de março (8h30). Às 15h, o MDIC divulga os dados semanais da balança comercial (na semana até 25 de abril).

… Amanhã (3ªF), saem o IGP-M de abril e o Relatório de Estabilidade do BC, com coletiva de Gabriel Galípolo e Diogo Guillen.

… Na 4ªF, estão previstos dados da Dívida Pública e a taxa de desemprego do IBGE em março, além das contas do Governo Central e dos números do emprego do Caged, que, em fevereiro, apontou a criação de 432 mil vagas.

BALANÇOS – Na B3, a expectativa é pelos resultados de Gerdau e Metalúrgica Gerdau (hoje, 2ªF); de Neoenergia, Isa Energia, Marcopolo, Iguatemi, Log ON e Kepler Weber (amanhã, 3ªF); Weg, Santander e Irani (4ªF); M. Dias Branco (6ªF).

… A Petrobras divulga amanhã o seu relatório de produção e vendas do 1Tri, após o fechamento do mercado.

TRUMP SAID, XI SAID E WE SAD – A guerra de narrativas entre Trump – que jura que recebeu um telefonema de Xi Jinping – e a China, garantindo ser tudo “fake news”, continua deixando os mercados perdidos em combate.

… A 6ªF começou com a Bloomberg informando que Pequim considera isentar alguns produtos dos EUA das tarifas de 125%, o que foi logo desmentido pelos chineses, que mandaram Washington “parar de enganar o público”.

… À tarde, Trump afirmou que “não vamos tirar as tarifas da China, a não ser que eles nos deem alguma coisa”, para em seguida dizer que será “razoável” em relação às tarifas. Operar no meio de tanto ruído tem sido um desafio.

… Apesar da confusão armada, o Dow Jones zerou as perdas no fim do dia (+0,05% a 40.113,19 pontos), enquanto o setor de tecnologia assegurou altas mais firmes ao S&P 500 (+0,74%; 5.525,25 pontos) e Nasdaq (+1,26%; 17.382,94).

… Tesla, que vai ter Musk mais dedicado à empresa, continuou em rali (+9,8%). A ação da Alphabet subiu 1,7% depois que a controladora do Google divulgou um salto no lucro do 1Tri, acima das expectativas dos analistas.

… No pano de fundo, as bolsas em NY alimentam a esperança de que Powell possa se dobrar a uma queda antecipada do juro, se a rodada de indicadores de emprego desta semana vier abalada pela guerra tarifária.

… De olho em um potencial relaxamento do Fed em maio, entre os Treasuries, o rendimento da Note de 2 anos recuou para 3,768%, contra 3,805% na sessão anterior, e o yield do título de 10 anos caiu a 4,260%, de 4,325%.

… Para dar a medida dos impactos da política kamikaze de Trump, nos primeiros 100 dias de seu governo, o dólar registrou o pior desempenho desde a era Nixon (1973), com o índice DXY despencando quase 9% no período.

… O que parecia impossível, ver a supremacia da moeda americana colocada à prova, aconteceu neste início de ano.

… A chance, porém, de que Trump dê o braço a torcer vem garantindo nos últimos dias alguma recuperação parcial do tombo ao dólar. Na 6ªF, o DXY não chegou a exibir fôlego, mas só de não ter caído já foi considerado uma vitória.

… Fechou estável (+0,09%, a 99,471 pontos). As três principais divisas concorrentes do dólar operaram enfraquecidas: iene (143,57/US$), euro (-0,23%, a US$ 1,1373) e a libra esterlina (-0,13%, a US$ 1,3328).

… Aqui, o dólar completou o seu sexto pregão consecutivo de queda contra o real, mas o fato de ter fechado perto da estabilidade indica que a moeda aparentemente encontrou na 6ªF um piso pouco acima da marca dos R$ 5,65.

… Nos próximos dias, os dados de emprego nos EUA podem ser decisivos para orientar a tendência do câmbio. A semana ainda contará com a volatidade extra da disputa especulativa em torno da ptax, que se decide na 4ªF.

… No DI, faltando pouco mais de uma semana para a reunião do Copom, não existe aposta de graça. O mercado está rachado sobre a intensidade do aperto (0,25pp x 0,50pp) e a duração do ciclo (se acaba em maio ou junho).

… Divulgado na 6ªF, o IPCA-15 desacelerou de 0,64% em março para 0,43% em abril, colado à mediana das estimativas (0,42%). No acumulado em 12 meses (5,49%), continua bem acima do teto de tolerância do BC (4,5%).

… Mas o viés dovish assumido recentemente por parte dos diretores do BC não descarta Selic abaixo de 15% no ano.

… Os juros futuros fecharam na 6ªF com leve alta na ponta curta da curva e próximos da estabilidade no miolo e na ponta longa da curva, com investidores corrigindo parte da forte queda dos prêmios de risco nos últimos dias.

… No fechamento, o DI para Janeiro de 2026 estava em 14,630% (de 14,600% no pregão anterior); Jan/27, 13,885% (de 13,860%); Jan/29, 13,590% (de 13,600%); Jan/31, 13,900% (de 13,930%); e Jan/33, 14,020% (de 14,050%).

… O Ibov (+0,12%) brigou para manter os 134 mil pontos (134.739,28) e conseguiu, apesar de a Vale (ON, -2,64%, a R$ 53,85) ter ostentado uma das piores quedas do dia, no day after de seu balanço do 1Tri, considerado fraco.

… A queda de quase 2% do minério de ferro também não colaborou. Já o petróleo Brent para junho subiu 0,48%, a US$ 66,87 por barril, e contribuiu para Petrobras fechar no azul: ON (+0,49%; R$ 32,67) e PN (+0,30%; R$ 30,52).

… Os bancos fecharam mistos. No lado negativo, Itaú cedeu 0,37% (R$ 34,62) e Santander caiu 0,68% (R$ 27,88). Já Banco do Brasil registrou +1,12%, a R$ 28,01; Bradesco ON, +0,50%, a R$ 11,97; e Bradesco PN, +0,15%, a R$ 13,38.

… É uma boa notícia que, depois de duas semanas de fuga de capital estrangeiro da B3, o capital externo tenha retornado no último informe, do dia 23, 4ªF passada, quando entrou bastante fluxo gringo: R$ 1,7 bilhão.

… No acumulado deste mês de abril, no entanto, o resultado ainda está negativo em quase R$ 6 bilhões, como reflexo direto do tarifaço de Trump, que deixou o mundo inteiro confuso sobre as rotas de investimentos.

EM TEMPO… Acionistas da Natura Cosméticos e da NATURA&CO aprovaram, em suas respectivas assembleias, a simplificação da estrutura da empresa, nos termos e condições previstos no protocolo e justificação…

… Segundo comunicado, as duas bases acionárias aprovaram a incorporação da Natura&Co pela subsidiária Natura

Cosméticos, que voltará a ser holding operacional do grupo…

… Além disso, os acionistas aprovaram o aumento de capital social de R$ 4 bilhões, para totalizar R$ 6 bilhões.

MAGAZINE LUIZA aprovou a distribuição de R$ 225 milhões em dividendos intermediários, o equivalente a R$ 0,3053 por ação; ex em 28/4.

ELETROBRAS. Às vésperas da assembleia de acionistas que vai reformar o conselho, marcada para amanhã, a companhia aplicou uma terceira advertência formal ao conselheiro Marcelo Gasparino da Silva por “falta grave”…

… Segundo a empresa, ele teria violado princípios de confidencialidade e governança corporativa ao divulgar, em seu perfil pessoal no LinkedIn e a terceiros, documentos internos classificados como sigilosos…

… Gasparino tenta se reeleger para o conselho de administração, mas está fora da lista de nomes recomendada pela Eletrobras para sete das dez cadeiras que devem ficar com os acionistas privados…

… A Eletrobras ainda informou neste domingo ter recebido um ofício do MME que confirma a desistência do ex-ministro Guido Mantega para assumir a vaga de membro efetivo do conselho fiscal da companhia.

ENGIE BRASIL aprovou a distribuição de R$ 715,14 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,8764 por ação, com data de pagamento a ser definida; ex em 7/5.

ANEEL anunciou a bandeira tarifária amarela para o mês de maio nas contas de energia elétrica, com custo adicional de R$ 1,885 na tarifa de energia a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.

BRADESPAR aprovou a distribuição de R$ 350 milhões em dividendos complementares, o equivalente a R$ 0,8361 por ação ON e R$ 0,9197 por ação PN, com pagamento em 15/5; ex em 28/4.

TOTVS informou ter retomado discussões para aquisição da Linx, após a desistência das negociações em fevereiro; empresa celebrou com a Stone termo para negociação da potencial transação durante um período de exclusividade.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

IPCA-15 calibra expectativas ao Copom

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[25/04/25]

… Um salto nos lucros da Alphabet garantiu o fechamento forte das bolsas em NY, enquanto a Intel divulgava um balanço fraco e caía nas negociações do after hours. No impasse das tarifas, a China desmentiu Trump, dizendo que não está negociando com o governo dos Estados Unidos, mas o mercado resolveu apostar que a Casa Branca acabará “piscando” primeiro nessa queda de braço para ver quem vai recuar. Em paralelo, as apostas de que Powell antecipará a queda dos juros para preservar o emprego foram reforçadas pelo Fed boy Christopher Waller e ajudaram o dia. Hoje, a agenda prevê o sentimento do consumidor americano em abril, medido por Michigan, junto com as expectativas de inflação. Aqui, sai o IPCA-15 (9h), enquanto a B3 repercute o balanço de Vale ontem à noite.

… A controladora do Google registrou uma alta de 46% no lucro do 1Tri (US$ 34,54 bilhões), com o lucro por ação de US$ 2,81 superando as estimativas do mercado (US$ 2,01). A receita avançou 12% (US$ 90,23 bilhões) também acima do previsto (US$ 89 bilhões).

… A receita do Google subiu 9,8%, do YouTube avançou 10,3% e da Cloud – que inclui iniciativas em IA – teve ganho de 28%.

… Já a Intel reportou alta de 115% no prejuízo do 1Tri (US$ 821 milhões) e no after market a ação caiu 5,0%. O novo CEO, Lip-Bu Tan, disse que vai cortar empregos para ajustar os custos da empresa. Segundo a Bloomberg, a demissão pode atingir 20% do pessoal.

… As ações de Alphabet subiram 4,82% no after hours, mas já tinham valorizado bastante no pregão regular (2,53%).

… No final da noite, foi a vez de a Vale divulgar seu balanço do 1Tri, com lucro líquido de US$ 1,394 bilhão, baixa de 17% em relação ao 1Tri de 2024. Na comparação trimestral, a mineradora reverteu o prejuízo de US$ 694 milhões reportado no 4Tri/24.

… O lucro ficou abaixo das estimativas de analistas consultados pelo Valor (US$ 1,65 bilhão), enquanto a receita líquida (US$ 8,119 bilhões) caiu 4% sobre o 1Tri/24 e 20% sobre o 4Tri/24 e o Ebtida (US$ 3,115 bilhões) teve queda anual de 9% e 18% na base trimestral.

… A receita líquida ficou acima do previsto (US$ 7,63 bilhões) e o Ebitda ajustado veio em linha com as previsões.

… Segundo a Vale, os maiores volumes de vendas e menores custos unitários em minério de ferro, combinados com o melhor desempenho da Vale Base Metals, compensaram “parcialmente” o impacto dos menores preços de minério e níquel.

… No after hours, o ADR de Vale fechou em leve baixa de 0,36% (US$ 9,72). Na B3, Vale ON subiu 1,56% (R$ 55,31) antes do balanço.

… Além de Vale, também a Multiplan divulgou balanço após o fechamento. Confira abaixo no Em tempo…

… No encerramento da semana, não há balanços relevantes previstos para hoje em NY, nem na B3.

IPCA-15 – Na agenda dos indicadores domésticos, a prévia da inflação de abril deve desacelerar para 0,43% no consenso dos analistas de mercado, após registrar 0,64% em março. Confirmada a expectativa, o IPCA-15 em 12 meses subirá para 5,49% (5,26% até março).

… Existe ainda a expectativa de que a Receita divulgue a arrecadação de janeiro (14h30), que registrou R$ 261,3 bilhões em dezembro.

… Nesta 5ªF, declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, derrubaram as taxas de juros futuros, após ter confirmado uma postura dovish, afirmando que “há uma percepção de que a política monetária está funcionando”.

… Em evento da XP realizado em Washington, Guillen destacou a moderação da atividade, projetando que o hiato do produto deverá ser revertido para “negativo” em 18 meses, com a política monetária contracionista levando a inflação para a meta de 3%.

… A avaliação foi entendida como um sinal de que o BC deve pegar mais leve no aperto dos juros (leia abaixo). Já na véspera, o diretor de Política Monetária, Nilton David, tinha ido na mesma linha, reconhecendo os efeitos da política monetária na economia.

FAKE NEWS – Em mais uma demonstração de que continua na dela e muito segura, a China fez dois desmentidos sobre as declarações do presidente Trump, que, sem dar detalhes, relatou negociações com Pequim na manhã desta 5ªF.

… Mas a narrativa durou pouco, só até o tempo de o porta-voz do Ministério das Relações Exterior da China, Guo Jiakun, convocar coletiva de imprensa para dizer que as notícias eram “fakes”, que a China não está envolvida em negociações tarifárias com os EUA.

… “A China e os EUA não realizaram consultas ou negociações sobre a questão tarifária, muito menos chegaram a um acordo.”

… A mesma mensagem foi transmitida pelo Ministério do Comércio da China, que negou ter mantido negociações comerciais com os EUA.

… “Quaisquer alegações sobre o progresso de negociações econômicas e comerciais entre a China e os EUA são infundadas, não têm base factual”, disse o porta-voz He Yadong, acrescentando que seu país está aberto ao diálogo, “com base no respeito mútuo”.

… “Se os Estados Unidos realmente quiserem resolver o problema, devem levar a sério as vozes racionais da comunidade internacional e de setores nacionais e eliminar completamente todas as medidas tarifárias unilaterais contra a China.”

… O presidente Trump foi então à sua rede Truth Social e voltou a atacar a China, dizendo que a Boeing “deveria dar calote nos chineses” que não quiserem receber os aviões “lindamente finalizados que eles se comprometeram a comprar”.

VLADIMIR, STOP – No mesmo post, Trump cresceu em cima de Putin: “Não estou satisfeito com ataques russos em Kiev. Desnecessários e em péssimo momento. Vladimir, PARE! 5.000 soldados estão morrendo por semana. Vamos CONCLUIR o Acordo de Paz!”.

… Na Bloomberg, os EUA exigirão que a Rússia aceite o direito da Ucrânia de desenvolver seu próprio exército e indústria de defesa, como parte de um acordo de paz, rejeitando a insistência de Putin para a desmilitarização do país, um dos seus principais objetivos da guerra.

Parte inferior do formulário

… O governo Trump também quer que Moscou devolva a usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, que ficaria sob controle dos EUA, e as terras na região de Kharkiv, ocupadas pela Rússia. Se não conseguir o acordo, Trump ameaça abandonar as negociações.

MAIS AGENDA – O sentimento do consumidor de Michigan de abril, com expectativas de inflação para 1 ano e 5 anos, sai às 11h. Baker Hughes solta os dados de petróleo às 14h e o BC da Rússia decide juro às 7h30.

… Aqui, a prévia do IPC-Fipe abre o dia (5h). À tarde, a Aneel define a bandeira tarifária de energia elétrica.

OTIMISMO CAUTELOSO – Ninguém mais acredita em Trump, que só prega uma peça atrás da outra. Mesmo assim, a conversa dele de que em “duas a três semanas” pode rever as tarifas comerciais com a China animou.

… De concreto, não há nada. Mas o investidor parece estar apostando que, nesta disputa de força, o presidente pode levar a pior, forçado por Pequim a um recuo tático, depois de ter colocado o mundo inteiro em apuros.

… Depois de todas as ondas de choque causadas por Trump, o mercado também começa a alimentar a esperança de que o risco de recessão e as demissões em massa apressem o Fed a cortar os juros.

… Reportagem da Reuters apontou que, nas duas últimas semanas, mais de 30 empresas em todo mundo retiraram seus guidances ou reduziram suas previsões por conta do quadro de incertezas da guerra tarifária.

… Alarmados pelos ajustes nas expectativas dos balanços corporativos, dirigentes do Fed voltam a colocar no radar o impacto de uma desaceleração econômica, embora Powell ainda continue em clima de esperar para ver.

… Ontem, o diretor do Fed Christopher Waller disse estar pronto para votar por um corte de juro se as demissões crescerem. A colega Beth Hammack também não descartou um desaperto na reunião de junho.

… Em NY, as bolsas emplacaram o terceiro dia seguido de alta, embora não dê para confiar no movimento como tendência. O Ibov fechou no melhor nível desde setembro, perto dos 135 mil pontos, e o dólar furou R$ 5,70.

… A aposta de que a China acabará colocando Trump em córner animou os papéis das gigantes de tecnologia norte-americanas: Nvidia, +3,57%; Meta, +2,48%; Amazon, +3,29%; Tesla, +3,50%; e Microsoft, +3,45%.

… O Dow Jones ganhou 1,23% e rompeu o patamar dos 40 mil pontos (40.093,40); o S&P 500 avançou 2,03%, para 5.484,77 pontos, e o Nasdaq registrou valorização de 2,74%, chegando aos 17.166,04 pontos no fim do dia.

… No wishful thinking de que o Fed possa antecipar um corte do juro, as taxas dos Treasuries e o dólar caíram.

… O índice DXY recuou 0,54%, para 99,306 pontos. O euro subiu 0,58%, a US$ 1,1392, a libra esterlina ganhou 0,65%, a US$ 1,3343, o iene registrou valorização para 142,65/US$ e o franco suíço avançou para 0,8272/US$.

… O yield da Note de 10 anos caiu a 4,311%, contra 4,393% na véspera, e o de 2 anos foi a 3,797%, de 3,885%.

ATÉ TU? – Aqui os juros futuros operaram em queda, embalados pelo clima externo e o comentário dovish do falcão Guillen, que deu a entender que o ciclo de alta da Selic está no fim. O Copom de maio vai dar jogo.

… Estão praticamente empatadas agora as apostas para +0,5pp (52%) e +0,25pp (48%). Deve ser com emoção!

… No fechamento, o DI para Jan/26 caía a 14,600% (de 14,665% no dia anterior); Jan/27 recuava a 13,860% (de 14,015%); Jan/29, a 13,600% (de 13,855%); Jan/31, 13,930% (de 14,190%); e Jan/33, 14,050% (14,310%).

… A sessão de apetite por risco, com a expectativa de um desfecho da guerra comercial, levou o dólar a completar ontem cinco pregões seguidos em queda, a R$ 5,6912 (-0,49%). A reação do petróleo também ajudou.

… O Brent para julho (+0,72%, a US$ 65,65) interrompeu as perdas provocadas um dia antes pelos relatos sobre um potencial aumento da oferta pela Opep+ em junho. O grupo vai se reunir em 5 de maio para definir o plano.

… Na direção inversa do petróleo, Petrobras fechou no vermelho: ON, -0,73%, a R$ 32,52; e PN, -0,46%, a R$ 30,43. Parte do mercado se queixa que já passou da hora de a companhia reajustar o preço da gasolina.

… A falta de fôlego dos papéis da Petrobras não comprometeu o Ibov, que esteve a um triz de cravar os 135 mil pontos na máxima intraday (134.937) e fechou em alta de 1,79%, a 134.580,43 pontos, com giro de R$ 26,7 bi.

… A queda do DI animou ações relacionadas ao consumo, disparando Magazine Luiza (+10,80%) e Petz (+9,65%).

… Entre os principais bancos, BB destoou dos pares e caiu 1,21%, a R$ 27,70. Santander puxou os ganhos: 3,81% (R$ 28,07). Itaú registrou +1,94% (R$ 34,75); Bradesco ON, +1,88% (R$ 11,91); e Bradesco PN, +1,60% (R$ 13,36).

EM TEMPO… MULTIPLAN teve lucro líquido de R$ 234,044 milhões no 1TRI25, queda de 12,4% na comparação com 1TRI24; receita líquida subiu 0,4%, para R$ 525,677 milhões; Ebitda aumentou 2,5%, para R$ 400,615 milhões.

ELETROBRAS. O banqueiro Juca Abdalla Filho e o grupo ligado a Marcelo Gasparino, com menos de 7% do capital votante, disputam duas das dez vagas do conselho e articulam composição com o governo (Painel S.A/Folha)…

… Eles trabalham para destituir o atual presidente, Ivan Monteiro, segundo apurou a coluna; a assembleia de acionistas que decidirá a nova composição do conselho está marcada para o dia 30.

COPEL aprovou a distribuição de R$ 1,25 bilhão em dividendos adicionais, o equivalente a R$ 0,3974 por ação ON e R$ 0,4372 por papel PN, com pagamento em 15/5; ex em 25/4.

AUREN ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 59,6 milhões em dividendos obrigatórios, o equivalente a R$ 0,0570 por ação, com pagamento em 5/5; ex em 25/4.

MAGAZINE LUIZA celebrou junto à International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, operação de captação de recursos (“loan agreement”) no valor de US$ 130 milhões…

… Recursos captados serão utilizados para financiar a maior parte dos investimentos em tecnologia do Magalu, incluindo a evolução da plataforma de marketplace e dos serviços de Advertising, Fintech, Fulfillment e Cloud.

PRIO recebeu autorização do Ibama para manutenção em poços no campo de Tubarão Martelo.

HAPVIDA aprovou a 9ª emissão de debêntures, no valor total de R$ 1,5 bilhão.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Wall Street cansou de Trump

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[24/04/25]

… Com a agenda de indicadores mais fraca, prevalece o calendário de balanços nesta 5ªF, com Alphabet em NY e Vale na B3, as duas após o fechamento. Antes da abertura, sai Usiminas. No after hours, a IBM levou um tombo de quase 7%, apesar de o lucro e a receita terem superado as estimativas, enquanto a Whirlpool subiu 3,80% depois de reverter prejuízo de um ano antes. As reuniões do FMI continuam rendendo entrevistas e pronunciamentos, nos quais as incertezas sobre as tarifas dos EUA são temas recorrentes. Em Wall Street, os mercados reagiram com alívio a mais um recuo de Trump, mas sem entusiasmo. Investidores estão cansados dos tuítes do presidente dos EUA e da imprevisibilidade. A notícia de redução de tarifas para a China, publicada pelo WSJ, não foi confirmada pela Casa Branca.

… Depois de subir mais de 3% durante o dia, os índices de ações tinham uma alta mais modesta no fechamento, já que parte dos ganhos foram apagados quando o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que não haveria uma proposta unilateral aos chineses.

… No final da tarde, Trump assinou ordens executivas para impulsionar o uso de IA na educação e no treinamento de força de trabalho, e disse que já conversou com 90 países que querem negociar tarifas. Onze grandes fabricantes de carros estariam voltando aos EUA.

… Sobre retirar as tarifas de 145% para a China, disse que “vai depender deles”, acrescentando que, “talvez, em três ou quatro semanas, tenhamos as tarifas acertadas”. Ao mesmo tempo, Trump disse que a tarifa de 25% sobre carros do Canadá pode subir mais.

… Nos pregões desta 4ªF, as ações da GM, da Ford e da Stellantis subiram com a notícia de que o governo estaria considerando reduzir as tarifas sobre peças automotivas antes do prazo final de 3 de maio, segundo informação do Financial Times.

… A proposta isentaria peças automotivas das tarifas de 20% que Trump impôs sobre importações da China para interromper a produção de fentanil. A Casa Branca não quis comentar e o mercado fica sem saber se isso vai ou não acontecer.

… Título de uma análise na Bloomberg resume o sentimento dos investidores: “Estão exaustos com o vaivém de Trump”.

… “Todo dia é só incerteza, incerteza, incerteza. Esperamos que uma coisa aconteça e depois acontece outra”, disse o estrategista-chefe global da Freedom Capital Markets, Jay Woods, comentando que a imprevisibilidade vem confundindo e é muito frustrante.

… “Todas as oscilações, as altas repentinas e as quedas de dar dor de cabeça, estão sendo impulsionadas por políticas da Casa Branca que mudam constantemente sem nenhum aviso prévio, tornando quase impossível prever para onde vão as ações, os títulos e o dólar.”

… Os veteranos de Wall Street estão acostumados a se adaptar rapidamente a mudanças de cenários, mas desta vez é Trump que sozinho impulsiona um tipo de reviravolta que só se viu em episódios como no estouro da bolha imobiliária ou na pandemia da Covid.

… “Os mercados estão negociando intensamente com base em políticas”, disse Marko Papic, estrategista-chefe da BCA Research, dizendo que essa é apenas “uma maneira elegante de dizer que os investidores estão negociando com base em tuítes”.

… Em um dia, Trump ameaça demitir Powell e no outro diz que nunca pensou nisso. Num dia, define uma tarifa de 145% para a China e no outro diz que a taxa “não chegará nem perto disso”. Ele pode mudar de ideia a cada dia, de uma hora para outra.

… Essa instabilidade minou a confiança na economia americana, ameaça a força do dólar e o financiamento da dívida dos Estados Unidos, com as sucessivas ondas de liquidação dos Treasuries e das ações, criando uma expectativa generalizada de crise.

… Nesta 4ªF, Keith Lerner, codiretor de investimentos da Truist Advisory Services demonstrava desânimo: “A recuperação é um alívio, mas tudo o que fizemos hoje foi voltar ao ponto em que estávamos antes que as notícias sobre Powell derrubassem o mercado.”

UM NOVO PLANO PARA A CHINA – O recuo de Trump sobre Powell e o aceno de um “bom acordo” com a China ocorreram na sequência de um encontro com grandes executivos do varejo americano, incluindo Walmart, Home Depot e Target.

… Na conversa, o presidente foi alertado que os impostos de importação poderiam interromper as cadeias de suprimentos e aumentar os preços dos produtos, e que, em poucas semanas, as prateleiras nas lojas podem estar vazias.

… Foi nesse contexto que o Wall Street Journal apurou que o governo americano considera reduzir as tarifas sobre importações chinesas.

… Na média, as taxas ficariam entre 50% e 65%, sendo que poderiam ser ainda mais baixa, de 35%, sobre itens não considerados críticos para a segurança nacional. Para produtos críticos, a tarifa seria de 100%.

… Segundo o jornal, o novo plano para a China teria uma implementação gradual ao longo de cinco anos.

… Questionada por um repórter sobre uma redução das tarifas chinesas, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que elas foram uma alavanca para trazer a China à mesa de negociações. Sobre o silêncio de Pequim, ela respondeu: “Tenham paciência e verão”.

… Ao que parece, Trump ainda está esperando um telefonema de Xi.

… Em Pequim, todos apoiam firmemente a retaliação do governo chinês contra as altas tarifas dos EUA, diz a Bloomberg Economics, o que contrasta com a guerra comercial de 2018-2019, quando parte da população defendia uma conciliação.

… Para Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico da Natixis, “Trump está em pânico com a queda do dólar e das ações e a alta dos rendimentos dos Treasuries. Ele precisa de um acordo rápido. A China não precisa oferecer nada de grande”.

O LIVRO BEGE – A incerteza sobre o uso de tarifas pelo presidente Trump sobre parceiros comerciais dos EUA aumentou em todo o país nas últimas semanas, de acordo com o Livro Bege do Fed, divulgado nesta 4ªF.

… Menções a tarifas apareceram 107 vezes no relatório e variações da palavra “incerteza” apareceram 89 vezes.

… O Livro Bege coletou informações até 14 de abril, com comentários e relatos sobre as condições de negócios em cada um dos distritos regionais do Federal Reserve, que servirão de base para a reunião de política monetária do dia 7 de maio.

… Os preços aumentaram em todos os distritos, com empresas prevendo custos de insumos mais altos em função das tarifas, sendo que muitas receberam notificações de seus fornecedores de alta e a maioria citou planos de repassar aos consumidores.

Parte inferior do formulário

… O emprego permaneceu praticamente inalterado, mas “vários distritos relataram que as empresas estavam adotando uma abordagem de esperar para ver em relação ao emprego, desacelerando as contratações até mais clareza das condições econômicas”.

ESTADOS PROCESSAM –Uma dúzia de estados dos EUA já contestam as tarifas globais “imensas e em constante mudança”, alegando que Trump contornou ilegalmente o Congresso ao emitir taxas sob uma lei econômica de emergência.

… O processo aberto, nesta 4ªF, no Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, Manhattan, afirma na denúncia que a política comercial “agora depende dos caprichos do presidente, e não do exercício saudável de sua autoridade legal”.

… Trump “alterou a ordem constitucional e trouxe caos à economia americana”, disse o grupo, que inclui NY, Illinois e Arizona, e segue os processos movidos pela Califórnia, com alegações semelhantes e que buscam uma ordem judicial para suspender as tarifas.

BALANÇOS – Sem uma noção clara de onde as políticas se estabelecerão, os analistas de Wall Street não conseguiram prever qual será o impacto nos lucros corporativos, em meio à expectativa de desaceleração da economia e de choque inflacionário.

… No after hours, a derrocada (-6,86%) das ações da IBM assustou e surpreendeu, porque a gigante da tecnologia registrou resultados trimestrais positivos e ainda traçou guidance otimista para este 2Tri.

… A empresa informou que obteve um lucro ajustado de US$ 1,60 por ação, acima do esperado (US$ 1,42 por papel) pelos analistas. A receita líquida subiu 1%, para US$ 14,54 bilhões, superando previsão de US$ 14,39 bilhões.

… A IBM espera receita de US$ 16,4 bi e US$ 16,75 bi no 2Tri, melhor do que a aposta do mercado (US$ 16,3 bi). 

… Whirlpool disparou quase 4% no after market, após reportar um lucro líquido de US$ 71 milhões no 1Tri, revertendo o prejuízo de US$ 259 milhões apurado um ano antes. A receita caiu 19,35%, para US$ 3,62 bilhões.

HOJE – Além da Alphabet, a Intel solta balanço hoje à noite, em meio a informes de que demitirá 20% de seu quadro.

… Na B3, tem Vale e Multiplan após o fechamento e Usiminas antes da abertura.

VALE – O balanço da mineradora deve mostrar impacto da queda dos preços do minério de ferro e pelotas no 1Tri, contribuindo para uma leve queda no resultado, segundo analistas estimaram ao Valor.

… Estimativas de cinco bancos (Itaú BBA, UBS BB, Goldman Sachs, Citi e BTG Pactual) apontam para o lucro líquido de US$ 1,65 bilhão no primeiro trimestre, o que, caso se confirme, significará uma queda de 1,78% frente aos três primeiros meses do ano passado.

… A receita líquida prevista é de US$ 7,63 bilhões e o Ebitda, de US$ 3,112 bilhões, que representam recuos de 9,69% e de 10,5%.

MAIS AGENDA – Em Washinton, Galípolo tem uma série de reuniões do G20, FMI e Banco Mundial, a partir das 7h; Diogo Guillen (BC) participa de evento da XP às 12h30 e Paulo Picchetti estará às 15h em evento do Itaú.

… Único indicador doméstico é a prévia do IPC-S (8h). A comitiva de Lula para o funeral do Papa Francisco embarca hoje à noite para Roma. Barroso (STF), Alcolumbre e Motta aceitaram o convite do presidente para irem juntos.

… Nos EUA, às 9h30, saem os pedidos de auxílio-desemprego e as encomendas de bens duráveis em março. As vendas de moradias usadas em março serão divulgadas às 11h. Neel Kashkari (Fed) participa de evento às 14h.

LOBO EM PELE DE CORDEIRO – Num primeiro momento, o mundo comprou ontem o alívio da promessa de Trump de não demitir Powell e ser “gentil” com a China. Mas não demorou para as desconfianças voltarem.

… As informações antecipadas pelo Tesouro e a Casa Branca de que o presidente americano não cogita oferecer na mesa de negociação uma redução unilateral das tarifas para o governo de Pequim reduziram parte do ânimo.

… Depois de terem emplacado um rali de mais de 3% durante o pregão, as bolsas em NY desaceleraram o fôlego até o fechamento: Dow Jones, +1,07% (39.606,62 pontos); S&P 500, +1,66% (5.375,83); e Nasdaq, +2,50% (16.708,05).

… Tesla (+5,34%) ignorou o balanço trimestral fraco e comemorou a declaração de Elon Musk de que, a partir do mês que vem, dedicará menos tempo a suas funções políticas para se concentrar na montadora de veículos elétricos.

… Intel disparou 5,43% com os relatos na imprensa de que reduzirá a sua força de trabalho em mais de 20%.

… O clima mais pacificado nos EUA acomodou a recente liquidação dos Treasuries, mas na segunda metade do pregão, as taxas se distanciaram das mínimas e o yield da Note-10 anos voltou para 4,387%, de 4,400% na véspera.

… O investidor ainda não parece encorajado a recobrar todo o interesse pelos ativos americanos, porque tem sido obrigado a matar um leão por dia com as aventuras de Trump colocando os mercados globais em perigo.

… Pela segunda vez em dois meses, o UBS reduziu a projeção para dólar. Segundo o banco, o impacto da guerra tarifária nos fluxos foi mais negativo que o esperado e a moeda dos EUA está se transformando em divisa pró-risco.

… O euro e o iene devem se fortalecer como ativos de segurança, segundo o UBS, que revisou em alta as estimativas para a moeda do bloco europeu (de US$ 1,12 para US$ 1,23) e do Japão (de 140/U$ para 130/US$) no final do ano.

… Ontem, porém, o dólar recuperou parcialmente o seu prestígio, na esperança de que Trump não jogue tão duro com os chineses e nem derrube Powell do comando do Fed. O índice DXY saltou 0,94%, para 99,849 pontos.

… O iene caiu para 143,40/US$, a libra perdeu 0,28%, a US$ 1,3264, e o euro recuou 0,45%, para fechar em US$ 1,1327. Dirigente do BCE, François Villeroy de Galhau recomendou novos cortes de juros ainda este ano.

… Segundo ele, o BCE europeu relaxará a política monetária este ano mais rapidamente do que o Fed.

… Powell tem desafiado as pressões de Trump para baixar os juros e priorizado a batalha contra a inflação.

… No auge ontem do entusiasmo com os relatos de que os EUA poderiam reduzir as tarifas de importação sobre a China de 145% para uma faixa entre 50% e 65%, o dólar chegou por aqui a cravar R$ 5,65 na mínima (R$ 5,6584).

… À medida, porém, que se percebeu que Trump não deve facilitar tanto, a moeda americana baixou a bola e reduziu a queda para só 0,16% no fechamento, cotada a R$ 5,7184. O recuo do petróleo também pesou para o real.

… Rumores de potencial aumento da produção da Opep+ em junho derrubaram o Brent (-1,95%, a US$ 66,12) e levaram junto os papéis da Petrobras: ON registrou queda de 0,73% (R$ 32,75) e PN caiu 1,13% (R$ 30,57).

… Na reta final do pregão, a informação oficial de que não haverá redução unilateral de tarifas para a China fez com que o Ibovespa devolvesse os 133 mil pontos alcançados na máxima do dia (133.318). Mas a bolsa ainda fechou bem.

… Terminou em +1,34%, a 132.216 pontos, com giro de R$ 24,2 bi. Vale (+1,19%, a R$ 54,46) ampliou os ganhos, colada na força do minério (+2,11%). A empresa entra agora na contagem regressiva para o balanço da noite.

… Os papéis dos principais bancos avançaram firme e em bloco: Bradesco PN (+3,30%; R$ 13,15), Bradesco ON (+2,90%; R$ 11,69), Itaú (+2,10%; R$ 34,09), Banco do Brasil (+0,94%; R$ 28,04) e Santander (+0,52%; R$ 27,04).

… No topo do Ibov veio JBS (+6,38%, a R$ 47,34), que recebeu aprovação da SEC para listar suas ações nos EUA.

… A curva do DI contou com estímulo extra para queimar prêmio de risco. Além da melhora externa, o mercado leu como dovish os comentários do diretor do BC Nilton David, em seminário do JPMorgan, em Washington.

… Segundo ele, a fase de maior aperto da política monetária já passou, o que levou o investidor a especular que o ciclo de alta da Selic possa ser mais curto e que o Copom possa pegar mais leve na dosagem da taxa básica.

… Um dia antes, porém, a ênfase de Galípolo na inflação elevada reforçou a aposta em mais 0,5pp em maio.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 caía para 14,665% (de 14,720% no pregão anterior); Jan/27, a 14,015% (de 14,190%); Jan/29, a 13,855% (de 14,030%); Jan/31, a 14,190% (de 14,330%); e Jan/33, a 14,310% (de 14,440%).

EM TEMPO… HYPERA registrou prejuízo atribuído aos controladores de R$ 140 milhões no 1TRI, revertendo lucro de R$ 392,2 milhões registrado um ano antes…

… Ebitda ficou negativo em R$ 148,5 milhões, revertendo resultado positivo de R$ 647,8 milhões do mesmo período de 2024.

RUMO aprovou aumento de capital de R$ 1,6 bilhão da subsidiária Rumo Malha Sul.

CCR passará a ser negociada na B3 sob o novo código MOTV3 a partir de 2/5; ticker atual da companhia é CCRO3…

… Mudança é decorrente da alteração do nome da empresa, aprovada em AGE pelos acionistas em 21/3, para Motiva Infraestrutura de Mobilidade…

… Companhia aprovou a distribuição de R$ 319,9 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,1591 por ação, com pagamento em 6/5.

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