Semana termina com Galípolo indicado ao BC e expectativa para payroll nos EUA
A confirmação de que Gabriel Galípolo será o novo presidente do Banco Central a partir de 2025 fez o mercado comprar a tese de que o Copom vai subir os juros na próxima reunião e deve seguir apertando a política monetária até que as expectativas de inflação estejam ancoradas.
A reação do mercado não foi ao acaso. Galípolo deu declarações nas últimas semanas que levaram os investidores a essa interpretação. O próprio diretor tentou corrigir o ruído que ele provocou, mas não convenceu e os DIs seguiram subindo.
Foi necessário Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, vir hoje a público afirmar com todas as letras que o “prêmio de risco na parte curta da curva não é compatível com a mensagem da ata” do Copom e que o ajuste da Selic, “se houver”, será gradual.
A ponta curta da curva parou de subir, mas não cedeu e ainda embute pelo menos 0,5 ponto percentual de alta até o fim do ano.
Já o miolo e a ponta longa subiram forte hoje, com as taxas operando acima de 12% a partir do contrato com vencimento de janeiro de 2029 em diante, refletindo principalmente o avanço dos juros dos Treasuries e a volatilidade do câmbio, que acumulou alta de quase 3% nesta semana, mesmo após duas intervenções do BC, inclusive com venda de dólares à vista, o que não ocorria há mais de dois anos.
A próxima semana deve ser dominada pelo esforço concentrado do Congresso para aprovar projetos relevantes para o governo antes do recesso branco das eleições municipais.
Lá fora, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre de 2024 veio melhor que o esperado na segunda leitura, afastando o fantasma de uma recessão. E o PCE, o índice de inflação preferido do Fed, ficou comportado em julho
Semana que vem, as atenções estarão voltadas para o payroll. Um dado mais fraco pode carimbar um corte de 50 pontos-base nos juros americanos em setembro. Se o emprego se mantiver aquecido, o Federal Reserve deverá ser mais prudente e optar por um ajuste mais gradual da política monetária, com um corte inicial de 25 pb.
Bom fim de semana! (Téo Takar)
Tesouro: Dívida Pública Federal avança 1% em julho
O Tesouro Nacional informou nesta sexta-feira que a Dívida Pública Federal (DPF) atingiu R$ 7,140 trilhões em julho, uma alta de 1,02% sobre junho.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFI) aumentou 1% no período, para R$ 6,822 trilhões. Já a Dívida Pública Federal Externa (DPFE) somou R$ 317,63 bilhões, crescimento de 1,28% no período.
O impacto dos juros na DPF em julho foi de R$ 64,18 bilhões, enquanto a emissão líquida foi de R$ 7,65 bilhões.
A participação dos estrangeiros na DPMFI caiu para 9,82% em julho. A parcela prefixada da DPF caiu para 21,33%, enquanto a corrigida pela inflação subiu para 29,28% e corrigida pela Selic avançou para 44,95%.
Ibovespa fecha em leve queda; dólar sobe mesmo após atuação do BC
O Banco Central realizou duas intervenções no câmbio nesta sexta-feira, mas não foram suficientes para conter a alta do dólar, que avançou 0,21%, a R$ 5,6350, e consolidou ganhos na semana.
A explicação para as atuações do BC foi devido ao ajuste na carteira teórica do índice MSCI Brazil, que teria saída estimada em US$ 1 bilhão. Na semana, a moeda avançou 2,84%, mas perdeu 0,36% em agosto.
Os juros futuros longos foram afetados pelo câmbio, déficit do setor público e alta dos Treasuries, mas os curtos ficaram próximos do ajuste após Roberto Campos Neto, presidente do BC, corrigir expectativas mais agressivas sobre alta da Selic, insistindo que o ajuste de juros, “se houver”, será gradual.
Lá fora, a inflação medida pelo PCE veio sem surpresas, reforçando as apostas de um corte de 25 pontos-base pelo Federal Reserve em setembro, e motivou não só alta do dólar ante os pares, mas também avanço nas bolsas em Nova York, que fecharam o mês no positivo.
Dow Jones subiu 0,55% (41.562,95 pontos), S&P500 ganhou 1,01% (5.648,20) e Nasdaq avançou 1,13% (17.713,62).
Já o Ibovespa, que caía durante todo o pregão, acabou se recuperando no leilão de fechamento e terminou em leve queda de 0,03%, aos 136.004,01 pontos.
O volume somou R$ 45,5 bilhões, em dia de ajuste de posições de fundos e carteiras teóricas de índices, como o próprio Ibov. Na semana, o índice subiu 0,29%; no mês, teve alta de 6,54%.
(Eduardo Saraiva e Teo Takar)