Lula tem reunião sobre preços dos alimentos

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[24/01/25]

… Índices PMI de serviços e atividade industrial estão na agenda da zona do euro e dos EUA, que têm, ainda, o sentimento do consumidor de Michigan. Em Wall Street, AMEX divulga balanço antes da abertura. Mas o destaque internacional é a decisão do BoJ, que aumentou o juro japonês a 0,50% para enfrentar pressões inflacionárias e fortalecer o iene. Correndo por fora, as falas de Trump sempre podem surpreender e mexer com os mercados. Já aqui, o IPCA-15 de janeiro, às 9h, tem previsão de queda (-0,01%), mas a inflação dos alimentos continua pressionada pela carne. Essa se tornou a principal preocupação do governo e motivo para receio de medidas que podem agravar a percepção de risco do cenário fiscal. Hoje, Lula tem nova reunião para debater o tema com os ministros Haddad e Rui Costa, às 9h30.

… Depois que Costa falou em “intervenção”, e voltou atrás, e que chegou a ser cogitado um prazo mais flexível de validade dos produtos, uma nota da Bloomberg, informando que o governo estuda criar uma rede popular de alimentos, pegou feio, nesta 5ªF.

… A ideia seria fornecer alimentos mais baratos nas periferias de grandes cidades, uma iniciativa que exigiria subsídio. A pressão na curva de juros foi imediata, mesmo com dólar em queda (leia abaixo).

… A boa notícia é que essa fonte admitiu que é preciso buscar a redução dos preços sem gerar gastos extras, considerando o ceticismo do mercado envolvendo o compromisso de Lula com a responsabilidade fiscal.

… No fim da tarde, Haddad classificou como “boataria” a informação sobre um eventual subsídio estatal para interferir no custo dos alimentos e disse que não há espaço fiscal para adotar medidas para baratear os preços.

… De seu lado, Rui Costa afirmou ao blog da jornalista Ana Flor/g1 que o governo descarta criar uma rede popular de alimentos como forma de diminuir o preço da comida e nem vai congelar preços ou criar subsídios.

… O ministro da Casa Civil negou qualquer “medida heterodoxa” na apresentação de hoje a Lula.

… O que parece estar na mesa é o redirecionamento do crédito para os alimentos que mais subiram de preço e uma mudança na taxa dos vales refeição e alimentação – demanda apresentada pelos supermercados alegando que isso reduziria os custos dos alimentos.

… De novo, o governo pode cair na armadilha de atender os empresários acreditando que garantirá benefícios à população. Dilma fez isso quando distribuiu benefícios fiscais em troca de manutenção do emprego e está aí uma “bondade” que ninguém tira mais.

… Além disso, os vales refeição e alimentação atendem apenas os trabalhadores CLT (que nem são a maioria hoje) e servidores públicos.

… O fato é que a alta dos alimentos se tornou uma obsessão para Lula, que não consegue melhorar os seus índices de popularidade. E ele deixou claro que essa é a prioridade do momento do governo na reunião do ministério na Granja do Torto, no início da semana.

… Em 2024, os preços dos alimentos subiram 7,69%, sendo os maiores impactos a carne (21%), café (39%), óleo de soja (29%), leite (18%).

… Para hoje, pesquisa do Broadcast apurou que Alimentação, que subiu 1,47% em dezembro, ainda deve subir 1,44% no IPCA-15.

… A entrada do bônus de Itaipu na tarifa de energia elétrica deve corroborar o recuo do IPCA-15 em janeiro (-0,01% na mediana), entre o piso de -0,12% e alta de 0,24%. Para a inflação em 12 meses, a mediana indica desaceleração de 4,71% para 4,36%.

JURO NA LUA – Os economistas dizem que não há muito o que governo pode fazer para baixar os preços dos alimentos, a não ser torcer por uma safra melhor este ano – o que depende de fatores climáticos – e tomar medidas para baixar os juros e o dólar.

… Mas, embora o dólar tenha voltado à razão (com a ajuda de Trump), os juros continuam escalando.

… O choque no preço dos alimentos e os efeitos do repasse cambial, diante do período de real bastante depreciado, contribuem para a desancoragem das expectativas de inflação e cobram mais do Copom.

… Mais duas doses de alta da Selic, de 1pp cada, estão dadas – a primeira na semana que vem e a próxima em março. Depois disso, as apostas no mercado são variadas para o juro terminal. Na pior hipótese, vai a 16,25%.

… Segundo pesquisa Broadcast, a estimativa intermediária para o juro básico ao final deste ano subiu de 14,75% para 15%. Para o 2Tri de 2026, horizonte relevante da política monetária, avançou de 13% para 13,25%.

MAIS AGENDA – O balanço de pagamentos que o BC divulga às 8h30 deve trazer um déficit de US$ 12,4 bilhões na conta corrente em dezembro, segundo mediana do Broadcast. Em 2024o, o déficit deve chegar a US$ 56,2 bi.

… O IDP deve ficar negativo em US$ 1,1 bilhão no mês e fechar 2024 positivo em US$ 69,3 bilhões.

LÁ FORA – NY segue de olho nos balanços. Além da American Express, antes da abertura, Verizon divulga números depois do fechamento.

… A S&P Global informa a leitura preliminar do PMI composto de janeiro (11h45) dos EUA, que deve cair de 55,4 para 55,2, enfraquecido pelo dado de serviços, enquanto a indústria deve mostrar recuperação.

… Ao meio-dia, saem as vendas de moradias usadas em dezembro (previsão de +1,2%) e o índice de sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, que traz embutido as expectativas de inflação.

… Baker Hughes informa às 15h o número de poços e plataformas de petróleo em operação.

… Christine Lagarde (BCE) faz mais uma participação em debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos (7h).

JAPÃO HOJE – Conforme esperado, o BoJ elevou as taxas de juros de 0,25% para 0,50%, nível mais alto em 17 anos, e sinalizou altas adicionais se a economia e os preços evoluírem de acordo com as perspectivas.

… O BC japonês aumentou a estimativa para a inflação ao consumidor (CPI) deste ano de 1,9% para 2,4%.

… Além da inflação acima da meta e o iene fraco, também os reajustes significativos de salários e a grande diferença dos juros pagos por títulos públicos japoneses e americanos contribuíram para o aperto monetário.

… As taxas de juro vinham inalteradas há três reuniões seguidas, mas agora não deu para segurar mais.

NÃO ENGOLIU BEM – Quando não é Trump, é Lula que vem para adicionar incerteza no mercado, com o rumor de subsídios para baratear os alimentos pondo em xeque o compromisso com a responsabilidade fiscal.

… Coincidindo com a notícia, que estourou na imprensa no meio da tarde, os mercados pioraram na reta final.

… O dólar desacelerou o ritmo de queda e já estava fechado quando veio o desmentido de Haddad (“boataria”), que ainda pegou a curva do DI aberta, mas não impediu as taxas de continuarem rodando na faixa dos 15%.

… Mais cedo, a moeda norte-americana havia conseguido furar os R$ 5,90, com mínima em R$ 5,8745, aliviada por Trump em Davos, que não está barbarizando como prometia em relação à sua política protecionista.

… Mas os afagos à China foram parcialmente ofuscados por aqui na segunda metade do pregão pelas investidas de Lula para recuperar a popularidade, renovando as dúvidas sobre a capacidade de cumprir a meta fiscal.

… O dólar à vista reduziu a intensidade da baixa no fechamento para 0,35%, cotado a R$ 5,9255. Apesar disso, ainda conseguiu emplacar o quarto pregão consecutivo de queda, com recuo acumulado de 2,31% na semana.

… Quem diria que o real, que caiu quase 3% em dezembro, já esteja registrando valorização superior a 4% agora em janeiro e exibindo o melhor desempenho entre as principais divisas globais neste início de ano.

… Famoso pelo otimismo com a moeda brasileira, o economista Robin Brooks, do Brookings Institute, fez ontem postagem na rede social X para dizer que o real “não merece e não pertence” ao nível do dólar acima de R$ 6,00.

… Disse que o “Brasil está longe de ser perfeito e que o atual governo comete erros não forçados”, mas que nada justifica um real 30% mais fraco (como aconteceu em 2024) do que antes da pandemia de covid-19.

… Anos atrás, Brooks se notabilizou por qualificar o Brasil com o status de “Suíça da América Latina”.

… Apesar de Haddad ter assegurado que não se cogita usar espaço fiscal para reduzir os preços de alimentos, a curva do DI não comprou o alívio. Interrompeu a sequência de baixas dos últimos dias e resgatou os 15%.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 15,070% (de 14,920% no fechamento anterior); Jan/27, 15,355% (de 15,165%); Jan/29, 15,205% (de 14,995%); Jan/31, 15,170% (14,960%); e Jan/33, 15,110% (14,880%).

… Em relatório, o Itaú avalia que o governo federal deveria anunciar uma contenção “significativa”, da ordem de R$ 35 bilhões, das despesas discricionárias (não obrigatórias) como forma de cumprir o seu plano fiscal.

… Segundo o banco, o tamanho exato do desafio fiscal este ano dependerá principalmente da evolução do número de beneficiários de programas sociais, que será uma das principais variáveis para se acompanhar.

… Por enquanto, o Itaú duvida do cumprimento da meta fiscal e estima déficit primário de 0,7% do PIB.

… Mas reconhece que os riscos são de um resultado melhor do que o estimado, diante da resiliência da atividade econômica e do esforço contínuo exibido pela equipe econômica na agenda de receitas.

… Semana que vem o Tesouro anuncia o resultado das contas públicas no acumulado do ano passado. Haddad já antecipou déficit de 0,1%, acima da meta de zero, mas dentro do intervalo de tolerância (-0,25%).

AMARGOU – Como os demais ativos domésticos, também o Ibovespa não digeriu bem a história dos subsídios para combater a inflação dos alimentos, que pega mal do ponto de vista fiscal e deixa todo mundo na defensiva.

… Embora negada por Haddad, o estrago da notícia já estava feito. O Ibovespa fechou em baixa de 0,40%, aos 122.483,32 pontos, com volume financeiro que não reage: somou R$ 18,9 bilhões.

… As blue chips de commodities ficaram no vermelho. Petrobras ON caiu 0,92% (R$ 40,75) e PN cedeu 0,70% (R$ 36,83), diante da queda do Brent (-0,76%, a US$ 77,56), após Trump mandar recado para a Opep reduzir os preços.

… Vale (-0,65%; R$ 53,32) ignorou os incentivos da China para o mercado acionário, que fez o minério de ferro subir 0,44% em Dalian.

… O governo chinês disse que continuará a diminuir os requisitos para empresas obterem empréstimos para recompra de ações.

… Bancos não foram poupados do mau humor, com exceção de BB (+2,26%; R$ 26,72). Santander caiu 1,76% (R$ 24,58), Bradesco ON perdeu 1,41% (R$ 10,48), Bradesco PN, -0,78% (R$ 11,39); e Itaú, -0,21% (R$ 32,54).

… Marfrig liderou os ganhos (+4,06%; R$ 15,64) após o Goldman Sachs elevar a estimativa de Ebitda da empresa, com a exclusão dos resultados da BRF.

… Minerva, por outro lado, encerrou na mínima de R$ 4,48 (-6,67%), estendendo as perdas da véspera após rebaixamento pelo Citi. Na semana, ação acumula queda de quase 11%.

… MRV (-5,70%; R$ 5,13) e Grupo Pão de Açúcar (-5,57%; R$ 2,71) também tiveram perdas expressivas.

MEU MALVADO FAVORITO – O discurso de Trump em Davos foi música para os ouvidos de Wall St.

… Em clima best friend com a China, defendeu relação comercial justa com Pequim, garantiu que terá boa relação com Xi Jinping e afirmou que os chineses podem ajudar os EUA a interromper a guerra entre a Rússia e Ucrânia.

… Desafiando a autonomia do Fed, o novo presidente dos EUA afirmou que exigirá queda dos juros, que entende mais disso do que o próprio Fed, que vai conversar com Powell “no momento apropriado” e espera que ele escute.

… O mercado sabe que Trump não pode controlar o Fed nem tem poder para interferência direta, mas “o investidor gosta mesmo assim de ouvir esse tipo de coisa”, como disse Larry Tentarelli (Blue Chip Daily Trend Report), na CNBC.

… Após o discurso em Davos, junho seguiu como mês mais provável para um corte de juro pelo Fed, com 44,9% das apostas, quase sem alteração na comparação com o dia anterior, de 44,7%, segundo a ferramenta do CME Group.

… Nas bolsas, o S&P 500 bateu novo recorde de fechamento (6.118,71 pontos), com alta de 0,53%. As techs se destacaram novamente. Trump assinou ontem uma série de ordens executivas relacionadas à IA e criptomoedas.

… O Nasdaq (+0,22%) fechou na máxima do dia, em 20.053,68 pontos, e o Dow Jones subiu 0,92%, (44.565,07).

… As bolsas de ações anotaram a quarta alta consecutiva. Desde a posse do presidente americano, o mercado ganhou impulso por causa dos potenciais cortes de impostos e desregulamentação.

… Embora o tema das tarifas continue na cabeça de todo mundo, a falta de uma ação formal mantém o otimismo. Para o diretor da Moody’s Analytics, Brendan LaCerda, Trump deve adotar tarifas de 20% sobre importados da China.

… Em seu cenário-base, as tarifas atingirão 10% para o México, 5% ao Canadá, 5% para a União Europeia, 5% para o Brasil e outros países da América Latina, 10% para Vietnã e 2% para o Japão.

… A possibilidade de um recuo mais significativo no preço do petróleo e seu impacto na inflação fez o juro da note de 2 anos ter leve queda, para 4,288% (de 4,292% na sessão anterior). Os demais rendimento dos Treasuries subiram.

… O da note de 10 anos se elevou a 4,646% (de 4,611%) e o do T-Bond de 30 anos avançou a 4,876% (de 4,825%).

… O câmbio colou no tom mais conciliatório de Trump em relação à China. O índice DXY caiu 0,11%, a 108,047 pontos, com destaque para a libra, que subiu 0,30%, a US$ 1,2358.

… O iene subiu 0,27%, a 156,024/US$, na espera pela decisão do BoJ. O euro ficou estável (+0,04%), em US$ 1,0421.

EM TEMPO… VALE comunicou que subsidiária Vale Base Metals iniciou revisão estratégica para explorar e avaliar série de alternativas, incluindo venda de seus ativos de mineração e exploração em Thompson, Manitoba (Canadá)…

… Os ativos incluem duas minas subterrâneas em operação, uma usina adjacente e oportunidades significativas de exploração do cinturão, que tem 135 quilômetros de extensão.

PETROBRAS. A diretora de exploração e produção, Sylvia dos Anjos, disse que espera que a licença para perfurar na Foz do Amazonas saia no fim deste 1Tri…

… O centro de resgate e despetrolização de animais que está sendo construído no Oiapoque deve ser concluído em fevereiro, o que eliminaria a última pendência para a concessão da licença pelo Ibama…

… A companhia informou ter dado início à fase vinculante para venda de participação no Campo de Tartaruga, no município de Pirambu (SE), em águas rasas da Bacia de Sergipe-Alagoas, operado pela SPE Tieta (PetroRecôncavo).

AZUL vai suspender operações em 12 cidades do país por causa do aumento dos custos e baixa demanda…

… São elas: Campos e Cabo Frio (RJ); Correia Pinto (SC); Crateús, São Benedito, Sobral e Iguatú (CE); Mossoró (RN); São Raimundo Nonato e Parnaíba (PI); Rio Verde (GO); e Barreirinha (MA).

PLANO&PLANO aprovou pagamento de R$ 200 milhões em dividendos extras, montante correspondente a R$ 1,006 por ação. Ex em 28 de janeiro.

NUBANK ultrapassou o Itaú em número de clientes no 4Tri24. Segundo dados do BC, o banco digital tinha 100,77 milhões de clientes entre outubro e dezembro, ante 98,5 milhões do Itaú…

… Assim, o Nubank tornou-se o 3º maior banco do Brasil em número de clientes, perdendo apenas para Caixa Econômica Federal (154 milhões) e Bradesco (109 milhões).

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Sem agenda, tarifas de Trump continuam no foco

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[23/01/25]

… A participação virtual de Trump no Fórum de Davos, prevista para 13h (BSB), é o destaque dos mercados, em mais um dia sem agenda. O presidente dos EUA estaria planejando responder a perguntas de executivos europeus, segundo fontes da agência DJ. E é aí que mora o perigo. Ele vai falar de tarifas? Vai continuar brando e estratégico como se mostrou até agora? Trump pegou leve com a China, derrubando o dólar para baixo dos R$ 6, mas já ameaçou o México, o Canadá e agora a Rússia. “Tem que acabar logo com essa guerra ridícula [com a Ucrânia] ou sofrerá sanções e tarifas dos EUA.” O Kremlin não se abalou e disse que não tem pressa. Está todo mundo dizendo que Trump só está blefando e isso não é bom para o jogo. Uma hora dessas, ele pode querer provar que com ele ninguém brinca.

… A percepção de que as coisas vão acontecer de forma mais tranquila no segundo governo de Trump é muito prematura e recomenda um otimismo cauteloso. Os mercados vão vivendo um dia de cada vez, sabendo que enfrentam o risco de volatilidade.

… Análise publicada ontem pela Eurasia aponta que a UE pode propor uma cooperação mais estreita com os EUA contra a China, na tentativa de agradar Trump e evitar as tensões comerciais para o seu lado.

… Para o Brasil, a grande notícia é o cuidado que Trump está mostrando com a China, tanto é que, apesar da queda do minério de ferro e do petróleo, a menção à alíquota de 10% não impediu uma forte correção do câmbio (abaixo).

… Agora é esperar 1º de fevereiro para ver se a ameaça de tarifa de 25% aos produtos importados do Canadá e do México se concretiza.

… Se Trump continuar legal, é possível que a aposta em tarifas mais brandas limite o impacto inflacionário e retome a discussão de que o Fed possa cortar os juros em ritmo menos conservador. Na próxima semana, tem Superquarta, com Fomc e Copom.

… Um dólar mais fraco frente ao real melhora a perspectiva para o resultado da balança comercial brasileira.

… Dados preliminares divulgados ontem pelo BC revelaram que fluxo cambial do Brasil foi negativo em US$ 3,804 bilhões de 1º a 17 de janeiro. O canal financeiro teve saída líquida de US$ 2,127 bilhões e o comercial, saldo negativo de US$ 1,677 bilhão.

… Os números porém, são anteriores à posse de Trump, no dia 20, e podem melhorar daqui para frente.

FORÇANDO A BARRA – De olho na popularidade de Lula em ano pré-eleitoral, o governo já assume abertamente os seus planos, antecipados pelo Valor, de baixar a inflação à força, começando pelos preços dos alimentos.

… O jornal informou que o governo estuda medidas que envolvem corte de taxas de juros cobradas pelas lojas nos cartões de vale-alimentação e venda de remédios em supermercados, para ampliar escala e reduzir custos.

… Segundo a reportagem, em reunião no Palácio do Planalto em novembro, indústrias e varejistas passaram ao presidente Lula um conjunto de sugestões para amenizar as pressões na inflação dos alimentos.

… O ministro Rui Costa (Casa Civil), que agora virou uma espécie de porta-voz da esperança e deu de falar de tudo, confirmou ontem em entrevista que o governo “vai fazer intervenções que barateiem os alimentos”.

… Horas depois, a sua pasta foi obrigada a emitir uma nota para corrigir a trapalhada do tom da declaração, desmentindo que esteja em discussão uma “intervenção de forma artificial” para reduzir os preços dos alimentos.

… À noite, falando à CNN, o ministro consertou as palavras, disse que não haverá “intervenções”, mas “medidas”.

… Só troca seis por meia dúzia, muda para deixar igual, já que a essência é a mesma. A economista Andrea Damico, CEO da consultoria Buysidebrazil, diz ver com muita preocupação a tentativa de baixar a inflação “na marra”.

… “O que funciona para controlar preço, qualquer que seja, para controlar a inflação, é a política monetária. Qualquer outro tipo de medida alheia a essa não funciona, nem empiricamente, nem teoricamente”, acredita.

… Ela reforça que a atribuição de perseguir a meta de inflação se deve exclusivamente ao BC e relembra o case de Dilma Rousseff, que tentou represar os preços de energia e gasolina, e depois viu uma explosão dos administrados.

… Alexandre Maluf, economista da XP, concorda que, historicamente, intervenções contra a inflação não são bem-sucedidas. Andrea Angelo, estrategista da Warren, duvida que as medidas cogitadas reduzam os preços.

… Rui Costa disse que o governo deve fazer nesta semana reuniões com ministérios para afunilar uma proposta para conter a alta do preço dos alimentos e confirmou que a redução da taxa do vale alimentação está em estudo.

… Já a mudança da data de validade dos produtos, proposta pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), dificilmente será adotada, segundo ele, e a venda de remédios em supermercados precisa ser discutida com a Saúde.

MAIS AGENDA – Num dia sem indicadores mais relevantes, NY observa o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA (10h30), que devem aumentar em 2 mil, para 219 mil.

… Os estoques americanos de petróleo devem cair 500 mil barris, no dado que o DoE divulga às 13h. A Comissão Europeia informa o Índice de Confiança do Consumidor de janeiro, que deve ficar em -14, de -14,6 em dezembro.

… O BC da Turquia decide juros (8h), com expectativa de queda a 45% ao ano, contra 47,5% atualmente.

… À noite, o Japão informa o CPI de janeiro (20h30) e os PMIs da indústria, dos serviços e composto medidos pela S&P Global e o Jinbun Bank (21h).

… Por aqui, o presidente Lula se reúne (15h) com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa e Sidônio Palmeira (Secom). A FGV informa o IPC-S da 3ª quadrissemana de janeiro (8h). O CMN se reúne às 9h.

AFTER HOURS – A Alcoa teve lucro e receita acima do esperado no 4Tri24 e guidance positivo, mas a ação recuou 1,37% no after hours de NY, depois de uma reação inicial positiva.

… A companhia teve lucro líquido de US$ 202 milhões no último trimestre do ano passado e lucro por ação ajustado de US$ 1,04, acima da projeção de US$ 0,95.

… A receita foi de US$ 3,5 bilhões no período, também acima do projetado, de US$ 3,3 bilhões.

…  A Alcoa espera que a produção total do segmento de alumínio em 2025 fique entre 2,3 e 2,5 milhões de t, mais que em 2024. Os embarques do metal devem variar entre 2,6 e 2,8 milhões de t.

ROUND 6 – A briga em torno do piso psicológico dos R$ 6 foi finalmente vencida, com o dólar à vista furando esta marca e atingindo a menor cotação em quase dois meses. O ímpeto vendedor teve dois drivers: Trump e a taxa Selic.

… A mudança de tom do presidente dos EUA no discurso protecionista, não tão radical na ameaça de aplicação de tarifas aos chineses, repercute bem entre os emergentes, com o risco mais esvaziado de guerra comercial.

… Ainda é cedo para confiar, mas a abordagem bem menos agressiva de Washington traz à tona a esperança de impacto inflacionário menor com as tributações mais leves, abrindo espaço para mais cortes de juro pelo Fed.

… O cenário vai se tornando ideal para o carry trade, com os investidores inclinados a tomar dinheiro emprestado em um país com juros mais baixos (EUA) e investir em outro que ofereça taxas mais altas, como é o nosso caso.

… Nesta mudança de rotação, o capital estrangeiro já tem demonstrado maior interesse em voltar para cá.

… O Copom não pode dar mole, já tem na agulha pelo menos mais duas doses de alta de 1pp da Selic (semana que vem e em março) e o guidance deve continuar conservador, diante da inflação desancorada e todo o ruído fiscal.

… O JPMorgan estima que o próximo comunicado do Copom deve indicar que a porta está aberta para continuar aumentando a Selic até o 2Tri. O banco acredita que o balanço de riscos exige juro básico terminal acima de 15,25%.

… Analistas do JP avaliam que a perspectiva inflacionária para o ano piorou, devido à combinação de PIB acima do potencial, choque no preço dos alimentos, efeitos de repasse cambial de 2024 e impactos de indexação nos preços.

… Em tom menos pessimista, um estudo publicado pela Oxford Economics aponta que, apesar dos temores do mercado financeiro e da recente depreciação do real, o Brasil não entrou num quadro de dominância fiscal.

… Diante da Selic atrativa e de Trump 2, que não tem confirmado sua fama de mau, operadores no Broadcast identificam desmontagem de posição comprada no câmbio futuro por estrangeiros e investidores institucionais.

… Desde novembro, o dólar não atingia um patamar tão baixo de fechamento como o de ontem, a R$ 5,946, em queda firme de 1,40%. Para o economista-chefe do Itaú BBA, Mario Mesquita, o valor justo seria R$ 5,70.

… Ele disse ao Valor que não viu até agora nenhuma manifestação de Galípolo de se desviar das regras do jogo do regime de metas. “A diretoria atual vai continuar perseguindo a meta e isso demanda aperto de juros mais intenso.”

… De um lado, a curva do DI tentou ontem devolver prêmio junto com o alívio no câmbio, mas as taxas mais curtas e médias tiveram menor margem para cair e acabaram fechando perto da estabilidade, porque a Selic ainda vai longe.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,920% (de 14,925% no fechamento anterior); Jan/27, 15,165% (de 15,155%); Jan/29, 14,995% (de 15,020%); Jan/31, 14,960% (de 15,000%); e Jan/33, 14,880% (14,940%).

EFEITO REVERSO – Ao invés de faturar o alívio com o dólar abaixo de R$ 6, o Ibovespa caiu de leve, tendo as forças roubadas pelas empresas exportadoras, que justamente enfrentam perdas quando o real testa uma recuperação.

… Boa parte da produção da Vale é vendida no mercado internacional, o que ajudou a justificar ontem o desempenho bastante negativo do papel (ON, -2,52%, a R$ 52,66), figurando entre as piores perdas do dia.

… Em menor medida, também a queda do minério de ferro (-0,44%) influenciou. Ainda entre as companhias exportadoras, CSN Mineração perdeu 1,33% (R$ 5,19), Suzano caiu 1,60% (R$ 61,40) e Embraer, -2,10% (R$ 61,15).

… Descolado do exterior, o Ibovespa quebrou a sequência de quatro altas consecutivas e caiu 0,30%, abaixo dos 123 mil pontos (122.971,77). O volume financeiro continuou baixo e somou só R$ 19,2 bilhões.

… Em linha com o petróleo, Petrobras ON recuou 1,01% (R$ 41,13), na mínima, e PN caiu 0,56% (R$ 37,09).

… O Brent/março cedeu 0,36%, a US$ 79,00/barril, a 5ª queda seguida, ainda sob o efeito das medidas de Trump para o setor de energia, que podem elevar a oferta.

… Em meio ao recuo do dólar e da cotação do petróleo, a defasagem de preços da Petrobras diminuiu, segundo a Abicom. A do diesel recuou de 28% no pico da semana passada para 24% e a da gasolina, de 13% para 12%.

… Mas não se sabe se isso fará diferença para um potencial reajuste dos combustíveis, que pode ser discutido semana que vem. Ontem, Rui Costa reiterou que a estatal tem autonomia para decidir sobre os preços.

… Bancos fecharam sem direção única. Banco do Brasil subiu 1,83% (R$ 26,13) e Santander ganhou 1,28% (R$ 25,36). Bradesco PN perdeu 1,37% (R$ 11,48), Bradesco ON caiu 1,12% (R$ R$ 10,63) e Itaú desvalorizou 0,37% (R$ 32,61).

… Azul foi a maior alta do pregão, com +6,98% (R$ 4,60), após o anúncio da empresa sobre o encerramento e o resultado das ofertas para troca de notas existentes.

… CVC subiu 6,36% (R$ 1,84) e LWSA ganhou 5,66% (R$ 3,36). No lado negativo, os destaques ficaram com RD Saúde (-4,52%; R$ 20,91), Brava Energia (-4,13%; R$ 23,70) e Minerva (-3,42%; R$ 4,80). 

BRILHO TECH – O anúncio do projeto Stargate, de infraestrutura de IA, que envolve investimento de US$ 500 bi, animou Wall Street, que voltou os olhos novamente para as ações de tecnologia.

… Embora a iniciativa anunciada por Trump tenha ganhado críticas de Musk, que disse que as empresas “não têm dinheiro de verdade” para o projeto, o mercado gostou.

… O Nasdaq puxou as altas, subindo 1,28% e reconquistando os 20 mil pontos (20.009,34). Oracle (+6,75%) e SoftBank (+11,37%), envolvidos na iniciativa, foram bem. Entre as big techs, Nvidia (+4,43%) se destacou.

… Netflix também embalou NY. Com mais de 300 milhões de assinantes no mundo no 4tri24, a ação disparou 9,69%.

… O rali nas techs com o otimismo da IA e os balanços levaram o S&P 500 a um novo recorde (6.100 pontos) durante a sessão. O índice fechou perto disso, a 6.086,27 pontos (+0,61%). O Dow Jones subiu 0,30%, a 44.156,73 pontos.

… Mas à CNBC, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse haver sinais de que o mercado de ações está superaquecido. “Os preços dos ativos estão meio inflacionados. Você precisa de resultados muito bons para justificar esses preços”.

… Depois de o S&P 500 subir 24% em 2023 e 23% em 2024, há todo um debate sobre até que ponto o mercado pode ir sem uma correção significativa. Ainda mais porque os ganhos têm se concentrado nas techs.

… Ontem, por exemplo, apenas dois dos 11 setores do índice tiveram alta.

… Em nota, estrategistas do BlackRock Investment Institute disseram que “mesmo com juros mais altos, achamos que as ações podem continuar subindo, desde que os fundamentos permaneçam fortes.”

… Depois de uma sequência de quedas, os rendimentos dos Treasuries se ajustaram em alta. O da note de 2 anos subiu a 4,295% (de 4,274% na sessão anterior) e note de 10 anos avançou a 4,602% (de 4,578%).

… O índice dólar (DXY) mostrou oscilação contida pela segunda sessão seguida, com alta de 0,10%, a 108,167 pontos.

… O euro ficou estável (-0,03%), em US$ 1,0417, e a libra esterlina seguiu o mesmo caminho (-0,09%), a US$ 1,2321. O iene caiu 0,62%, a 156,448/US$.

EM TEMPO… USIMINAS captou US$ 500 milhões em bonds em oferta com demanda superior a US$ 2 bilhões, com taxa de 7,75% e prazo de sete anos, segundo agências de notícias.

LOJAS RENNER. Citi cortou preço-alvo de R$ 18,50 para R$ 17, mantendo recomendação de compra. Na prévia do 4Tri24, estimativa para crescimento de vendas nas mesmas lojas caiu de 12,9% para 10%, segundo o banco.

ALPARGATAS fará o resgate facultativo total das debêntures da 1ª série da 2ª emissão, tendo desembolso total de R$ 566 milhões. Serão resgatadas 550 mil debêntures e o pagamento ocorrerá no dia 30 de janeiro.

XP aprovou 1ª emissão de notas comerciais no valor de R$ 1,1 bilhão. Prazo será de 365 dias após a emissão.

TENDA. Itaú Unibanco reduziu participação acionária na empresa a 4,12%. No último formulário de referência, de 10 de janeiro, a participação do banco era de 7,82% dos papéis ordinários.

TECNISA. Vendas contratadas líquidas caíram 29,5% no 4Tri24, a R$ 138 mi, na comparação com o 4tri23. Valor integral das vendas foi de R$ 232 mi, alta de 3,3% no período. A companhia não realizou lançamentos no 4Tri24.

COSAN fará o resgate antecipado facultativo total da 1ª série da 3ª emissão de debêntures no dia 6 de fevereiro.

AUTOMOB informou que José Cezario Menezes de Barros Sobrinho renunciou ao cargo de diretor de RI. Para ocupar a função, a companhia elegeu Antonio da Silva Barreto Junior.

CCR ROTA SOROCABANA fará a 1ª emissão de debêntures, no valor de R$ 2,05 bilhões. Prazo de vencimento será de 60 dias contados da data de emissão.

PARANAPANEMA destituiu João Nogueira Batista dos cargos de diretor-presidente e de RI. Marcelo Vaz Bonini, atual diretor financeiro, acumulará o cargo de RI e o comando da empresa até a eleição de um novo diretor-presidente.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Trump pega leve com a China

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[22/01/25]

… Mais um dia de agenda vazia de indicadores lá fora, com destaque apenas para o Fórum de Davos, hoje com a participação da presidente do BCE, Christine Lagarde. Em Wall Street, o salto das ações da Netflix no after hours (14%), após o balanço, contrata otimismo para a abertura das bolsas. A expectativa de que Trump pode ser menos agressivo nas tarifas ajuda a sustentar o bom humor. Ontem à noite, ele disse que estuda uma sobretaxa de 10% para a China, “provavelmente” no dia 1º/2, data marcada também para as tarifas ao México e Canadá. Os 10% são uma surpresa positiva, bem abaixo dos 60% que Trump ameaçava às exportações chinesas em sua campanha. Aqui, só está prevista a divulgação do fluxo cambial semanal do BC no início da tarde, enquanto os ativos vão no embalo de Nova York.

… Os 10% de tarifa à China não foram escritos na pedra por Trump, que citou a alíquota como um exemplo ou uma possibilidade estudada, em entrevista a jornalistas na Casa Branca, no início da noite. Mas é muito significativo e deve repercutir bem nos mercados.

… Reforça a percepção de que o presidente não está a fim de criar uma guerra comercial e vai pegar leve.

… Depois da conversa amigável com Xi Jinping, este é um sinal muito promissor de que a relação entre EUA e China pode prosperar, para o alívio do mundo e, em especial, dos emergentes e do Brasil.

… Ainda na noite desta 3ªF, Trump disse que a UE tem desequilíbrios comerciais preocupantes com os EUA e que é “muito, muito ruim para nós”. “Então eles vão ter tarifas. É a única maneira de você obter justiça.”

… Mas o maior receio, uma linha de base tarifária universal, parece afastado e mesmo as tarifas de 25% ao México e Canadá não podem ser dadas como certas. Trump está negociando ao seu modo, e o que diz não pode ser levado ao pé da letra.

… Para a Capital Economics, “este padrão é familiar desde a guerra comercial EUA-China de 2018-19”, mas a consultoria alerta que, como naquela época, as incertezas em torno das reais intenções de Trump resultarão provavelmente em grande volatilidade.

… Fontes dizem à agência DJ que Trump tem usado as ameaças de tarifas mais rígidas para produtos do Canadá e do México para pressionar os dois países a anteciparem a renegociação de seu acordo comercial (USMCA).

… O texto, elaborado no primeiro mandato do presidente americano, está sujeito a revisão no ano que vem, mas o republicano já estaria mexendo os seus pauzinhos para alterar as regras para automóveis no pacto celebrado.

… Ele quer forçar as fábricas de automóveis a se transferirem do Canadá e do México de volta para os EUA.

… O grande acordo comercial USMCA movimenta cerca de US$ 2 bilhões e levou o México e o Canadá a superarem a China como os principais parceiros comerciais dos EUA, de acordo com dados do Census Bureau.

… Aliado próximo de Trump, o senador Kevin Cramer confirmou que o objetivo de Trump é reinicializar o USMCA e que tem estado em contato com autoridades canadenses sobre como podem atenuar as exigências de Trump.

TIKTOK – Trump disse estar aberto à possibilidade de o bilionário Elon Musk ou o presidente da Oracle, Larry Ellison, adquirirem a plataforma de vídeos como parte de uma joint venture com o governo dos EUA.

O IMPACTO DO PACOTE – Questionada pelo Broadcast sobre os efeitos individualizados do pacote fiscal, a Fazenda estima que as medidas vão gerar uma economia de R$ 29,4 bilhões no orçamento deste ano.

… Até então, a pasta só havia divulgado, em dezembro, o impacto do pacote somado para 2025 e 2026, de R$ 69,8 bi, sem isolar os efeitos para cada ano. Pela tabela atual, em 2026, o pacote poupará R$ 40,3 bi aos cofres.

… A maior fatia de economia está nos ajustes das emendas: impacto de R$ 6,7 bi este ano e R$ 7,7 bi em 2026.

… O segundo maior efeito virá das mudanças no Fundeb, abrindo espaço de R$ 4,8 bi no orçamento/25 e R$ 5,5 bi no próximo ano. A nova regra de reajuste do salário mínimo poupará R$ 3,8 bi este ano e R$ 11,4 bi (2026).

… A Fazenda espera que os ajustes no Bolsa Família rendam R$ 1,6 bi neste exercício e R$ 2,4 bi no próximo.

REAJUSTE DA PETROBRAS – Em Davos, o ministro Alexandre Silveira (MME) disse que a estatal tem “completa independência” para decidir preços e que o tema não passa pelo conselho, sendo responsabilidade da diretoria.

… De acordo com ele, o conselho de administração da empresa é utilizado para as decisões estratégicas de investimento e “aí, sim, o governo tem todo o direito de direcionar iniciativas na companhia”.

… Os comentários sobre a autonomia da Petrobras respondem aos relatos na imprensa de que o governo deve pressionar o conselho da estatal a amenizar uma alta dos combustíveis para não impulsionar a inflação.

… Na Suíça, Silveira ainda aproveitou para alfinetar Haddad: “às vezes, falta comunicação entre o governo e o mercado sobre a situação das contas brasileiras”. Mas disse que o foco está claro em combater o déficit.

MAIS AGENDA – O BC divulga o fluxo cambial às 14h30. Rui Costa (Casa Civil) será entrevista às 8h pela EBC.

LÁ FORA – Christine Lagarde (BCE) participa de conversa no Fórum Econômico Mundial, em Davos, às 12h15. Nos EUA, estão previstos balanços da Procter & Gamble, antes da abertura do mercado, e Alcoa, depois do fechamento.

AFTER HOURS – A festa da Netflix respondeu à surpresa com novos assinantes no 4Tri (18,91 milhões), quase o dobro do previsto, e à informação de que o preço da assinatura vai subir nos EUA, Canadá, Portugal e Argentina.

… O aumento do valor do plano deve inflar a receita deste ano para até US$ 44,5 bilhões, crescimento de 14% em relação ao ano encerrado. No 4Tri, a receita foi de US$ 10,2 bilhões, pouco acima da projeção de US$ 10,1 bi.

… O lucro líquido de US$ 1,86 bilhão registrou avanço em relação ao ganho de US$ 938 milhões em igual período do ano anterior. O lucro por ação ajustado de US$ 4,27 ficou acima das expectativas de analistas, de US$ 4,21.

… Foi o último trimestre em que a Netflix divulgou os números trimestrais de assinantes. Em vez disso, empresa quer que os investidores se concentrem agora em outras métricas, como a receita e a margem operacional.

… Ainda no after market, a United Airlines saltou 3,42%. O lucro líquido ajustado de US$ 3,26 por ação no 4Tri veio acima da previsão de US$ 3,04 e a receita somou US$ 14,7 bi, também superior à expectativa (US$ 14,4 bi).

NÃO BEBEU TEQUILA – O real escapou do impacto negativo do peso mexicano (-0,67%, a 20,64/US$), que sentiu o golpe da ameaça de Trump de taxar os produtos do México e Canadá em fevereiro, possivelmente em 25%.

… O câmbio doméstico também não se abalou com os comentários do novo presidente americano de que o Brasil precisa mais dos EUA do que o contrário e de que os países-membros do Brics têm tentado “dar a volta” nos EUA.

… Ileso às pressões, o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,19%, cotado a R$ 6,0307. O descolamento foi atribuído por operadores de mercado a relatos de entrada de fluxo e desmonte de posições compradas no câmbio.

… Apesar do certo desinteresse pelas ações brasileiras, tem chamado a atenção o retorno dos investidores estrangeiros à B3, muito provavelmente relacionado à Cosan, que zerou sua participação acionária na Vale.

… Em dois dias (5ªF e 6ªF passadas), entraram R$ 9,4 bilhões na bolsa em capital externo. A entrada expressiva de dinheiro pode estar contribuindo para manter o câmbio comportado, com o dólar inclinado a flertar com os R$ 6.

… Também a curva do DI tem aproveitado a maré de relativa calmaria com Trump, que mostra as garras, mas ainda não passa do nível de ameaças, deixando no ar a dúvida se as promessas de tributação são mesmo para valer.

… Os juros futuros terminaram a sessão de ontem perto da estabilidade, no clima de esperar para ver.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcou 14,925% (igual ao fechamento anterior); Jan/27 foi a 15,155% (de 15,130%); Jan/29, a 15,020% (de 15,015%); Jan/31, a 15,000% (de 15,030%); e Jan/33, a 14,940% (de 14,970%).

… Semana que vem tem Copom, com alta encomendada de mais 1pp para a Selic, a 13,25%. Em março, vem mais uma dose de 1 ponto, para 14,25%, e depois disso, a briga das apostas é se vai parar em 15% (Focus) ou segue além.

… O Citi aposta em 15,5% até junho e, ontem, elevou a previsão para a inflação deste ano (de 4,3% para 4,9%) e do ano que vem (de 3,7% para 4,0%), como reflexo da “ausência de reação fiscal” por parte do governo federal.

COMPASSO DE ESPERA – Sem total clareza ainda se Trump vai botar para quebrar no protecionismo tarifário ou se é mais jogo de cena para ampliar o seu poder de negociação, o Ibovespa exibe pouco apetite para arriscar.

… Com a alta moderada de 0,39% ontem, o índice à vista recuperou a marca dos 123 mil pontos (123.338,34) pela primeira vez no ano. Mas o giro (R$ 16,6 bi) constrange e, desta vez, não teve a desculpa de feriado em NY.

… Com a falta de boas notícias, o sentimento dos gestores sobre o Ibov permanece ruim, segundo pesquisa mensal do BofA.

… “As expectativas para o Ibov em 2025 estão dispersas entre 110 mil e 140 mil pontos, o que implica viés limitado para alta. Apenas 9% veem acima de 140 mil pontos no fim de 2025, contra 17% em dezembro”, diz a pesquisa.

… Os desempenhos fracos de Petrobras e Vale frearam os ganhos do índice ontem. O papel da mineradora caiu 0,50%, a R$ 54,02, pelo segundo dia na contramão da alta do minério de ferro em Dalian (+0,56%).

… Petrobras ON cedeu 0,84% (R$ 41,55) e PN ficou estável (+0,03%), em R$ 37,30. O dia foi negativo para o Brent/março (-1,17%; US$ 79,29) com a expectativa de que as políticas de Trump aumentem a oferta da commodity.

… Bancos ficaram no azul, com destaque para BB (+0,90%; R$ 25,66). Santander subiu 0,28% (R$ 25,04), Itaú ganhou 0,21% (R$ 32,73), Bradesco ON teve alta de 0,19% (R$ 10,75) e Bradesco PN ficou estável (+0,09%), em R$ 11,64.

…  Usiminas (+5,36%; R$ 5,31), Brava Energia (+4,26%; R$ 24,72) e Braskem (+3,57%; R$ 14,23) tiveram os maiores ganhos do dia.

… Ações de frigoríficos figuraram entre as maiores perdas, afetadas pela notícia de casos de gripe aviária nos EUA. BRF recuou 6,61% (R$ 21,75), Marfrig caiu 4,04% (R$ 14,95), JBS cedeu 1,84% (R$ 33,66) e Minerva, -0,20% (R$ 4,97).

… Raízen estendeu as perdas da véspera (-3,11%, a R$ 1,87) após o Santander reduzir o preço-alvo da ação, de R$ 2,90 para R$ 2,40, por causa de volumes menores que o esperado de moagem de cana e queda de preço do açúcar.

SUAVE NA NAVE – Na volta do feriado, Wall St reagiu bem à estreia de Trump 2, que, por enquanto, continua só na ameaça de tarifas, sem nada certo ou resolvido até agora.

… Ele disse não estar pronto para uma elevação universal de tarifas. Embora tudo ainda esteja muito incerto, o Goldman Sachs baixou as chances de o governo dos EUA impor tarifas generalizadas de 40% para 25%.

… “Por ora, essa é uma prioridade menor do que imaginávamos”, escreveu Alec Phillips, economista-chefe para os EUA do Goldman Sachs, em uma nota clientes.

… Solita Marcelli, da UBS Global WM, disse na CNBC que seu cenário-base é de crescimento da economia dos EUA, apesar das tarifas. “Elas não serão suficientes para prejudicar a atividade”, disse.

… Tampouco a economista acredita que as tarifas impediriam uma queda na inflação. A gestora espera corte de 50pb pelo Fed neste ano.

… No curto prazo, analistas veem os resultados da atual temporada de balanços, e seus guidances, como fator importante para as bolsas de ações continuarem a subir.

… Em NY, o Dow Jones avançou 1,24%, aos 44.025,81 pontos. O S&P 500 ganhou 0,88% (6.049,24) e o Nasdaq teve alta de 0,64% (19.756,78).

… As techs foram especialmente bem, diante da expectativa de um anúncio por Trump de investimentos em IA.

… Depois do fechamento do mercado, ele anunciou uma parceria envolvendo a OpenAI, Oracle e Softbank no valor de US$ 500 bilhões.

… No Nasdaq, Apple foi uma grande exceção no dia. A ação recuou 3,19% após analistas do Jefferies rebaixarem a classificação do papel de neutra para venda.

… A percepção de que as medidas iniciais de Trump foram mais suaves que o esperado deu espaço para mais uma queda nos juros dos Treasuries.

… O juro da note de 2 anos recuou a 4,271% (contra 4,282% na sessão anterior) e o da note de 10 anos caiu para 4,562% (de 4,626%). O do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,795% (de 4,857%).

… No câmbio, o dólar canadense caiu 0,2%, a US$ 1,4347, no alvo do protecionismo tarifário de Trump.  

… Após a forte queda da véspera, o índice dólar (DXY) ficou praticamente estável (+0,03%), em 108,062 pontos. O euro (+0,05%, a US$ 1,0420) e a libra esterlina (+0,05%, a US$ 1,2332) mal se mexeram (+0,05%).

… Já o iene subiu 0,1%, a 155,486/US$, em meio à expectativa de aumento do juro pelo BoJ nesta semana.

EM TEMPO… GERDAU comprou as PCHs Garganta da Jararaca e Paranatinga II por R$ 440 milhões. Ambas ficam em Mato Grosso, com capacidade de 21MW e 17MW, respectivamente.

ENGIE vai pagar R$ 250 milhões em JCP, aprovados pelo Conselho de Administração em 13/12/24. Proventos serão pagos em 07/02 e são equivalentes a R$ 0,3064 por ação. A data-base é 19/12/24.

PARANAPANEMA protocolou nova versão do 2º aditamento ao plano de recuperação judicial. A versão será submetida à deliberação de uma assembleia geral de credores (AGC) da companhia, no dia 27/01.

TEGRA levantou R$ 322 milhões com emissão de CRIs verdes. Incorporadora se comprometeu a aplicar os recursos, preferencialmente, no desenvolvimento de empreendimentos com características de “prédios verdes”.

BANDEIRA TARIFÁRIA. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, afirmou que o sistema pode continuar indicando a cor verde, sem cobrança adicional nas contas de luz ao longo de 2025, se o cenário de chuvas permanecer favorável.

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*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.