PPI serve como primeiro teste

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[13/01/25]

… A escalada do petróleo acima de US$ 80 e os juros dos Treasuries perto de 5% mantêm dois focos de pressão nos negócios globais. Dentro de um ambiente inflacionário, o índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA em dezembro ganha atenção redobrada hoje (10h30), na véspera do CPI, indicador econômico mais importante da semana. Dados fortes, na sequência do payroll, devem reforçar a expectativa de menos cortes do Fed no ano ou mesmo de nenhuma flexibilização ou quem sabe até de um aperto, nas especulações mais agressivas. A atividade e inflação aquecidas nos EUA coincidem com o medo do tarifaço de Trump, embora ninguém ainda esteja seguro do que virá.

… NY já estava fechada ontem, quando reportagem da Bloomberg apontou que integrantes da equipe econômica do presidente americano eleito discutem promover um aumento gradual das tarifas sobre as importações, mês a mês.

… Uma abordagem gradativa fortaleceria a posição dos EUA nas negociações e, ao mesmo tempo, ajudaria a evitar um repique na inflação, de acordo com as fontes. Pelo cronograma, as tarifas subiriam cerca de 2% a 5% ao mês.

… Também dependeriam de autoridades executivas sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.

… As informações não chegam a ser novidade. Pouco mais de uma semana atrás, matéria do Washington Post havia indicado que as tarifas comerciais serão mais “seletivas e brandas” que o esperado, com foco em setor específicos.

… Naquele dia, Trump se apressou a fazer postagem em rede social dizendo que tudo não passa de fake news da imprensa. O mercado está acostumado às bravatas, mas continua inseguro sobre a concretização das ameaças.

… Quanto menos pesado o novo governo de Washington pegar em sua política tarifária e tanto menor forem as extravagâncias fiscais, melhor, para não deflagrar um horizonte ainda mais carregado de pressões para o Fed.

… A dinâmica exterior continua sendo observada muito de perto pelos mercados domésticos, que ainda têm que administrar os seus próprios dilemas. Ontem, porém, houve espaço de alívio (abaixo), com Guillen e Durigan.

… Entrevistado pelo jornal O Globo, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, afirmou que o governo “naturalmente” cogita novas medidas de cortes de despesas este ano para garantir a preservação do arcabouço.

… Segundo ele, a equipe econômica deve voltar a insistir em impor limites aos “supersalários”, porque a revisão de gastos deve atingir “o andar de cima”. Também a questão da idade mínima para militares voltará à agenda.

… Durigan disse que as novas propostas podem diminuir as frustrações dos investidores com o pacote aprovado em 2024 e devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento/25, prevista para fevereiro.

… Nos bastidores de Brasília, o Palácio do Planalto rejeita um novo ajuste fiscal antes de abril.

… Auxiliares próximos ao presidente Lula ouvidos pelo Valor não admitem medidas extras tão cedo, defendendo ser preciso esperar pelo menos três meses para avaliar se a situação das contas públicas registrou uma melhora.

… O governo, que em março fará um pente-fino no relatório de receitas e despesas, vai tentando ganhar tempo.

… Em evento da Bradesco Asset, ontem, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a meta fiscal do ano tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro ainda demanda atenção.

… Agradaram as suas declarações de que, “dada a política fiscal, vamos atuar para trazer a inflação para a meta” e de que “meta só existe uma: não é nem centro da meta, é a meta”, de 3% como alvo a ser perseguido pelo BC.

DÍVIDAS DOS ESTADOS – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicou apoio aos vetos que o presidente Lula deve fazer no projeto de renegociação da dívida dos Estados, segundo o Broadcast.

… Semana passada, Haddad disse que o governo deve vetar todos os pontos do PL que afetem o resultado primário. Pacheco se reuniu ontem com Haddad, Rui Costa (Casa Civil) e Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso.

… Na conversa, os integrantes do governo disseram que o essencial do projeto aprovado na Casa no ano passado será mantido, como a redução dos juros, alongamento da dívida e uso dos ativos para o abatimento da dívida.

MAIS AGENDA – A Anfavea divulga às 10h os dados de produção e venda de veículos em dezembro. Às 11h, o publicitário Sidônio Palmeira toma posse como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom).

NOS EUA – A aposta para a inflação ao produtor (PPI) é de desaceleração para 0,3% em dezembro, contra 0,4% em novembro. O núcleo deve permanecer em 0,2%. Na base anual, o dado cheio deve vir em 3% e o núcleo, em 3,8%.

… Dois integrantes do Fed participam hoje de eventos públicos: Jeffrey Schmid, ao meio-dia, e John Williams, às 17h.

JAPÃO HOJE – O BoJ elevará o juro semana que vem se a inflação se comportar segundo as previsões, disse o vice-presidente do BC japonês, Ryozo Himino. Ele afirmou que os preços estão no caminho certo para a meta.

… No mercado, a perspectiva é de que o BoJ aperte as taxas em um futuro próximo, mas o momento ainda não está claro, porque as tendências salariais no Japão e as políticas econômicas de Trump têm de ser avaliadas.

… Alguns economistas esperam que o BoJ tome medidas neste mês e outros acham que pode esperar até março.

SENTIU FIRMEZA – Os comentários de Guillen sobre o esforço do BC para mirar o alvo do IPCA, combinados à sinalização de Durigan sobre novos de cortes de despesas no ano, descolaram o DI do rali dos juros dos Treasuries.

… A curva aqui também conseguiu descontar a piora na Focus. O documento mostrou que a mediana para a inflação suavizada dos próximos 12 meses subiu de 4,96% para 5,01%, desgarrando-se cada vez mais do centro da meta (3%).

… Para a taxa Selic, o boletim trouxe manutenção da mediana de 2025 em 15% e também para 2026, em 12%.

… Os contratos futuros dos juros conseguiram corrigir parte da pressão desencadeada na última 6ªF pelo payroll e IPCA de dezembro. Mas os longos fecharam perto da estabilidade, com a queda limitada pelas taxas dos Treasuries.

… O DI para janeiro de 2026 caiu a 14,955% (de 15,095% na sessão anterior); Jan/27 recuou para 15,315% (de 15,465%); e Jan/29, a 15,340% (de 15,400%). Já o Jan/31 pagou 15,240% (de 15,230%); e Jan/33, 15,100% (15,070%).

… No câmbio, a força das commodities, diante das novas sanções dos EUA contra Rússia e a balança comercial chinesa melhor que o esperada, blindou o real do impacto da valorização externa do dólar com Trump e o Fed.

… Mas, se não subiu, tampouco a moeda americana efetivamente conseguiu cair, fechando estável (-0,06%, a R$ 6,0985). O viés contratado ainda é de alta, com o investidor na contagem regressiva para a inflação nos EUA.

… Além disso, o alívio cauteloso responde à proximidade da posse de Trump (2ªF), que promete chegar chegando na Casa Branca, com decretos de impacto logo que assumir, contratando pressões nas expectativas inflacionárias.  

EM CÓRNER – Acima de US$ 80, o petróleo redobra a pressão para a Petrobras reajustar os combustíveis e reduzir a defasagem contra os preços praticados lá fora, que já chega a 22% no caso do diesel e em 13% na gasolina (Abicom).

… O preço do diesel não sofre alteração há 383 dias nas refinarias da estatal e a gasolina está estável há 188 dias.

… Em resposta a questionamento do Broadcast sobre o impacto da alta do Brent, a empresa informou que evita o repasse da volatilidade externa para os preços internos, conferindo assim períodos de estabilidade para os clientes.

… No fim/24, Magda Chambriard descartou intenção de mexer na tabela, já que a Petrobras estava ganhando dinheiro mesmo com os preços “abrasileirados”. O diretor Fernando Melgarejo rejeitou uma “correria” para reajuste.

… A diferença de lá para cá é que o petróleo ainda não havia batido os US$ 80, o que pode fechar o cerco. Em agosto de 2023, quando o Brent bateu no patamar atual, a companhia reajustou o diesel em 25% e a gasolina em 16%.

… Sérgio Rodrigues, presidente da Abicom, diz que a Petrobras não precisa trabalhar com uma defasagem de preços tão grande. “Prejudica não só importadores como produtores de etanol”, disse.

… Segundo ele, se a petroleira praticar um preço “só um pouco abaixo da defasagem já ganha muito dinheiro”.

… Para André Braz, coordenador do IPC-S na FGV, o reajuste deve vir em breve, o que vai pesar no IPCA de janeiro e, principalmente, fevereiro. Só a gasolina compromete 5% do orçamento familiar no país, afirmou.

… Ontem, Petrobras acompanhou de longe a alta do Brent (+1,56%; US$ 81,01), mas ajudou a amparar a pequena alta de 0,13% do Ibov, que voltou aos 109 mil pontos (119.006,93), novamente com giro muito baixo, de R$ 16,7 bi.

… O papel PN subiu 0,35% (R$ 37,07) e ON ficou estável (+0,07%), em R$ 40,95. O Brent voltou a repercutir as sanções dos EUA ao petróleo da Rússia, que devem afetar radicalmente o fornecimento do país para China e Índia.

… Vale ficou estável (-0,02%), em R$ 51,51, mesmo com a forte alta de 1,92% do minério de ferro em Dalian.

… Entre os bancos, Bradesco chegou a recuar, pressionado pelo rebaixamento da recomendação de compra para neutra pelo Itaú BBA. Mas reagiu com a notícia de que iniciou conversas com investidores para emissão externa.

… O banco pode emitir ao menos US$ 500 milhões em bonds de 5 anos. Na bolsa, o papel PN subiu 0,36% (R$ 11,22) e o ON avançou 0,19% (R$ 10,33).

… Itaú teve alta de 0,72% (R$ 30,86), Santander subiu 0,29% (R$ 23,88) e Banco do Brasil ficou estável, em R$ 24,21.

… Os destaques positivos do Ibov foram IRB (+4,60%; R$ 48,20), Eneva (+3,46%; R$ 11,06) e BTG (+2,13%; R$ 28,32).

… Minerva liderou o ranking negativo, com -5,31% (R$ 4,81). Grupo Pão de Açúcar, que teve recomendação e preço-alvo rebaixados pelo BofA, recuou 4,71% (R$ 2,63) e Carrefour perdeu 4,37% (R$ 5,25).

ROTINA DE ALTA – O juro da note-10 anos avançou um pouco mais e bateu em 4,8% pela primeira vez desde nov/23, em meio à economia que mostra força nos EUA, o suspense com o CPI e a cautela com as políticas de Trump 2.

… A taxa do título fechou um pouco abaixo da máxima do dia, em 4,79% (de 4,764% na sessão anterior). A marcha em direção aos 5% pesou sobre as ações de tecnologia. O Nasdaq cedeu 0,38%, aos 19.088,10 pontos.

… Na note de 2 anos, o juro subiu a 4,394% (de 4,379%) e, no T-bond de 30 anos, a 4,965% (de 4,944%).

… O noticiário também pressionou as techs. Nvidia (-1,97%) e Micron Tech (-4,31%) cederam após o governo dos EUA dizer que vai restringir ainda mais as exportações de chips e tecnologia de IA.

… S&P 500 chegou a cair à mínima de dois meses durante a sessão (5.773 pontos), mas fechou com leve alta de 0,16% (5.836,22), sustentado pelo setor de energia (acompanhando o petróleo) e bancos (à espera dos balanços).

… Dow Jones se beneficiou da rotação de posições para fora das techs em direção ao setor financeiro, como JPMorgan, e outros papéis, como Caterpillar e UnitedHealth. Subiu 0,86% (42.297,12 pontos).

… A perspectiva de um Fed menos dovish seguiu pressionando o dólar e o índice DXY subiu 0,28%, a 109,956 pontos.

… Ninguém quer apostar contra o dólar forte às vésperas da posse de Trump, diz o ING, mesmo com a taxa de câmbio ajustada à inflação no maior nível desde 1985, segundo cálculo do banco.

… O próximo presidente americano, lembra o ING, promete tarifas, controles de imigração, estímulo fiscal e flexibilização regulatória, o que, além de uma economia forte dos EUA, pode pressionar ainda mais a inflação.

… Enquanto isso, a libra se enfraquece em meio à preocupação com o Orçamento no Reino Unido. Ontem, a moeda caiu 0,25%, a US$ 1,2177. O euro cedeu 0,24%, a US$ 1,0219. Na contramão, o iene subiu 0,29% (157,26/US$).

EM TEMPO… PETROBRAS informou não ter sido notificada pelo TCU e que não tem conhecimento dos termos da apuração sigilosa sobre o procedimento licitatório para construção e afretamento de 12 embarcações do tipo PSV…

… O posicionamento atendeu à solicitação de esclarecimentos da CVM. A concorrência foi vencida pela Bram Offshore e Starnav e contestada pela Associação Brasileira dos Usuários dos Portos, de Transportes e da Logística.

B3 encerrou programa de recompra de ações, após atingir a quantidade máxima de 340 milhões de papéis recomprados, equivalentes a 6% do capital social.

SABESP. Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) obteve liminar que impede a empresa de saneamento de rescindir os contratos com os associados da entidade, que garantem condições de tarifa mais favoráveis…

… No fim de outubro, a Sabesp anunciou a grandes consumidores que rescindiria os contratos com os clientes de maior porte. A empresa rompeu 555 contratos.

MRV. Lançamentos somaram R$ 2,935 bilhões no 4Tri24, alta de 50,8% sobre o 4Tri23. O Valor Geral de Vendas cresceu 19,2%, para R$ 2,611 bilhões, na comparação anual.

AZUL elegeu Daniel Tkacz para o cargo de diretor vice-presidente de operações da companhia…

… Também foram reeleitos o diretor-presidente, John Peter Rodgerson, o diretor de RI, Alexandre Wagner Malfitan, e o diretor vice-presidente de receitas, Abhi Manoj Shah.

CCR. Bradesco BBI, um dos principais credores do grupo Mover, tenta assumir as ações da companhia no grupo CCR, que informou ter recebido uma cópia de notificação do banco…

… O Bradesco diz que pediu para consolidar a propriedade fiduciária sobre 281,5 milhões ações da CCR, praticamente toda a participação da antiga empreiteira, dadas em garantia de dívidas do grupo Mover.

ELETROBRAS iniciará 2ª fase do plano de gestão de provisões relativas ao empréstimo compulsório criado em 1960, com o objetivo de reduzir a carteira de processos, focando nas ações judiciais de valor menor do que na 1ª fase…

… Em dois anos, a companhia reduziu em 55,8% o estoque de provisões, caindo de R$ 25,8 bilhões em setembro de 2022 para R$ 14,4 bilhões em setembro de 2024.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

CPI nos EUA concentra risco da semana

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[13/01/25]

… Veio forte a balança comercial chinesa em dezembro, divulgada no início da madrugada, e agora o foco se desloca na China para o PIB/4Tri, produção industrial e vendas no varejo em dezembro, todos na noite de 5ªF, e que já devem responder aos estímulos econômicos lançados nos últimos meses pelo governo de Pequim. Por aqui, o ritmo da atividade será medido pelo resultado de novembro do IBC-Br (5ªF) e volume de serviços (4ªF). Mas o ponto alto da semana é a inflação nos EUA. O CPI de dezembro (4ªF) é considerado um teste decisivo para a política menos flexível do Fed, depois do payroll forte e diante do protecionismo tarifário e expansionismo fiscal de Trump. Ainda na agenda americana, os grandes bancos abrem a temporada dos balanços trimestrais e medem a força da economia.

… Seis gigantes do setor financeiro revelam seus resultados na semana – Citi, Goldman Sachs, JPMorgan e Wells Fargo (4ªF), BofA e Morgan Stanley (5ªF) – em meio à percepção de dinamismo no ambiente econômico nos EUA.

… O rali dos juros dos Treasuries e o ritmo acelerado do dólar no exterior reproduzem o fôlego da economia americana e as incertezas com as medidas de Trump, que podem frear ou até reverter o processo desinflacionário.

… Novidades despertam no radar, com a chance de o Fed não apenas manter o juro ao longo de todo o ciclo deste ano, como eventualmente até mesmo cogitar um novo aperto monetário para enfrentar as pressões do momento.

… “Após um relatório de empregos muito forte em dezembro, achamos que o ciclo de cortes acabou. A inflação está presa acima da meta. A conversa deve mudar para aumentos de juros”, disse o economista Aditya Bhave (do BofA).

… Embora o cenário-base da instituição seja de juro estável por um período prolongado, o risco é de o Fed ser obrigado a subir as taxas, de acordo com comentário enviado a clientes na última 6ªF, depois do payroll sólido.

… Os EUA criaram 256 mil vagas de empregos em dezembro, resultado que superou o teto das estimativas dos analistas (200 mil). A taxa de desemprego país caiu para 4,1%, contrariando a expectativa de manutenção em 4,2%.

… A precificação de aperto de juro ainda é isolada e minoritária em NY, mas sobem as apostas de estabilidade ou de menos cortes das taxas (quem sabe só um no ano, contra os dois projetados pelo último gráfico de pontos do Fed).

… Amanhã, sai nos EUA a inflação ao produtor (PPI), que prepara o espírito para o CPI da 4ªF, quando será divulgado ainda o Livro Bege do Fed. Na 5ªF, saem nos EUA as vendas no varejo e, na 6ªF, a produção industrial de dezembro.

… Na zona do euro, o BCE divulga na 5ªF a ata da última decisão de política monetária e, na 6ªF, sai a leitura final do CPI de dezembro. As publicações dos relatórios mensais de petróleo da AIE e da Opep estão agendadas para a 4ªF. 

… Por aqui, a aposta que mais vale dinheiro é até que limite o Copom estará disposto a levar a Selic, se a 15%, 16% ou acima disso, diante dos riscos combinados de inflação desancorada, atividade ainda aquecida e fiscal.

… No último pregão, o IPCA de dezembro veio dentro do esperado (abaixo), mas mostrou inflação mais espalhada. Cumprindo o script esperado, o índice oficial no acumulado do ano (4,83%) estourou o teto da meta (4,5%).

… Na carta aberta enviada à Fazenda para justificar o descumprimento, o BC indicou que o IPCA deve ficar acima do teto da meta até o 3Tri deste ano e não deve convergir ao centro (de 3%) no horizonte dos próximos 30 meses.

… Galípolo culpou a economia forte, o câmbio e o clima pelos preços terem ultrapassado a banda superior de tolerância, mas, como disse o economista Sergio Vale (MB Associados), não tocou na raiz do problema, o fiscal.

… Pelo menos dois bancos revisaram em alta as estimativas para a inflação deste ano. O Barclays puxou a previsão para o IPCA de 4,7% para 5,2% e o BNP Paribas, de 4,7% para 5,6%, diante do real depreciado e preços de serviços.

… O risco fiscal acende o alerta para dólar acima de R$ 7, escreveu a economista Iana Ferrão, do BTG, em relatório. Em um cenário adverso, calcula, a moeda americana poderia terminar o ano em R$ 7,10 e bater R$ 7,30 em 2026.

… Seja como for, o seu cenário base aponta para o dólar a R$ 6,25 no fim deste ano e a R$ 6,35 no fim de 2026.

MAIS AGENDA – Guillen (BC) participa hoje, às 10h, de live sobre conjuntura macro promovida pela Bradesco Asset. Ainda nesta 2ªF, saem a primeira prévia do IPC-Fipe (5h), o boletim Focus (8h25) e a pesquisa Firmus (10h).

… O levantamento, ainda em fase piloto, busca captar a percepção de empresas não financeiras sobre os seus negócios e a economia brasileira. Na última edição (outubro), indicava inflação de 4,0% este ano e 3,60% em 2026.

… Devido à greve dos servidores, a divulgação das contas do Governo Central em novembro está atrasada, mas foi prometida para 4ªF. A Fazenda publica na 5ªF o Prisma Fiscal, sobre as variáveis econômicas e fiscais em 2025/2026.

CHINA HOJE – As exportações registraram alta anualizada de 10,7% em dezembro e superaram a previsão de 7,4%. As importações cresceram 1%, contrariando a estimativa dos analistas de mercado de queda de 1,2%.

… A China registrou superávit comercial de US$ 104,84 bilhões em dezembro, acima do esperado (US$ 99,75 bi).

… O BC e o regulador cambial da China reiteraram nesta 2ªF a promessa de defender o yuan das pressões desencadeadas pelas perspectivas de novas tarifas comerciais dos EUA com a volta de Trump à Casa Branca.

… Em comunicado, os dois órgãos disseram que pretendem estabilizar a taxa de câmbio em um nível “razoável e equilibrado” e enfatizaram sua determinação em penalizar quaisquer ações que perturbem a ordem do mercado.

DIVIDIRAM A CULPA – Não deu outra: com o payroll forte e a abertura ruim do IPCA, os juros futuros continuaram na 6ªF a sua escalada, que já carrega explicitamente as pressões do fiscal.

… A inflação oficial subiu 0,52%, pouco abaixo do 0,53% esperado. A alta do índice foi a menor para o mês desde 2018, mas a composição preocupou. A difusão subiu de 58% para 69%, a maior desde maio de 2022.

… Serviços subjacentes e núcleos, métricas muito observadas pelo BC, vieram piores. O primeiro item acelerou de 0,60% para 0,67% de novembro para dezembro.

… A média dos núcleos subiu de 0,39% para 0,58% no período. Preços industriais sentiram o peso da desvalorização do câmbio.

… Nos juros, o avanço dos retornos dos Treasuries após o payroll potencializou o IPCA ruim e a curva encerrou a semana mais inclinada.

… O DI para janeiro de 2026 marcou 15,095% (de 14,965% no fechamento anterior); Jan/27 subiu a 15,465% (15,315%); Jan/29, a 15,400% (15,140%); Jan/31, a 15,230% (14,950%); e Jan/33, a 15,070% (14,780%).

… Em alta firme, acompanhando o exterior, o dólar subiu 1%, a R$ 6,1024, mas na semana recuou 1,29%, corrigindo parte dos excessos da reta final de 2024, quando as remessas para fora e a incerteza fiscal turbinaram a moeda.

POÇO SEM FUNDO – O mau humor em NY e o IPCA salgado fizeram o Ibovespa voltar aos 118 mil pontos, nível que não era visto desde novembro de 2023, a despeito do ganho moderado de suas duas principais blue chips.

… O índice caiu 0,77%, a 118.856,48 pontos, mas ainda conseguiu segurar alta de 0,27% na semana. O giro foi fraco, de R$ 19,7 milhões.

… Vale subiu 0,57% (R$ 51,52), acompanhando a alta do minério de ferro em Dalian (+0,40%).

… Petrobras avançou de forma moderada, seguindo de longe o rali do Brent. O papel ON ganhou 0,49% (R$ 40,92) e o PN avançou 0,27% (R$ 36,94). As novas sanções dos EUA à Rússia dispararam o petróleo em 3,69%, a US$ 79,76.

… Bancos recuaram. Itaú registrou -1,38% (R$ 30,64); Bradesco PN, -1,24% (R$ 11,18); Bradesco ON, -1,06% (R$ 10,31); Santander, -1,00% (R$ 23,81); e Banco do Brasil, -0,25% (R$ 24,21).

… TIM liderou as perdas do pregão, com -5,02% (R$ 13,82), afetada pelas projeções do Santander de um desempenho fraco no 4Tri24. Localiza (-4,66%; R$ 28,87) e B3 (-3,92%; R$ 9,80) também tiveram forte queda.

… CSN buscou recuperação das perdas da véspera e avançou 3,76%, a R$ 7,73. Outros destaques foram IRB, com +3,67% (R$ 46,08) e CSN Mineração, com +2,97% (R$ 4,85).

… Uma das ações mais negociadas, Cemig PN cedeu 2,70% (R$ 10,47), diante da anulação, pelo TJ de Minas Gerais, do edital do leilão, realizado em agosto de 2023, para a venda de 15 usinas hidrelétricas. A empresa vai recorrer.

GOOD NEWS IS BAD NEWS – O payroll muito acima do esperado elevou os juros dos Treasuries, o que afundou as bolsas em NY, com investidores reduzindo as expectativas em torno de eventuais cortes de juros pelo Fed.

… O juro do T-bond de 30 anos escalou a 5% na máxima do dia e analistas dizem ser questão de tempo até o rendimento da note de 10 anos chegar a esse ponto. É um nível que pode abalar os mercados de forma mais ampla.

… O rendimento da T-10 subiu 100pb desde setembro e dá sinais de que deve seguir em alta.

… No fechamento, o retorno do T-Bond de 30 anos subiu a 4,955% (de 4,936% na sessão anterior), o da note de 2 anos foi a 4,378% (de 4,264%) e o da note de 10 anos, a 4,762% (de 4,684%).

… “O pico dos rendimentos ainda não foi alcançado”, segundo Seema Shah (Principal Asset Management), na BBG.

… Para a TD Securities, expectativas de crescimento econômico mais altas estão por trás do aumento das taxas nas últimas semanas.

… Após o payroll, a ferramenta FedWatch, do CME, mostrou que a chance de corte de 25pb no juro em junho segue majoritária, mas caiu de 70,4% para 55,2%. A aposta de manutenção do juro no ano saltou de 29,6% para 44,8%.

… O Bank of America, que esperava dois cortes de 25pb em 2025, agora não vê qualquer redução. O Goldman Sachs reduziu a expectativa de três para dois cortes, com o primeiro sendo em junho, e não março como previsto antes.

… Nas bolsas, o Dow Jones caiu 1,63%, aos 41.938,45 pontos. S&P 500 recuou 1,54% (5.827,04) e o Nasdaq perdeu 1,63% (19.161,63). Na semana, os índices acumularam perdas de, respectivamente, 1,86%, 1,94% e 2,34%.

… “As taxas dos Treasuries estão subindo muito e rápido demais, por isso o mercado de ações está em modo liquidação”, disse, na CNBC, Adam Turnquist (LPL Financial).

… Na 6ªF, o aumento da expectativa de inflação dos consumidores americanos e a forte alta do preço do petróleo só pioraram o sentimento dos investidores.

… O sentimento do consumidor (Univ. de Michigan) caiu de 74,0 em dezembro para 73,2 em janeiro, ante previsão de baixa a 73,3. A pesquisa mostrou que as expectativas de inflação em 12 meses subiram de 2,8% para 3,3%.

… No horizonte de cinco anos, a expectativa subiu de 3,0% para 3,3%, o nível mais alto desde junho de 2008.

… Apesar dos fortes dados de emprego, Austan Goolsbee, do Fed de Chicago, descartou um superaquecimento na economia dos EUA. “Faltam evidências”, disse. O payroll de um mês não indica tendência, observou.

… Alberto Musalem, do Fed de St. Louis, disse ter mudado de posição e agora receita maior cautela na condução dos juros. Antes, defendia cortes maiores nas taxas.

… “Os dados econômicos vieram mais fortes e os números da inflação estão acima do desejado. Então, mudei minha avaliação”, disse ao defender reduções mais graduais.

… Afetado pelo payroll, o dólar estendeu a alta, com o índice DXY subindo 0,34%, a 109,179 pontos. Na semana, avançou 0,69%. A libra seguiu repercutindo as preocupações fiscais no Reino Unido. Caiu 0,86%, a US$ 1,2208.

… O euro recuou 0,58%, a US$ 1,0244. Na contramão, o iene subiu 0,28%, a 157,724/US$.

EM TEMPO… TCU analisa uma licitação de R$ 16,5 bilhões da PETROBRAS para a construção e o afretamento de 12 embarcações do tipo PSV…

… A concorrência foi vencida pela Bram Offshore e a Starnav, mas foi alvo de denúncia de direcionamento do resultado. A denúncia foi distribuída para o ministro Walton Alencar.

SANTANDER vai pagar R$ 1,275 bilhão em JCP, equivalentes a R$ 0,16292 por ação ordinária, R$ 0,1792 por preferencial e R$ 0,3421 por unit. Ex em 23 de janeiro.

BB informou que manterá suspensão temporária das contratações de empréstimo consignado para beneficiários do INSS por meio de correspondente bancário, mesmo após o aumento do teto dos juros da modalidade para 1,80%…

… Na Folha de sábado, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) pode elevar o teto novamente, para 1,97%.

AMBEV. O Cade aprovou, sem restrições, a venda da marca de sucos Do Bem para a Tial, que produz bebidas à base de frutas…

… No parecer, o Cade pontua que os dados indicam que a participação conjunta das partes no mercado com sobreposição horizontal é inferior a 20%, limite que presume posição dominante e poder de mercado.

CEMIG vai recorrer da decisão da Justiça de MG que anulou edital de leilão para a venda de 15 usinas, entre centrais geradoras (CGHs) e pequenas centrais (PCHs)…

… Companhia informou que a venda das usinas é um desinvestimento de ativos de pequeno porte, não enquadrados no planejamento estratégico da Cemig.

CCR. Tráfego total de veículos nas concessões rodoviárias administradas pela empresa caiu 1,3% em dezembro de 2024 ante o mesmo mês de 2023. Em todo 2024, o tráfego total cresceu 3,8% ante o mesmo período de 2023.

US STEEL. Os EUA adiaram até junho a execução da ordem que bloqueia a venda da empresa para a Nippon Steel.

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Payroll e IPCA calibram alívio no câmbio

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[10/01/25]

… Os piores dias, atravessados em dezembro, de dólar no pico de quase R$ 6,30 vão ficando para trás e a moeda americana flerta agora com uma volta para os R$ 6,00. A melhor combinação nesta 6ªF para um real mais apreciado seria um IPCA forte + payroll fraco. A aceleração esperada para o dado oficial de inflação do IBGE em dezembro (9h), com estouro do teto em 2024, pode turbinar as apostas de Selic terminal de 15% ou mais, favorecendo o carry trade. Nos EUA, a perda de fôlego projetada para o mercado de trabalho, depois dos dados muitos fortes em novembro, poderia baixar a pressão da moeda americana e dos juros dos Treasuries com o efeito Trump e desencadear por aqui uma nova rodada de alívio no câmbio, na volta das bolsas de NY do feriado de luto pela morte de Jimmy Carter.

… O payroll deve apontar 150 mil empregos em dezembro, na acomodação natural contra o boom de 227 mil vagas em novembro, quando o relatório compensou o impacto negativo dos furacões e greves nos dados de outubro.

… A taxa de desemprego deve seguir em 4,2% e o salário médio pago por hora, que serve de termômetro da inflação, deve avançar 0,3% na base mensal (contra 0,37% em novembro) e 4% na comparação anual (de 4,03%).

… Dois dias atrás, a ata do Fed observou que, no geral, as condições do mercado de trabalho americano melhoraram no ano passado e que, apesar de a taxa de desemprego ter aumentado, ainda permanece em patamar baixo.

… A percepção entre os investidores também parece ser de arrefecimento gradual, sem qualquer perda de fôlego repentina e que assuste, no cenário ainda sólido, favorável a menos cortes das taxas do juros pelo Fed este ano.

… Apenas um número muito abaixo de 100 mil empregos criados ou uma taxa de desemprego acima de 4,3% levaria o BC americano a voltar a derrubar o juro no curto prazo, avalia Andrew Husby (BNP Paribas Securities) na BBG.

… De qualquer forma, quanto mais fraco o payroll, maior a chance de o dólar e taxas dos Treasuries testarem queda.

… Por aqui, a alta nos preços dos alimentos deve pressionar o IPCA em dezembro para 0,53%, após alta de 0,39% em novembro. As projeções para esta leitura, todas de alta, variam de 0,29% a 0,62%, segundo levantamento Broadcast.

… Para o acumulado do ano passado, todas as casas que responderam à pesquisa projetam IPCA acima do teto da meta (4,5%), entre 4,59% e 4,94%, com mediana de 4,84%, após 4,62% em 2023, quanto a tolerância era de 4,75%.

… Na última ata do Copom, o BC já havia indicado o descumprimento da meta, ao estimar que a inflação somará 4,9% neste ano. No RTI, admitiu oficialmente que o limite superior do intervalo tolerado não será respeitado.

… Considerando os últimos quatro anos, essa será a terceira vez que a meta de inflação será descumprida.

… O IPCA ficou acima do intervalo das metas em 2021, 2022 e em 2024. Em 2023, ficou dentro da banda, levando o BC a escapar do constrangimento que terá novamente de escrever carta aberta à Fazenda para explicar o estouro.

REFORMA MINISTERIAL – Em entrevista à Globonews, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, admitiu que as mudanças pretendidas por Lula na Esplanada devem ocorrer antes de uma reunião ministerial marcada para o próximo dia 21.

… O consenso em Brasília é de que a reforma nos ministérios será pontual e pouco ampla. Cotado para assumir o Ministério da Defesa, Alckmin defendeu ontem que o atual titular da pasta, José Múcio, continue no cargo.

VALE TUDO – Lula discute com ministros às 10h o fim da checagem de fatos nas redes sociais controladas pela Meta (Facebook, Instagram e Whatsapp). O presidente considerou “extremamente grave” a decisão de Zuckerberg.

… Na noite de ontem, Haddad desmentiu pelo Instagram da Fazenda um vídeo falso que circulou horas antes na internet, manipulado por inteligência artificial, em que o ministro dizia que o plano do governo é “taxar tudo”.

… “Imposto sobre Pix? Mentira. Imposto sobre quem compra dólar? Mentira. Imposto sobre animal de estimação? Mentira. A única coisa verdadeira desse vídeo é que as bets, que lucram montanhas de dinheiro, vão pagar imposto.”

… Segundo Haddad, o conteúdo adulterado das fake news prejudica o debate público, a política e a democracia”.

… A AGU enviou ao Facebook notificação extrajudicial para que a plataforma remova, em 24 horas, o vídeo falso.

… Segundo os advogados da União, o caráter enganoso e fraudulento do conteúdo contraria as próprias regras do Facebook, que vedam a utilização da plataforma para finalidades ilegais e recomendam a remoção de fake news.

MAIS AGENDA – Além do IPCA, sai hoje o fluxo de dezembro nas estradas pedagiadas, às 10h.

… Nos EUA, após o payroll, vem a leitura preliminar de janeiro do sentimento do consumidor medido pela Univ. de Michigan (12h), com as expectativas de inflação de 1 e 5 anos. Às 15h, saem os dados da Baker Hughes.

LAVA A ALMA – Pode nem durar tanto a trégua no câmbio, mas a volta ontem do dólar para a cotação mais barata em um mês dá tempo para o investidor pegar fôlego para enfrentar as pressões que não se esgotam (fiscal e Trump).

… Depois do salto de mais de 25% acumulado no ano passado, a moeda americana tem queda superior a 2% neste início de 2025. Caiu com firmeza ontem (1,10%), para R$ 6,0418 no fechamento, perto da mínima (R$ 6,0383).

… Contou com a queda das commodities como maior aliada. Além disso, traders relataram ao Broadcast impacto de entrada de recursos estrangeiros, que estariam recompondo o apetite por posições em renda fixa no mercado.

… A liquidez esvaziada pelo fechamento das bolsas em NY ajudou a potencializar a recuperação consistente do real, que reinou sozinho entre as principais moedas latinas, contrariando as perdas do peso mexicano e chileno.

… Além disso, ostentou a segunda melhor colocação entre as grandes divisas globais. Só perdeu para o rublo russo.

… Fica a torcida para que a retomada do interesse do k externo tenha continuidade, apesar de todos os desafios.

… A melhora no câmbio serviu de gatilho ontem para os juros futuros recuarem de forma moderada.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,965% (de 14,970% no fechamento anterior); Jan/27, 15,315% (de 15,365%); Jan/29, 15,140% (15,235%); Jan/31, 14,950% (de 15,030%); e Jan/33, 14,780% (14,840%).

DEIXOU A DESEJAR – Não houve maior empolgação dos papéis dos bancos na bolsa doméstica com o aumento do teto de juros no consignado para beneficiários do INSS de 1,66% para 1,80% ao mês. O setor queria mais: 1,99%.

… A Febraban não demorou para se queixar da “falta de racionalidade econômica” da alta, considerada “economicamente inviável” e insuficiente para absorver os custos de despesas relacionadas à concessão dessa linha.

… O custo de captação, segundo a entidade, subiu de forma expressiva com a alta da Selic e a forte abertura do DI, e o ajuste no teto do consignado não permitirá que as instituições financeiras atendam a toda a demanda de crédito.

… Em recepção morna à medida, Banco do Brasil registrou +0,46% (R$ 24,27); Itaú, +0,26% (R$ 31,07); e Bradesco ON, +0,19% (R$ 10,42). Santander ficou estável, a R$ 24,05. Já Bradesco PN caiu 0,70% (R$ 11,32).

… Em uma sessão volátil e de baixa liquidez, sem a referência de NY, devido ao meio feriado pelo funeral do ex-presidente americano Jimmy Carter, o Ibov fechou em leve alta de 0,13%, abaixo dos 120 mil pontos (119.780,56).

… O volume financeiro foi de apenas R$ 13 bilhões, bem abaixo da média recente.

… As blue chips de commodities foram em direções opostas. Vale cedeu 0,62%, a R$ 51,23, na contramão do minério de ferro, que subiu 0,53% em Dalian.

… Petrobras PN subiu 0,44%, a R$ 36,84, acompanhando a alta de 1% no Brent/março, a US$ 76,92/barril. Petrobras ON ficou estável (-0,02%), em R$ 40,72.

… Investidores acreditam que o inverno rigoroso no Hemisfério Norte elevará a demanda por combustíveis nas próximas semanas. Além disso, o mercado aguarda anúncio por Biden de novas sanções ao petróleo russo.

… Gerdau PN (-2,14%; R$ 9,58) e Usiminas PNA (-1,84%; R$ 4,79) recuaram após o Bradesco BBI rebaixar a recomendação das ações para neutro.

… A maior valorização do dia foi da Minerva (+5,79%, a R$ 5,12). Carrefour ganhou 2,41%, a R$ 5,53. As maiores perdas do pregão foram de CSN (-3,99%; R$ 7,45), Hapvida (-3,83%; R$ 2,26) e Braskem (-3,08%; R$ 11,03).

PAUSA PARA O PAYROLL – Os rendimentos de boa parte dos Treasuries tiveram queda tímida na sessão de ontem, encurtada pelo dia nacional de luto por Carter.

… De certa forma, o mercado de títulos ficou em modo de espera pelo payroll, que sai hoje e deve ajudar a moldar a expectativa para as próximas decisões do Fed.

… Referência do mercado, o juro da note de 10 anos caiu a 4,690% (de 4,701%) e deu aos investidores um pouco de alívio, já que o yield desse título, referência do mercado, vem anotando máximas sessão após sessão.

… O rendimento da note-2 anos caiu a 4,266% (de 4,289%), mas o do T-Bond-30 anos subiu a 4,935% (de 4,905%).

… Preocupações com a inflação, chances mais reduzidas de queda nos juros e a incerteza sobre como Donald Trump conduzirá a economia americana vêm disparando os rendimentos dos títulos soberanos nos EUA e no mundo.

… No Reino Unido, que vem chamando atenção recentemente, as taxas dos Gilts de 10 anos continuaram a escalar ontem com a dificuldade do governo do Partido Trabalhista em manter o déficit sob controle.

… “Essa derrocada dos preços dos títulos não é um fenômeno só do Reino Unido, mas global. A dívida soberana é o elefante na sala”, comentou Russ Mould (AJ Bell), na Reuters.

… Thomas Barkin, do Fed de Richmond, ponderou ontem que o recente aumento nos juros de longo prazo reflete prêmios de risco mais altos em oposição a preocupações com a inflação.

… “Não tenho dúvidas de que, à medida que mais dívida federal entra no mercado, às vezes ela sobrecarrega a demanda, e isso aumenta os rendimentos”, disse.

… As falas de diversos dirigentes do Fed nos últimos dias têm ressaltado o caráter incerto das próximas decisões, para as quais todos receitam cautela.

… Ontem, além de Barkin, quatro diretores falaram. Como de hábito, a “falcoa” Michelle Bowman foi a mais incisiva.

… Ela chamou atenção para o núcleo do CPI ainda elevado e disse que continua a ver riscos de alta na inflação com o mercado de trabalho próximo do pleno emprego.

… Mais uma vez, Bowman levantou a bola de que a política monetária pode não estar tão restritiva quanto se pensa.

… Susan Collins (Boston) disse que as incertezas apontam para menos cortes de juros à frente e pediu “paciência”. Jeffrey Schmid (Kansas City) se disse a favor de ajustar a política monetária de forma gradual.

… Patrick Harker (Filadélfia) considerou apropriado que o Fed faça uma pausa nos cortes dos juros, em meio às incertezas e observou que o retorno da inflação à meta de 2% está demorando mais do que inicialmente previsto.

… No câmbio, a libra estendeu a forte desvalorização da véspera, com queda de 0,41%, a US$ 1,2314, em meio à crescente preocupação com cenário fiscal britânico. Na mínima (US$ 1,2305), desceu ao menor nível de um ano.

… O ING descartou fraqueza adicional importante na libra, com o argumento de que esta não é uma crise soberana.

… O euro recuou 0,16%, a US$ 1,0304. O iene ficou estável (+0,07%), a 158,165/US$. Na média contra seis moedas pares, o dólar (DXY) também ficou perto da estabilidade (+0,08%), a 109,179 pontos.

EM TEMPO… PETROBRAS fechou acordo com União por débitos com ANP e Ibama. Multas de R$ 360,2 milhões foram reduzidas a R$ 177, milhões.

PETRORECONCAVO. Produção consolidada somou 25.978 boe/dia em dezembro, queda de 0,54% ante novembro e aumento de 1,4% ante o mesmo período em 2023.

CAMIL ALIMENTOS teve lucro de R$ 44,4 milhões no 3Tri fiscal, queda de 69% ante o mesmo período do ano passado. Ebitda recuou 31,3%, para R$ 171,3 milhões; receita líquida subiu 3,4%, para R$ 3,1 bilhões…

… Volume de vendas caiu 6,8% no período, para 540,3 mil toneladas, ante o mesmo período do ano anterior.

M. DIAS BRANCO fechou fábrica em Lençóis Paulista (SP) e demitiu quase 500 pessoas. Em nota, o grupo diz que a produção da cidade será transferida para outras unidades do grupo, que tem, agora, 21 plantas.

OI concluiu negociações para venda de ativos da operação de TV por assinatura com a Mileto Tecnologia.

KLABIN obteve a aprovação da Science Based Targets Iniciative (SBTi) para as suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE)…

… A empresa renovou compromisso de reduzir emissões de escopo 1 e 2 em 42% até 2030, tendo 2022 como ano-base, e assumiu compromisso de reduzir as emissões absolutas de GEE de escopo 3 em 42% no mesmo prazo.

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