Semana termina com falas de membros do Fed e ata destacando preocupações com “incertezas domésticas”
[28/03/24] Da Redação do Bom Dia Mercado
A semana terminou mais cedo para os mercados globais por causa do feriado prolongado de Páscoa, mas o investidor parte para a folga com um pé atrás, já que dois eventos relevantes acontecerão em plena Sexta-feira Santa: a divulgação do PCE, o dado de inflação preferido do Fed; e o discurso de Jerome Powell, o primeiro que ele fará desde a entrevista coletiva após a decisão do Fed deste mês.
Ontem, o diretor do Fed Christopher Waller mostrou que os dirigentes do BC americano ainda não estão muito confortáveis com a possibilidade de começar os cortes de juros em junho. Ele ponderou que os riscos de adiantar demais o afrouxamento são maiores do que de atrasá-lo e disse que o Fed não precisa ter pressa para tomar sua decisão.
Waller comentou ainda que não está pronto para cortar juros e declarou que gostaria de avaliar os dados de pelo menos dois meses antes de apoiar a redução dos juros.
Ao longo da semana, Raphael Bostic (Fed de Atlanta) afirmou duas vezes que só enxergava um corte de juros neste ano, contrariando o gráfico de pontos da última reunião, que apontava expectativa majoritária de três cortes entre os dirigentes do BC americano.
Seja como for, o mercado já começou a reduzir a aposta de um afrouxamento em junho, embora ela ainda siga majoritária hoje, com mais de 60% dos palpites, segundo o CME.
Por aqui, o destaque da semana ficou com a Ata do Copom, que esclareceu que as “incertezas domésticas” citadas no comunicado da reunião da semana passada eram o aumento da renda provocado pelo reajuste do salário mínimo e seus possíveis impactos sobre a inflação, especialmente em serviços.
Juros fecham em alta; no trimestre, longos sobem 0,60pp
Os juros tiveram mais um dia de alta, com o RTI reforçando as informações da ata do Copom, mas sem trazer novidades. A Pnad Contínua divulgada hoje trouxe taxa de desemprego dentro do esperado no trimestre até fevereiro, 7,8%, e segue mostrando um mercado de trabalho apertado.
Foi a menor taxa para o período em 9 anos. Além disso, a renda média, foco do BC, subiu 4,3% em termos reais, no ano, e a massa salarial foi recorde, com alta anual de 6,7%.
Fora isso, o tom do mercado foi dado pela alta dos retornos dos Treasuries, após revisão em alta do PIB dos EUA no 4Tri23, de 3,2% para 3,4%, acima dos 3,3% previstos.
O movimento de alta também antecedeu a divulgação do PCE nos EUA, amanhã, feriado. A medida de inflação preferida do Fed deve acelerar a 0,4% em fevereiro, de 0,3% em janeiro. Mas a expectativa é que o núcleo desacelere a 0,3%, de 0,4% em janeiro.
Por aqui, a curva de juros ganhou inclinação no mês e no trimestre, puxada sobretudo pela mudança de expectativa sobre o timing do corte de juros nos EUA. A diferença entre o DI jan29 e o DI Jan25 saiu de 0,056pp na última sessão de 2023 para 0,75pp hoje.
No mês, subiu 0,30pp. Enquanto o Jan25 caiu 0,094pp no trimestre, o Jan29 até o Jan31 subiram ao menos 0,60pp.
No fechamento de hoje, o DI para Jan25 subiu a 9,920% (de 9,907%, ontem). O DI Jan26 subiu a 9,900% (de 9,891%). O Jan27, a 10,160% (de 10,142%); o Jan29, a 10,670% (de 10,638%), o Jan31, a 10,920% (de 10,887%) e o Jan33, a 11,040% (de 10,979%). (Ana Conceição)
Fechamento (28/03): NY opta pela cautela antes de PCE e Powell; Ibovespa sobe com Petrobras
[28/03/24] Da Redação do Bom Dia Mercado
As bolsas em Wall Street sinalizaram movimentos defensivos e rondaram a estabilidade nesta quinta-feira (28), uma vez que os investidores aguardam pelos dados da inflação de consumo (PCE) de fevereiro, além das falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve.
Apesar da cautela exibida hoje, os três principais índices acionários de Nova York acumularam grandes ganhos tanto em março quanto no primeiro trimestre. O S&P 500 avançou 10,01% no 1TRI, acompanhado de Nasdaq (+9,11%).
O bom desempenho ocorre em decorrência do frenesi em relação à inteligência artificial, impulsionando empresas de tecnologia, sobretudo a da fabricante de chips Nvidia, que avançou mais de 82% neste ano.
Os rendimentos dos Treasuries subiram, principalmente na ponta curta, depois que o diretor do Fed, Christopher Waller, afirmar na noite de 4ªF que não há urgência para cortar juros e que os riscos associados a demorar a cortar taxas são menores do que riscos de agir rápido demais.
Segundo ele, houve ganhos na inflação, apesar dos dados decepcionarem no início deste ano, sugerindo que o progresso desacelerou ou parou. “Há razões para crer que o progresso na inflação será irregular, mas levará à meta”, comentou Waller.
Entre indicadores, o principal dado nos EUA foi o avanço de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, conforme mostrou a terceira estimativa. O número ficou melhor do que a projeção do mercado, que estava em 3,3%.
Os pedidos de auxílio-desemprego ficaram em 210 mil na semana encerrada em 23 de março, de 212 mil na semana anterior, abaixo do esperado. Além disso, as vendas pendentes de imóveis subiram 1,6% em fevereiro, bem acima da projeção de queda de 1%.
O Índice de Sentimento do Consumidor americano final de março subiu a 79,4, de 76,9 em fevereiro, de acordo com a Universidade de Michigan. As expectativas de inflação de um ano caíram para 2,9%, de 3%, enquanto as de cinco anos cederam de 2,9% para 2,8%.
Os índices acionários de Wall Street fecharam assim:
Dow Jones: +0,12% (39.806,85 pontos)
S&P 500: +0,11% (5.254,29 pontos)
Nasdaq: -0,12% (16.379,46 pontos)
Ibovespa
Por aqui, o Ibovespa se afastou dos índices em NY e registraram ganhos, impulsionado pela valorização da Petrobras (PETR3: +2,46%; PETR4: +2,22%) que acompanhou a alta do petróleo.
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) mostrou que o BC revisou a projeção de crescimento do PIB em 2024 de 1,7% para 1,9%. O documento manteve as projeções de inflação, mas citou surpresas com os dados recentes, compensadas pelas revisões em baixa do curto prazo.
A preocupação com a inflação global e de serviços subjacentes consta no RTI. “Maior inflação no resto do mundo e inflação de serviços mais alta do que o esperado poderiam dificultar o controle da inflação”, mostrou o documento.
Logo após a divulgação do RTI, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participou de entrevista coletiva e destacou que não há nada definido para a reunião do Copom de junho. Segundo ele, a retirada do guidance se deu pelo fato do Comitê não ter visibilidade clara até lá.
A grande preocupação reforçada tanto por Campos Neto quanto pelo Diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, é sobre o impacto do aumento da renda real sobre a inflação dos serviços. Ao mesmo tempo, RCN disse que o cenário-base está mantido, assim como a projeção que o mercado fazia da Selic terminal. Mas ressalvou que o cenário-base pode mudar.
Além disso, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego subiu para 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro de 2024, um aumento de 0,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. A população ocupada foi de 100,250 milhões, não teve variação significativa no trimestre e cresceu 2,2% no ano.
O Tesouro Nacional informou há pouco que a Dívida Pública Federal (DPF) subiu 2,25% em fevereiro sobre janeiro, para R$ 6,595 trilhões. A DPMFI aumentou 2,32% na mesma comparação, para R$ 6,319 trilhões. A DPFE cresceu 0,84%, para R$ 276,14 bilhões.
O Ibovespa fechou em alta de 0,33%, aos 128.106,10 pontos, com volume de R$ 20,8 bilhões. Na semana, o índice subiu 0,85%. No mês, caiu 0,71% e, no 1º trimestre, recuou 4,53%
No câmbio, o dólar à vista superou a casa dos R$ 5, embalado pela briga da formação da Ptax de março, seguindo a tendência externa da moeda (DXY +0,16%). O dólar à vista teve alta de 0,73%, a R$ 5,0154. Moeda acumulou altas de +0,34% na semana; +0,86% em março e +3,34% no 1º trimestre.