NY cai na real

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[11/03/25]

… Os investidores caíram na real, abandonaram o negacionismo com os riscos do governo Trump, pararam de dizer que era só um blefe e passaram a projetar os estragos que as políticas protecionistas poderão causar à economia americana. É grande a expectativa para a abertura em NY, após o risk off desta 2ªF. O medo de uma estagflação levou a uma corrida do dinheiro para ativos seguros, influenciando os mercados domésticos. Quando o presidente dos EUA fala em possível recessão é porque está disposto a bancar a aventura. Trump poderia ter aliviado se quisesse, mas não falou no final do dia, como costuma fazer. Na agenda, o relatório Jolts (11h) mostra a criação de vagas depois do payroll fraco. Aqui, a produção industrial (9h) pode reagir em janeiro, recuperando-se de três meses de queda.

… A mediana das estimativas apurada pelo Broadcast indica um crescimento de 0,4% para a indústria, após recuo de 0,3% em dezembro.

… Os dados de indicadores antecedentes, como o crescimento de 15% na produção de veículos (Anfavea) e o aumento de 3,3% no fluxo de veículos pesados nas estradas pedagiadas (ABCR), corroboram a previsão de alta da produção industrial.

… Outra explicação para a reação é a base de comparação baixa na margem, após as quedas de outubro, novembro e dezembro (-0,6%).

… Um resultado mais fraco, depois de o PIB/4Tri confirmar a desaceleração da atividade, poderia estimular queda dos juros na B3, mas vai ser difícil descolar do estresse em NY. Hoje, como ontem, Donald Trump conduz os mercados globais.

… A carta mensal do fundo Verde alertou para o grau de incerteza do cenário global, que “subiu notadamente em fevereiro, o que levou a gestora a reduzir seu perfil de risco de “maneira significativa”, zerando boa parte de suas ações no mercado local e global.

… Para Stuhlberger, o volume de ruído foi elevado e veio acompanhando de sinais preocupantes, como o desafio de rearranjar o sistema geopolítico e o uso de tarifas para alcançá-lo, que subestima a estrutura das cadeias de suprimento forjadas nos últimos 40 anos.

… A aproximação dos EUA com a Rússia colocou a Europa em alerta e traz riscos de longo prazo para o continente, segundo avaliação da consultoria Eurasia, que citou a quebra de uma relação de confiança e dependência com os EUA, especialmente na segurança.

… Diz a carta do fundo Verde que, com um mês e meio de governo Trump, todas as posições consensuais do mercado para o seu governo, como comprada (que aposta na alta) em dólar e ações, estão “sendo colocadas em xeque”.

… Já em relação ao Brasil, a gestora destaca a antecipação de um trade eleitoral para 2026 só esperado para a segunda metade deste ano, consequência da forte queda de popularidade do presidente Lula e sua aparente incapacidade de mudar a trajetória do governo.

… A única notícia positiva do dia foi o discurso moderado de Gleisi Hoffmann na posse como ministra da articulação política, quando citou Fernando Haddad e assumiu o compromisso de apoiar sua agenda econômica no Congresso.

… Gleisi chegou a dizer que a agenda de Haddad coloca o País na rota do emprego, crescimento e renda.

… A dúvida é se Haddad terá a mesma força para enfrentar as investidas populistas de Lula para salvar sua reeleição. Já se nota que o ministro tem defendido as pautas de Lula com mais afinco, evitando temas mais polêmicos como o ajuste fiscal.

… Nesta 2ªF, ele confirmou que o governo deve enviar ainda nesta semana ao Legislativo a MP do novo crédito consignado, que deve ser publicada amanhã, e, logo após, o projeto que estabelece a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

MAIS AGENDA – Antes da produção industrial, sai o IPC-Fipe da primeira quadrissemana de março. Em fevereiro, fechou em 0,15%.

… Às 11h, o Tesouro faz leilão de LFT para 1º/3/2028 e 1º/3/2031 e de NTN-B para 15/8/2030, 15/8/2035 e 15/5/2060.

GALÍPOLO – Presidente do BC participa de reunião com o Li Qi, Ministro Conselheiro da Embaixada da China no Brasil, e Huang Siyu, Terceira Secretária da Embaixada da China, na sede do BC, em Brasília (11h), para tratar de assuntos institucionais.

LULA – Volta a MG nesta 3ªF, onde participa de cerimônia de inauguração de investimentos dos setores automotivo e de aço (11h).

NOS EUA – O relatório Jolts, muito olhado pelo Fed, deve mostrar abertura de 7,5 milhões de vagas em janeiro (7,6 milhões/dezembro). É o único indicador previsto para o dia. A expectativa é toda para a inflação do CPI, que sai amanhã, 12.

UCRÂNIA – O alinhamento dos Estados Unidos à Rússia ficou evidente nas negociações para um cessar-fogo na Ucrânia, obrigada a um recuo forçado após o governo Trump suspender toda a ajuda militar ao país.

… Nas conversas de hoje na Arábia Saudita, a Ucrânia proporá o fim dos ataques por mar e ar, além da libertação de prisioneiros, dizendo que está pronta para assinar um acordo com os EUA sobre o acesso aos minerais de terras raras do país.

… Mas, segundo o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que viajou para discutir o fim da guerra com representantes ucranianos, qualquer que seja o acordo de paz, deverá prever que a Ucrânia cederá os territórios ocupados pela Rússia desde 2014.

CHINA – Washington e Pequim iniciaram conversas sobre uma possível “cúpula de aniversário” em junho entre o presidente Trump e o líder chinês Xi Jinping, em meio à escalada de tarifas e restrições comerciais impostas pelos EUA contra a China.

… Nos bastidores apurados pela agência DJ, Pequim tem intensificado contatos com a Casa Branca e avalia uma oferta inicial, incluindo a compra de mais produtos agrícolas dos EUA, mas ainda não a formalizou.

JAPÃO HOJE – A leitura final do PIB/4Tri avançou 0,6% e superou a previsão de 0,4%. A recuperação contínua sustenta as expectativas de que o BoJ aumentará novamente sua taxa de juros em um futuro próximo.

RISK OFF GLOBAL – Bem diferente do tom do discurso de pouco menos de dois meses atrás, quando prometeu devolver a economia dos EUA aos “anos dourados”, causou espanto a mudança agora da abordagem de Trump.

… Questionado sobre o risco de recessão, o presidente americano afirmou que haverá um “período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande”, sinalizando que está disposto a pagar o preço da guerra tarifária.

… O CPI de fevereiro, amanhã, abrangerá o primeiro mês completo da trajetória da inflação sob a nova gestão em Washington e ganha importância redobrada no contexto do perigo de os EUA caírem em uma estagflação.

… Por enquanto, o consenso é de corte acumulado de 75pb no juro este ano, com início da flexibilização a partir de maio ou junho.

… Para completar o cenário de incertezas, números mais fracos da inflação na China em fevereiro, divulgados no fim de semana, acenderam a luz amarela para a possibilidade de uma desaceleração global mais firme neste ano.

… Com o crescimento econômico em xeque, o “índice do medo” Vix disparou mais de 20% e as bolsas em NY mergulharam feio, com os papéis dos bancos e as ações das Sete Magníficas registrando queda em bloco.

… Tesla despencou 15,4%, apagando tudo o que subiu desde que Elon Musk entrou para o governo Trump. Mas o tombo foi geral: Meta caiu 4,42%, Apple (-4,85%), Alphabet (-4,49%), Microsoft (-3,34%), Amazon (-2,36%) e Nvidia (-5,07%).

… O Nasdaq derreteu 4%, aos 17.468,32 pontos, na pior queda diária desde 2022. O Dow Jones (-2,08%) afundou quase 900 pontos, para 41.911,71 pontos, e o S&P 500 terminou em queda de 2,70%, aos 5.614,56 pontos.

… Já o Ibov driblou o estresse de Wall St e limitou as perdas a 0,41%, aos 124.519,38 pontos, com volume financeiro de R$ 20,2 bilhões. Magalu (+4,96%) liderou o ranking de altas, com a unificação das áreas de Plataforma e Negócios.

… Vale (ON, -1,62%, a R$ 53,99) sentiu a inflação fraca na China, potencial sintoma de desaquecimento. Petrobras ficou no campo negativo, mas mais perto da estabilidade: ON, -0,19% (R$ 37,35); e PN, -0,03% (R$ 34,62).

… A estatal resistiu bem à queda de 1,5% do petróleo Brent (US$ 69,28), que sentiu a recessão de Trump.

… Entre os bancos, só Itaú (+0,89%, a R$ 32,89) ignorou a onda de cautela. Bradesco PN registrou desvalorização de 1,45%, a R$ 11,52; Bradesco ON, -1,12%, a R$ 10,62; BB, -0,32% (R$ 27,97); e Santander, -1,43% (R$ 25,57).

… O câmbio foi o mercado que mais refletiu a aversão a risco. A busca defensiva levou o dólar à vista a fechar na faixa de R$ 5,85, em alta de 1,07%, a R$ 5,8521, carregando junto os juros futuros.

… Jan/26 subiu a 14,780% (de 14,740% na sessão anterior); Jan/27, a 14,675% (14,570%); Jan/29, 14,635% (14,535%); Jan/31, 14,760% (14,650%); e Jan/33, 14,750% (14,620%).

… Lá fora, o índice DXY cruzou a linha dos 104 pontos na máxima do dia, mas desacelerou. No fechamento, exibia leve alta de 0,15%, a 103,997 pontos. O euro ficou estável (+0,01%), a US$ 1,0827, e a libra caiu 0,33%, a US$ 1,2874.

… O iene (147,41/US$), que já vem faturando nos últimos tempos a perspectiva de um BoJ hawkish, ganhou ainda espaço contra a moeda americana, diante dos temores renovados de uma recessão abater a economia dos EUA.

… Antecipando os riscos do protecionismo de Trump, investidores correram para os Treasuries, derrubando os rendimentos: o yield da Note-2 anos caiu a 3,896%, contra 3,997% na sessão anterior, e o de 10 anos foi a 4,221%, de 4,315%.

EM TEMPO… COSAN reverteu lucro e registrou prejuízo de R$ 9,297 bilhões no 4Tri/24. Ebitda consolidado abandonou resultado positivo e ficou negativo em R$ 1,6 bilhão. Receita líquida somou R$ 11,768 bilhões (+24% em um ano).

REDE D’OR registrou lucro líquido de R$ 879,5 milhões no 4Tri, alta de 31,6% na comparação com igual intervalo de 2023. Já o lucro líquido ajustado totalizou R$ 932 milhões, avanço de 29,3% na mesma comparação…

… Ebitda foi de R$ 1,9 bilhão (+34,4% na comparação anual) e o Ebitda ajustado foi de R$ 2,3 bilhões (+30,6%), enquanto a receita líquida foi de R$ 13,057 bilhões (+9,4% sobre o reportado no mesmo período de 2023).

PAGUE MENOS. Lucro líquido totalizou R$ 77,1 milhões no 4Tri, avanço de 22,8% em relação ao mesmo período de 2023, em função da combinação de crescimento de vendas, incremento da rentabilidade operacional e redução do resultado financeiro…

… O Ebitda foi de R$ 164 milhões (+31,6% ante um ano antes) e a receita líquida, de R$ 3,3 bilhões (+16,9%).

DIRECIONAL. Apresentou lucro líquido de R$ 181 milhões no 4Tri, montante 82% maior do que no mesmo período de 2023 e no maior lucro trimestral da história da incorporadora. No critério operacional, o lucro líquido ficou em R$ 165,5 milhões (+69,4%)…

… O Ebitda ajustado somou R$ 249 milhões (+64% na mesma base de comparação anual) e receita operacional líquida somou R$ 924,2 milhões, crescimento de 45,6% e também recorde para um trimestre da companhia.

PRIO. Produção total de petróleo atingiu 108.560 barris de boepd em fevereiro, ante 114.454 mil em janeiro, uma queda de 5,14% na comparação mês contra mês. A venda de óleo total caiu de 3.608.396 bbl em janeiro para 3.402.076 em fevereiro (-5,71%).

PETRORECONCAVO. Produção média no mês de fevereiro foi de 27,3 mil boepd, um crescimento de 1,9% na margem, refletindo o avanço no programa de perfurações iniciado no final de 2024 e a estabilização de poços recém perfurados no Ativo Bahia

EQUATORIAL. O conselho de administração aprovou o aumento do capital social em R$ 5.597.124,09, elevando o capital social total para R$ 12.506.904.753,23. Foram emitidas 313.549/ON, ao preço de R$ 17,85.

EQUATORIAL ENERGIA. O conselho de administração aprovou a realização da sétima emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 1,5 bilhão….

… Serão emitidos 1,5 milhão de títulos com valor unitário de R$ 1.000,00 e prazo de cinco anos, vencendo em 15 de março de 2030.

HYPERA. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários, informou que a Votorantim passou a deter 69.811.900 ações ordinárias da companhia, que representam cerca de 11,00% do capital social da empresa.

B3. Fechou parceria estratégica com o SGX Group para o lançamento de contratos futuros de Real no mercado asiático. Segundo a bolsa, a expectativa é que o produto, que depende da aprovação dos reguladores locais, seja disponibilizado ainda neste ano.

GRUPO J. SAFRA anunciou a aquisição de 70% do capital da fintech dinamarquesa Saxo Bank. O valor da transação não foi revelado.

DELTA AIR LINES. Ações desabaram 11,15% no after hours, após reduzir projeção de lucro e receita para o 1Tri (de 7% a 9% para 3% a 4%), citando a recente queda da confiança do consumidor e das empresas em meio ao “aumento da incerteza macroeconômica”…

… A previsão de lucros ajustados foi para US$ 0,30 a US$ 0,50 por ação, contra previsão anterior de US$ 0,70 a US$ 1 por ação.

ORACLE. Ações caíram no after hours (-3,22%) após divulgar lucro líquido para os três meses encerrados em 28 de fevereiro de US$ 2,94 bilhões, ou US$ 1,02 por ação, em comparação com US$ 2,4 bilhões, ou US$ 0,85 por ação, no mesmo período do ano anterior.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

As aventuras de Trump e o populismo de Lula

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[10/03/25]

… Os mercados globais seguem sob a montanha-russa do protecionismo de Trump, que ameaça impor tarifa de 250% (isso mesmo, 250%) sobre os produtos lácteos do Canadá, que também levou um tarifaço da China no fim de semana. O presidente americano também não descarta uma recessão nos EUA. Aqui, o governo tenta evitar a taxação sobre o aço, prevista para vigorar nesta 4ªF (12). O cessar-fogo na Ucrânia continua em pauta. Zelensky reúne-se hoje com representantes dos EUA na Arábia Saudita e Putin diz que aceita conversar, mas quer um acordo de paz “definitivo”. Na agenda dos indicadores, inflação nos EUA e no Brasil (IPCA), além de dados da indústria, comércio e serviços, que testam as chances de um ciclo mais curto de alta da Selic, após a desaceleração do PIB, enquanto Lula apela ao populismo para turbinar a economia e salvar a reeleição em 2026.

… A inclinação para um governo mais à esquerda já está clara para o mercado, na tentativa de recuperar sua base histórica de apoio, que se distancia nas últimas pesquisas, onde o presidente registra as suas piores marcas de aprovação em três mandatos.

… A nomeação de Gleisi Hoffmann, que toma posse hoje (15h) na Secretaria de Relações Institucionais – encarregada da articulação política – é uma prova de que Lula desistiu do Centrão. Ou de que o Centrão desistiu do governo do PT.

… No evento com o MST, na 6ªF, o presidente modulou um discurso mais alinhado a esse objetivo, cogitando “uma atitude mais drástica” contra a inflação dos alimentos. Levantou a lebre, já que os efeitos do imposto zero de importação devem ser irrelevantes.

… O grande receio é de que o governo – no afã de recuperar a popularidade – recorra a medidas como restrições a exportações ou venha a adotar subsídios ao setor, complicando ainda mais a luta pelo equilíbrio das contas públicas.

… O ministro Fávaro (Agricultura) negou medidas heterodoxas, garantindo que uma intervenção artificial nos preços está descartada, mas poucos dias atrás correu nos bastidores que ele chegou a ameaçar com demissão nos debates sobre o tema em Brasília.

… Em pesquisa do Instituto AtlasIntel, onde a avaliação negativa de Lula subiu de 46,5% em janeiro para 50,8% em fevereiro, com 47% das intenções de voto, o presidente enfrenta um cenário de empate técnico com Tarcísio (49%) em um eventual 2º turno.

… Nesta 4ªF, deve ser publicada a MP do crédito consignado do setor privado, no esforço de manter o consumo em alta, um contrassenso no contexto da luta contra a inflação, mas que passou a ganhar o aval do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

… Também está para sair a MP do FGTS, que deve injetar em torno de R$ 12 bilhões na economia. 

… Em paralelo, o ministro Alexandre Silveira, muito próximo do presidente Lula, defendeu usar recursos públicos para baixar as contas de luz. A proposta será enviada ao Congresso em até dois meses, segundo ele disse em entrevista ao O Globo.

… Ainda segundo Silveira, “já está na hora” de a Petrobras analisar a redução no preço dos combustíveis, com a queda do petróleo.

… Entrevistado pelo podcast Flow, na noite de 6ªF, o ministro Haddad atribuiu ao ambiente político as dificuldades para reduzir as despesas do governo e melhorar a percepção sobre a economia doméstica.

… O desafio em resolver o fiscal, disse, não está na esfera técnica, nas planilhas, mas sim na pressão política de grupos empresariais organizados. Ele minimizou as divergências com Gleisi e disse que se reunirá com ela esta semana.

MAIS TRUMP – Em entrevista exibida neste domingo pela Fox News, quando questionado sobre o risco de uma recessão este ano, Trump disse que “odeia prever coisas assim”, mas que “há um período de transição”.

… O risco não descartado levava os futuros das bolsas em NY a operarem em queda no final da noite de ontem.

HORÁRIO DE VERÃO –EUA entraram em horário de verão neste domingo, com a Bolsa de NY passando a operar das 10h30 (de Brasília) às 17h. Futuros de petróleo na Nymex, das 10h às 15h30. Cobre, das 9h10 às 14h. E ouro, das 9h20 às 14h30.

… Para acompanhar a mudança de horário, o Ibovespa volta a fechar às 17h a partir de hoje, mas continua abrindo às 10h.

ORÇAMENTO – Amanhã (3ªF), reunião de líderes do Congresso faz a leitura do relatório final da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, que pode ser votado na semana que vem (dia 19) em plenário.

… O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) foi enviado ao Congresso com R$ 600 milhões para o Auxílio Gás.

… Mas a intenção do governo de ampliar o programa de 5,42 milhões de famílias para mais de 20 milhões de famílias até o final do ano tem um custo estimado de R$ 13,6 bilhões.

MARGEM EQUATORIAL – Ministro Alexandre Silveira (MME) decidiu agir pessoalmente para cobrar do Ibama uma decisão rápida a favor da exploração de petróleo na Margem Equatorial. Ele disse à Coluna do Estadão que irá à sede do órgão, nesta semana.

INDICADORES – Às voltas com os esforços do governo para baixar a inflação e sustentar o PIB, o IBGE divulga o IPCA de fevereiro na 4ªF. Amanhã, sai a produção industrial (3ªF). Na 5ªF, o volume de serviços. E na 6ªF, as vendas no varejo.

… Após três meses consecutivos de retração, a produção industrial deve retornar ao campo positivo em janeiro. Em pesquisa Broadcast, a mediana aponta crescimento de 0,4%%, depois exibir queda de 0,3% em dezembro.

… A Fazenda mantém a expectativa de que o PIB brasileiro cresça 2,3% este ano, mas economistas desconfiam que a visão da equipe econômica está otimista e projetam 2,01% na mediana do boletim Focus, que será atualizada hoje (8h25).

… Divulgado na última 6ªF, o PIB/4Tri surpreendeu os economistas com uma desaceleração (+0,2% na margem) mais acentuada do que a estimada (+0,4%), abrindo caminho para analistas apostarem em Selic abaixo de 15%.

… Chamou a atenção a queda de 1% no consumo das famílias, interrompendo 13 trimestres seguidos de alta, o que sugere que o trabalho do Copom está surtindo efeito. A esperança de o BC aliviar a política monetária caiu bem no Ibovespa (abaixo).

… Confiante, a ministra Simone Tebet acredita que o agro “virá com tudo” este ano, sustentando o fôlego da economia. O mercado concorda que a safra dará um choque positivo, mas o efeito deve se limitar ao 1Tri.

… Guillen (BC) aponta sinais de alguma moderação no ritmo de crescimento da economia, ainda que incipientes.

… Além do IPCA, a semana reserva o IGP-DI/fev, que sai hoje (8h) e deve acelerar a 1,16%, após alta de 0,11% em janeiro. No mesmo horário, sai a primeira prévia de março do IPC-S. Amanhã, tem a parcial do IPC-Fipe.

… Do lado fiscal, é importante conferir na 4ªF o resultados das contas do setor público em janeiro.

BALANÇOS – Destaques da semana são CSN e CSN Mineração (4ªF), Eletrobras, Prio e LWSA (5ªF), além das varejistas: Casas Bahia (4ªF), Magalu e Natura (5ªF). Hoje, após o fechamento: Cosan, Direcional e Rede D’Or.

… Amanhã, sai Azzas. Na 4ªF, é a vez de Cogna, Dexco, SLC Agrícola e Tenda. Os resultados da EzTec e Vittia Fertilizantes saem na 5ªF. Os números trimestrais da Even fecham a semana, na 6ªF após o fechamento.

LÁ FORA – Sob o fantasma de uma estagflação, ganham importância redobrada nesta semana nos EUA o CPI (4ªF) e o PPI (5ªF) de fevereiro. Hoje (12h), o Fed de NY informa as expectativas de inflação no mês passado.

… O Fed boy Alberto Musalem discursa em conferência (12h35). Amanhã (3ªF), sai o relatório Jolts de emprego.

… Na 4ªF, Lagarde (BCE) discursa e o Canadá anuncia decisão de juro. Ontem, o ex-presidente do BC canadense, Mark Carney, foi eleito como sucessor do primeiro-ministro Trudeau, em meio à guerra contra Trump.

PETRÓLEO – Estão programados para a semana os relatórios mensais da Opep (4ªF) e da AIE (5ªF).

CHINA HOJE – Divulgada no final de semana, a inflação recuou mais do que o esperado em fevereiro.

… Os preços ao consumidor caíram 0,7% contra igual mês do ano passado. A expectativa dos analistas era de queda menos aprofundada, de 0,5%. O PPI caiu 2,2%, também com recuo mais acentuado do esperado (-2,1%).

… Em meio à guerra protecionista, Pequim anunciou no sábado que aplicará uma tarifa de 100% sobre alguns produtos alimentícios do Canadá, a partir do dia 20, como retaliação a medidas adotadas no ano passado.

PIB DESACELERA – No embalo de NY e da valorização das commodities, o Ibovespa ampliou os ganhos à tarde e se aproximou dos 126 mil pontos, embora não tenha conseguido sustentar a marca no fechamento, em alta de 1,36%, aos 125.034,63 pontos.

… Mas o principal driver foi o PIB/4Tri abaixo do esperado, que confirma a desaceleração da economia, retirando pressão do Copom para futuros aumentos da Selic, favorecendo a bolsa. A alta foi generalizada: só nove dos 87 papéis do Ibov fecharam em baixa.

… Vale (ON +1,46%) e Petrobras (ON +1,22%, PN +1,08%) impulsionaram o índice. Entre os bancos, Santander Unit subiu 2,45%. Lideraram as altas: Brava (+10,82%), Magazine Luiza (+10,55%) e Marcopolo (+6,18%).

… A curva de juros voltou a projetar taxas abaixo de 15% na B3, com queda do DI para janeiro/26 a 14,740% (de 14,804% na véspera), do janeiro/27 a 14,570% (de 14,772%) e do janeiro/29 a 14,535% (de 14,816% no ajuste de 5ªF).

… O PIB/4Tri de 2024 cresceu 0,2% ante o 3Tri, à metade da mediana projetada pelo mercado (+0,40%), com revisões em baixa também dos trimestres anteriores. O dado levou às primeiras mudanças no mercado para o crescimento deste ano.

… O Goldman Sachs, que previa PIB de 2,1% em 2025, passou a prever 1,7%. A Capital Economics, esperava 2,3% e espera agora 1,8%. A projeção da Fazenda para este ano é de 2,3%. O mercado espera 2% na mediana de pesquisa Broadcast após os dados do PIB.

… À tarde, o déficit de US$ 323,7 milhões da balança comercial jogou a favor da bolsa, mas o segundo o MDIC, o saldo negativo no mês de fevereiro só aconteceu por conta da compra de uma plataforma de petróleo. Sem isso, teria registrado superávit de US$ 2,6 bilhões.

… Já no câmbio, o real operou descolado da reação positiva dos demais ativos domésticos e de seus pares emergentes, com o dólar perto da marca de R$ 5,80 que bateu na máxima do dia, negociado no mercado à vista a R$ 5,7902 (+0,53%) no fechamento.

… Investidores continuam com o pé atrás em relação às investidas populistas do governo Lula, acreditando que podem vir surpresas pela frente para piorar a percepção do risco fiscal, como “medidas drásticas” mencionadas pelo presidente contra a alta dos alimentos. 

… Até aqui, a isenção de impostos de importação sobre produtos da cesta básica não assustou pelo impacto, já que cálculos da Warren apontam para perda muito pequena na arrecadação, de até R$ 1 bilhão por ano. O problema é que pode não parar por aí.

O MEDO DE ESTAGFLAÇÃO – Os dados fracos do payroll nos EUA, com a criação abaixo do esperado de empregos em fevereiro (+155 mil), acenderam o alerta de uma possível recessão da economia, em meio ao risco de alta da inflação com as tarifas de Trump.

… Na própria 6ªF, o JP Morgan elevou essas chances de 30% para 40% e o Goldman Sachs, de 15% para 20%. O Goldman explicou a dose limitada porque “a Casa Branca tem a opção de recuar se os riscos de queda começarem a parecer mais sérios.”

… Em Wall Street, as bolsas só abandonaram as quedas após a fala mais otimista de Powell, destacando que a economia norte-americana está “em bom lugar”. Dow Jones subiu 0,52% (42.801,72 pontos), S&P 500, +0,55% (5.770,20), e Nasdaq, +0,70% (18.196,22).

… Powell, assim como outros dirigentes do BC dos EUA têm feito, mencionou as “grandes incertezas com as políticas” do governo Trump, mas insistiu que não é preciso ter pressa [para mexer nos juros]: “estamos bem posicionados para esperar por maior clareza”.

… Tranquilizou o mercado dizendo ainda que o Fed está “comprometido em cumprir nosso duplo mandato” de estabilidade de preços e maximização de empregos, afirmando que o mercado de trabalho é sólido e os salários estão subindo acima da inflação.

… Em evento, John Williams (Fed/NY) negou que as expectativas de inflação estejam descontroladas, enquanto a dirigente do Fed Adriana Kugler afirmou que pode ser adequado “manter a taxa de juros atual por mais algum tempo” [não sobe, mas também não cai].

… O payroll fraco ajudou a embaralhar ainda mais as expectativas para o futuro dos juros dos EUA. O mercado ainda vê junho como o mês mais provável para um novo corte, mas maio segue como a segunda aposta mais forte, segundo a ferramenta do CME Group.

… Para o ING e o Commerzbank, o payroll ainda poderá influenciar o Fed a uma abordagem mais hawkish nos próximos meses, já que as demissões do DOGE no setor público e a menor disposição das empresas para contratar podem pesar no mercado de trabalho.

… Nos Treasuries, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,997% e da T-note de 10 anos avançava a 4,315% no final da tarde, com o investidor se desfazendo de posições defensivas. O rendimento do T-Bond de 30 anos subiu para 4,615%.

… Já no câmbio, o dólar reduziu a queda até o fechamento em NY, com o índice DXY a 103,838 pontos (-0,21%), enquanto o euro subia a US$ 1,0846 e a libra esterlina, a US$ 1,2925. A moeda americana só avançou contra o iene, a 148,01 ienes.

… No petróleo, após perdas de mais de 3% na semana, o Brent/maio avançou 1,29% na 6ªF, para US$ 70,36, e o WTI/abril, +1,02%, cotado a US$ 67,04, com a disposição da Rússia de conversar sobre um cessar-fogo na Ucrânia, desde que haja um acordo de paz definitivo.

EM TEMPO… PETROBRAS desistiu de vender sua unidade de distribuição de combustíveis na Colômbia…

… Conselho de administração aprovou o acordo para encerramento de pendência judicial com a EIG Energy nos EUA, pelo qual Petrobras pagará US$ 283 milhões. A EIG renunciará a qualquer direito relacionado à disputa…

… O valor da contingência está provisionado nas demonstrações financeiras da Petrobras e vem sendo atualizado desde 2022.

VALE. Concorrentes estudam formas de ampliar presença no mercado brasileiro, seja na extração, seja na comercialização de minerais. A Rio Tinto, por exemplo, pesquisa presença de lítio e titânio em Minas Gerais, além de níquel na Bahia e cobre no Mato Grosso (Folha).

BTG realizou leilão para comprar ações em circulação do Banco Nacional, adquirindo 26.806.919 de ações ON e 1.841.715.847 de PN, por um preço de R$ 51,02/lote mil, ao custo de R$ 95,332 milhões. Vai seguir com a OPA para fechar o capital do Nacional.

SANTANDER. Luís Bittencourt, que até então era vice-presidente de Tecnologia e Operações do banco, se tornará líder global da área no chamado Digital Consumer Bank (DCB), frente que consolida as operações digitais na matriz do Grupo Santander…

… O posto de Bittencourt será ocupado por Gilberto Abreu e André Juaçaba assumirá o Corporate. Outra mudança anunciada é a saída de Carlos André, que era vice-presidente da área de Wealth Management desde 2022.

ITAÚ. Realizou emissões de letras financeiras subordinadas perpétuas, no montante de R$ 4,4 bilhões, em negociações com investidores profissionais. As letras financeiras são perpétuas, com opção de recompra a partir de 2030.

NUBANK. Diretor de relações com investidores do banco, Jorg Friedemann, está deixando o cargo e deve assumir um posto de direção a ser anunciado em breve. O Nubank vai buscar um novo diretor de RI no mercado.

ENEVA. Concluiu a reorganização societária aprovada pelos cotistas em 26/02, envolvendo a substituição do seu antigo gestor pela BWGI e a cisão parcial do Eneva FIA, compreendendo ações ordinárias de emissão da Eneva, para outros fundos geridos por terceiros…

… Assim, a participação combinada do Eneva FIA e do Monterey FIA na companhia passou a ser de 271.758.564 ações ordinárias, o que corresponde a aproximadamente 14,06% do total do capital social da Eneva.

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Lula incentiva importação contra alta de alimentos

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[07/03/25]

… É intensa a agenda dos mercados nesta 6ªF, tanto lá fora, com payroll e uma fala de Powell nos EUA, como no Brasil, com o PIB/4Tri e a repercussão das medidas anunciadas pelo governo Lula para tentar reduzir os preços dos alimentos. Em NY, o relatório de emprego vale a aposta para o Fed, no momento em que crescem as expectativas de queda maior do juro. Uma mensagem mais cautelosa de Powell, no entanto, pode prevalecer. Ontem, o pessimismo de Lagarde/BCE com as incertezas das tarifas de Trump e tensões geopolíticas já mudou a percepção para o juro na zona do euro. Aqui, a economia deve confirmar crescimento de 3,5% em 2024. Mas a primeira reação dos investidores domésticos deve ser à isenção do imposto de importação para uma série de produtos, ainda sem cálculos da renúncia fiscal.

… Coube a Geraldo Alckmin anunciar, no início da noite, a decisão de zerar a alíquota do imposto de importação sobre diversos alimentos, como carne, café, açúcar e milho. A medida deverá passar pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) antes de entrar em vigor.

… O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços admitiu que é “difícil” explicitar o efeito matemático sobre cada item. Mas, segundo ele, não haverá prejuízo aos produtores locais e, sim, benefício aos consumidores.

… “Você reduzir o imposto de importação ajuda a reduzir os preços; você não está substituindo, está complementando”, explicou, citando como exemplos o óleo de palma e o azeite, que têm uma produção nacional muito pequena.

… A lista de produtos que passaram a ter isenção, com alíquota zero, inclui: carne (alíquota era de 10,8%); café (9%); açúcar (14%); milho (7,2%); azeite (9%); óleo de girassol (9%); sardinha (32%); biscoitos (16,2%) e massas alimentícias (14,4%).

… Além disso, Alckmin antecipou que o governo estuda estender ao Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (PRONAMP) os mesmos benefícios direcionados à Agricultura Familiar, priorizando a produção de alimentos da cesta básica no Plano Safra.

… Insumos importantes para a indústria também poderão ser subsidiados, segundo o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

… Outra iniciativa para frear a inflação dos alimentos será fortalecer os estoques reguladores pela Companhia Nacional de Abastecimento. Alckmin garantiu que a Conab terá os recursos necessários para, “no momento certo”, fazer estoques.

… Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o governo vai dar ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM) a responsabilidade pela inspeção de produtos de origem animal (leite e ovos), que concede o selo nacional. A exceção valerá por um ano.

… O governo pretende, ainda, estimular a publicidade sobre os melhores preços, em campanhas com os supermercados, além de acelerar a análise de questões fitossanitárias, abrindo a importação de países que não podem vender ao Brasil.

… Por fim, Alckmin fez um apelo aos governadores para que zerem o ICMS incidente sobre os produtos da cesta básica.

… As medidas foram precedidas por uma reunião de ministros com empresários do setor, ocorrida durante a tarde, mas a reação negativa do agronegócio já está sendo dada como certa, com a piora da relação do setor com o governo Lula.

… Há meses, o presidente fala em fazer alguma coisa para baixar os preços dos alimentos; a demanda ficou mais urgente com a queda da popularidade de seu governo. Zerar o imposto de importação estava na mesa desde sempre e acabou sendo a opção.

… O ministro Fernando Haddad não participou dos debates, enviou o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, para representá-lo. Foi Mello quem disse que as medidas ainda terão impacto fiscal calculado pelos ministérios responsáveis.

… Segundo ele, “a queda na arrecadação não deve ser grande, mas os consumidores sentirão a diferença”.

… Ouvido pelo Broadcast, o economista-chefe da Leme Consultores, José Ronaldo Souza Júnior, prevê impacto modesto das medidas que foram anunciadas. Para ele, o ajuste fiscal seria uma solução mais efetiva contra a inflação dos alimentos.

… No Valor, Sérgio Vale (MB Associados) faz a mesma avaliação, que o corte das alíquotas de importação terá impacto pouco relevante no preço dos alimentos. Já os estoques reguladores da Conab, considera uma medida “antiga” e um “retrocesso”.

… Para ele, as medidas devem aumentar o estresse na relação com o agronegócio. “Vai piorar mais do que ajudar.”

… No mercado, a iniciativa deve ser recebida como uma saída populista e de viés heterodoxo, ampliando as desconfianças de que o governo Lula tende a se tornar, cada vez mais, um risco para a saúde fiscal.

… Já nesta 5ªF, a expectativa com as medidas zerou a queda do dólar, enquanto os juros renovavam máximas (leia abaixo).

AÇO E ALUMÍNIO – Além de protagonizar o anúncio das medidas para tentar conter a alta dos alimentos, Alckmin também esteve à frente de reunião por videoconferência com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

… Em nota divulgada à noite, o MDIC disse acreditar que será possível chegar a um bom entendimento sobre a política tarifária de Trump. Houve convergência sobre os aspectos positivos da relação entre Brasil e EUA, e novas reuniões bilaterais ocorrerão nos próximos dias.

… Na conversa, o vice-presidente lembrou que os dois países têm uma balança comercial de cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os americanos. Além disso, dos dez produtos que o Brasil mais importa dos EUA, em oito a tarifa é zero.

… A tarifa média ponderada efetivamente recolhida é de 2,73%, bem abaixo do que sugerem as tarifas nominais, destacou o MDIC.

… O contato de Alckmin aconteceu enquanto o Brasil busca negociar com os americanos uma forma de escapar da sobretaxa de 25% que os EUA querem cobrar do aço importado, com data prevista para entrar em vigor no dia 12 de abril.

MÉXICO E CANADÁ – Nesta 5ªF, Trump adiou as tarifas sobre a maioria dos produtos do México e do Canadá por um mês, até 2 de abril.

… O presidente americano elogiou sua colega mexicana Claudia Sheinbaum, afirmando que o relacionamento dos dois tem sido positivo e eles estão trabalhando juntos para impedir a entrada do fentanil e de estrangeiros ilegais nos Estados Unidos.

… Também o Canadá foi beneficiado após recuar na segunda imposição de tarifas sobre US$ 125 bilhões em produtos dos Estados Unidos, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, dizer que seu objetivo continua sendo “remover todas as tarifas”.

… Em entrevista no Salão Oval, Trump foi questionado se o mercado financeiro era o motivo do adiamento das tarifas e respondeu que não está “nem olhando para o mercado”. Já criando nova expectativa, disse que “2 de abril será um grande dia para os EUA”.

AGENDA FORTE – Enquanto o governo age contra os sinais de perda de tração da atividade, o PIB do IBGE (9h) deve apontar fôlego menor no 4Tri, de 0,4% na mediana do Broadcast, desacelerando contra o 3Tri (0,9%).

… O intervalo das estimativas na pesquisa vai de 0,2% a 0,8%, ou seja, mesmo no teto, viria abaixo do trimestre anterior. Para o acumulado de 2024, a estimativa é de crescimento de 3,5%. As projeções vão de 3,3% a 3,6%.

… O ritmo do crescimento econômico também poderá ser conferido pelos dados de fevereiro da Fenabrave.

… À tarde (15h), a balança comercial de fevereiro indica superávit de US$ 1,970 bilhão, menos de um terço dos US$ 6,527 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. As estimativas vão de US$ 1,70 bilhão a US$ 4,730 bi.

… Guillen participa, em Lisboa, de dois painéis (13h15 e 13h30) em conferência organizada pelo Banco de Portugal. O ministro Haddad será entrevistado pelo podcast Flow no início da noite (19h).

LÁ FORA – O payroll (10h30) ainda deve vir forte em fevereiro, apontando a criação de 160 mil vagas de emprego, uma aceleração contra janeiro (143 mil). As estimativas vão de 115 mil a 200 mil postos de trabalho.

… A mediana das apostas aponta que o salário médio pago por hora deve avançar 0,3%, abaixo de janeiro (+0,5%). Já na comparação anual, deve mostrar aumento de 4,2%, contra variação de 4,1% na leitura anterior.

… Já a taxa de desemprego nos EUA deve permanecer em 4%, de acordo com as projeções dos analistas.

… Já com o payroll em mãos, Powell fala em evento, às 14h30. Outros três dirigentes do Fed têm discursos programados para hoje: Michelle Bowman (12h15), John Williams (12h45) e Adriana Kluger (14h20).

… Ainda nos EUA, saem os dados de petróleo da Baker Hughes (15h) e o crédito ao consumidor/janeiro (17h). Existe a expectativa de que Trump possa anunciar hoje uma mudança na política das criptomoedas.

… Na zona do euro, tem o PIB/4Tri (7h). Lagarde (BCE) discursa em conferência às 6h30.

CHINA HOJE – As exportações tiveram crescimento anualizado de 2,3% no bimestre de jan/fev, muito abaixo da previsão de 4,5%. As importações caíram 8,4% e contrariaram a previsão de alta de 1,8%.

… O superávit comercial de US$ 170,5 bilhões superou o esperado pelos analistas (US$ 141,9 bilhões).

PERDEU O APETITE – No início da tarde de ontem, a informação de que o governo se reuniria com entidades do setor de alimentos para definir medidas para baixar os preços e conter a inflação levantou a lebre do populismo.

… Descolada da nova onda de enfraquecimento lá fora, o dólar aqui terminou o pregão se protegendo na estabilidade, enquanto os contratos futuros dos juros recuperaram parte dos prêmios perdidos um dia antes.

… Ninguém caiu também no canto da sereia de Trump. Apesar de ele ter voltado atrás e suspendido a cobrança de tarifas sobre os produtos do Canadá e do México até 2 de abril, o mercado sabe que la garantia soy yo.  

… No DI, a ponta longa subiu mais de 10pb, corrigindo parcialmente o alívio de 30pb na véspera. As máximas na curva coincidiram com a notícia de que o governo responderia nesta 5ªF à crise da pressão dos alimentos.

… Antecipando o risco de heterodoxia do governo para recuperar a popularidade, as taxas apararam parte dos exageros de otimismo do pregão anterior, mas continuaram todas abaixo de 15%.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 subiu a 14,815% (de 14,785% um dia antes); Jan/27 avançou a 14,820% (de 14,765%); Jan/29, a 14,880% (14,750%); Jan/31, 14,990% (14,840%); e Jan/33, 14,970% (14,820%).

… O Tesouro não estressou o mercado, optando por atuar de forma mais moderada no leilão de prefixados.

… O risco de novos estímulos fiscais à economia brasileira, diante da queda de popularidade do presidente Lula nas pesquisas, foi consenso entre os economistas do mercado que se reuniram ontem com diretores do BC.

… Com Lula de olho na eleição de 2026, “todos estão muito preocupados com as ações que o governo pode tomar para tentar estimular a economia e evitar uma desaceleração”, relatou um participante ao Broadcast.

… Iniciativas como o novo consignado privado e um eventual impulso nos investimentos por meio de empresas estatais foram citadas como fonte de preocupação generalizada durante o encontro desta 5ªF, em São Paulo.

… No câmbio, o dólar à vista deu um pico até R$ 5,7808 quando estourou na imprensa a declaração do ministro Fávaro de que ontem se bateria o martelo sobre o pacote de enfrentamento à inflação dos alimentos.

… Até o final do pregão, a moeda norte-americana moderou o estresse e voltou para R$ 5,7597 (+0,06%), mas não conseguiu embarcar na queda externa. O índice DXY fechou em baixa de 0,23%, a 104,062 pontos.

… O euro se acomodou na estabilidade (+0,05%, a US$ 1,0793), depois de ter operado fortalecido mais cedo, quando Lagarde alertou para a política tarifária de Trump e as tensões geopolíticas, que isolam a Europa.

… A perspectiva de maiores investimentos da UE em defesa, após os EUA terem suspendido a ajuda militar à Ucrânia, pode impulsionar a inflação, segundo ela. O mercado especula agora sobre os próximos passos do BCE.

… Depois de o juro ter sido cortado ontem, de 2,75% para 2,50%, o ING acredita em pausa em abril e, mais para frente, corte para 2,25%. A Capital Economics aposta em 2% no ano, em vez do 1,5% imaginado anteriormente.

… A libra também fechou estável ontem (-0,02%), a US$ 1,2890, e o iene subiu para 147,83/US$. O peso mexicano (20,2978/US$) e o dólar canadense (1,4310/US$) avançaram com o adiamento das tarifas de Trump.

… Inseguros sobre a política protecionista e no suspense do payroll, os juros dos Treasuries fecharam cada um para um lado. O da Note-2 anos caiu a 3,969%, de 4,001% na véspera, e o de 10 anos subiu a 4,292%, de 4,279%.

… Foi feia a queda nas bolsas em NY, diante do jogo confuso de Trump. Além disso, pesou a notícia de que a chinesa Alibaba apresentou novo modelo de inteligência artificial com desempenho comparável ao DeepSeek.

… As ações da Marvell Technology despencaram 19,81%, após a empresa apresentar projeções consideradas decepcionantes, mesmo com aumento na receita no 4Tri. Os papéis da Nvidia levaram um tombo de 5,74%.

… O Nasdaq afundou 2,61% (18.069,26 pontos); S&P 500, -1,78% (5.738,51 pontos); e Dow Jones, -0,99% (42.579,08 pontos). As montadoras GM (-2,64%), Ford (-0,41%) e Stellantis (-1,01%) devolveram as altas.

… Vale (ON, +1,10%, a R$ 56,20) blindou o Ibov do pessimismo externo, diante da promessa de estímulos pela China, principal parceiro comercial do Brasil e grande comprador de minério de ferro da companhia doméstica.

… “Vale está barata e ainda deve entregar 10% de dividendos no ano”, disse o analista João Abdouni (Levante).

… O Banco do Povo chinês antecipou que cortará as taxas de juros e os compulsórios em momento apropriado, ainda neste ano, e que oferecerá empréstimos subsidiados para impulsionar os gastos dos consumidores.

… Em alta moderada de 0,25%, a 123.357,55 pontos, o Ibov falhou em ir mais longe, porque os bancos fecharam mistos e a Petrobras completou sequência de oito quedas (ON, -0,75%, a R$ 36,97; e PN, -1,04%, a R$ 34,26).

… Apesar de o petróleo ainda seguir abaixo de US$ 70, interrompeu ontem as perdas pesadas dos últimos dias e terminou em leve alta com os estímulos chineses no radar e a esperança de recuo de Trump nas tarifas.

… Referência da Petrobras, o Brent para maio chegou ao final do dia em +0,23%, cotado a US$ 69,46 por barril.

… No setor financeiro, Santander (unit, -0,90%; R$ 25,32) e BB (ON, -0,14%; R$ 27,73) operaram no lado negativo e Bradesco PN (+0,87%; R$ 11,55), Bradesco ON (+0,76%; R$ 10,62) e Itaú (+0,19%; R$ 32,46) subiram.

EM TEMPO… SANTANDER promoveu mudanças na alta cúpula, informa o Broadcast. A principal foi a exoneração de Carlos André, vice-presidente de Wealth Management do banco, aprovada pelo conselho…

… Luis Bittencourt, vice-presidente de Tecnologia e Operações, passará a outra empresa do conglomerado, não informada. No lugar dele, entra Gilberto Duarte de Abreu Filho, hoje vice de Corporate Banking…

… Para o posto hoje ocupado por Abreu Filho, foi promovido o atual diretor do banco André Juaçaba de Almeida. Estas duas últimas mudanças entrarão em vigor em 1º de abril.

ELETROBRAS confirmou a deslistagem das ações ON e PNB na Latibex a partir de ontem.

BRAVA ENERGIA informou que o Goldman Sachs alterou a sua posição referenciada em ações da companhia, passando a deter, de forma agregada, o equivalente a 5,03% do capital social.

SERENA ENERGIA fará 1ª emissão de debêntures no valor de R$ 120 milhões.

HYPERA confirmou que acionistas fizeram contatos preliminares com a Votorantim, na qualidade de acionista relevante, sobre uma possível articulação para a formação de um novo acordo de acionistas…

… No entanto, ainda segundo a companhia, não há, até este momento, “negociação em andamento sobre os termos de eventual acordo de acionistas, nem propostas sobre o tema”.

RUMO MALHA PAULISTA realizará a sua oitava emissão de debêntures simples no valor de R$ 1,8 bilhão.

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