Resumo semanal: 24/02 a 28/02
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Os mercados asiáticos tiveram uma semana negativa, pressionados pelo receio de novas tarifas comerciais dos EUA sobre Canadá, México e China. O Nikkei caiu 4,18% na semana, registrando sua maior queda em cinco meses, puxado pelo desempenho ruim das ações de tecnologia. O índice Kospi, da Coreia do Sul, recuou 4,59%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 2,29%, refletindo a cautela dos investidores.
Na China, o mercado acompanha com atenção a reunião das “Duas Sessões”, onde o governo deve definir a meta de crescimento do PIB para 2025 e discutir medidas para estimular a economia. O cenário global de incerteza e a desaceleração da demanda interna continuam afetando as perspectivas da região.
Europa
As bolsas europeias oscilaram ao longo da semana, pressionadas pelo anúncio da pretensão de novas tarifas de 25% de Donald Trump sobre automóveis e outros produtos da União Europeia. A economia alemã registrou contração de 0,2% no último trimestre de 2024, consolidando dois anos consecutivos de recessão, devido aos altos custos de energia, juros elevados e incertezas políticas. Além disso, as eleições parlamentares na Alemanha resultaram na vitória da União Democrata-Cristã (CDU), enquanto a extrema-direita (AfD) ficou em segundo lugar e o SPD, do chanceler Olaf Scholz, caiu para terceiro.
Com a desaceleração da inflação na zona do euro, investidores aumentam as apostas em cortes de juros pelo Banco Central Europeu nos próximos meses. No entanto, as preocupações com a economia alemã e os impactos das tarifas americanas mantêm o cenário incerto para o crescimento da região.
Oriente Médio
Israel propôs um cessar-fogo de seis semanas em Gaza para negociar a libertação dos 63 reféns ainda sob posse do Hamas, estendendo a primeira fase do acordo. No entanto, o grupo rejeitou a proposta, exigindo a retirada total das tropas israelenses antes de qualquer novo acordo. Caso as negociações não avancem, o governo de Israel já se prepara para retomar os ataques na região.
Os EUA intensificaram as sanções contra o Irã, atingindo 22 indivíduos e empresas ligadas à exportação de petróleo. A medida faz parte de uma estratégia para reduzir o financiamento de grupos políticos apoiados por Teerã, aumentando as tensões na região.
Estados Unidos
Donald Trump e Volodymyr Zelensky se reuniram, mas não chegaram a um acordo sobre a guerra na Ucrânia. Trump exige concessões na exploração mineral do país como condição para apoio militar, enquanto o governo ucraniano busca mais segurança e envio de armas. Além disso, a Casa Branca confirmou que as tarifas sobre México, Canadá e China entrarão em vigor no dia 4 de março, elevando os temores de guerra comercial.
Na economia, o núcleo do PCE subiu 0,3% em janeiro, reforçando a preocupação com a inflação. A confiança do consumidor caiu pelo terceiro mês seguido, enquanto o PIB cresceu 2,3% no quarto trimestre de 2024, indicando uma desaceleração gradual. O Federal Reserve manteve os juros entre 4,25% e 4,50%, sem perspectiva de cortes no curto prazo.
Brasil
O governo anunciou mudanças na equipe ministerial, com Gleisi Hoffmann assumindo a Secretaria de Relações Institucionais e Alexandre Padilha sendo transferido para o Ministério da Saúde. Além disso, a liberação de R$ 12 bilhões do FGTS busca impulsionar o consumo, mas gera preocupações com impactos inflacionários. O câmbio voltou a se aproximar de R$ 5,90, pressionado por incertezas políticas e fiscais.
No cenário econômico, o IPCA-15 subiu 1,23% em fevereiro, abaixo das projeções, mas ainda indicando pressão sobre a inflação em 2025. O mercado de trabalho segue aquecido, com 137,3 mil novos empregos formais em janeiro, enquanto o superávit primário de R$ 84,9 bilhões mantém as contas públicas equilibradas no curto prazo.
Resumo semanal: 17/02 a 21/02
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Europa
Os mercados europeus encerraram a semana de forma mista, refletindo dados econômicos divergentes na zona do euro e um desempenho surpreendente do varejo no Reino Unido. O FTSE 100, de Londres, avançou 0,04%, enquanto o DAX, de Frankfurt, recuou 0,23%, e o CAC 40, de Paris, subiu 0,39%. Em Lisboa, o PSI 20 teve alta de 0,85%, enquanto o FTSE MIB, de Milão, liderou os ganhos com avanço de 1,17%. Os PMIs europeus mostraram sinais de recuperação, mas a persistência da inflação pode limitar os cortes de juros pelo BCE. O Reino Unido surpreendeu com um aumento de 1,7% nas vendas do varejo em janeiro, superando as expectativas do mercado e impulsionando ações do setor financeiro e de consumo.
Na Alemanha, a atividade industrial acelerou, mas foi ofuscada por dados fracos da França, o que pesou no índice da zona do euro. Bancos britânicos, como Natwest e Standard Chartered, registraram altas superiores a 3% com perspectivas otimistas para o setor financeiro. Já na Espanha, o Ibex 35 perdeu o patamar dos 13.000 pontos, refletindo um ambiente mais cauteloso entre os investidores. Com a incerteza sobre a política monetária do BCE e a inflação ainda pressionada, o mercado europeu pode continuar oscilando entre otimismo e preocupação nas próximas semanas.
Ásia
Os mercados asiáticos fecharam a sexta-feira com forte alta, impulsionados pelo bom desempenho do setor de tecnologia. A Alibaba e a Lenovo surpreenderam com resultados trimestrais robustos, levando as ações a dispararem 15% cada. O Hang Seng, de Hong Kong, subiu 3,99%, atingindo seu maior nível em três anos, enquanto o Xangai Composto avançou 0,85% e o Shenzhen Composto, 1,56%. No Japão, o Nikkei registrou alta modesta de 0,26%, mas a Nissan se destacou com valorização de 9,47%, após rumores de uma parceria estratégica com a Tesla. Na Coreia do Sul, o Kospi teve leve alta de 0,02%, enquanto o Taiex, de Taiwan, avançou 1,03%.
A inflação no Japão subiu para 4% em janeiro, aumentando as expectativas de um ajuste na política monetária do Banco do Japão, o que levou a uma valorização do iene em 0,15%. No entanto, essa perspectiva também gerou cautela entre investidores, que avaliam o impacto dos juros mais altos sobre o consumo. Na Oceania, a bolsa australiana destoou do restante da região e caiu pelo quinto pregão consecutivo, com o S&P/ASX 200 recuando 0,32%, pressionado pelo setor financeiro. Apesar do avanço na Ásia, a volatilidade segue alta, e os mercados permanecem atentos a novos estímulos por parte do governo chinês.
Oriente Médio
As tensões no Oriente Médio aumentaram após um erro na liberação dos corpos de reféns israelenses, o que comprometeu a frágil negociação de cessar-fogo em Gaza. O Hamas havia prometido entregar os corpos de Shiri Bibas e seus dois filhos, além de um quarto refém, mas a identificação incorreta gerou um impasse diplomático. O grupo alega que os bombardeios israelenses misturaram corpos de reféns e palestinos, dificultando a identificação, enquanto Israel acusa o Hamas de má-fé. Esse incidente elevou o risco de uma nova escalada militar, com possíveis impactos no fornecimento global de energia e no comércio internacional.
No setor energético, há especulações de que a Opep+ possa adiar o aumento da oferta de petróleo inicialmente previsto para abril, diante da volatilidade dos preços e das incertezas no mercado. O barril do Brent oscilou entre US$ 77 e US$ 81 ao longo da semana, refletindo tanto as tensões geopolíticas quanto os temores de desaceleração econômica global. Além disso, países do Golfo seguem pressionando por políticas de estabilização de preços, enquanto os Estados Unidos avaliam novas sanções contra o Irã, o que pode impactar ainda mais o equilíbrio da oferta mundial.
Estados Unidos
A ata da última reunião do Fed trouxe mais incerteza sobre a trajetória da inflação nos Estados Unidos, destacando riscos de alta associados a mudanças na política comercial e de imigração, além de potenciais choques geopolíticos que podem afetar as cadeias de suprimentos. Os dirigentes do Fed indicaram que o ritmo da desinflação desacelerou no último ano, justificando uma postura mais cautelosa na política monetária. Os juros foram mantidos entre 4,25% e 4,50%, e não há projeções de cortes significativos para 2025. O cenário de incerteza impactou os mercados, com oscilações nas bolsas e nos rendimentos dos Treasuries.
Na política, Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas, mas sinalizou disposição para renegociar um novo acordo comercial com Pequim. O ex-presidente também afirmou ter conversado com Vladimir Putin, defendendo o início imediato de negociações para um cessar-fogo na Ucrânia. No comércio internacional, a União Europeia demonstrou interesse em reduzir tarifas sobre bens industriais e aumentar as compras de produtos dos EUA, em busca de um acordo que beneficie ambos os blocos. O mercado segue atento a possíveis impactos dessas movimentações na economia global.
Brasil
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma prévia do PIB, indicou crescimento de 3,8% em 2024, mas mostrou desaceleração no último trimestre, com queda de 0,7% entre novembro e dezembro. O crescimento econômico tende a perder força ao longo de 2025, diante da alta da inflação e de condições financeiras mais restritivas. As projeções para o PIB de 2025 foram reduzidas para 2%, abaixo dos 3,5% registrados no ano anterior. O mercado de trabalho ainda se mantém resiliente, mas há preocupações com a capacidade de manutenção da atividade econômica no longo prazo.
No setor energético, o Brasil anunciou sua participação no Fórum de Discussão da Opep+, sem adesão formal ao cartel, mas com foco em contribuir para debates sobre a transição energética e descarbonização. O ministro Alexandre Silveira destacou o potencial dos biocombustíveis como alternativa para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. No entanto, a decisão gerou debates internos sobre os impactos dessa associação para a política energética brasileira e a competitividade do setor. O governo também estuda medidas para manter o equilíbrio entre a matriz energética limpa e a exploração de novas reservas de petróleo.
Resumo semanal: 10/02 a 14/02
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Nesta semana, os mercados asiáticos acompanharam de perto os novos estímulos e a expansão do crédito na China. Em dezembro, os bancos chineses concederam 990 bilhões de yuans (US$ 135 bilhões) em novos empréstimos, um avanço significativo em relação aos 580 bilhões de yuans liberados em novembro. Esse aumento superou as expectativas do mercado, refletindo a flexibilização da política monetária por Pequim para enfrentar os desafios econômicos crescentes. Além disso, os mercados reagiram positivamente após o gabinete chinês anunciar medidas para impulsionar o consumo doméstico e atrair capital estrangeiro, fatores essenciais para a geração de empregos no país. O primeiro-ministro, Li Qiang, destacou a intenção de estimular os gastos da população por meio do crescimento da renda, mas não detalhou as estratégias para alcançar esse objetivo. O Conselho de Estado, por sua vez, informou que o governo ampliará os incentivos aos programas de troca e aumentará os investimentos nos setores cultural, esportivo e de turismo receptivo.
No cenário geopolítico, a China se ofereceu para sediar uma cúpula entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, com o objetivo de avançar nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia. A proposta foi discutida por autoridades chinesas com a equipe de Trump por meio de intermediários, mas não incluiria o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na mesa de negociações.
Europa
Os destaques na Europa giraram em torno do PIB do Reino Unido e da inflação na Alemanha, a maior economia da Zona do Euro. No Reino Unido, a economia cresceu inesperadamente 0,1% no último trimestre de 2024, trazendo um leve alívio para a ministra das Finanças, Rachel Reeves. O crescimento foi impulsionado pelo setor de serviços, com destaque para atacadistas, distribuidores de filmes, pubs e bares, além da indústria farmacêutica e de máquinas. No entanto, a economia britânica ainda enfrenta desafios estruturais, como a queda de 3,2% nos investimentos empresariais e a estagnação nos gastos das famílias.
Na Alemanha, a taxa de inflação anual caiu para 2,3% em janeiro, frente aos 2,6% registrados em dezembro, conforme divulgado pelo Departamento Federal de Estatística (Destatis). O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou uma queda mensal de 0,2%, enquanto o Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IPCC), que exclui alimentos e energia, subiu 2,8% na comparação anual, mas caiu 0,2% na base mensal. Ambos os indicadores ficaram em linha com as projeções preliminares.
Em resposta à iniciativa chinesa de intermediar um acordo entre Rússia e EUA, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que não aceitará negociações sobre o futuro de seu país sem a participação da Ucrânia. Ele também defendeu a presença da Europa na mesa de discussões para um eventual desfecho do conflito.
Oriente Médio
O Oriente Médio seguiu marcado por tensões entre Israel e Hamas após trocas de acusações sobre o descumprimento de cláusulas do pacto de cessar-fogo. No início da semana, o Hamas suspendeu a liberação de reféns, alegando que Israel não estava cumprindo sua parte no acordo. No entanto, após reuniões no Cairo, capital do Egito, o grupo recuou e anunciou a liberação de três israelenses neste sábado.
No setor energético, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve sua projeção de crescimento da demanda global por petróleo em 2025, estimando um aumento de 1,4 milhão de barris por dia (bpd). Caso a previsão se confirme, o consumo global atingirá 105,2 milhões de bpd neste ano. Para 2026, a Opep projeta um crescimento semelhante, elevando a demanda para 106,63 milhões de bpd. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o crescimento esperado é modesto, com um acréscimo de apenas 100 mil bpd por ano até 2026, enquanto fora da OCDE, a expansão será mais expressiva, chegando a 1,3 milhão de bpd anualmente.
Estados Unidos
Os Estados Unidos tiveram uma semana movimentada, marcada pela divulgação de dados econômicos e pelo impacto das novas tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 0,5% em janeiro, acima das expectativas do mercado, que projetava alta de 0,3%. No acumulado de 12 meses, a inflação avançou para 3,0%, ante os 2,9% registrados em dezembro, reforçando a postura cautelosa do Federal Reserve sobre cortes nos juros. O Índice de Preços ao Produtor (PPI) também surpreendeu, subindo 0,4% no mês, enquanto o núcleo do PPI, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, avançou 0,3%, dentro das previsões.
Por outro lado, os dados de atividade econômica vieram fracos. As vendas no varejo registraram uma queda de 0,9% em janeiro, a maior retração desde março de 2023, impactadas por quedas expressivas nas concessionárias de automóveis (-2,8%), lojas de roupas (-1,2%) e comércio eletrônico (-1,9%). A produção industrial também recuou 0,1%, pressionada por uma forte contração de 5,2% na fabricação de veículos e peças.
No comércio exterior, Trump anunciou tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos, visando proteger setores estratégicos do país. A medida deve afetar diretamente o Brasil, além de Canadá e México. Além disso, Trump prometeu novas tarifas recíprocas contra países que impõem impostos sobre produtos norte-americanos.
Brasil
No Brasil, os destaques da semana foram os dados de inflação, o fluxo cambial e o impacto das tarifas de Trump sobre a economia nacional.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em janeiro, registrando a menor taxa de inflação mensal para o período desde o início do Plano Real, em 1994. O resultado representou uma desaceleração em relação a dezembro (0,52%). No acumulado de 12 meses, a inflação foi de 4,56%, abaixo dos 4,83% registrados anteriormente.
No câmbio, o Brasil registrou um fluxo cambial negativo de US$ 350 milhões em fevereiro até o dia 7, puxado pela via comercial, segundo o Banco Central. No canal financeiro, que engloba investimentos estrangeiros diretos, aplicações em carteira e remessas de lucros, houve entradas líquidas de US$ 191 milhões no mesmo período.
Além disso, o setor agropecuário esteve no radar com os números de exportação de carne bovina e frango, que continuam representando uma parcela significativa do comércio exterior brasileiro.