Morning Call

Agenda fraca desloca expectativas para semana que vem

Atualizado 21/07/2023 às 00:24:41

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[21/7/2023]

… O Ibov promete volatilidade redobrada por conta do game das opções, que pode inflar o volume de negócios. Mas fora isso, é tão fraca a agenda, aqui e lá fora, que dificilmente virá daí o gatilho para os mercados operarem nesta 6ªF. Os investidores já estão na contagem regressiva para a semana que vem, que promete ser muito quente, com reunião do Fed e do BCE, além de PIB e PCE nos EUA, enquanto aqui a temporada dos balanços vai pegar força, com Vale entre os destaques na próxima 5ªF. Hoje, o Ministério do Planejamento divulga o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas (13h30), que será comentado em entrevista coletiva às 14h.

… Ainda nesta 6ªF, segundo Simone Tebet, os ministérios receberão as estimativas orçamentárias para o próximo ano e terão cerca de duas semanas para responder ao Planejamento sobre a distribuição dos recursos.

… O projeto de lei do orçamento de 2024 precisa ser entregue ao Congresso até 31 de agosto.

… Para garantir receitas extras, a equipe econômica tem pressa. Ainda que o governo só deva apresentar no fim do ano o pacote da reforma do IR, deve antecipar projetos “avulsos” para taxar contribuintes de maior renda.

… O Palácio do Planalto avalia enviar ao Congresso no mês que vem uma proposta para tributar os fundos offshore (empresas sediadas em paraísos fiscais), além dos fundos exclusivos dos chamados “super-ricos”.

… Segundo cálculos preliminares do Ministério da Fazenda, a medida provisória para taxar os fundos offshore tem potencial para arrecadar R$ 3,59 bilhões, no próximo ano, e R$ 6,75 bilhões, em 2025.

… O ministro Fernando Haddad rejeitou ontem a avaliação de que a reforma tributária e as mudanças previstas no IR (ainda não formalizadas) tenham por objetivo aumentar a arrecadação para auxiliar no ajuste fiscal.

… Ao participar ontem de evento no Rio, o ministro disse que tanto a reforma do consumo quanto a da renda estão sendo elaboradas buscando a neutralidade, sem intenção de aumento de carga tributária.

… “Elas têm que ser neutras, inclusive, entre si”, defendeu ele. “Se a gente melhorar a arrecadação federal com a reforma de renda, isso tem que nos permitir diminuir o imposto sobre o consumo”, observou a jornalistas.  

… Ele disse que o ajuste das contas públicas passa pela eliminação de benefícios tributários e “penduricalhos”, como renúncias fiscais equivalentes a 6% do PIB, consideradas de baixo impacto social pela sua equipe.

… Haddad afirmou que a discussão da reforma do Imposto de Renda ainda não será aberta agora e terá que ser amadurecida para não correr o risco de desviar o foco do andamento da reforma tributária no Senado.

… O ministro confirmou que a MP que regulamenta as apostas esportivas vai sair do papel, mas minimizou o impacto na arrecadação. “Estimamos algo na casa de R$ 2 bilhões por ano, muito aquém do que se imaginava.”

… O governo chegou a prever até R$ 12 bi por ano com a MP das Apostas e a “raspadinha” (loteria instantânea).

… Ainda durante o lançamento ontem de um pacote de microrreformas financeiras, Haddad cobrou publicamente do BC um “retorno” pelos esforços do governo com o novo regime fiscal e a reforma tributária.

… Pediu a queda da Selic como compensação. “Os juros vão ter que ser endereçados em algum momento. O País não aguenta mais. Temos margem de gordura de 10% de juro real que não existe em lugar nenhum do mundo.”

MAIS AGENDA – Haddad está em SP e se reúne esta manhã (10h30) com o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e à tarde (15h), com presidente do conselho de administração da Copersucar, Luís Roberto Pogetti.

… O Tesouro divulga, às 10h, o relatório mensal da dívida de junho, com entrevista coletiva às 10h30.

… Lá fora, saem as vendas no varejo do Reino Unido em junho (3h), além dos dados da Baker Hughes de poços de petróleo em operação nos EUA (14h). Antes da abertura, Amex solta balanço. O BC russo decide juro às 7h30.

PETRÓLEO – Os preços da commodity subiam perto de 0,80% no início da madrugada no Brasil. Os EUA enviaram navios de guerra para o Golfo Pérsico, após investidas do Irã contra navios petroleiros na região.

PONTO PARA OS FALCÕES –A surpresa com a queda nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA sinalizou um mercado de trabalho ainda aquecido e recuperou apostas de pelo menos mais duas altas do juro pelo Fed.

… O mercado ainda custa a acreditar que o ciclo de aperto será mais longo e segue na torcida para o Fomc parar de subir o juro após a reunião da próxima 4ªF. Mas a reviravolta do dado de emprego ontem exigiu algum ajuste.

… Na ferramenta do CME, subiu de 25,3% para 32,1% a chance de a taxa dos Fed Funds ir à faixa de 5,50%-5,75% até novembro (embutindo duas altas de 25 pb). Mas a aposta majoritária (63,9%) ainda é de só mais uma alta.

… O ex-presidente do Fed Ben Bernanke está dovish e espera que, depois de entregar o aperto de 25 pp no encontro da semana que vem, o BC americano fique por aí. “É possível que esse aumento em julho seja o último.”

… Em webinar, ele sugeriu que a economia dos EUA provavelmente sofrerá uma desaceleração, como reflexo dos esforços de reduzir a inflação, embora tenha enfatizado que qualquer recessão provavelmente será leve.

… “O que veremos é um aumento muito modesto do desemprego e uma desaceleração da economia”, disse ele. “Mas eu ficaria muito surpreso em ver uma recessão profunda no próximo ano”, disse o ex-Fed.

… Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram na semana passada para o nível mais baixo em dois meses, a 228 mil, ante estimativa dos analistas do mercado financeiro de 240 mil novas reivindicações.

… O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subiu a 3,848%, de 3,752%, com a precificação de maiores chances de um novo aumento de 25 pontos-base nas taxas de juros após a reunião do Fed na próxima semana.

… O juro do T-bond de 30 anos subiu a 3,907%, de 3,842%. O da T-note de 2 anos, a 4,853%, de 4,776%.

… Nas bolsas em NY, as techs caíram após os balanços lançarem dúvidas sobre os pilares de um semestre recorde para Nasdaq, que acumula um rali de 45% este ano, superando o do S&P 500 (19%), graças à euforia com a IA.

… “Ser guiado apenas por alguns nomes da tecnologia não é bom”, disse Louise Goudy Willmering (Crewe Advisors) à Bloomberg. “Os ganhos determinarão para onde iremos a partir daqui, conforme olhamos para o 3TRI e o 4TRI.”

… O Nasdaq cedeu 2,05% (14.063,31 pontos), na baixa contratada pelo tombo da Netflix (-8,41%), com as previsões de receitas ruins, e da Tesla (-9,74%), com a possibilidade de a empresa subir de novo os preços dos veículos.

… O S&P 500 caiu 0,68% (4.534,80). Já o Dow Jones subiu 0,47% (35.224,43 pontos), encerrando o nono dia consecutivo de ganhos, na melhor sequência em seis anos, desde 2017. J&J (+6,07%) e IBM (+2,14%) ajudaram.

DOIS LADOS DA MOEDA – O DXY subiu 0,56% (100,840 pts), porque o dólar avançou com o risco do Fed mais duro e porque as moedas europeias caíram com o PPI da Alemanha em junho (-0,1%) no menor nível registrado desde 2020.

… O indicador veio um dia depois da desaceleração da inflação ao consumidor (CPI) no Reino Unido e na zona do euro, que levantou especulações de que o BCE e o BoE podem estar mais próximos do fim do ciclo de alta do juro.

… O euro caiu 0,62%, a US$ US$ 1,1134, e a libra esterlina, -0,55%, a US$ 1,2868. O iene recuou 0,34%, a 140,08/US$.

… O BC Turquia decidiu elevar sua taxa básica de juros em 2,5 pontos porcentuais, a 17,5%. A decepção com o aperto, que veio na metade do que esperavam alguns analistas, derrubou a lira turca para 26,7342/US$.

SEGUIU À RISCA –Colados à alta dos rendimentos dos Treasuries, os juros futuros domésticos embutiram prêmio de risco pelo segundo dia seguido, especialmente na ponta mais longa, que melhor reflete as tensões externas.

… Apesar de as taxas aqui terem desacelerado na reta final, ainda exibiram pressão no fechamento. O contrato de DI para jan/27 foi a 10,285% (de 10,225%); jan/29, a 10,660% (de 10,573%); e jan/31, a 10,860% (10,769%).

… Já os contratos curtos exibiram oscilações inexpressivas, porque têm menor margem de manobra, com o início dos cortes da Selic em agosto mais do que precificado. O que ainda dá jogo é o tamanho da queda da taxa.

… O IPCA-15 de julho, na semana que vem, promete ajudar a calibrar as apostas. Recentemente, a cautela despertada pela inflação de serviços andou esvaziando as chances de corte de meio ponto. Mas nunca se sabe.

… O DI para jan/25 fechou a 10,795%, próximo do fechamento de 10,780% do pregão anterior, e o jan/24 caiu para a mínima de 12,745% (contra 12,754%). No trecho intermediário, jan/26 pagou 10,240% (de 10,199%).

… No câmbio, o dólar voltou para a faixa de R$ 4,80, mas a alta aqui foi menor do que lá fora, com o real favorecido pelo petróleo mais caro e pelo fluxo estrangeiro. O dólar futuro para agosto subiu 0,16%, para R$ 4,8075.

… Os investidores estrangeiros ingressaram com quase R$ 700 milhões na B3 nos dois primeiros pregões da semana. Em julho, até o momento, entraram R$ 2,539 bi. No acumulado do ano, o k externo está positivo em R$ 19,557 bi.

PIQUE NO LUGAR – Não deixou de ser uma conquista o fato de o Ibovespa (+0,45%) ter conseguido driblar ontem a queda do S&P 500 e ter retomado a marca dos 118 mil pontos (118.082,90), ainda que sem volume (R$ 20,5 bi).

… A bolsa doméstica ainda está girando em falso, sem maior fôlego para correr aos 120 mil pontos. Mas contou ontem com os ganhos dos papéis dos bancos e das blue chips das commodities para testar alguma reação.

… O setor financeiro foi na onda da temporada positiva de balanços dos bancos nos EUA. Itaú, +1,86% (R$ 28,49), BB ON, +1,1% (R$ 47,95), Santander, +0,54% (R$ 29,66); Bradesco ON, +0,62% (R$ 14,68) e PN, +0,06% (R$ 16,52).

… Os papéis da Vale registraram leve alta de 0,22%, a R$ 67,39, de carona nos relatos na imprensa de que a China cogita estímulos ao setor imobiliário e estuda diminuir restrições à compra de imóveis em grandes cidades.

… Petrobras ON teve elevação de 0,77% (R$ 32,71), e Petrobras PN, de 0,1% (R$ 29,13). O efeito da alta do petróleo prevaleceu sobre a cautela com a indefinição da política de remuneração dos acionistas, que deve sair este mês.

… O Brent/setembro subiu 0,23%, a US$ 79,64, na ICE; e o WTI/setembro, +0,48%, a US$ 75,65, na Nymex.

… Fatores baixistas, como a alta do dólar em reação aos dados fortes do mercado de trabalho americano, chegaram a pesar sobre as cotações da commodity. Mas o movimento negativo não se sustentou até o final do pregão.

… Os traders observaram a restrição da oferta russa e a expectativa de medidas de apoio econômico na China.

… A ação mais valorizada na sessão de ontem foi Natura, que avançou 4,96%, influenciada pela elevação do preço-alvo do papel pelo Bradesco BBI, de R$ 16 para R$ 24, com o banco apontando que o valuation segue barato.

… Já Locaweb (-3,7%) liderou as perdas, acompanhando a queda das gigantes de tecnologia nos EUA (Netflix e Tesla).  

… Entre os frigoríficos, BRF caiu 1,61%, ainda penalizada pelo foco de gripe aviária encontrado em Santa Catarina, com suspensão de importações por parte do Japão. Marfrig teve a segunda maior queda do setor (-1,11%).

… JBS recuou menos (-0,88%), com mercado repercutindo bem o plano de dupla listagem no Brasil e nos EUA.

EM TEMPO… TCU deve suspender temporariamente a venda da BRASKEM por causa da crise ambiental envolvendo a empresa no Estado de Alagoas. (Bloomberg)

PETROBRAS informou que avalia melhor alternativa para Polo Bahia Terra, em resposta a pedido de esclarecimento da CVM por notícia publicada na imprensa, de que estatal já teria decidido que não venderá o ativo.

GRUPO PÃO DE AÇÚCAR rejeitou proposta do banqueiro colombiano Jaime Gilinski para compra de fatia do Éxito; GPA entendeu que o preço ofertado não atende parâmetro de razoabilidade financeira.

GRUPO MATEUS inaugurou supermercado em João Pessoa, sendo a sexta loja em uma capital do Nordeste; varejista também inaugurou unidades de atacarejo em Bayeux e Cabedelo, na região metropolitana da capital paraibana.

AMERICANAS SA discute um novo plano de recuperação judicial com os credores, que registraram objeções, nesta 5ªF, àquele apresentado pela varejista há um mês. Os credores tinham 30 dias para apresentarem divergências…

… As conversas continuam e credores devem reunir-se com a Americanas na próxima semana, apurou o Broadcast

… Entre as manifestações dos bancos contra o plano, estão o deságio de 60% na dívida e a proposta de aporte de R$ 10 bilhões na companhia pelos acionistas de referência do grupo…

… Segundo fontes, esses pontos podem ser alterados e alguns continuam insistindo para que o aporte suba para R$ 12 bilhões.

JBS informou que conselho elegeu Kátia Abreu, Paulo Bernardo e Cledorvino Belini como membros independentes.

ITAÚSA aprovou JCP no valor de R$ 0,0437 por ação, com pagamento até 30/12/24; será considerada a posição acionária de 25/7.

ITAÚ fechou mais de 160 mil propostas de renegociação com o Desenrola; acordo de dívida com clientes aumentam 65% ante três meses anteriores.

CEMIG. Cemig SIM concluiu aquisição dos 51% restantes das participações em três Sociedades de Propósito Específico (SPE), assim como a aquisição de 100% das ações na SPE G2 Olaria 2 Energia; valor foi de R$ 47,4 mi…

… Cemig GT protocolou no MME e na Aneel manifestação de interesse na prorrogação da concessão da UHE Sá Carvalho, no regime de Cotas de Garantia Física, que tem vencimento em 27 de agosto de 2026…

… Subsidiária também manifestou interesse na prorrogação, pelo regime de cotas de garantia física, das concessões das UHEs Emborcação e Nova Ponte.

COPEL corre o risco de ver a bilionária oferta de ações que vai privatizar a companhia ficar para setembro…

… Segundo a Coluna do Estadão, ainda faltam duas aprovações essenciais para a privatização: a do preço mínimo de venda, pelo TCE-PR, e o aval do TCU do bônus de outorga a ser pago pela renovação de concessões hidrelétricas.

REDE D’OR anunciou emissão de debêntures no valor de R$ 1 bilhão.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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